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    CURSO DE EDUCAO CRIST PARA

    PROFESSORES E SUPERINTENDENTES DA

    ESCOLA BBLICA DOMINICAL JOVENS EADULTOS

    CRESCER EBD

    Seminrio Pentecostal de Gois

    2010

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    @ Copyright 2010- Seminrio Pentecostal de Gois

    Seminrio Pentecostal de Gois

    Presidente: Pastor Jorge Branco de Gouveia

    Diretor Administrativo: Pastor Edmar Oliveira da Silva

    Diretor Acadmico: Pastor Gilmar Alonso Valrio

    Secretrio Geral: Sebastio Diniz de JesusAutoria do texto: Reginaldo Cruz e Lvia Lopes dos Santos Cruz

    Reviso gramatical: Professora Lvia Lopes dos Santos Cruz

    proibida a reproduo total ou parcial desta obra, de qualquer forma ou por

    quaisquer meio mecnico ou eletrnico, inclusive atravs de cpias

    reprogrficas, gravaes ou apostilas, sem a expressa autorizao dos

    autores. Salvo em breves citaes, com indicao da fonte. Lei n. 9.610, de 19

    de fevereiro de 1998. Artigo 184 do Cdigo Penal.

    1 Edio - 2010

    Realizao:

    SEPEGO - Seminrio Pentecostal de Gois

    Rua 215, n 293, Setor Vila Nova

    Goinia Go - Telefone: (62) 3261 40 73

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    Sobre os Autores

    Reginaldo Cruz Ferreira

    Bacharel em Teologia pelo SEPEGO. Graduado em Teologia pela FATEBOV

    Faculdade de Teologia de Boa Vista RR. Ps - Graduado em Cincias da

    Religio/Ensino Religioso pela PUC/GO. Professor de Teologia Sistemtica,

    Filosfica e Prtica, Novo Testamento e Homiltica no SEID, SABER,

    FAIFA/COMFIE e no SEPEGO. Escritor e Comentarista da Revista da EBD da

    Editora Betel. Casado com Lvia Lopes dos Santos Cruz, pai de Nicole e

    Matheus. Ministro do Evangelho pela CONAMAD e Membro da Assembleia de

    Deus Ministrio Vila Nova. Professor da Escola Bblica Dominical desde

    1995.

    Lvia Lopes dos Santos Cruz

    Licenciada em Pedagogia e Ps Graduada em Metodologia do Ensino Superior

    pela UEG (Universidade Estadual de Gois). Professora de Metodologia do

    Trabalho Cientfico, Sociologia no SEPEGO e no IBICAF Instituto Bblico da

    Catedral da Famlia. Escritora, Palestrante e Professora da Escola Bblica

    Dominical. Casada com Reginaldo Cruz Ferreira.

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    PARA O BOM APROVEITAMENTO

    DESTE ESTUDO

    Programe um tempo dirio de estudo e seja criterioso no seu

    cumprimento.

    Estude este livro pedindo a orientao do Esprito Santo.

    Estude-o com pelo menos duas verses da Bblia e um dicionrio.

    Consulte as referncias citadas para melhor compreenso do texto.

    Responda o exerccio solicitado no final deste livro.

    Faa anotaes dos pontos em dvida, para posterior esclarecimento.

    Este livro no esgota o tema abordado. Procure ampli-lo atravs da

    bibliografia citada no final do mesmo.

    No inicie uma nova seo sem a compreenso total daquela que voc

    est estudando.

    O estudo sobre as disciplinas que compe o curso CRESCER EBD s

    ter utilidade prtica, se primeiro, voc aplic-lo sua vida pessoal.

    Todo estudo demanda dificuldades e desafios, super-los condio

    para o aprendizado.

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    CONFISSO DE F

    CREMOS:

    1 - Em um s Deus, eternamente subsistente em trs pessoas: o Pai, o

    Filho e o Esprito Santo, Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29. Na inspirao verbal

    da Bblia Sagrada, nica regra infalvel de f normativa para a vida e o

    carter cristo, IITm 3.14-17.

    2 - No nascimento virginal de Jesus, em sua morte vicria e expiatria,

    em sua ressurreio corporal dentre os mortos e sua ascenso vitoriosa

    aos cus, Is 7.14; Rm 8.34; At 1.9.

    3 - Na pecaminosidade do homem que o destituiu da glria de Deus, e

    que somente o arrependimento e a f na obra expiatria e redentora de

    Jesus Cristo que o pode restaurar a Deus, Rm 3.23; At 3.19.

    4 - Na necessidade absoluta do novo nascimento pela f em Cristo e pelo

    poder atuante do Esprito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o

    homem digno do reino dos cus, Jo 3.3-8.

    5 - No perdo dos pecados, na salvao presente e perfeita e na eterna

    justificao da alma recebidos gratuitamente de Deus pela f no sacrifcio

    efetuado por Jesus Cristo em nosso favor, At 10.43; Rm 10.13; 3.24-26;

    Hb 7.25; 5.9.

    6 - No batismo bblico efetuado por imerso do corpo inteiro, uma s vez

    em guas, em nome do Pai, do Filho e do Esprito Santo, conforme

    determinou o Senhor Jesus Cristo, Mt 28.19; Rm 6.1-6; Cl 2.12.

    7 - Na necessidade e na possibilidade que temos de viver em santidade

    mediante a obra expiatria e redentora de Jesus no Calvrio, atravs do

    poder regenerador, inspirador e santificador do Esprito Santo, que nos

    capacita a viver como fiis testemunhas do poder de Cristo, Hb 9.14; I Pe

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    1.15.

    8 - No batismo bblico com o Esprito Santo que nos dado por Deus

    mediante a intercesso de Cristo, com evidncia inicial do falar em outras

    lnguas, conforme a sua vontade, At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7.

    9 - Na atualidade de dons espirituais distribudos pelo Esprito Santo

    Igreja para sua edificao, conforme a sua soberana vontade, I Co 12.1-

    12.

    10- Na segunda vinda pr-milenial de Cristo, em duas fases distintas.

    Primeira - invisvel ao mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel, da terra,

    antes da grande tribulao; segunda - visvel e corporal, com sua Igreja

    glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos, I Ts 4.16, 17; I

    Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 14.

    11 - Que todos os cristos comparecero ante ao tribunal de Cristo para

    receber a recompensa dos seus feitos em favor da causa de Cristo na

    terra, II Co 5.10.

    12 - No juzo vindouro que recompensar os fiis e condenar os infiis,

    Ap 20.11-15 e na vida eterna de gozo e felicidade para os fiis e tristeza e

    tormento para os infiis, Mt 25.46.

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    Dedicatria

    Aos educadores cristos (professores da

    EBD), lcio Fernandes, Mrcia Garcia e Adnaldo Francisco, cujos ministrios e

    habilidades para ensinar so frutos de um

    aprendizado eficaz e de uma conscincia

    crtica que busca contribuir com amor, com

    perseverana e com entusiasmo para o

    aperfeioamento espiritual, moral e

    intelectual do cristo rumo maturidade de

    sua f em Jesus Cristo.

    Ao Pr. Jos Roberto Ferreira da Costa,

    homem que transmite por meio de seu

    ministrio pastoral e vida pessoal, o apreo

    e amor por aqueles que esto sob seus

    cuidados.

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    Apresentao

    Pr. Josu Branco de Gouveia

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    Lista de Figuras

    Figura 1. Diviso dos perodos da aula p. 96Figura 2. Ps-tribulacionismo p. 130Figura 3. Mesotribulacionismo p. 131Figura 4. Pr-tribulacionismo p. 131

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    Lista de Quadros

    Quadro 1. Tipos de ensino - Moderno e Tradicional p.53Quadro 2. Tipos de docente Tradicional e Moderno p. 54Quadro 3. Principais recursos visuais para a Escola Bblica dominical p.81 - 82Quadro 4. Caractersticas dos grupos de idade p. 91 - 94

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    Sumrio

    Introduo 13

    Captulo 1

    HOMILTICA 14A origem da homilticaO pregadorTipos de sermesA estrutura do sermo

    Captulo 2

    HERMENUTICA 31Os perigos da interpretao bblica

    Breve histrico da hermenutica bblicaPrincpios de interpretao bblica

    Captulo 3

    INTRODUO A EDUCAO CRIST 48O propsito e o objetivo da educao cristQualificao para professoresA relao educador-educandoO papel do professor da EBD

    Captulo 4

    EVANGELISMO E MISSESPlanejando uma estratgia de evangelismo eficaz para a EBD 61EBD como instrumento de evangelismo que produz resultadosA EBD e sua contribuio para o crescimento da igreja

    Captulo 5

    INTRODUO DIDTICA E METODOLOGIAS DE ENSINO 66

    A escolha do mtodo de ensinoOs recursos visuaisClassificao dos recursos instrucionais

    Captulo 6

    INTRODUO PSICOLOGIA DA EDUCAO 91A teoria das mltiplas intelignciasFaixas etriasPreparando o roteiro de uma aula eficaz e produtivaAvaliao

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    Captulo 7

    INTRODUO A TEOLOGIA SISTEMTICA 108O que so doutrinas?Teologia A Doutrina de Deus

    Cristologia A Doutrina de CristoPneumatologia A Doutrina do Esprito SantoAngelologia A Doutrina dos AnjosAntropologia A Doutrina do HomemSoteriologia A Doutrina da SalvaoHamartiologia A Doutrina do PecadoEclesiologia A Doutrina da IgrejaEscatologia A Doutrina dos Eventos Futuro

    AVALIAO 142

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    Introduo

    A Bblia apresenta altos desafios e responsabilidade para aqueles queaceitarem a responsabilidade de ser um professor cristo eficaz. Uma dasrazes para essa alta expectativa com relao aos professores que os alunosanseiam que seus mestres falem e ensinem sempre a verdade.

    Outra razo que confirma essa expectativa, que os alunos esperamque seus professores sejam preparados biblicamente e espiritualmente. Demodo que cada professor seja um educador capaz de se relacionar com seusalunos, levando-os maturidade na f crist.

    O curso de educao crist para professores e superintendentes daEscola Bblica Dominical para jovens e adultos que ora se apresenta com onome CRESCER EBD, tem em sua grade vrias disciplinas que auxiliaro osdocentes da EBD nas suas mais variadas necessidades.

    O curso CRESCER EBD tem o objetivo de oferecer ferramentas aoeducador cristo em sua prtica pedaggica. Visa tambm, proporcionarprincpios bblicos relacionados educao, esclarecendo o propsito e oobjetivo da educao crist para os dias atuais. Levando o educador cristo abuscar qualificao, metodologia e responsabilidade para aplicar a educao

    crist no cotidiano da Escola Bblica Dominical (EBD).

    Desejamos que ao longo deste curso cada professor ou superintendenteparticipante do crescer EBD, perceba sua atuao sendo modificada no sentidode se alcanar a excelncia no ensino e planejamento. Que seus alunosaprendam de forma prazerosa e significativa as verdades bblicas ministradaspor seus professores. Que ao final desta jornada rumo ao conhecimento todosos envolvidos no processo sejam agradecidos ao Senhor pela oportunidade deconhecer Sua Palavra e Sua vontade, despertando-se a prestar servio aoSenhor com fidelidade e responsabilidade.

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    Captulo 1

    HOMILTICA Reginaldo Cruz

    Definio

    Homiltica a cincia que se ocupa com a pregao crist e, de modoparticular, com o sermo proferido no culto.

