Criação e manejo de peixes

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CRIAÇÃO E MANEJO DE PEIXES Técnico Responsável: RAFAEL SOARES DIAS [email protected] INTRODUÇÃO Esta cartilha tratará sobre a criação e o manejo de peixes, onde será abordado como se faz um tanque escavado, como oxigena-se esse tanque, a qualidade da água do tanque, o PH ideal dos tanques, o tambaqui e o pacu, a alimentação, despesca e reposição do tambaqui e pacu, bem como a doença nos peixes. Será apresentado de forma concisa e objetiva afim de mostrar como realizar essa criação e o manejo dos peixes. COMO FAZER UM TANQUE ESCAVADO Para se construir um tanque escavado, as condicionantes para tal são muitas, como por exemplo, o aproveitamento do terreno, o tipo de solo, a disponibilidade de água o sistema de produção pelo qual o produtor se identifica mais, entre outras. Porém, para que haja um bom planejamento dessa obra na propriedade, é preciso que o produtor consulte um técnico que irá projetar e também acompanhar a implantação desse tanque. O que é sugerido é que esse técnico seja atento quanto a legislação ambiental do Estado em que reside, visto que o projeto precisa respeitar as áreas de preservação do meio ambiente, bem como para facilitar o

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CRIAÇÃO E MANEJO DE PEIXES

Técnico Responsável: RAFAEL SOARES DIAS

[email protected]

INTRODUÇÃO

Esta cartilha tratará sobre a criação e o manejo de peixes, onde será

abordado como se faz um tanque escavado, como oxigena-se esse tanque, a

qualidade da água do tanque, o PH ideal dos tanques, o tambaqui e o pacu, a

alimentação, despesca e reposição do tambaqui e pacu, bem como a doença

nos peixes. Será apresentado de forma concisa e objetiva afim de mostrar

como realizar essa criação e o manejo dos peixes.

COMO FAZER UM TANQUE ESCAVADO

Para se construir um tanque escavado, as condicionantes para tal são

muitas, como por exemplo, o aproveitamento do terreno, o tipo de solo, a

disponibilidade de água o sistema de produção pelo qual o produtor se

identifica mais, entre outras. Porém, para que haja um bom planejamento

dessa obra na propriedade, é preciso que o produtor consulte um técnico que

irá projetar e também acompanhar a implantação desse tanque.

O que é sugerido é que esse técnico seja atento quanto a legislação

ambiental do Estado em que reside, visto que o projeto precisa respeitar as

áreas de preservação do meio ambiente, bem como para facilitar o

licenciamento essa obra. E, é imprescindível que essa legislação quanto ao

meio ambiente precisa acontecer antes que a obra se inicie.

É necessário que seja realizada a escolha da área, o dimensionamento e

design dos viveiros, o trabalho de terraplanagem, as solução hidráulicas de

abastecimento e drenagem, as informações sobre os sistemas de reuso de

água, bem como as soluções para viveiros com infiltrações.

O terreno deve ser plano ou que seja nivelado por terraplanagem. Os

tanques escavados devem ser em forma de retângulo com inclinação de no

mínimo 1 m. A profundidade do tanque pode variar entre 0,80 a 1,5 m. O solo

ideal para ser construído o tanque seja argiloso e com pouca permeabilidade.

Evitar solos com cascalho, pois há infiltrações.

QUALIDADE DA ÁGUA DO TANQUE ESCAVADO

Sabe-se que a água do tanque escavado necessita de ser de alta

qualidade e em grande quantidade. O volume de água que é necessário é

calculado conforme a função da área e da profundidade do viveiro. Essa água

precisa ser de ótima qualidade, ser livre de agrotóxicos e não podem ser

poluídas.

Requere-se que a vazão ideal é de 10 litros por segundo e também por

hectare de água inundada, o que é o necessário para o enchimento, para

renovações, bem como para recompensar as perdas que teve decido a

evaporação e infiltrações.

O abastecimento de água deve acontecer de maneira individual, pois

assim evita a transferência de água de um viveiro para outro viveiro. O PH da

água para a criação de peixes deve estar entre 6 a 8. Caso o PH esteja abaixo

desse valor, é necessário que o técnico faça a equilibração do PH, fazendo a

calagem, ou seja, colocando cal ou calcário. Para um PH de 6,0 usa-se 1,5

tonelada de cal ou 3 toneladas de calcário. Para um PH de 4,5 usa-se 2,5

tonelada de cal ou 5 toneladas de calcário.

Após a calagem, deve ser verificado novamente o PH da água. A

composição dos produtos que são utilizados para a calagem são o calcário

calcítico (40% a 50% de óxido de cálcio), calcário dolomítico (30% de óxido

de cálcio e 10% a 20% de óxido de magnésio) e cal virgem ou cal viva. É

aconselhado utilizar o sulfato de cálcio quando a água estiver alcalina, usando

50 a 100 kg por hectare, podendo ter peixe no local ou sem peixe. A calagem

pode acontecer antes de colocar os peixes para prevenção e quando a acidez

da água estiver alta.

