CORRELAÇÃO ENTRE A PERCEPÇÃO DOS PAIS E ...2 – Proposições 2.1- Objetivo geral 1- Obter...
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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Faculdade de Odontologia
CORRELAÇÃO ENTRE A PERCEPÇÃO DOS PAIS E
ORTODONTISTAS QUANTO A GRAVIDADE DA MALOCLUSÃO
ANDRÉ HIGINO VASCONCELOS DE CARVALHO
Belo Horizonte
2007
2
CORRELAÇÃO ENTRE A PERCEPÇÃO DOS PAIS E
ORTODONTISTAS QUANTO A GRAVIDADE DA
MALOCLUSÃO
ANDRÉ HIGINO VASCONCELOS DE CARVALHO
Dissertação apresentada ao programa de
Mestrado da Faculdade de odontologia da
Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais, como requisito para obtenção do
Título de Mestre em Ortodontia.
Orientadora: Profa. Dra. Vânia Célia Vieira de
Siqueira
Belo Horizonte – MG
2007
3
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
C331c Carvalho, André Higino Vasconcelos de
Correlação entre a percepção dos pais e ortodontistas quanto a gravidade da
maloclusão / André Higino Vasconcelos de Carvalho. Belo Horizonte, 2007.
82f. :il.
Orientadora: Vânia Célia Vieira de Siqueira
Dissertação (Mestrado) - Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
Programa de Pós Graduação em Odontologia
Bibliografia.
1.Percepção. 2. Ortodontia. 3. Maloclusão. 4. Pais. I. Siqueira, Vânia Célia
Vieira de. II. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de
Pós-Graduação em Odontologia. III. Título.
CDU: 616.314-089.23
4
Folha de Aprovação
5
DEDICATÓRIA
A toda minha família que muito me apoiou!
6
AGRADECIMENTOS
Ao reitor da Universidade Prof. Eustáquio Araújo pela oportunidade.
Ao diretor da faculdade de odontologia Prof. Tarcísio Junqueira, por me apoiar,
incentivar e ter passado tantos conhecimentos desde o início do meu caminhar na
ortodontia.
Ao coordenador dos programas de Mestrado Prof. Roberval de Almeida Cruz pelos
ensinamentos de vida.
Ao coordenador do mestrado em ortodontia Prof. Dauro Douglas de Oliveira.
À minha orientadora Profa. Dra. Vânia Célia Vieira Siqueira, pela paciência, dedicação,
carinho e compreensão.
À Profa. Dra. Maria Ilma pelas dicas e apoio nos momentos de dificuldade.
Ao Prof. Ênio Tonani Mazziero.
À minha mãe por ser meu exemplo de força, perseverança, lealdade e inteligência.
Ao meu pai por me apoiar sempre em minhas decisões.
Ao Dimas e a Beth pelo incentivo e interesse permanente.
Às minhas irmãs Paula, Luciana e Mayra pelo carinho.
À minha nininha linda que eu amo muito.
Ao colega Marcelo Xavier e Nilson pelos momentos de descontração e amizade.
Aos amigos da sétima e oitava turma, do programa de Mestrado em Ortodontia.
À Prof. Marilourdes pela disponibilidade em ajudar.
À todos os professores de ortodontia da PUC.
À todos os funcionários da PUC.
Muito obrigado.
7
Sumário
1- Introdução geral..........................................................................................................7
2- Proposições...................................................................................................................9
2.1 Objetivo geral..........................................................................................................9
2.2 Objetivo específico...................................................................................................9
3- Artigo 1 “A interrelação entre a ortodontia e qualidade de vida dos
adolescentes”...................................................................................................................10
4- Artigo 2 “A percepção dos pais em relação à necessidade de tratamento
ortodôntico”.....................................................................................................................27
5- Artigo 3 “Correlação entre a percepção dos pais e ortodontistas quanto a gravidade
da maloclusão” ...............................................................................................................41
6- Considerações finais .................................................................................................72
7-Anexos.........................................................................................................................74
8
1 - Introdução
Ao longo de várias décadas observa-se a busca por índices que mensurassem o
grau de maloclusão e a percepção dos pacientes e de seus pais em relação à necessidade
de tratamento ortodôntico.
A necessidade de mensurar a percepção dos pais em relação a gravidade da
maloclusão de seus filhos desperta a curiosidade de vários pesquisadores1,6,13,21
. Assim,
como os pais são os principais responsáveis por conduzir seus filhos ao consultório,
vários índices e questionários vêm sendo desenvolvidos para avaliar a percepção dos
pais em relação à necessidade do tratamento ortodôntico de seus filhos.