    A palavra homiltica a transliterao do verbo grego que significaconversar com, falar. Outra palavra usada HOMILIA, derivada da mesmapalavra, e que designa, especialmente no Novo Testamento, o estar juntos, orelacionar-se, e, nos primeiros sculos da Era Crist, o termo passou a serusado para denominar a arte de pregar de sermo.

    A origem da homiltica

    A homiltica surgiu na antiga Mesopotmia, 3000 anos a.C., auxiliandoas necessidades que os sacerdotes tinham de prestar contas dos recebimentose gastos s corporaes a que pertenciam e faziam suas prelees em defesada existncia miraculosa dos deuses pagos.

    Porm, a homiltica como termo designativo com suas tcnicas,sistematizao e adaptao s habilidades humanas, nasceu entre os gregoscom o nome de retrica. Depois foi adaptada no mundo romano com o nomede oratria, e finalmente, para o mundo eclesistico com o nome de homiltica.

    O valor da homiltica

    Em termos gerais, homiltica a arte de preparar e expor sermes(pregao, ensino). Desta forma, logo percebemos a importncia doconhecimento desta arte como disciplina que nos concede conceitualmenteferramentas necessrias para ministrarmos a Palavra de Deus. No ministriode Jesus, ela teve destaque especial no que diz respeito proclamao dasboas novas (evangelho). Cristo evangelizou, pregou, e anunciou o ano

    aceitvel do Senhor (Lc 4.18,19).O objetivo da homiltica

    O objetivo principal da homiltica orientar pregadores na exposio desuas pregaes e ensinos das Escrituras. Ao mesmo tempo, fornecer princpiosgerais, regras alm de despert-los a terem ideia dos erros e falhas que elescometem. importante ressaltar aqui nesse texto que o conhecimento deprincpios homilticos so de todo necessrios para que todo o pregador tenhaxito na pregao da palavra de Deus (2 Tm 2.15).

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    Muitos tem se lanado como pregadores, mas poucos tm procuradodedicar-se ao aprendizado contnuo de como falar, expressar e expor comexcelncia a Palavra da Verdade.

    Os benefcios da homiltica

    Na compreenso de Elienai Cabral (apud MELLO, 2009, p. 46), entre osbenefcios da homiltica esto:

    a) Ajudar o desenvolvimento do raciocnio do pregador, ou seja, possibilitarao pregador irmanar o racional com o espiritual;

    b) Aprimorar os conhecimentos gerais, o que favorece o enriquecimento deidias do sermo;

    c) Aprimorar a expresso corporal do pregador, uma vez que o sermo

    tambm expresso pelo corpo de quem o transmite;d) Aprimorar a comunicao verbal e oral, o que permite que obstculos

    boa comunicao sejam removido;e) Ajudar o pregador a desenvolver o seu prprio estilo. Isto , maneira

    prpria de o pregador expressar o seu pensamento;f) Por fim, contribuir para o desenvolvimento da vida espiritual do

    pregador, visto que o sucesso deste depende de sua vida de intimidadecom Deus.

    O PREGADOR

    Neste pargrafo sobre o pregador, abordarei a importncia do mesmo,bem como sua atuao no ministrio da pregao, de modo que necessriocompreendermos alguns aspectos sobre o ministrio e vida do pregador. Entremuitos aspectos, vale ressaltar: o pregador e a orao, o pregador e ahumildade, o pregador e a uno no plpito, o pregador e a imitao, opregador e o milagre da pregao, o pregador, o milagre das palavras e oserros que os pregadores devem evitar.

    O pregador e a orao

    O homem que prega deve ser um homem que ora. A orao a armamais poderosa do pregador. Uma fora todo-poderosa em si, que traz vida atudo. Assim afirmava E. M. Bounds (2010, p.11) sobre a necessidadeimprescindvel da orao na vida e ministrio do pregador. Dizia ainda que todopregador que deixa de ter a orao como fator de peso em sua vida eministrio fraco na obra de Deus e fica sem poder para projetar a causa deDeus neste mundo.

    Atualmente a igreja evanglica brasileira sofre com a escassez de bonspregadores que tenham uma vida de orao. A Igreja no precisa de

    maquinrio aperfeioado nem de novas organizaes ou de melhores mtodos,mas de homens que o Esprito Santo possa usar: homem de orao, homens

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    poderosos na orao. Bounds dizia que o Esprito Santo no flui por intermdiode mtodos, e sim por meio de homens. No desce sobre maquinrio, massobre homens. No unge planos, e sim homens homens de orao.

    O corao do pregador se renova pela orao, colocando-o em sintonia

    com Deus e caindo na graa do povo. O carter da nossa orao determinar ocarter de nossa pregao. Orao superficial resultar em pregaosuperficial. A orao robustece a pregao, d-lhe uno e permanncia. Emtodos os ministrios que prezam o bem, a orao sempre foi uma questo a sertratada com seriedade.

    Bounds afirmava que a pouca estima que temos pela orao ficaevidente no pouco tempo que devotamos a ela. O tempo dedicado oraopelo pregador mdio mal influencia o total dirio de orao. No raro, a nicaorao do pregador ao lado da cama, de pijamas, pronto para se deitar, elogo se deita. Talvez se adicione lista uns poucos e apressadosfragmentados de orao antes de se vestir pela manh. Quo dbil v e

    insuficiente tal orao comparada ao tempo e energia dedicada oraopor homens santos, seja na Bblia ou fora dela! Bounds conclui que o pregador comissionado tanto para orar quanto para pregar. Sua misso fica incompletase no fizer bem as duas coisas.

    Levando em conta a importncia da orao na vida do pregador,Spurgeon (apudBOUNDS, 2010, p. 22), o prncipe dos pregadores disse:

    claro que, acima de todas as pessoas, voc deve distinguir-se como homemde orao. Deve orar como cristo comum, caso contrrio ser um hipcrita. Oremais que os cristos comuns, caso contrrio ser desqualificado para o cargo

    que ocupa. Se, na qualidade de ministro, voc no ora bastante, deve ser dignode pena. Se voc for displicente na devoo ao sagrado, no apenas digno depena, mas tambm seu povo, e vir o dia em que sentir vergonha e ficarconfuso. Todas as bibliotecas e estudos so meros espaos vazios quandocomparados ao nosso aposento recluso. Nossos perodos de jejum e orao noTabernculo de fato foram dias sublimes; nunca os portais do cu estiveram toaberto; nunca nosso corao ficou mais perto da Glria central.

    O pregador e a humildade

    Todo pregador deve ter conscincia de sua total dependncia de Deus

    para o cumprimento de sua misso. Por isso, nunca assuma o ar de que odono da verdade ou do conhecimento, infelizmente h pregadores que seconsideram a estrela de primeira grandeza. Robson M. Marinho (2008, p. 108)falando sobre humildade declara que quando pregamos no adianta fingir quesomos humildes. Os ouvintes percebem facilmente se o orador arrogante ouhumilde, se ele se sente superior ou igual a todos, se est ali para servir oupara promover-se.

    Ainda de acordo com Marinho, um esprito sereno humilde acrescentapoder mensagem, da mesma forma que a arrogncia destri o poder. Maslembre-se que para ser humilde no plpito preciso ser humilde na vida

    pessoal e no relacionamento com as pessoas.

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    A humildade a caracterstica mais aprecivel no proclamador dapalavra de Deus. Um exemplo disso o profeta Joo Batista, que desfruta defama, autoridade e tinha at discpulos. Porm quando soube a respeito doministrio e da influente pessoa de Jesus Cristo, e no se ensoberbeceu, masdisse Convm que ele cresa e que eu diminua (Jo 3.25-30). O prprio Cristo

    afirmou aprendei de mim, que sou manso e humilde de corao (...) (Mt11.29).

    O pregador e a uno no plpito

    O plpito destes dias fraco na exposio, orao e uno. A soberba eo orgulho da aprendizagem tem se levantado contra a dependncia dahumildade. Percebemos que a orao tem alcanado o plpito apenasoficialmente, ou seja, na execuo de uma rotina no culto. A orao e a unono para o plpito contemporneo a fora vigorosa que era na vida do ouministrio do apstolo Paulo.Todos os pregadores que no recorrem orao

    e uno como aspectos imprescindveis em seus ministrios so fracos na obrade Deus e ficam sem poder para projetar a causa de Deus neste mundo.

    Russell Shedd (2000, p. 11), um dos maiores e mais bem sucedidospregadores da atualidade em todo o mundo conhecido pela sua vida ilibada,ministrio profcuo e habilidade na arte de escrever e pregar. Afirma que,

    os dias so difceis para aqueles que abrem a Bblia para proclamar avontade de Deus no plpito [...] ironicamente, os gigantes do ensino noplpito j morreram ou se aproximam do fim da vida. A exposiopoderosa da Bblia definha-se exatamente quando as melhores

    ferramentas para auxiliar os mestres da Palavra so de fcil acesso. lastimvel a carncia de autoridade e vida espiritual no plpito atual semse perceber claramente por que a Palavra perdeu a sua eficincia emmudar vidas.

    Shedd sugere poder ser que, o que est acontecendo a falta de nimoou habilidade ao mestre da Palavra para fazer do texto bblico uma refeiorepleta de vitaminas, protenas e carboidratos espirituais. Os ouvintes estosaindo dos cultos da mesma forma que entraram. Quando uma mensagem noconsegue transformar o corao, fatalmente o endurece. E. M. Bounds (2010,p. 9) nos presenteou com sua clebre frase Homens mortos pregam sermesmortos, e sermes mortos matam. Bounds entendia que tudo depende do

    carter espiritual do pregador. [...] No de grandes talentos, grandesconhecimentos nem de grandes pregadores que Deus precisa, mas de homensgrandes na santidade, grandes na f, grandes no amor, grandes na fidelidade,grandes em favor de Deus homens que sempre preguem sermes santos noplpito, com a vida santa que da resulta. Estes podem moldar uma gerao.

    Em nossas igrejas pentecostais corremos o risco de confundir unocom: eloqncia, zelo, empenho. A uno algo indefinvel, indescritvel.Porm, h uma pergunta que no quer calar. O que uno? Para responder aeste contnuo questionamento e quem sabe, ajudar a esclarecer dvidas demuitos, cito abaixo o conceito de uno do pregador e ministro da IgrejaMetodista Edward Mckendree Bounds (p.64 ):

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    A uno simplesmente pr Deus dentro de sua prpria palavra e dentro dopregador. Pela atitude de orao poderosa, grandiosa e contnua, a uno potencial e pessoal para o pregador; ela inspira e aclara seu intelecto, dfirmeza, percepes renovadas e poder para avanar; d ao pregador poder decorao, e esse poder maior que o poder da mente; alm da ternura, da purezae do fluxo forte que sai do corao por sua ao. Alargamento, liberdade,

    plenitude de pensamento, integridade de carter e simplicidade de expressoso os frutos dessa uno. [...] No sistema cristo, a uno a uno do EspritoSanto, que separa o pregador com vistas obra de Deus e o qualifica para essaobra. Essa uno uma capacitao divina pela qual o pregador realiza ospropsitos peculiares e salvadores da pregao. Sem essa uno no se colhemresultados espirituais verdadeiros; os resultados e as foras na pregao no seelevam acima do discurso desprovido de santidade. Sem a uno, o discurso to potente quanto o plpito. [...] Sem essa uno sobre o pregador, o evangelhono tem nenhum poder de propagao que seja superior a qualquer outrosistema de verdade. Este o selo de sua divindade. A uno no pregador peDeus no evangelho. Sem uno, Deus est ausente, e o evangelho ficaabandonado [...].

