CRIAÇÃO E MANEJO DO IGUANA VERDE - ZooPets

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www.bayervet.com.br 1 Introdução Os iguanas verdes (Iguana iguana) não são animais de estimação apropriados. Semelhantemente aos maca- cos, guaxinins e gambás, eles são engraçadinhos enquanto filhotes, porém ficam difíceis de lidar quando crescem. A maioria dos animais cativos tem um de dois destinos: ou suas necessidades são pouco satisfeitas e eles acabam morrendo em uma idade jovem ou eles crescem, se tor- nando adultos grandes, ativos e agressivos, que poucas pessoas podem manter. A adoção de répteis e as agências de resgate estão lotadas com iguanas indesejados. Os pro- prietários bem sucedidos – os que têm experiência com o manejo e comportamento de iguanas – estão entre os primeiros a não sugerir a escolha desta espécie, exceto para os proprietários mais dedicados. Ao adquirir um animal de estimação, as pessoas es- colhem os répteis em geral, ou os iguanas especificamente, por várias razões. Um pequeno grupo de pro- prietários tem um grande e sincero interesse em herpetologia e iguanas, em particular. Essas pessoas se tor- nam os melhores proprietários e es- tão sempre lendo, pesquisando e ten- tando melhorar o seu conhecimento e nível de cuidados. Um grande gru- po de pessoas usa o réptil para satis- fazer a necessidade básica humana de ser único e parecem pedir “Olhem para mim, eu tenho um bicho esquisito”. Muitos animais exóticos são esco- lhidos por esta razão e estes proprietários freqüentemente diminuem os cuidados porque o animal em si não é tão importante quanto o fato de possuí-lo. Ainda, outras pes- soas escolhem um réptil porque não causam alergia, têm necessidade baixa de manutenção, podendo ser deixados sozinhos por dias, com a conveniência superando a dedi- cação. O último grupo de proprietários incorpora o im- pulso de um comprador que vê um lagarto interessante e barato, comprando-o sem se preocupar muito com as suas necessidades. Estas pessoas sucumbem ao que o Dr. Doug Mader denomina de fator “legal, maneiro” do iguana. Os iguanas são um dos répteis mais populares por seu baixo custo e pronta disponibilidade. Além do mais, são vegetarianos, o que, nesta época de defesa dos direi- tos dos animais, muitos proprietários preferem, por não ter que lidar com in- setos ou roedores como presas (alimen- to). Uma desvantagem óbvia é que as dietas vegetarianas são muito mais di- fíceis de balancear do que as dietas insetívoras ou carnívoras. Similarmente aos porcos selvagens, ouriços e cobras pítons-bola, animais importados antes dos iguanas verdes, a moda destes últimos está em sua curva descendente de popularidade, em com- paração aos anos noventa. Parece que o seu nome convenceu as pessoas que eles são animais difíceis. No entanto, sem- pre haverá um grupo de proprietários CRIAÇÃO E MANEJO DO IGUANA VERDE 1 TRADUÇÃO DE ARTIGO DE “BAYER EXOTICS SYMPOSIUM – SELECTED PAPERS ON THE GREEN IGUANA AND ANTIMICROBIALS IN EXOTIC PETS – páginas 13-22. Tradução e Adaptação: Angela Basic - CRMV-SP 7958 Revisão Técnica: Mario Eduardo Pulga - CMRV-SP 2715 Revisão de Textos e Diagramação: Francisco Pantoja Stephen L. Barten, DVM Vernon Hills Animal Hospital Mundelein, Illinois Cortesia: www.bayervet.com.br Um dos maiore s problemas de se manter iguanas – ou qualquer outro réptil – em cativeiro, é que não há nenhum ma- nejo padronizado estabelecido para elas. 1 Parte deste texto é baseada em Barten SL. Biology: Lizards. In: Mader DR, ed. Reptile Medicine and Surgery, Pa: WB Saunders; in press.

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IntroduçãoOs iguanas verdes (Iguana iguana) não são animais

de estimação apropriados. Semelhantemente aos maca-cos, guaxinins e gambás, eles são engraçadinhos enquantofilhotes, porém ficam difíceis de lidar quando crescem.A maioria dos animais cativos tem um de dois destinos:ou suas necessidades são pouco satisfeitas e eles acabammorrendo em uma idade jovem ou eles crescem, se tor-nando adultos grandes, ativos e agressivos, que poucaspessoas podem manter. A adoção de répteis e as agênciasde resgate estão lotadas com iguanas indesejados. Os pro-prietários bem sucedidos – os que têm experiência como manejo e comportamento de iguanas – estão entre osprimeiros a não sugerir a escolha desta espécie, excetopara os proprietários mais dedicados.

Ao adquirir um animal de estimação, as pessoas es-colhem os répteis em geral, ou osiguanas especificamente, por váriasrazões. Um pequeno grupo de pro-prietários tem um grande e sincerointeresse em herpetologia e iguanas,em particular. Essas pessoas se tor-nam os melhores proprietários e es-tão sempre lendo, pesquisando e ten-tando melhorar o seu conhecimentoe nível de cuidados. Um grande gru-po de pessoas usa o réptil para satis-fazer a necessidade básica humana

de ser único e parecem pedir “Olhem para mim, eu tenhoum bicho esquisito”. Muitos animais exóticos são esco-lhidos por esta razão e estes proprietários freqüentementediminuem os cuidados porque o animal em si não é tãoimportante quanto o fato de possuí-lo. Ainda, outras pes-soas escolhem um réptil porque não causam alergia, têmnecessidade baixa de manutenção, podendo ser deixadossozinhos por dias, com a conveniência superando a dedi-cação. O último grupo de proprietários incorpora o im-pulso de um comprador que vê um lagarto interessante ebarato, comprando-o sem se preocupar muito com as suasnecessidades. Estas pessoas sucumbem ao que o Dr. DougMader denomina de fator “legal, maneiro” do iguana.

Os iguanas são um dos répteis mais populares porseu baixo custo e pronta disponibilidade. Além do mais,são vegetarianos, o que, nesta época de defesa dos direi-

tos dos animais, muitos proprietáriospreferem, por não ter que lidar com in-setos ou roedores como presas (alimen-to). Uma desvantagem óbvia é que asdietas vegetarianas são muito mais di-fíceis de balancear do que as dietasinsetívoras ou carnívoras.

Similarmente aos porcos selvagens,ouriços e cobras pítons-bola, animaisimportados antes dos iguanas verdes, amoda destes últimos está em sua curvadescendente de popularidade, em com-paração aos anos noventa. Parece que oseu nome convenceu as pessoas que elessão animais difíceis. No entanto, sem-pre haverá um grupo de proprietários

CRIAÇÃO E MANEJO DO IGUANA VERDE1

TRADUÇÃO DE ARTIGO DE “BAYER EXOTICS SYMPOSIUM – SELECTED PAPERS ON THE GREENIGUANA AND ANTIMICROBIALS IN EXOTIC PETS – páginas 13-22.

Tradução e Adaptação: Angela Basic - CRMV-SP 7958Revisão Técnica: Mario Eduardo Pulga - CMRV-SP 2715Revisão de Textos e Diagramação: Francisco Pantoja

Stephen L. Barten, DVMVe rnon Hills Animal Hospital

Mundelein, Illinois

Cortesia: www.bayervet.com.br

Um dos maiore sproblemas de se

manter iguanas – ouqualquer outro réptil– em cativeiro, é quenão há nenhum ma-

nejo padronizadoestabelecido para

elas.1 Parte deste texto é baseada em Barten SL.Biology: Lizards. In: Mader DR, ed. ReptileMedicine and Surgery, Pa: WB Saunders; inpress.

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dedicados procurando por atendimento veterinário.Um dos maiores problemas de se manter um iguana

– ou qualquer réptil – em cativeiro é de que não há umpadrão de manejo estabelecido para eles. Na verdade,qualquer busca na Internet usando as palavras-chaves“iguanas, animais de estimação e manejo (ou cuidadosno cativeiro)” resultará em um número surpreendente depáginas pessoais de proprietários de iguanas, cheias deconselhos (freqüentemente) conflitantes sobre cuidadosno cativeiro. As recomendações para os cuidados no ca-tiveiro são quase que universalmente baseadas em expe-riências pessoais ou hilárias com poucos iguanas, ao in-vés de trabalhos científicos. Os cuidados no cativeirodevem ser baseados na biologia e na história natural dosiguanas em sua vida selvagem. Quanto mais as suas con-dições se assemelharem as que eles encontram na natu-reza, mais saudáveis serão os iguanas mantidos em cati-veiro.

História NaturalPoucos répteis foram tão exaustivamente estudados

quanto os iguanas verdes. Este breve resumo de sua bio-logia é uma visão geral, que tem por objetivo ilustraraplicações ao manejo no cativeiro. Os iguanas verdes

habitam a área tropical da América e as áreas subtropicaisdo norte do México até o Paraguai e sudoeste do Brasil,assim como várias ilhas do Caribe (Figura 1). Os iguanassão diurnos e arbóreos, preferindo o topo das árvores aolongo de rios, lagos, pântanos e mangues (Figuras 2A e2B). As árvores fornecem bastante sol e sombra para suatermorregulação, assim como servem de poleiro para ali-mentação e cochilos. Os iguanas esporadicamente des-cem para ir para outras árvores, a fim de se proteger deeventuais perigos ou para fazer um ninho. Um iguanapode ficar em uma árvore desde 1 dia até várias semanas.Eles também podem utilizar habitats mais abertos e ári-dos, se fontes de alimento estiverem disponíveis.

