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1 UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU MÁRCIO AUGUSTO GIANNELLI COWORKING: O porquê destes espaços existirem! Estudo sobre espaços de Coworking na cidade de São Paulo e sua importância arquitetônica na Era da Informação. SÃO PAULO 2016

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

MÁRCIO AUGUSTO GIANNELLI

COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Estudo sobre espaços de Coworking na cidade de São Paulo e sua

importância arquitetônica na Era da Informação.

SÃO PAULO

2016

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

Pós-Graduação Stricto-Sensu em Arquitetura e Urbanismo

MÁRCIO AUGUSTO GIANNELLI

COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Estudo sobre espaços de Coworking na cidade de São Paulo e sua importância arquitetônica

na Era da Informação

DISSERTAÇÃO APRESENTADA AO CURSO DE ARQUITETURA E

URBANISMO, PELA UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU, PARA A

OBTENÇÃO DO TÍTULO DE PÓS-GRADUAÇÃO, EM NÍVEL DE

MESTRADO, SOB A ORIENTAÇÃO DO PROF. DR. FERNANDO G.

VÁZQUEZ RAMOS

SÃO PAULO, 2016

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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

Pós-Graduação Stricto-Sensu em Arquitetura e Urbanismo

MÁRCIO AUGUSTO GIANNELLI

COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Estudo sobre Espaços de Coworking na cidade de São Paulo e sua importância arquitetônica

na Era da Informação

DISSERTAÇÃO APRESENTADA À UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU

COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS A OBTENÇÃO DO

TÍTULO DE MESTRE EM ARQUITETURA E URBANISMO

Banca de examinadora em 13 de dezembro de 2016

Prof.º Dr.º Fernando G. Vázquez Ramos (orientador)

Prof.ª Dr.ª Paula de Vicenzo Fidelis Belfort Mattos.

Prof.ª Dr.ª Iná Rosa da Silva

São Paulo, 2016

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Estamos em um mesmo espaço em vários lugares e tempos diferentes. Marcio “Hulk” Giannelli

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Dedicar a quem? A todas aquelas pessoas que fizeram parte da minha vida? As pessoas que

se dedicaram a me tornar uma pessoa mais forte e confiante? Dedicar a quem quis me

confrontar e derrubar meus argumentos?

Dedicar a quem? A minha família que sempre foi o alicerce de minhas crenças? Aos amores e

desgostos da vida? Aos próximos que me auxiliaram nas buscas para ser cada vez melhor?

Dedicar a quem? Aos meus erros? As intermináveis noites em claro? As pessoas que

conheci? Aos inimigos e amigos que conquistei? A minha carreira de altos e baixos?

Dedicar a quem? A Mim mesmo, não porque sou egocêntrico ou egoísta. Não porque me

acho melhor do que os outros. Não por falta de carinho ou incríveis pessoas.

Sou tudo o que passou em minha vida e a construção dos meus saberes e conhecimento

nada mais é do que todas as pessoas e coisas que me transformaram e permitiram eu estar

onde estou. E principalmente porque sei que este é mais um passo.

Dedico a MIM mesmo, porque cada pessoa, professor, aluno, familiar, colega, amigo e

inimigo, alegria e tristeza, acerto e erro, me TRANSFORMARAM EM UMA PESSOA muito

melhor hoje, mas melhor ainda AMANHÃ.

“... Ao meu fim, ao amor, aos céus E a sorte de viver

Será pra quê Se eu não cantar

Pra quê será Se eu quiser esquecer

Do que me faz E me refaz

E me revela e me acerta em cheio

Quando o feio é belo em mim Sou eu quem pinto o meu espelho

E clareio o que é ruim

Porque quem ouve o que eu canto Sabe um tanto do que eu sou

Mas há de ver que o meu canto é som É como eu sôo mais do que sou.”

Trecho da música Quem Ouvirá –

Pitanga em pé de Amora

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Agradecimentos

No princípio era a minha mãe (Maria Inez) ... e sempre será. A esta pessoa incrivelmente

sábia e que me mostrou a importância de transmitir e principalmente como transmitir aquilo

que aprendo aos outros.

Aos professores: Paula Belfort pelo apoio e confiança. A Edite Carranza pelo desafio e

dúvida. À Iná Rosa pelo ar que colocou em meus pulmões. Ao mestre Vázquez, que sei que é

doutor na academia, mas na sabedoria oriental um Mestre é um sábio, pela incrível

capacidade que tem em inspirar por meio da colaboração e troca. “O professor medíocre

conta. O bom professor explica. O professor superior demonstra. O grande professor inspira”.

(William Arthur Ward).

Aos amigos: Miguel de Frias; Rodrigo Faccini; Danilo Vaz; Marcos Batista; Christiam Ullmann;

“mestre” Júlio Freitas; “mestre” Caio Vassão; Mariana Nunes Albano, família Nunes e família

Albano; família Vilhena; Maria Helena; família Giannelli, Della Vecchia e Morita; “mestre”

Jorge Carbarral; Ricardo Zacariotti; Fabio Righetto; Alexandre Soong; Felipe Garcia; Nó

Design; Barão di Sarno...

Ao IED SP: Bruno Pompeu; Marli Menezes; Teresita; Fabio Silveira; José Carreira; Wagner;

Walter; Morita; Andrea Bandoni; Francisco; Yael Amazonas; Ricardo Peruchi; Victor Falasca;

Debora; Helena; Katia...

Aos meus alunos, foram tantos e com tanta intensidade, mas sem eles não acreditaria que a

profissão de professor fosse algo incrivelmente encantador e possível de praticar.

DOU AULAS E SOU PROFESSOR, PORQUE NÃO QUERO ENVELHECER A MINHA MENTE E

LIMITAR AS MINHAS POSSIBILIDADES CRIATIVAS!

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RESUMO

Esta dissertação sobre Espaços de Coworking na cidade de São Paulo, demostra como são

um reflexo das mudanças causadas pela entrada na Era da Informação (Revolução Pós-

Industrial). Os primeiros impactos surgiram a partir da segunda metade do século XX, com os

avanços tecnológicos na área digital e de telecomunicação, que alteraram significativamente

as transformações socioeconômicas, as estruturas de produção e serviços, resultando assim

na ampliação do trabalho intelectual em detrimento ao braçal. O Coworking apresenta-se

como vetor contemporâneo, no que se refere à capacidade cognitiva humana e interações

colaborativas ampliadas, pois o trabalho não consiste apenas numa forma de produzir

rendas, mas também na conexão, convivência e no estilo de vida, que permitem aos

indivíduos o crescimento pessoas e profissional. Utilizaram-se como metodologia, o

mapeamento, análise e síntese dos locais em que foram implantados os Coworkings, suas

edificações, sua infraestrutura, setorização das atividades, layout e o perfil de seus usuários,

os Coworkers. Para o levantamento de dados foram realizados cruzamentos de informações

oficiais da Junta Comercial de São Paulo (Jucesp) e do Google Maps, levantadas e agrupadas

por distritos na cidade de São Paulo. Como base teórica destacaram as obras de Manuel

Castells, Clay Shirk, Alvin Toffler quanto aos aspectos históricos e Domenico de Masi sobre as

novas formas e lugares de trabalho. Após a pesquisa quantitativa foram definidos os critérios

qualitativos para a seleção das amostras aqui apresentadas. Os resultados indicam que esses

espaços, as corporações e pessoas estão mudando suas formas de trabalhar e se relacionar

com o mundo, e no modo de trocar ideias e experiências, sinalizando profundas alterações

nas relações entre o espaço e o homem na Era da Informação.

Palavras-chave: Coworking; Arquitetura & Urbanismo; Desenho Industrial; Redes de

Informação,

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ABSTRACT

The purpose of this dissertation about Coworking spaces, in the city of São Paulo, is to

demonstrate how these reflect the changes caused by the entry into the Information Age

(Post-Industrial Revolution). The first impacts arose from the second half of the twentieth

century, with technological advances in the digital and telecommunication areas, which

significantly altered socioeconomic transformations, production structures and services,

resulting in the expansion of intellectual work to the detriment of manual labor. Coworking

presents itself as a contemporary vector in terms of human cognitive ability and expanded

collaborative interactions, since work is not only a form of income but also of the

connection, coexistence, and lifestyle that individuals Personal and professional growth. As a

methodology, the mapping, analysis, and synthesis of the places where the Coworkings were

implemented, their buildings, their infrastructure, sectorization of activities, layout and the

profile of their users, Coworkers. For the data collection, the official information from the

São Paulo Commercial Board (Jucesp) and Google Maps were collected and grouped by

districts in the city of São Paulo. As a theoretical basis, the works of Manuel Castells, Clay

Shirk, Alvin Toffler on the historical aspects and Domenico de Masi on the new forms and

places of work were highlighted. After the quantitative research, qualitative criteria were

defined for the selection of the samples presented here. The results indicate that these

spaces, corporations and people are changing their ways of working and relating to the

world, and in the way of exchanging ideas and experiences, signaling profound changes in

the relations between space and man in the Information Age.

Keywords: Coworking, Information Net; Design; Architecture & Urbanism.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 17

1 ATÉ A ERA DA INFORMAÇÃO. ................................................................................... 21

1.1 A ERA COGNITIVA ............................................................................................................ 24

1.1.1 Lugar primordial ................................................................................................. 25

1.1.2 Infoesfera primordial .......................................................................................... 26

1.2 AS TRÊS ONDAS DE ALVIN TOFFLER ................................................................................ 27

1.2.1 Infoesfera da 2ª e 3ª Eras. .................................................................................. 28

1.2.2 O lugar - campo e cidade. ................................................................................... 30

1.3 QUARTA ERA - A ERA DA INFORMAÇÃO. ........................................................................ 31

1.3.1 O não espaço. ..................................................................................................... 32

1.3.2 A Infoesfera da Era da informação ..................................................................... 33

1.4 O CHOQUE DAS ERAS ...................................................................................................... 35

2 A REDE DE TODOS OS LUGARES ................................................................................ 37

2.1 REESTABELECENDO UM NOVO STATUS QUO. ................................................................ 40

2.1.1 Desmassificação.................................................................................................. 42

2.1.2 Globalização ........................................................................................................ 43

2.1.3 Centralidades ...................................................................................................... 44

2.1.4 Transdiciplinaridade ........................................................................................... 46

2.1.5 Ecologia ............................................................................................................... 47

2.1.6 Redes .................................................................................................................. 48

2.2 O PODER DAS CONEXÕES ................................................................................................ 50

3 COWORKING: ESPAÇO FÍSICO DA ERA DA INFORMAÇÃO. .......................................... 53

3.1 TIPOS DE LUGARES DE COWORKING .............................................................................. 59

3.1.1 Espaço de Coworking – modelos para serviços .................................................. 60

3.1.2 FAB LAB – modelos para produtos ..................................................................... 61

3.2 COWORKING NO BRASIL ................................................................................................. 64

3.3 COWORKING EM SÃO PAULO ......................................................................................... 74

3.3.1 Análise ................................................................................................................ 78

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4 ESPAÇOS DE COWORKING EM SÃO PAULO: ESTUDOS DE CASOS. .............................. 80

4.1 CASO DE ESTUDO 1: A TRAMPOLIM ............................................................................... 82

4.1.1 Ficha técnica ....................................................................................................... 82

4.1.2 Descrição do Site Coworkingbrasil.com.br ......................................................... 83

4.1.3 Planos ................................................................................................................. 83

4.1.4 Serviços ............................................................................................................... 84

4.1.5 Arquitetura e equipamentos. ............................................................................. 84

4.1.6 Trabalho e networking. ...................................................................................... 88

4.1.7 Despressurização e lazer. ................................................................................... 91

4.2 CASO DE ESTUDO 2: IMPACT HUB .................................................................................. 95

4.2.1 Ficha técnica ....................................................................................................... 95

4.2.2 Descrição do site Coworkingbrasil.com.br ......................................................... 95

4.2.3 Planos ................................................................................................................. 96

4.2.4 Serviços ............................................................................................................... 96

4.2.5 Arquitetura e equipamentos. ............................................................................. 97

4.2.6 Trabalho e networking. ...................................................................................... 99

4.2.7 Despressurização e lazer. ................................................................................. 100

4.3 CASO DE ESTUDO 3: POCKET COWORKING .................................................................. 101

4.3.1 Ficha técnica ..................................................................................................... 101

4.3.2 Descrição do site Coworkingbrasil.com. br ...................................................... 101

4.3.3 Planos ............................................................................................................... 102

4.3.4 Serviços ............................................................................................................. 102

4.3.5 Arquitetura e equipamentos. ........................................................................... 103

4.3.6 Trabalho e networking. .................................................................................... 105

4.3.7 Despressurização e lazer. ................................................................................. 106

5 COWORKING: O PÔRQUE DESSES ESPAÇOS EXISTIREM! .......................................... 107

5.1 O QUE DEFINE UM COWORKING? ................................................................................ 108

5.2 UM LUGAR PARA TODOS OS ESPAÇOS ......................................................................... 108

5.3 O LUGAR DA ERA DA INFORMAÇÃO ............................................................................. 110

5.4 EASTER EGG ................................................................................................................... 111

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REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 112

NOTAS DE RODAPÉ ........................................................................................................ 116

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INDICE DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Grafico que representa a diferença entre os conceitos de trabalhar sozinho, junto

ou em um modelo de Coworking. Fonte: DREAM WEAVER TEAM acesso, 09 de fev 2017.

.......................................................................................................................................... 18

Figura 2 - Construção esquemática e gráfica dos conceitos de Infoesfera e Espaço-lugar, a

serem abordados no trabalho. Fonte: Imagem do autor, Out 2016. ............................... 23

Figura 3 – Imagem contendo o resumo dos conceitos de Harari (coluna esquerda) e Toffler

(coluna do meio) e a junção das duas teorias em uma unificada (coluna da direita).

Fonte: Imagem gerada pelo autor, Mar. 2016. ................................................................ 24

Figura 4- Linha do tempo com as principais datas dos acontecimentos das revoluções da

humanidade. ..................................................................................................................... 36

Figura 5 - Linha do tempo contendo os três períodos em estudos. Fonte: elaborado pelo

autor, Ago. 2016 ............................................................................................................... 39

Figura 6 – Esquema de distribuição de informações desenhado por Paul Bahan. Fonte:

BARAN, 2012 ..................................................................................................................... 46

Figura 7 - Retirado da home page do site coworkingmap.com mostrando a quantidade de

espaços, países, cidades e postos de trabalho hoje no mundo. Fonte: Print screem do

site no dia 15 de novembro 2016. ................................................................................... 57

Figura 8 - Retirado da home page do site coworkingmap.com mostrando a quantidade de

espaços, países, cidades e postos de trabalho hoje no mundo. Fonte: Print screem do

site retirado do site nos dias 12 de dezembro de 2016 (superior) e 7 de fevereiro de

2017. ................................................................................................................................. 58

Figura 9 – Uma das imagens coletada da pesquisa no site da Google ao se perguntar “O que

é Coworking?”. Fonte: <http://www.targets.com.br/SantaMonica/Coworking.html> .. 59

Figura 10 - Escritório do grupo FCA de Pernambuco. Fonte: Redação Mecânica Online® ...... 61

Figura 11 - Selo e logomarca oficial do FAB LAB - Laboratório de Fabricação Digital. ............. 61

Figura 12 À esquerda alunos e instrutores participantes da semana Maker. À direita, Thiago

Kunz e Carolina Cardoso são fotógrafo e criador do FAB LAB Belém e arquiteta e guru do

Garagem FAB LAB, respectivamente. Fonte: Garagem FAB LAB. .................................... 62

Figura 13 - planta baixa e esquemática do FAB LAB de Chicago (Museu of Science and

Industry)............................................................................................................................ 63

Figura 14 - Crescimento de Espaços de Coworking, de 2015 e 2016. Fonte: Ekonomio. ........ 64

Figura 15 - Dados comparativos da pesquisa de unidades por estado entre 2015 e 2016.

Fonte: Ekonomios. ............................................................................................................ 65

Figura 16 - Dados comparativos da pesquisa de unidades por cidades entre 2015 e 2016.

Fonte: Ekonomios ............................................................................................................. 65

Figura 17 - Imagem retirada da pesquisa de cidades mais empreendedoras do país. Fonte:

SEBRAI e ENDEAVOR......................................................................................................... 66

Figura 18 - Unidades que responderam aos questionários on-line (2015-2016). Fonte:

Ekonomio. ......................................................................................................................... 66

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Figura 19 - Crescimento de espaços de trabalho entre 2015 e 2016. Fonte: Ekonomio. ........ 67

Figura 20 - Crescimento de espaços de trabalho entre 2015 e 2016. Fonte: Ekonomio. ........ 68

Figura 21 - Pesquisa do crescimento de espaços de trabalho entre 2015 e 2016. Fonte:

Ekonomio. ......................................................................................................................... 68

Figura 22 - Pesquisa do crescimento de espaços de trabalho entre 2015 e 2016. Fonte:

Ekonomio. ......................................................................................................................... 69

Figura 23 - Perfil e principais áreas de atuação dos Coworkers, entre 2015 e 2016. Fonte:

Ekonomio. ......................................................................................................................... 70

Figura 24 - Principais fontes de receitas do espaço Corworking. Pesquisa do crescimento de

espaços de trabalho entre 2015 e 2016. Fonte: Ekonomio. ............................................ 71

Figura 25 - Espaços Coworkings com Pet-friendly para que Coworker possa levar animais de

estimação. Fonte: Ekonomio ............................................................................................ 72

Figura 26 - Pesquisa do crescimento de espaços de trabalho em 2016. Fonte: Ekonomio. .... 73

Figura 27 - Comparação em números de unidades entre as duas pesquisas realizadas entre

agosto de 2015 e março de 2016. Fonte: Grafico criado pelo autor. .............................. 74

Figura 28 - Mapa político-administrativo com as unidades de Coworking mapeadas em 2015.

Fonte: Proprietária ........................................................................................................... 75

Figura 29 - Porcentagens de unidades por Distritos. Fonte: Baseado no mapa do site da

Prefeitura de SP, Juh. 2016. .............................................................................................. 76

Figura 30 - Quantidade de unidades Coworking no Munícipio de São Paulo. Fonte: Criada

pelo autor, Jun. 2016. ....................................................................................................... 77

Figura 31 - Unidades Coworking, por região. Fonte: Autor, realizada a partir de dados da

Jucesp 2015; Google Maps 2015, IBGE 2015; Prefeitura de SP. Fonte: Grafico criado pelo

autor. ................................................................................................................................ 77

Figura 32 - Unidades Coworking, por distritos. Fonte: Autor, realizada a partir de dados da

Jucesp 2015; Google Maps 2015, IBGE 2015; Prefeitura de SP. Fonte: Grafico criado pelo

autor. ................................................................................................................................ 78

Figura 33 - Mapa do Google Maps; Distrido; Logomarca; Endereço. Fonte: montagem

realizada pelo autor. ......................................................................................................... 82

Figura 34 - Imagem da fachada retirada do site Coworking Brasil. Fonte: Fonte: sedida pela

Trampolim., 21 de dezembro 2016 .................................................................................. 82

Figura 35 - Imagem ilustrativa dos planos oferecidos. Fonte: basado nos dados do site

Coworking Brasil, Nov. 2016. ............................................................................................ 83

Figura 36 - Imagem ilustrativa dos serviços oferecidos. Fonte: basado nos dados do site

Coworking Brasil, Nov. 2016. ............................................................................................ 84

Figura 37 - Possui a divisão de Pavimentos, setorização, ambiente e observações mais

relevantes. Fonte: Proprietária com base nas descrições e nomenclaturas da

arquitetura. ....................................................................................................................... 85

Figura 38 - Aplicação de cores e nomenclaturas mais adequadas aos setores identificados no

pavimento térreo. ............................................................................................................. 86

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Figura 39 - Aplicação de cores e nomenclaturas mais adequadas aos setores identificados no

pavimento superior. ......................................................................................................... 87

Figura 40–Sala de spots (foto tirada da área de despressurização). Fonte: Fotos do autor. .. 88

Figura 41 - Sala de Spots (foto tirada da sala multiuso). Fonte: Foto do autor. ...................... 89

Figura 42 – Sala de Spots (foto tirada da recepção). Fonte: Foto do autor. ............................ 89

Figura 43 - Sala Multiuso onde pode observar: cadeiras, mesa e material de apoio, alem da

iluminação natural ............................................................................................................ 90

Figura 44 -.Imagem da sala 1 interna, no piso superior. Fonte: Foto do autor. ...................... 91

Figura 45 - Espaço lateral aonde se encontra o bicicletário em uso. Fonte Fonte: sedida pela

Trampolim., Fev. 2016. ..................................................................................................... 92

Figura 46 – Mostra a area de despressurização (direita) e a cozinha (esquerda) na epoca da

inauguração do espaço de Coworking A Trampolim. Fonte: sedida pela Trampolim. .... 93

Figura 47 - Espaço referente a mesa de refeições (esquerda) e detalhe da cozinha (direita).

Fonte: tirada pelo autor. .................................................................................................. 93

Figura 48 - Vista da porta de entrada da área de Spots, aonde pode ser vista a área de

despressurização e os jardins. Fonte: Fonte: sedida pela Trampolim. ............................ 94

Figura 49 - Mapa do Google Maps; Distrido; Logomarca; Endereço. Fonte: montagem

realizada pelo autor. ......................................................................................................... 95

Figura 50 – Imagem da fachada (esquerda) e da entrada (Direita). Fonte: Tirada pelo autor 95

Figura 51 – Imagem ilustrativa dos planos oferecidos. Fonte: basado nos dados do site

Coworking Brasil, Nov. 2016. ............................................................................................ 96

Figura 52 – Imagem ilustrativa dos serviços oferecidos. Fonte: basado nos dados do site

Coworking Brasil, Nov. 2016. ............................................................................................ 96

Figura 53 - Possui a divisão de Pavimentos, setorização, ambiente e observações mais

relevantes. Fonte: Proprietária com base nas descrições e nomenclaturas da arquitetura

.......................................................................................................................................... 97

Figura 54 – Planta da setorização dos espaços. Fonte: base na visita in loco. ......................... 98

Figura 55 – Área de spots. Fonte: Foto do autor. ..................................................................... 99

Figura 56 – Área de multiuso. Fonte: Foto do autor. ............................................................... 99

Figura 57 – Área de multiuso, detalhe da biblioteca livre. Fonte: Foto do autor. ................. 100

Figura 58 - Mapa do Google Maps; Distrido; Logomarca; Endereço. Fonte: montagem

realizada pelo autor. ....................................................................................................... 101

Figura 59 - Imagem da fachada retirada do Google Street View. Fonte: Google Maps., 1 de

fevereiro 2017 ................................................................................................................ 101

Figura 60 - Imagem ilustrativa dos planos oferecidos. Fonte: basado nos dados do site

Coworking Brasil, Nov. 2016. .......................................................................................... 102

Figura 61 - Imagem ilustrativa dos serviços oferecidos. Fonte: basado nos dados do site

Coworking Brasil, Nov. 2016. .......................................................................................... 102

Figura 62 – Possui a divisão de Pavimentos, setorização, ambiente e observações mais

relevantes. Fonte: Proprietária com base na visita In Loco. .......................................... 103

Figura 63 - Planta da setorização dos espaços. Fonte: baseada na visita in loco. ................. 104

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Figura 64 –Sala de spots. Fonte: Fotos e montagem do autor. ............................................. 105

Figura 65 - Área de bancada que constitui o refeitorio e cozinha. Fonte: foto do autor. ..... 105

Figura 66 – Sala Multiuso. Fonte: Foto do autor. ................................................................... 106

Figura 67 - Área de despressurização. Fonte: fotos e montagem do autor. ......................... 106

Figura 68 – Imagem que representa os seis conceitos explicando o sentido da frase de

abertura do trabalho. Fonte: criação da frase e imagem realizados pelo autor .......... 110

Figura 69 – tabela de equivalencia de alfanumerico para binario (linguaguem analogica para

linguagem digital – ou do computador) Fonte: criado pelo autor. ................................ 111

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P á g i n a | 17

COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

INTRODUÇÃO

“Uma mente que se abre nunca mais volta ao tamanho inicial. ”

Albert Einstein

O desenvolvimento humano foi marcado por avanços e também por

retrocessos tecnológicos em todos os campos do conhecimento. No entanto, a aptidão

cognitiva do homem o fez buscar, de modo incessante, alternativas e soluções para seus

problemas valendo-se de suas potencialidades, condição que pode ser constatada no seu

comportamento e na sua capacidade de inovar. No decorrer da história essa aptidão tem

permitido a troca de informações de modo mais colaborativo. Na era Pós-Industrial (Era da

Informação), tempo abordado nesta dissertação, a habilidade humana ficou mais acentuada,

pela velocidade e fácil acesso aos meios informacionais e pela ilimitada comunicação entre

indivíduos, sobretudo, por meio da rede world wide web (www).

Nesta linha, o trabalho trata de espaços de Coworking, na cidade de São Paulo, com intuito

de analisar sua relevância e reflexos, nas mudanças das relações de trabalho da sociedade

Pós-Industrial, por intermédio desses Espaços, focando-se nos meios de infraestrutura,

serviços, conceitos e facilidade para os usuários, intitulados Coworkers. Em relação ao seu

funcionamento buscou-se enfatizar os serviços prestados e o seu grau de qualidade em

atenção a demanda, estrutura física e a setorização dos espaços internos com as principais

atividades, layouts (equipamentos e mobiliários) e o perfil dos Coworkers.

O objetivo do tema aqui apresentado é investigar um dos paradigmas de negócios da

atualidade, conhecido como Espaços de Coworking, como um dos resultados espaciais em

decorrência da transformação estrutural do homem contemporâneo e praticante do método

Home Office, com a aparição da internet, em 1991.