    Poucos escritores cristos escreveram com tanta propriedade eautoridade sobre uno quantoBounds (p.69) quando declara:

    Essa uno fora da consagrao, e sua presena o teste contnuo dessaconsagrao. E a uno divina sobre o pregador que assegura sua consagraoa Deus e a sua obra. E somente isto consagrao, embora outras foras emotivos podem cham-lo ao trabalho. A separao para a obra de Deus pelopoder do Esprito Santo a nica consagrao que Deus reconhece comolegtima. [...] A uno, a uno divina, essa uno celeste, o que o plpitoprecisa e deve ter. Esse leo divino e celeste colocado sobre o plpito pelaimposio da mo de Deus precisa suavizar e lubrificar o homem todo corao,mente esprito at que o separe com um distanciamento poderoso de todos os

    motivos e objetivos terrenos, seculares, mundanos e egostas, separando-o paratudo que puro e afeito a Deus. [...] Orao, muita orao, o preo da unona pregao; orao, muita orao, a nica e exclusiva condio para essauno. Sem a orao incessante, a uno nunca chega ao pregador.

    O pregador e a imitao

    Atualmente v-se que muitos pregadores esto na contramo dosgrandes pregadores da histria (Joo Batista, Jesus Cristo, Pedro, Felipe,Estevo, Paulo, Apolo, Joo, Timteo, Tito, Orgenes, Tertuliano, Agostinho,Lutero, Zuinglio, Calvino, John Wesley, Jonathan Edwards, Billy Graham).Faltam-lhes uno, orao e santidade e sobram-lhe falta de identidade (poisno conseguem serem eles mesmos), pois no so autnticos, so apenascpias de bons pregadores, e insistem em meras imitaes. No lembram queDeus pode us-los com as sua prprias ferramentas (I Co 1. 27-29), logodeveriam levar em considerao que Deus pode fazer deles instrumentospoderosos ao seu prprio estilo.

    Sobre o pregador e a imitao,

    O Dr. John Broadus apresenta dois tipos de imitao: a consciente e ainconsciente. Esta ltima no coisa censurvel, mas no deixa deprejudicar, mal sutil contra o que devemos nos precaver com bastantecautela. Sempre se observa que os imitadores tm grande habilidade

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    para imitar as faltas dos outros. E a razo clara: as boas qualidades dobom orador so simtricas, regulares, metdicas; ao passo que suasfaltas so mui salientes e do na vista. Broadus afirma ainda que porisso, estas ltimas mais facilmente atraem a imitao inconsciente.

    Quanto ao imitador consciente, no passa de observadorsuperficial que se empolga com aquilo que ele mais nota no seu orador

    predileto. Alguns se fascinam pelo uso da voz; outros pelos gestos dopregador; ainda outros, apenas pelo sacudir da cabea. (SILVA, 1992, p.84-85).

    Broadus conclui que um estilo bom, certo, positivo pode ser to somenteadmirado e no imitado. O estilo pode ser natural para aquela pessoa que fala,porque a pesoa est expressando aquilo que sem nenhuma elaborao.Entretanto, para um outro ser individual, torna-se ridculo, pois o maior perigoda imitao a perda da autenticidade. A imitao passa a ser neste caso,uma espcie de plgio disfarado.

    O pregador que insiste em imitar outros por que ainda no conhece acapacidade de Deus para sua vida (I Co 2.9). Muito menos sabe que o EspritoSanto pode ajud-lo e torn-lo um legtimo proclamador da palavra de Deus.

    O pregador e o milagre da pregao

    Quando pregamos a Palavra, o alvo de Deus glorificar a si mesmo eno o pregador. Isto nos leva ao tema principal: a supremacia de Deus napregao. Segundo John Piper, o esboo da pregao intencionalmentetrinitariano:

    O alvo da pregao: a glria de DeusA base da pregao: a cruz de CristoO dom da pregao: o poder do Esprito Santo

    John Piper (2003, p. 19) explica que Deus Pai, Deus Filho e DeusEsprito Santo so o comeo, o meio e o fim no ministrio da pregao. Aspalavras do apstolo tratam de todos os labores ministeriais, especialmente oda pregao: Porque dele, e por meio dele, e para ele so todas as coisas. Aele, pois, a glria eternamente (Rm 11.36).

    A pregao ungida torna a verdade de Deus poderosa e interessante;

    chama e atrai, edifica, convence e salva. J. I. Packer nos conta sobre apregao de Dr. Martyn Lloyd-Jones que ele ouvia todo domingo noite, nacapela de Westminster, durante 1.948 e 1.949. Ele afirmou que nunca haviaescutado tal pregao. Veio a ele com a fora e a surpresa de um choqueeltrico. Diz ele que Lloyd-Jones lhe trouxe a percepo de Deus mais do quequalquer outro homem.

    Para entender o grande milagre da pregao, necessitamoscompreender que a pregao bblica um milagre duplo. Robson M. Marinho(2008, p.179) nos informa que o primeiro milagre Deus usar um homemimperfeito, pecador e cheio de defeitos para transmitir a perfeita e infalvel

    palavra de Deus. Trata-se de um Ser perfeito usando um ser imperfeito comoseu porta-voz. S um milagre pode tornar isso possvel. O segundo milagre

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    Deus fazer que os ouvintes aceitem o porta-voz imperfeito, escutem amensagem por intermdio do pecador e finalmente sejam transformados poressa mensagem. Esse o milagre da pregao.

    Moiss, o grande legislador, homem de alta erudio, formado em todas

    as cincias do Egito, conhecedor de muitas tcnicas dos mais variados ramosdo conhecimento humano. Quando Deus o chama para libertar seu povo daescravido egpcia e o desafia a tornar-se pregador, o erudito Moissrespondeu: Ah! Senhor! Eu nunca fui eloqente... (Ex 4.10). Faltava a Moissalgo mais: o milagre! Foi esse milagre que Deus lhe ofereceu quando disse:Vai, pois, agora, e eu serei com a tua boca, e te ensinarei o que hs de falar(4.12). Aps relutar, Moiss aceitou milagre e tornou-se pregador e lder.

    O pregador e o milagre das palavras

    A palavra um dos meios de comunicao mais eficiente que existe. ABblia fala da fora da palavra, o apstolo Tiago (3.9) diz que com a palavra,bendizemos ao Senhor e Pai; tambm, com ela amaldioamos os homens,feitos a semelhana de Deus (grifo meu).

    No Antigo Testamento o termo traduzido por palavra dabar, queconcentra os seguintes significado: palavra, mandamento, evento e ao. Notexto bblico esse termo aparece indicado expresso e ao. Em Gnesis 1.3Deus manifesta a palavra em ao, pois o primeiro ato criativo de Deus foi:Disse Deus: Haja luz; e houve luz Fica bem evidente que para Deus no hdiferena entre o dizer e o acontecer, entre a expresso e a ao. O salmistaDavi afirmou: Pois ele falou, e tudo se fez; ele ordenou, e tudo passou aexistir (Sl 33.9).

    Robson M. Marinho (2008, p.184) diz que,

    ao longo da histria bblica, a palavra foi o instrumento divino pararessuscitar mortos, abrir o mar vermelho e o rio Jordo, produzir po docu, extrair gua da rocha, derrubar os muros de Jeric, e assim pordiante. Os muros de Jeric no caram por causa do som da trombeta,mas sim porque Deus tinha dito que deveriam cair. Ele conclui afirmandoque no deve ser atribudo nenhum poder mgico ou misterioso palavra em si, como se ela agisse de maneira automtica. Deus, oAutor da palavra, que a leva a cumprimento e a usa como instrumentode seu poder.

    Marinho conclui afirmando que a palavra um documento de autoridadetanto no Antigo e Novo Testamento, ela proftica, inerrante. No NovoTestamento o termo grego usado logos, que a prpria pessoa da Divindade(Jo 1.1-4). Nota-se que nessa passagem o sentido perpassa o poder dapalavra, mas a onipotncia divina por meio da palavra viva de Jesus Cristo.Marinho fala que as palavras podem fazer ou deixar de fazer milagres na vidadas pessoas. E a est o poder a ser utilizado como ferramenta do pregador.Cada pregador tem a oportunidade e a responsabilidade de escolher ecombinar as palavras de tal maneira que produzam o melhor efeito na vidaespiritual das pessoas.

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    Erros que os pregadores devem evitar.

    Atualmente assistimos em nossas igrejas a um show de erros cometidospor pregadores que utilizam o plpito para darem um espetculo parte. triste ver que muitos daqueles que utilizam a tribuna da igreja no possuemuma mensagem bblica para a mesma. Tudo vai muito bem at o momento emque comea o sermo, sempre que a pregao for vazia e sem uno,atrapalhar o culto. Um sermo mal preparado e sem contedo comea atorturar os adoradores com frases repetitivas e pouco sentido, destruindo todoo clima espiritual criado pelo louvor.

    Sobre essa questo, o Pr. Ciro Sanches Zibordi, no livro: Erros que ospregadores devem evitarenfatiza a importncia das cincias Hermenuticas e

    Homiltica para aqueles que ministram a Palavra de Deus. Com umaabordagem franca, contundente e, em alguns momentos, divertida, mas,sobretudo bblica, o autor critica e analisa doutrinas falsas, chaves eversculos novos que os pregadores devem evitar. Veja a seguir umcatlogo desses erros que prejudicam pregadores e os ouvintes:

    Profetizo sobre a sua vida. A voz do povo a voz de Deus. Fazei o bem sem olhar a quem. Jesus tomou as chaves do Diabo.

    Palavras produzem beno e maldio. Eu venci o mundo, e vs vencereis. Quem no vem pelo amor, vem pela dor. O cair do homem, e o levantar de Deus. Se passares pelo fogo, ele no te queimar. Quando Jesus morreu houve festa no inferno. Da semente da mulher levantarei um que esmagar a cabea da

    serpente.

    Preocupo-me com a qualidade das mensagens que estamos ouvindoem nossas igrejas. H uma grande necessidade de pregaes cristocentrica,que parecem que esto sumindo de nossos plpitos. As palavras de Paulo nosconstrangem quando diz: Procura apresentar-te a Deus aprovado, comoobreiro que no tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra daverdade (2Tm 2.15).

    TIPOS DE SERMES BBLICOS

    Cada pregador tem sua forma genuna de pregar, seu estilo de expor amensagem, e adepto de um tipo de sermo. Isso se d naturalmente, pela

    identificao que temos com os principais expoentes da pregao bblica que

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    nos influenciam positivamente a desenvolvermos aptido por um especfico tipode sermo.

    Dessa forma, apresentaremos aqui os trs principais tipos de sermesque so: O sermo temtico, o textual e o expositivo.

    O sermo temtico

    Comearemos com a apresentao do sermo temtico, que d aliberdade para o pregador escolher o assunto (tema) que pretende pregar, eento comea a busca por textos bblicos para formar as divises principais doseu esboo que ser fiel ao tema (temtico).