A amplitude da área escolhida pelo réptil se refere asuas necessidades de alimentação, abrigo, locais parabanho de sol, vias de escape, cruzamentos e sítios denidificação. Os limites dessa área não são defendidoscontra animais da mesma espécie, havendo,freqüentemente, uma sobreposição entre os indivíduos.

Figura 1. Floresta tropical da Costa Rica. Os iguanas verdeseram abundantes e dúzias de lagartos adultos podiam servistos.

Figura 2A

Figura 2BFigura 2. A. Os iguanas são arbóreos e preferem árvoreslocalizadas ao longo de rios, lagos, mangues e pântanos. Esterio é localizado na Costa Rica. B. O ponto indicado pela setano galho desta árvore é um iguana verde grande. Os banhosde sol no alto de árvores fazem parte do comportamento típicodos iguanas e servem como uma prova de que a maioria dosiguanas mantidos em cativeiro são inadequadamenteconfinados em gaiolas pequenas.

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Um território é uma subporção dessa área maior que édefendida contra animais da mesma espécie e de outrasespécies, geralmente por conter um recurso crítico. Paraos iguanas que vivem em árvores, o alimento é abundan-te e o principal recurso passível de disputa são as fêmeasem reprodução. A mensuração dos limites dessas áreasgrandes é difícil porque são tridimensionais e contêmespaços não utilizados. No entanto, um estudo registrouessas mensurações, obtidas três vezes durante um tempomínimo de 2 meses. Os machos grandes ocupavam800m2, os machos médios e pequenos cobriam 2.200 m2

e as fêmeas, acima de 2.450 m2.1 Um outro estudo mos-trou movimentos diários totais de 111 m para os machose de 135 m para as fêmeas iguanas.2 As distâncias de vôodos iguanas em árvores – distância na qual a aproxima-ção de um perigo faz o lagarto voar – foram de 50-60 mdepois do banho de sol e de 90 m antes do banho de sol.2

Os iguanas são uns dos poucos lagartos completa-mente herbívoros. Eles se agrupam com muitos outrosIguaninae do Novo Mundo, o agamídeo de cauda espi-nhosa (Uromastyx spp), dragões de sailfin (Hydrosaurusspp.), iguanas da ilha Fiji (Brachylopus spp.) e o camaleãoda ilha de Solomon (Corucia zebrata)3 Sugestões de queo iguana seja um desvio ontogenético de insetívoro paraherbívoro são baseadas em observações de animais man-tidos em cativeiro e observações de campo pouco dignasde crédito, e são incorretas.3 Os iguanas gastam 90%-96% do seu tempo descansando e somente 1% se ali-mentando. O tempo gasto com a procura por alimentodura somente 20-30 minutos.2 Os iguanas geralmenteingerem folhas de árvores e videiras. A análise do con-teúdo estomacal de 31 iguanas no Panamá revelou so-mente material vegetal, compreendendo 26 espécies deplantas. Vinte e quatro estômagos continham somentefolhas; 4 continham folhas e flores; 2, somente frutas e1, somente flores.4 Os dentes do iguana funcionam comomáquinas de tosquiar e cortam seções de folhas, mas nãoas mastigam antes de engolir. Todos os lagartos herbí-voros têm um cólon grande, dividido em compartimen-tos por válvulas circulares e seminulares, compostas demembranas mucosas não dobradas, submucosa e cama-da muscular interna. O número de válvulas varia por es-pécie, tendo os iguanas verdes geralmente 6 (5-7, massomente 4 em populações das Antilhas Menores do Nor-te) (Figura 3). A sua função pode ser a de retardar o tem-po de trânsito gastrointestinal, aumentar a área de super-fície ou fornecer habitat para as populações comensaisde micróbios e de nematóides.3 Os lagartos herbívorosselvagens tipicamente têm cargas enormes de oxiurídeosde até 15.000 vermes por lagarto. Estes não são encon-trados em outras espécies de lagarto. Os nematóides po-dem servir como um meio mecânico de misturar e que-brar o material vegetal, produzir celulose utilizável, vita-minas e ácidos graxos ou estimular populações saudá-veis de micróbios fermentativos no cólon. No entanto,

os lagartos não vermifugados tiveram uma digestão efi-ciente, de modo que os nematóides, embora comuns,podem não ser relativamente importantes.3 Trinta a 40%da energia da dieta deriva da fermentação microbiana naparte final do intestino. Esse processo requer altas tem-peraturas e tempos de passagem lentos, atingindo, emmédia, 6,9 dias nos iguanas selvagens da Venezuela.2 Osiguanas selvagens neonatas inoculam em si próprios bac-térias fermentativas através da ingestão de fezes deiguanas adultas depois da eclosão.

A ecologia térmica dos répteis é complexa. O termoZona de Temperatura Ótima Preferida é comum na lite-ratura veterinária, mas a termorregulação nos animaisectotérmicos envolve muito mais fatores. A TemperaturaPreferida é a temperatura selecionada pelos lagartos emum gradiente térmico quando não distraídos por outrasinfluências como abrigo. A Temperatura de AtividadeMédia é a temperatura média de todos os lagartos. Aamplitude de Temperatura de Atividade é a variação naqual ocorre atividade. O Mínimo e o Máximo Voluntári-

Figura 3. Radiografia dorso-ventral de um iguana. Asilhueta do cólon é bem visualizada devido à densidade de ardos pulmões. As válvulas semilunares que dividem o cólonem compartimentos, que são típicas dos lagartos herbívoros,são destacadas pelo conteúdo alimentar.

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os são as temperaturas mais baixa e mais alta toleradasem condições de laboratório e estas definem os pontosfinais da Amplitude de Temperatura de Atividade. O Crí-tico Térmico Mínimo e Máximo são as temperaturas ex-tremas que resultam em imobilidade e morte.5 Foramregistradas temperaturas voluntárias mínima, máxima emédia, para Iguanidae, de 18,0o, 46,4o e 36,7oC (64,4o,115,5o e 98oF), respectivamente.5 As flutuaçõescircadianas de temperatura (baixa durante a noite e altadurante o dia) dentro da variação de temperatura de ati-vidade são muito importantes, sendo que os lagartosmantidos em temperaturas uniformes 24 horas por dianão apresentam um desenvolvimento satisfatório.

Os iguanas parecem ter altos requerimentos de luzultravioleta (UV) para o metabolismo do cálcio e da vi-tamina D, embora comprimentos de onda, intensidadese fotoperíodos específicos não tenham sido quantificados.Iguanas não reprodutores na Venezuela tomaram banhode sol por aproximadamente 4 horas na manhã e mais 2-3 horas de tarde.2 O banho de sol providenciatermorregulação, assim como as necessidades de luz UV.

Os iguanas se comunicam primariamente por sinaisvisuais. Os machos dominantes exibem característicasfísicas que enfatizam o seu tamanho, tais como cabeçasgrandes, escamas operculares, cristas, espinhas, papo e,algumas vezes, coloração alaranjada (Figura 4). Similar-mente, protuberâncias cervicais, abdominais, expansõescervicais e ereção do papo são usados para exprimir ame-aça.5 As ameaças podem se intensificar em baforadas,mordidas e rabadas, embora na vida selvagem os ma-

chos exibicionistas tendam a estar bem espaçados, comsuas exibições superando, em número, as brigas de ver-dade. Sinais químicos e táteis são menos importantes;entretanto, os poros femorais são bem desenvolvidos emmachos e produzem secreções que fornecem tanto indí-cios químicos quanto visuais. As secreções do porofemoral dos iguanas do deserto (Dipsosaurus dorsalis)refletem a luz UV em comprimentos de onda que sãovisíveis para o lagarto, mas não para o ser humano.6

A reprodução é sazonal e associada com a estaçãoseca. Os machos se exibem nos galhos e defendem o seuterritório de novembro até janeiro, tornando-se bastanteagressivos em relação aos machos invasores. Issocorresponde a uma recrudescência testicular sazonal,durante a qual os testículos sofrem um aumento de tama-nho e uma produção de testosterona marcantes. O com-portamento reprodutivo é caracterizado pelas hierarqui-as dominantes masculinas, que utilizam territórios paracruzamento, apresentam competição intensa entre osmachos e a seleção da fêmea companheira é determinadapelo grau de saúde do macho.2 As fêmeas fazem ninho 3-7 semanas depois do cruzamento, produzem de 14 a 76ovos (em média, 35-43), havendo a eclosão depois de10-14 semanas de incubação a 28o-32oC7 Os iguanasfreqüentemente fazem ninhos juntos devido à disponibi-lidade limitada de locais, escavando tocas de 1-2 m decomprimento por 0,25-0,5 m de profundidade.8 As fê-meas protegem o ninho contra outras fêmeas.

