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Covid-19 vai acentuar a desigualdade no acesso à educação?

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Covid-19vai acentuara desigualdadeno acessoà educação?

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PANDEMIA TRAZ A TONA DIFERENÇASNO ACESSO AOS EQUIPAMENTOS DE ENSINO

Universidades, politécnicos, centros de formação e tecnológicas mostram unanimidade na ideia de que as ferramentas digitaistêm um papel essencial na nova era da telescola e do 'e-learning'. Há quem defenda linhas de crédito para compra dos materiais.

A CRISE

DA COVID-19

VAI ACENTDAR

A DESIGUALDADE

NO ACESSO

À EDUCAÇÃO?

QUAL A SOLUÇÃO

PARA QUE

A TECNOLOGIA

ESTEJA AO SERVIÇODOS ALUNOS?

Pelo contrário. Do meu ponto de

vista, a tecnologia é um veículo parase democratizar a educação. Bastaverificarmos que, hoje, em dia, com a

Internet, temos acesso ilimitado ainformação e que podemos assistir a

formações e eventos de entidades

que estão do outro lado do planeta. A

própria Microsoft disponibiliza vários

programas de formação gratuitos nas

suas plataformas. É certo que oacesso à tecnologia tem custos e

que a pandemia provocada pelaCovid- 19 revelou a existência de

desigualdades entre a comunidadeescolar, mas, nós, Microsoft, temo--nos empenhado em dotar todas as

instituições de ensino, públicas e

privadas, das ferramentasnecessárias para atravessarem este

período de confinamento e em que oensino à distância é a regra, com omínimo de sobressaltos. Oferecemoso Office 365 A 1gratuitamente e

disponibilizamos o Microsoft Teamssem custos, além de que temos umaequipa sempre disponível paraprestar o apoio necessário às

instituições. Realizámos formações,e webinares que contam já com mais20 mil participantes, no ultimo mês.

Há ainda muito a fazer para reduzir

desigualdades, mas também temosvisto a sociedade a mobilizar-se paradotar os mais carenciados dos

dispositivos informáticos necessários

para tirarem proveito das novas

tecnologias. Estamos naturalmentesolidários com esse apoio eacreditamos verdadeiramente que atecnologia pode ajudar todas as

pessoas e organizações no planeta airem mais além. Com estes acessosvem também a questão da

responsabilidade e por isso aMicrosoft faz todos os anos uma

campanha de sensibilização sobre asmelhores práticas na utilização daInternet de forma segura eresponsável e estamos a reforçaressa mensagem junto das escolas.

Naturalmente, mas sobretudo no

acompanhamento diferenciado que édado a alunos de diferentesrealidades socioeconómicas. A

tecnologia tem sido uma resposta euma ajuda óbvia perante esta crise

que enfrentamos. A humanidadeassiste a uma altura em que deforma massiva a tecnologia tem

permitido manter algum do estilo devida que vínhamos mantendo, nacomunicação em geral, em algunscasos mantendo a possibilidade detrabalharmos de forma remota, na

compra de bens ou manutenção de

serviços essenciais. Este será cadavez mais o caminho e o setor daeducação está a tirar partido datecnologia de uma forma cada vezmaior. Além das plataformasdedicadas, dos sistemas de

informação para gestão da escola eda comunidade escolar, do usomassivo de Sistemas de Gestão de

Aprendizagem (vulgo LMS), e de

plataformas como o Teams, o Zoom,entre outras, os próprios professores

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tiveram que adaptar toda a suadinâmica para uma realidade em queos alunos estão presentes de forma

remota, uma aprendizagem e umdesafio que nem sempre são fáceis.Nem toda a população tem acessofacilitado a tecnologia ou àconectividade necessária nem todas

as famílias dispõem de um

computador em casa, e mesmo queo tenham basta pensar em

agregados familiares com alunos dediferentes idades, aulas emsimultâneo. A solução que o Governo

encontrou, a telescola, não é

suficiente para assegurar os níveisde educação necessários aos nossosalunos. Talvez esta pandemia seja aaltura para refletirmos nas políticaseducacionais de uma forma maiscrítica e se entenda que o acesso à

tecnologia e à Internet são um direitode base, tal como o acesso à

eletricidade, água, entre outros.

