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No princípio... ... criou Deus os céus e a terra. A terra era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo. Gênesis 1:1 e 2. Apenas com Sua palavra, a partir do nada, Deus criou um mundo maravilhoso. Mas a criação não ocorreu de maneira desordenada; as plantas e os animais que compunham o jardim do Éden certamente foram dispostos de maneira harmoniosa e organizada. Nós, seres humanos, não fomos dotados do poder divino de criar a partir do nada. Contudo, temos a capacidade de organizar as coisas, ordená-las, associar idéias. Isso também é criar. É a criação sob a ótica das possibilidades humanas. Assim sendo, poderíamos definir criação visual como a capacidade de organizar os elementos que serão percebidos pelo olho. É preciso planejar o caminho que será percorrido pela visão, escolher as cores certas para se transmitir o sentimento que se deseja e definir o tipo de letra que combine com tudo isso. O indivíduo criativo manipula uma massa enorme de informações, conhecimentos, eventos, idéias e emoções que deve resultar em algo novo e útil. Por isso, as pessoas criativas, de modo geral, também são muito curiosas. Elas se interessam por tudo, em todas as áreas: história antiga, física, arranjos florais, mercado de ações, música. É que elas nunca sabem quando as informações vão se juntar para formar uma nova idéia. Afinal, conhecimento é a matéria prima das novas idéias. Mas não basta apenas ter conhecimento, é preciso também saber processar esse volume todo de conhecimento. E é graças a pessoas curiosas, e que souberam usar o seu conhecimento, que foram inventados a roda, a caneta esferográfica, o computador. Gutemberg, por exemplo. Sua curiosidade o levou a adquirir conhecimento em dois equipamentos totalmente distintos: a prensa de vinho e o sistema de cunhar moedas. Gutemberg não se prendeu a bloqueios mentais causados pela rotina. Ele simplesmente ignorou que as prensas de vinhos só eram usadas para espremer uvas e 1

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No princípio...

... criou Deus os céus e a terra. A terra era sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo. Gênesis 1:1 e 2.

Apenas com Sua palavra, a partir do nada, Deus criou um mundo maravilhoso. Mas a criação não ocorreu de maneira desordenada; as plantas e os animais que compunham o jardim do Éden certamente foram dispostos de maneira harmoniosa e organizada.

Nós, seres humanos, não fomos dotados do poder divino de criar a partir do nada. Contudo, temos a capacidade de organizar as coisas, ordená-las, associar idéias. Isso também é criar. É a criação sob a ótica das possibilidades humanas.

Assim sendo, poderíamos definir criação visual como a capacidade de organizar os elementos que serão percebidos pelo olho. É preciso planejar o caminho que será percorrido pela visão, escolher as cores certas para se transmitir o sentimento que se deseja e definir o tipo de letra que combine com tudo isso.

O indivíduo criativo manipula uma massa enorme de informações, conhecimentos, eventos, idéias e emoções que deve resultar em algo novo e útil. Por isso, as pessoas criativas, de modo geral, também são muito curiosas. Elas se interessam por tudo, em todas as áreas: história antiga, física, arranjos florais, mercado de ações, música. É que elas nunca sabem quando as informações vão se juntar para formar uma nova idéia. Afinal, conhecimento é a matéria prima das novas idéias. Mas não basta apenas ter conhecimento, é preciso também saber processar esse volume todo de conhecimento. E é graças a pessoas curiosas, e que souberam usar o seu conhecimento, que foram inventados a roda, a caneta esferográfica, o computador.

Gutemberg, por exemplo. Sua curiosidade o levou a adquirir conhecimento em dois equipamentos totalmente distintos: a prensa de vinho e o sistema de cunhar moedas. Gutemberg não se prendeu a bloqueios mentais causados pela rotina. Ele simplesmente ignorou que as prensas de vinhos só eram usadas para espremer uvas e passou a se perguntar o que aconteceria se pegasse os cunhos de moeda e colocasse vários sob pressão numa folha de papel, na prensa de vinho. Será que a imagem ficaria impressa no papel? O resultado dessa associação de dois princípios independentes foi o tipo móvel e a prensa tipográfica.