Os iguanas não reprodutores são mais tolerantes àpresença de outros iguanas e não defendem territórios.Interações agnósticas de baixa intensidade ocorreramquando 2 iguanas passavam sobre um galho, mas cessa-ram quando se separaram. As fêmeas não reprodutorasocupam seu tempo tomando banho de sol e dormindo,além de perseguirem fêmeas novas.

Manejo no cativeiroA partir da discussão prévia, é notável que as condi-

ções requeridas para o manejo dos iguanas não podemser fornecidas no cativeiro. Nenhum cativeiro para iguanaspode ser descrito como “adequado”, havendo sempre umamaneira de melhorá-lo. Os iguanas mantidos em cativei-ro toleram condições abaixo das ideais; no entanto, osproprietários devem estar cientes de sua história natural,fazendo todos os esforços para atender as suas necessi-dades. Essas necessidades incluem espaços grandes,tridimensionais, fontes locais de calor atingindo 36,7oC(98oF), fontes fortes de luz UV, uma dieta vegetarianabalanceada e evitar os vários tipos de comportamentosagressivos e agnósticos entre os iguanas. Todo iguanamantido em cativeiro está sob algum grau de estressecrônico apenas pelo fato de estar em cativeiro. Condi-ções bem toleradas por um lagarto podem causar proble-mas sérios em um outro indivíduo e os proprietários de-vem ter flexibilidade nas suas técnicas de acordo com os

Figura 4. Iguana macho, bastante grande, sedado. Otamanho e a dominância são expressos através de sinaisvisuais. Observe a cabeça grande, a grande escama opercularna mandíbula, a papada grande e as espinhas dorsais altas.Este iguana foi capturado como um animal selvagem emambiente externo. O antebraço e a parte distal do membroanterior direito estão edemaciados como resultado de umamordida de outro iguana. Vários iguanas, incluindo machosterritorialistas, estavam sendo mantidos juntos devido à faltade espaço nas instalações do proprietário.

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resultados obtidos. O manejo em cativeiro deve ser in-vestigado e melhorado para qualquer iguana que for le-vado a um veterinário, por qualquer que seja a razão,sem exceções.

O manejo do iguana tem sido o assunto de inumerá-veis artigos em livros e revistas. Cobrir o tópico em deta-lhes aqui seria o mesmo que reinventar a roda e tal as-sunto complexo não pode ser discutido em detalhes nes-te espaço limitado. Tanto veterinários quanto proprietá-rios devem estar completamente familiarizados com um1 ou mais dos 3 melhores livros sobre manejo deiguanas.9,10,11 Melissa Kaplan é considerada uma grandeautoridade sobre o manejo de iguanas em cativeiro e,além de seu excelente livro, ela mantém o Site sobreHerpetologia Melissa Kaplan, no endereço eletrônicowww.sonic.net/~melissk/. Este é um dos melhores sitesda Internet sobre cuidados com répteis por ser abrangente,atual, preciso, bem referenciado e freqüentemente atua-lizado.

Há 2 escolas principais sobre manejo de répteis emcativeiro. Tradicionalmente, gaiolas com papel de jornale uma tigela de água eram recomendadas e populares. Afacilidade de manutenção era conseguida pela ausênciade estímulos e enriquecimento para o iguana. Recente-mente, viveiros complexos e naturalísticos se tornarampopulares. Tais gaiolas são esteticamente agradáveis, masde manutenção trabalhosa. Poucos, com exceção de pro-prietários mais dedicados e experientes, fazem um servi-ço adequado de higienização dessas gaiolas. Se uma pes-soa não pode manter adequadamente um viveiro com-plexo, deve optar por uma instalação mais simples. Domesmo modo, a ingestão de substrato é comum quandocascalho ou cortiça são utilizados, especialmente se a dietanão for balanceada ou em quantidade inadequada. Ape-sar dos problemas potenciais, as gaiolas devem serenriquecidas para reduzir o estresse e permitir comporta-mento normal entre seus habitantes.

GaiolasOs iguanas são lagartos arbóreos, que requerem gai-

olas grandes para acomodar seu comportamento ativo, ea maioria das pessoas providencia gaiolas muito peque-nas. De Vosjoli recomenda uma gaiola com comprimen-to 1,5 a 2 vezes o comprimento total do lagarto a serabrigado e com uma largura que seja metade dessa dis-tância.12 Divers sugere até mesmo mais espaço: 0,4 m3

de espaço de gaiola para cada 0,1m de comprimento to-tal para esses lagartos.13 Essas são apenas sugestões enão chegam nem perto do espaço que os iguanas selva-gens utilizam, com alcances acima de 2.000 m2 (um qua-drado com lados medindo 44,5 m) e movimentos diáriosque excedem 100 m. Com isso em mente, para abrigaros iguanas deve-se dispor de gaiolas bastante espaçosascom, pelo menos, 3 x 1 x 2 m de altura, embora umabrigo do tamanho de um quarto seja melhor. Qualquer

coisa menor seria o equivalente a um ser humano viven-do em uma cabine telefônica: possível, mas extremamentedesumano. Os aquários vendidos para iguanas jovens setornam inadequados em poucos meses e gaiolas feitassob medida devem ser planejadas desde o começo. Gai-olas externas do tipo de aviários, com proteção contra osol e temperaturas extremas são bastante recomendadasem climas quentes ou durante os meses de verão (Figura5).

A gaiola deve ter paredes suaves, de modo a evitarabrasões rostrais. Armações metálicas devem ser usadascom precaução, visto que não retêm calor e podem resul-tar em trauma nos pés e na face. Uma rede de plástico,tecido de polietileno e arame coberto por plástico sãomenos abrasivos. As gaiolas feitas de madeira devem serseladas com poliuretano, pintura epóxi marítima ou umagente à prova de água similar, e as juntas devem ser

Figura 5. Iguana de solo das Bahamas (Cyclura cychlurafigginisi) em um cativeiro externo grande. Embora não sejaum iguana verde, os princípios são os mesmos. Cerca de 1/8do cativeiro é visualizado aqui. Ele está localizado sob umaárvore, fornecendo-se tanto sol quanto sombra. Observe arampa atrás do lagarto, que leva a um compartimentoaquecido que funciona como abrigo nas noites frias. Observetambém que as paredes de concreto estão encravadas no solopara impedir que o lagarto cave embaixo delas para escapar.

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calafetadas de modo a permitir sua limpeza e desinfec-ção. A ventilação é crucial, visto que uma ampla troca dear é necessária para impedir o acúmulo de bactérias efungos.

Os lagartos com livre acesso ao interior de uma casapodem ficar sob temperaturas subótimas pela falta de umafonte de calor ou expostas ao frio fora das paredes e jane-las ou a pisos frios. O trauma é comum em iguanas quecirculam livremente, pois podem ser pisados, prensadosem portas, podem cair de prateleiras ou cortinas ou se-rem mordidos por cães e gatos. Iguanas não mantidosem gaiolas geralmente escapam.

As espécies arbóreas requerem espaço vertical e ga-lhos para escalar. Galhos secos com aproximadamente omesmo diâmetro do corpo do lagarto devem ser coloca-dos diagonalmente na gaiola e devem ser ancorados paraevitar que caíam. São recomendadas plantas vivas e nãotóxicas, desprovidas de espinhos e superfícies escorre-gadias e grandes o suficiente para agüentar o peso dolagarto.12 Elas agem como mobília da gaiola e adicio-nam umidade, abrigo e enriquecimento visual. Elas de-vem ser colocadas em vasos para facilitar a limpeza.14

Plantas artificiais podem estar recobertas com reforçoshidrossolúveis tóxicos e não devem ser usadas.14

SubstratoO substrato pode ser providenciado com a utiliza-

ção de jornais, tapetes internos ou externos, lascas decortiça para répteis, pellets de alfafa, palha de Chipre oucama comercial animal feita de papel reciclado ou depolpa de madeira.9-16 O jornal é barato, limpo e fácil deusar, mas não é esteticamente agradável. O tapete dá tra-balho, requerendo lavagem. Os pellets de alfafa são di-geríveis se forem ingeridos e parecem agradáveis, masprovocam a formação de poeira e têm cheiro de galinhaquando úmido. Lascas de cortiça “para répteis” feitas deabeto, mas nunca de pau-brasil ou cedro, podem ser usa-das. Se as lascas de cortiça estiverem muito empoeiradas,elas poderão ser lavadas e secadas antes do uso. A corti-ça em pedaços grandes pode irritar ospés dos lagartos, que cavam repetida-mente, e a cortiça em pedaços muitopequenos pode causar impactaçãogastrointestinal fatal, se for ingerida.Com a atual popularidade de viveirosnaturalísticos, muitos proprietáriossentiram que as vantagens da cortiçasuperam esses riscos. Um comedouroraso pode ser usado para minimizar orisco de ingestão acidental desubstrato, mas se o proprietário obser-var o lagarto ingerindo a cortiça ou seencontrá-la nas fezes do animal, eladeverá ser removida. A cama animalde papel reciclado é um substrato po-

pular, por ser mais absorvente e menos empoeirada doque os pellets de alfafa, e também por poder ser trocadamenos freqüentemente e ser mais ou menos digerível sefor ingerida acidentalmente.

