Cárie Dentária: Métodos sistêmicos para a utilização dos...
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Crie Dentria: Mtodos sistmicos para a utilizao dos fluoretos
Urubatan Medeiros Doutor (USP) Professor Titular do Departamento de Odontologia Preventiva e Comunitria UERJ/UFRJ Coordenador da Disciplina de Odontologia Preventiva UFRJ
Resumo de Aula Utilizao racional de fluoretos: Utilizao sistmica Utilizao Tpica Auto aplicao Utilizao Sistmica:
Fluoretao das guas de abastecimento pblico
Fluoretao escolar ou domstica
Comprimidos ou gotas fluoretadas
Fluoretao do sal para consumo humano
Outros veculos Mecanismo de Ao Sistmica
A proteo contra a crie foi atribuda substituio da hidroxiapatita (HAP) pela fluorapatita (FAP) durante a formao do esmalte dentrio.
A composio bsica do esmalte de material cristalino (clcio e fosfato) numa disposio muito prxima da hidroxiapatita pura.
ons fluoretos podem ser incorporados durante a formao do esmalte, substituindo a hidroxila.
(Pal Arneberg)
Tanto a hidroxiapatita, como a fluorapatita so solveis em baixo pH. No entanto, a solubilidade da fluorapatita bem menor.
Desta forma, um esmalte contendo fluorapatita e frmulas intermedirias como a fluorhidroxiapatita, menos solvel em baixo pH.
(Pal Arneberg)
O esmalte de quem ingeriu produtos fluoretados possui apatita fluoretada, cujo comportamento fsico-qumico de solubilidade o mesmo da hidroxiapatita.
(Jayme Cury)
Fluoretao artificial das guas de abastecimento
Finalidade: reduzir a ocorrncia de crie dentria, sem produzir fluorose.
1944: Estudos em Grand Rapids, Muskegon e Aurora (USA).
Grand Rapids (Michigan) - 1,0 ppmF = Experimental
Muskegon (Michigan) - Controle no fluoretado
Aurora (Illinois) - 1,2 ppmF (ocorrncia natural) = controle fluoretado. Brasil:
Estudos experimentais:
1953 - Baixo Guand (ES) - adio de Flor Silicato de Sdio (0,8 ppmF) - Experimental
Aimors (MG) - Controle no fluoretado.
Resultados:
de 1953 a 1967 Reduo de 65,4% em crianas de 06 a 12 anos de idade em Baixo Guand.
Em Aimors a situao permaneceu inalterada.
A fluoretao das guas um mtodo:
Adequado, por atingir a toda a populao que possui rede de gua;
Eficiente, pois os estudos nacionais e internacionais mostram redues significantes na prevalncia de crie;
Seguro, porque nas dosagens recomendadas no causa nenhum efeito deletrio ao ser humano;
Econmico, pois custa U$0,50 por pessoa/ano.
Problemas:
Inexistncia de rede de abastecimento de gua, afetando principalmente o interior das regies Norte, Nordeste e Centro Oeste;
Problemas polticos fluoretar gua de abastecimento no rende dividendos polticos;
Problemas scio-culturais: falsas informaes de que flor produz cncer, impotncia, problemas cardacos, etc...
Aspectos legais
Lei Federal 6.050, de 24 de maio de 1974:
Obrigatoriedade da implantao de sistemas de fluoretao das guas seja em locais com estao de tratamento, ou seja, em locais onde o abastecimento de gua feito por meio de poos profundos.
O Ministrio da Sade em ao conjugada com as secretarias de sade ou rgos equivalentes exercer a fiscalizao do cumprimento da Lei.
Limites recomendados para a concentrao de on fluoreto em funo da mdia das temperaturas mximas dirias
Mdia das temperaturas
(oC)
mximas dirias do ar
Limites
concentrao
recomendados
do on fluoreto
para a
(mg/l)
mnimo mximo timo
10,0 12,1 0,9 1,7 1,2
12,2 14,6 0,8 1,5 1,1
14,7 17,7 0,8 1,3 1,0
17,8 21,4 0,7 1,2 0,9
21,5 26,3 0,7 1,0 0,8
26,4 32,5 0,6 0,8 0,7
Fluoretao Escolar
Utilizada quando a escola est em uma regio onde no existe ocorrncia natural de flor, e tambm a gua para consumo no fluoretada artificialmente.
Objetiva-se levar o benefcio do flor a um grande nmero de crianas reunidas no ambiente escolar.
O mesmo princpio tambm pode ser utilizado para a fluoretao domiciliar e, tambm, para pessoas confinadas socialmente: orfanatos, asilos, prises, etc...
Comprimidos ou gotas fluoretadas
um mtodo de aplicao sistmica que exige boa vontade e conscientizao dos responsveis.
S deve ser o mtodo de escolha quando houver impossibilidade de aplicarmos outro mtodo menos dependente da vontade do usurio.
Apesar dos apelos comerciais, no possuem indicao para mulheres gestantes, se a inteno for proteger a sade bucal do futuro beb.
Observar a concentrao de fluoreto disponvel na composio dos medicamentos.
No deve ser utilizado em locais onde a gua para consumo humano possua ocorrncia natural ou artificial de fluoreto.
A reduo da ocorrncia de crie est na estreita dependncia da continuidade de uso.
Incio de ingesto: 1 ano de idade.
Os comprimidos devem ser mastigados, bochechados e deglutidos para aproveitar, tambm, a ao tpica do fluoreto.
Prescrio: considerar a idade da criana: 1 ano - 0,25 mg de NaF. A cada ano acrescentar 0,25 mg, at completar 1 gr. de NaF.
Crianas pequenas: utilizao de gotas. Fluoretao do sal para consumo humano A fluoretao do sal para consumo humano tem sido recomendada para os
casos onde no se faz possvel a fluoretao da gua. um procedimento preventivo efetivo em relao crie dental, e de custo
reduzido. A aceitao do mtodo pequena, especialmente em razo de dificuldades
prticas quanto dosagem adequada em face de variaes individuais de consumo, controle problemtico em pases com mltiplas fontes produtoras de sal e com reas onde a gua j naturalmente ou artificialmente fluoretada.
A fluoretao do sal exige a necessidade de estudos:
Qualidade do sal produzido.
Consumo de sal pela populao.
Variaes regionais no uso do sal.
Conhecimento das variaes da ocorrncia natural de flor na gua. Fluoretao do sal:
Teor de fluoreto no sal: entre 90 a 350 ppm por quilo de sal.
Reduo de crie dentria: estudos internacionais mostram variaes entre 10 a 60 % dependendo da concentrao de fluoreto e da continuidade de uso.
A fluoretao do sal deve ser considerada onde a fluoretao da gua no for factvel devido a razes tcnicas, econmicas ou scio-culturais; a concentrao tima deve ser determinada com base em estudos de ingesto de sal; so necessrios estudos peridicos sobre crie dental e fluorose. (WHO - 1998)
Outros veculos para adio de fluoretos
Os vrios produtos que tm sido experimentados como veculos para adio de fluoretos ao organismo humano - leite, acar, gomas de mascar, cereais, sucos de frutas, farinha de mandioca, etc... - so de uso generalizado praticamente impossvel, havendo poucos estudos disponveis a respeito, no permitindo concluses to precisas como as que se referem aos mtodos citados anteriormente.