Ressalta-se que o Home Office não isolou o homem, como se temia inicialmente, com os

avanços nas áreas de comunicação digital e teletrabalho, pois com a nova demanda criaram-

se Espaços como o Coworking que passou a aproximar pessoas, grupos com interesses

comuns. Nesta ótica, pretende-se avaliar como esses ambientes podem contribuir nos

processos evolutivos de produção intelectual e da diversidade de serviços, diante das

inovações sociais abarcadas no início deste século.

Importante reasaltar que o conceito de Coworking, como método de trabalho colaborativo,

representa uma nova maneira de interação entre e com os indivíduos que o praticam. Assim

conviver sobre este aspecto, que possui características próprias para ser considerado um

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Lugar onde se pratica o Coworking, esta relacionado com o quanto e como as pessoas

interagem entre elas e não o simples fato de “estarem em um mesmo Espaço”. (Figura 1)

Figura 1 - Grafico que representa a diferença entre os conceitos de trabalhar sozinho, junto ou em um modelo de Coworking. Fonte: DREAM WEAVER TEAM acesso, 09 de fev 2017.

Assim, optaram-se como recorte espacial pela cidade de São Paulo que possui maior

concentração desses Coworkings no Brasil. Os dados obtidos durante a pesquisa feita com

ferramentas do Google Maps e o site da Junta Comercial do Estado de São Paulo (JUCESP)

ajudaram a elaborar um mapa da cidade com a localização das unidades encontradas por

meio de seus logradouros, constantes no capítulo 3, subtítulo 3.3.

Como comenta Manuel Castells (1996, 1999, 2013), em A galáxia da internet, e Clay Shirky

(2008, 2011) em Lá vem todo mundo, a ferramenta da internet proporciona a aproximação e

cooperação dos indivíduos conectados. Acredita-se que por meio do Coworking a conexão

entre o mundo virtual e o mundo físico trouxe a integração mais efetiva do relacionamento

entre as pessoas, ao promover a velocidade e a maturação de ideias e soluções inovadoras,

até então nunca vista na história humana.

Os espaços de Coworking trouxeram mudanças socioeconômicas e culturais, permitindo

trocas de informação por meio das grandes redes interligadas de comunicação. Trouxeram

também à luz uma amostra da tendência de nova organização social nas duas últimas

décadas, além de abrir frentes a novos estudos que se mostram necessários, principalmente

em face da propensão e adaptabilidade humana de transformação do modo de vida nas

cidades.

Para realização deste trabalho foram utilizados, como procedimentos metodológicos:

levantamento e análise de dados, pesquisa de campo e visita técnica a escritórios que em

sua maioria, situam-se em edificações corporativas já existentes, mapeamento desses

espaços por região, análise e síntese de sua localização, implantação e infraestrutura. Foram

feitas entrevistas informais com os responsáveis administrativos e/ou proprietários. Como

estudo de casos selecionaram-se três desses espaços mais próximos aos preceitos de

colaboração entre os usuários, ambientes de trabalho e despressurização, edificações e

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

funcionamento de mais de quatro anos. Entre eles salienta-se o espaço Coworking

Trampolim que foi projetado para este fim.

As pesquisas feitas na Junta Comercial de São Paulo (JUCESP) e no Google Maps com

emprego da terminologia Coworking pontuaram as unidades existentes na cidade de São

Paulo, permitindo o seu agrupamento por distritos e o recorte espacial aqui proposto.

Segundo informações obtidas no site da JUCESP, em maio de 2015, somavam-se 19

escritórios, com a identificação de seus logradouros e descrições dos tipos de negócios.

Em relação ao Google Maps, foi possível localizar 90 escritórios existentes na cidade de São

Paulo, incluindo os 19 considerados pela JUCESP. Com essas informações foram mapeadas

as unidades, usando como base o mapa político-administrativo, obtido no site da Prefeitura

de São Paulo (2015), que divide o município em cinco macros regiões, mostrando a

localização territorial e distribuição por região.

Consultaram-se periódicos, artigos, entrevistas, assim como autores que discutem as

mudanças nas relações entre as pessoas e suas características, presentes na utilização das

novas formas de comunicação, como é o caso da internet, como também fontes que

discutem o contexto mais contemporâneo da Era Pós-Industrial.

Para a construção argumentativa foram pesquisados vários autores, dos quais se destacam

Manuel Castells (1996, 1999, 2013), Clay Shirky (2008, 2011), Steven Johnson (2011, 2012) e

Alvin Toffler (2014) cujas obras foram importantes para o desenvolvimento histórico do

tema e análise das redes de comunicação, e as principais transformações causadas com a Era

da Informação. Domenico de Masi (1999, 2013, 2012, 2013) contribuiu com o

esclarecimento (das novas formas e locais de trabalho) e as possibilidades que o teletrabalho

agrega à sociedade Pós-Industrial.

O trabalho está dividido em quatro capítulos. O primeiro trata do estudo de grandes

revoluções ocorridas na história da humanidade. A Revolução Agrícola e a Revolução

Industrial são de consenso e conhecimento mais tácitos, já que seus estudos são presentes

desde o ensino fundamental. A revolução da Era da Informação e ou Pós-Industrial está no

processo de amadurecimento e é estudada por autores mais contemporâneos. A Revolução

Cognitiva é anterior a agrícola e sugere que a base da construção do homem está na sua

capacidade de observar e questionar o mundo à sua volta. Estes quatro acontecimentos são

apresentados para demonstrar os conceitos de Infoesfera de Toffler (2014), definido no

capítulo em referência, e espaços fundamentais para ter-se noção do recorte temporal e

seus desdobramentos.

O segundo capítulo refere-se ao recorte temporal deste trabalho, de 1991 a 2016, que

discute a Era da Informação, com foco nas transformações causadas desde o surgimento da

internet (1991) até atualidade, perpassando pela difusão e maior abrangência a partir da

virada do milênio. Este recorte foi importante para apreender um dos principais momentos

do tema abordado, levando-se a uma periodização, que foi dividida em três momentos: 1o

Período: Concepção da internet e a criação do espaço de Coworking (1991-2002), 2o Período:

Coworking como espaço colaborativo e de convivência (2002-2007) e 3o Período: Coworking

no Brasil e na cidade de São Paulo (2007-2016). Estes enfoques somam 25 anos, mas pode-

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

se dizer que é do presente, pois não se tem o distanciamento de tempo necessário à sua

análise mais apurada, o que implicou em grande desafio.

O terceiro capítulo apresenta o conceito de Coworking, o seu surgimento e demanda, no

âmbito internacional e nacional, destacando-se o Impact Hub, considerado o mais

apropriado para esta dissertação. Apresenta-se parte da pesquisa desenvolvida referente ao

levantamento de unidades na cidade de São Paulo, com mapas e gráficos que auxiliaram na

escolha dos espaços a serem estudados de maneira mais detalhada. No último capítulo

apresentam-se três estudos de escritórios Coworking, na cidade de São Paulo, levando-se

em conta a proximidade dos conceitos adotados. Foram dispostas plantas esquemáticas com

layout, realizados durante as visitas técnicas a esses locais, considerando-se importante a

sua apresentação para melhor compreensão do uso desses espaços.

Na conclusão foi destacada a existência e expansão de Coworking na capital metropolitana

paulista e como são os comportamentos dos Coworkers diante da proposta destes espaços,

bem como, a Era da Informação possibilitou a criação de novos modelos de negócios de

produtos e serviços. No item referência importa esclarecer que houve um número

expressivo de indicação de sites, no que se refere ao tema, registrando-se aqui a escassez de

literatura específica do assunto.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

1

1 ATÉ A ERA DA INFORMAÇÃO.

“O acaso favorece a mente conectada. ” Steven Jhonson

Estávamos em definitivo no meio da mudança de eras e mais do que

isso, uma transformação social tão grande quanto a revolução Agrícola e a revolução

Industrial se tornaram para as suas épocas ao mudarem radicalmente os parâmetros

anteriores. Entramos na era Pós-Industrial ou Era da Informação onde as pessoas se tornam

Prosumidores – consumidores e produtores – em potencial, de bens e serviços. Graças à

evolução e disseminação da internet é possível ter acesso a inúmeros dados e informações

que permitem esse novo tipo de indivíduo, conhecido como Prosumidor (Toffler 2014).

Acredita-se que a capacidade humana de comunicação é um dos principais veículos para a

evolução e crescimento da sociedade. Da criação da linguagem e desenhos rupestres à

invenção da internet, os meios e formas de trocas de informações têm sido um dos

principais motores da inovação. A revolução Pós-Industrial, diagnosticada desta forma por

Alvin Toffler (2014) como sendo a sucessora da Revolução Industrial, tem como princípio a

capacidade humana de se comunicar e trocar informações por meio de novos meios

tecnológicos mais eficazes e cada vez mais velozes, devido aos avanços na área da tecnologia

de comunicação. Esta característica permite o surgimento de uma nova postura social e

econômica baseada na troca de ideias e conhecimentos conhecido como Economia Criativa

(PORTAL SEBRAE, 2016a). Domenico de Masi (2012) comenta que o sociólogo Daniel Bell já,

em 1956, identificava essas posturas ao notar que o número de colarinhos brancos

(funcionários de empresas que trabalham principalmente com o esforço mental) pela

primeira vez na história dos Estados Unidos ultrapassava os colarinhos marrons (operários) e

isto gerava uma nova perspectiva.

O certo é que o escritório e a fábrica igualmente estão destinados a ser revolucionários nas décadas à frente. As duas revoluções do setor dos colarinhos brancos na fabricação contribuem nada menos do que um modo inteiramente novo de produção para sociedade-um passo de gigante para raça humana. Este passo traz consigo implicações indescritívelmente complexas. Ele afetará não só as coisas tais como o nível do emprego e a estrutura da indústria, mas também a distribuição do poder político e econômico, o tamanho das nossas unidades de trabalho, a divisão internacional do trabalho o papel das mulheres na economia, a natureza de trabalho e o divórcio do produtor e do consumidor; ele até mesmo alterará

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

um fato aparentemente tão simples como o "Onde” do trabalho. (TOFFLER, 2014, p.198)

Entender todos os eventos e acontecimentos que levaram à Era da Informação seria um

universo ilimitado neste momento que não caberia neste estudo. Por este motivo, este

capítulo seleciona uma linha cronológica dirigida às revoluções consideradas mais

importantes da história da humanidade, sobretudo àquelas voltadas a este tema.

É de conhecimento comum a existência de duas grandes revoluções que mudaram o modo

de vida e os costumes da humanidade de maneira estrutural. Primeiro, a Revolução Agrícola

que colocou o homem em uma posição de controle e domínio sobre os meios naturais,

passando a dominar a agricultura e pecuária. Depois, a revolução Industrial que permitiu a

sociedade desenvolver-se e (utilizar a máquina inicialmente a vapor) substituiu o esforço

físico que anteriormente estava limitado à força de homens ou animais. Para Toffler (2014),

as revoluções causaram impactos profundos nas formas de como se lidava com os aspectos

sociais, econômicos e tecnológicos constituindo a arquitetura da sociedade. Para cada um

desses aspectos, passíveis de desdobramentos deu o nome de esferas.

Cada uma destas esferas efetuava uma função chave no sistema maior, e não podia existir sem a outra. A tecnoesfera produzia e conferia riqueza; a socioesfera, com milhares de organizações inter-relacionadas, conferia papeis a indivíduos no sistema. E a infoesfera conferia as informações necessárias para fazer todo o sistema funcionar. Juntos, formavam a arquitetura da sociedade. (TOFFLER, 2014, p.48).

Assim, é possível compreender estes aspectos de várias formas diferentes, mas a abordagem

será mantida dentro da questão da comunicação e transmissão de informações entre as

pessoas. Deste modo, a linha de análise deste trabalho é a Infoesfera que vem ao encontro

diretamente aos princípios do trabalho. Outro ponto a ser considerado será o estudo de

espaço e o lugar que as revoluções criaram. Segundo Reis (2007), nota-se que os valores

para cada um dos termos indicados estão intricadamente ligados.

Segundo as definições e as origens das duas palavras, entendem-se como relação entre os dois conceitos que o lugar é o espaço ocupado, ou seja, habitado, uma vez que uma de suas definições sugere sentido de povoado, região e país. O termo habitado, de habitar, neste contexto, acrescenta à ideia de espaço um novo elemento, o homem. O espaço ganha significado e valor em razão da simples presença do homem, seja para acomodá-lo fisicamente, como o seu lar, seja para servir como palco para as suas atividades. (REIS, 2007, p.1)

Assim foram estabelecidos dois pilares estruturais que serão o fio condutor das discussões

do trabalho: Infoesfera e o Lugar (Figura 2). Sob o tema da Infoesfera abordam-se os

conceitos e dados referentes às habilidades humanas para a transmissão de conhecimento e

suas formas. Sobre o tema do Lugar indicam-se quais foram as estruturas construtivas

habitadas resultantes do processo de evolução.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Figura 2 - Construção esquemática e gráfica dos conceitos de Infoesfera e Espaço-lugar, a serem abordados no trabalho.

Fonte: Imagem do autor, Out 2016.

A revolução Agrícola e a revolução Industrial são conceitos e acontecimentos estudados

incansavelmente nas escolas desde o período pré-escolar até as universidades. Mas existem

dois novos acontecimentos que estão sendo lançados por novos pensadores

contemporâneos e ajudando a entender, de maneira muito mais significativa, a nossa

história e passagem na terra: a Era da Informação e a revolução Cognitiva.

A primeira nova revolução é extremamente contemporânea e neste período da história

(2016) o homem encontra-se em pleno processo e passando pelas transformações e as suas

consequências que foram abordadas no capítulo 2. Neste contexto, corresponde a terceira

Onda de Toffler (2014), considerada por ele era Pós-Industrial, de impactos com profundas

transformações nas nossas capacidades de comunicação e troca de informações. A segunda,

a revolução Cognitiva estudada e sugerida pelo antropólogo Yuval Harari (2015), conta com

um recorte temporal que remonta 70 mil anos atrás, com o surgimento da raça de humanos

conhecida como homo sapiens, antes da revolução Agrícola – 12 mil anos.

Há cerca de 70 mil anos, os organismos pertencentes à espécie Homo Sapiens começaram a formar estruturas ainda mais elaboradas chamadas culturas. O desenvolvimento subsequente dessas culturas humanas é denominado história. (HARARI, 2015)

A revolução Cognitiva é parte do estudo de Harari sobre como o homem veio se

desenvolvendo e criando cada vez mais conhecimento para transformar e intervir no mundo

à sua volta. Para ele, a base de análise está incorporada nos acontecimentos históricos sob a

ótica da ampliação da capacidade cognitiva e avanço das ferramentas de trabalhos

científicos. Assim, deve ser compreendido o fato desta revolução sugerida por Harari (2015)

ao transformar a natureza do pensamento e percepção que o homem começou a ter sobre

sua existência e pertencimento no mundo.

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Três importantes revoluções definiram o curso da história. A revolução Cognitiva deu início à história, há cerca de 70 mil anos. A Revolução Agrícola a acelerou, por volta de 12 mil anos atrás. A revolução cientifica que começou há apenas 500 anos, pode muito bem colocar um fim à história e dar início a algo completamente diferente. (HARARI, 2015)

15 - Estabelecem-se assim quatro momentos históricos e revolucionários ao se cruzar os

dados de ambos os autores: primeira à revolução Cognitiva; segunda a revolução Agrícola;

terceira a revolução Industrial; quarta a Era da Informação. Usando como terminologia Eras,

foi possível parametrizar em quatro Eras de transformações de profundos impactos (Figura

3).

Figura 3 – Imagem contendo o resumo dos conceitos de Harari (coluna esquerda) e Toffler (coluna do meio) e a junção das duas teorias em uma unificada (coluna da direita). Fonte: Imagem gerada pelo autor, Mar. 2016.

1.1

1.1 A ERA COGNITIVA

Quais são os lugares e relações entre os homens que puderam propiciar a Era Cognitiva são

duas das diversas construções questionadas pelo autor e antropólogo Yuval Noah Harari

(2015). Ele é o principal autor que sugere este como sendo o primeiro grande acontecimento

inovador na história da evolução humana. Deste modo, os dados apresentados e sugeridos

são embasados e retirados diretamente de seu livro Sapiens: uma breve história da

humanidade, de 2015.

Esta passagem está destinada a apresentar estes argumentos e não a confrontar diversos

antropólogos e especialistas, já que o cerne da questão é propiciar uma ampliação da

relevância de nossa capacidade cognitiva como sendo a chave para as revoluções e

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

acontecimentos subsequentes, e mostrar como estamos diretamente ligados a isso no

momento em que a Era da Informação tem como base essa nossa habilidade de forma

fundamental para seu crescimento.

Muito antes de haver história, já havia seres humanos. Animais bastante similares aos humanos modernos surgiram por volta de 2,5 milhões de anos atrás. Mas, por incontáveis gerações, eles não se destacaram da miríade de outros organismos com os quais partilhavam seu habitat. (HARARI, 2015)

1.1.1

1.1.1 Lugar primordial

Quando surge o Homo Sapiens já havia mais cinco espécies humanas pré-históricas na terra.

O que o fez reinar ou subjugar as demais foi à evolução de seu cérebro e a construção da

capacidade cognitiva. Enquanto as demais espécies se organizavam em grupos e agiam

puramente por meio de seus instintos para a sobrevivência, a Sapiens desenvolveu a

potencialidade de perceber o mundo à sua volta além de suas ações presentes, o que

permitiu intervir sobre o meio de maneira até então nunca vista por outra raça ou espécie

de animais da terra. “A coisa mais importante, a saber, acerca dos humanos pré-históricos é

que eles eram animais insignificantes, cujo impacto sobre o ambiente não era maior que o

de gorilas, vaga-lumes ou águas-vivas. ” (HARARI, 2015).

Ainda não é certo “o como” aconteceu o processo exato do desenvolvimento dessa

capacidade cognitiva, mas tem relação com a evolução das espécies de Darwin. O principal

ponto está na ocupação dos espaços e domesticação de elementos que permitiram o

controle e conhecimento de animais e do lugar onde viviam. Há 2,5 milhões de anos

surgiram os australopitecos na África Ocidental e por volta de dois milhões de anos atrás, os

que se aventuraram nas florestas nevadas da Europa, tiveram que desenvolver

características para sobreviver fazendo com que as populações humanas evoluíssem em

caminhos distintos. Hoje os cientistas atribuem nomes específicos para cada uma delas. “Os

primeiros indícios de produção de ferramentas datam de aproximadamente 2,5 milhões de

anos atrás, e a manufatura e uso de ferramentas são critérios pelos quais os arqueólogos

reconhecem humanos antigos. ” (HARARI, 2015).

Construindo o raciocínio sobre a evolução destas inúmeras espécies de humanos, Harari

(2015) comprova que a linha de tempo de evolução não é uma sequência linear de

acontecimentos que culminaram no sapiens, mas na coexistência. A produção de

ferramentas e a caça não são privilegio da nossa espécie ancestral, mas “só nos últimos 100 mil

anos – com a ascensão do Homo sapiens – esse homem saltou para o topo da cadeia alimentar”. (HARARI;

2015). Uma das chaves para a evolução é a domesticação do fogo a cerca de 800 mil anos

atras, mas somente com o Homo erectus – por volta de 300 mil anos atras – o usaram

diariamente como fonte de luz, calor e arma letal contra predadores. Isso permitiu que

nossos ancestrais pudessem usá-lo de maneira controlada e queimar grandes áreas de

bosques, cerrados intransponíveis em campos cheios de animais de caça. Esse uso fez com

que muitas raízes e animais morressem queimados no processo. O cozimento de qualquer

alimento permitiu a digestão muito mais fácil e eficiente para o organismo humano o que

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

influenciou nos nossos hábitos alimentares ao dar a possibilidade de comermos raízes que

anteriormente não conseguíamos digerir.

O homem começa a controlar e intervir no espaço à sua volta moldando-o de maneira

singular, ao conseguir transpor as condições geológicas e de vegetação. Agora tínhamos um

lugar para nos fixarmos e começar a criação de nossas culturas e histórias. Não era mais

necessário passar o dia caçando e colhendo frutos o que liberava o corpo para outras

possibilidades energéticas - devido ao processo de cozimento. Ao dominar o fogo, os

humanos ganham força obediente e ao contrário de outros animais que dependem da força

de seus músculos, tamanho dos dentes, envergadura, os humanos podiam escolher onde e

quando acender uma chama.

O homem não precisava mais se deslocar para procurar alimentos, pois ele tinha criado

condições e meios que lhe permitisse fixar-se no mesmo lugar, o que proporcionou

inicialmente criarem as pequenas aldeias. Isso mudou a forma como ocupávamos o espaço e

permitiu a evolução mais segura das gerações. Os sapiens começaram a controlar não

somente a tecnologia do fogo, mas os meios aonde habitavam.

1.1.10

1.1.2 Infoesfera primordial

Os nossos ancestrais começam a criar as histórias e cultura passadas de geração em geração

com o desenvolvimento da linguagen e escrita rudimentar, em forma de desenhos ou escrita

rupestre. Há 150 mil anos atrás os Sapiens já povoavam a África Oriental, mas foi em torno

de 70 mil anos que eles se espalharam pela península Arábica e rapidamente tomaram o

território da Eurásia, segundo os estudos de Harari.

Ao invadir outras regiões e confrontar outras espécies os Sapiens acabam subjugando-as. Há

duas teorias para isso, a da miscigenação entre as espécies se fundindo; a da substituição

que conta uma história de submissão e repudia gerando grandes confrontos até chegar à

extinção dos Neandertais.

...uma historia de incompatibilidade, repulsa e, talvez, até mesmo genocídio. Sapiens e neandertais tinham anatomias diferentes, e muito provavelmente hábitos de acasalamento e até mesmo odor corporal diferentes. Provavelmente tinham pouco interesse sexual uns pelos outros. (HARARI, 2015)

Independentemente de qualquer uma das duas teorias propostas pelos pesquisadores e

cientistas, muitos estudos no DNA entre as espécies apontaram de 1% a 4% de diferença.

Um número muito significativo para a biologia no quesito de diferenciação substantiva entre

as características entre elas, segundo Harari (2015) descreve. A possibilidade de ter havido

um embate entre as espécies de humanos é muito provável. Mas se fisicamente o Sapiens

era mais frágil o que os levou ao topo da cadeia foi a sua capacidade cognitiva e

consequentemente a construção social mais estruturada e organizada. “Os sapiens já eram

bem diferentes dos neandertais e dos denisovanos não só no código genético e em seus

traços físicos, como também sua capacidade cognitiva e habilidades sociais. ” (HARARI,

2015)

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Os primeiros objetos relacionados à arte e joalheria, além de indícios de religião e objetos

como barcos, arco e flechas e agulhas datam entre o período de 70 mil a 30 mil anos atrás,

segundo estudos de arqueólogos apresentados no livro. Se nos deparássemos com esses

humanos possivelmente seriamos capazes de trocarmos informações, historias, linguagem e

cultura.

Qual o segredo do sucesso dos sapiens? Como conseguimos nos instalar tão rapidamente em tantos habitats distantes e tão diversos em termos ecológicos? Como condenamos todas as outras espécies humanas ao esquecimento? Porque nem mesmo os neandertais, fortes, de cérebro grande e resistência ao frio, conseguiram sobreviver a nosso ataque violento? O debate continua a se alastrar. A resposta mais provável é propriamente aquilo que torna o debate possível: o Homo sapiens conquistou o mundo, acima de tudo, graças à sua linguagem única. (HARARI, 2015)

Harari, demostra que a questão que envolve comunicação entre animais de mesma espécie

não é uma condição exclusiva do sapiens. Um bom exemplo são os macacos-verdes que

usam diferentes tipos de gritos para alertar diferentes situações. Abelhas e outros insetos

possuem uma comunicação muito evoluída no que diz respeito a informar a localização de

alimentos, por exemplo. Um papagaio consegue reproduzir frases inteiras e imitar sons de

vários tipos.

Mas para os sapiens existem duas possíveis teorias. A primeira referente à quantidade

incrível e versátil que com uma serie limitada de sons e sinais podem reproduzir infinitas

combinações. A segunda se refere à evolução de nossa linguagem como meio de

partilharmos as experiências sociais através da fofoca como forma de entender e descrever

ações e características de outros indivíduos da mesma tribo. “Nossa linguagem evoluiu como

uma forma de fofoca. De acordo com essa teoria, o Homo sapiens é antes de tudo um animal

social. A cooperação social é essencial para a sobrevivência e a reprodução. ” (HARARI,

2015).

Acredita-se que independente destas duas possibilidades as integrações entre as pessoas e

senso de comunidade são as condições que promoveram a ascensão do homem na cadeia

evolutiva e consequentemente na evolução até as civilizações contemporâneas. Importante

deixar claro que a terminologia contemporânea é muito mais adequada que a moderna -

usualmente utilizada para descrever eventos mais recentes. Isso se dá porque a concepção

de moderno no que tangem as artes e a arquitetura, por exemplo, são referências de um

movimento artístico do início do século XX. Portanto ao utiliza-lo para descrever coisas mais

atuais e tratando este trabalho como sendo uma peça da área de arquitetura e urbanismo

são possíveis entendimentos temporais confusos.

1.1.10

1.2 AS TRÊS ONDAS DE ALVIN TOFFLER

Durante muito tempo, até o aparecimento da teoria da revolução Cognitiva, historiadores e

estudiosos descrevem a evolução da humanidade em dois grandes acontecimentos: a

revolução Agrícola e a revolução Industrial. Alvin Toffler é um dos precursores ao discutir,

em meados da década de 70 o conceito da nova revolução intitulada por ele como revolução

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Pós-Industrial. Outros autores como Manuel Castells, Domenico de Masi, Zygmunt Bauman,

Herbert Marcuse destacam-se como precursores de estudos e análises sobre esta nova era

que já está na fase de amadurecimento.