    Esse mtodo um dos mais utilizados por ser mais fcil de constru-lo.Ou seja, na Bblia temos inmeros e diferentes temas para pregaes de vriosestilos, lembrando que o tema pode surgir a partir da criatividade da mente do

    regador. O que se segue agora so alguns exemplos de sermes temticosoferecidos por James Braga:

    Tema: As marcas de um cristo dedicado

    I. Como escravo, o cristo dedicado leva a marca da posse do Mestrea quem ele pertence (1Co 6.19,20; Rm 1.1)

    II. Como soldado, o cristo dedicado leva a marca da devoo aoComandante a quem serve (2Tm 2.3; 2Co 5.15)

    III. Como o devoto, o cristo dedicado leva a marca de adorador doMestre, a quem venera (Fp 1.20; 2Co 4.5)

    Outro exemplo de sermo temtico:

    Tema: Caractersticas da esperana do cristo

    I. uma esperana viva (1Pe 1.3)II. uma esperana salvadora (1Ts 5.8)III. uma esperana segura (Hb 6.19)IV. uma boa esperana (2Ts 2.16)V. uma esperana invisvel (Rm 8.24)

    VI. uma esperana bendita (Tt 2.13)VII. uma esperana eterna (Tt 3.7).

    O sermo textual

    De acordo com o Reverendo Saulo Pereira de Carvalho (2008, p. 35), osermo textual inicia com um texto bblico, do qual sai o assunto. O sermotextual, portanto, aquele em que o tema e as argumentaes so extradosde um texto bblico especfico, normalmente um texto pequeno (ou mesmo ums versculo).

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    Carvalho entende que nesse tipo de sermo o esboo fica estritamentelimitado ao texto sobre o qual se baseia o sermo, e o pregador evitarconduzir o ouvinte por outros textos da Bblia.

    Confira os exemplos abaixo:

    Tema: A ao do Esprito Santo (Joo 16.8-11)

    I. Convencer o mundo do pecado (v.9)II. Convencer o mundo da justia (v.10)III. Convencer o mundo do juzo (v.11).

    Observe que no sermo textual cada diviso ou tpico do sermo extrado de um versculo na mesma ordem que o texto apresenta. Confira oprximo exemplo:

    Tema: Quem Jesus (Jo 14.6)

    I. Jesus o CaminhoII. Jesus a VerdadeIII. Jesus a Vida.

    No sermo textual, conforme vistos acima, pregadores podem usar umou mais versculos na elaborao do esboo.

    O sermo expositivo

    O preparo inicial para preparar um sermo expositivo comea com aleitura e familiarizao com a Palavra de Deus.

    James Braga (2007, p.53) afirma que,

    o sermo expositivo o modo mais eficaz de pregao, porque eleforma, com o tempo, mais que todos os outros tipos de mensagens, umacongregao cujo ensino fundamentado na Bblia. Ao expor umapassagem da Escritura, o mensageiro cumpre a funo primria da

    pregao, a saber, interpretar a verdade bblica (o que nem sempre sepode dizer dos outros tipos de sermo).

    Braga diz ainda, que o sermo expositivo baseia-se em uma passagemmais ou menos extensa da escritura. A passagem pode consistir em poucosversculos ou incluir um captulo inteiro ou, at mesmo, mais de um captulo

    Confira dois exemplos de sermes expositivos extrados do texto deMarinho (2008, p. 210-211):

    Tema: O cristo e o novo nascimento (Jo 3.1-15)

    I. A necessidade do novo nascimento (Jo. 3-5)

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    II. O mistrio do novo nascimento (v.6-10)III. A recompensa do novo nascimento (v.15).

    Tema: A forma da volta de Jesus (Mt 24)

    I. Uma volta visvel (v.27)II. Uma volta repentina (v.42-44)III. Uma volta gloriosa (v.30-31).

    A estrutura do sermo expositivo tem a ver com a forma da mensagem.O poder do sermo, contudo, est em explorar a riqueza do texto bblico.

    A ESTRUTURA DO SERMO

    Neste quarto e ltimo captulo sobre homiltica, abordarei uma questoimprescindvel para o pregador. At aqui, caro leitor, voc conheceu osconceitos bsicos sobre a homiltica e seus recursos, o pregador e suascaractersticas, tipos de sermes, e agora voc aprender como se d aconstruo de um sermo.

    Nessa construo temos os seguintes elementos que compe o sermo:ttulo ou tema, texto bblico, introduo, divises (desenvolvimento), aplicaoconcluso.

    exatamente isto que vamos abordar a partir de agora.

    Tema

    O tema e o ttulo, em algumas ocasies, podem ser exatamente osmesmos, especialmente se o tema for de tal modo interessante que sirva dettulo ao sermo, assim pensa James Braga (2007, p.95), dizendo tambm que,

    para ser interessante, o ttulo deve ter relao com as situaes enecessidades da vida. Muitas circunstncias, internas e externas,influenciam a vida e o pensamento da igreja. pocas de bno

    espiritual, dias de provaes, prosperidade ou adversidade, sublevaessociais ou polticas, comemoraes e aniversrios, ocasies de regozijoe lutas tudo isso, bem como os problemas sociais, influencia osmembros da congregao.

    O pregador deve ter a percepo dos fatores circunstanciais da igrejaem que vai pregar e ter noo de datas ou comemoraes crists especiaiscomo a Ceia do Senhor, A Paixo de Cristo, deve tambm levar emconsiderao o Dia da Bblia, das mes, dos pais, das crianas, da mulher, dohomem e Natal. O conhecimento antecipado do pregador, certamente oajudar a criar um tema/ttulo que seja relevante aos seus ouvintes.

    O ttulo ou tema deve ser interessante, pertinente ao texto ou mensagem, deve ser breve, deve estar de acordo co a dignidade do plpito.

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    Braga acrescenta no esforo de despertar a ateno dos ouvintes, algunspregadores cometem o erro de usar ttulos extravagantes ou sensacionalistas.

    Observe os seguintes exemplos:

    Vinho, mulheres e canoAs barbas do gatoEspetculo ao estilo do Antigo TestamentoDeve o marido bater na esposa?O grande maricasQuando Paulo caiu do cavaloGrvidos de um avivamento

    Texto bblico

    Severino Pedro da Silva nos informa que o texto ou poro, refere-se passagem bblica em sntese ou no seu todo, usado pelo pregador parafundamentao do sermo. E que dependendo da natureza do sermo, o textopode sofrer alteraes no uso da pronncia, conforme descrio abaixo:

    a) Sermo temtico (a passagem)b) Sermo textual (o texto)c) Sermo expositivo (a poro).

    Na homiltica, o texto o nome da poro curta da Bblia que se tomacomo base para um sermo. Neste sentido, o texto pode ser apenas umapalavra, uma frase ou um perodo curto, J a poro extensa, usada numsermo expositivo, pode incluir vrios versculos ou at mesmo um captulotodo.

    Introduo

    James Braga (p. 102) diz que a introduo o processo pelo qual opregador busca preparar a mente dos ouvintes e prender-lhes o interesse namensagem que ir proclamar.

    Segundo Braga, a introduo , pois, parte vital do sermo, cujo xitomuitas vezes depende da habilidade do mensageiro em conquistar a atenodos ouvintes no incio da mensagem. aconselhvel, portanto, tomar omximo de cuidado em seu preparo.

    A introduo deve:

    - ser breve;- deve ser interessante;- deve ser objetiva.

    Os objetivos principais da introduo so:

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    - despertar no ouvinte interesse pelo tema;- conquistar a boa vontade dos ouvintes.

    O pregador deve ter o cuidado para no ser excessivo na introduo,deve ser prtico e objetivo, levando no mximo cinco minutos para uma boa

    introduo. Pois, quando isso no observado, o pregador corre o risco decomprometer toda a mensagem.

    Uma introduo breve, objetiva e interessante cativa os ouvintes,despertando-o o interesse pela mensagem.

    Divises (Desenvolvimento)

    Todo sermo bem construdo e estruturado composto por divisesbem claras e fundamentadas de acordo com o tema. O esboo bem elaboradode um sermo revela a capacidade de organizao do pregador.

    Braga disse que se desejamos elaborar corretamente o sermo, nodevemos edific-lo sobre idias vagas ou expresses indefinidas. Pelocontrrio, a estrutura do pensamento deve ser distinta e precisa, de modo queo significado de cada ponto fique perfeitamente claro aos ouvintes no momentoem que se anuncia cada diviso. Alm disso, a disciplina de dispor o materialda pregao numa estrutura organizada leva o pregador a apresentar suasideais distintamente e com preciso. A mensagem, quando disposta em ordemcorreta, tambm se torna clara na mente do apresentador.

    As divises so essenciais tanto para o pregador como para acongregao.

    Para o pregador:

    - as divises promovem a clareza da idias;- as divises promovem a unidade de pensamento;- as divises ajudam o pregador a lembrar-se dos pontos principais do sermo.

    Para a congregao:

    - as divises esclarecem os pontos dos sermes;

    - as divises ajudam a recordar os aspectos principais do sermo.Vejam alguns exemplos de como as divises devem ser coerentes,

    claras e de fcil assimilao por conta dos ouvintes:

    Tema: Deus de Abrao, Isaque e Jac

    Texto Bblico: 1 Rs 18.36

    I. Deus de Abrao: Deus da ProvisoII. Deus de Isaque: Deus da Promessa

    III. Deus de Jac: Deus da Transformao.

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    Outro exemplo que nos d clareza e unidade de pensamento:

    Tema: O lugar chamado Calvrio

    Texto Bblico: Jo 19.17,18

    I. Era o lugar de crucificaoII. Era o lugar de separaoIII. Era o lugar de exaltao.

    O desenvolvimento do sermo por meio de suas divises deve ser defcil compreenso, formando sempre uma unidade.

    Aplicao

    A aplicao to necessria quanto todos os elementos que formam a

    estrutura do sermo. Spurgeon dizia que Se alguns pregadores fossemcondenados a ouvir seus prprios sermes, diriam como Caim: Meu castigo maior do que posso suportar. Quando a aplicao no bem feita, o pregadorcorre o risco de dar ao sermo um rumo irrelevante ou de falar coisas que noatinjam a necessidade das pessoas. A aplicao de ser feita com:

    - coerncia;- imaginao;- objetividade;- linguagem atual;- realismo e natureza prtica.

    A aplicao o meio de cumprir o objetivo do sermo, ou seja, torn-loimportante para o ouvinte, Porm, se no for bem aplicado, o sermo podeacabar complicando a vida do ouvinte. Robson M. Marinho (p.247-254)apontando para a temtica de aplicar sem complicar, oferece-nos relevantescontribuies sobre a correta forma de aplicao e seus tipos:

    Tipos de aplicao

    O tipo de aplicao depender da sensibilidade e da habilidade do

    pregador. H pelo menos dois tipos de aplicao:Aplicao direta

    aquela que solicita do ouvinte uma resposta por meio de uma propostaespiritual definida e feita pelo pregador. Jesus usou com frequncia esse tipode aplicao. Ele dizia: Segue-me, levanta e anda ou ide.

    A aplicao direta pode ter diferentes formas:

    Elucidao

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    Joo Batista usava esse tipo de aplicao. Aps seus sermes, asmultides perguntavam: Que havemos de fazer?, ao que ele respondia:Quem tiver duas tnicas reparta com quem no tem; e quem tiver comida faao mesmo... no cobreis mais do que o estipulado... a ningum maltrateis, nodeis denncia falsa, e contentai-vos com o vosso soldo (Lc 3.10-14).

    O sermo de Pedro no Pentecostes tambm terminou com umaaplicao elucidativa: arrependei-vos, e Cada um de vs seja batizado emnome de Jesus Cristo para remisso dos pecados, e recebereis o dom doEsprito Santo (At 2.38). Marinho informa que esse o melhor tipo deaplicao para sermes evangelsticos, a fim de desafiar os ouvintes a seguiruma nova doutrina.