Já representa um fator de aumentoda desigualdade no acesso à

educação, percebido como acessoao conhecimento, desenvolvimentocultural e da integração social. Os

jovens oriundos de famílias comrendimentos baixos - e são muitos -

não têm os meios tecnológicos quepermitem, aos que os têm, saltar da'caixa do confinamento' eacompanhar o modelo de educaçãoadotado, que, ademais, veio paraficar. Sendo importante olhar para ofuturo com esperança, esta crisedeve representar uma oportunidadede desenvolvimento e fortalecimentoda capacidade de compreensão e

utilização do digital por parte dos

jovens, para ultrapassar barreirasconservadoras relativamente às

exigências de novos modelos dedesenvolvimento de aprendizagens,mais próximos das suas apetências,competências e motivações.Havendo meios, os nossos jovensrapidamente tirarão partido dessesmeios. Urge ter uma política quepermita dotar os nossos jovens, comcomputadores, com meiosaudiovisuais, para poderem participarnas redes de trabalho, sendonecessário acesso à Internet. E adimensão das exigências de trabalho

ultrapassará seguramente o ter umsó computador por família. Será poispreciso um programa de apoio paraatingirmos esse objetivo prioritário derobustecer o nosso parquetecnológico das famílias: i) o muito

parco apoio da ação social

governamental; ii) o apoio semprelimitado das instituições do ensino

superior (para o ensino superior); iii)

o sempre limitado apoio das

administrações locais; iv) o apoio dasociedade civil, por exemplo atravésdos alumni no ensino superior; v)mas, acima de tudo, através de umalinha de crédito generosa negociadapelo Governo com a banca paraacederem a verbas da ordem dos750 euros a 1 .000 euros, paraadquirirem os seus equipamentos.

A Constituição indica o ensino comoum direito, pelo que todos deviam teracesso à educação de qualidade,independentemente do cenário vivido

no país. Em pleno século XXI, comuma sociedade cada vez mais digital,ninguém pensava que voltássemos ater telescola. Mas o impensávelaconteceu, pelas tremendas

desigualdades que temos no país,com mais de 200 mil alunos semacesso a meios digitais. Faz sentido

que seja o Estado a providenciarferramentas para que todos tenhamacesso ao ensino, o que não temobrigatoriamente de representar uminvestimento avultado do Estado.Pode, por exemplo, passar pormecânicas de empréstimo deequipamentos às famílias que o

necessitarem, em parcerias comcâmaras municipais ou empresasprivadas, garantindo que ninguémfica para trás nesta corrida que é a

aprendizagem. Daqui a umasdécadas, acredito que todo estecenário vá mudar grandemente, comuma mudança drástica no paradigmada educação em que, por exemplo,teremos uma obrigatoriedade de ter

um tablet (ou outro instrumento) poraluno em vez de livros escolares.Neste cenário, os materiais deensino seriam criados pelosprofessores, que teriam um papelmais participativo nos manuais eestariam nas plataformas digitais,onde todos teriam acesso. Sefizermos umas contas, facilmenteverificamos que um cenário destes,nos dias de hoje, seriaeconomicamente neutro para as

famílias, que trocariam as comprasanuais de manuais por um tablet comos recursos criados por professores.Os alunos teriam um papel mais ativona aprendizagem: precisarão de

procurar, criar, mudar, experimentar,em vez de apenas ouvir, o que osfará também desenvolver soft-skills

paralelas, como resolução deproblemas ou criatividade. Ummodelo já usado noutros países.

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Não deveria. O acesso à educação éum direito fundamental que deve ser

preservado em qualquercircunstância. Estou em crer queiremos assistir à intensificação dademocratização digital, com

disponibilização generalizada deopções tecnológicas diversas econdições de acesso para responderàs várias necessidades. A crise

gerada pela Covid-1 9 originou um

conjunto de constrangimentos,contudo a sociedade em geral e as

instituições de ensino em particular,"reinventaram-se" e conseguiramassegurar os serviços e darcontinuidade à sua atividade. Noensino superior, e nomeadamente naFCT Nova, dado o maior nível dematuridade e literacia tecnológica,quer de alunos quer de professores,a adoção de soluções tecnológicas,porventura foi mais célere e mais

fácil, e o momento, o "teste" e aevidência de que é possível, funcionae resulta. Conclui-se que a soluçãopara colocar a tecnologia ao serviçodos alunos é a forte capacidade de

mudança e a crença de que é

possível fazer acontecer, envolvendotodos em torno de um objetivocomum. Outra lição que ressalta: "o

sucesso da tecnologia dependesempre da convicção do homem".Não restam dúvidas que o pós-Covid19 vai ser mais digital, o que geranovas oportunidades, estimula ainovação e melhora o "student

journey". Não obstante, ainda temosum longo caminho a percorrer paraalcançar uma realidade tecnológicaimersiva, que exige muitoinvestimento e empenho de todos.