Toffler descreve em A Terceira Onda os três tipos de sociedade vivenciados pelos seres humanos ao longo de sua existência, baseados no conceito de “Ondas”. Cada nova Onda sobrepuja a sociedade e a cultura anteriores. A primeira Onda foi marcada pela pós-Revolução Agrícola, em detrimento das culturas primitivas de caça e coleta; a segunda, a industrial, se caracteriza por seu processo de produção em massa. E a terceira – na qual nos inserimos -, é a sociedade pós-industrial, cada vez mais informatizada e dividida em subculturas, em que os indivíduos se tornam ao mesmo tempo produtores e consumidores de bens, serviços e afins. (TOFFLER, 2014, orelha)

Portanto as três Ondas de Alvin Toffler, estão diretamente relacionadas a cada uma das

revoluções. Ao utilizar-se a terminologia Era, proposta para o desenvolvimento do trabalho,

a primeira Onda se torna a segunda Era (Era Agricola), a segunda Onda esta relacionada a

terceira Era (Era Industrial) e a terceira Onda a quarta Era (Era da Informação).

1.10.1

1.2.1 Infoesfera da 2ª e 3ª Eras.

As revoluções ao acontecerem deixam marcas profundas e cada uma delas é consequência

direta de sua antecessora. O que seria dos avanços tecnológicos em microprocessadores de

hoje se não houvesse as indústrias e máquinas. O que seria da máquina a vapor se não

usássemos a força das águas para mover moinhos.

Acredita-se que de fato ocorre a evolução entre elas. Mas tudo isso só pode ser repensado e

criado porque temos registros e histórias. O número crescente de possibilidades e lugares

que hoje podemos encontrar estas informações se tornou virtualmente ilimitado. Segundo

o astrofísico Neil Degrasse (COSMOS, 2014) a invenção da agricultura e consequentemente

ao expandirmos nossa capacidade de produção de alimentos foi um passo importante para a

evolução da escrita. Para ele o fato de termos mais do que podíamos carregar nos forçou a

criar formas de conseguir registrar as informações de maneira mais exata.

E então a cerca de 10 mil anos começou uma revolução na forma em que vivíamos. Nossos ancestrais aprenderam a moldar seu ambiente domesticando plantas e animais selvagens. Cultivando a terra e se fixando, isso mudou tudo. Pela primeira vez na história tínhamos mais coisas do que podíamos carregar. Precisávamos de uma forma de registra-las. Faltando 14 segundos para a meia noite, ou a cerca de 6 mil anos inventamos a escrita e logo em seguida começamos a registrar mais do que quantidades de grãos. A escrita nos permitiu registrar nossos pensamentos e mandá-los muito adiante no espaço e tempo. Pequenas marcas em um pedaço de tabua de argila se tronaram uma forma de driblarmos a mortalidade. Isso mudou o mundo. (COSMOS, 2014, episódio 1 à 37min)

As artes rupestres nos dão indícios de como viviam nossos ancestrais mais remotos, mas foi

a escrita que permitiu sabermos com mais exatidão os acontecimentos. Como sendo um ser

social, o homem cria símbolos e línguas que permitem a imortalidade de suas ideias e

pensamentos. Se há registros que podem ser usados e acessados por outras pessoas isso nos

dá a capacidade única de construir uma espécie animal, que diferente das demais, não

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

precisava aprender tudo do zero ao nascer. Essa é a base fundamental que nos torna únicos

já que além de aprendermos de maneira mais dinâmica somos instigados a aprimorar cada

vez mais o conhecimento e registrá-lo. Graças ao iluminismo e a criação do método

cientifico esse potencial se tornou exponencial.

Não faz nem dois segundos que, para o bem ou para o mal, as duas metades da Terra se descobriram. E foi apenas nos últimos segundos do calendário cósmico1 que começamos a usar a ciência para revelar os segredos da natureza e suas leis. O método científico é tão poderoso que em apenas 4 séculos nos levou da primeira vez que Galileu usou um telescópio para ver outro mundo até deixar nossas pegadas na lua. Ele nos permitiu olhar através do espaço e tempo. (COSMOS, 1º Episodio, 39min)

As estruturas informacionais da segunda e terceira Eras foram o desenvolvimento e

aprimoramento das técnicas e meios de escrita e linguagem. Porém na Era Agrícola foram

poucos os indivíduos que dominavam a habilidade da escrita e leitura e a grande maioria da

população se educava e baseada em contos e histórias que lhes eram apresentados. Neste

aspecto o monopólio da informação, assim como a veracidade de fatos estavam nas mãos de

uma pequena casta social, o cléro.

Sendo um dos poucos a possuírem o domínio da escrita, os padres eram os detentores e

replicantes das informações que ao longo de muitos séculos lhes deu o controle. Apenas

poucos indivíduos podiam ter acesso a esta tecnologia e foi somente no Iluminismo liderado

por esses intelectuais, que foi possível a disseminação das técnicas de escrita e leitura.

O sistema educacional atual foi desenhado, pensado e estruturado para uma época diferente. Ele foi concebido na cultura intelectual do iluminismo e na circunstancia econômica da revolução industrial. Antes da metade do século XIX não havia sistemas de educação pública, não realmente. Você era educado por jesuítas se você tivesse dinheiro, mas educação pública financiada pelos impostos, obrigatória para todos e de graça, era uma ideia revolucionaria. E muitas pessoas foram contra isso. Elas disseram que não era possível para muitas crianças de rua e da classe operaria se beneficiarem da educação pública. Elas são incapazes de apreender a ler e escrever. (ROBSON, 2010, video).

Com os avanços e possibilidades gerados pelo crescimento intelectual da revolução

Industrial começaram a surgir novas questões. Uma das principais se tratava da

especialização de assuntos devido ao grande número de informações e detalhes que esta

possibilitou. Não se julga a especialização um problema do ponto de vista do aprendizado e

enriquecimento intelectual e sim porque gerou um processo limitado e unidirecional do

raciocínio e logica. Com pessoas cada vez mais focadas em pontos específicos a sociedade se

tornou uma grande “colcha de retalhos” de pequenos clusters que possuíam muita

informação de um pequeno punhado de assuntos e afastando o homem da troca social.

O que vemos, por conseguinte, é uma série de seis princípios diretores, um “programa” que operava até um grau ou outro em todos os países da Segunda Onda. Esta meia dúzia de princípios – padronização, especialização, sincronização, concentração, maximização, e centralização - era aplicada nas alas tanto capitalista como socialistas da sociedade industrial porque brotava, inevitavelmente, da clivagem básica entre o produtor e o consumidor e o papel sempre crescente do mercado. (TOFFLER, 2014, p.72)

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A Era Agricola trouxe a linguagem e a escrita como formas de trocarmos informações e

organização social. A Era Industrial permitiu o amadurecimento e consequentemente a

criação das ciências e método cientifico que promoveu a disseminação do conhecimento

através de livros e documentos escritos que agora podiam ser passados entre as gerações

consolidando com maior precisão os dados e informações presentes nas suas Infosesfera.

1.10.10

1.2.2 O lugar - campo e cidade.

Portanto se por um lado à passagem da segunda para a terceira era proporcionou a

organização de informações assim como seu aprofundamento e popularização por outro

dividiu muito mais e setorizou o conhecimento. Isso pode ser notado nos princípios básicos

do modernismo e consequentemente no processo de urbanização das cidades do século

passado. O conceito de cidades jardim e a divisão por áreas de atuação e zoneamento

baseados na centralidade organizou de maneira cartesiana o próprio deslocamento das

pessoas durante o dia.

Tanto Le Corbusier como Ludwing Hiberseimer se interessaram pela forma do centro da cidade e desenvolveram projetos polêmicos. Na cidade de Três Milhões de Habitantes e no Plan Voisin, de Courbusier, o centro ficava reservado apenas aos negócios e sua realização a cargo da iniciativa privada, enquanto o entorno seria a esfera por excelência da ação pública. (COHEN, 2013, p.176)

O próprio sistema de trabalho e serviços culminou em uma estrutura similar ao estabelecer

ordens de comando e setorização da produção de bens e serviços. Isso possibilitou a

organização e crescimento da cultura de massa e consequentemente da própria

padronização do modo de viver das pessoas.

Criam-se os sistemas do fordismo e taylorismo com alicerce no princípio da especialização e

setorização da produção. O espaço das cidades e da vida na Era Industrial eram semelhantes

ao funcionamento de maquinas aonde cada peça se comparava a uma pessoa. A

individualidade é perdida em prol da estrutura maior. O surgimento do conceito de emprego

e do estado-nação nasce neste período o que culminou em uma aceleração econômica

nunca vista até então na história.

A civilização da Segunda Onda retalhou e organizou o mundo indiscreto as nações-estados. Precisando do dos recursos do resto do mundo, atraiu a sociedade da Primeira Onda e os restantes povos primitivos do mundo para dentro do sistema monetário. Criou o mercado globalmente integrado. Mas o violento industrialismo era mais do que um sistema econômico, político ou social. Era também um modo de vida e um modo de pensar. Produziu uma mentalidade de Segunda Onda. Esta mentalidade ergueu se hoje como obstáculo básico para criação de uma civilização praticável da Terceira Onda. (TOFFLER, 2014, p. 106)

Para as pessoas da Era Agrícola, os valores estavam enraizados em seus espaços de

convivência restritos e baseados em territórios bem mais escassos. A estrutura mental e o

entendimento do seu pertencimento não faziam parte do conceito de estado-nação

atribuído na Era Industrial. Estavam organizados em estruturas menores como numa

mixórdia de tribos, clãs, ducados, principados, reinos e outras unidades mais ou menos

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locais, segundo Toffler (2014). Por outro lado, eram donos de seus próprios espaços e

Prosumidores de seus bens e serviços.

A produção local em pequena escala na sociedade da Primeira Onda tinha criado uma raça de gente altamente provinciana a maioria da qual se preocupava exclusivamente com suas próprias vizinhanças ou aldeias. Só um minúsculo punhado - uns poucos nobres e clérigos, uma rara dispersão de negociantes e uma orla social de artistas, letrados e mercenários - tinham interesses além da aldeia. (TOFFLER, 2014, p. 91)

As unidades familiares e a cultura passada entre as gerações da segunda Era foram bem

peculiares. Grande quantidade de indivíduos pertencentes às mesmas famílias morava em

um único espaço e a transmissão do conhecimento estava nas mãos dos mais velhos para os

mais novos.

Os poetas exalavam o espírito nacional. Os historiadores descobriam heróis da literatura e Folclore a muito perdidos. Compositores compunham meninos a nacionalidade. Tudo precisamente no momento em que a industrialização se tornava nacional. (TOFFLER, 2014, p. 91)

Desta maneira acredita-se que as estruturas vigentes oriundas da segunda Era não

desaparecem por completo. De fato, o que ocorreu foi a transformação de parte da cultura

social e econômica em industrial. Assim, se repararmos o que de fato acontece hoje na

análise mais ampla da divisão dos espaços no planeta, é possível notar culturas e países que

têm as duas Eras (Agrícola e Industrial) estruturadas simultaneamente. Acredita-se que cada

revolução ou acontecimento que ocorre na história da evolução humana, nada mais é do

que uma somatória dos conhecimentos e a evolução não estão e nunca estará baseada em

subjugar ou substituir a anterior.

Enquanto não rompermos através da nebulosa retórica que envolve a questão do nacionalismo, não poderemos dar sentido aos cabeçalhos e não poderemos compreender o conflito entre as civilizações da primeira e da Segunda Onda, quando a Terceira Onda se estiver chocando contra elas. (TOFFLER, 2014, p. 90)

1.11

1.3 QUARTA ERA - A ERA DA INFORMAÇÃO.

Uma nova civilização está emergindo em nossas vidas e por toda a parte há cegos tentando suprimi-la. Esta nova civilização traz consigo novos estilos de família, modos de trabalho, amar e viver diferentes; uma nova economia; novos conflitos políticos; e, além de tudo isto, igualmente uma consciência alterada. Fragmentos desta civilização já existem. Outros, aterrados diante do futuro, estão empenhados numa fuga inútil para o passado e tentam restaurar o mundo moribundo que lhe deu o ser. (TOFFLER, 2014, p.23).

Um dos grandes pontos a se discutir na Era da Informação é que muitos estão tentando

entendê-la e desenha-la com ferramentas e princípios da Era Industrial. Isso gera a confusão

dos dados coletados já que o princípio básico desta nova era está baseado nos conceitos da

divergência e transdiciplinaridade dos conhecimentos humanos enquanto a terceira Era de

se baseou na convergência e multidisciplinaridade.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

A popularização da internet promoveu ao indivíduo a estrapolação das fronteiras territoriais

impostas pelos governos. O controle dos meios e formas de comunicação, seja por meio de

impostos ou por taxas, por exemplo, cobradas para ligação internacional deixou de ser uma

barreira para que indivíduos de países distintos pudessem trocar informações o que gerou o

processo de globalização das comunicações.

Por mais absurdas que pareçam, tais interrogações assumiram novo significado quando a Terceira Onda começar a abalar os próprios fundamentos da civilização da Segunda Onda. Pois um desses fundamentos foi, e é o estado-nação. (TOFFLER, 2014, p. 89)

O segredo desta poderosa ferramenta de busca e troca de informações e que hoje faz parte

de nosso cotidiano através de Redes Sociais, e-mails, whatsapp e inúmeras ferramentas é

baseado no simples conceito do hiperlink. O hiperlink nada mais é do que um simples

protocolo de programação onde qualquer indivíduo pode conectar uma informação

totalmente nova através de uma simples palavra ou imagem. Isso muda tudo, já que permite

a navegação – virtualmente infinita – de informações para informações, site para site e

assim por diante.

Acima de tudo isto, a desmassificação da civilização, que reflete e intensificou os meios de comunicação, traz com ela um enorme salto na quantidade de informação que todos trocamos uns com os outros. E é este aumento que explicar porque estamos nos tornando uma “sociedade de informação". (TOFFLER, 2014, p. 172)

Manuel Castells demostra que a sociedade está ocupando um papel fundamental para a

construção desta nova era propondo o conceito do capitalismo informacional. No seu livro

Sociedade em Rede (1996), que faz parte da trilogia A Era da Informação: Economia,

sociedade e cultura, demostra como os avanços tecnológicos e de pesquisas ajudaram a

reestruturar as empresas as tornando mais horizontais, e capacitando a transnacionalização

da produção, já que, a rede permitiu um processo de crescimento e desenvolvimento de um

novo tipo de trabalho: O teletrabalho ou Home Office.

1.11.1

1.3.1 O não espaço.

Para a arquitetura que trabalha diretamente com a consolidação do espaço através de

projetos físicos e construções, há uma discussão muito profunda no que ocorre assim que o

espaço da internet, que é virtual, se tornar o Lugar onde as pessoas se relacionam. Para

Ascher (2010) é necessário entender que os espaços físicos devem sofrer a ressignificação

nos novos moldes da urbanidade, pois as pessoas estão criando novos lugares para antigos

espaços. Mais do que isso, colide com a relação de público e privado permitindo e tornando

esta relação mais harmônica e quebrando os paradigmas da sociedade modernista, outrora

baseada na divisão do espaço e lugares públicos e privados.

A sociedade do hipertexto que separa os campos das práticas sociais mobiliza as TICs2 para viabilizar a pertinência simultânea aos diversos tipos de espaços: assim, o uso dos equipamentos individuais portáteis permite desenvolver atividades de natureza diversa em um mesmo lugar: trabalhar

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dentro de um transporte, telecomunicar em pleno espaço público etc. (ASCHER, 2010, p.89)

Com a consolidação da Era da Informação os Espaços e os Lugares passam a ser mutáveis, ou

seja, uma zona comercial dotada de escritórios e dividida para organizar a sociedade da

terceira Era, pode não corresponder ao Lugar que a pessoa está. Um café, aonde as pessoas

paravam para se distraírem e darem um tempo para uma atividade de trabalho, por

exemplo, hoje já pode ser o lugar de trabalho em um Espaço inicialmente pensado para o

lazer.

A rede de cafeterias Starbucks foi concebida para atender também esta demanda de

clientes. Uma das principais franquias mundiais que percebeu a importância das novas

formas de trabalhar com um simples PC (personal computer), proporciona a seus clientes a

internet gratuita, além de estabelecer espaços de convivência aptos para aqueles que

desejam criar seu micro espaço em lugar de trabalho.

Não há como negar que a Starbucks é uma empresa rara, que apesar de seu tamanho global consegue se adaptar a cada região como se fosse local. A filosofia da Starbucks prova que teorias como ontopsicologia (defende que o desapego emocional é o caminho para aumentar o desempenho profissional) são pura besteira. Se tiver uma empresa que valoriza o ser humano e a emoção, ela é a Starbucks. Como disse seu fundador: “Não

estamos no ramo de caf para servir pessoas, estamos no ramo de

pessoas para servir café”. (2009, PEQUENOGURU, Out. 2016)

Supõem-se que a construção de pertencimento do Espaço está se tornando público e

privado através da ressignificação do Lugar e do tempo que o indivíduo usa. Ao contrário do

que os preceitos da terceira Era tentaram engendrar nas ideias para a quarta Era, a colisão

de Espaço-Lugar-Tempo promoveu a sociedade contemporânea à oportunidade e

esclarecimento do seu habitat no mundo. A internet não promoveu a individualização e

isolamento social, mas indicou que o verdadeiro Espaço de atuação e convivência está em

uma escala global de ações e relações que permite a existência de vários Lugares em Tempos

diferentes. “Continuamos a desperdiçar tanto tempo e energia como os que eram

necessários antes da invenção das maquinas; nisto fomos idiotas, mas não há motivo para

que continuemos a ser”. Bertrand Russel “ (DE MASI, 2012) ”.

O que a Era da Informação esta trazendo para a sociedade contemporânea é a convergência

dos Espaços e a transdiciplinaridade dos Lugares, ou seja, um mesmo Espaço físico pode

servir e ser ressignificado como Lugares diferentes dependendo da ação do individuo que o

habita. Não estamos mais construindo Espaços para criar Lugares específicos, como fez a Era

Industrial, mas criamos Lugares específicos em quaisquer Espaços.

1.11.10

1.3.2 A Infoesfera da Era da informação

O que a internet está causando nas pessoas é uma discussão que faz parte dos dias atuais. A

velocidade com que obtemos dados e conteúdo estão apenas a um click de velocidade. Mas

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julga-se que a grande discussão está na qualidade efetiva que tornamos estes em

informações relevantes e cabíveis para as convertê-las em conhecimento.

Dos conceitos de Infoesfera discutido até o momento nas três Eras anteriores é possível

distinguir os meios de transmissão, como livros, revistas, televisão e diversos outros canais e

seus conteúdos. A internet promoveu a existência de todos eles em um único Espaço. Hoje é

possível ter todas estas mídias dentro dela tornando a rede uma infinidade de possíveis

Lugares.

Henry Jenkins (2008), afirma que a capacidade cada vez maior das convergências das

diversas mídias está promovendo o enriquecimento e proliferação do conhecimento e o

aprofundamento de informações complementares. Este fato ajuda a tornas as relações,

assim como as histórias muito mais complexas e dinâmicas.

Por convergência, refiro-me ao fluxo de conteúdos através de múltiplas plataformas de mídia, a cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca de experiências de entretenimento que desejam. (JENKINS, 2008, p.29)

A internet não é simplesmente mais uma tecnologia de informação criada pelo homem, mas

a expressão máxima de sua capacidade participativa e curiosidade. Ela permitiu a criação de

indivíduos que possuem voz e expressão de maneira nunca vista na historia transformando

pessoas em agentes de transformação e pensamentos livres. Schimidt e Cohen (2013)

acreditam que esta possibilitou um estado de anarquia no que tange a troca de conteúdos e

expressões sem um controle centralizado.

A internet é o maior experimento da historia envolvendo anarquia. A cada minuto, centenas de milhões de pessoas criam e consomem uma incalculável soma de conteúdo digital em um universo on-line que não é limitado pelas leis terrestres. Essa nova capacidade de livre expressão e movimento de informação gerou a rica paisagem virtual que conhecemos hoje. (SCHMIDT e COHEN, 2013).

A capacidade que a internet trás para o novo mercado consumidor promove interação e

troca entre as pessoas e canais midiáticos ao permitir um canal aberto de comunicação

entre as partes. Shirky (2012) entende este fato como sendo um enriquecimento do que os

seres humanos podem fazer com seus tempos livres, e permite o crescimento pessoal

mesmo em momentos supostamente livres.

...populações jovens com acesso a mídia rápida e interativa afastam-se da mídia que pressupõe puro consumo. Mesmo quando assistem vídeos on-line, aparentemente uma mera variação da TV, eles têm oportunidade de comentar o material, compartilha-lo com os amigos, rotulá-lo, avaliá-lo ou classificá-lo e, é claro, discutí-lo com outros espectadores em todo o mundo. (SHIRKY, 2012)

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1.100

1.4 O CHOQUE DAS ERAS

Foi criada uma linha do tempo que demostra de maneira macro os principais

acontecimentos e revoluções ocorridas e identificadas na história da humanidade. Em todas

as etapas demarcadas como revolucionarias os avanços nas áreas social, tecnológica e de

comunicação, segundo Toffler, foram à chave para as transformações mais significativas no

que tange a reestruturação de uma nova Era o que ele denominou como Onda. Foi somente

com os conceitos estruturados por Harari (2015) que pudemos estabelecer mais um e

fundamental ponto de contato de nossa civilização contemporânea com os ancestrais mais

antigos. A Era Cognitiva mudou o jeito como o homem se portaria em relação à construção

de suas esferas.

Portanto ao se chocarem as informações coletadas entre estes dois autores e usar como

base Era como nomenclatura, estabelecemos a concretização de que nos encontramos na

quarta Era: Era da Informação. (Figura 4)

Julga-se de extrema importância à construção argumentativa e posteriormente

transformada em gráfica devido estarmos vivendo uma Era revolucionaria de impacto e

magnitude semelhante as demais – Era Cognitiva, Era Agrícola e Era Industrial. Os

acontecimentos que a Era da Informação gera mudam a ótica e o jeito que devemos

observar os acontecimentos presentes e como irão se portar daqui para frente.

Este modo de construção gráfica permitiu identificar de maneira mais sinestésica a

observação e mudanças das revoluções. Importante notar que muitos dos assuntos e

propostas presentes demostram a transformação do modelo de trabalho, Espaço de convívio

e Infoesfera.

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Figura 4- Linha do tempo com as principais datas dos acontecimentos das revoluções da humanidade.

Fonte: Infográfico criado pelo autor, Nov. 2015

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10

2 A REDE DE TODOS OS LUGARES

“Estamos em um mesmo lugar em vários tempos diferentes. ”

Com a discussão apresentada no capitulo um foi possível entender

de maneira mais clara quando se dá a entrada da Era da Informação. Tratando-se de um

trabalho investigativo da importância destes Lugares de Coworking, entendendo e

questionando o porquê de sua existência e aparecimento, não foi possível compreender de

maneira mais significativa apenas olhando com a ótica da Era Industrial. Os tempos, formas e

modelos sociais se transformaram e foi fundamental a criação e estudo deste período para

entender mais claramente a presença dos Coworkings.

Com as investigações sobre o que os autores Alvin Toffler, Domenico de Masi, Herbet

Marcuse, Manuel Castells, entre outros, estavam argumentando a respeito desta nova Era,

foi possível encaixar no Tempo-Espaço da história e deste modo discutir com maiores bases

argumentativas para responder à questão da presença e importância do Coworking, assim

como o que eles representam para o futuro das cidades e sociedade. Deste modo adotou-se

como recorte temporal, de 1991 a 2016, dividindo-se em três períodos (Figura 5), pelos

motivos apresentados a seguir:

1 o Período: Concepção da internet e a criação do espaço de Coworking (1991-2002):

Inicia-se com o surgimento da internet, em 9 de agosto de 1991 (TECNOMUNDO,

2015), que revolucionou os meios informacionais e de comunicação em todos os

setores. Destaca-se neste tempo o crescimento de integrações de sistemas como o

Napster, Google, Amazon, itunes e a aquisição de equipamentos como

computadores. A popularização da internet e a transformação de consumidores em

produtores potenciais trouxeram inovação do habitat e da mobilidade urbana,

especialmente nos grandes centros, como é o caso da metrópole paulistana.

Neste período, inclui-se a criação do conceito de Coworking e a concepção de seu

primeiro espaço físico adaptado para este fim. O termo Coworking é proposto pela

primeira vez, em 1999, por Bernie De Koven (Deepfun, 2016), game designer, teórico

e escritor, que anteviu a necessidade de criar ambientes, para que as pessoas

pudessem trabalhar juntas, e, assim, alcançar resultados mais eficazes.

O espaço físico do Coworking foi instituído no final deste tempo pelo grupo intitulado

9 to 5 group, em 2002, nos Estados Unidos, na Califórnia, com sua instalação em um

apartamento residencial, que foi adaptado para o uso interativo de equipamentos

informacionais, como computador e de seu domínio (DESKMAG, 2016).

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2o Período: Coworking como espaço colaborativo e de convivência (2002-2007):

Marca-se com a materialização do Espaço físico de Coworking e o início de sua

expansão. Esse novo ambiente colaborativo e de convivência teve sua promoção

advinda da internet, que trouxe a difusão de modo veloz da informação e

comunicação. Beneficiaram-se, inicialmente, dessa novidade tecnológica um número

pouco expressivo de empresas e pessoas, e com o tempo, em função de seus custos

mais reduzidos, a aquisição de computadores foram se tornando mais acessível.

Em 2005, na Inglaterra, criou-se o Impact Hub, espaços de convivência, com a

proposta de criar ambientes atrativos e aprazíveis dotados de infraestrutura

(mobiliários e equipamentos), com vista à integração e a permanência de pessoas,

oferta de serviços, para suas atividades profissionais. No ano de 2007, munido de

mesmo conceito, implantou-se o Impact Hub, o primeiro Coworking no Brasil, na

cidade de São Paulo, à Rua Bela Cintra, na região central, sendo o segundo escritório

deste tipo no contexto internacional. (IMPACTHUB, 2016).