    Interrogao

    Jesus gostava de aplicar com uma interrogao. Ao concluir a Parbola

    do Bom Samaritano, perguntou: Qual destes trs te parece ter sido o prximodo homem que caiu nas mos dos salteadores? [...] Vai e procede tu de igualmodo (Lc 10.36-37).

    Aplicao indireta

    A aplicao direta especifica o que deve ser feito. Em contraste, aaplicao indireta sugere uma direo a ser seguida, mas deixa ao ouvinte aresponsabilidade de escolher a deciso especfica a ser tomada.

    Na aplicao indireta citaremos pelos menos duas formas:

    Ilustrao

    A ilustrao para o sermo o que a janela representa para a casa.Assim como a janela permite a entrada de luz, a boa ilustrao possibilita oesclarecimento da mensagem, assim definiu James Braga. A ilustrao podetomar vrias formas. Pode ser:

    - uma parbola;

    - uma analogia;- uma experincia pessoal (apenas como relato);- Um acontecimento histrico ou um incidente biogrfico.

    necessrio que se d importante valor ilustrao no sermo. Pois,ela auxilia na compreenso da mensagem. Confira abaixo, o valor dasilustraes:

    - as ilustraes do clareza ao sermo;- as ilustraes do vida verdade;- as ilustraes do nfase verdade;

    - as ilustraes tornam o sermo interessante.

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    Concluso

    A concluso torna-se a parte mais gratificante do sermo para opregador. Silva afirma que o momento quando o pregador se obriga a fazeruma sntese de tudo o que disse, no s para destacar e fazer lembrar as

    verdades principais, mas para ajudar os ouvintes a se beneficiarem damensagem.

    A concluso deve ser breve, mas infelizmente alguns pregadores seesquecem da importncia da concluso, e, parece que nunca vo terminar suapregao, acabam pondo a perder toda a pregao e consequentementecansando seus ouvintes.

    VERIFICAO DE APRENDIZAGEM

    1. O que homiltica?

    2. Qual o objetivo da homiltica?

    3. O que imitao consciente e inconsciente?

    4. Quais so os principais erros que os pregadores no devemcometer?

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    REFERNCIAS

    BBLIA DE ESTUDO ESPERANA. So Paulo: Vida Nova, 2000.

    BBLIA DE ESTUDO NVI. Organizador geral Kenneth Barker. So Paulo;Vida, 2003.

    BBLIA SAGRADA: Harpa Crist. Traduzida em portugus por Joo Ferreira deAlmeida. rev. e corrig. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

    BOUNDS, E. M. Poder pela orao. Traduo de Marson Guedes. So Paulo:Vida, 2010.

    BRAGA, James. Como preparar mensagens bblicas. 2 ed. Traduo de Joo

    Batista. So Paulo: Vida, 2007.

    MARINHO, Robson M. A arte de pregar: como alcanar o ouvinte ps-moderno. 2. ed. rev. e ampl. So Paulo: Vida Nova, 2008.

    MELLO, Carlos Alberto. A Homiltica, a tica e os pregadores da ps-modernidade. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.

    PIPER, John. Supremacia de Deus na pregao: Teologia, estratgia eespiritualidade do ministrio de Plpito. Traduo de Augustus Nicodemos. SoPaulo: Shedd Publicaes, 2003.

    SHEDD, Russel P. Palavra viva: extraindo e expondo a mensagem. So Paulo:Vida Nova, 2000.

    SILVA, Severino Pedro da. Homiltica: o pregador e o sermo. Rio de Janeiro:CPAD, 1992.

    STOTT, John. O perfil do pregador. Traduo de Glauber Meyer Pinto Ribeiro.So Paulo: Vida Nova, 2005.

    ZABATIERO, Jlio. Novos caminhos para a educao crist. So Paulo:Hagnos, 2009.

    ZIBORDI, Ciro Sanches. Erros que os pregadores devem evitar. 14 ed. Rio deJaneiro: CPAD, 2008.

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    Captulo 2

    HERMENUTICA Reginaldo Cruz

    Hermenutica definida como cincia e arte que estuda a interpretaoda Bblia. uma das primeiras cincias que o pregador deve conhecer. Porm,quantos pregadores h que nem de nome a conhecem! Que , pois, ahermenutica? "A arte de interpretar textos", responde o dicionrio. Porm ahermenutica (do grego hermeneuo, interpretar, explicar), da qual nosocuparemos, forma parte da Teologia exegtica, ou seja, a que trata da retainteligncia e interpretao das Escrituras bblicas.

    A hermenutica bblica ocupa-se dos mtodos e tcnicas empregadospara interpretar as Escrituras e como aplic-la. Seu objetivo apresentar asregras gerais e especficas de interpretao que auxiliam no entendimento do

    verdadeiro sentido transmitido pelos autores bblicos.Evidentemente que o Esprito Santo o intrprete da Palavra de Deus (1

    Co 2.9,10), sabemos que necessrio o uso de uma metodologia paracompreenso das passagens (Ne 8.8; At17.11), principalmente com os textosde difcil interpretao (2 Pe 3.16,18). Dessa forma, fica claro que h uma parteque cabe ao homem na interpretao bblica (Tg 4.8; Pv 16.1).

    A importncia do estudo da hermenutica

    Saulo Pereira de Carvalho (2008, p. 17) diz que,

    o estudo da hermenutica importante porque cada pessoa podeter um ponto de vista diferente na hora de interpretar um texto bblico.Esse ponto de vista influenciado pelo contexto em que vive o leitor,suas experincias, suas necessidades e suas carncias, etc, e issofora-nos a ter a necessidade de tentar entender o texto por si mesmo,ou seja, independente de nossa experincias pessoais.

    De acordo com Carvalho, como a Bblia tem diversos tipos de literatura, preciso entender como interpretar cada uma delas. Um texto potico (Salmos,por exemplo), muito diferente de um texto Histrico (I Samuel, por exemplo).A preocupao do autor em um texto potico diferente do autor em um livro

    histrico, de tal forma que no histrico ele inclui muitos detalhes sobre ocontexto, data, governantes, etc..., coisa que no fala quando escreve umapoesia.

    A interpretao, portanto, precisa considerar esses fatores a fim de levara uma compreeso exata do que o autor quis dizer.

    Os perigos da interpretao bblica

    Muitos afirmam que cada um tem a sua prpria interpretao da Bblia. claro que esta afirmao incorreta, pois, se um indivduo pode fazer a Bbliadizer o que ele quer que ela diga,ento a Bblia no pode gui-lo. E ela no

    passa de uma arma em suas mos para dar apoio s suas idias. evidenteque a Bblia no foi escrita com esse propsito em mente.

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    O telogo E. Lund (1968, p.4-5) afirma que,

    o apstolo Pedro admite, falando das Escrituras, que entre as do NovoTestamento "h certas cousas difceis de entender, que os ignorantes einstveis deturpam, como tambm deturpam as demais Escrituras [as doAntigo], para a prpria destruio deles". E, para maior desgraa e

    calamidade, quando estes ignorantes nos conhecimentos hermenuticosse apresentam como doutos, torcendo as Escrituras para provar seuserros, arrastam consigo multides perdio. Tais ignorantes, pretensosdoutos, sempre se tm constitudo em falsos, desde as falsos profetasda antiguidade at as papistas da era crist, e os russelitas de hoje. Equalquer pregador que ignora esta importante cincia se encontrarmuitas vezes perplexo, e cair facilmente no erro de Balao e nacontradio de Cor.

    Lembremo-nos de que as variadssimas circunstncias que concorrerampara a produo do maravilhoso livro requerem do expositor que seu estudoseja demorado e sempre "conforme a cincia", conforme as princpios

    hermenuticos.Entre seus escritores, "os santos homens de Deus, por exemplo, que

    filaram sempre inspirados pelo Esprito Santo", achamos pessoas de tovariada categoria de educao, como sejam, sacerdotes, como Esdras; poetas,como Salomo; profetas, qual Isaas; guerreiros, como Davi; pastores, qualAms; estadistas, como Daniel; sbios, como Moiss e Paulo, e "pescadores,homens sem letras", como Pedro e Joo. Destes, uns formulam leis, comoMoiss; outros escrevem histria, como Josu; este escreve salmos, comoDavi; aquele provrbios, como Salomo; uns profecias, como Jeremias; outrosbiografias, como os evangelistas; outros cartas, como os apstolos.

    Os escritores bblicos foram plenamente inspirados, porm no de talmodo que resultasse suprfluo o mandamento de esquadrinhar as Escrituras eque se deixasse sem considerao tanta variedade de pessoas, assuntos,pocas e lugares. Estas circunstncias, como natural, influram ainda queno, certamente, na verdade divina expressa na linguagem bblica, porm naprpria linguagem, de que se ocupa a hermenutica e que to necessrio que a compreenda o pregador, intrprete e expositor bblico.

    BREVE HISTRICO DA HERMENUTICA BBLICAO Dr. James C. Denison pastor da Igreja Batista de Atlanta, na Gergia,

    U.S.A., dizia que:

    O estudo bblico tem sido sempre central para a f judia e crist. Por esta razo,o estudo da Escritura tem uma histria longa e fascinante. Ao aprendermoscomo outros abordaram o estudo bblico no passado, podemos descobrir liesimportantes e prticas que nos ajudaro a estudar a palavra de Deus hoje.

    Iremos abordar o desenvolvimento histrico da hermenutica e seusmtodos que foram usados no passado e que ainda influenciam muitos emnossos dias. 1

    ______1 A discusso que se segue uma ampliao da palestra Lecture Outlines for Biblical Hermeneutics no Southwestern Baptist

    Theological Seminary, por James C. Denison em 1989. Escrito em seu livro: 7 Questes cruciais sobre a Bblia.

    A era judaica

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    A igreja do Novo Testamento comeou com as Escrituras hebraicas efez uso de mtodos hebraicos para interpret-las. ento importante examinaras abordagens judias para o estudo bblico, a fim de podermos compreender asua influncia na igreja daquela poca e na de hoje.

    Esdras O incio da hermenutica

    A cincia de interpretao bblica geralmente considerada como tendoseu incio em Esdras. Os judeus seguiam h muito o mandamento de Deuspara ensinar as Escrituras aos seus filhos e comunidade (Dt 11.18-20). Masantes dos dias de Esdras o estudo no tinha chegado ao ponto de serconsiderado uma disciplina especial.

    Esdras leu a Lei em voz alta desde o amanhecer at ao meio-dia, napresena de todos de todos que eram capazes de entender. Os lderes

    religiosos ajudaram Esdras a instruir o povo. Em resumo, Leram no livro, na leide Deus, claramente, dando explicaes, de maneira que entendessem o quese lia (Ne 8.8). Desde que a maioria do povo judeu havia esquecido a lnguahebraica durante o seu longo exlio na Babilnia, Esdras e seus ajudantestraduziram o texto hebraico para o aramaico, a lngua comum deles.

    Eles leram em voz alta o texto e explicaram o seu sentido. Com estaatividade, Esdras deu incio ao trabalho de interpretao bblica. O estudobblico em nossos dias continua seguindo o padro bsico de Esdras. Como ohebreu, quem no souber ler a Bblia em suas lnguas originais deve usar umatraduo, e hoje todos ns podemos nos beneficiar da ajuda dos eruditos queexplicam e aplicam o sentido do texto.