Mas, e eu? Será que sou criativo? Serei capaz de processar de forma criativa os conhecimentos que tenho? Será que posso tornar-me mais criativo? Vamos procurar a resposta em Gênesis 1:26:

“Então disse Deus; Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.”

Imagino que como fomos feitos à imagem de Deus, o criador de todas as coisas, então, em grau maior ou menor, todos somos criativos também. Criativos e inteligentes.

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De acordo com o Dr. Howard Gardner1, da Universidade de Harvard, somos dotados não apenas de um tipo de inteligência geral, mas de sete tipos:Inteligência verbal/lingüística - a capacidade de manipular palavras, de forma oral ou escrita.Inteligência matemática/lógica – a capacidade de manipular sistemas numéricos e conceitos lógicos.Inteligência espacial – a capacidade de ver e manipular padrões e formas.Inteligência musical – a capacidade de entender e manipular conceitos musicais, como tom, ritmo e harmonia.Inteligência corporal-cinestésica – a capacidade de usar o corpo e o movimento, como nos esportes ou na dança.Inteligência intrapessoal – a capacidade de entender os sentimentos e de ser reflexivo e filosófico.Inteligência interpessoal – a capacidade de entender outras pessoas, seus pensamentos e sentimentos.

Cada um de nós é dominante em uma, duas ou mais dessas inteligências. Mas o que nos torna únicos é exatamente a proporção da mistura desses sete tipos de inteligência. Provavelmente em Gutemberg predominasse a inteligência do tipo espacial. Mas, além de conhecer qual tipo de inteligência é a predominante em nossa mente, o cultivo de certas atitudes também auxilia no desenvolvimento do espírito criativo.

Vejamos a seguir algumas atitudes importantes para o desenvolvimento do espírito criativo associado a uma filosofia cristã.

Princípios de um cristão criativo

Ser curioso. Tenha interesse sobre o mundo, sobre o que faz as coisas funcionarem, sobre o porquê das coisas. Ao idealizar um projeto, não se contente com a primeira idéia que surgir em sua mente. Desenvolva outras para, entre muitas, selecionar a melhor.

Ter espírito aberto. Abra-se a outras noções, pessoas, lugares e coisas. Somente assim você poderá aceitar novas idéias e incorporá-las ao seu raciocínio. Uma mente fechada bloqueia as oportunidades que podem advir de novas descobertas. Não acredite quando lhe disserem “isso nunca vai funcionar”. As novidades assustam, mas, assim mesmo, não deixe de ouvir outras opiniões, principalmente de pessoas que pensam diferente de você. As idéias se desenvolvem inclusive com a divergência. Não tenha preconceitos.

Correr riscos. Saia da sua zona de conforto e procure encontrar novas idéias, pessoas e informações que possam aumentar sua criatividade. O escritor se arrisca ao publicar um livro. O músico se arrisca quando uma composição sua é executada. Muitas idéias boas acabam sendo esquecidas porque seus autores não tomam a decisão de mostrá-las aos outros. Sair da rotina de vez em quando é estimulante para o cérebro. Se você aprecia comida japonesa, vá a uma cantina italiana. Não fique acomodado. Procure maneiras de fazer melhor aquilo que você já faz. Você pode ganhar mais agilidade e diminuir custos.

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Ter iniciativa. Combine, troque, modifique, reduza, adapte. Quando você está envolvido em um projeto, mais tempo e energia irá dedicar a ele, e mais criativo você será. Idéias não saem do nada. Não há limites para sua imaginação.