3o Período: Coworking no Brasil e na cidade de São Paulo (2007-2016): Salienta-se a

implantação do Coworking na capital paulista, que deixa de ser o principal polo

industrial, com a evasão de suas indústrias para o seu interior ou outros estados e do

ponto de vista econômico, passou a destacar-se no setor de serviços.

Neste período, o uso de espaços Coworking foi se tornando mais dinâmicos, abrindo

um grande leque de possibilidades, ao reunir pessoas com interesses comuns e de

várias áreas do conhecimento, indo além da prestação de serviços. Condição que, de

certa forma, foi antevista por DeKoven, criador deste método de uso do espaço.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Figura 5 - Linha do tempo contendo os três períodos em estudos. Fonte: elaborado pelo autor, Ago. 2016

Cabe salientar que, nestes três períodos que se delineou, além dos escritórios Coworking

aqui eleitos, existem outros tipos de locais com características similares fundados no âmbito

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

nacional e internacional. Porém, selecionaram-se quatro tipos considerados significativos,

em face da proporção que esses espaços colaborativos alcançaram em diversos países.

Assunto que será tratado nos capítulos 3 e 4.

O objetivo deste capítulo é explorar a inevitabilidade das mudanças estruturais que a

internet promove na sociedade contemporânea com o viés da Infoesfera e dos Lugares.

Muitos temas estão sendo abordados por diversos autores como Manuel Castells, Clay Shirk,

Steven Johnson, Henry Jenkins entre outros que envolvem desde a constituição da nova

sociedade ao impacto na economia mundial. O capítulo discute o conceito dos Espaços e

Lugares que estão surgindo, qual a sua importância e como a Infoesfera da internet se torna

a base para o aparecimento do Coworking.

Acredita-se que o mais importante com relação a eles está no fato de que são espaços

destinados para que pessoas e empresas trabalhem sem a necessidade de estarem em suas

casas ou em instalações comerciais empresariais. Mas como veremos mais à afrente o

Espaço do Coworking podem ser compreendidos e melhor definidos como sendo Lugares de

Coworking já que são as ações e posturas dos usuários – Coworkers - que definem a pratica

deste novo modelo de trabalhar.

10.1

2.1 REESTABELECENDO UM NOVO STATUS QUO.

Status quo é a terminologia que designa estado dos fatos, das situações e das coisas,

independente do momento histórico ou acontecimento. Ele representa as condições pelas

quais as relações e estruturas funcionam e acabam estabelecendo, desta maneira,

parâmetros. A passagem da segunda para a terceira Era – Agrícola para Industrial –

reestabeleceu novos parâmetros.

Na terceira Era – revolução Industrial -, Toffler (2014) identifica e classifica seis índices que

constituíram a sua estrutura base ou status quo: padronização, especialização,

sincronização, concentração, maximização e centralização. Acredita-se que toda a civilização

está baseada em princípios que norteiam a relação e construção das culturas em cada uma

das Eras. Este código permite um entendimento e amadurecimento mais efetivo de como se

constituíram.

O que vemos, por conseguinte, é uma série de seis princípios diretores, um “programa” que eu operava até um grau ou outro em todos os países da Segunda Onda. Esta meia dúzia de princípios... Era aplicada nas alas tanto capitalista como socialistas da sociedade industrial porque brotava inevitavelmente da clivagem básica entre o produtor e o consumidor e o papel sempre crescente do mercado. (TOFFLER, 2014, p. 72)

Segundo Steven Johnson (2011) a capacidade cada vez mais eficiente de nos comunicarmos

com o surgimento da internet está possibilitando respostas mais eficientes e assertivas em

um prazo curto de tempo. Em seu discurso procura identificar Espaços que promoveram

esses encontros potencializando, desta forma, o choque de diversas ideias com resultados

que geraram a inovação; “Quais são os espaços que fizeram história ao gerar níveis

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

extraordinários de criatividade e inovação? ” (Johnson, 2011). Encontrando esta relação ao

investigar o papel dos cafés durante o Iluminismo e os salões parisienses no modernismo é

que Johnson consegue mostrar a importância de Espaços que aglutinam mais pessoas e

consequentemente a interação e solução de ideias em conjunto.

Por uma questão associada à Infoesfera e à capacidade de nos comunicarmos de maneira

instantânea, Clay Shirky (2012) investiga este processo sobre várias óticas. A mais

importante diz respeito a como estamos nos organizando de maneira eficiente e dinâmica

fora dos moldes tradicionais sugeridos pela revolução industrial. Desta maneira não há a

obrigação de se reunir e combinar uma reunião para discutir o que será feito. De fato, agora

as pessoas usam os Espaços das redes sociais através da internet para determinar suas ações

e desdobramentos e aí sim se encontram com as propostas bem mais definidas e prontas

para agirem.

Estamos vivendo no meio do maior aumento da capacidade expressiva na história da raça humana. Mais pessoas podem comunicar mais coisas para mais pessoas do que jamais foi possível no passado, e o tamanho e a velocidade desse aumento, que foi de menos de 1 milhão para mais de 1 bilhão de participantes no decorrer de uma geração, fazem da mudança algo sem precedentes, mesmo considerada contra o pano de fundo de revoluções anteriores nas ferramentas de comunicação. (SHIRKY, 2012, p. 92)

Domenico de Masi (2012) identifica o aparecimento e crescimento cada vez mais efetivo do

teletrabalho– no contexto contemporâneo também conhecido como Home Office– que se

estrutura na capacidade de novos tipos de empregos e serviços que podem ser exercidos de

qualquer lugar do planeta com a utilização de um PC (Personal Computer) conectado à

internet. Este processo está mudando radicalmente a forma como entendemos o conceito

de trabalho e principalmente a dissociação de um espaço físico corporativo para que o

mesmo ocorra.

É importante refletir hoje sobre tudo isso, pois estamos às vésperas de uma revolução nova e, igualmente, drástica: a da reorganização informática, graças ao teletrabalho e ao comércio eletrônico, que trarão de volta o trabalho para dentro dos lares e, assim, nos obrigarão a rever toda a organização pratica da nossa existência (DE MASI, 2012).

Se por um lado é possível identificar que estas características trazem mudanças nos

comportamentos do trabalho e de velocidade informacional, por outro a arquitetura, discute

o papel do urbanismo e consequentemente das cidades. Para François Ascher (2010) a

forma que as cidades se moldaram, são resultados das diversas dinâmicas das pessoas que

vivem nelas. Deste modo o futuro reservado à nova Gestalt do Espaço urbano está

relacionado diretamente ao modo como iremos nos comportar.

A dinâmica da urbanização está ligada ao potencial de interações oferecido pelas cidades, à sua “urbanidade”, ou seja, à potência multiforme que gera o reagrupamento de uma grande quantidade de pessoas em um mesmo lugar. (ASCHER, 2010, p.19)

O que a Era da Informação está fazendo com estes princípios é atacando seus fundamentos

básicos e remodelando de maneira a adaptar às suas novas condições. Uma das principais

características da Era Industrial está na centralização do poder em uma figura forte e que

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

gere a linha de comando. Este princípio está sendo desmoronado com a construção desta

Infoesfera baseada na rede de informações da internet.

Novas maneiras de organizar segundo linhas menos hierárquicas e mais ad-hocráticas estão surgindo nas indústrias avançadas. Pressões para intensificar a descentralização do poder. E os gerentes tornam-se cada vez mais dependentes da informação de baixo. As próprias elites, por conseguinte, estão se tornando menos permanentes e seguras. (TOFFLER, 2014, p. 79)

O processo que estamos passando ao adentrar na Era da Informação está transformando os

alicerces da sociedade. A Infoesfera e a estrutura Espacial têm se tornado um assunto

constante de debates. Se por uma ótica as tecnologias estão permitindo o livre acesso de

informações com a popularização da internet e o barateamento dos smart gadges3 por outro

os Espaços presentes nas cidades, por exemplo, também sofrem com a falta de identidade

única devido à pluralidade de Lugares que ele pode se transformar.

Então, quais seriam os conceitos mais relevantes que poderiam representar a Era da

Informação? Os levantamentos destes diversos materiais e autores que a discutem

culminaram na identificação de conceitos e terminologias que são constantemente

utilizados. Propõe-se que existam seis conceitos que explicam as transformações da Era da

Informação - Desmassificação, Globalização, Centralidades, Transdiciplinaridade, Ecologia e

Redes. Estes foram baseados no processo de estudo e investigação encontrados ao decorrer

do trabalho, ou seja, foram temas discutidos e apresentados pelos autores estudados para

esta dissertação. Os itens têm como objetivo esclarecer e trazer a luz uma pequena parte do

que ocorre na transformação social.

10.1.1

2.1.1 Desmassificação

A desmassificação dos meios de comunicação e produção já é um assunto ao longe estudado

e que veio ganhando força nas últimas décadas. Para Toffler (2014) um dos primeiros

indícios destes acontecimentos se deu com a invenção do teste de gravidez, por exemplo.

Com ele não era mais necessário um médico especialista para exercer esta função. Bastava

comprar o teste na farmácia e fazer em casa. Para ele isso libertou o indivíduo da

dependência e começou a transformá-lo novamente em Prosumidores. Isso pode ser

notado, também, na década de 70 com o aparecimento de vários jornais semanários e

quinzenários com cada vez mais assuntos específicos nos EUA.

E tais perdas não foram devidas apenas ao aumento da televisão. Cada um destes diários de circulação em massa enfrenta agora crescente competição de um nascente bando de seminários e quinzenários de minicirculação e dos chamados “shoppers” que servem não só o mercado de massa metropolitano, mas também bairros e comunidades específicos dentro dele, proporcionando publicidade e notícias mais localizadas. (TOFFLER, 2014, p.165)

Ao contrário do que possa sugerir a Desmassificação não significa que os meios e canais de

massa estão desaparecendo, pelo contrário. A questão é que o conteúdo presente nestes

meios começa a sofrer transformações e ganhar públicos mais específicos. Isso faz com que

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a imagem mental e referencias antes vindas por uma única via de informação agora pode

surgir de diversas frentes. Em uma questão mais efetiva isso representa o crescimento do

poder de comunicação do indivíduo, e acaba sendo um primeiro indicio de que a informação

partia de inúmeras fontes. As estruturas que outrora dominaram os meios de comunicação

em massa e desta maneira ditavam o que era ou não dito, começou a dividir seus meios com

uma diversidade muito maior de fontes de informação.

Através da era da Segunda Onda os meios de comunicação de massa foram-se tornando cada vez mais poderosos. Hoje ocorre uma mudança surpreendente. Enquanto a Terceira Onda se aproxima troando, os meios de comunicação de massa, longe de expandirem sua influência, são subitamente forçados a dividí-la. São repelidos em muitas frentes ao mesmo tempo pelo que eu chamo “os meios de comunicação de massa desmassificados”. (TOFFLER, 2014, p. 164)

Para Shirky (2012) o poder do indivíduo na coletividade das redes através da internet está

dando uma capacidade organizacional sem a necessidade de organizações para nortear as

ações. Este acaba se tornando um processo natural e orgânico. Um simples acontecimento

pode desencadear uma sequência de ações que permite a resolução de um problema e ou

questão sem o uso da burocracia administrativa criada na sociedade Industrial. O indivíduo

ganha ação e poder, mas é a reação da coletividade que permite o desenrolar dos

acontecimentos.

Nossas ferramentas sociais removem obstáculos mais antigos à expressão publica, eliminando assim os gargalos que caracterizavam os meios de comunicação de massa. O resultado é a amadorização em massa de esforços antes reservados a profissionais da mídia. (SHIRKY, 2012, p.51)

Os avanços tecnológicos e de comunicação permitiram a indivíduos ordinários participações

cada vez mais relevantes no mercado não só como consumidores, mas como agentes de

comunicação de informações. Um bom exemplo é o canal de Youtube Nerdologia idealizado

e estruturado pelo biólogo Atila. Semanalmente ele cria um vídeo de aproximadamente

cinco minutos com um tema de curiosidades em diversas modalidades, como biologia,

cultura, tecnologia com o viés cientifico e acadêmico.

10.1.10

2.1.2 Globalização

Um mudo globalizado não representa somente que podemos nos comunicar de maneira

mais eficiente com outras partes do globo. O conceito é bem maior que isso. Este princípio é

em detrimento do crescimento de uma nova consciência de pertencimento ao todo e

permite que ações possam ser tomadas e estruturadas sem as amarras das estruturas de

estado-nação, impostas pelas estratégias econômicas e políticas da Era Industrial.

Se a mão-de-obra é o fator decisivo da produção na economia informacional, e se a produção e distribuição são cada vez mais organizadas globalmente, parece que devemos testemunhar um processo paralelo de globalização da mão-de-obra. (CASTELLS, 2013, p.170)

Tornar-se global está relacionado a pertencer à coletividade de maneira participativa. Os

movimentos sociais, por exemplo - conhecidos também por Movimentos Insurgentes - se

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

posicionam e surgem de uma ação coletiva consciente sobre os acontecimentos do mundo e

são capazes de juntar e unir pessoas a fazerem ações particulares em espaços públicos. Hoje

pessoas de diferentes nações e países, se unem em prol de causas bem mais complexas, no

que tange a incrível contingência de pessoas engajadas. Nota-se que o valor da ideia e a

causa para a qual se luta é maior do que as bordas impostas pelo estado-nação. “Os

movimentos espalham-se por contágio num mundo ligado pela internet sem fio e

caracterizado pela difusão rápida, viral, de imagens e ideias. ” (CASTELLS, 2013).

Outro movimento muito importante está ocorrendo a despeito do conceito de wiki. Este

prefixo é relacionado a um sistema criado em 1994 por Howard G. "Ward" Cunningham que

permite com que qualquer usuário com um navegador padrão de web (Chrome, Explore,

Safari, etc.) pode editar e colaborar em uma página colocando conteúdo sem a necessidade

de se cadastrar para isso. Desta forma criou-se um sistema que gera o conteúdo através da

participação coletiva. É exatamente desta maneira que funciona o Wikipedia.

Uma Web Wiki permite que os documentos sejam editados coletivamente com uma linguagem de marcação muito simples e eficaz, por meio da utilização de um navegador web. Dado que a grande maioria dos Wikis é baseada na web, o termo wiki é normalmente suficiente. Uma única página em um wiki é referida como uma "única página", enquanto o conjunto total de páginas, que estão altamente interligadas, chama-se 'a wiki'. (WIKI, ago., 2016)

Este termo ganhou força o que fez com que todos os meios que usassem a ideia de

colaboração de vários agentes ganhassem o prefixo wiki. O termo Wikinomics, por exemplo,

sugerido por Don Tapscott e Anthony D. Willians (2006) discute o conceito de uma nova

modalidade mundial econômica que é baseada na colaboração de inúmeros agentes de

diversas partes do globo que trabalham de forma a colaborarem e discutirem e até mesmo

planejarem ações com a participação coletiva e constante, mesmo com profissionais que,

por exemplo, não são da área de atuação de uma empresa, ou seja, podem trabalhar em

empresas diferentes.

10.1.11

2.1.3 Centralidades

As discussões que permeiam os conceitos de Espaços e Lugares dentro do universo da

arquitetura é um ponto nefrálgico. Independente disso - como já discutido anteriormente –

entende-se o Espaço como a estrutura que quando habitada por pessoas se torna um Lugar

com tempo-espaço.

As transformações decorrentes desta Era da Informação estão modificando e abalando as

solidas convicções estabelecidas pelo modernismo. Se a especialização da Era industrial

modificou a estrutura das cidades as dividindo em zonas de atividades – Zona residencial,

comercial, industrial, etc. - as consequências da contemporaneidade refletem uma nova

forma de viver.

De fato, as impressões que as pessoas têm sobre a cidade ou um lugar vão além da percepção visual e física, pois a cidade como espaço constituído, ocupado, agregador de histórias e vivências, oferece uma infinidade de sensações ao observador mais capcioso. Os sentimentos, os sabores, as

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

memórias, os odores, as texturas, as cores, as formas, os marcos, as luzes e as sombras, a fauna e flora, os dramas cotidianos individuais e coletivos, a cultura, os fatos e a história, entre outros elementos que compõe a paisagem e a vida urbana, afetam e interagem distintamente com cada pessoa, conforme seus referenciais, vivências ou formação cultural, como também proporciona percepções distintas enquanto coletividade. (SILVA, nov. 2016)

Dentro das discussões propostas no artigo referência o autor reflete sobre as estruturas das

cidades e como elas estão se comportando perante sua distribuição para atender as novas

demandas contemporâneas de deslocamento e urbanidade. Os dois conceitos que são

confrontados dizem respeito às cidades compactas e cidades difusas, segundo Rhueda.

Ambos discutem o funcionamento e estrutura das novas formas de se mover e habitar os

concentrados urbanos e estudam os impactos no sistema integrado.

As cidades dispersas acabam gerando uma necessidade e condição do habitar o espaço de

maneira menos eficiente, pois requer grandes deslocamentos para os polos mais afastados –

periferia – ao promover um centro como sendo a base referencial econômica.

As conexões no sistema urbano das cidades difusas se realizam através das redes viárias, as quais promovem a dispersão urbana, pois se transformam em um verdadeiro estruturador do território. O produto desse formato urbano é um espaço segregado que separa socialmente a população no território disperso. Esta imposição de transporte e locomoção em grandes distâncias implica em inúmeros transtornos: congestionamentos, emissão de gases, ruídos, acidentes e aumento do tempo no transporte de pessoas, serviços, materiais e mercadorias. As soluções para a crescente demanda urbana consistem no aumento do sistema viário, agravando com isto a dispersão territorial e o consumo de energia. (SILVA, nov. 2016)

Por outro lado, as cidades compactas, promovem um enriquecimento das várias áreas da

cidade já que geram pequenos polos centrais – nodais – em regiões periféricas. Além de

ajudar no desenvolvimento da periferia das cidades melhora as condições de locomoção e

qualidade de vida aos habitantes. Entende-se qualidade de vida no meio urbano como

formas pelas quais os indivíduos conseguem realizar e ou resolver todas – ou grande parte –

de suas necessidades sem grandes deslocamentos.

O modelo de cidade compacta oferece uma forma estrutural de utilização do subsolo urbano, facilita a ordenação pela proximidade e pela sua maior regularidade formal. O transporte público pode ser mais racional e eficiente, reduz o número de carros e libera o tráfego das ruas. Este modelo melhora a paisagem urbana e o espaço público e, ao mesmo tempo não causa tantos impactos como os observados nas cidades difusas. (SILVA, out. 2016)

Para Caio Vassão (2016), os modos pelos quais estruturamos as cidades de outrora, não

conseguem atender as demandas do habitar o Lugar da cidade. Quando construídas elas

possuíam um centro referencial e ainda lutamos para tentar manter esta relação, mas de

fato, ao se observar sobre a ótica e acontecimentos contemporâneos nota-se que o

organismo vivo das pessoas nas cidades promove a criação de vários pontos nodais (Figura

6). A esta dinâmica de acontecimentos e fluidez de eventos ele dá o nome de “cidade

distribuída”.

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A cidade distribuída é a cidade em rede, que opera segundo a dinâmica de um “sistema distribuído”, que não possui centralidades constantes ou predefinido, e se distingue do "sistema centralizado”, que é dominado por uma centralidade fixa. As diferenças entre os dois tipos de sistema são gritantes: enquanto o distribuído é flexível, adaptável, resiliente, democrático, fácil de compreender, o centralizado é rígido, moroso, frágil, ditatorial, difícil de compreender. (VASSÃO, 2016, p. 86)

Figura 6 – Esquema de distribuição de informações desenhado por Paul Bahan. Fonte: BARAN, 2012

10.1.100

2.1.4 Transdiciplinaridade

Existem conceitos usados para descrever as relações e conexões entre as várias áreas de

estudos e pesquisa presentes nas especializações oriundas da era industrial. A mais utilizada

é a interdisciplinaridade, ou seja, o estudo de várias disciplinas em um único Espaço, por

exemplo, como é o caso de instituições de ensino onde as grades são estruturadas desta

maneira. Os alunos têm aulas de matemática, história geografia e inúmeras outras. O ponto

é que isso promove um conhecimento muito setorizado e a relação entre as áreas só é

possível de maneira subjetiva.

Eu acredito que nós temos um sistema educacional moldado nos interesses da industrialização e na sua imagem. Eu vou dar alguns exemplos. Escolas ainda são organizadas como fabricas com sinais tocando, diferentes instalações especializadas em diferentes materiais. Ainda educamos nossas crianças por grupos e as colocamos em um sistema por faixa etária. Porque fazemos isso? Porque essa suposição que a coisa mais importante que as

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

crianças têm em comum é a idade, é quase como se a coisa mais importante sobre elas fosse a sua data de fabricação. (ROBSON, ago., 2016, vídeo)

O processo de crescimento social e potencialização da Infoesfera estão exigindo um

replanejamento de nossas formas de lidar com as áreas de conhecimento. Surge o conceito

de transdiciplinaridade que promove, de fato, o entendimento muito mais tácito do nosso

modelo mental, já que propõe, em essência, que há um cruzamento e intersecção entre as

áreas de conhecimento em cada abóboda de nossas vidas. O processo de um projeto, por

exemplo, envolve muitas pessoas com diferentes conhecimentos em função de um único

produto a ser entregue e os melhores resultados são obtidos quando as equipes conseguem

transcender as barreiras de suas áreas de atuação e enxergar o que de fato está envolvida

no projeto. Assim o que ocorre é que quando um engenheiro precisa entender o que um

arquiteto pretende com sua obra ele é mais capaz de responder a soluções mais adequadas.

Isso ocorre em parte porque as boas ideias surgem da colisão entre dois palpites menores e que formam, portanto, algo maior do que eles próprios. É comum observar na história da inovação casos de alguém que tem a metade de uma ideia. A grande história da invenção da internet e Tim Bernes Lee ele trabalhou dez anos nesse projeto, mas no início ele não tinha uma visão do meio que acabaria inventando. (JHONSON, 2012, vídeo)

Em 1994 aconteceu em Portugal no Convento de Arrábida o Primeiro congresso Mundial de

Transdiciplinaridade com o intuito de entender suas diretrizes e criar o documento de

normas e regras sobre o assunto. A Carta da Transdiciplinaridade foi redigida e organizada

por Lima de Freitas, Edgar Morin e Basarab Nicolescu sobre a forma de um contrato com 14

artigos e condições que permitissem o melhor entendimento deste assunto. O mais

relevante é entender que toda a discussão gerou um inicio, documentado da quebra de

paradigmas sobre as questões referentes à rigidez acadêmica.

Artigo quatro: A pedra angular da transdiciplinaridade reside na unificação semântica e operativa das acepções através e além das disciplinas. Ela pressupõe uma racionalidade aberta, mediante um novo olhar sobre a relatividade das noções de definição e de objetividade. O formalismo excessivo, a rigidez das definições e o exagero da objetividade, incluindo-se a exclusão do sujeito, conduzem ao empobrecimento. (MORIN, artigo quatro, acesso 01 de fev de 2017).

10.1.101

2.1.5 Ecologia

Existe um pré-conceito montado sobre a palavra ecologia que acaba nos induzindo a pensar

somente em estruturas verdes e natureza. Porém um dos significados da palavra fala sobre o

estudo dos ambientes dos seres vivos. Deste modo o meio ambiente está relacionado ao

Espaço aonde os seres humanos vivem e como eles possibilitam a criação de seus Lugares.

A percepção que a globalização trouxe para o homem da Era da Informação foi fundamental

para que a ideia de ecologia se estabelecesse. Hoje percebe-se que o discurso mais

adequado se relaciona a presença do homem no mundo e pertencente a um grande sistema

interligado. Stuart Hall (2007) o definiu como sujeito pós-moderno onde a estrutura social

está mais ligada ao Lugar onde vive e deste modo se transformando quando necessário. Isso

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

permite o uso de sua capacidade cognitiva elevada ao se adaptar em diferentes Lugares,

transformando-o novamente em um nômade.

Esse processo produz o sujeito pós-moderno, contextualizado como não tendo uma identidade fixa, essencial ou permanente. A identidade torna-se uma “celebração móvel”: formada e transformada continuamente em relação às formas pelas quais somos representados ou interpretados nos sistemas culturais que nos rodeiam. (HALL, 2007, p.13)

Aparece neste momento o conceito de Nômades Digitais, que está vinculada a um estilo de

vida com cada vez mais adeptos. Esses andarilhos perceberam que no momento em que

pertencem a um sistema maior, sua busca está referida à incrível adaptação do homem nos

lugares. O homem da Era da Informação busca o enriquecimento cultural onde os preceitos

da geração baby boomers, que buscava o sucesso através das conquistas de posses, não é

mais o pré-requisito da geração atual, os Milleniuns.

Fazem uso de novas tecnologias como internet wireless, smartfones e aplicativos de computação em nuvem para conduzir seus negócios, trabalhar remotamente e produzir renda de onde quer que estejam vivendo ou viajando. Nômade digital é um profissional que usualmente pode trabalhar de casa ou em cafeterias, bibliotecas ou até de um veículo recreativo para cumprir tarefas e objetivos que tradicionalmente seriam realizados em uma posição fixa de trabalho. Mais e mais nômades digitais estão viajando internacionalmente e mudando-se para o exterior, enquanto continuam trabalhando para clientes e empregadores em seus países de origem. (Mundo Nômades Digitais, 16 out 2016).

10.1.110

2.1.6 Redes

Podemos abordar as redes sobre vários aspectos, desde a conexão de pessoas assim como o

universo da internet. As redes neurais do pensamento e as redes de colaboração entre as

pessoas. O conceito que aqui empregamos está relacionado com as redes digitais de

conexão entre as pessoas através da internet e a importância de trocas de informações e

conteúdo como aceleradores de inovação e soluções com mais efetividade e dinâmica.

Para Steven Jhonson (2011) cada indivíduo possui um mapa mental relativo às suas

experiências de vida e crenças. A partir do momento que uma pessoa tem uma ideia – o que

ele chama de palpite lento – em muitos casos para que elas se tornem exitosas e virem

efetivamente algo inovador precisa colidir com outros “palpites” de mais pessoas. Se

houverem condições e meios para que estas intersecções ocorram de maneira natural e

dinâmica, maior será a probabilidade de saírem do estado de ideia.