    As escolas rabnicas: Regras para o estudo bblico

    Nos anos imediatamente anteriores vinda de Cristo, o estudo bblicodos judeus girava em torno de dois grandes professores: Hillel e Shammai.Hillel (60 a.C.) era um erudito e rabino, mestre eminente em Jerusalm. Elereunia uma escola de discpulos ao seu redor e ensinou-lhes as Escrituras deacordo com princpios de interpretao estabelecidos e um mtodo livre de

    aplicao. Em contraste, Shammai (50 a.C.) defendia uma abordagem maisestrita do estudo bblico, aderindo rigidamente letra da Lei. As escolas rabnicas nos mostram tanto o lado positivo quanto o

    negativo dos mtodos de estudo bblico. Do lado positivo, podemos seguir seuexemplo em desenvolver e utilizar bons procedimentos de interpretao bblica.Do lado negativo, devemos estar atentos para no enfatizar demasiadamenteos detalhes da Escritura a ponto de passar por cima das suas verdadesabrangentes.

    Literatura rabnica: Interpretao mediante comentrio

    O intenso interesse no estudo bblico criado pelos rabinos em seusseguidores os levou a esforos macios para interpretar e aplicar as Escrituras.

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    Atravs desses esforos eles criaram quatro categorias principais decomentrios, que so:

    1. O midrash, uma espcie de comentrio contnuo sobre o texto. Ostrs mais antigos so sobre o Pentateuco: O Mekilta sobre o xodo, o

    Sifra sobre Levtico, e o Sifre sobre Nmeros e Deuteronmio. Trata-sede comentrios relativos ao texto que o tratam na forma quechamaramos de formato versculo por versculo hoje.

    2. A mishna, um comentrio sobre o texto que o arranjava por tpicos. Asseis principais divises eram: agricultura, festas, mulheres, direitos depropriedade e procedimentos legais, o templo e as leis de purificao.Esses temas eram tratados mediante compilao de todos os textosrelevantes e fazendo comentrios sobre eles. o que hoje chamamosde estudo bblico por tpico.

    3. O halakah e o haggadah. O halakak discutia os aspectos legais daEscritura, enquanto o haggadah era mais uma aplicao devocional,

    prtica do texto. O halakah seria chamado de comentrio exegtico oucrtico, e o haggadah de comentrio devocional hoje.

    4. A gemara, comentrios sobre a primeira misha e a gemara juntasformam o Talmude.

    Os rabinos criaram assim comentrios de vrios tipos e depoisescreveram comentrios sobre os seus comentrios. O trgico resultado foique o povo judeu acabava no recebendo geralmente ensinamentos sobre aescritura propriamente dita. No enfoque dos rabinos sobre seus comentrios,eles algumas vezes negligenciavam o prprio texto que deviam interpretar.

    Os escribas e professores muitas vezes ensinavam ao povo as palavrasde outros escribas e mestres, deixando de lado a autoridade da palavra deDeus. Como resultado, quando Jesus comeou a ensinar nas suas sinagogas,eles maravilhavam-se da sua doutrina, porque os ensinava como quem temautoridade, e no como os escribas (Mc 1.22)

    A literatura rabnica nos oferece vislumbres fascinantes da maneiracomo os judeus do primeiro sculo interpretavam as suas Escrituras. Estaliteratura serve de lembrete constante para ns: o propsito do estudo bblico o estudo bblico. Devemos usar comentrios, mas no depender deles.

    Paulo censurou os cristos de Corinto por serem crianas espirituais quedependiam de leite quando deveriam ser crentes amadurecidos, digerindo

    alimento slido (1 Co 3.1-2), o leite alimento j digerido. A me queamamenta come o alimento slido e o digere, de modo que seu filho possaconsumi-lo em forma de leite. Da mesma forma, quando um pastor ouprofessor estuda o texto e depois comenta sobre ele para as pessoas, essecomentrio constitui Escritura digerida.

    Dessa forma aprendemos que os comentrios bblicos devem serutilizados como uma ferramenta auxiliar, eles jamais podem substituir o textobblico.

    A Era Patrstica

    O perodo patrstico o perodo dos pais da igreja (100-500 A.D). Muitasdas tendncias mais significativas da interpretao bblica hoje podem ser

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    atribudas a essa era. Por se tratar apenas de uma sntese sobre o mtodohermenutico dos pais da igreja, a abordagem que se segue limitada eanalisa o trabalho de alguns deles.

    O primeiro problema no estudo bblico para os pastores e professores dapoca da igreja primitiva (apstolos) e para os pais da igreja era como usar o

    Antigo Testamento na igreja. Sua abordagem tpica era encontrar Cristo nasEscrituras hebraicas sempre que possvel. Para isto, eles recorriamfrequentemente ao mtodo alegrico, buscando verdades espirituais alm dosentido literal do texto.

    Clemente de Roma (30-100 A.D.) Este era provavelmente o Clemente citadopor Paulo como um de seus companheiros em Filipos (Fp 4.3), sendo tambmum dos primeiros lderes da igreja de Roma Em seu desejo de encontrar aCristo no Antigo Testamento, ele fez uso de muita alegoria.

    Justino Mrtir(100-167) foi um dos maiores heris e lderes da primeira igreja.

    Sua defesa da f crist contra as investidas dos filsofos pagos conquistoupara ele ampla apreciao entre seus irmos. Infelizmente, Justino s vezesrecorria a interpretaes errneas para descobrir Cristo no Antigo Testamento.Por exemplo, ele insistiu que as campainhas de ouro na orla do manto do sumosacerdote (Ex 28.33-35) simbolizam os doze apstolos que fazem soar oevangelho do Grande Sumo Sacerdote.

    Irineu apresentou o que veio a tornar-se mais tarde a abordagem oficial daigreja sobre o Antigo Testamento: a saber, que a igreja em si o nico meiocorreto de interpretao bblica. Ele insistiu que tanto o Antigo como o NovoTestamento s so entendidos corretamente atravs dos ensinos dos lderesoficiais da igreja.

    Orgenes (185-251) era um erudito de primeira categoria, autor prolfico einterprete dedicado abordagem alegrica. Ao interpretar a parbola de Jesussobre os trabalhadores na vinha (MT 20.1-16), Orgenes ensinou que o dia dotrabalhador representa a histria do mundo, e as suas horas marcam asprincipais divises da histria espiritual da humanidade.

    Agostinho Princpios de Interpretao

    Agostinho de Hipo (354-430) foi o intelectual mais importante da EraPatrstica e um dos maiores eruditos de todos os tempos. Ele foi o primeiro asistematizar a teologia, combinou a abordagem alegrica da filosofia grega comos mtodos mais literais usados em sua poca, desenvolvendo doze princpiospara o estudo bblico. Entre eles, os mais importantes para ns so:

    1. A necessidade da f crist para a interpretao2. A prioridade dos sentidos literal e histrico do texto3. A importncia do propsito original do autor bblico4. nfase sobre o contexto do texto5. Importncia de usar passagens claras para interpretar as mais difceis

    6. Necessidade de conhecimento para a interpretao.

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    Os princpios de estudo bblico desenvolvidos por Agostinho so aindavaliosos e teis hoje.

    A Idade Mdia

    O perodo da histria da igreja que comea com a morte de Agostinho eculmina na Reforma Protestante geralmente chamado de perodo medievalou idade mdia. Embora as tendncias que acabamos de discutir fossem emgrande parte desenvolvidas durante este perodo, no houve muitas tentativasde novas abordagens. Durante essa poca, o intrprete da Bblia mais ilustrefoi Toms de Aquino.

    Sem sombra de dvida, a figura principal da igreja da igreja medieval foiToms de Aquino (1224-1274). Toms fez mais para desenvolver a teologiasistemtica do catolicismo romano do que qualquer outra pessoa, e seuspensamentos e mtodos continuam exercendo influncia.

    A Reforma

    No final desse sculo, a paisagem da hermenutica havia mudadodramaticamente e para sempre. Muitos substituram o mtodo alegrico poruma abordagem literal das Escrituras. O movimento de defesa do direito deliberdade do indivduo para estudar a Bblia se opunha prtica secular dainterpretao pelos conclios e credos da igreja.

    Para muitos crentes s a Bblia era considerada como autoridade abaixode Deus. Tudo isso resultou do movimento que chamamos e Reforma.

    Martinho Lutero

    O incio do movimento da Reforma Protestante geralmente atribudo aMartinho Lutero (1483-1546). A teologia de Lutero tornou-se fundamental paraa Reforma. Ele desenvolveu seis princpios de estudo bblicos que continuamsendo seguidos pela maioria dos protestantes hoje:

    1. Principio psicolgico: a necessidade do compromisso espiritual. Luteroargumentou que Deus revela o verdadeiro significado da Sua palavra, pelo

    Esprito, ao Seu povo (1Co 2.11-12).2. Princpio autoridade: a Bblia est acima da autoridade da igreja e julgaos credos e opinies dos homens.

    3. Principio literal: o estudo bblico deve enfatizar o significado histrico egramatical do texto.

    4. Principio da suficincia: a Bblia um livro claro e pode ser interpretadopor todos os cristos. Lutero defendia aqui o sacerdcio de cada crente,contrariando a interpretao feita s pelo clero.

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    5. Principio cristolgico: o propsito de todo escudo bblico encontrar eaceitar Cristo.

    6. Principio da lei do evangelho: A lei do Antigo Testamento foi dada parajulgar o pecado, e a graa do Novo Testamento foi ento dada para expi-lo.

    Jamais devemos tirar a nfase da ilegalidade do pecado, ou transformar agraa em lei e obras humanas.

    Esses seis princpios foram e so cruciais para a interpretao bblicaprotestante.

    Joo Calvino - Estudo Cientfico da Escritura

    O primeiro indivduo chamado de intrprete cientfico da Bblia foi oreformador Joo Calvino (1509-1564). Calvino era um estudioso das leis elevou essa abordagem sistemtica para as Escrituras.

    Ele insistiu especialmente que a Escritura interpreta a Escritura,argumentando que devemos estudar a gramtica, histria e contexto dapassagem em lugar de incluir na leitura as nossas opinies pessoais. Calvinodesenvolveu e aperfeioou grandemente o mtodo protestante da interpretaogramatical e histrica.

    A Era Moderna

    Os ltimos quatrocentos anos viram surgir notvel interesse no assuntoda Bblia e da hermenutica. Para nossos propsitos, iremos salientar apenasaqueles movimentos que possam ter influncia sobre o seu estudo bblico hoje.

    Liberalismo Moderno - Interpretao subjetiva

    Um desses movimentos-chave chamado frequentemente deliberalismo. No sentido da palavra no dicionrio, este um mtodo intelectualisento de qualquer tradio ou autoridade externa No estudo bblico, oliberalismo concede basicamente liberdade para o individuo interpretar o textocomo quiser. Esta a abordagem subjetiva (mtodo histrico crtico). Emcontraste, o mtodo objetivo (mtodo gramatical histrico) insiste que o textopossui um significado objetivo, planejado, quer o leitor o interprete ou no

    corretamente.Dois nomes so essenciais para nosso estudo: Emanuel Kant (1724-2804) e Friedrich Schleiermacher (1768-1834). Kant permanece como um dospensadores mais importantes da histria ocidental. O problema enfocado porele bsico para a vida: qual a relao entre a nossa mente e as nossasimpresses sensoriais? Alguns disseram que toda verdade procede dosprocessos intelectuais; outros que ela resulta das experincias sensoriais. Kantuniu as duas abordagens, ensinando que a mente interpreta e os dados dossentidos e isto produz conhecimento.