Ser humilde. Peça opiniões, consulte. Se você se acha o dono da verdade pode acabar perdendo oportunidades de ouvir sugestões de pessoas mais experientes ou deixar de ver a solução que outros profissionais da área já utilizaram. Se mesmo assim, diante de um novo projeto você não sabe o que fazer, por que então não pedir sabedoria a Deus? Pessoalmente, creio ser esta a orientação mais importante para quem deseja se aventurar no mundo do planejamento visual, e, principalmente, quando se tratar de um trabalho para a Igreja. Em Tiago 1:5 lemos: “Ora, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente.”

Vamos agora refletir sobre o caminho percorrido pela mente para originar uma nova idéia.

O princípio de uma idéia

O psicólogo americano Graham Wallas2 dividiu o processo de criação de novas idéias em quatro etapas:

Preparo – Até certo ponto, toda a sua formação acadêmica contribui para a criatividade. Contudo, o preparo se refere mais a uma etapa orientada especificamente ao projeto. Isso é possível através de leituras, viagens, visitas a museus, entrevistas ou outras atividades que o ajudem a reunir fatos, idéias e opiniões.

Incubação –É o momento da pausa. Até agora você coletou inúmeras informações de forma consciente. Agora vai deixar de pensar nelas para que seu inconsciente processe todo o volume de informações. Aqui começa a fase de organização das idéias. A criatividade é o resultado da capacidade da mente em ligar idéias produzindo algo novo e diferente. Isso pode ser obtido comparando uma idéia a outra, ou então juntando características de duas idéias. Ou ainda começando com uma imagem ampla de uma nova idéia e delimitando as opções até encontrar um conceito específico.

Iluminação – É o descobrimento, a fase mais conhecida da criação, o momento de inspiração em que, aparentemente do nada, surge rapidamente uma idéia em nossa mente. Em geral, a iluminação ocorre quando se está fazendo alguma coisa completamente diferente daquele trabalho criativo, como dirigindo, tomando banho, ouvindo música.

Verificação – Esse é o momento que o compositor vai sentar e escrever a sua partitura. Vai dar forma à idéia para verificar se ela realmente funciona do jeito que a imaginou. Certamente será necessário aperfeiçoar a idéia e, às vezes, até mudá-la um pouco até que tome a forma definitiva.

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Especialistas em criatividade recomendam que se dê tempo suficiente para que todos os processos ocorram naturalmente. Portanto, às vezes é preciso ter paciência para se ter uma boa idéia.

É possível até que você já tenha lançado mão desses processos mentais sem haver percebido. O importante é que, agora, ao você entendê-los plenamente, poderá explorá-los melhor, aumentando intencionalmente a sua criatividade. Mas atenção! Não deixe sua idéia fugir. Assim que você a conceber, anote-a rapidamente em um papel. Há pessoas que desenvolveram o hábito de carregar para todo o lado um diário, a fim de anotar nele tudo o que vem à mente. Não importa se você irá utilizar a idéia daqui a dois minutos ou somente dentro de dois anos. Pelo menos ela estará documentada e poderá ser sua única fonte de informação quando quiser revê-la.

Voltando a Gutemberg, ele deveria estar acostumado a observar as prensas de vinho e em algum momento da vida deve ter tido contato com matrizes de cunhagem de moeda. Não temos conhecimento do que o levou a imaginar um novo processo de impressão (novo pelo menos para os europeus, pois os chineses já haviam inventado a imprensa muito antes). Mas, certamente Gutemberg teve a sua fase de preparo, depois um período de incubação e finalmente, aquele instante de euforia repentina com o surgimento de uma idéia. Os registros históricos relatam apenas um pouco de sua fase de verificação, pois é mencionado que os primeiros tipos se estragavam muito facilmente. Gutemberg, então, foi aperfeiçoando sua idéia até desenvolver uma liga de metal mais resistente. Séculos depois, em 1884, o americano Otmar Marghentaler iria melhorar mais ainda a idéia de Gutemberg, ao inventar a linotipia. Linotype, o nome original em inglês, significa linha de tipos. Todo o serviço tipográfico que era feito manualmente, então ficou automatizado.