Temos tantas novas formas de nos conectarmos e tantas novas formas de buscar e de encontrar novas pessoas que possuem aquela peça que faltava para completar a ideia com que estávamos trabalhando ou de nos deparar por acaso com alguma informação nova e incrível que podemos usar para desenvolver ou melhorar as nossas próprias ideias é essa é a verdadeira

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lição sobre de onde vêm as boas ideias. O acaso favorece a mente conectada. (JHONSON, 2011).

Clay Shirky (2011) propõe que, apesar dos conceitos de a revolução Industrial ter ajudado a

organizar um grupo grande de pessoas e isso facilitou a gestão e alavancou o crescimento da

sociedade para onde chegamos, os novos modelos de redes baseados nas comunidades

presentes na internet, como é o caso do Facebook, por exemplo, amenizam essa aparente

falta de organização. O que na realidade está sendo jogado à luz é que as nossas conexões

estão nos tornando muito mais eficientes e gerando maiores oportunidades de inovação.

Atividades cujos custos são mais altos que os valores potenciais tanto para a empresa quanto para mercados simplesmente não acontecem. Aqui está mais uma vez o dilema institucional: como os custos mínimos para se construir uma organização já são relativamente altos, certas atividades podem ter algum valor, mas não o bastante para que mereça o esforço de empreendê-las de maneira organizada. Novas ferramentas sociais estão alterando essa equação ao baixar os custos da coordenação de ação grupal. Essa mudança pode ser percebida mais facilmente em atividades difíceis demais para ser empreendidas com a gestão tradicional, mas que se tornaram possíveis com novas formas de coordenação. (SHIRKY, 2012, p. 31)

Para o canal do youtube Nerdologia4 (IAMARINO, 2015), o poder do coletivo é uma das

principais conquistas da Era da Informação. Começando ao descrever um experimento que o

cientista Francis Galton5 fez no início do século passado (1907) em uma feira de gados na

Inglaterra. A ideia foi sugerir aos participantes do evento que eles tentassem adivinhar o

peso de um boi em exposição e anotassem em um papel. Ao analisar os valores

individualmente, notou que a margem de erro era em torno de 25 quilos, dos 543,4Kg do

peso real do boi. Porém ao somar os 787 números e tirar uma média, descobriu que em

grupo teve uma margem de erro de 1%.

Até o final da década de noventa, por exemplo, você tinha que caçar os resultados dos buscadores por páginas para achar um bom resultado. Tudo mudou quando o Google começou a usar clicks de milhares de buscas anteriores e os links que os sites faziam entre si para guiar a melhor resposta. (IAMARINO, 2015)

O doutor em arquitetura e urbanismo pela USP Caio Vassão (2016), discute os Espaços das

cidades como sendo um Lugar plural aonde coexistem diversos tipos de pessoas, deste

modo porque ainda temos que pensar seus conceitos de arquitetura e urbanidade dentro

dos moldes tradicionais do industrialismo. As cidades devem e estão sendo pensadas por

diversas profissões e pessoas e não é mais possível planejá-la simplesmente com uma única

profissão, a arquitetura. A cidade é a junção da coletividade de ações realizadas e não

planejadas pelas pessoas que nela habitam tornando-a o Lugar da cidade.

Enquanto isso, há uma dificuldade do urbanismo tradicional em compreender aspectos nonos que emergem, hoje, dos coletivos e da interação social acelerada. Primeiro, boa parte dos urbanistas acredita que a cidade só pode ser feita por meio do planejamento centralizado, controlado por profissionais especializados (os próprios urbanistas); segundo, acham que a cidade, deste modo, é uma entidade política que só é legitima se produzida em “consenso” por seus cidadãos. Devidamente mediados (entenda-se educados) pelos urbanistas; terceiro, e muito importante, ainda acham que dá para resumir a cidade à sua coleção de imóveis – edifícios, casas, ruas, avenidas, infraestrutura de agua e saneamento, linhas de

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transmissão de eletricidade e dados -, quando se torna cada vez mais claro que a cidade é resultado da interação social. (VASÃO, 2016, p.83)

Em 1964 Paul Baran - especialista em construção de redes de computadores e responsável

pelo desenvolvimento de um sistema de segurança nacional para transmissão de dados -

propôs um esquema de transmissão de informação através das redes de intranet que

impedisse a perda de dados mesmo quando “sobre ataque”. Isso foi resultado da guerra fria

entre EUA e URSS que temiam a todo o instante um ataque eminente e desavisado. Ao

estudar os sistemas de transmissão, Baran conseguiu estabelecer três diagramas de

distribuição de informação (figura 5) e deste modo propor um novo tipo de sistema e que

hoje é o principal coração estrutural pelo qual a internet e principalmente o Google

funcionam: Sistemas Distribuídos.

Muitos arquitetos e urbanistas, assim como outras profissões já estão se apropriando da

termilogia para descrever o organismo vivo das cidades, como citado anteriormente - no

item 2.1.3 Centralidades - pelo Doutor Caio Vassão (2016) ao designar e propor a

terminologia “cidades distribuídas”.

10.10

2.2 O PODER DAS CONEXÕES

Os seis itens propostos são baseados em estudos e pesquisas explorados no decorrer das

leituras e analises. Todos eles já foram citados ou sugeridos, algumas vezes de maneira

separada e outras contendo mais de um, mas a junção e compilamento só foram sugeridas

aqui neste presente trabalho.

As conexões são o ponto chave para as novas ordens estabelecidas pela Era da Informação e

elas são estabelecidas pela nossa capacidade de troca de informações através das redes de

internet. Mas ela é apenas a ponte entre os indivíduos que a utilizam e deste modo são as

pessoas que determinam estas trocas.

Os Prosumidores da Era da Informação são o ponto chave para o novo status quo e os

conceitos de desmassificação, globalização, centralidades, transdiciplinaridade, ecologia e

redes são o resultado de suas ações em conjunto.

O homem como ser social se apresenta desta maneira desde a Era Cognitiva e foi se

transformando e aperfeiçoando nas suas estruturas da arquitetura da sociedade (TOFFLER,

2014) e a construção das esferas.

As novas tendências de participação em ações coletivas e crescimento compartilhado são

conceitos estudados pela Economia Criativa que estabelece como moeda de troca o

conhecimento. Para Lala Deheinzelin, consultora de economia criativa das nações unidas

está na “economia da abundância” aonde ideias são um tipo de matéria prima que se

multiplica ao ser trocada com outra pessoa, diferente da economia da escassez que retira

matéria prima e não devolve nada para o meio.

Essa mudança de era, ela provavelmente está relacionada ao fato da gente estar saindo de séculos, talvez milênios, aonde toda a vida se organizava - vida, política economia - em torno de tudo que é material, tangível, palpável

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

– terra, ouro, petróleo. Se é material e tangível é finito, e se é finito gera um tipo de economia, inclusive a definição da economia era economia da escasses; a gestão dos recursos escassos. Essa economia da escasses tem como modelo trabalhar com e por competição. Só que agora o que a gente vê o que tem mais valor é intangível. O que vale mais do que qualquer coisa hoje em dia, por exemplo, é o Google que é totalmente intangível. No valor de um produto 75% do valor dele está nos intangíveis – em marca, em design e em coisas que não são concretas. O que é esse intangível? Cultura, conhecimento e criatividade, que são infinitos. (DEHEINZELIN, 2010 - vídeo)

Este modelo de economia que está criando forças e já está presente inclusive nas diretrizes

do novo Plano Diretor Estratégico (PDE) de São Paulo, repensa o meio e as formas que

vivemos e seus possíveis desdobramentos. Uma única ação tem consequências diretamente

ou indiretamente ligadas a ela e a Economia Criativa tenta criar formas e meios para

conseguir valorar e precificar a moeda de troca. Para De Masi (2012), existem dois modelos

de economia possíveis: a visível e a invisível. A primeira é aquela que se baseia diretamente

na troca de papel moeda por bens e serviços e a invisível está em ações que não recebemos

em forma de dinheiro, mas geram benefícios iguais ou até maiores. Um exemplo disso é a

“profissão” de dona de casa, ao se confrontar o quanto custaria pagar por todos os serviços

que esta pessoa emprega para manter o lar – lavar, passar, cuidar dos filhos, etc.

Como o horário de trabalho se reduz, aumenta o tempo livre e, assim, as pessoas tem menos necessidade de encontrar alguém para cuidar do filho ou dos pais idosos, ou ainda fazer a faxina domestica. A limpeza da casa passará a ser feita por cada um de nós, com o auxilio de eletrodomésticos sempre mais eficazes, inteligentes e flexíveis. (DE MASI, 2012)

Este é o conceito maior da nova estrutura da Era da Informação, troca de conhecimento,

cultura e criatividade. A internet é o primeiro meio que permitiu a conexão entre indivíduos

sem intermédio de outras mídias reguladoras. Estão surgindo Espaços físicos nas cidades que

corroboram com isso. Inicialmente foram os cafés que promoviam o encontro dos

indivíduos. Para Manuel Castells (2013) muitos movimentos sociais ocorridos e estudos por

ele, são um reflexo destas ações coletivas de novos pensadores e idealizadores.

O Espaço de Coworking, conhecido deste modo pelos seus proprietários e usuários são uma

consequência destas mudanças nas ordens econômicas e políticas. Acredita-se que são o

resultado de necessidades insurgentes dos novos modelos estruturais e sociais e

consequentemente o primeiro Espaço físico que consegue promover, de maneira consciente

e organizada, a nova estrutura dos modelos de trabalhar e pensar da Era da Informação.

Todos estes conceitos abordados e identificados ao decorrer da pesquisa apontam as

tendências das novas gerações de indivíduos. As gerações nascidas na Era da Informação já

estão estruturando em seus Mapas Mentais6 estes preceitos e compreendem o mundo

como um grande palco para as suas ações. A troca de ideias e experiências é a principal

moeda de valor. Na Alemanha, surgiu o primeiro Espaço virtual com o conceito de Economia

Compartilhada, aonde os indivíduos inscritos dentro dele, trocam serviços sem uso de papel

moeda.

Para Ascher (2010) as estruturas sociais que constituem as novas redes de interação podem

parecer aparentemente mais fracas, mas permitiram com que as pessoas conseguissem se

comunicar e abrir um leque de possibilidades muito mais complexo do que antes. Se na

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

sociedade da Era agrícola as pessoas tinham a tendência de viverem exclusivamente com

outros indivíduos que estavam fisicamente próximos, na Era da Informação, a sociedade

possui várias camadas de interação e relacionamentos, permitindo um convívio muito mais

complexo com diversas pessoas até mesmo em outros continentes.

Depois da “solidariedade mecânica” da comunidade rural da “solidariedade orgânica” da cidade industrial, surge uma terceira solidariedade, “comutativa”, que relaciona pessoas e organizações pertencentes a uma multiplicidade de redes interconectadas. O desafio para a democracia consiste então em transformar essa solidariedade comutativa em uma solidariedade “reflexiva”, ou seja, uma consciência de pertencimento a sistemas e interesses coletivos. (ASCHER, 2010)

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

11

3 COWORKING: ESPAÇO FÍSICO DA ERA DA INFORMAÇÃO.

... o lugar é o espaço ocupado, ou seja, habitado... (REIS; 2007)

Os Coworkings são espaços presentes nas cidades com a

intenção de funcionarem como Lugares onde as pessoas possam praticar suas profissões ao

usufruírem das facilidades deste modelo de negócio. As principais características estão na:

facilidade de contratação de seu serviço; onde o individuo pode chegar a um Espaço destes

com seu computador e pagar pelo uso de uma hora, por exemplo; usufruir dos Espaços de

convívio comunitários, presentes neste modelo; uso de salas de reunião por hora; uso da

internet ilimitada – durante o período de permanência. Além destes benefícios tangíveis

existem os intangíveis como: networking com outras pessoas de diferentes áreas; uso de

área de descompressão para descanso; bate papo informal com outros Coworkers; se

associar a rede de usuários do Espaço; mostrar e absorver os tipos de bens e serviços

prestados pelos usuários.

Os usuários destes modelos de Espaço são conhecidos como Coworkers. A rede não se limita

ao Espaço em que se encontram, mas a uma comunidade muito maior. Em visitas realizadas

in loco em alguns destes Espaços – principalmente nos três modelos que serão apresentados

no capitulo quatro – é possível notar que muitos destes profissionais já se utilizam de

diferentes Espaços, o que em muitos casos é determinado exclusivamente pela necessidade

de uso. Por exemplo, o designer de produtos Danilo Vaz, é um Coworker que presta serviços

de consultoria e criação para algumas empresas do ramo de mochilas e acessórios e, apesar

de ter uma base consolidada em um Espaço de Coworking – A Trampolim – quando tem que

fazer uma reunião ou atendimento em outra região, usufrui de um Espaço diferente com a

intenção de facilitar o seu deslocamento na cidade.

Gosto do modelo. Há algum tempo, logo depois que sai do emprego fixo que tinha, na Sestini, pensei em alugar um conjunto comercial e me deparei com tal de Coworking. Neste momento vi que era bem mais barato e simples usar estes espaços já que bastava contratar pelo período que eu desejava sem a necessidade de ficar fazendo contrato de aluguel. Ficou bem mais barato para a minha empresa assim como mais lógico, já que muitas vezes passo o dia em clientes. (DANILO, coworker01)

Portanto deve-se tratar da existência e surgimento dos Espaços de Coworking como um

reflexo das necessidades latentes da sociedade da Era da Informação que se constrói dentro

dos seis conceitos descritos anteriormente – desmassificação, globalização, centralidades,

transdiciplinaridade, ecologia e redes. Espaços estes que estão cada vez mais presentes,

sobretudo, nas grandes cidades, que denotam mudanças importantes nas movimentações

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

de pessoas, e auxiliam no seu entendimento das dinâmicas sociais, culturais e urbanas desta

Era da Informação. Respondem, de certo modo, à preocupação latente diante das mudanças

dos espaços das cidades quanto a se tornarem obsoletos, em decorrência da popularização

da internet, afastando as pessoas do convívio social em detrimento das facilidades de se

trabalhar em qualquer Espaço – principalmente em casa.

Ao mesmo tempo surgem outras demandas e necessidades nas quais as cidades estão

começando a se remodelar e se transformar de uma maneira orgânica e natural, já que as

pessoas que vivem nela estão dando um novo significado de lugar para este espaço ainda

constituído e caracterizado nos moldes do industrialismo.

Considero que a maior atividade criativa quanto às cidades futuras será reinventar não apenas sua textura de objetos habitáveis – ruas e praças, torres e edifícios, referencias na paisagem -, mas, antes, reinventar sua textura cotidiana, sua “ecologia de interação”: com o que e com quem interagimos?... Ou seja, antes de construir prédios aos montes, ou reformá-los, abrir rasgos amplos e desafogantes em uma cidade congestionada como São Paulo, poderíamos simplesmente alterar o modo como nos apropriamos dessa mesma cidade. (VASÃO, 2016, p. 90)

O universo do Coworking surge em plena Era da Informação e se encontra totalmente

inserido nesse contexto. Em 1999, o designer de games e especialista em desenvolvimento

de tecnologias de trabalho colaborativo Bernie de Koven criou o termo Coworking. Durante

o período de 1985 a 1992 Koven começou a explorar a potencialidade do desenvolvimento

de games por meio de reuniões entre equipes de trabalho. Ao se deparar com o sistema de

computador conhecido como Outline Processor, que promovia o acompanhamento de

trabalhos realizados por diversas pessoas e entre elas, percebeu que as equipes conseguiam

melhores resultados ao trocarem informações na resolução de problemas. (KOVEN , 2016)

I reasoned that I could do the same thing with meetings - helping business teams work together more productively. The success of this approach led to my publishing a small booklet called Power Meetings, and, four years later, Connected Executives. I started a website devoted to this process and called it Coworking. That site still exists as the Coworking Institute. Much later, the term Coworking became redefined. My associate Gerrit Visser and I were both so impressed with the similarities between my Coworking concept and their implementation of it, that we offered them the use of the domain. (KOVEN, 2016)

Em 1992, Brad Neuberg usa o mesmo termo para descrever o Espaço físico colaborativo

nomeado 9 to 5 Group (lê-se nine to five group), que consistia num apartamento residencial,

que dividia com mais três profissionais de tecnologia, em que durante o dia era aberto e

locado para pessoas que precisavam de um Espaço para trabalhar. A intenção era de juntar

indivíduos com o propósito de trocar e compartilhar experiências profissionais. Mais tarde

renomeou para Hat Factor e criou o primeiro Espaço oficial de Coworking em São Francisco

(CODINGINPARADISE, 2016).

Coworking é, na pratica, muito mais do que compartilhamento de espaço de trabalho. A ideia é reunir pessoas de diversas áreas em um escritório coletivo, com ambiente colaborativo, em que o resultado da interação entre essas pessoas incentive a geração de negócios e inspire novas ideias. Essa forma de trabalho, apesar de parecer nova, começou a despontar no inicio

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

dos anos 90, com a preocupação em democratizar espaços de trabalho. Berlin sediou o primeiro hackerspace do mundo, um espaço que dava acesso gratuito à rede wi-fi. (FAAP, 2015).

Em 2005, nasce o que viria a ser a maior referência mundial destes Espaços, o Impact Hub na

Inglaterra. Com diversos tipos de Espaços e serviços para atender seus clientes, permitindo

uma gama de variedades e possibilidades. Estes Espaços físicos se caracterizam por conter

ambientes, como: salas de reunião, spots, área de despressurização, cozinha, banheiros,

salas para aluguel, etc. O outro tipo está associado a serviços prestados independente da

estrutura como: endereço fiscal e comercial, escritório virtual, acesso à internet de alta

velocidade, networking com outros profissionais de outras áreas e empresas, etc.

A concepção dos Espaços de Coworking, de modo colaborativo, foi pensada em local com

funcionamento eficaz por agregar Coworkers - de várias áreas, visando criar um ambiente

harmônico para o seu uso em benefício aos clientes dos Coworkers. Há basicamente dois

tipos de Coworkers que utilizam estes Espaços: os permanentes e os esporádicos.

Os Coworkers permanentes são aqueles que alugam com certa frequência os Espaços que

comumente são de dois modelos: os spots, que são áreas de trabalho individuais usadas em

grande parte por freelances que praticam o Home Office ou salas para aluguéis semestrais,

que geralmente são locadas por pequenas empresas.

Os Coworkers esporádicos são de usuários que estão de passagem pelo local e que alugam

os spots por períodos curtos. Muitos destes são conhecidos como Nômades Digitais.

Praticantes e viajantes que percorrem diversos Lugares, estados e até países portando seus

computadores e não possuem endereço fixo. O site NOMADESDIGITAIS se propõe a trazer a

seus leitores todas as questões referentes a este universo com cada vez mais adeptos no

mundo todo. Criou, inclusive, um manifesto com os conceitos e análises que vão desde como

se tornar um até o que fazer no caso de já possuir uma família constituída e com filhos.

Que tal trabalhar de um café em Paris? Ou de uma praia na Tailândia? Ou quem sabe, de um restaurante em Tóquio? Se você acha que essa realidade é utópica demais, saiba que estamos na crista da onda de um movimento global formado por pessoas que conseguiram realizar o sonho de trabalhar viajando. Com a evolução da internet e das tecnologias móveis, os Nômades Digitais cada dia mais provam que não é mais preciso trabalhar de um escritório para ganhar dinheiro e ser produtivo. (Eme e Jack, 2016).

Deste modo, independentemente do tipo de clientes – permanentes ou esporádicos;

Nômades Digitais ou Home Offices; empregados ou freelances - os benefícios ligados à

infraestrutura e uso dos Espaços de Coworking são os mesmos – área de despressurização,

cozinha, vestiários, áreas verdes, etc. – ao mesmo tempo em que as redes de conexão são

estabelecidas a partir do momento que qualquer um dos dois tipos utiliza pela primeira vez

o Espaço ou qualquer outro serviço ligado ao mesmo.

O Coworking, em sua grande maioria, é usado por empresas individuais, especialmente

aquelas que possuem um único dono, e prestadores de serviços que não precisam de locais

fixos, que podem exercer o seu trabalho em qualquer Lugar portando um laptop com acesso

a internet. Sendo assim qualquer ambiente que tenha estas características atendem a

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

demanda básica, foi o que ocorreu com os cafés no inicia do século XXI, que foram os

primeiros Lugares a serem utilizados devido à conectividade e acesso.

Quanto aos Espaços de Coworking é notória a abertura de possibilidades inclusive para ócio

criativo (De Masi, 2012) que chamam de “Espaços de despressurizarão”. Isso permite que a

qualquer momento os Coworkers possam deixar seus postos de trabalho e descansarem ou

se distraírem um pouco, em áreas com pufes, mesas de bilhar, redes, vídeo games, livros etc.

A principal tarefa do empresário, ajudado pelo próprio trabalhador, é reduzir cada vez mais os fatores necessários à produção. Na sociedade industrial, o principal destes fatores é o tempo, enquanto na nossa, pós-industrial, será o espaço, no sentido que com o teletrabalho podemos produzir em toda e qualquer parte. (DE MASI, 2012).

Estas oportunidades de desenvolver Espaços que promovam uma convivência harmoniosa

entre o trabalho e o ócio criativo, criam Lugares que replicam as condições de receber estes

novos tipos de trabalhadores, que são insurgentes da Era da Informação, consistindo numa

necessidade emergente da mudança socioeconômica e estrutural. Neste aspecto, a internet

e os meios de comunicação não mudaram somente as formas como interagimos com os

outros, mas estabeleceu novos meios de participação de cada indivíduo, tornando-os

também agentes de transformação de conteúdo e consumo – bens e serviços: os

Prosumidores (TOFFLER, 2014).

O futuro pertence a quem souber libertar-se da ideia tradicional do trabalho como obrigação ou dever e for capaz de apostar numa mistura de atividades, onde o trabalho se confundira com o tempo livre, com o estudo e com o jogo, enfim, com o “ócio criativo”. (DE MASI, 2012)

Portanto, podemos dizer que temos basicamente quatro pilares que constituem o modelo

de negócios do tipo Coworking e assim estabelecem os parâmetros que permitem a

identificação destes Lugares:

Arquitetura e equipamentos. Que englobam desde a construção, mobiliários de

suporte para os trabalhadores a Espaços dedicados à convivência.

Despressurização e lazer. Que permitem a prática do ócio criativo e descanso.

Networking. Troca de informações e cocriação entre diferentes profissionais, áreas

de atuação e empresas em um mesmo Espaço de convívio.

Diferentes empresas: Não necessariamente precisa conter empresas de áreas

diferentes. Além disso, pode abarcar freelances e microempresas.

Contudo, ao adentrar mais a fundo nos conceitos que norteiam estes tipos de estruturas foi

possível notar, ao cruzar as informações dos preceitos da Era da Informação que a

terminologia Espaços de Coworking são uma construção idealizada nos moldes do

Industrialismo já que denotam a ideia de ser “O Espaço” onde se pratica o Coworking. De

fato, o Coworking não é determinado por um Espaço, mas o modo como às pessoas se

utilizam dele e assim a terminologia mais apropriada é Lugar de Coworking.

Ao contrário do determinismo e especialização que constituíram a criação de setores nas

empresas e consequentemente nas cidades, fazendo com que os Espaços determinassem as

ações que neles eram exercidos – Espaços eram iguais a Lugares – hoje temos a inversão

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

deste quesito ao propor Espaços que atendam as demandas de Lugares que as pessoas

desejam estar e participem de forma colaborativa para a ressignificação do mesmo.

As técnicas de cocriação se valem de uma mudança paradigmática quanto à construção de significado na sociedade urbana: a disseminação de conteúdos preestabelecidos por uma casta especializada de “produtos de conhecimento e competência” é superada pela construção aberta, coletiva, polissêmica e colaborativa de entendimentos do que se revele pertinente com base na experiência concreta de cocriação (VASSÃO, 2016, p.92)

A revista digital Deskmag é uma das maiores referências com alcance mundial, no que tange

a mercado, a organização e crescimento de empreendimentos voltados ao Coworking e ao

Coworker. Criada, em 2011, a revista tem como propósito esclarecer aos seus leitores, os

benefícios e condições do funcionamento de Espaços colaborativos e as características do

crescente mercado do Home Office. Dedica-se a pesquisa em várias escalas – local e global,

com objetivo de trazer conhecimento de ações relevantes dos Espaços de Coworking. As

informações trazidas por este periódico foram determinantes para o desenvolvimento desta

dissertação, abrindo inclusive outras referências de estudo sobre o tema. No Brasil é o site

Coworking Brasil, que se dedica a este assunto. Já realizou duas pesquisas nacionais com o

apoio da revista Desmak. No site Coworkingmap existe um mapeamento mundial da

quantidade de Espaços, países, cidades e cadeiras de trabalho no mundo todo. (Figura 7)

Figura 7 - Retirado da home page do site coworkingmap.com mostrando a quantidade de espaços, países, cidades e postos

de trabalho hoje no mundo. Fonte: Print screem do site no dia 15 de novembro 2016.

Se tratando de um trabalho contemporâneo e que estuda a estrutura dinâmica deste tipo de

negócio, a figura 6 foi feita – através da técnica de print screen – no dia 15 de novembro de

2016 – data próxima a entrega deste documento para a instituição. Ao acessar o mesmo site

no dia 12 de dezembo de 2016 e no dia 7 de janeiro de 2017 (Figura 8) é possível notar que

as quantidades aqui apresentadas já são diferentes. Importante salientar este aspecto pela

característica pertinente a este trabalho, ao se tratar de uma visão próxima dos

acontecimentos presentes e em constante mudança.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Figura 8 - Retirado da home page do site coworkingmap.com mostrando a quantidade de espaços, países, cidades e postos de trabalho hoje no mundo. Fonte: Print screem do site retirado do site nos dias 12 de dezembro de 2016 (superior) e 7 de

fevereiro de 2017.