Fragmentos de cedro contêm resinas aromáticas quepodem ser tóxicas para os répteis17,18 Outras substânciasque devem ser evitadas incluem cascalho, areia, espigade milho triturada, areia de gato e lascas de madeirasdiversas.17,18

TermorregulaçãoOs répteis são ectotérmicos e requerem calor suple-

mentar durante o cativeiro. As temperaturas dentro daVariação de Temperatura de Atividade são necessáriaspara otimizar os processos metabólicos, incluindo diges-tão, crescimento, cicatrização, reprodução e função imu-ne. Relatou-se a Temperatura Média de Atividade (T

b,

temperatura corpórea) para Iguanidae como sendo de36,7oC (98oF); conseqüentemente, um foco quente quealcance esse nível deve ser providenciado.5,12 Os iguanassão também heliotérmicos (ganham calor através do ba-nho de sol) e não tigmotérmicas (se ganhassem calor pelacondução, deitando-se em pedras quentes); portanto, fon-tes de calor suspensas são preferidas em vez de fontes nosolo.5 As denominadas rochas quentes são vendidas empet shops para répteis de estimação, mas são inapropriadaspara esta espécie. Os aquecedores de solo colocados sobo tanque podem ser usados para fornecer calor de fundoem climas frios, mas não para substituir o calor ganhopor banho de sol. Os répteis selvagens controlam a suatemperatura corpórea central procurando mantê-la den-tro de uns poucos graus distante da temperatura médiade atividade por termorregulação – eles movem partesdo corpo ou o corpo inteiro em direção à luz do sol. Érecomendado criar um ambiente termicamente comple-xo para os iguanas em cativeiro para permitir que elesajustem sua temperatura corpórea como eles o fariam emvida livre. Um gradiente térmico tanto no eixo horizon-tal quanto no vertical é ideal. Isso pode ser criado através

do fornecimento de uma fonte de ca-lor focal em um lado da gaiola, co-brindo menos de 25% da mesma, usan-do-se lâmpadas suspensas com refle-tores ou cerâmica aquecedora cominfravermelho. Esses materiais devemficar bem fixos para impedir que seinclinem ou queimem o lagarto. De-vem ser usadas precauções de segu-rança contra incêndio e alarmes defogo. Não seria natural manter a gaio-la inteira em uma temperatura unifor-me. As flutuações diurnas de tempe-ratura entre o dia e a noite ocorrem navida selvagem, de modo que as lâm-padas aquecedoras não devem ficar li-

Os iguanas são lagar-tos arbóreos que re-querem gaiolas gran-des para acomodar

seu comportamentoativo, e a maioria dosproprietários provi-dencia gaiolas muito

pequenas.

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gadas 24 horas por dia. As flutuações diárias de tempera-tura parecem ser importantes para os lagartos.9 As tem-peraturas noturnas podem aproximar-se da temperaturamínima voluntária para os iguanas (18,0oC, 64,4oC), masnão devem ser exatamente iguais para evitar estresse eimunossupressão. Temperaturas noturnas próximas de22oC (72oF) são bem toleradas, desde que sejam provi-denciadas temperaturas diurnas superiores e adequadas.

As temperaturas tanto nas partes mais quentes quantonas mais frias do viveiro devem ser mensuradas diaria-mente. Termômetros-higrômetros digitais são úteis e es-tão disponíveis em lojas de materiais eletrônicos. Ter-mômetros adesivos de aquários grudados nos lados dagaiola não são recomendados, visto que a temperaturado local de banho de sol onde o réptil descansa é quedeve ser mensurada ao invés da temperatura da lateral dagaiola.

OsmorregulaçãoA água de torneira geralmente é adequada, mas a

água engarrafada deve ser usada quando a qualidade daágua de torneira for questionável. Não é necessário odescanso ou a declorinação da água. A bactériaPseudomonas spp cresce rapidamente nos bebedouros,de modo que estes devem ser trocados e desinfetados oulavados com água quente e sabão.

A umidade é um fator importante porémfreqüentemente menosprezado.18,19 Em geral, os iguanasrequerem mais umidade do que temos tipicamente emnossas casas. De um ponto de vista prático, é quase im-possível manter níveis de umidade de 50% e tais níveisresultam no aparecimento de mofo.9 Uma boa ventilaçãoé essencial para prevenir o crescimento rápido de bacté-rias e mofo na gaiola quando for fornecida umidade. Aumidade pode ser aumentada através da utilização de ti-gelas de água com grandes superfícies para aumentar aevaporação, pela pulverização freqüente da gaiola ou pelouso de umidificadores. Modelos diferentes deumidificadores produzem uma névoa quente ou fria. Oprimeiro tipo deve ser mantido distante do lagarto paraevitar queimaduras. As máquinas que forem mantidasdentro da gaiola devem ser bem fixadas para evitar que oiguana as derrube.

Alimentação e NutriçãoNo cativeiro, as dietas herbívoras para lagartos de-

vem ser baseadas em uma variedade de vegetais verdesfolhosos, cortados. Vegetais que contêm oxalato, comoespinafre e repolho, devem ser usados de forma reduzi-da. As frutas devem ser minimizadas, não pelo fato deserem tóxicas, mas porque elas diluem os nutrientes be-néficos dos outros ingredientes. Em um estudo, a adiçãode uma xícara de morangos a uma xícara de alface roma-na reduziu as concentrações de proteína e de cálcio emdois terços em comparação com a alface romana sozi-

nha.20 Uma dieta recomendada incluindo ingredientes,quantidades, cronogramas e suplementação mineral evitamínica é descrita no anexo 1. Existem dietas comer-ciais para iguanas, mas estas variam em qualidade epalatabilidade. Os ingredientes devem ser verificados,dando-se preferência para as dietas à base de alfafa emrelação às dietas que incluem milho ou trigo. As dietascomerciais devem ser limitadas a menos da metade dadieta total.

Os iguanas verdes filhotes expostos para venda es-tão freqüentemente anoréticos, abaixo do peso e fracos.Eles podem pesar menos de 10 g e ter abdômen afunda-do e ossos pélvicos aparentes. Deve ser feita uma ali-mentação forçada nesses lagartos, utilizando-se dietasvegetarianas apropriadas, tais como as dietas comerciaispara alimentação forçada de coelhos ou um mingau depellets de coelhos, em oposição à dieta líquida para car-nívoros, como cães e gatos, na razão de 1 a 3% do pesocorpóreo a cada 2 dias. Deve-se oferecer, ao mesmo tem-po, ao lagarto jovem, uma dieta finamente cortada empedaços como a descrita no anexo 1, até que ele esteja sealimentando sozinho.21

Requerimentos de luz ultravioletaOs comprimentos de luz ultravioleta são importan-

tes para a síntese de vitamina D e para o metabolismo decálcio em lagartos diurnos que não ingereminvertebrados.5, 9-13, 15-17 Os raios UVA (ondas próximas,320-400 nm) produzem efeitos comportamentais e psi-cológicos benéficos mas não ativam os precursores devitamina D na pele. Os raios UVB (ondas médias, 290-320 nm) são necessários para a ativação da vitamina D.Os répteis se beneficiam tanto da luz UVA quanto daUVB. No entanto, faltam estudos científicos sobre o re-querimento específico de luz ultravioleta por lagartos emcativeiro e os requerimentos específicos de luzultravioleta, intensidade e período de exposição são, emgrande parte, desconhecidos.18 Sabe-se que os iguanastomam banho de sol durante horas todos os dias no soltropical forte, recebendo níveis de radiação ultravioletaque são difíceis de reproduzir em cativeiro.

O sol é uma fonte mais eficiente de luz ultravioletado que qualquer lâmpada, mas certas precauções devemser tomadas antes de expor os lagartos mantidos em cati-veiro à luz solar direta. Primeiro, os vidros das janelasfiltram os raios ultravioleta, portanto, a luz que passa poruma janela não apresenta benefícios. Um réptil mantidoem uma gaiola de vidro não deverá nunca ser colocadosob a luz solar direta, correndo o risco de superaqueci-mento e morte.16,17 Os répteis devem estar em gaiolas derede ou armação para permitir que a luz solar entre, pre-venindo, ao mesmo tempo, que eles escapem. Deve-sefazer sombra sobre parte dessa gaiola com o uso de co-berturas ou plantas para permitir que o animal se protejado sol. Os iguanas que estiverem tomando banho de sol

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devem estar em uma gaiola e não serem segurados comas mãos ou até mesmo com uma coleira, porque a luzsolar direta pode resultar em alterações temporárias depersonalidade, fazendo com que alguns lagartos normal-mente calmos fiquem bastante agitados e muito agressi-vos. 17 Essas alterações se revertem rapidamente quandoo lagarto é trazido de volta para a sombra. Os lagartosque estiverem tomando banho de sol devem sermonitorados para prevenir seu superaquecimento, expo-sição a predadores, roubo ou qualquer outro tipo de pro-blema que possa ocorrer. Não se deve permitir que o la-garto tome banho de sol se a temperatura ambiental esti-ver excessivamente alta. Somente 15-30 minutos de luzsolar direta por semana pode ser bastante benéfico.