    Schleiermacher aplicou esta idia teologia e Bblia, com esteresultado devastador: voc e eu no podemos conhecer Deus, s nossa

    experincia dEle. Nesta abordagem, a Bblia se torna apenas um registro dasexperincias religiosas de outros e no um livro de verdade objetiva. A maneira

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    que voc interpreta a Bblia mediante a sua experincia vai ser diferente daminha. Assim sendo, para os que adotam este mtodo, no pode haver estudobblico ou teologia bblica objetivos. Eles consideram a verdade bblica e todo oconhecimento como sendo subjetivos. Por causa desta abordagem,Schleiermacher considerado hoje como o pai do liberalismo moderno.

    Dispensacionalismo Interpretao de Acordo com os Perodos Bblicos

    John Darby, que viveu de 1800 a 1882, e seus seguidoresdesenvolveram um novo mtodo de estudo bblico que tremendamentepopular ainda hoje: o Dispensacionalismo. Uma dispensao definida comoum perodo de tempo na histria e na Bblia. Este mtodo ensina que asdiversas partes da Bblia devem ser interpretadas conforme o seu lugar nosistema geral das dispensaes. Uma organizao tpica a das seguintesdispensaes:

    Inocncia Gnesis 2.28-3.6 Conscincia Gnesis 4.1-8.14 Governo civil Gnesis8. 15-11.9 Promessa ( a Abrao)

    Gnesis 11.10 xodo 18.27 Lei mosaica

    xodo 28.28 Atos 1.26 Graa (dispensao atual)

    Atos 2.1 Apocalipse 19.21

    O milnio Apocalipse 20.

    Este mtodo se apia em dois princpios bsicos: a separao entreIsrael e a Igreja, e uma abordagem literal eficaz. Os dispensacionalistasacreditam que toda promessa feita a Israel e que no foi ainda cumprida, serum dia cumprido literalmente. Os no-dispensacionalistas muitas vezes cremque essas promessas j foram cumpridas na igreja. Os dispensacionalistastambm abordam a Bblia muito literalmente, inclusive o apocalipse e outraspartes que os no-dispensacionalismo podem considerar como tendo umanatureza mais simblica.

    O Dispensacionalismo tem sido divulgado especialmente pela Bblia deScofield e a Bblia de Estudo de Ryrie. Ele ensinado em diversos institutosbblicos, tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil, sendo tambm aceito pormuitos pastores e leigos em nossos dias.

    Depois que examinamos esse breve contexto histrico da histria dainterpretao bblica, nosso propsito tem sido apenas ressaltar aquelastendncias na histria do estudo bblico que afetam mais o estudo popular daEscrituras hoje. Em termos gerais podemos classificar os mtodos em duascategorias:

    Abordagens a Serem Evitadas

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    Aplicar a Bblia s nossas necessidades sem primeiro aprender osignificado pretendido (Cunr).

    Interpretar mediante comentrio (literatura rabnica). Buscar um sentido espiritual subjacente alm do sentido literal

    do texto (alegoria). Fazer da igreja e seus oficiais os nicos intrpretes apropriados

    da Escritura (Irineu, institucionalismo, credos). Interpretao subjetiva (liberalismo moderno).

    Abordagens a serem seguidas:

    Procedimentos slidos de estudo bblico (escolas rabnicas)

    Basear a interpretao no sentido literal Escritura (Toms, Luteroe teologia da Reforma) Necessidade de compromisso espiritual (Lutero) Colocar a Bblia acima da autoridade da igreja (Reformadores) Crena de que todos os cristos podem interpretar a Palavra de

    Deus por si mesmos (Reformadores).

    PRINCPIOS DE INTERPRETAO DA BBLIA

    Aps termos tido acesso ao um breve histrico da hermenutica e aos

    principais mtodos de interpretao construdos ao longo da histria, vejamos aseguir, alguns princpios destacados por Walter A. Henrichsen em seu livroPrincpios de Interpretao da Bblia: que dividem-se em quatro categorias:Gerais, Gramaticais, Histricas e Teolgicas

    Princpios Gerais de Interpretaoso os que tratam da matria globalda interpretao. So universais em sua natureza, no se limitando aconsideraes especificas includas estas nas outras trs sees.

    Princpios Gramaticais de Interpretao so os que tratam do textopropriamente dito. Estabelecem regras bsicas para o entendimento daspalavras e sentenas da passagem em estudo.

    Princpios Histricos da Interpretao so os que tratam do substratoou contexto em que os livros da Bblia foram escritos. As situaes polticas,econmicas e culturais so importantes na considerao do aspecto histricodo seu estudo da Palavra de Deus.

    Princpios Teolgicos de Interpretao so os que tratam da formaoda doutrina crist. So, por necessidade, regras amplas, pois a doutrina temde levar em considerao tudo que a Bblia diz sobre dado assunto. Embora

    tendam a serem regras um tanto complicadas, nem por isso so menos

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    importantes, pois desempenham papel de profunda relevncia na obra de darforma quele corpo de crenas a que voc chama suas convices.

    PRINCPIOS GERAIS DE INTERPRETAO

    Trabalhe partindo da pressuposio de que a Bblia tem autoridade

    A questo da autoridade liga-se frequentemente da inspirao dasEscrituras. Uma pessoa no pode submeter-se Bblia, como autoridade sobreela, se no for a Palavra de Deus inspirada. O mesmo ponto surgiu durante oministrio terreno de Jesus. Ele ensinava como quem tem autoridade(Mateus7.29). Mas, em que se baseava Sua autoridade? Como podemos saber se Ele verdadeiramente o Cristo como se arroga ser?

    Em resposta a essas questes desafiadoras, Jesus dizia: Se algumquiser fazer a vontade dele [de Deus], conhecer a respeito da doutrina, se ela

    de Deus ou se eu falo por mim mesmo (Joo 7.17). Se voc quiser fazer oque eu lhe peo que faa, ento voc saber se o que eu estou dizendo certoou no, o que Jesus basicamente disse. Se voc fizer, ento saber. Fazervem antes de saber. A entrega pessoal vem antes do conhecimento. Hcentenas de anos, Agostinho o colocou deste modo: Creio, logo sei.

    A autoridade tem que ver com a vontade, com a obedincia e com ofazer. A inspirao relaciona-se com o intelecto, o entendimento e oconhecimento. A questo da Inspirao deve seguir-se da autoridade.Justamente como s depois de voc fazer o que Cristo lhe pede que faa quevoc fica sabendo que Ele o Cristo, assim tambm s depois de submeter-se autoridade da Bblia e obedecer-lhe, voc saber que ela a Palavra deDeus inspirada.

    Portanto, no estudo da Bblia voc comea com a questo daautoridade. Esta, e a questo da inspirao que se lhe segue naturalmente,so respondidas quando voc se submete Palavra de Deus. Voc podeestudar a inspirao como um tpico separado, mas somente saber que aBblia a Palavra de Deus inspirada quando se colocar sob a autoridade dela.

    A Bblia seu interprete; a Escritura explica melhor a Escritura.

    Quando voc estudar a Bblia, deixe-a falar por si mesma. No lheacrescente nem lhe subtraia nada. Deixe que a Bblia seja o seu prpriocomentrio. Compare Escritura com Escritura.

    Isaas, por exemplo, diz: Portanto, o Senhor mesmo vos dar sinal: Eisque a virgem conceber, e dar luz um filho, e lhe chamar Emanuel (Isaas7.14). Em hebraico, a palavra traduzida em muitas verses como virgem podena realidade ser traduzida por moa ou por virgem. Este mesmo versculo citado por Mateus com referncia concepo virginal de Jesus Cristo(Matheus 1.23). Contudo, em grego a palavra tem um sentido s: virgem. Emoutras palavras, Mateus interpreta a palavra e ns traduzimos a expresso deIsaas como virgem.

    Normalmente aplicamos esta regra s grandes verdades da Bblia, e noa versculos especficos. Uma dessas verdades a segurana da salvao.

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    Versculos individuais podem ser citados sobre ambos os lados da questo, sepodemos perder a nossa salvao ou no. Paulo disse aos glatas: Da graadecastes (Glatas 5.4). Alguns cristos, ao lerem isto, concluram que possvel perder a nossa salvao depois de hav-la obtido.

    Por outro lado, Jesus disse: As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu

    as conheo e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecero,eternamente, e ningum as arrebatar da minha mo. Aquilo que meu Pai medeu maior do que tudo; e da mo do Pai ningum pode arrebatar (Joo10.27-29). Contudo, um estudo completo do tpico da segurana da salvao,comparando Escritura com Escritura, indica que o crente pode ter a seguranade que est salvo com base na obra consumada por Cristo.

    Interprete a experincia Pessoal luz da Escritura, E no a Escritura luzda experincia pessoal.

    Nos dias finais do ministrio de Jesus, Ele contou vrias parbolas sobeo reino dos cus. Uma delas a parbola das dez virgens (Mateus 25.1-13).Cinco eram sbias porque tinham azeite suficiente para as suas lmpadas, ecinco eram nscias por que no tinham. Por que usava a lmpada nas antigasfestas de casamento? Com que se assemelhava? Estas so algumasperguntas que o estudante deve fazer quando estudar essa passagem. A estum exemplo na necessidade de entender o sentido e o uso da palavra napoca em que foi escrita.

    Determinar o correto sentido das palavras da Bblia no particularmente difcil hoje em dia.

    As suas experincias pessoais sejam quais foram devem serconduzidas s Escrituras e interpretadas. Nunca o caminho inverso. Porquetive esta experincia, o que se segue tem de ser verdade no sadioprocedimento na interpretao da Bblia.

    Nada do que foi dito sugere que no h valor na experincia. Muito aocontrrio. A experincia atesta a validade da doutrina. A ressurreio de JesusCristo consubstancia o fato de que Ele o filho de Deus. Voc sabe que a suasalvao um fato devido quilo que voc experimentou. Mas voc no dforma doutrina da salvao com base em sua experincia. Voc leva a suaexperincia s Escrituras para averiguar o que sucedeu em sua vida.

    A experincia pessoal parte importante da vida crist, mas voc deve

    ter o cuidado de mant-la em seu lugar prprio. Conquanto voc aprenda daexperincia, no julgar a Bblia sobre aquela base.

    Princpios Gramaticais de Interpretao

    Interprete as palavras no sentido que tinham no tempo do autor.

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    Nos dias finais do ministrio de Jesus, Ele contou vrias parbolas sobreo reino dos cus. Uma delas a parbola das dez virgens (Mateus 25.1-13).Cinco eram sbias porque tinham azeite suficiente para as suas lmpadas, ecinco eram nscias porque no tinham. Por que se usava a lmpada nasantigas festas de casamento? Com que se assemelhava? Estas so algumas

    perguntas que o estudante deve fazer quando estudar essa passagem. A estum exemplo na necessidade de entender o sentido e o uso da palavra napoca em que foi escrita.

    Determinar o correto sentido das palavras da Bblia no particularmente difcil hoje em dia. Muitas excelentes tradues esto disposio, e quando o sentido de uma palavra no ficar claro com eles, umbom dicionrio bblico ser proveitoso.

    Ocasionalmente o escritor bblico dar seu prprio significado a umapalavra em particular. Por exemplo, Jesus expulsou os cambistas (Joo 2.14)do templo. Os judeus no gostaram disso e comearam a argu-lo. Jesusrespondeu-lhes dizendo: Destru este santurio, e em trs dias o

    reconstruirei. Disseram os judeus: Em quarenta e seis anos foi edificado estesanturio, e tu, em trs dias, o levantars?Naturalmente Jesus estava falandodo santurio do Seu corpo (Joo 2.19-21).