Uma situação como a da Covid-1 9demonstra o valor e a importância dacomunicação e da livre troca de

ideias, sobretudo no contextointernacional. As novas ferramentasbaseadas em inteligência artificial

(IA) são um poderoso instrumento

para as pessoas em todo o mundo,

pois podem ser facilmente colocadasà disposição de todos com acesso àinternet. Além de garantir o acesso àinternet, consideramos essencial queos alunos tenham as qualificaçõesnecessárias para utilizar de formaeficaz estas novas ferramentas.Muitas vezes nos perguntam se ofato de oferecermos traduçõesautomáticas baseadas em IA de altaqualidade significa que já não énecessário aprender línguasestrangeiras. A resposta é simples:aprender idiomas continua a valermuito a pena e quem tem bomdomínio de línguas estrangeiraspode tirar ainda mais proveito de um

serviço como o nosso. É como o usode calculadoras e computadores namatemática: as máquinas são

eficientes, mas uma pessoa quesaiba realmente como usá-las éainda mais eficiente.

Dos mais de 300 mil alunos do ensinosecundário 'confinados', cerca de40% integram o denominado sistemadual (de dupla certificação: escolar e

profissional), onde se inscreve osistema de aprendizagem. A duplacertificação é diferente porqueapresenta dois eixos que acaracterizam e valorizam: i) umaeducação/formação com uma forte

componente técnica, baseada na

formação prática, orientada para o

saber fazer e ii) ser uma formaçãoorientada para o mercado de

trabalho, onde os alunos/formandostambém realizam os seus estágios,razão pela qual, e no caso do Cenfim,lhe permite garantir umaempregabilidade superior a 90%.Estes eixos de diferenciação estão aser fortemente penalizados neste

período de suspensão da formaçãopresencial, seja porque os estágiostambém estão suspensos, sejaporque grande parte da formaçãoprática não se compagina com a

educação/formação à distância. Seeste é um fator de desigualdadetécnica, importa também referenciar o

principal fator de desigualdade, nestecaso o fator social, o aluno/formando.Neste domínio, as desigualdades quejá são patentes na formaçãopresencial, porque continua a seruma opção que ainda não recolhe adignidade que merece, acentuam-senesta pandemia, porque sendomuitos dos alunos oriundos defamílias desfavorecidas, é importanteestarmos conscientes que o acesso àinternet não é uma realidadeuniversal, seja pelos custos do

próprio acesso, seja pelos custos dos

equipamentos que permitam aceder àdenominada educação/formação adistância. Não deixa de ser irónico

que, quando a crise nos surpreendeu,os temas da atualidade eram aindústria 4.0, a IoT, fábricasautónomas, a magia do futuro, os

riscos, mas também as grandesoportunidades. Ironia, porque estandoos grandes investimentos orientados

para esse futuro de máquinasinteligentes e autónomas, foi,contudo, pela (ausência) da mão deobra, ainda humana, que o mundoficou suspenso. Não obstante,importa reconhecer que tem sidoessa mesma tecnologia que nos

permite acelerar a busca da almejada"cura". Importa continuar a conciliaras vertentes humana e tecnológicapara prosseguirmos a desejadasenda do progresso, mas onde o

histórico equilíbrio continua a ser omelhor antídoto dos extremismos.Ainda que reconhecendo um

progresso assinalável que se tem

registado até aos dias de hoje, desdea revolução com a expansão doensino superior e o abandono dosistema elitista que funcionou até aosanos 70, regista-se que apenas 40%dos jovens de 20 anos estavammatriculados no ensino superior em2016 (CNE, 2017). Em Portugal ataxa de conclusão do ensino superiortem aumentado, no entanto está