Existem várias fontes artificiais de luz UVB comer-cialmente disponíveis.9-11,15,13,18,19,22 Obviamente, umalâmpada que produza 5,0% de sua luz emitida como luzUVB é mais eficiente do que uma que produza 2,0%.Além do mais, uma fonte de 1,2 m produz mais luz doque uma de 0,4 m e 2 fontes produzem o dobro de luz deuma só. Tradicionalmente, as lâmpadas fluorescentes sãoconsideradas fontes melhores de luz UVB do que as lâm-padas incandescentes, mas existem produtos novos cujosfabricantes afirmam serem capazes de produzir luz UVBe calor em uma única lâmpada incandescente. Fontesnovas de luz ultravioleta estão sendo disponibilizadas demodo regular e cada uma deve ser avaliada com base noscomprimentos de onda das luzes ultravioletas produzi-das.

Devem ser tomadas precauções para evitar a exposi-ção humana aos raios ultravioleta ou contato com osolhos, visto que esses raios são associados com câncerde pele ou aparecimento de catarata.15 As fontes artifici-ais de luz ultravioleta devem mimetizar os fotoperíodosnaturais e serem desligadas à noite.

As fontes artificiais de luz não podem substituir aluz solar natural e os répteis que têm acesso ao sol emconfinamentos abertos, até mesmo em varandas ou páti-os telados, invariavelmente têm crescimento, saúde, com-portamento, reprodução e longevidade melhores do queos dos répteis mantidos em ambientes internos.

Segurança visualA segurança visual é benéfica, especialmente para

animais nervosos. Deve ser fornecida uma área de abrigoou escape. Os esconderijos podem ser feitos com caixasde papelão, vasos de terra cotta, vasos de plástico, tubosde papelão, folhas de cortiça ou de madeira. Tambémdevem ser colocadas plantas de verdade ou artificiais paraque os iguanas arbóreos possam se esconder. Algunsiguanas comem pouco ou ficam estressados se não tive-rem segurança visual.

DesinfecçãoAs gaiolas, as tigelas de alimento e as de água de-

vem ser limpas freqüentemente. O hipoclorito de sódio a3% é um desinfetante eficiente e econômico.18 A gaiola eseus utensílios devem ser lavados diariamente antes dese reintroduzir o lagarto. Os proprietários devem lavarsuas mãos completamente depois de limpar cada gaiolae não devem transferir os bebedouros, alimento não in-gerido ou galhos para exercícios entre as gaiolas antes dedesinfetá-los.

Figura 7. Várias feridas de mordidas nas costas de umiguana subordinado, que também teve uma ulna fraturadacomo resultado de uma mordida adicional. Setenta e oitopontos foram necessários para fechar as feridas. Oproprietário tinha comprado 2 iguanas achado que elas fossemsociais e quisessem companhia. Conforme os lagartoscresceram, notou-se que os dois eram machos e começaram abrigar. O proprietário tentou separá-los, confinando-os emdois aquários (inadequados) de aproximadamente 200 litros,na mesma sala. Em um certo dia, eles chegaram em casa eperceberam que o macho maior tinha escapado do seu aquárioe tinha entrado no aquário do lagarto menor, onde estavasubmetendo-o e atacando-o.

Figura 6. Dois iguanas rhinoceros (Cyclura cornuta) emum grande cativeiro externo. O lagarto da direita estáameaçando o outro com as vigorosas protuberâncias cervicais.Observe a postura ereta e orientação direta em relação aooutro lagarto. Este outro lagarto logo se tornou submisso,retirando-se para um lado mais distante da gaiola.

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QuarentenaOs répteis novos devem ser mantidos em uma área

separada da principal por um mínimo de 3 meses.12,23 Osanimais novos devem passar por um exame físico, serpesados, fazer exames fecais, tratamentos parasiticidas emonitoração do apetite, observação do comportamento ede sinais de doença. No mínimo, o proprietário deveráinspecionar os animais novos. Os animais principais de-vem ser alimentados e seu recinto deve ser limpo antes,deixando para depois os animais em quarentena, não sefazendo transferência de animais, gaiolas, comedouros ebebedouros, alimentos não ingeridos ou utensílios entreeles. Os proprietários devem lavar suas mãos e fazer tro-cas de vestimentas entre o trabalho com um grupo e outropara evitar a transferência inadvertida de patógenos. Seriaideal que pessoas diferentes lidassem com os grupos. Quan-to mais distantes eles estiverem um do outro, menor será aprobabilidade de ocorrência de uma epizootia. Não devehaver transferência de ar entre os 2 grupos. Quando váriosanimais estiverem em quarentena, eles deverão entrar esair da área de quarentena em grupo.

Abrigo e manejo comunitáriosAs lojas de animais de estimação colocam os iguanas

para venda em tanques comunitários lotados, sugerindoque eles são animais sociais. Na vida selvagem, eles po-dem formar agrupamentos livres se houver alimento emabundância, mas também aproveitarão a oportunidade deescapar se estiverem sendo estressados ou ameaçados poroutros iguanas. Os lagartos presos em uma gaiola ou salanão podem escapar (Figura 6). Os lagartos machos sãomais territorialistas do que os lagartos fêmeas e reagemmais violentamente aos outros machos do que em rela-ção às fêmeas. As flutuações hormonais e, portanto, aterritorialidade, são sazonais e são manifestadas maisfortemente durante a estação de reprodução.1 Os iguanassão pouco beneficiados ao serem confinados em grupos;eles não podem se estressar e machucar um aos outros seforem separados.

Se 2 ou mais lagartos forem mantidos juntos, o indi-víduo mais agressivo poderá atacar fisicamente o animalsubmisso, algumas vezes causando ferimentos sérios(Figura 7). Mais freqüentemente, o lagarto dominanteexerce seu poder mantendo o submisso distante das fon-

tes de alimento e de calor. Isso permite que o dominantefaça uma melhor digestão alimentar, cresça mais rápidoe tenha um sistema imune mais eficiente do que o dolagarto submisso. O lagarto submisso invariavelmentesofre de estresse crônico e, portanto, apresenta um cres-cimento menos satisfatório. Os sintomas incluem cres-cimento retardado, emaciação, tônus muscular menor,coloração mais fraca, letargia e susceptibilidade a infec-ções e parasitas. A solução é separar os lagartos. Devemser evitados superfícies refletoras e espelhos, visto queos lagartos, especialmente os machos, atacam seu pró-prio reflexo. Os proprietários podem ocasionalmenteobservar 2 lagartos deitados no mesmo local e interpre-tar, erroneamente, que eles têm uma boa relação. Entre-tanto, o estresse pode ainda estar presente.

Dois ou mais iguanas podem ser mantidos juntossomente se certos requerimentos forem preenchidos. Pri-meiro, o recinto deve ser grande o suficiente, tendo umtamanho de 1,5-2 vezes a área recomendada para o mai-or iguana, para cada um dos iguanas. Segundo, devemser providenciadas áreas separadas para alimentação,banho de sol e de esconderijo para cada iguana. É crucialuma complexidade espacial, na qual um iguana possaficar fora do campo de visão do outro, escondendo-seentre plantas, pedaços de madeira e galhos. Terceiro, osproprietários devem observar o comportamento dosiguanas. Uma gaiola pode parecer adequada pelo folhe-to, mas ainda assim os iguanas poderão requerer maisespaço ou abrigos adicionais ou sítios de banho de sol.Iguanas diferentes têm personalidades e requerimentosdiferentes. Finalmente, o proprietário deve estar cienteque 2 iguanas podem ser simplesmente incompatíveis.9

Apenas o fato de pertencerem à mesma espécie, não sig-nifica que se relacionarão bem. As fêmeas podem domi-nar os machos e lagartos menores podem dominar osmaiores, de modo que o maior macho nem sempre esta-rá no topo da hierarquia social. 9 Lagartos que eram ini-cialmente compatíveis podem começar a brigar mesesou anos mais tarde. Proprietários que tenham mais deum iguana devem estar preparados para providenciar re-cintos separados se os lagartos se tornarem incompatí-veis. Recintos separados não são sempre suficientes e,freqüentemente, as gaiolas devem ser mantidas em salasseparadas.

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Os iguanas selvagens (Iguana iguana) são folhíveros especializados,ingerindo primariamente folhas de árvores. Os iguanas mantidos em cati-veiro são expostos a, e aceitam, vários itens alimentares que jamais encon-trariam no ambiente selvagem. É crucial que o proprietário lide paciente-mente com seu iguana de estimação e o treine para ingerir uma dieta balan-ceada. Nunca se deve permitir que o lagarto escolha o que quer ingerir, vistoque gosto e palatabilidade não necessariamente se igualam ao valornutricional.

Temperaturas subótimas e manejo inadequado podem reduzir aingestão e digestão de alimentos. Sob condições ruins de manejo, a melhordieta do mundo seria inadequada.