O TAMBAQUI E O PACU

O tambaqui pode alcançar até 20 quilos e, é uma das principais espécies

de peixes do Rio Amazonas. Ele possui uma carne bastante apreciada e,

adapta-se muito fácil a cativeiros. Tendo uma boa alimentação e condições

básicas de temperatura nesses cativeiros eles podem atingir até 1,4 quilos por

ano.

Ele tem um crescimento mais rápido que o Pacu, mas é menos

resistente ao frio, devido a isso há um alto índice de mortalidade quando as

temperaturas se encontram abaixo de 15º. Ele é onívoro e come rações. Ele só

se reproduz de maneira artificial em tanques.

Enquanto que o Pacu é um peixe que tem origem na Bacia do Prata,

habita em especial os rios do Pantanal Mato-Grossense e pode chegar até 18

quilos. Seu melhor desenvolvimento acontece em ambientes entre 20 e 30º,

porém eles são bem resistentes a temperaturas abaixo de 20º.

O Pacu também é um peixe onívoro e ele se alimenta também de frutas,

sementes, grãos, pequenos moluscos, crustáceos, insetos, bem como ração que

tenha de 22 a 30% de proteínas.

Os alevinos quando forem colocados nos tanques é importante que os

mesmos tenham uma adaptação da temperatura, ou seja, que antes de serem

jogados no tanque sejam colocados na água ainda dentro dos sacos plásticos

para que seu corpo se adapte a temperatura da água e somente depois sejam

lançados no tanque. É indicado que se coloque de 1 a 3 peixes por m2, ou

seja, para um tanque de 100 m2 deve-se colocar entre 100 a 300 peixes.

Estará ponto para venda aos dez meses.

ALIMENTAÇÃO DO TAMBAQUI E PACU

Tanto o Tambaqui quanto o Pacu pode sem alimentar de Rações

Úmidas e Rações Secas. As rações úmidas são aquelas compostas por

alimentos frescos os quais são triturados e misturados, onde pode-se adicionar

farelos para que o seu valor nutritivo seja aumentado.

Essas rações geralmente são úteis para baratear os custos de pequenas

criações, mas são inviáveis para criações de maiores quantidade, visto que

ocupam grande volume e também por serem perecíveis quando são

armazenadas em temperatura ambiente. Mas, elas são tidas como uma boa

maneira de aproveitar os subprodutos agrícolas e também os resíduos de

abatedores.

Enquanto que as rações secas são apresentadas em sua forma física de

várias maneiras, como por exemplo, as fareladas, as peletizadas, as extrusadas

e em pó. As fareladas são aquelas misturas simples de ingredientes, mas que

são muito utilizadas devido a facilidade de preparar elas nas propriedades

rurais.

As peletizadas são rações fareladas, visto que passam por máquinas de

prensa granuladoras e adquirem uma forma de pequenos cilindros. Essas

rações tem uma maior estabilidade e os peixes podem ingerir uma quantidade

maior de alimento em uma bocada só.

As extrusadas consistem em um processo de produção bem parecida

com a ração peletizada, mas essa passa por uma ação de calor e também de

alta pressão e em seguida passa por uma outra câmara com uma pressão

normal. Nesse processo o grânulo cresce e a ração flutua o que facilita o

consumo dela pelos peixes.

E, por fim a ração em pó que são as rações básicas que são moídas para

utilização na alimentação das pós-larvas e também de alevinos pequenos. Há

um grande índice de desperdício dessa ração, mas a sua utilização é bem

viável quanto a economia. A alimentação varia de acordo com o peso dos

peixes. O cálculo da quantidade de ração deve ser de 3% do peso do peixe,

divididas em duas refeições, uma pela manhã e outra pela tarde. Assim, o

cálculo é: quantidade de peixe x peso do peixe x 3 dividido por 100.

DOENÇA NOS PEIXES

Os peixes como os demais seres humanos e animais também adquirem

várias doenças as quais precisam de tratamento para serem resolvidas. Sabe-

se que as infecções principais são causadas pelos parasitas, como a ictioftíase

ou ictio que é conhecida como doença dos pontos brancos, a saprolegniose

que é o apodrecimento das nadadeiras, a hidropsia infecciosa e a argulose.

Além dessas acima citadas tem também a intoxicação alimentar que

traz vários problemas aos peixes. A ictiotiríase é adquirida em função da

baixa temperatura das águas, ela tem seu diagnóstico facilmente detectado,

visto que os peixes apresentam seus corpos cobertos de pontos brancos,

deixando eles inquietos e raspando nas paredes dos tanques para tentar que os

parasitas caiam.