Mas o que é o Coworking, se ele não pode ser designado simplesmente como um Espaço e

sim um Lugar? Quando é feita a busca pelo termo no site da Google e deslocando-se para a

aba de imagens, é possível encontrar diversas figuras que tentam exprimir o que são. A

Figura 9 é conhecida como nuvem de palavras e esta técnica é usualmente utilizada, por

empresas e instituições de pesquisa para gerar de forma sinestésica o resultado encontrado.

As maiores palavras são exatamente as que mais foram citadas ou comentadas pelos

entrevistados. Esta imagem reflete a percepção dos usuários de Coworking quando

questionados sobre o que eles acreditam serem estes espaços.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Figura 9 – Uma das imagens coletada da pesquisa no site da Google ao se perguntar “O que é Coworking?”. Fonte:

<http://www.targets.com.br/SantaMonica/Coworking.html>

11.1

3.1 TIPOS DE LUGARES DE COWORKING

No decorrer de toda a pesquisa a busca por Espaços e referencias em todos os locais

pesquisados apontaram a existência de dois modelos de negócios de Coworking. Modelo de

negócios é a terminologia que determina como deve funcionar uma estrutura de empresa

determinando o tipo de funcionamento e suas principais características. No plano de análise

ao comparar um conjunto grande de empreendimentos foi possível notar e separar em:

Espaço de Coworking e FAB LAB.

Cada um destes tem no quesito proposta de valor o mesmo sentido, ou seja, ambos os

modelos de Espaços são planejados e estruturados para atender as demandas dos nômades

digitais, home Office, etc... Porem cada um deles trabalha com especificidades bem distintas

em relação ao que oferecem e o que os Coworkers fazem dentro deles.

O Espaço de Coworking tem como princípio atender a demanda de trabalhadores que

entregam, na prestação de seu serviço, projetos e desenhos. Ou seja, trabalhos que podem

ser finalizados e apresentados ao cliente de maneira digital, sem a necessidade de

materialização ou realização de um modelo volumétrico.

Os FAB LABs atendem à demanda de público que entrega como trabalho e resultado final:

produtos tangíveis. Ou seja, é como se fosse uma oficina que é compartilhada entre diversas

pessoas e tem a intenção de fazer produtos tangíveis.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Alguns Coworkings já estão se especializando em áreas distintas, para agregar tipos de

profissionais e atender as demandas latentes. Um exemplo é o Fashion Lab, localizado no

bairro da Consolação e foi pensado e desenhado para atender o publico do Slow Fashion e

neles são praticadas as duas formas de empreendimento. Por um lado, os Coworkers podem

usar o Espaço para criação de roupas e acessórios do universo fashion ao mesmo tempo em

que realizam a prototipagem de modelos físicos.

Notaremos que o conceito de FAB LAB é um selo, deste modo para poder usar a designação

deve seguir os parâmetros estipulados pelo órgão regulador que no caso é determinado pelo

Massachusates Institute of Tecnology (MIT).

11.1.1

3.1.1 Espaço de Coworking – modelos para serviços

Estes Espaços como já citados anteriormente, tem o conceito de criarem ambientes aonde

prestadores de serviços, micro e pequenas empresas possam ter um Espaço de trabalho de

modo a não onerarem os custos para manter uma estrutura de mesmo porte.

Apesar de aparecerem grandes demandas de prédios comerciais com pequenas salas de ate

15 metros quadrados na cidade de São Paulo, a necessidade de demandas do mercado vai

além. Os novos modelos de trabalho e de se trabalhar estão exigindo cada vez mais a

participação de várias frentes de profissionais de áreas distintas, e, a internet quebra o

paradigma de uma empresa ter que ser constituída em um Espaço físico. Muitos mercados,

como é o caso do e-commerce demostram que alguns modelos de negócios são puramente

digitais. Sempre haverá a discussão de que existe um Espaço físico - mesmo que seja para

colocar os servidores destes empreendimentos -, mas no que tange a relevância

contemporânea de Espaços digitais o fator físico já não é mais decisório para a contratação

de serviços.

As mudanças econômicas em curso estão apontando que as sociedades ocidentais começam a sair do industrialismo, ou seja, de um sistema econômico fundamentalmente baseado na indústria, definida como “o conjunto de atividades econômicas que tem por objetivo a exploração das matérias-primas, de fontes de energia e da sua transformação, assim como dos produtos semielaborados e bens de produção ou de consumo”; e que estão entrando em uma economia cognitiva, baseada na produção, apropriação, venda e uso de conhecimentos, informações e procedimentos. (ASCHER, 2010, p. 48)

O Espaço de Coworking de fato é uma construção física que permite a coexistência de

diversas frentes de trabalho e profissionais oriundos de diferentes conhecimentos. Contudo

muitas de suas características construtivas e de funcionamento são semelhantes à de

escritórios abertos de trabalho planejados em empresas desde o inicio da década de 90.

Deste modo ao serem apresentados no capitulo quatro as plantas e construções destes

modelos de negócio o principal foco estará em demostrar e identificar somente as

diferenças relevantes que o constituem como tal.

Logicamente para que possa ser considerado um Lugar de Coworking, o Espaço deve conter

pessoas de empresas diferentes podendo, ainda, serem freelances. Este, portanto, é o

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primeiro requisito para o enquadramento. A proposta é apresentar: Logradouro, Arquitetura

e equipamentos, Áreas de Despressurização e lazer, modelo de networking.

Figura 10 - Escritório do grupo FCA de Pernambuco. Fonte: Redação Mecânica Online®

11.1.10

3.1.2 FAB LAB – modelos para produtos

Figura 11 - Selo e logomarca oficial do FAB LAB - Laboratório de Fabricação Digital.

Fonte: <http://fablab.is/rkv/quick-start.html>

O conceito do FAB LAB – Fabrication Laboratory – teve inicio embrionário no MIT

(Massachusates Institute of Tecnology) em uma matéria ministrada por Neil Gershenfeld

chamada “How To Make (almost) Everything” (Como fazer quase de tudo) em 2001. Com a

ideia de criar um Espaço de fabricação de produtos com auxilio de novas tecnologias digitais

como Impressão 3D, corte a laser através de CNC e construção de placas de circuito

integrado através da tecnologia Arduino7 são algumas das tecnologias empregadas neste

contexto. Hoje o conceito esta se ampliando pelo mundo e são 10 pré-requisitos que devem

ser seguidos para que um espaço possa ser considerado um modelo de FAB LAB e leve o selo

oficial.

Um dos grandes pioneiros nesse caminho é Neil Gershenfeld, diretor do Center for Bits and Atoms (CBA) do Massachussets Institute of Technology (MIT), um físico que estuda os limites entre a ciência da computação e as ciências físicas. (BANDONI, 2016, p.53)

Vários destes Espaços estão começando a brotar em partes do mundo. Hoje são mais de 200

FAB LABs em quarenta países diferentes com uma rede que integra todos eles. No Brasil o

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governo da cidade de São Paulo promoveu e lançou, até o presente momento (2016) 12

Espaços de FAB LABs públicos espalhados na capital.

A Prefeitura de São Paulo inaugurou nesta quinta-feira (17/12) a primeira unidade da Rede Pública de Laboratórios de Fabricação Digital (FAB LAB Livre SP), que vai funcionar no Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes. O projeto tem o objetivo de oferecer aos estudantes da rede pública de ensino acesso a máquinas de produção digital, como impressoras 3D, para desenvolver protótipos de novos produtos, como próteses para área de saúde. Até março de 2016, serão 12 laboratórios desses em operação na Capital. (GOVERNOSP, 07 de nov. de 2016).

Na região da Barra Funda está instalado o primeiro modelo de FAB LAB privado do Brasil, o

Garagem FAB LAB. Carolina Cardoso (Figura 12), uma portuguesa que atualmente é a

presidente do Espaço conta que este, inicialmente, fora encubado na Universidade de São

Paulo (USP) como uma proposta de ser um braço deste modelo de laboratório do MIT aqui

no Brasil. Em 2008 saiu da sede da universidade e ganham um Espaço próprio na região de

Pinheiros e em 2014 se muda em definitivo para o endereço atual.

Figura 12 À esquerda alunos e instrutores participantes da semana Maker. À direita, Thiago Kunz e Carolina Cardoso são

fotógrafo e criador do FAB LAB Belém e arquiteta e guru do Garagem FAB LAB, respectivamente. Fonte: Garagem FAB LAB.

Para a constituição e permissão de uso do selo e divulgação como um FAB LAB é necessário

fazer o curso no MIT e virar um possível gestor do Espaço além de ter que seguir dez

preceitos de instalação do mesmo. Entre eles máquinas obrigatórias, como CNC, impressora

3D até a necessidade de ser aberto ao público de maneira a incentivar e colaborar com a

sociedade.

Com o crescimento do universo “maker” – tendência contemporânea de pessoas físicas

começarem a construir seus próprios produtos e objetos - e das praticas do “Do It Yourself”

(DIY – faça você mesmo) estes Espaços estão sendo cada vez mais procurados.

Segundo Andrea Bandoni, uma das encabeçadoras do FAB LAB no Brasil e coordenadora do

curso de Design do Istituto Europeu di Design (IED-SP), está nascendo uma nova cultura

baseada em uma revolução Industrial nos caminhos da fabricação digital, e os laboratórios

de fabricação são o primeiro passo para dar ao individuo as ferramentas que tornam possível

o crescimento da “Cultura Maker”.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Esse laboratório permanente com tecnologias de ponta que serviam para a produção local e individual, capaz de desenvolver objetos e até maquinas, foi baseado numa idealização de democratização dos meios de produção. ... com o Lab permanente fica claro que a ideia de Gershenfeld não era simplesmente fazer “quase qualquer coisa”, mas fazer as tecnologias de fabricação serem acessíveis a “quase qualquer pessoa” e assim empoderar as pessoas para começarem o futuro tecnológico delas. (BANDONI, 2016, p.53)

Contudo, as novas tendências estão no desenvolvimento cada vez mais frequente das

pessoas produzirem seus próprios produtos. Não é somente uma questão referente à

personalização que, antes da Era Industrial era a única via de produção, como comenta

Andrea Bandoni (2016), mas “a diferença é que o acesso a novas tecnologias pode agora

tornar possível à customização em massa”.

O site fabfoundation.org é o gestor principal deste modelo de negocio no mundo todo. La é

possível ter acesso aos Espaços e entender um pouco mais sobre a cultura “maker” e os pré-

requisitos para a sua implementação. (Figura 13)

Figura 13 - planta baixa e esquemática do FAB LAB de Chicago (Museu of Science and Industry)

Fonte: fabfoundation.org – uso open source.

Muitas instituições de ensino no país estão estudando maneiras para a implementasão

destes Espaços dentro das universidades, principalmente as voltadas para as áreas de

engenharia, design e arquitetura. Carolina Cardoso (Garagem FAB LAB) é uma das

professoras que ministra aulas com esse modelo de ensino aos alunos e salienta a

importância para os profissionais do entendimento e compreensão para as novas tendências

de mercado. “Dentro do movimento Maker estamos acostumados a trabalhar

transdiciplinarmente e queremos levar essa filosofia para o ambiente universitário”

(QUEIROZ, 2016, p.27).

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

11.10

3.2 COWORKING NO BRASIL

Em 2005 surge o primeiro Impact Hub do mundo na Inglaterra. No Brasil, em 2007, além de

marcar como sendo o primeiro modelo destes Espaços no pais – localizado na Rua Bela

Cintra, no distrito da Consolação, na cidade metropolitana de São Paulo – é o segundo

Impact Hub do mundo. Em 2016, já são mais de 80 unidades em no mundo, em 50 cidades

diferentes. (IMPACTHUB, 2016). Depois disso o crescimento destes modelos foi elevado o

que gerou, em 2015, o primeiro censo dedicado a estes Lugares - o segundo em 2016.

Nos dois censos realizados pela Movebla e Ekonomio, em 2015 e 2016, juntamente com o

site Coworking Brasil e apoio do Seats2meet e B4i, (COWORKINGBRAIL, 2016, 2015) com a

finalidade de entender e analisar o mercado brasileiro foi possível identificar vários aspectos

considerados, como: espaços ativos no Brasil e por cidades; questionários; posições de

trabalho; salas de reunião e salas privadas; espaços que funcionam 24 horas; abertura de

novos espaços; atuação dos Coworkers; fontes de receita; Pet-friendle (10) e organização de

eventos (11), (2016). Os dois censos mostram as diferenças perceptíveis de crescimento dos

Coworking e Coworkers, além de consideração de duas novas categorias pesquisadas

Coworking e Coworkers. (Figura 14)

Figura 14 - Crescimento de Espaços de Coworking, de 2015 e 2016. Fonte: Ekonomio.

Estados

Com relação aos estados brasileiros, São Paulo é considerado a maior capital econômica dos

pais e a mais desenvolvida em termos tecnológicos. É considerada a 19ª maior economia do

mundo, a 2ª maior da América Latina e a 7ª mais rica se comparada com outras regiões

mundiais. Assim o aparecimento e grande concentração de Espaços de Coworking

apontados na Figura 14 nos demonstra que a capital paulistana influencia outras regiões do

país e partes do mundo no que diz respeito à inovação tecnológica e de outros

conhecimentos. (SÃOPAULOGLOBAL, 2016).

As amostras revelam o crescimento de 250% na Bahia, diferença de um ano, entre um

estudo e outro, seguidos por 175% no Distrito Federal; 80% em Santa Catarina e Ceara; 75%

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

no Rio de Janeiro; 70% no Paraná; 60% em Minas Gerais; 57% em Goiás; 56% em São Paulo.

A pulverização para outros estados como Bahia, Minas Gerais são reflexos da influência do

Estado de São Paulo. (Figura 15)

Estes dados revelam que a tendência de crescimento de números de unidades de Coworking

está ocorrendo em todo o Brasil, o que denota a procura cada vez desses Espaços, ou seja,

as pessoas estão cada vez mais procurando estes locais para exercerem suas profissões. É

importante pontuar que os Coworking estão sendo planejados e preparados para o tipo de

trabalho advindo da Era da Informação.

Figura 15 - Dados comparativos da pesquisa de unidades por estado entre 2015 e 2016. Fonte: Ekonomios.

Cidades

Quanto às cidades temos os crescimentos de 150% em Curitiba, 68% no Rio de Janeiro, 50%

em Belo Horizonte e 30% na cidade de São Paulo com 90 unidades. (Figura 16). Esses dados

não só revelam o crescimento direto da quantidade de Espaços, mas comparados a dados do

Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAI), (ENDEAVOR, 2016)

sobre as cidades mais empreendedoras do Brasil, realizada em 2015. (Figura 17)

Figura 16 - Dados comparativos da pesquisa de unidades por cidades entre 2015 e 2016. Fonte: Ekonomios

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Figura 17 - Imagem retirada da pesquisa de cidades mais empreendedoras do país. Fonte: SEBRAI e ENDEAVOR.

Características de espaços Coworking

Na Figura 18 estão elencados os Espaços que responderam ao questionário on-line,

formulados pelo Ekonomio, o seu quantitativo considerado a partir de suas características,

nos anos de 2015 e 2016, constatando-se o seu crescimento no Brasil.

Figura 18 - Unidades que responderam aos questionários on-line (2015-2016). Fonte: Ekonomio.

Posições de trabalho

Os Espaços acabam gerando uma grande quantidade de postos de trabalho lembrando que

muitos destes são de proprietários individuais e/ou pequenas empresas com um dono, como

a MEI. O crescimento de um ano para o outro foi de 54%, dobrando o número desses

escritórios. (Figura 19)

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Figura 19 - Crescimento de espaços de trabalho entre 2015 e 2016. Fonte: Ekonomio.

Reunião e salas privadas

A grande maioria dos Coworking possui várias formas de vender seus serviços, um deles é o

aluguel de salas privadas, geralmente locadas por empresas que possuem poucos

funcionários. Esse público alvo notou que os custos para manutenção de Lugares próprios ou

alugados como Espaços comerciais são extremamente elevados. A manutenção envolve

contratos, pagamento de aluguel, água, luz, planos de internet, telefone, etc. e

gerenciamento de recursos para fazer o Espaço funcionar. Deste modo, as empresas

perceberam que financeiramente, alugar uma sala em um destes Espaços, que oferece à

infraestrutura e manutenção, compensava muito mais. Em suma, basta alugar plugar o

computador na internet e começar a fazer a empresa funcionar.

Outra vantagem é que ao se inserirem em Coworking, estas empresas adentram em

ambiente onde estão alocadas outras empresas, o que gera a troca de networking e

probabilidade de ampliar a venda de seus serviços a clientes, com a parceria com outros

Coworkers. Porém, estas salas privadas também são procuradas por grupos de indivíduos

que resolvem se reunir e alugar um Espaço de trabalho mais exclusivo e dividir os custos.

Estes Coworkers são de empresas distintas que em alguns casos já realizam trabalhos

integrados a um cliente ou categoria, mas também são compostos de amigos donos de seus

micros negócios e que desejam dividir o Lugar por questões financeiras, diminuindo custos,

como por exemplo, ao alugar uma sala mensalmente em seis pessoas, do que seis spots

separadamente.

Podemos notar na Figura 19 o crescimento do aluguel destes modelos de salas de um ano

para o outro. Se este fator não fosse importante acredita-se que o número de 588% de

crescimento não ocorreria desta maneira. Comparando-se as salas de reunião e as salas

privadas é possível chegar a outro valor importante no quesito de procuras versus

crescimento dos Espaços (Figura 20), pois na grande maioria dos Coworking pesquisados em

São Paulo, o número de salas de reunião é de uma por unidade. Sendo assim estão

aparecendo mais salas privadas que salas de reunião.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Figura 20 - Crescimento de espaços de trabalho entre 2015 e 2016. Fonte: Ekonomio.

Espaços Coworking 24 horas

Uma das maiores características em empreendedores individuais ou freelances que

trabalham com a prestação de serviços para as outras empresas é a flexibilidade de horários

de trabalho. Muitos Espaços de Coworking perceberam esta demanda e conseguem garantir

a seus clientes o funcionamento de sua estrutura por 24 horas. (Figura 21) O mercado e a

necessidade acabam remodelando e criando mais alternativas de horários, mantendo a

mesma flexibilidade de atender a demanda destes Coworkers.

Figura 21 - Pesquisa do crescimento de espaços de trabalho entre 2015 e 2016. Fonte: Ekonomio.

Abertura de espaços de Coworking

A grande pergunta que fica é por que estão surgindo cada vez mais espaços no Brasil?

Segundo uma pesquisa encomendada e publicada pelo SEBRAI e realizada pela coordenação

Global Entrepreneurship Monitor (GEM) contando com a parceria da Fundação Getúlio

Vargas (FGV), a taxa total de empreendedorismo no Brasil em 2015 (TTE) foi de 39,3%. Esse

fator também está diretamente relacionado com pessoas físicas que estão abrindo seus

próprios negócios e se tornando pessoas jurídicas. “Estima-se, portanto, que em 2015, 52

milhões de brasileiros com idade entre 18 e 64 anos estavam envolvidos na criação ou

manutenção de algum negócio, na condição de empreendedor em estágio inicial ou

estabelecido. ” (ENDEAVOR, 2015, p. 9).

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Figura 22 - Pesquisa do crescimento de espaços de trabalho entre 2015 e 2016. Fonte: Ekonomio.

Como muitos iniciam seus negócios de maneira individual ou em grupos bem pequenos (2 a

3 pessoas) os ambientes de Coworking se tornaram uma base física importante. Custos

baixos, ambiente favorável a negócios, já que é preparado para tal, possuir endereço

comercial mais adequado e capaz de receber seus clientes com conforto e profissionalismo,

além do networking que acontece com outros Coworkers.

Em geral, os brasileiros são favoráveis à atividade empreendedora e têm uma visão positiva a respeito dos indivíduos envolvidos com negócios próprios. Isso pode ser constatado pelo fato de que, em 2015, entre 70% e 80% dos brasileiros concordam que abrir um negócio é uma opção desejável de carreira, valorizam o sucesso dos empreendedores e acompanham na mídia histórias sobre empreendedores bem-sucedidos. (ENDEAVOR, 2015, p. 17).

Esses dados acima mostram que o brasileiro quer ser empreendedor por diversas

características, uma delas é devido ao desejo pessoal de possuírem seus negócios próprios

por notarem o sucesso de muitos casos no mercado.

Atuação dos Coworkers

A pesquisa de perfil destes profissionais que mais usufruem os Espaços mostra que a grande

maioria é composta por tipos e modelos de profissões com atendimentos ou serviços que

podem ser executados a distância. O número total percentual de 2016 se somado as

respostas apresentadas na figura acima chega a 265%, pois no gráfico poderia ser dada mais

de uma resposta por profissional ou empresa. Assim, um escritório de advocacia, por

exemplo, também pode ser considerado como uma consultoria. (Figura 23)

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Figura 23 - Perfil e principais áreas de atuação dos Coworkers, entre 2015 e 2016. Fonte: Ekonomio.

Fontes de receita

Na Figura 24 são apresentados os serviços prestados pelas empresas de Coworking. O

primeiro lugar com 73% é de locação das posições de trabalho também chamado de spots.

Importante ressaltar que os números percentuais são referentes a mais de uma resposta

possível para os entrevistados sendo que o mesmo indivíduo pode alugar um spot e uma

sala de reunião. Os Espaços de spots e salas privadas aparecem em 2016 como os mais

rentáveis, mas lembrando de que os valores são bem diferentes já que o primeiro se trata de

locais individuais pagos por hora, dia ou mês. O impacto deste serviço é bem maior. Se

considerarmos o índice possível de rotatividade de pessoas em relação à sala privada

notaremos que na segunda consideramos um número limitado de mesas/pessoas por

períodos de tempos longos de 6 a 18 meses de contrato. Assim é importante ressaltar como

os Coworkings são Espaços que permitem esta alta fluidez ajudando e colaborando ainda

mais com estilo de trabalho Home Office.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Figura 24 - Principais fontes de receitas do espaço Corworking. Pesquisa do crescimento de espaços de trabalho entre 2015

e 2016. Fonte: Ekonomio.

Estes Espaços têm como grande diferencial, de seu modelo de negócio, o atendimento ao

indivíduo, pois lhes proporciona um local mais adequado para a prática de suas profissões e

afazeres. Alguns destes usuários procuram os Coworkings como uma forma para focarem

seus afazeres referentes a estudo, por exemplo. Este autor em muitos casos se deslocou

para um destes Lugares no próprio processo de escrita do trabalho em pauta com a

finalidade de buscar um ambiente no qual não perdesse o foco do processo com afazeres

domésticos.

Pety-Friendly

Um quesito bem curioso que passou a pertencer à pesquisa da Ekonomio deste ano (2016)

foi à criação da área Pet-friendly nos Espaços de Coworking (Figura 25). Esta proposta de

levar seus animais de estimação reflete a importância afetiva entre os animais de estimação

e a geração contemporânea. Segundo matéria realizada em maio de 2015, no jornal Bom dia

Brasil da rede Globo com a chamada “Mercado pet cresce, em media, 10% ao ano no Brasil e

não sofre crise” um dos pontos colocados na matéria diz respeito aos donos abrirem mão de

seus gastos pessoas para promoverem qualidade de vida aos seus bichinhos de estimação.

As pessoas dizem que fazem corte nos gastos pessoais, mas não abrem mão do conforto dos animais de estimação. Nos Estados Unidos existe em média um animal de estimação para cada pessoa. No Brasil, a média é de um animal para cada duas pessoas, por isso o setor é otimista e acredita que vai seguir crescendo. (Bom dia Brasil, 29 jun. 2016).

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Figura 25 - Espaços Coworkings com Pet-friendly para que Coworker possa levar animais de estimação. Fonte: Ekonomio

A revista digital Deskmag aponta que estes Espaços por se tratarem de locais onde as

pessoas trabalham, funcionam com as mesmas características e estruturas que o de grandes

empresas, porém já que se propõem a atenderem as vontades e as necessidades de seus

usuários a permissão e criação de Espaços dedicados aos Pets é um exemplo claro de

mudanças nas estruturas do trabalho e convívio.

Coworking is about rethinking all the existing rules of work. One of the unquestioned rules of a traditional office is “no pets allowed”. So it makes sense that many Coworking spaces throw out this standard prohibition and allow members to bring their dogs to work. But are animals in the workplace a help by creating a friendly communicative atmosphere or do they create more problems than they solve? Deskmag spoke to several pet-friendly spaces about their experience with Coworking canines. (VANOSTREN, 29 jan. 2016).

Vanostrem em seu artigo descreve relatos de alguns Coworkers, nos Estados Unidos com

The Coop em Chicago, o Beahive em Nova Iorque e na Itália o Cowo360, no sentido de avaliar

a presença de animais no Espaço de trabalho e sua relação com aumento da produtividade.

Nota-se um consenso de que a presença de animal de estimação torna o Espaço mais social

e é motivo para conversação e para conhecer uns aos outros, além de ser considerado um

alívio num momento estressante. Houve várias manifestações, por exemplo, de que cães

junto ao seu dono pode gerar uma agradável oportunidade de fazer pausa ao trabalho, mas

que pode desviar a atenção. Comenta ainda que a presença de animais de estimação traz

mais benefícios e neste aspecto superam as distrações.

Segundo o autor, no The Coop os animais de estimação atraem novos clientes, tornando-se

parte da publicidade para o uso do local. Menciona que os problemas existem e que não são

frequentes, pois cada animal de estimação é aceito por seus próprios méritos, sómente os

“animais amigáveis” e bem-comportados. Cita que os Pets em Espaços de Coworking

amigáveis muitas vezes não têm regras formais, mas avaliação de cada animal.

Vanostren sobre o Beahive diz que a política de Scott Tillitt em relação a animal de

estimação é raramente usada, mas que é muita apreciada. Já, no Escritório Nomads os

Coworkers mantêm seus cães sob sua visão em todos os momentos, e, geralmente, os cães

permanecem em seus leads em suas mesas. Em função do tamanho do espaço, admitem até

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

dois cães. Os que apresentaram problemas com seus animais não foram autorizados a levá-

los de novo.