Nenhuma dieta para iguanas em cativeiro pode ser precisamente des-crita como “adequada”. Os requerimentos nutricionais precisos para estaespécie não são conhecidos e os iguanas selvagens ingerem folhas de árvo-res que não são disponíveis no cativeiro. Nós podemos nos aproximar deuma dieta nutritiva, mas a maioria das formulações é baseada em experiên-cias não merecedoras de crédito e em especulação ao invés de experimentosalimentares científicos.

Todos os materiais vegetais deve ser lavados, cortados (recomenda-seum processador de alimentos) e completamente misturados. Isso irá assegu-rar uma dieta balanceada na qual todos os ingredientes alimentares serãoingeridos, ao invés de apenas os mais favoritos ou saborosos. Prepare o su-ficiente para 4-7 dias, guarde no refrigerador entre as alimentações e sirvaem temperatura ambiente ou um pouco mais quente. Ofereça depois de oiguana ter tomado banho de sol por várias horas sob a sua fonte de luz demanhã, deixe durante todo o dia e remova os alimentos não ingeridos denoite.

Filhotes até 35 cm de comprimento● Alimente duas vezes ao dia ou deixe alimento continuamente disponí-

vel● Vegetais devem ser finamente cortados ou picados.

Jovens até 2,5 anos ou até 90 cm de comprimento● Alimente uma vez ao dia.● Vegetais devem ser cortados em tamanhos pequenos a médios ou pica-

dos.

Adultos acima de 2,5 anos ou de 90 cm de comprimento● Alimente diariamente ou a cada 2 dias. É impossível superalimentar um

iguana ao usar a dieta vegetariana rica em fibras, recomendada aqui.● Vegetais devem ser grosseiramente picados.

Ingredientes: CADA REFEIÇÃO contém ingredientes de TODOS as 5 dascategorias seguintes:1. Folhas verdes ricas em cálcio: 40%-45% da dieta ou mais, 3 ou mais

itens por alimentação: folhas de nabo, mostarda, repolho, folhas e flo-res de dente-de-leão livre de pesticida, trevo, escarola, cenoura, salsa,flores e folhas de nastúrcio, flores e folhas de hibisco e flores. Tambémofereça chicória, alface romana, hortelã e cilantro.

Folhas de espinafre e de beterraba têm altos níveis de oxalato, quepode quelar o cálcio, e as folhas de repolho, de repolho chinês e debrócolis têm altos níveis de substâncias indutoras de bócio. Ambos osgrupos podem ser usados, mas com moderação.

As alfaces icebergue, Boston, manteiga e vermelha têm pouco valornutricional em comparação às folhagens mais escuras. A alface roma-na tem um valor intermediário e deve ser somente usada em combina-ção às folhagens escuras mencionadas anteriormente.

2. Outros vegetais: 40%-45% da dieta, com variação semanal entre: fei-jões verdes crus, ervilha-de-quebrar, ervilha-torta, abóbora, batata-doce,quiabo, pimentão, cogumelo e inhame. Seletas congeladas podem serusadas ocasionalmente. Cenoura ralada pode ser usada ocasionalmen-te visto que ela contém altos níveis de oxalato.

Vegetais com valor nutricional mais baixo incluem pepino, tomate,cebola, azeitona, abobrinha e rabanete.

3. Alfafa: boa fonte de fibra e de proteína. A alfafa é disponível emminifardos ou pellets para pequenos animais em lojas de rações e deanimais de estimação. Leia o rótulo dos pellets para certificar-se deque a alfafa é o primeiro ingrediente da lista. Não utilize misturas quecontenham sementes e outros ingredientes. A alfafa também pode serencontrada em pó, comprimidos ou cápsulas em lojas de produtos desaúde. Os pellets e o pó devem ser umedecidos com água antes de

Anexo 1 – Dieta recomendada para iguanas verdes mantidos em cativeiro

oferecidos ao animal. Assegure-se de utilizar folhas e caules madurosao invés de brotos. Se um iguana se recusar a ingerir a alfafa, podemser usados comprimidos amassados ou pó de alfafa, em pequenas quan-tidades na salada, aumentando-se gradualmente a quantidade no de-correr de várias semanas.

4. Frutas: use somente como petisco ocasional ou como suplemento. Asfrutas têm baixos níveis de vários nutrientes, incluindo proteína e cál-cio e têm níveis altos de fósforo. Elas não devem representar uma grandeproporção da dieta. As frutas diluem os ingredientes bons encontradosnas folhagens e vegetais verdes. As seguintes podem ser oferecidas:figo, mamão, melão, maça, ameixa, morango, banana (com casca), uvae kiwi.

5. Suplementos minerais e vitamínicos: A suplementação é recomen-dada devido ao fato de as deficiências minerais e vitamínicas seremcomuns em iguanas. Entretanto, o cálcio e as vitaminas lipossolúveis(A, D, E e K) podem ser suplementados em excesso, assim como emsubdose. Para evitar a suplementação em excesso, fontes naturais deuma dieta variada são a melhor escolha, com uso moderado de vitami-nas/minerais para equilibrar a dieta. Até o momento, não há estudossobre os requerimentos específicos de qualquer espécie de lagarto.

Produtos comerciaisExistem muitos produtos comerciais para répteis, mas em nenhum

deles a potência e a segurança foram comprovadas. Os níveis dos ingredien-tes variam bastante entre os produtos. Procure utilizar os produtos com umaproporção grosseira de 100 partes de vitamina A a 10 partes de vitamina D

3

para uma parte de vitamina E. Os produtos humanos com vitamina D3 (ao

invés de D2) podem também ser utilizados.

Minerais: use carbonato de cálcio em pó (ossos triturados de lula) ougluconato de cálcio.

Neonatos e iguanas jovens: uma pequena pitada por refeição. Admi-nistre vitaminas por 4-5 dias por semana e cálcio nos 7 dias da semana.

Adultos: 1 pitada para cada quilo de peso corpóreo. Administre vita-minas 2-3 vezes por semana e cálcio 4-5 vezes por semana (a menos que oanimal esteja prenhe ou doente, quando, então, deve-se administrar 5-6 ve-zes por semana).

A adição da vitamina em pó sobre a salada pode torná-la não palatável.A vitamina deve ser completamente misturada. Se você puder ver o pó, pro-vavelmente foi adicionado em excesso.

Grãos: O grão do pão, biscoitos, massas e em sementes é recomenda-do em algumas receitas para iguanas. Este grupo alimentar é pobre nos nu-trientes que os iguanas necessitam, especialmente fibra, proteína e cálcio. Ogrão deve ser limitado a petiscos ocasionais ou ser totalmente evitado.

Fontes de proteína animal: Devem ser evitadas nas dietas de iguanasverdes. Estes lagartos são vegetarianos desde o nascimento, mesmo assimeles podem aceitar alguns alimentos não naturais no cativeiro, como grilosou até mesmo camundongos. Mesmo que as fontes de proteína animal te-nham sido tradicionalmente recomendadas para iguanas, a sua necessidadenão foi cientificamente comprovada. A proteína fornecida deve ser de fontevegetal.

Dietas comerciais para iguanas: A vantagem destes produtos é queeles são mais fáceis de usar do que preparar uma salada balanceada váriasvezes por semana. A desvantagem é que, apesar de ter sido afirmado queeles são completos e balanceados, podem não ser. Os requerimentosnutricionais exatos dos iguanas verdes nunca foi cientificamente determina-do. As dietas comerciais com altos níveis de proteína animal, gordura, mi-lho, soja, trigo, grãos, vegetais indutores de bócio, frutas ou flores devemser evitadas. O ingrediente principal, que sempre é o primeiro a ser mencio-nado na lista de ingredientes, deve ser a alfafa. Os níveis de nutrientes embase de matéria seca devem incluir mais de 20% de proteína de origem ve-getal, mais de 15% de fibras e 1,4% de cálcio. As dietas peletizadas ou empó contêm somente 10% de água em comparação com 85%-90% da quanti-dade de água nas saladas. Estas dietas devem ser umedecidas com águaantes da refeição. Os alimentos congelados podem ser deficientes em tiamina.As dietas comerciais para iguanas podem desempenhar um papel importan-te na nutrição dos iguanas, mas devem ser somente parte da dieta até quemais dados sejam conhecidos.

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PATOLOGIA CLÍNICA DO IGUANA VERDE

TRADUÇÃO DE ARTIGO DE “BAYER EXOTICS SYMPOSIUM – SELECTED PAPERS ON THE GREENIGUANA AND ANTIMICROBIALS IN EXOTIC PETS – páginas 23-26.