Existem diferentes percepções da maloclusão quando os pais conduzem seus
filhos ao consultório ortodôntico. Do confronto entre a obrigação profissional e a
existência de vários fatores determinantes ao sucesso do tratamento, algumas
providências se mostram salutares, dentre as quais, a necessidade de se conhecer muito
bem as expectativas dos pais quanto aos resultados que o tratamento poderá
proporcionar.
Muitos estudos investigam o relacionamento entre a necessidade de tratamento
ortodôntico e a percepção da maloclusão do paciente. Entretanto, poucos estudos
consideram a percepção dos pais em relação à necessidade de tratamento ortodôntico.
Sabe-se, contudo, que em ortodontia, o sucesso do tratamento não depende
somente da experiência do profissional, mas, sim, da interação de uma série de fatores
que por vezes limitam o bom andamento do tratamento. Dentre estes fatores, podem-se
destacar as limitações intrínsecas a cada caso, mas, principalmente, o grau de
9
colaboração do paciente em relação a diversos aspectos que englobam, desde a
higienização até a freqüência ao consultório.
Como a grande maioria dos pacientes ortodônticos são crianças e adolescentes o
pais aparecem, então, como um dos fatores determinantes ao sucesso do tratamento.
10
2 – Proposições
2.1- Objetivo geral
1- Obter maiores conhecimentos em relação à interação de qualidade de vida e o
tratamento ortodôntico,
2- Obter maiores conhecimentos sobre índices de avaliação da necessidade de
tratamento ortodôntico,
3- Obter maiores conhecimentos sobre a percepção dos pais em relação a saúde bucal
de seus filhos
2.2- Objetivo específico
Correlacionarmos a percepção dos pais da necessidade de tratamento ortodôntico
e a real necessidade do tratamento avaliado por ortodontistas.
11
3 - ARTIGO 1
12
A interrelação entre a ortodontia e qualidade de vida dos adolescentes
(Artigo de divulgação)
Resumo
Nesta revisão de literatura, correlacionamos ortodontia com a qualidade de vida
dos adolescentes. A partir desta revisão, pudemos concluir que existem vários conceitos
sobre qualidade de vida e que problemas dentários graves podem influenciar
diretamente no bem estar dos jovens. Entretanto, ainda não existe na literatura nenhum
índice capaz de avaliar como os problemas ortodônticos podem afetar a qualidade de
vida dos adolescentes. Já existem diversos instrumentos capazes de mensurar as
conseqüências funcionais e psicológicas das doenças bucais, mas todos eles foram
projetados para populações adultas, não havendo trabalho algum com o foco em
adolescentes. Diante desse quadro, vários autores tratam da importância de se criar um
índice que avalie os aspectos psicológicos dos jovens correlacionados aos problemas
ortodônticos.
Palavras-chave: qualidade de vida, saúde bucal, ortodontia
13
Abstract
The interrelation between the orthodontics and the adolescents’life quality
In this revision of literature, we correlate orthodontics with the quality of
adolescents‟ life. From this revision, we could conclude that there are several concepts
on quality of life and that serious dental problems can influence directly the young
people‟s well-being. However, in the specialized literature there is no index capable to
evaluate how the orthodontic problems can affect the quality of the adolescents‟ life.
There are already different instruments to measure the functional and psychological
consequences of the buccal diseases, but all of them had been used for adult
populations, and not with the focus in adolescents. Considering this scenario, some
authors defend the importance of creating an index that evaluates the psychological
aspects of the adolescents correlated to the orthodontic problems.
Key Words: quality of life, oral health, orthodontics
14
Revista da Literatura
Tradicionalmente, as escolas de odontologia capacitam os profissionais para o
reconhecimento e tratamento das diversas doenças bucais e, conseqüentemente,
desenvolveram-se vários índices para avaliar a prevalência destas doenças1. Entretanto,
a importância destes índices refletia somente a avaliação final do processo da doença
pesquisada, e não indicavam seu impacto no processo psicossocial, no bem estar e,
portanto na qualidade de vida dos pacientes3.
A forma da boca e do sorriso representam um importante papel na atratividade
pessoal e no desenvolvimento da auto-estima, definida como a percepção individual da
habilidade em lidar com o meio ambiente8.