Estes relatos mostram como os espaços de trabalhos colaborativos vêm pensando seus

ambientes e em busca de novos serviços atrativos, como o pet, criando diversidade no

atendimento em relação à necessidade de seus clientes potenciais.

Organização de eventos

Não é somente para trabalho que os Coworking servem. A grande maioria já possui

estratégia para aluguel até mesmo de seus espaços inteiros para eventos de empresas

(Figura 26). No Trampolim, em Perdizes, São Paulo, já houve eventos como gravação de tele

aulas para o telecurso da fundação Roberto Marinho e filmes para propagandas. Segundo o

gerente administrativo do espaço:

Tentamos otimizar o espaço que temos o Máximo que pudermos. Já tivemos gravação ate para o telecurso em um fim de semana destes. Na verdade, o final de semana é bem menos movimentado e aproveitamos ele para estes eventos. Uma vez alugaram o espaço todo para fazer uma festa de fim de ano para uma empresa. (TRAMPOLIM, 2016)

Figura 26 - Pesquisa do crescimento de espaços de trabalho em 2016. Fonte: Ekonomio.

No gráfico da Figura 26 é possível notar as a assiduidade destes eventos nos Espaços. Em

torno de 92,9% de todos os entrevistados realizam algum tipo de acontecimento, 26,4%

ocasionalmente, 68,98% com planejamento (diário, semanal, quinzenal ou mensal) e apenas

7,1% não as praticam. Mas, mesmo dentro dos 7,1% é importante notar que muitos destes

espaços não têm condições para atender este tipo de demanda, ou devido a tamanho da

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

estrutura ou até mesmo por estarem localizados em prédios comerciais e que por este

motivo têm que seguir as regras dos condomínios.

11.11

3.3 COWORKING EM SÃO PAULO

A identificação e localização dos Espaços de Coworking na Cidade de São Paulo através do

cruzamento de dados da Jucesp e Google Maps com o uso da terminologia Coworking como

palavra de busca. Estes levantamentos foram realizados em dois momentos. O primeiro em

julho de 2015 quando foram localizados 89 espaços através dos seus endereços comerciais.

O segundo, nove meses depois, em março de 2016, com a identificação de 116 unidades.

Somente neste curto espaço de tempo, entre as duas, já foi possível identificar um aumento

de 24%, mostrando como um indicador da tendência deste tipo de modelo de negócios.

(Figura 27)

Figura 27 - Comparação em números de unidades entre as duas pesquisas realizadas entre agosto de 2015 e março de 2016. Fonte: Grafico criado pelo autor.

Assim, nota-se que o Coworking está em crescimento, não somente no mercado

internacional, mas no brasileiro e mais especificamente na cidade de São Paulo (região de

estudo deste trabalho). Simplifica que o mercado nacional está seguindo as tendências de

transformação e se adaptando as novas realidades da Era da Informação, no que tange a

procura destes Espaços por adeptos do conceito Home Office, freelances, Nômades Digitais

e até mesmo grandes empresas.

O compilamento final dos mapas e tabelas, apresentados neste item, é o resultado da

segunda pesquisa (março de 2016). Os 116 Espaços de Coworking estão apresentados por

regiões (zonas: sul, centro, leste, oeste e norte) da cidade na Figura 26 e por Distritos na

Figura 28. Todos foram localizados através da pesquisa pela ferramenta Google Maps,

porém, sómente alguns foram encontrados no site da JUCESP. Para facilitar o entendimento

dos resultados, os valores apresentados com números em Branco representam os Espaços

de Coworking da JUCESP e os em Amarelos somente aqueles localizados através do Google

Maps.

28

3 2

2927

33

4 4

47

28

CENTRO LESTE NORTE OESTE SUL

Google + Jucesp - REGIÕES- absolutoAgosto 2015 a Março 2016

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Figura 28 - Mapa político-administrativo com as unidades de Coworking mapeadas em 2015. Fonte: Proprietária

Na Figura 29 foi realizada uma aproximação e localização dos mesmos por Distritos o que

permitiu entender onde ocorre o maior adensamento na cidade. Foram identificados com

círculos (pontos) vermelhos – Consolação com 14%; Vila Mariana com 13%; Pinheiros com

12% e Itaim Bibi com 10% - e demostram que estão diretamente relacionados com os

principais centros econômicos e regiões com grande número de possibilidades diversificadas

de transporte, públicos ou privados na cidade de São Paulo.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Figura 29 - Porcentagens de unidades por Distritos. Fonte: Baseado no mapa do site da Prefeitura de SP, Juh. 2016.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

A tabela da Figura 30 é um compilamento e distribuição das unidades por Região,

Subprefeitura e Distritos e segue a mesma lógica de cromática apresentada nos mapas. Com

estes dados ilustrados foi possível realizar a construção de gráficos (Figura 31 e 32) e

posteriormente determinar quais seriam as regiões onde foram feitas visitas in loco.

Figura 30 - Quantidade de unidades Coworking no Munícipio de São Paulo. Fonte: Criada pelo autor, Jun. 2016.

Figura 31 - Unidades Coworking, por região. Fonte: Autor, realizada a partir de dados da Jucesp 2015; Google Maps 2015, IBGE 2015; Prefeitura de SP. Fonte: Grafico criado pelo autor.

Regiões Subprefeituras Distritos DISTRITO % SUBPREFEITURA REGIÕES

Bela Vista 6 5%

Consolação 16 14%

Liberdade 1 1%

República 3 3%

Santa Cecília 6 5%

Sé 1 1%

Carrão 1 1%

Vila Formosa 1 1%

Mooca Água Rasa 1 1% 1Penha Penha 1 1% 1

Santana/Tucuruvi Santana 3 3% 3Vila Maria/Vila Guilherme Vila Maria 1 1% 1

Barra Funda 4 3%

Jaguaré 1 1%

Lapa 4 3%

Perdizes 4 3%

Vila Leopoldina 1 1%

Itaim Bibi 12 10%

Jardim Paulista 7 6%

Pinheiros 14 12%

Ipiranga Ipiranga 2 2% 2Santo Amaro Campo Belo 3 3%

Santo Amaro 6 5%

Moema 1 1%

Saúde 1 1%

Vila Mariana 15 13%

Regiões, Subprefeituras e Distritos MunicipaisESCRITORIOS DE COWORKING - GOOGLE MAPS - NUMEROS

PLANILHA NOMESMunicípio de São Paulo

2008

Centro Sé 33 33

NORTE 4

LESTEAricanduva/Formosa/Carrão 2

4

9

Lapa

Pinheiros

SUL 28

OESTE 47

14

33

Vila Mariana 17

Fonte: Prefeitura do Município de São Paulo.

116 116 116Elaboração: Sempla/Dipro

Nota: Distritos Lei nº 11.220/1992

Subprefeituras Lei nº 13.399/2002, alterada pela Lei nº 13.682/2003

28%

4%

3%

41%

24%

Google + JUCESP - REGIÕES DE SP - Março 2016

CENTRO

LESTE

NORTE

OESTE

SUL

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Figura 32 - Unidades Coworking, por distritos. Fonte: Autor, realizada a partir de dados da Jucesp 2015; Google Maps 2015,

IBGE 2015; Prefeitura de SP. Fonte: Grafico criado pelo autor.

3.3.1 Análise

As regiões de Pinheiros com 12% das unidades, Consolação (14%), Itaim Bibi (10%) e Vila

Mariana (13%) são áreas da cidade aonde a região financeira da capital é muito forte o que

permite a concentração elevada de escritórios. Acredita-se que este é um fator muito

relevante para que haja esta uma quantidade tão grande de presença dos Espaços de

Coworking.

A cidade de São Paulo iniciou-se na região da Sé e o desenvolvimento econômico teve o seu

crescimento na expansão da cidade no sentido sul. Iniciando pelo centro Histórico, passando

pelo Centro Novo (Consolação) atingindo a Avenida Paulista na década de 70, Brigadeiro

Faria Lima e atualmente na Avenida Engenheiro Dr. Carlos Berrini.

Quando um bairro sofre crescimento econômico, com a instalação de empresas o

desenvolvimento da região acaba acompanhando o processo e em pouco tempo gera a

valorização do metro quadrado, e nesse momento o custo de vida e manutenção é afetado

proporcionalmente. Isso ajuda a trazer empresas e serviços mais desenvolvidos com o

propósito de facilitar tanto o processo de locomoção como o enriquecimento estrutural.

Com este crescimento constante, a região pode ficar pouco dimensionada e a tendência é

que o crescimento continue a acontecer.

Bela Vista; 5%

Consolação; 14%

Liberdade; 1%

República; 3%

Santa Cecília; 5%

Sé; 1%

Carrão; 1%

Vila Formosa; 1%

Água Rasa; 1%

Penha; 1%

Santana; 3%

Vila Maria; 1%

Barra Funda; 3%

Jaguaré; 1%Lapa; 3%

Perdizes; 3%Vila Leopoldina; 1%

Itaim Bibi; 10%Jardim Paulista; 6%

Pinheiros; 12%

Ipiranga; 2%

Campo Belo; 3%

Santo Amaro; 5%

Moema; 1%

Saúde; 1%

Vila Mariana; 13%

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Um efeito oposto ocorre se depois de algumas décadas as regiões não acompanharem este

processo e naturalmente começarem a ser abandonadas. A Avenida Paulista, por exemplo,

passou por reformas na década de 90 para que o efeito de abandono, que ocorrera no

centro Histórico e centro Novo não se repetisse.

Comparando o crescimento dos Espaços de Coworking e suas localizações, é possível

identificar que a região da Consolação que possui 14% destes Espaços na cidade, estava

sofrendo, há menos de uma década, com a desvalorização e degradação, mas possuía uma

capilaridade e estrutura de mobilidade muito grande.

Lembramos que os usuários destes Espaços procuram por facilidades e economia no

momento de busca de espaços de trabalho o que dá a perfeita combinação de montagem de

Coworking com menores custos e com os benefícios da mobilidade. Assim eles não nascem

de maneira aleatória nas regiões de São Paulo, e sim em lugares nos quais a concentração de

pessoas é muito elevada.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

100

4 ESPAÇOS DE COWORKING EM SÃO PAULO: ESTUDOS DE CASOS.

O objetivo do estudo de caso é mostrar quais são as características

estruturais e de funcionamento do modelo de negócio do Coworking, e como eles atendem

às demandas de uma nova sociedade que começa a se basear em: Home Office, Freelancer,

Start Ups, Nômades Digitais, Maker, Do it your self e pequenas empresas, na entrega de

bens e serviços. No capítulo 2 a principal discussão foi entender como a sociedade

contemporânea está se transformando com o surgimento e crescimento da internet e se

baseando na troca de informações e colaboração entre pessoas e empresas, demonstrando

que podem praticar e desenvolver seus trabalhos “de” e em qualquer Espaço. Neste

contexto surgem os espaços de Coworking como proposta para entregarem estruturas e

condições de serviços que garantam o mesmo dinamismo e adaptação a estes novos estilos

de vida.

Para demonstrar como e de que forma atendem às necessidades foram selecionados alguns

espaços de Coworking na cidade de São Paulo. Baseado na pesquisa de localização realizada

no capítulo 3 e nas características de estrutura, mobilidade, tipos de espaço e serviços foi

possível estabelecer quatro grupos cada um com um modelo de espaço que representa as

características principais dos Coworking paulistanos:

1. Grupo 1 - Espaços localizados em terrenos e construções totalmente dedicados a

eles, e o Coworking Trampolim é o seu representante. Este espaço é presente em

uma Zona Residencial.

2. Grupo 2 - Espaços que surgiram logo no início do aparecimento de Coworking no

mundo em 2005 e o Impact Hub é seu representante por ter sido o primeiro no

Brasil, na Rua Bela Cintra, no distrito da Consolação em 2007. Além disso, ele está

presente em uma Zona Mista da cidade instalado em uma sobreloja – supermercado

– com entrada lateral.

3. Grupo 3 - espaços que surgiram devido ao crescimento da demanda por espaços de

Coworking, e o Pocket Coworking representa este grupo, além de estar instalado e

ser planejado em uma área quadrada pequena dentro de um prédio de conjuntos

comerciais, usualmente alugados por pequenas empresas. Está presente em um

contexto de Zona Comercial.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Com o objetivo de estabelecer parâmetros entre os casos em estudo buscou-se avalia-los

sobre a mesma ótica, facilitando a comparação entre eles. Importante, contudo, salientar

que a proposta não é uma análise minuciosa sobre todos os elementos dos espaços de

Coworking, mas apontar os diferenciais. Não serão abordados assuntos como, espaços

verticais e horizontais, tipos de pavimentação, acabamentos construtivos, etc. As análises se

darão nos focos – anteriormente já justificados no capitulo 3 – que denotam os diferenciais

da estrutura. Assim os elementos a serem abordados serão:

Arquitetura e equipamentos. Que englobam desde a construção, mobiliários de

suporte para os trabalhadores a espaços dedicados à convivência.

Despressurização e lazer. Que permitem a prática do ócio criativo e descanso.

Networking. Troca de informações e cocriação entre diferentes profissionais, áreas

de atuação e empresas em um mesmo espaço de convívio.

No site do Coworking Brasil foram catalogados todos os espaços presentes no território

nacional. Deste modo foi possível localizar os três estudos de casos em consulta. Será

abordado mais um conjunto de três elementos - descrição, serviços e planos- retirado

diretamente da descrição destes mesmos espaços dos estudos de caso.

(COWORKINGBRASIL, <https://coworkingbrasil.org/brasil/sp/>).

Ao final foi feita análise in loco dos três casos de estudos acompanhados com um quadro

comparativo dos respectivos programas de necessidades. O propósito é de mostrar como

funcionam os espaços de Coworking, usando como base a cidade de São Paulo e assim

identificar e demonstrar não existirem diferenças entre eles no quesito básico para o seu

funcionamento e constituição.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

100.1

4.1 CASO DE ESTUDO 1: A TRAMPOLIM

Grupo 1 - Espaços localizados em terrenos e construções totalmente dedicados e o

Coworking Trampolim é o seu representante. Este espaço é presente em uma Zona

Residencial.

100.1.1

4.1.1 Ficha técnica

Figura 33 - Mapa do Google Maps; Distrido; Logomarca; Endereço. Fonte: montagem realizada pelo autor.

Figura 34 - Imagem da fachada retirada do site Coworking Brasil. Fonte: Fonte: sedida pela Trampolim., 21 de dezembro

2016

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

100.1.10

4.1.2 Descrição do Site Coworkingbrasil.com.br

A TRAMPOLIM acomoda empreendedores em duas modalidades. A primeira esta direcionada para autônomas e pequenas equipes de profissionais possuidores de projeto; Outro, dedicado a start-ups ou empresas com necessidade de privacidade. Para tanto, temos estações de trabalho individuais ou coletivas e salas privativas.

Nossa infraestrutura conta ainda com sala de reunião, biciletário, Wc acessível e com ducha e estacionamento privado. Copa e Cozinha completa, área externa para descompressão, com jardim e horta urbana. Estamos em Perdizes, próximos do metrô Barra Funda (linha vermelha ) e de duas estações da Linha Verde. Fácil acesso a linhas de ônibus e com uma ciclo-faixa e estação Bike Sampa em frente de nosso Coworking.

Nosso espaço é ideal para profissionais que buscam sinergia com outros para diluir seus custos, potencializar suas iniciativas e principalmente buscar networking e integração. Dispomos de todos os serviços necessários para que sua empresa seja impulsionada no mercado de trabalho como: parceria com advogados, contadores, especialistas na área financeira além dos serviços administrativos e de infra-instrutura (internet, impressão, fotocópia, recepção, atendimento e etc.). Todos pensados para um funcionamento prático, simples e barato.

Temos planos específicos para cada tipo de necessidade. Mensal, semanal, diária, por horas, escritório virtual, endereço comercial e fiscal. Entre em contato para marcar uma visita e conhecer o nosso espaço Cool.

(COWORKINGBRASIL, Out. 2016 <https://coworkingbrasil.org/spaces/a-trampolim/> )

100.1.11

4.1.3 Planos

Figura 35 - Imagem ilustrativa dos planos oferecidos. Fonte: basado nos dados do site Coworking Brasil, Nov. 2016.

Mensal: Estação de trabalho – spot – sem limites de horas. O pagamento é mensal e pode

ser usado de 2ª a 6ª feiras durante 12 horas.

Diária: Estação de trabalho – spot – usada pelo período de 12 horas e com pagamento

referente ao dia em que for utilizado.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Horas: Estação de trabalho – spot – usada e paga pelo período de uma hora. Muitas vezes ao

passarem o dia (12horas) ou até mesmo 6 horas o espaço acaba cobrando como uma ou

meio diária.

40 horas: Estação de trabalho – spot – pago de maneira mensal para uso de até 40 horas

sem restrição de dia ou horário.

Hora: Sala de reunião – sala multiuso – alugada por hora. Em pacotes mensais (mensal e 40

horas) existe uma cota de horas em que esta sala pode ser usada sem acréscimo de

pagamentos adicionais.

100.1.100

4.1.4 Serviços

Figura 36 - Imagem ilustrativa dos serviços oferecidos. Fonte: basado nos dados do site Coworking Brasil, Nov. 2016.

Armário privado (lookers).

Espaço de convivência.

Cozinha/Copa.

Café grátis.

Sala de reuniões.

Endereço para correspondência.

Serviços de impressão.

Internet até 100MBs.

Aceita cartão de crédito/débito.

Telefonista.

Bicicletário.

Estacionamento privado.

Material de escritório.

Acesso a cadeirante

Biblioteca

100.1.101

4.1.5 Arquitetura e equipamentos.

Edifício assobradado, planta regular; com uma sala ao fundo do lote com acesso

independente. Possui acesso total a cadeirantes e portadores de necessidades especiais no

pavimento térreo. Piso superior: circulação horizontal com corredores que levam a três salas

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

para uso individual de empresas, instituição entre outros serviços. A Figura 37 representa

todas as áreas demarcadas da planta baixa e suas principais características.

Figura 37 - Possui a divisão de Pavimentos, setorização, ambiente e observações mais relevantes. Fonte: Proprietária com

base nas descrições e nomenclaturas da arquitetura.

O espaço é dividido na categoria de Pavimentos contendo: Térreo (espaço de uso coletivo),

Circulação/ acessos (todos os pontos referentes à acessibilidade e movimentação das

pessoas no espaço) (Figura 38); Superior (espaço de uso privado na maioria dos ambientes)

(Figura 39). Cada Pavimento foi setorizado e ressinificado de acordo com as plantas

fornecidas e estudos in loco. A Setorização está determinada com Área Externa,

Administrativo/ Apoio, Área de Produção, Área de Convivência, jardins no pavimento Térreo;

Circulação Horizontal e Vertical, considerando todos os acessos às escadas presentes no

espaço; Área externa e Área Interna do pavimento Superior. (Figura 37)

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Figura 38 - Aplicação de cores e nomenclaturas mais adequadas aos setores identificados no pavimento térreo.

Fonte: Baseada na planta fornecida pela A Trampolim.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Figura 39 - Aplicação de cores e nomenclaturas mais adequadas aos setores identificados no pavimento superior.

Fonte: Baseada na planta fornecida pela A Trampolim.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

100.1.110

4.1.6 Trabalho e networking.

Setor: Área de produção: Neste setor estão localizados os ambientes de Spots, Sala Multiuso

e Sanitário masculino e feminino de uso coletivo dos Coworkers. O grande fator inovador

deste modelo de negócio é definido e encontrado neste tipo de resolução espacial. Os

indivíduos que desejam ter uma estação de trabalho fora do ambiente doméstico procuram

o conforto e a liberdade de estar em um espaço aonde podem ter maior autonomia.

Ambiente: Sala de Spots: Possui um espaço que pode acomodar até 20 Coworkers de

maneira confortável com acesso à internet e aos ambientes comuns deste pavimento. As

mesas são com estilo bancadas e todas possuem tomadas e pontos para cabos de redes e

são de dimensões maiores para atender a demanda de um tipo de público que trabalha com

desenhos, plantas e diversos processos manuais. O ambiente não possui divisão espacial, há

sómente uma parede interna, localizada no meio da sala com um vazado de forma

retangular. (Figura 40; Figura 41; Figura42)

Figura 40–Sala de spots (foto tirada da área de despressurização). Fonte: Fotos do autor.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Figura 41 - Sala de Spots (foto tirada da sala multiuso). Fonte: Foto do autor.

Está localizada no meio da estrutura construtiva e do terreno o que dá possibilidade aos

clientes de se deslocarem para qualquer setor livremente. Cada mesa possui um conjunto de

luminárias de teto que facilitam e deixam mais homogênias a iluminação. Durante o período

diurno a sala é banhada pela luz natural ambiente, o que melhora a sensação de conforto e

diminui o uso das luzes artificiais.

Figura 42 – Sala de Spots (foto tirada da recepção). Fonte: Foto do autor.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Ambiente: Sala Multiuso: A sala é alugada para reuniões, workshops, palestras, aulas e até

para gravações de vídeos. Quando não está sendo utilizada ela pode ser acessada e usada

por qualquer Coworker. Os Coworkers que alugam os spots ou salas mensalmente possuem

um banco de horas para uso deste ambiente. A copeira do Coworking Trampolim pode ser

solicitada para servir café e água (incluído no pacote). (Figura 43)

Figura 43 - Sala Multiuso onde pode observar: cadeiras, mesa e material de apoio, alem da iluminação natural

.Fonte: Fotos do autor.

Piso Superior: O piso superior possui áreas no espaço interno e externo da edificação. Todas

as quatro salas são de uso particular e possuem contratos exclusivos. Mobilhadas com mesas

de madeira e cadeiras tipo escritório. Possuem pontos de energia e acesso à internet tanto

wi-fi como via cabo.

Sala 01 - A maior sala do espaço todo. Na atualidade está sendo alugada para uma única

empresa, mas é preparada para aceitar divisão podendo ter até dois ambientes distintos.

(Figura 44)

Sala 02 - A menor sala do complexo com apenas uma janela. Piso em taco de madeira e

janelas em folha de madeira com vidros tipo guilhotina.

Sala 03 - Possui uma varanda exclusiva e voltada para a Área de trás da edificação e gera

uma área de descompressão e ócio criativo privado e exclusivo.

Sala externa (04) - Possui acesso pela lateral assim como pela parte interna do prédio. Por

estar estratégicamente fora do contexto construtivo da casa principal, o escritório do

locatário podendo ser usado 24 horas por dia nos 7 dias da semana. Em livre acesso para a

Área de Convivência e Área Externa, e, a parte dos banheiros da Área de Produção.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Figura 44 -.Imagem da sala 1 interna, no piso superior. Fonte: Foto do autor.

100.1.111

4.1.7 Despressurização e lazer.

Espaço Coworking Trampolim é multifuncional, sobretudo no piso térreo, que se caracteriza

como espaço mais versátil em termos de uso pelos Coworkers e visitante além de ser

disponibilizado aos finais de semana para aluguel a eventos: festas, lançamentos, gravações,

etc.

Ambiente: Bicicletário: Com entrada exclusiva e capacidade para até 5, este ambiente

atualmente é usado pelos clientes, mas é alugado por uma empresa de entregas via

bicicletas - bikes courriers – como ponto estratégico de base (Figura 45). Uma das vantagens

é o acesso à ciclovia que passa em frente à edificação, na própria rua Ministro Godói e o

vestiário com ducha localizado no Setor Área de Convivência logo abaixo da escada externa e

atrás da área do setor Refeitório / cozinha.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Figura 45 - Espaço lateral aonde se encontra o bicicletário em uso. Fonte Fonte: sedida pela Trampolim., Fev. 2016.

Setor: Área de convivência: O setor em questão é uma das criações arquitetônicas mais

relevantes de um Espaço de Coworking. Sua intenção é promover aos usuários e clientes a

liberdade para descansarem e descontrairem sempre que necessário. A intenção da

construção destas áreas é de proporcionar a aproximação com situações mais descontraídas

ao possibilitar a sensação de “estar em casa”. Isso ocorre, pois é preparada para retirar a

mente do usuário de um local corporativo convencional e permitir que tenha um prazer

visual e sensorial de descontração. Ele está dividido em três ambientes: Área de

Descompressão, Refeitório/Cozinha e um banheiro, preparado para portadores de

necessidades especiais além do vestiário misto.

Ambiente: Área de Despressurização (descompressão): O nome já sugere a ideia deste

ambiente. A descompressão serve para tirar o foco de um afazer (no caso trabalho) e

permitir o relaxamento do indivíduo. Estes espaços contem mesas e cadeiras dobráveis de

madeira e fica totalmente ao ar livre. Muitas reuniões informais – a algumas formais –

acontecem neste espaço. As escadas de acesso para a sala externa possuem um conjunto de

palavras que falam muito sobre a proposta deste espaço e das relações entre as pessoas

(confiança, empreendedorismo, respeito, integridade, inovação, parcerias, flexibilidade,

coletividade, ética, disciplina e dedicação). (Figura 46)

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Figura 46 – Mostra a area de despressurização (direita) e a cozinha (esquerda) na epoca da inauguração do espaço de

Coworking A Trampolim. Fonte: sedida pela Trampolim.

Ambiente: Refeitório/Cozinha: O ambiente de refeitório é composto pela mesa de refeição

e a cozinha. A mesa é utilizada tanto para o almoço como para pequenos lanches que os

Coworkers fazem durante o dia. Em muitos casos é possível observar a ocorrência de

reuniões de trabalho. (Figura 47)

A cozinha possui uma geladeira, micro-ondas, fogão, bebedouro, máquina de café e

utensílios como copos, talheres, pratos, etc. Um balcão separa a área de cocção do ambiente

de apoio aonde são deixadas sempre cheias as térmicas com água quente (para chás) e o

café. A geladeira pode ser usada livremente e a organização dos conteúdos é feita através do

respeito mútuo dos Coworkers.