Tradução e Adaptação: Angela Basic - CRMV-SP 7958Revisão Técnica: Mario Eduardo Pulga - CMRV-SP 2715Revisão de Textos e Diagramação: Francisco Pantoja

Karen L. Rosenthal, DVM, MS,Diplomada pela ABVP (aves)Universidade da Pensilvânia

Escola de Medicina VeterináriaFiladélfia, Pensilvânia

Cortesia: www.bayervet.com.br

Há mais coisas a aprender sobre a patologia clínicados iguanas do que realmente sabemos. Dentre elas, umadas questões é o porquê de se fazer exames de sangue emiguanas. Poucos estudos foram realizados em iguanasverdes para se determinar como interpretar a patologiaclínica nesta espécie. Junto com as variações normais, osestudos tanto científico quanto clinicamente práticos se-riam os que verificassem a relação entre a doença e seusefeitos sobre os valores de patologia clínica. Muitas ve-zes, extrapolamos os estudos com mamíferos ou, maisespecificamente, os estudos feitos com cães e gatos. Paratornar as coisas mais complicadas, os estudos de campopodem ter pouca relação com os valores dos iguanasmantidos em cativeiro. Sabemos que os valoresenzimáticos podem mudar com a temperatura e que osiguanas são ectotérmicos – altamente dependentes doambiente para termorregulação. Como isso afeta os va-lores vistos nos iguanas verdes de estimação? O propósi-to desta discussão é oferecer algumas linhas gerais parao uso e interpretação da patologia clínica em iguanasverdes.

Colheita e manuseio de amostrasO primeiro passo na obtenção de valores de patolo-

gia clínica que possam ser interpretados é a colheita ade-quada da amostra. A colheita da amostra e o manejo ade-quado das mesmas são tão importantes quanto qualqueroutro aspecto da patologia clínica. É bastante difícil in-terpretar os valores quando a fisiologia não está muitoclara; e é ainda mais difícil quando se trabalha com amos-tras abaixo do padrão. Portanto, uma discussão sobre a

técnica adequada de venipuntura e o manuseio das amos-tras faz parte da patologia clínica.

Os iguanas verdes, similarmente a muitos lagartos,podem ser sangrados a partir de vários locais. Com aprática, se escolhe um lugar preferido para a venipuntura.O sangue pode ser colhido da cauda ou da veia coccígeaventral, da veia jugular, da veia abdominal mediana oudo coração.1 Não é recomendado usar o leito unguealpara a coleta do sangue. O sangue do corte da unha écontaminado com secreções teciduais e a amostra prova-velmente será hemolisada. A coleta de sangue da veia dacauda é a preferida. A cauda é fixada de forma a permitirque a pessoa que for realizar a venipuntura coloque aagulha em seu lado ventral. Algumas pessoas preferemque o iguana seja contido sobre uma mesa, com a caudaapoiada sobre a mesma. Outros preferem elevar a caudapara acessar melhor o seu lado ventral. Independente dojeito, a agulha perfurará a pele na linha ventral medianae atravessará o músculo até atingir o corpo vertebral.Quando a agulha tocar o osso, o êmbolo deverá ser puxa-do para trás, fazendo com que o sangue possa fluir paradentro da seringa. Se o sangue não preencher a seringaimediatamente, deve-se mover a agulha cranial oucaudalmente ao longo do osso, puxando, ao mesmo tem-po, o êmbolo para trás. Se não houver sucesso na obten-ção de uma amostra com este método, remova a agulha ea seringa e tente uma venipuntura em outro local da cau-da. Uma seringa de 1 ou 3 ml é geralmente necessáriapara obter a amostra. Use uma agulha de 25 ou 22 gauge,dependendo do tamanho do iguana. A veia jugular é pre-ferida para a venipuntura nos iguanas verdes. A veia

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jugular geralmente não é visualizada, mas a área ondeela se localiza tem marcas distintas. Tanto a veia jugulardireita quanto a esquerda podem ser usadas paravenipuntura. Ela não fica mais visível quando garroteada.Utiliza-se uma seringa de 1 ou 3 ml com uma agulha de25 ou 22 gauge, dependendo do tamanho do iguana. Oiguana é contido de forma segura sobre uma superfícieplana. A cabeça é ligeiramente virada de lado,tensionando-se a pele sobre o pescoço onde a venipunturaserá tentada. As marcas de localização da venipuntura najugular são entre o ponto do ombro e o da orelha. Entreesses dois pontos, fica a veia jugular. A veia é plana e aagulha é direcionada em um ângulo quase paralelo à pele.A veia abdominal mediana pode ser usada para avenipuntura. Ela fica ao longo da região ventral do iguana,mas é raramente utilizada para venipuntura. A venipunturacardíaca também pode ser tentada, mas geralmente é re-servada para procedimentos terminais.

O hemograma completo é uma mensuração valiosada saúde em iguanas, mas os valores de referência para amaioria dos répteis não são conhecidos. É provável queo valor normal mais alto para iguanas normais seja deaté 8.0-14.0 x 103/mm3. E que o valor mais baixo estejaentre 4.0-7.0 x 103 mm3. O significado de um valor forada variação normal é extrapolado de outras espécies.2

Valores baixos de leucócitos podem ou não ser associa-dos com doença viral, seqüestro de células ou supressãoda medula óssea. Uma explicação geralmente despreza-da para um valor baixo de leucócitos é a resultante deartefato. Esfregaços mal feitos levaram a contagens maisbaixas de leucócitos do que seria esperado. A elevaçãodos leucócitos é supostamente relacionada com doençasinflamatórias ou infecciosas. Embora seja menos comumdo que as doenças infecciosas, a neoplasia pode causaruma elevação na contagem de leucócitos. Assume-se queaumentos no número de leucócitos sejam relacionados àseveridade da doença. A contagem diferencial nosiguanas, assim como em outros répteis, é também difícilde interpretar em espécies individuais. Nos iguanas, osheterófilos (equivalentes aos neutrófilos dos mamíferos)são mais comuns que os linfócitos. Os eosinófilos e osbasófilos são menos comuns na maioria das espécies,incluindo iguanas, do que os outros leucócitos. Osmonócitos parecem estar elevados nas doenças inflama-tórias e infecciosas, especialmente se a doença for crôni-ca. Uma célula, chamada por alguns patologistas demonócito azurofílico, parece estar elevada em doençasinfecciosas. Previamente, esta célula foi classificada emsua própria categoria como um azurófilo. Outros a deno-minavam de monócito. Ela é agora denominada por al-gumas pessoas como um monócito azurófilo. Na maio-ria das espécies, parece que em répteis saudáveis, osmonócitos azurofílicos constituem menos de 5% da con-tagem total de leucócitos. Também parece que quantomais alta for a contagem de monócitos, mais severa será

a infecção. Quando estivermos tratando de uma doençainfecciosa em um iguana, dois parâmetros podem serusados para mensurar o sucesso do tratamento. Quandoa contagem de leucócitos diminui para 10.0 x 103 /mm3,o tratamento está sendo bem sucedido. Ainda, a conta-gem de monócitos azurofílicos deve ser menor que 5%da contagem total de leucócitos.

Assume-se que a maioria dos répteis tenha umhematócrito mais baixo do que o esperado na maioriados mamíferos. A maioria dos iguanas mantidos em ca-tiveiro parece ter um hematócrito no limite superior maisalto que 35-40%. A parte mais baixa da variação normalpode ser de 20-24%. Conforme forem sendo realizadosmais estudos sobre iguanas de estimação, estes valorespoderão ser modificados. Uma elevação do hematócritorepresenta, mais provavelmente, uma desidratação do queuma policitemia. A desidratação é comum em répteis,visto que condições inadequadas de manejo (o problemamais comum dos iguanas mantidos em cativeiro) podemlevar à privação de água, fazendo com que o animal ingi-ra uma quantidade insuficiente. Muitos clínicos têm difi-culdade de avaliar a desidratação clínica nos répteis porser mais difícil usar o turgor da pele como uma indica-ção do volume de água corpórea. Portanto, deve se pres-tar bastante atenção ao hematócrito como auxiliar na de-terminação da presença de desidratação. Se forem utili-zados os valores de variação do hematócrito de mamífe-ros, não será percebida a desidratação refletida pelo au-mento de hematócrito. Todovia, muitos iguanas doentesapresentam anemia ou têm alguma doença crônica,parasitismo ou condições inadequadas de manejo. Umclínico deve ser capaz de discernir se um hematócritodentro da variação normal representa tanto desidrataçãoquanto anemia. Em casos como este, a proteína total évaliosa na determinação da presença de desidratação.

Os valores de bioquímica plasmática podem ser di-fíceis de interpretar em iguanas e outras espécies de rép-teis, pois temos um número limitado de informações so-bre os valores normais. E, para a maioria das substânciasanalisadas, temos tido ainda menos informação sobrecomo determinar o significado de um valor fora da vari-ação normal. Algumas vezes, a interpretação de valoresfora dos limites normais é extrapolada da medicina deaves e dos poucos estudos controlados em iguanas. Fi-nalmente, a maioria da nossa interpretação é provenientede experiência e de informações pouco fidedignas. Cli-nicamente falando, uma grande desvantagem para osveterinários é que essa falta de informação detalhada nosdeixa sem meios de interpretar precisamente os resulta-dos quando os valores obtidos estão discretamente forado que é considerada a variação normal. Valores discre-tamente fora da variação normal são úteis para significardoença inicial em mamíferos. Esta informação é usadapara justificar a intervenção, antes que a doença se tornesevera ou até mesmo fatal. Sem este sistema de aviso

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“precoce” em iguanas (ou outros répteis), pode se falharna identificação dos estágios iniciais da doença. Esta é arazão pela qual os répteis, quando doentes, apresentamuma doença avançada antes do problema ser diagnosti-cado. O veterinário, então, tem pouco tempo para rever-ter as alterações. Por exemplo, em cães, um pequenoaumento na uréia e na creatinina pode significar doençarenal inicial e medidas podem ser tomadas para diagnos-ticar a etiologia e corrigir o processo patológico de base.Na medicina de iguanas, não sabemos exatamente quaisvalores na bioquímica plasmática significam disfunçãoinicial precoce e nem mesmo os valores apropriados paramonitoração.