O conceito multidimensional de saúde, definido por Locker11
, permitiu o
desenvolvimento de medidas subjetivas de saúde bucal relacionadas à qualidade de vida
com indicadores sócio-odontológicos. Estes indicadores mensuravam a extensão dos
distúrbios dentários que rompem a normalidade da função social e ocasionam mudanças
importantes no comportamento, como por exemplo, a incapacidade de trabalhar, de
freqüentar a escola, ou de realizar tarefas domésticas, incluindo também conceitos sobre
comprometimento, limitação funcional, desconforto, incapacidade e deficiência
causadas por alterações no quadro de saúde bucal.
Atualmente, percebe-se um aumento na abordagem sobre o impacto da saúde
bucal na qualidade de vida das pessoas, tanto na população de adultos quanto na de
idosos. Porém, nota-se um número reduzido de estudos direcionados ás crianças e aos
adolescentes, principalmente pela dificuldade na utilização de instrumentos apropriados.
Para esses dois grupos etários são necessários índices que apresentem conformação
condizente ao desenvolvimento cognitivo de cada faixa etária. Os questionários
15
direcionados às crianças devem ser adaptados às características emocionais, funcionais
e comportamentais para cada idade18
.
Os índices que avaliam a saúde bucal relacionada à qualidade de vida devem ser
criteriosos, de fácil utilização, validados, confiáveis e passíveis de serem submetidos à
análise estatística. Sheiham e Spencer comprovaram que o mal posicionamento ou perda
dentária pode causar restrições na alimentação, constranger as pessoas e impedir que os
mesmos se alimentem em público, e conseqüentemente interferir em seu bem estar e na
sua qualidade de vida21
.
Apoiados no conceito define-se qualidade de vida como o senso de bem estar
que varia entre satisfação ou insatisfação em diferentes aspectos da vida. Slade20
et al
ressaltaram a inexistência de um tipo padronizado de índice de saúde bucal relacionado
à qualidade de vida adaptado para a ortodontia.
O tratamento ortodôntico corrige maloclusões com o objetivo de oferecer aos
pacientes melhores condições de função e estética. O paciente que busca por este
tratamento deseja alterações específicas em seus dentes e/ou face, ou alívio de sintomas.
Conseqüentemente melhorando de forma direta a sua qualidade de vida3.
A relação estreita entre saúde e doença na maloclusão caracteriza-se como o
primeiro passo para relacionar o tratamento ortodôntico à qualidade de vida15
.
Normalmente, o tratamento ortodôntico centraliza-se na adequação da saúde dentária e
da estética, resultando em uma melhora individual do bem estar psicossocial.
Entretanto, OBrien15
e colaboradores citaram estudos longitudinais mostrando que
somente maloclusões com alterações graves provocam efeitos prejudiciais à saúde
dentária. Quando se analisa os efeitos do tratamento ortodôntico sobre o bem estar
psicossocial, não existem evidências científicas que a maloclusão resultaria em
16
desvantagens nesse âmbito. Devido a um número escasso de estudos associando a
maloclusão e a qualidade de vida, a mensuração da necessidade de tratamento
ortodôntico e a avaliação dos resultados baseam-se em medidas clínicas. As
mensurações mais utilizadas apoiam-se em medidas cefalométricas advindas de
telerradiografias e da classificação das maloclusões sugerida por Angle. Contudo,
quando se realiza uma tentativa em correlacionar essas medidas com a percepção do
paciente em relação a sua saúde bucal, o resultado mostra-se questionável.
Existe um número reduzido de estudos que investigaram a utilidade do índice de
saúde bucal relacionado à qualidade vida denominado OHrQoL , conjuntamente com
índice IOTN, em relação as preocupações e questões ortodônticas13
.
Portillo e Paes19
abordaram algumas questões relacionadas a qualidade de vida.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu o termo saúde como um estado
completo de bem-estar físico, mental e social, e não só a ausência de afecções ou
enfermidades. Entende-se por bem-estar, a avaliação subjetiva do estado de saúde, que
relaciona-se muito mais aos sentimentos de auto-estima e a sensação de pertencer a uma
comunidade mediante integração social, do que ao funcionamento biológico. Define-se
auto-estima como o grau em que uma pessoa valoriza a auto-percepção da sua imagem.