“No princípio,

Deus se manifestava em todas as obras da criação. Foi Cristo quem estendeu os céus, e lançou os fundamentos da Terra. Foi Sua mão que suspendeu os mundos no espaço e deu forma às flores do campo. “Ele converteu o mar em terra firme.” Salmo 65:6. “Seu é o mar, e Ele o fez.” Salmo 95:5. Foi Ele quem encheu a Terra de beleza, e de cânticos o ar. E sobre todas as coisas na terra, no ar e no firmamento, escreveu a mensagem do amor do Pai.”

Essa foi a descrição que a escritora Ellen White3 fez a respeito da mensagem do amor de Deus. Com certeza é a mesma mensagem da missão que Jesus deixou aos seus seguidores: “Ide por todo o mundo, e pregai o evangelho a toda criatura.” Marcos 16:15.

Ellen White4 ainda afirma: “O evangelho tem de ser apresentado, não como uma teoria sem vida, mas como força viva para transformar a vida. Deus deseja que os que recebem Sua graça sejam testemunhas do poder da mesma. Aceita francamente aqueles cuja maneira de proceder mais ofensiva Lhe tem sido; quando se arrependem, comunica-lhes Seu divino Espírito, coloca-os nos mais altos postos de confiança e envia-os ao acampamento dos desleais, para Lhe proclamar a ilimitada misericórdia. Quer que seus

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servos dêem testemunho de que, mediante Sua graça, podem os homens possuir caráter semelhante ao de Cristo e regozijar-se na certeza de Seu grande amor.”

Em I João 4:16 podemos ler: “E nós conhecemos, e cremos no amor que Deus tem por nós. Deus é amor. Quem está em amor está em Deus, e Deus nele.”

Nossa missão é levar ao próximo o conhecimento que possuímos a respeito do amor de Deus. Para tanto, devemos utilizar todos os meios possíveis: TV, rádio, imprensa, internet, propaganda boca a boca, e nosso exemplo de vida, principalmente. Nossos atos devem falar ao mundo a respeito do amor de Deus. Esse é o evangelho que devemos pregar.

Mas, seria incoerência pregar uma mensagem e no dia a dia viver de maneira diferente. Vamos dar também o exemplo de coerência não pirateando softwares, games e até mesmo os materiais produzidos para auxiliar no evangelismo como CDs, livros e fitas. A mesma escritora5 aconselha: “Toda impureza de linguagem ou pensamento deve ser evitada por aquele que quer possuir clara percepção da verdade espiritual.”

Falar do amor de Deus aos outros é muito fácil e prazeroso, pois em tudo podemos ver as marcas do amor divino. É uma mensagem de conteúdo positivo, de fácil assimilação, mas ao mesmo tempo solene e sagrada. Por isso devemos procurar transmiti-la com o máximo de perfeição para que as pessoas possam entendê-la claramente. Além disso, convém tomar alguns cuidados, tais como nunca discriminar as outras religiões e não utilizar linguagem específica de nossa denominação religiosa, como “espírito de profecia” e “pena inspirada”.

A seguir, sugerimos os princípios necessários a um eficiente planejamento visual gráfico.

Princípios básicos do planejamento visual

Antes de levar avante um projeto de criação visual, organize suas idéias e visualize no papel o que você tem em mente. Para tanto, faça um rascunho a lápis. A maioria destas técnicas também é aplicável na elaboração de outros projetos, como uma página de internet, um vídeo ou um CD multimídia.

Proximidade – O propósito básico da proximidade é agrupar os elementos relacionados entre si. Isso pode ser feito por ordem de importância ou por assunto. Assim o leitor vai ter sua leitura dirigida, partindo de um início bem definido e chegando a um final bem definido também. Com as informações devidamente organizadas, será mais fácil ler o texto.

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Cartão com texto desorganizado. Cartão organizado por proximidade.