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ainda entre as mais baixas nos

países da OCDE. Em 2017, 34% dos

jovens concluíram o ensino superior,face aos 21% registados em 2007,10% abaixo da média da OCDE.Conforme dados do Governo,atualmente, 40% dos jovens conclui

diploma pela primeira vez no ensino

superior no decurso da sua vida,enquanto a média da OCDE é de49%. O acesso equitativo ao ensino

superior está formalmente garantidono nosso país, no entanto éindiscutível que existem fatoressociais que o condicionam. É, pois,imperativo que se reveja a política de

ação social para o ensino superior eos instrumentos que atualmente seencontra no terreno, aumentando-sea ação social: direta (com incrementoefetivo das bolsas de ensino) e aindireta (com a cedência de

equipamentos informáticos e acessoà internet, da alimentação e o

alojamento para os estudantes).Apesar da Lei do Orçamento deEstado do corrente ano terapresentado uma alteração aoregulamento de atribuição de bolsasde estudo, aumentando o critério daelegibilidade, no que se prende aocálculo do rendimento per capita do

agregado familiar, tal mecanismo, émuito curto, em face do impacto queteremos nos agregados familiaresdos estudantes. Unicamente peladiscriminação positiva, pelomecanismo de apoio social, é quepoderemos efetivamente aumentar aqualificação dos portugueses ecombater as desigualdadessocioeconómicas no nosso país, queserão acentuadas de forma violenta

com os impactos do vírus SARS--CoV-2. Não o fazermos, no

imediato, gizando-se soluçõesnormativas e efetivas condições paraum acesso e frequência equitativa noensino superior no próximo anoletivo, aumentará o fosso das

desigualdades, uma vez que quemtem apoios familiares seráinevitavelmente beneficiado.

O aparecimento do novo coronavírus -

SARS-CoV-2 - veio alterar a forma detrabalhar, estudar e socializar,

obrigando muitas famílias, empresase instituições a adaptarem-se e areinventarem-se. Face a este

paradigma, a Altice Portugal temvindo a levar a cabo diversasiniciativas e ações de apoio a áreasestratégicas da sociedade de forma acombater da melhor forma possívelesta crise. A educação é uma delas.Com um importante peso nasociedade, fundamental para o futurodas crianças, esta é uma das áreas

que, nos dias de hoje, tem vindo anecessitar de um grande apoio e uma

atenção redobradas, seja através daimplementação de soluções de ensino

inovadoras, de disponibilização de

equipamentos de comunicações, deredes de última geração ou de

plataformas de ensino à distância.Colocar a tecnologia ao serviço dacomunidade escolar, alunos,professores e encarregados de

educação, em particular junto dosmais vulneráveis, promover aigualdade de oportunidades econtribuir para a promoção dosucesso escolar são alguns dos

compromissos já anteriormenteassumidos pela empresa. Plataformas

de ensino à distância como a Khan

Academy - uma ferramenta digitalgratuita com vídeos e exercíciosinterativos de matemática, física,

química e biologia - disponível online,no Sapo e na TV do MEO (posição52) são hoje fundamentais. Asdiferentes disciplinas abrangidas pelatelescola da RTP Memória, do 1 S ao95 ano, encontram-se disponíveis naTV do MEO com a vantagem de

poderem ser vistos e revistos sempreque se pretenda. Para complementaro arranque deste novo períodoescolar, em que as famílias aindaestão em casa, a criação deferramentas e soluções para aprendere explorar conteúdos curriculares, forada sala de aula é crítica. Assim, o

MEO, em parceria com o Jardim

Zoológico lançou uma aplicaçãogratuita e com conteúdos educativos

para todas as idades, abrangendo aatualidade e a conservação ambiental,bem como a vida de diferentesespécies animais. A criação destas

plataformas de ensino, acessível atodos, sem qualquer exclusão ou

discriminação, não seria possível semo investimento em fibra ótica da Altice

Portugal no país, crucial para que a

experiência digital dos dias de hojeseja uma realidade no sistemaeducativo de amanhã.