Para tratar essa doença é preciso aplicar o LabCon Ictio na água, no

período noturno e manter a temperatura entre 28º e 30º e ser reaplicado a cada

48 h, até que o sintoma acabe. É importante que ocorra uma troca parcial da

água e aplicação do LabCon Anticlor. Também é importante da aos peixes

como prevenção ou como tratamento, alimento a base de alho, alecrim, sálvia

e hortelã, como por exemplo, Alcon Guard Herbal.

A saprolegniose é causada pelo fungo saprolegnia achyla onde os

peixes ficam com manchas brancas ou até mesmo com tufos parecidos com

algodão por todo o corpo. O apodrecimento das nadadeiras ocorre na maioria

das vezes pela ação de bactérias, sendo que a baixa temperatura da água e o

ph ácido também ajudam no aparecimento da doença e, elas ficam

esbranquiçadas e logo começam a desfazer-se. O tratamento é com a

aplicação de bactericida e fungicida. É indicado também, quando possível,

que ocorra um aumento da temperatura da água.

A hidropisia infecciosa não tem um causador determinado, porém já é

sabido que há dois tipos dessa doença, uma intestinal e a outra ulcerosa. A

intestinal é causada pelo acúmulo de liquido na cavidade abdominal e a

ulcerosa pela formação de manchas sanguinolentas no corpo do peixe e as

nadadeiras são atacadas pela doença e vão se destruindo.

Apresenta a sensação de que o peixe vai “arrebentar. A intoxicação

alimentar, a qual é causada pelo excesso de comida e/ou por alimentos

deteriorados, onde o peixe fica próximo a superfície do tanque, seu ventre fica

estufado e suas escamas ficam eriçadas. O tratamento é complexo e de

preferência que os peixes inchados sejam separados dos demais e receberem

alimentação balanceada, pois alguns estudiosos afirmam que a doença pode

ser pela alimentação excessiva ou incorreta.

A argulose é provocada pelo ácaro argulius folhaceus, também é

conhecida como piolho das carpas, nessa doença os peixes apresentam

movimentos nervosos nas nadadeiras e também pontos avermelhados em sua

pele. Para o tratamento pode ser usado o Sera Cyprinopur, aplicando por 3

dias consecutivos, 100 ml para cada 2.000 litros de água. Repetir o tratamento

por 3 semanas para prevenir.

DESPESCA DO TAMBAQUI E PACU

Essa despesca é também conhecida pela retirada dos peixes de dentro

dos tanques na medida em que eles alcançam o tamanho e o peso ideal para

sua comercialização e consumo. A mesma pode ser realizada de maneira total

ou parcial. A parcial é feita quando nem todos os peixes apresentaram o

crescimento uniforme ou quando a comercialização não permite que o estoque

seja reduzido totalmente.

Para realizar a despesca é preciso levar em consideração o período em

que o peixe atinge o melhor preço de mercado, ou seja, quando a demanda de

peixe é bem maior que a oferta. O primeiro passo para a despesca é o

esvaziamento do tanque e esse deve ser feito de maneira gradativa, pois assim

os peixes irão acostumar a refugiar-se nas partes mais profundas dos tanques

o que facilita mais a despesca.

Para retirada dos peixes é utilizado rede de pesca de malha que tem de

25 a 40 mm entre cada nó, ou por baldes de plásticos de 60 litros ou até

mesmo por tarrafas. As despescas começam a ocorrer a partir de 10 a 12

meses do início do cultivo.

Para o transporte dos peixes é preciso que seja ao amanhecer ou ao

entardecer, colocados em sacos plásticos com oxigênio. Cuidado com viagens

rápidas, pois viagens longas podem prejudica a respiração dos peixes, sendo

necessário um tratamento diferenciado.

REFERÊNCIAS

http://www.pescar.com.br/piscicultor/apostila.htm

file:///C:/Users/positivo/Desktop/pan115_viveiros_escavados.pdf

http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/100638/1/Circ-Tec-

39.pdf

https://www.google.com.br/?gws_rd=ssl#q=passos+a+passos+para+cosntru%

C3%A7%C3%A3o+de+tanque+de+peixe+escavado

http://pt.slideshare.net/mariolgr/apostila-de-piscicultura-basica-em-viveiros-

escavados

http://pt.slideshare.net/alconpet/ictio-a-doena-dos-pontos-brancos-como-tratar

http://www.acaradisco.org/acara-disco-patologia-de-peixes-ornamentais-

corrosao-ou-apodrecimento-de-nadadeiras/

https://sites.google.com/site/bichosdaportela/porque-adoecem-os-peixes-

http://www.peixefauna.com/t14194-argulose-piolho-da-carpa

http://blog.projetopacu.com.br/downloads/como-construir-uma-piscicultura-

de-tanques-escavados/

http://www.cpt.com.br/cursos-criacaodepeixes/artigos/como-construir-e-

abastecer-tanques-de-peixes

http://www.ceplac.gov.br/restrito/publicacoes/cartilhas/CT_03.pdf