    Diz-nos Joo que o santurio a que Jesus se referiu era o Seu corpo.D-nos aqui o sentido da palavra santurio. Pouco antes, Joo falara doscambistas. No explicou quem eram e o que faziam de modo que vocprecisa pesquisar para encontrar pessoalmente a resposta. Recorrendo a umdicionrio bblico ou a um comentrio do Evangelho de Joo, voc encontrar asua resposta.

    Interprete a passagem em harmonia com o seu contexto.

    Cada escritor da Bblia teve uma razo particular para escrever seu(s)livro(s). Ao desenrolar-se o argumento do escritor, h conexo lgica entre umaseo e a seguinte. Voc precisa encontrar o propsito global do livro a fim dedeterminar o sentido de palavras ou passagens particulares no livro. Estasquatro perguntas o ajudaro:

    1. Como a passagem se relaciona com o material circunvizinho?2. Como se relaciona com o restante do livro?3. Como se relaciona com a Bblia como um todo?

    4. Como se relaciona com a cultura e com o quadro de fundo em que foiescrita?

    Responder essas quatro questes especialmente importante quandovoc est tentando interpretar uma passagem difcil.

    As principais partes e figuras de uma parbola representam certasrealidades. Considere somente essas principais partes e figuras quandoestiver tirando concluses.

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    O propsito da parbola ilustrar os diferentes tipos de resposta que aPalavra recebe quando proclamada. Quando voc estudar a parbola, noestenda o propsito dela alm da inteno do autor.

    A parbola em questo a histria do bom samaritano, contada porJesus.

    Quando voc interpretar parbola, siga este processo:

    1. Determine o propsito da parbola. Neste exemplo a chave est napergunta inicial. Ele, porm, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: Quem o meu prximo?

    2. Certifique-se de que explica as diferentes partes em harmonia como fim principal. Nesta parbola havia a necessidade, havia aqueles quedeviam satisfazer a necessidade, mas no o fizeram, e houve a satisfao danecessidade, satisfao provinda de uma fonte inesperada. Estes pontosilustram o universal dever de bondade e de fazer o bem.

    3. Use somente as principais partes da parbola ao explicar a lio. quando as pessoas tentam interpretar os pormenores que o erro pode insinuar-se facilmente. No faa a parbola falar demais. Por exemplo, voc pode sertentado a opinar que o leo e o vinho simbolizam o Esprito Santo e o sanguede Cristo (versculo 34), os dois ingredientes necessrios para a salvao.Fazer isso ir alm do propsito visado pela parbola.

    Princpios Histricos de Interpretao

    Os princpios histricos tratam do cenrio histrico do texto. Para queme por quem foi escrito o livro? Por que foi escrito e que papel desempenhou ocenrio histrico na formao da mensagem do livro? Quais os costumes e oambiente do povo? So desse tipo as perguntas que voc procura responderquando considera o aspecto histrico do seu estudo.

    Desde que a Escritura originou-se num contexto histrico, s pode sercompreendida luz da histria bblica

    Quando voc comear o seu estudo de uma passagem, imagine-se um

    reprter em busca de todos os fatos. Bombardeie o texto com questes comoestas: A quem foi escrita a carta (o livro)?Qual foi o quadro de fundo do escritor?Qual foi a experincia ou ocasio que deu origem mensagem?Quem so os principais personagens do livro?

    Seu objetivo colocar-se no cenrio do tempo em que o livro foi escritoe sentir com as pessoas envolvidas. Quais eram os interesses delas? Como viaDeus a sua situao? Se puder, tome o pulso do autor conforme ele seexpressa.

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    Embora a revelao de Deus nas Escrituras seja progressiva, tanto oVelho como o Novo Testamento so partes essenciais desta revelao eformam uma unidade.

    No incomum ouvir uma pessoa dizer: O Deus do Velho Testamento

    diferente do Deus do Novo Testamento. No Velho Testamento Ele parece to

    severo e condenatrio, enquanto que no Novo Testamento mais amoroso e

    cheio de graa. Conquanto seja uma crena comumente sustentada, no se

    baseia nos fatos e, se for mantida, far voc desviar-se em sua interpretao

    da Bblia. Exemplo: Jesus falou do inferno e do juzo de Deus mais que

    ningum na Bblia.

    O Velho Testamento monta o cenrio para a correta interpretao do

    Novo Testamento. Voc teria dificuldade em entender aquilo de que fala oNovo Testamento, se no conhecesse o relato veterotestamentrio de

    acontecimentos como a criao e a queda do homem. Jesus presume que os

    Seus ouvintes esto familiarizados com o relato de como os israelitas foram

    mordidos por serpentes por terem eles murmurado, e como foram libertos ao

    olharem para ma serpente de bronze colocada no alto de uma estaca

    (Nmeros 21). Referindo-se a este acontecimento, disse Jesus: E do modo

    por que Moiss levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho dohomem seja levantado(Joo 3.14).

    Princpios Teolgicos de Interpretao

    Teologia o estudo de Deus e de Sua relao com o mundo. O livro-

    fonte deste estudo a Bblia. A teologia procura tirar concluses sobre vrios

    tpicos, amplos e importantes, presentes na Bblia. A que se assemelha? Qual

    a natureza do homem? Qual a doutrina da salvao realmente vlida? So

    estes os tipos de assuntos de que trata a teologia. Os princpios teolgicos so

    aquelas amplas regras que tratam da formulao da doutrina. Por exemplo,

    como podemos dizer que uma doutrina verdadeiramente bblica? Um dos

    nossos princpios teolgicos procurar responder a isto.

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    Voc precisa compreender gramaticalmente a Bblia, antes de

    compreend-la teologicamente.

    Outro modo de firmar esta regra dizer: Voc precisa entender o que

    diz a passagem, antes de poder esperar entender o que ela quer dizer.

    Pode-se ver um exemplo disto na seguinte afirmao de Paulo:

    Todavia, no assim o dom gratuito como a ofensa; porque se pela

    ofensa de um s, morreram muitos, muito mais a graa de Deus, e o

    dom pela graa de um s homem, Jesus Cristo, foi abundante sobre

    muitos. O dom, entretanto, no como no caso em que somente um

    pecou; porque o julgamento derivou de uma s ofensa, para a

    condenao; mas a graa transcorre de muitas ofensas, para a

    justificao. Se pela ofensa de um, e por meio de um s, reinou a

    morte, muito mais os que recebem a abundncia da graa e o dom da

    justia, reinaro em vida por meio de um s, a saber, Jesus Cristo.

    Pois assim como por uma s ofensa veio o juzo sobre todos os

    homens para a coordenao, assim tambm por um s ato de justia

    veio a graa sobre todos os homens para a justificao que d vida.

    Porque, como pela desobedincia de um s homem muitos se

    tornaram pecadores, assim tambm por meio da obedincia de um smuitos se tornaro justos.

    Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o

    pecado, superabundou a graa; a fim de que, como o pecado reinou

    ela morte, assim tambm reinasse a graa pela justia para a vida

    eterna, mediante Jesus Cristo nosso Senhor.(Romanos 5.15-21).

    Voc precisa estudar cuidadosamente esta passagem para entender o

    que Paulo est dizendo. Ele est comparando Cristo com Ado. Assim comovoc considerado injusto devido ao pecado de Ado, assim considerado

    justo devido ao que Jesus Cristo fez. Foi-lhe imputado o pecado de Ado,

    apesar de voc no ter feito nada para merec-lo; assim tambm lhe foi

    imputada a justia de Cristo, apesar de voc no ter feito nada para merec-la.

    Em parte isto que a passagem diz.

    Disto podemos tirar algumas concluses. Por exemplo, vemos que a

    imputao no afeta o seu carter moral, mas, sim, a sua posio legal.

    Quando voc foi considerado justo graas obra de Cristo, o seu carter moral

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    no foi alterado; voc no se tornou moralmente justo e perfeito, s legalmente

    justo e perfeito vista de Deus. A est por que alguns no-cristos so mais

    justos em seu procedimento do que muitos cristos.

    VERIFICAO DE APRENDIZAGEM

    1. O que hermenutica?

    2. Quantos princpios de estudo bblicos Lutero elaborou? E quaisso eles?

    3. Qual o primeiro indivduo chamado de intrprete cientfico daBblia?

    4. Quais so os principais mtodos de interpretao?

    REFERNCIAS

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    BBLIA DE ESTUDO ESPERANA. So Paulo: Vida Nova, 2000.

    BBLIA DE ESTUDO NVI. Organizador geral Kenneth Barker. So Paulo;Vida, 2003.

    BBLIA SAGRADA: Harpa Crist. Traduzida em portugus por Joo Ferreira deAlmeida. rev. e corrig. Rio de Janeiro: CPAD, 2003.

    CARVALHO, Saulo Pereira de. Homiltica. Goinia: Karis, 2008.

    DENISON, James C. 7 questes cruciais sobre a Bblia: e como as respostasiro fortalecer a sua f. Traduo de Neyd Siqueira. So Paulo: Bompastor,1995.

    HENRICHSEN, Walter A. Princpios de interpretao da Bblia. Traduo de

    Odair Olivetti. So Paulo: Mundo Cristo, 1997.

    LUND, E.; NELSON, P. C. Regras de Interpretao das Sagradas Escrituras.Traduo de Etuvino Adiers. 7. ed. So Paulo: Vida, 1968.

    Captulo 3

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    INTRODUO A EDUCAO CRIST Reginaldo Cruz

    A tarefa de educar deve ultrapassar as fronteiras do relacionamento

    formal de uma sala de aula ou de um auditrio; deve alcanar todas as reas

    da vida humana. Educar para a vida a chave para uma sociedade mais justa

    e mais feliz.

    Educao crist o processo de ensino-aprendizagem

    proporcionado por Deus, atravs de sua Palavra, pelo Poder do Esprito Santo,

    transmitindo valores e princpios divinos. diferente da educao secular, que

    s transmite instrues e conhecimentos, deixando de lado os valores ticos,

    morais e espirituais. Por isso, a base da Educao Crist a Bblia Sagrada.A educao crist no se limita somente a escola dominical, ela est

    relacionada com todo o viver cristo. De modo, que entendemos que sua

    abrangncia perpassa os limites do ensino na igreja, ela traz ensinamentos

    para a vida toda. Edson Lopes (2010, p.12) enfatiza que desnecessrio

    enfatizar que a escola dominical tem sido o principal agente da educao nas

    mais diversas comunidades crists. Dada sua importncia, preciso que ela

    seja foco de investimentos estruturais e fsicos.Edson Lopes (p. 13) destaca ainda que

    A educao crist envolve muito mais do que contedos de aulas e

    sermes. Ela est diretamente relacionada ao crescimento espiritual da igreja e ao

    ensino bblico e missionrio. Tambm est presentes em aconselhamentos e

    orientaes crists e imprescindvel nas relaes igreja-sociedade. Entendida

    dessa forma h que se ressaltar quo importante a educao crist para a vida da

    igreja.

    A importncia da educao crist

    O pedagogo Marcos Tuler (2007, p.59) afirma que,

    Educao crist fundamentada no conhecimento das Sagradas

    Escrituras. Seu principal objetivo instruir o ser humano no

    conhecimento de Deus; levar o educando a alcanar a plena

    maturidade como ser humano, criado imagem e semelhana de Deus.

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    A educao crist p