Informações que não estão relacionadas entre si não deveriam estar muito próximas. Mas, evite o exagero. Muitos elementos separados em uma página confundem e não dão idéia de uniformidade.

Alinhamento – Tudo que for colocado dentro de uma página deve estar organizado. Não se pode simplesmente ir “jogando” os elementos na página para ir ocupando os espaços vazios. Quando os itens são alinhados na página, transmite-se uma idéia de unidade, induzindo a leitura a seguir o caminho sugerido pelo alinhamento.

Defina uma linha guia e utilize. Faça com que cada item da página tenha uma ligação visual com outro da mesma página.

Cartão alinhado pela direita.

Evite usar mais de um alinhamento de texto por página. Um texto centralizado e outro alinhado à direita, por exemplo. Aliás, fuja do alinhamento centralizado pois, em geral, ele cria uma apresentação formal, comum.

Repetição – O uso da repetição de elementos visuais numa página unifica e acrescenta interesse visual, agrupando partes que seriam separadas. Quando esse recurso é utilizado em um projeto de várias páginas, define-se o estilo do material. Podemos verificar tal efeito facilmente numa revista semanal ou jornal. Todas as páginas mantêm uma certa semelhança, o que dá idéia de padronização.

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Você pode repetir a cor, a forma, a textura, o tamanho ou até a espessura dos fios. Pode ser uma fonte em negrito, uma linha grossa ou um logotipo. O resultado será a unificação dos elementos da página.

Cartão diagramado pela repetição.

Por outro lado, evite repetir demasiadamente um determinado elemento gráfico, pois aí a página ficará monótona, desinteressante e não se destacará das demais.

Contraste– O contraste, basicamente, pode contribuir para despertar o interesse sobre uma página e auxiliar na organização das informações. Uma letra grande contrastando com uma pequena; um elemento horizontal com um outro vertical; uma linha fina com uma grossa; uma cor fria com uma cor quente.

Cartão diagramado com contraste.

Mas ao utilizar o contraste, não seja tímido. Saiba encontrar um ponto de equilíbrio. Por exemplo: título de cor marrom café não contrasta com texto preto.

Vamos agora apresentar algumas importantes noções de tipologia.

Princípios de tipologia

A essência do planejamento gráfico é o sábio uso dos tipos de letras para se conseguir uma boa comunicação. Em geral, uma das primeiras perguntas feitas por quem está começando um projeto gráfico é: - Que tipo de letra vou usar?

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Basicamente há duas categorias de tipos: os serifados e os sem serifas.

Letras com serifas – Os tipos serifados têm como base a escrita dos antigos escribas, os quais usavam uma pena para escrever. Todos os traços curvos das letras passam de grossos para finos e possuem serifas que são os pequenos acabamentos nas extremidades das letras. As fontes de letras em estilo antigo são muito parecidas entre si e é exatamente essa “invisibilidade” que faz com que os tipos em estilo antigo, ou serifados, sejam os melhores para se utilizar em projetos onde haja grandes extensões de textos. Eles cansam menos os olhos.

Fontes serifadas mais famosas:

Letras sem serifas – São tipos sem acabamento nas extremidades das letras. A letra é desenhada com um padrão uniforme; os traços têm sempre a mesma espessura resultando em uma estética fria e elegante, porém, se usadas em longos textos produzirão um efeito “ofuscante”, cansativo.

Fontes sem serifas mais famosas:

Observe atentamente: a fonte não tem serifa, mas foi desenhada com os traços curvos das letras passando do fino para o grosso, como as fontes serifadas. Por esse motivo ela não é tão reta como as outras fontes sem serifas. Mas veja bem: é preciso muito cuidado ao utilizar essa fonte, pois, apesar de ser muito bonita, ela é de difícil combinação com as demais fontes.