Quanto à doença renal, parece que o ácido úrico éum bom indicador de saúde renal na maioria das espéci-es, incluindo os répteis. Em pouquíssimas espécies derépteis, a uréia pode ser também indicadora de saúde re-nal, mas provavelmente não em iguanas. A maioria dosrépteis é uricotélica, portanto, o ácido úrico é o produtofinal da degradação do nitrogênio.3 Parece que os iguanas,como a maioria dos répteis, têm valores de ácido úriconormais de até 5 ou 6 mg/dl. Algumas referências po-dem relatar até 10 mg/dl, mas estas provavelmente sãobaseadas nos valores normais para aves. O significadode um valor abaixo desse não é conhecido. A uréia podeser útil em espécies selecionadas de répteis, enquanto acreatinina parece, provavelmente, ser pouco útil emiguanas e outros répteis.4 A relação cálcio:fósforo podeauxiliar no diagnóstico de doença renal se extrapolarmosas alterações da insuficiência renal crônica em mamífe-ros. Especificamente, uma elevação da concentração doparatormônio, em resposta a uma diminuição na relaçãocálcio:fósforo devido a uma insuficiência renal, podeprovavelmente ocorrer em iguanas, assim como aconte-ce em mamíferos. Infelizmente, em répteis, ohiperparatireoidismo nutricional secundário é comum e,teoricamente, ele também causará uma alteração similarna relação cálcio:fósforo, levando a um aumento na con-centração do paratormônio. Pode ser difícil de interpre-tar as concentrações de cálcio e de fósforo nas amostrassanguíneas se não for feita uma colheita adequada. Porexemplo, se a amostra não for manuseada com cuidado,uma hemólise levará a um aumento da concentração defósforo e uma diluição da amostra, a uma diminuição daconcentração de cálcio. Na insuficiência renal, a relaçãocálcio:fósforo pode ser o inverso da normal. Não se sabese isso ocorre em todos os casos de insuficiência renal etambém não se sabe se isso representa uma insuficiênciarenal “crônica”, como acontece em mamíferos. Ainda,também não se sabe se todos os répteis exibemhipocalcemia na insuficiência renal. É possível que al-guns exibam hipercalcemia, como acontece com algunsmamíferos. A maioria dos casos de insuficiência renalem répteis é caracterizada por elevações nas concentra-ções de ácido úrico. A maioria das elevações excede 8-

10 mg/dl. Uma “síndrome” renal, que pode não ser real-mente uma doença renal primária, é vista em iguanasverdes geralmente entre 3-7 anos de idade. Tanto ma-chos quanto fêmeas são afetados. Estes iguanas pare-cem estar crescendo bem e abruptamente ficam anoréticose letárgicos. Os valores de bioquímica plasmática, obti-dos no momento, mostram concentrações de ácido úricodentro da variação normal e uma relação cálcio:fósforoalterada. Parece que quanto mais alta estiver a concen-tração de fósforo e mais baixa a de cálcio, mais severaserá a doença. Tanto as concentrações de cálcio total quan-to as do ionizado estão abaixo dos valores normais. Amineralização dos vasos grandes e de tecidos moles éobservada nos iguanas severamente afetados. A concen-tração de ácido úrico em quase todos os casos permane-ce dentro da variação normal. Uma outra observação acer-ca da doença renal se relaciona com a gota. Doença renale gota não são sinônimos.5 Gota é a deposição de cristaisde ácido úrico (uratos) em tecidos. Tradicionalmente, agota é dividida em articular e visceral. A gota articular écaracterizada pela deposição de urato nas articulações eao longo da bainha de tendões. Ela é menos comum emiguanas do que em aves. Os uratos são dolorosos e limi-tam o movimento do animal. A concentração de ácidoúrico não precisa necessariamente estar elevada quandoa gota estiver presente. Reciprocamente, a gota pode nãoestar presente quando há aumento das concentrações deácido úrico. A gota visceral parece ser menos comumainda e também pode não ser associada com a elevaçãoda concentração de ácido úrico.

As hepatopatias em iguanas podem ser difíceis dediagnosticar com base somente na bioquímica plasmática.Novamente, a falta de estudos que descrevam a variaçãodos valores normais de referência e a falta de estudoscorrelacionando os valores normais com a severidade dadoença fazem com que haja um grande retrocesso na in-terpretação dos valores das enzimas hepáticas em iguanas.Em quase todas as espécies de répteis, nós extrapolamosa interpretação a partir de aves para determinar a utilida-de de certas enzimas associadas com o fígado. Provavel-mente, a enzima mais útil é a aspartato aminotransferase(AST).6 Nos poucos estudos sobre distribuição enzimáticaem répteis, foi demonstrado que a AST é encontrada emabundância no fígado e nos tecidos musculares. Uma ele-vação da AST, portanto, representa ou lesão muscular ouhepática ou ambos. Como acontece em aves, parece quea creatina quinase (CK) é liberada apenas do tecido mus-cular. Deste modo, a mensuração simultânea tanto da ASTquanto da CK pode auxiliar a discernir se uma elevaçãona AST é proveniente somente do fígado. Esta associa-ção é pouco entendida na maioria dos répteis e pode serum erro extrapolar para todas as espécies desta maneira.Ainda, a variação normal da AST em répteis não é co-nhecida e poderia, provavelmente, variar de espécie paraespécie. Concentrações acima de 50-75 U/l são, prova-

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velmente, anormais. As limitações de interpretação sãomuitas quando tão pouco se sabe acerca da concentraçãoplasmática de AST e o estágio da doença. Se somente aAST estiver aumentada, provavelmente haverá uma do-ença hepática, mas não se pode determinar sua severida-de. Se tanto a AST quanto a CK estiverem elevadas, po-dem estar presentes tanto uma hepatopatia quanto umtrauma muscular. É provável que a alaninaaminotransferase (ALT) não seja nem específica nemsensível o suficiente como marcador da doença hepáticaem iguanas. O mesmo é provavelmente verdadeiro paraa fosfatase alcalina (FA). A enzima lactato desidrogenase(LDH) também é, provavelmente, ineficaz na avaliaçãoda função hepática. A determinação da concentraçãoplasmática de bilirrubina em iguanas não é útil, vistoque elas não produzem bilirrubina. Finalmente, amensuração dos ácidos biliares pode ser útil na medicinade répteis, mas estudos precisam ser realizados para de-terminar, primeiramente, quais ácidos biliares são maisproeminentes em qual espécie. A via dos ácidos biliaresé semelhante à dos mamíferos e eles podem ser usadosem iguanas como já se utiliza em aves para avaliar a fun-ção biliar? Nós precisamos obter amostras pré e pós-prandiais? Finalmente, a que corresponderia uma eleva-ção nos ácidos biliares? Uma elevação muito alta é asso-ciada com doença bastante severa?

É improvável que sejam obtidas informações úteis,em iguanas, a partir da urinálise. Nesta espécie, a vesículaurinária funciona como um reservatório para a urina quepassou pela cloaca. Os ureteres desembocam na cloaca.A urina é, portanto, contaminada com material da cloaca.Ainda, se a urina for reabsorvida, a urinálise não serárepresentativa da função renal.3 Portanto, pode ser im-possível interpretar os resultados de uma cultura de uri-na e de uma urinálise. Se cilindros estiverem presentes

na urina, eles podem ser significantes, visto que podemser provenientes apenas dos rins.

As amostras de citologia são pouco utilizadas emiguanas. Todas as massas, tumorações e nódulos devemser aspirados em uma tentativa de determinar a etiologiada anormalidade. A preparação destas amostras é a mes-ma que em mamíferos. Visto que é provável haver umaetiologia infecciosa em muitas dessas massas, 2 tipos decolorações citológicas seriam apropriadas. A coloraçãodas lâminas para avaliação celular é tão importante quantoa coloração para evidenciar uma infecção. Portanto, umacoloração como a de Wright deve ser feita para determi-nar os tipos de células presentes. Ainda, a coloração paraevidenciação de microorganismos, tal como a coloraçãode Gram, deve ser realizada. Portanto, ao se preparar lâ-minas para citologia em iguanas, pelo menos 2 esfregaçosseparados devem ser feitos.

Referências1. Murray MJ. Reptilian blood sampling and artifact

considerations. In: Fudge, AM, ed. Laboratory Medicine.Philadelphia, Pa: WB Saunders; 185-192, 2000.

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6. Divers SJ. Reptilian liver and gastrointestinal testing. In:Fudge AM, ed. Laboratory Medicine. Philadelphia, Pa: WBSaunders; 205-209, 2000.

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