Cabe às instituições de ensino ou àsua tutela garantir que não seacentua a desigualdade. No ensino

superior a responsabilidade éparcialmente da tutela (ação social) edas próprias instituições, pelo queimporta acionar mecanismos

compensadores. No que cabe à

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tutela importa reforçar as verbas paraa ação social, permitindo que ummaior número de alunos tenha apoiofinanceiro, garantindo que podemcontinuar a estudar. Seria talvez

importante, que nessa verbaestivesse contemplado o apoio paramaterial informático, importante nodia a dia de um estudante e

indispensável perante uma pandemiaque nos obriga a abandonar asescolas e a frequentar as aulasoníine. Da parte das instituições é

obrigatório fazer formação paraprofessores, trabalhadores nãodocentes e alunos nos sistemastecnológicos à disposição. Hoje a

tecnologia está disponível, sendo a

principal dificuldade a ausência de

familiarização com os sistemas.

Importa por isso que os diversosatores tenham disponibilidade paraestudarem as plataformas, paraadaptarem os métodos pedagógicose para tirarem o máximo partido dainteração digital. Há muito quealertávamos para o facto de aulasestarem cada vez mais próximas do

smartphone. Uma situação de

emergência veio acelerar o processo.Importa no entanto que tenhamos

presente que não é possívelsubstituir grande parte do ensino

presencial nem é possível educarsem a afetividade da presença física.

Penso que não há razão para que seacentuem as desigualdades. O custodas tecnologias necessárias para o

ensino à distância é uma fraçãomuito pequena do custo dedeslocação e estadia dos alunos

para uma escola ou universidadefora da sua localidade. Não existe

qualquer razão para acreditar que aCovid-19, e a alteração nasmetodologias de ensino que poderácausar, venha a acentuar adesigualdade no acesso à educação.Pelo contrário, penso que poderá atéreduzir essas desigualdades, já quemuitos candidatos acabam por nãofrequentar o ensino superior porrazões económicas, que se esbatemse forem usadas mais intensamenteas tecnologias de ensino à distância.

Temos, naturalmente, de garantirque nenhum aluno tem problemas de

acesso de banda larga oudeficiências de equipamento que olimitem. Computadores adequadosestão disponíveis por poucascentenas de euros e o acesso debanda larga também tem custosmuito limitados. Nos poucos casosonde essas limitações existem,deverão ser disponibilizados aosalunos equipamento e acesso

adequados, um custo que é umafração mínima do custo do ensino

presencial, que é superior a 5 mil

euros por ano por aluno. Mastambém é possível que a Covid-19não venha a ter quaisquer efeitosduradouros e imediatos na formacomo ensinamos. Se a epidemia viera ficar controlada ou limitada num

prazo relativamente curto, é muito

possível que as alterações queforçou, tão radicais e tão rápidas, se

desvaneçam com o tempo, à medida

que a população regressa aos velhoshábitos. Pessoalmente, acho que aideia de que a Covid-19 mudouradical e irreversivelmente asociedade e o sistema educativo é

capaz de não estar assim tão certa.As outras pandemias dos séculos XXe XXI tiveram efeitos menosduradouros do que poderíamosesperar.

Embora esta seja uma crise globalque afeta toda a sociedade, nãoafeta todos por igual. No caso daeducação, nem todas as escolastiveram a mesma facilidade emtransitar o ensino para modalidadesoníine e nem todos os alunos

conseguem aceder nas mesmascondições às aulas lecionadas adistância. As desigualdades não são

apenas entre quem tèm e quem nãotem acesso a um computador e àinternet. Esse é um problema realmas é talvez aquele se poderáresolver mais facilmente, garantindoque as famílias têm acesso aequipamentos. Mais difícil seráconseguir que as crianças e os

jovens encontram em casa umambiente que fomente aaprendizagem e que lhes permitaacompanhar as matérias edesenvolver as suas competências.Isso implica que tenham um espaçopara estudar e um ambiente familiar

que lhes transmita tranquilidade demodo a que se possam focar naaprendizagem. Sabemos que estascondições não existem em todas asfamílias. Parece-me, por isso, que os

professores terão de flexibilizar asmetas que se propõem alcançar ecertamente serão necessárias

estratégias de recuperação quandoas escolas reabrirem. No contextouniversitário a situação é menos

complexa pois há uma maiorfacilidade de acesso à tecnologia eos estudantes são mais

independentes no seu estudo. Aindaassim, é necessário adequar toda apedagogia das aulas, de modo agarantir que, a par da transmissão deinformação, continua a existir umaforte componente relacional entreprofessores e alunos, essencial paraum processo de aprendizagemeficaz.