Ainda há outras fontes que certamente não se encaixam nessa simples classificação de tipos com serifa e sem serifa. São as fontes manuscritas e as decorativas, ambas de uso muito restrito e que devem ser utilizadas apenas em alguns projetos. As manuscritas, que parecem escrita à mão, chamam a atenção particularmente quando utilizadas em

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tamanho grande. Já as decorativas podem trazer, de maneira espalhafatosa, emoções óbvias relacionadas ou não ao projeto que você está executando. A fonte , por exemplo, não traz lembranças da época do faroeste?

Algumas fontes manuscritas:

Algumas fontes decorativas:

O importante é que você passe a observar melhor as formas das letras e notar seus detalhes, pois somente fazendo assim você irá familiarizar-se com elas e conseguir combiná-las de maneira harmoniosa. Essa combinação pode ser feita de várias maneiras, mas vamos abordar apenas as duas mais utilizadas.

Combinação concordante – Esse tipo de combinação acontece quando usamos apenas uma família de fontes, com poucas variações de estilo, tamanho e peso. O resultado é uma página harmoniosa, leve, conferindo uma estética tranqüila e formal. Se mal utilizada, pode se tornar monótona.

Cartão diagramado com tipos concordantes.

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Combinação contrastante – Nesse caso, duas fontes diferentes são usadas. Em projetos bem planejados costuma atrair a atenção do leitor. Os contrastes podem ser obtidos de diversas maneiras: através dos tamanhos das letras, dos diferentes pesos dentro de uma mesma família de fonte, da diferença de estrutura das fontes, da oposição das formas, da direção das palavras e do uso da cor.

Cartão diagramado com tipos contrastantes.

Em um só projeto gráfico é normal utilizar vários desses recursos juntos. Porém, até adquirir mais experiência, procure sempre os caminhos mais simples. Aliás, é a simplicidade que sempre deve nortear todos os projetos visuais. A simplicidade torna fácil a leitura, chama a atenção e reduz custos.

Agora que você já tomou contato com os tipos, vamos falar de algo que também é importante em um projeto visual: as cores.

Princípios básicos para o uso das cores

A cor é uma sensação que nossa mente recebe através da visão e que traz em si os seus significados. Costumamos dizer frases que ligam as cores aos estados emocionais ou aos fatos, atribuindo-lhes conteúdo subjetivo, como por exemplo: “a situação está preta”. Ou “Fulano ficou roxo de raiva”. Ou ainda: “Tudo azul?” para se perguntar se está tudo bem.

Através da cor transmitimos mensagens que expressam sentimentos e desejos. Provavelmente, a qualidade mais importante da cor é a impressão subjetiva de temperatura que ela cria. Temos assim o que chamamos de cores “quentes” e cores “frias”.

As chamadas cores quentes (amarelo, laranja e vermelho), são dinâmicas e estimulantes. Atraem pelo efeito de calor, alegria e vivacidade que provocam. Mas, quando usadas em excesso, criam um clima de excitação exagerada.

Já as cores frias produzem um efeito contrário. Verde, azul e violeta agradam em razão da sensação de tranqüilidade, quietude e frescura que elas passam. Porém, se essas cores forem usadas em profusão poderão gerar ambientes depressivos.

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Num cartaz, as cores quentes dão a sensação de se aproximarem de nossos olhos. Elas saltam, são salientes e agressivas. Já as cores frias geram a sensação de profundidade, parecem afastar-se de nós.

Ainda temos o branco, o preto e o cinza que são consideradas cores neutras. Ao elaborar um projeto visual é importante lembrar o significado psicológico que as cores têm para as pessoas. Veja, a seguir, o que as cores evocam atualmente, na cultura ocidental.