Muitos levam as comidas e ou ingredientes de casa, ou supermercado próximo para

cozinharem. Existe uma copeira do próprio espaço que trata de manter o local limpo e

higienizado, mas a grande maioria das pessoas que utilizam tanto o espaço como os

utensílios acabam fazendo a função de manutenção e higienização dos mesmos.

Figura 47 - Espaço referente a mesa de refeições (esquerda) e detalhe da cozinha (direita). Fonte: tirada pelo autor.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Setor e Ambiente: Jardins: No projeto arquitetônico e espaço físico existem 5 jardins. Um

localizado na lateral esquerda e outro na lateral direita da edificação, junto ao recuo

obrigatório. Existem mais três jardins localizados na área de despressurização. (Figura 48)

Figura 48 - Vista da porta de entrada da área de Spots, aonde pode ser vista a área de despressurização e os jardins. Fonte:

Fonte: sedida pela Trampolim.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

100.10

4.2 CASO DE ESTUDO 2: IMPACT HUB

Grupo 2 - Espaços que surgiram logo no início do aparecimento de Coworking no mundo em

2005, o Impact Hub é seu representante por ter sido o primeiro no Brasil, na Rua Bela Cintra,

no distrito da Consolação em 2007. Além disso, ele esta presente em uma Zona Mista da

cidade instalado em uma sobreloja – estacionamento – com entrada lateral.

100.10.1

4.2.1 Ficha técnica

Figura 49 - Mapa do Google Maps; Distrido; Logomarca; Endereço. Fonte: montagem realizada pelo autor.

Figura 50 – Imagem da fachada (esquerda) e da entrada (Direita). Fonte: Tirada pelo autor

100.10.10

4.2.2 Descrição do site Coworkingbrasil.com.br

A comunidade do Impact Hub São Paulo é composta por negócios e projetos que promovem impacto positivo na sociedade no nível local e global. Nossos membros são empreendedores, investidores sociais, freelances, ativistas, criativos, consultores, empreendedores atuando em grandes organizações, estudantes, educadores, futuros empreendedores e qualquer pessoa e/ou

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

organização interessada em direcionar suas atividades a uma realidade mais sustentável.

Os membros podem usufruir de uma plataforma global para se conectarem com mais de 7.000 empreendedores de impacto em todo o mundo; ter acesso a conteúdos, treinamentos e suporte; acessar e utilizar espaços para encontros e trabalho; e participar ativamente (cocriar) de uma programação de atividades como exposições, palestras, debates, workshops e muito mais.

(COWORKINGBRASIL, Nov. 2016 <https://coworkingbrasil.org/spaces/pocket-coworking/>)

100.10.11

4.2.3 Planos

Figura 51 – Imagem ilustrativa dos planos oferecidos. Fonte: basado nos dados do site Coworking Brasil, Nov. 2016.

Diária: Uso de Spots móveis por dia.

HUB NET: Spots móveis em qualquer dia e horário. Pago à parte como uma diária.

100.10.100

4.2.4 Serviços

Figura 52 – Imagem ilustrativa dos serviços oferecidos. Fonte: basado nos dados do site Coworking Brasil, Nov. 2016.

Armário privado (lookers). Espaço de convivência. Cozinha/Copa. Café grátis. Sala de reuniões. Endereço para correspondência.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Serviços de impressão. Internet até 100MBs. Aceita cartão de crédito/débito. Atendimento em Inglês. Estacionamento conveniado.

100.10.101

4.2.5 Arquitetura e equipamentos.

Figura 53 - Possui a divisão de Pavimentos, setorização, ambiente e observações mais relevantes. Fonte: Proprietária com base nas descrições e nomenclaturas da arquitetura

A planta baixa (Figura 54) do Espaço foi desenhada, setorizada e ressinificada de acordo com

estudos in loco. A Setorização está determinada com administrativo/ Apoio, Área de

Produção, Área de Convivência, jardins e Circulação Vertical, considerando todos os acessos

às escadas presentes no espaço (entrada, diferentes níveis de piso e estoque). (Figura 53)

PAVIMENTO SETORIZAÇÃO AMBIENTE OBSERVAÇÃO

Acesso/Espera Bancos de espera

RecepçãoAdministração, Secretaria e Recepção;

Serviços de Xerox e impressão

Depósito (apoio) Material de limpeza, higienização etc.

AdministraçãoSala de administração com os sócios do

espaço.

Sala de Spots Lookers, mesas, cadeiras, entre outros

Sala Multiuso Reuniões, Workshop, Cursos, Dinâmicas etc.

Sala Multiuso Reuniões, Workshop, Cursos, Dinâmicas etc.

Área multiusoCom mesas usadas para: refeições, trabalho,

descanso, reuniões..Área de

Despressurização

Área coletiva de uso multiuso: refeição,

reuniões informais, leitura, descanso .

Refeitório/Cozinhaequipe. culinários, armários, mesas de

refeição

W.C Masc./Fem. Utilizados por funcionários e usuários

Jardins Jardins jardim tipo de inverno

Circulação/ Acessos vertical 3 escadas

Acesso Pavimento Superior; niveis diferentes

de piso; escada do estoque de insumos e

materiais.

Sobre Loja (espaço

de uso coletivo)

Administrativo/

Apoio

Área de

Produção

Área de

Convivência

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

Figura 54 – Planta da setorização dos espaços. Fonte: base na visita in loco.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

100.10.110

4.2.6 Trabalho e networking.

Área de Spots: Área de vão livre usada pelos Coworkers fixos – mesas dispostas ao redor da

sala e próximas às paredes – e Coworkers rotativos – ilhas centrais. (Figura 55). Possui

armários (lookers) individuais e iluminação natural.

Figura 55 – Área de spots. Fonte: Foto do autor.

Área Multiuso: Usada para reuniões informais, trabalho (spots), descanso e diversas

atividades mais descontraídas. Muitas vezes serve de sala de espera para convidados dos

cursos e eventos realizados nas Salas Multiuso. (Figura 56)

Figura 56 – Área de multiuso. Fonte: Foto do autor.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

100.10.111

4.2.7 Despressurização e lazer.

Área Multiuso: Também usada para descanso e descontração (figura 47) possui uma

pequena biblioteca para consultas com uso livre, localizada na divisão para a Área de Spots e

mesas. (Figura 57)

Figura 57 – Área de multiuso, detalhe da biblioteca livre. Fonte: Foto do autor.

Área de Despressurização: Possui um conjunto de assentos entre sofás e pufes. Nos dias que

foram realizadas as visitas foi possível notar que os Coworkers usavam este espaço para

comer, descansar, conversar, ler e em alguns casos, munidos de seus computadores,

trabalhar.

Refeitório/Cozinha: Um ambiente versátil, pois ao possuir as instalações completas de uma

cozinha residencial, permite aos Coworkers usarem, tanto para esquentarem comida, assim

como cozinharem. Em um dos dias da visita, foi possível observar um Coworker e seu cliente

fazendo uma reunião de negócios enquanto almoçavam.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

100.11

4.3 CASO DE ESTUDO 3: POCKET COWORKING

Grupo 3 - Surgiram devido ao crescimento da demanda por espaços de Coworking, e o

Pocket Coworking representa este grupo, além de estar instalado e ser planejado em uma

área quadrada pequena dentro de um prédio de conjuntos comerciais, usualmente alugados

por pequenas empresas. Está presente em um contexto de Zona Comercial.

100.11.1

4.3.1 Ficha técnica

Figura 58 - Mapa do Google Maps; Distrido; Logomarca; Endereço. Fonte: montagem realizada pelo autor.

Figura 59 - Imagem da fachada retirada do Google Street View. Fonte: Google Maps., 1 de fevereiro 2017

100.11.10

4.3.2 Descrição do site Coworkingbrasil.com. br

Com capacidade para atender 24 profissionais, o escritório tem um clima intimista, com estações de trabalho próximas umas das outras e sem salas

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privativas, com o objetivo de facilitar as relações entre os usuários e o networkig.

O ambiente foge do padrão tradicional de escritório, com cores vivas, mesas de madeira de demolição, e uma decoração focada em proporcionar um ambiente acolhedor para o Coworker em suas atividades diárias de trabalho e reuniões.

Instalado em um prédio comercial com segurança 24 horas e sistema próprio de vigilância, o Pocket Coworking está localizado em Perdizes, área de fácil acesso com várias opções de estacionamento, transporte público e proximidade com ciclovias.

(COWORKINGBRASIL, Nov. 2016 <https://coworkingbrasil.org/spaces/pocket-coworking/>).

100.11.11

4.3.3 Planos

Figura 60 - Imagem ilustrativa dos planos oferecidos. Fonte: basado nos dados do site Coworking Brasil, Nov. 2016.

01/MINI: 40 horas; Sala de reunião a parte; 1 SPOT móvel.

02/HALF: 80 horas; 1 hora de sala de reunião; 1 SPOT móvel.

03/START: 170 horas; 2 horas de sala de reunião; 1 SPOT fixo.

04/DUE: 350 horas; 4 horas de sala de reunião; 1 SPOT fixo.

05/CORP: 520 horas; 5 horas de sala de reunião; 3 SPOTs fixos.

06/FRIEND: 170 horas; Sala de reunião a parte; 1 SPOT móvel.

100.11.100

4.3.4 Serviços

Figura 61 - Imagem ilustrativa dos serviços oferecidos. Fonte: basado nos dados do site Coworking Brasil, Nov. 2016.

Armário privado (lookers)

Espaço de convivência

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Cozinha/Copa.

Café grátis.

Sala de reuniões.

Endereço para correspondência.

Serviços de impressão.

Internet até 50mbs.

Aceita cartão de crédito/débito.

4.3.5 Arquitetura e equipamentos.

Figura 62 – Possui a divisão de Pavimentos, setorização, ambiente e observações mais relevantes. Fonte: Proprietária com base na visita In Loco.

A planta baixa (Figura 63) do Espaço foi desenhada, setorizada e ressinificada de acordo com

estudos in loco. A Setorização está determinada com administrativo/ Apoio, Área de

Produção, Área de Convivência, jardins e Circulação Vertical, considerando todos os acessos

às escadas presentes no espaço (entrada, diferentes níveis de piso e estoque). (Figura 62)

PAVIMENTO SETORIZAÇÃO AMBIENTE OBSERVAÇÃO

RecepçãoAdministração, Secretaria e Recepção; Serviços

de Xerox e impressão

Acesso/espera

Depósito (apoio) Material de limpeza, higienização etc.Sala de Spots Lookers, mesas, cadeiras, entre outrosSala Multiuso Reuniões, Workshop, Cursos, Dinâmicas etc.

Sanitários Masc. e Fem. Utilizados por funcionários e usuários

Área de Despressurização

Área coletiva de uso multiuso: refeição, reuniões

informais, leitura, descanso (redes, bancos).

Finais de semana é locado para eventos:

lançamento de livros, festas, e/ou encontros

coletivos.

Refeitório equipe. culinários, armários, mesas de refeição

Sala Comercial

(espaço de uso

coletivo)

Administrativo/Apo

io

Área de Produção

Área de

Convivência

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Figura 63 - Planta da setorização dos espaços. Fonte: baseada na visita in loco.

100.11.110

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4.3.6 Trabalho e networking.

Sala de Spots: Constituido em uma sala comercial, a maior curiosidade deste espaço está no

tamanho ao mesmo tempo em que cumpre as condições construtivas e conceituais de um

espaço de Coworking. A área de spots (Figura 64) possui acomodações para 24 pessoas e é

definida pelas estruturtas das mesas.

Figura 64 –Sala de spots. Fonte: Fotos e montagem do autor.

Refeitório/Cozinha: Apesar de ser constituída por uma simples bancada, esta área dá a

possibilidade do Coworker preparar suas refeições. Possui um micro ondas, freegobar e

cafeteira, além de armários para os mantimentos. Neste espaço não é possível cozinhar

alimentos ou preparar comidas complexas – como mencionado nos outros modelos. (Figura

65)

Figura 65 - Área de bancada que constitui o refeitorio e cozinha. Fonte: foto do autor.

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Sala Multiuso: Utilizada para pequenos worshops, reunião e apresentações, está equipada

com monitor de LCD, mesa e material de escritório. É um espaço usualmente locado para

clientes externos que pretendem fazer reuniões. Dentro de alguns planos é permitido o uso

do mesmo pelos Coworkers sem cobrança individual. (Figura 66)

Figura 66 – Sala Multiuso. Fonte: Foto do autor.

100.11.111

4.3.7 Despressurização e lazer.

Área de despressurização: Apesar de estar em um espaço pequeno, o Pocket possui uma

sala para que os Coworkers possam utilizar como área de descanso e lazer. Tem em suas

acomodações assentos estilo pufes, blue-ray e video game – Xbox 360. (Figura 67)

Figura 67 - Área de despressurização. Fonte: fotos e montagem do autor.

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5 COWORKING: O PÔRQUE DESSES ESPAÇOS EXISTIREM!

Este trabalho corrobora com a relevância do uso dos Espaços

Coworking, como Lugares criados na Era da Informação, que conferem o tempo aqui

adotado para o desenvolvimento da pesquisa sobre este tema, considerado essencial, para

pesquisas troca de experiências entre pessoas de várias áreas, ponto de encontro entre

outros benefícios.

É importante assinalar que a seleção das quatro seções desta dissertação sobre Coworking,

implicou num compêndio desafiador, em função da sua complexidade, na tentativa de

evidenciar os indícios que levaram ao seu surgimento, bem como à sua relevância na vida

socioeconômica, cultural e consequentemente na criação de novos costumes, com a

oportunidade de convivência nesses ambientes que se definem como colaborativos com à

presença de áreas transdisciplinares e de seus Coworkers.

Esta pesquisa marca o presente, com novos Espaços físicos e virtuais em função das novas

demandas tecnológicas, de comunicação, informações, especialmente on-line, como a

internet permitiu, e se pode constatar no decorrer deste trabalho. Encerram-se algumas

atividades, porém criam-se outras, como em todas as Eras da humanidade.

Ficou evidente que não há muitos impeditivos, como a distância, para a presença de pessoas

em determinado Lugar, sua atuação, participação e colaboração, pois é possível estar em um

único Lugar, em vários tempos diferentes. Também comprova a internet e as suas múltiplas

possibilidades: comunicação e seus acessos, a rede de informações, como forte condição

propulsora de mudança do modo de trabalho, e consequentemente do modo de vida, a

partir das necessidades que estes movimentos criam.

Cabe destacar que este trabalho não teve intenção de discutir as questões políticas que

permeiam o tema ou mesmo as condições de trabalho, a labuta e o emprego, mas sim

apreender uma pequena parte das macro-mudanças deste momento, com nova organização

espacial e as formas de relações de trabalho em Espaços Coworking.

No que tange as questões mais importantes para a abordagem deste assunto é importante

salientar que a busca estava em entender os Lugares de Coworking como vetor e indicio dos

novos modos organizacionais que as futuras estruturas das cidades e da coletividade estão

transformando-se.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

101.1

5.1 O QUE DEFINE UM COWORKING?

Muitos elementos encontrados e tratados neste trabalho tangenciaram desde a construção

arquitetônica até a relação de produtos e serviços utilizados pelos Coworkings. Contudo

foram as características de usabilidade que evidenciaram o funcionamento real deste tipo de

Espaço.

Um Espaço – para a arquitetura e urbanismo - é a construção física e edificada e

caracterizada por sua volumetria no ambiente. Dentre vários destes apresentados ao longo

da pesquisa, a escolha dos três estudos de caso, foi baseada em construções distintas

encontradas nestes modelos de Espaço:

Um representante de construção do tipo Residencial. Constituído dentro dos moldes

de uma casa de rua.

Um representante de característica tipo Comercial. Constituído dentro de um

conjunto comercial, elemento construtivo muito presente na Cidade de São Paulo.

Um representante de tipo Mista. Um representante que funciona em uma zona

aonde se tem residências e comercio em uma mesma região. No caso especifico

ainda foi levado em conta que este empreendimento funciona em uma sobre loja –

acima de um supermercado.

Assim, os demais Espaços encontrados e analisados, sobre essa ótica da construção, se

apresentavam enquadrados em uma destas três características de funcionamento.

No contexto urbano foi possível notar que a proximidade de transporte público – Taxi, Uber,

Ônibus, Metro, Trem, etc. – é um fator crucial já que isso facilita o deslocamento das pessoas

para estes Espaços. Além disso, foi possível notar que a grande maioria dos usuários mora

nas proximidades do Espaço que usa.

Se a construção física é o primeiro ponto para o entendimento do Espaço de Coworking, de

fato não é o determinante. Um Espaço quando habitado pelo homem é entendido como

Lugar – como visto no capitulo um deste trabalho. Portanto o mais importante é entender o

que as pessoas fazem nestes Espaços, ainda mais no contexto contemporâneo da Era da

Informação. O que de fato elas fazem em um Espaço de Coworking?

Essencialmente as pessoas fazem colaboração, networking, compartilhamento, troca de

informação, bate papo formal e informal, reuniões com clientes, descansam, jogam, bebem,

comem, cozinham e trabalham. Em resumo elas fazem o Coworking e são os Coworkers

destes Espaços que o transformam de fato em “um Lugar aonde o ato do Coworking é

praticado”.

101.10

5.2 UM LUGAR PARA TODOS OS ESPAÇOS

Se isso é fato, então podemos entender que qualquer espaço que as pessoas façam essas

coisas pode ser considerado um Lugar de Coworking? Sim de fato, a ideia que qualquer

espaço pode servir é uma constante verdadeira, principalmente na era da internet. O mais

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

relevante é entender o que fazem e não aonde fazem. O mais relevante esta na ordem da

participação do coletivo e a troca de informações.

Fazendo parte de um contexto enraizado na Era da Informação, estes Lugares de Coworking

apresentam os seis itens identificados no capitulo dois no cunho de sua constituição, ou seja,

o espaço do Coworking é um representante tangível de uma construção planejada e

idealizada nos moldes da nova era. Pode-se desta maneira destacar:

1. Desmassificação; como um elemento presente em um espaço que todos podem

usar. Desde grandes empresas a pequenos freelances, sem a designação de uma

classe social – pessoa física - ou faturamento, mensal ou anual – pessoa jurídica.

2. Globalização; muitos dos espaços são interligados entre grandes redes e conectados

a outros Espaços ao redor do mundo. Um grande exemplo é o do Impact Hub.

Presente em mais de 40 países é comum que um profissional no Brasil use o serviço

de outro que esta em Bangladesh, por exemplo.

3. Centralidades; um dos pontos mais importantes para a existência da materialidade

do Espaço. Se o deslocamento nas grandes cidades e centros urbanos é um fator

importante - para o quesito de qualidade de vida, por exemplo - e a internet da a

possibilidade de prática do Home Office, estes Coworkings respondem às duas

demandas. No momento em que eclodem dezenas a todo ano – um crescimento de

200% só em São Paulo, como dados da pesquisa da Ekonomio para o Coworking

Brasil – são usados como base para muitos funcionários de multinacionais ou

empresas que possuem sede própria. Sendo desta forma um centro referencial de

deslocamento e uso para a prática do trabalho.

4. Transdiciplinaridade; na figura 44, da pesquisa da Ekonomia – capitulo três -

podemos observar a presença de vários setores e áreas de atuação presentes nos

espaços. De fato, em um único destes, podemos encontrar profissões diversas como

advogado e designer, ou consultor e arquiteto, e que podem trabalhar em conjunto

para um mesmo cliente – por exemplo, ao se fazer um contrato de royalte com uma

loja, o designer pode usar o advogado para auxiliá-lo.

5. Ecologia; abordados sobre vários aspectos, o que chama a atenção é a importância

da palavra. Nela está contido o valor do conceito de pertencimento ao todo e do

meio ambiente em que o homem esta inserido. Assim, o Espaço de Coworking é um

plural no que tange a diversidade de pessoas e ambientes e nas trocas que permite –

no âmbito nacional ou internacional.

6. Redes; desde as redes de conexão através da internet a conjunto de pessoas ligadas,

este conceito é o ponto chave do funcionamento do espaço, mas vai além. O físico

promove a materialidade do estar presente em um ambiente que é propicio para a

prática profissional e a internet é o seu ampliador.

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Figura 68 – Imagem que representa os seis conceitos explicando o sentido da frase de abertura do trabalho. Fonte: criação

da frase e imagem realizados pelo autor

101.11

5.3 O LUGAR DA ERA DA INFORMAÇÃO

Ao se comparar todos os dados coletados e compilados e fazer os cruzamentos entre os

mesmos foi possível classificar e compreender que a terminologia Espaços de Coworking,

não está determinando o que realmente significa trabalhar desta maneira. O ato e prática

deste estilo de vida, que une o trabalho, lazer, descontração, entretenimento, descanso,

inúmeros indivíduos conectados e unidos com o proposito de troca de experiências e

networking vai além das construções físicas impostas pelos Espaços da cidade.

Temos que começar a refletir que qualquer Espaço pode ser um Lugar para a prática do

Coworking, desde que mantenha os princípios que o constituem como tal:

1- Área de Trabalho.

2- Horários flexiveis.

3- Área de despressurização.

4- Contato com outros Coworkers.

5- Networking para parceria de projetos.

6- Uma rede de usuarios vinculada também à internet.

7- Áreas para preparos de refeições ou lanches.

8- Conexão de internet.

Contudo, se a discussão e área de atuação deste trabalho de mestrado está vinculada com o

estudo da Arquitetura e Urbanismo na cidade de São Paulo, a razão da escolha do tema de

Coworking e sua pesquisa nos possibilita um novo entendimento dos Espaços nas cidades da

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Era da Informação. Ao confrontar diversos autores e conceitos, notou-se que a principal

transformação ocorrida está na desmaterialização e virtualidade dos objetos e bens, os

transformando em serviços que não carecem mais de Espaços físicos para determína-los.

Mesmo assim os Espaços de Coworking e suas construções arquitetônicas e ou estruturais

comprovaram que é possível atender às demandas da Era da Informação, no momento em

que permitem a adaptabilidade dinâmica dos Espaços.

Como Espaço para as novas cidades que surgirão e suas demandas, o Coworking realmente

se posiciona entendendo e se modelando conforme as dinâmicas dos habitantes. O Espaço

de Coworking não se prende aos moldes do sistema da Era Industrial que acabou criando

espaços em detrimento das funções. Mas entende que para um Espaço continuar tendo

valor e significado dentro das metropolis terá que ter a capacidade de se reinventar em

Lugares diferentes ao mesmo tempo.

Se, estamos em um mesmo Lugar – a internet – em vários tempos diferentes – momento em

que várias pessoas podem acessar uma mesma informação em polos opostos do planeta –

os Espaços de Coworking comprovam que podemos estar em um mesmo espaço em lugares

e tempos diferentes.

101.100

5.4 EASTER EGG

Easter Egg – do inglês, Ovo de Páscoa - é um termo criado por desenvolvedores de games,

na década de 80. Usado inicialmente para colocar seus nomes escondidos nos jogos que

produziam devido proibição de colocalos nos anúncios pelos donos das empresas. Hoje em

dia é usado para esconder segredos e dicas em filmes, sites, games e diversas outras

plataformas. Neste trabalho foram inseridos alguns números em formato digital antes dos

capítulos e subcapítulos. Ao se tratar de um trabalho contemporâneo e que discursa sobre a

Era Digital, estes números representam, em códigos binários os números alfanuméricos dos

capítulos subsequentes:

Figura 69 – tabela de equivalencia de alfanumerico para binario (linguaguem analogica para linguagem digital – ou do computador) Fonte: criado pelo autor.

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COWORKING: O porquê destes espaços existirem!

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NOTAS DE RODAPÉ

1 O calendário cósmico é a história do cosmos - universo que possui aproximadamente 13,8 bilhões de anos - desde o big bang até os dias atuais sugeridos, desenhado e proposto pelo astrofísico Carl Sagan condensado em um único ano. Iniciando no dia 1 de janeiro e um segundo com o nascimento do universo e terminando em 31 de dezembro as 23 e 59 segundos com os dias atuais contendo tudo que aconteceu no universo até agora. (Anexo Calendário Cósmico). 2 TICs é a abreviação para Tecnologias da Informação e Comunicação. “A dinâmica da economia capitalista persiste e assume um papel crescente na sociedade, principalmente porque uma grande parte das atividades humanas é objeto de produção e de serviços de mercado. As tecnologias da informação e da comunicação (TICs) desempenham um papel central nessa dinâmica. ” (ASCHER, 2010, p.54) 3 Smart Gagtes: É o nome dado aos aparelhos eletrônicos como celulares, tablets, relógios e todos os sistemas que não são PC, mas que possuem tecnologia computacional embarcada e rodam em sistemas operacionais baseados em números binários. 4 Nerdologia é um canal do youtube feito pelo Dr Biologo Atila que tem como princípio explicar conceitos contemporâneos e até mesmo fantasiosos – histórias de heróis e hq´s – pelo viés da academia. Com conceitos e embasamentos através de escritores e pensadores, o Nerdologia procura esclarecer e discutir a veracidade e possibilidade da existência ou não de cada assunto. 5 Francis Galton – foi um antropólogo, meteorologista, matemático e estatístico inglês. Ele foi o primeiro a aplicar métodos estatísticos para o estudo das diferenças e herança humanas de inteligência, e introduziu a utilização de questionários e pesquisas para coletar dados sobre as comunidades humanas, o que ele precisava para obras genealógicas e biográficas e para os seus estudos antropométricos. Como pesquisador da mente humana, fundou a psicometria (a ciência da medição faculdades mentais) e a psicologia diferencial. 6 Mapas Mentais – É um conceito usado na metodologia do design Thinking, para exprimir o conceito que todo o indivíduo tem referencias e vivencias que constituem o seu saber individual. 7ARDUINO: é uma plataforma de prototipagem eletrônica de hardware livre e de placa

única. O objetivo do projeto é criar ferramentas que são acessíveis, com baixo custo,

flexíveis e fáceis de usar por artistas e amadores.