Branco – limpeza, paz, inocência, ordem, pureza, piedade, modéstia, otimismo.Cinza – desânimo, dó, tédio, decadência, sobriedade.Preto – tristeza, dor, melancolia, pessimismo, seriedade.Marrom – melancolia, pesar.Púrpura – dignidade, valor.Roxo – mistério, profundidade, misticismo, delicadeza, calma, egoísmo, justiça.Azul – espaço, paz, serenidade, infinito, meditação, verdade.Verde – saúde, tranqüilidade, esperança, abundância, suavidade, segurança.Vermelho – energia, movimento, paixão, coragem, poder, vigor, violência, excitação, ira.Laranja – euforia, alegria, luminosidade, tentação.Amarelo – iluminação, alerta, prazer, orgulho.

É importante ressaltar que, com o passar do tempo e com as mudanças de hábitos das pessoas, as cores vão adquirindo outros significados e perdendo alguns.

Portanto, se cada cor isoladamente é capaz de transmitir uma mensagem para nós, o que diremos então de duas ou três cores usadas juntas em um projeto visual? Por isso, é importante o conhecimento das regras de combinação de cores. Elas são inúmeras, no entanto, vamos apresentar ao menos algumas das mais usadas.

Além destas designações quentes, frias e neutras, as cores também são classificadas em primárias e secundárias. As primárias são o vermelho magenta, o azul cian e o amarelo. Combinando-as entre si obteremos as cores secundárias. Magenta e cian resultam no violeta. Cian e amarelo resultam no verde. Finalmente, magenta e amarelo resultam no laranja.

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As cores primárias são as que mais atraem as pessoas. Contudo, ao aproximarmos essas cores entre si, uma provocará o descoramento da outra. O mesmo já não acontece com as cores secundárias, pois quando colocadas bem próximas, realçam mutuamente o efeito que provocam.

A cor pode também influenciar na percepção de peso. Uma embalagem escura parecerá mais pesada que outra de cor clara. Por outro lado, cores claras ocasionam ilusão de tamanho maior. Uma embalagem amarela parecerá muito maior do que uma preta.

Quando o projeto exige rapidez na comunicação visual, como placas de estrada, por exemplo, devemos trabalhar com cores de contraste intenso. O contraste de maior visibilidade é amarelo/preto, mas quando excessivamente exposto torna-se cansativo. O contraste vermelho/verde é ineficaz, enquanto a oposição branco/preto é de valor mediano.

Alto contraste. Médio contraste. Baixo contraste.

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Podemos observar que o ser humano traz dentro de si o desejo de conseguir equilíbrio em tudo o que faz. Quando éramos crianças, nos esforçávamos para nos equilibrarmos ao caminhar. Depois de adultos aprendemos a importância de mantermos nossas contas equilibradas, de procurar o equilíbrio nas relações pessoais, no trabalho, nos estudos e na vida espiritual. No mundo do planejamento visual não é diferente. Através do bom senso, estamos sempre buscando o equilíbrio entre as formas, as cores, os tipos, as texturas. E para nos manter equilibrados é preciso sempre continuar revendo os princípios básicos, estudar outros princípios ainda desconhecidos para nós e não ter medo de experimentar novos princípios. Afinal, este é o princípio da vida.

Referências:1. AYAN, J. Aha! 10 maneiras de libertar seu espírito criativo e encontrar grandes

idéias, São Paulo, Negócio, 2000, p. 27.2. Ibidem, p. 42.3. WHITE, E. O Desejado de Todas as Nações, Tatuí, Casa Publicadora Brasileira,

2000, p. 20.4. Ibidem, p. 826.5. Ibidem, p. 302.

Para saber maisWILLIAMS, R. Design para quem não é designer, São Paulo, Callis, 1995.FARINA, M. Psicodinâmica das cores em publicidade, São Paulo, Edgard Blücher /EDUSP, 1975.OECH, R. Um “toc” na cuca, São Paulo, Cultura, 1995.OECH, R. Um chute na rotina, São Paulo, Cultura, 1998.DANGER, E. A cor na comunicação, Rio de Janeiro, Fórum Editora, 1973.BARRETO, R. Criatividade em propaganda, Rio de Janeiro, Documentário, 1978.

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