Lyndon Johnson empregou o conceito qualidade de vida em 1964, e declarou que os
objetivos não podem ser medidos através do balanço das contas, mas, sim por meio da
qualidade de vida da população. Nos dias atuais a preocupação com o conceito de
qualidade de vida dentro das ciências biológicas ocorre no sentido de valorizar
parâmetros mais amplos do que o controle de sintomas, a diminuição da mortalidade ou
o aumento da expectativa de vida. A OMS definiu qualidade de vida como a percepção
do indivíduo de sua posição na vida, em relação aos seus objetivos, expectativas e
preocupações dentro do contexto cultural e dentro do sistema de valores nos quais ele
17
vive. Já a saúde bucal foi conceituada como o estado da boca, onde a oclusão apresenta-
se suficiente bem para mastigar alimentos e os dentes uma aparência socialmente
aceitável.
Cunningham e Hunt6 ressaltaram o aumento pelo interesse nos indicadores de
qualidade de vida na odontologia. Desde 1977 encontra-se o termo qualidade de vida
no medline, mas o número de publicações cresceu bastante a partir de 1986. O índice de
saúde bucal relacionado à qualidade vida recebe a sigla OHrQoL. As mensurações deste
índice incluem definições positivas de saúde, comparação ente os sistemas de saúde,
avaliações da necessidade de tratamento e dos resultados após as intervenções.
Existem diversos instrumentos capazes de mensurar as conseqüências funcionais
e psicológicas das doenças bucais. Contudo, todos foram projetados para populações
adultas, não existindo nenhum trabalho abrangente com foco em adolescentes,
provavelmente devido às complexas questões conceituais e metodológicas envolvidas
no desenvolvimento de indicadores de estado de saúde que requerem auto-relato de
adolescentes. Os adolescentes estão sujeitos a diversos problemas bucais e bucofaciais
que podem interferir em sua qualidade de vida. 9
Tanto na odontologia como nas diferentes especialidades médicas, os
profissionais reconhecem a importância de se obter medidas objetivas sobre as doenças,
permitindo uma avaliação do impacto das desordens bucais na qualidade de vida dos
pacientes. Constatou-se em estudos populacionais que o fator determinante para a baixa
qualidade de vida associava-se à perda de dentes. 7
Locker12
sugeriu que os problemas de saúde afetavam a qualidade de vida, e de
forma inevitável. Em contra partida, o pesquisador constatou que as pessoas com
desordens crônicas freqüentemente apresentavam uma percepção de qualidade de vida
18
melhor do que as pessoas saudáveis. Portanto, uma pessoa doente ou que se apresenta
debilitado não significa obrigatoriamente que apresente baixa qualidade de vida.
Allison, Locker e Feine2 explicaram esse fenômeno sugerindo que a qualidade
de vida caracteriza-se como uma “construção dinâmica” e que invariavelmente pode ser
mudada e alterada ao longo do tempo. As atitudes individuais não mostram-se
constantes e variam com o tempo, com a experiência, com as expectativas e com as
adaptações.
Ao longo dos últimos vinte anos, observa-se na literatura médica uma rápida
expansão de instrumentos subjetivos de auto-relato dos impactos das condições de
saúde na qualidade de vida. Várias mensurações do estado de saúde geral bem como
medidas específicas de certas doenças foram desenvolvidas e extensivamente testadas
quanto à sua validade e confiabilidade. Embora as propriedades psicométricas das
medidas de qualidade de vida relacionadas à saúde geral encontram-se bem conhecidas,
estudos anteriores questionam a sua capacidade de detectar diferenças no estado clínico
de saúde bucal. Muitos indicadores subjetivos de saúde bucal desenvolvidos durante a
última década demonstraram padrões constantes de associação entre a qualidade de vida
relacionada à saúde bucal (QVRSO) e as condições clínicas bucais tipicamente
observadas em pesquisas entre populações adultas. Normalmente associa-se a reduzida
QVRSO à perda de dentes, cáries não-tratadas, doença periodontal e acesso limitado à
assistência odontológica. Medidas específicas da QVRSO tendem a ser mais sensíveis
que as medidas de estado de saúde bucal, pois percebe-se a saúde bucal como uma
dimensão distinta da qualidade de vida global. 17
Embora observa-se desproporcionalmente um estado clínico fraco de saúde em
populações desamparadas, existem poucos dados disponíveis quanto ao impacto
subjetivo das condições de saúde bucal sobre os adolescentes. Em síntese, pouco se sabe
19
quanto à relação entre a saúde clínica bucal e as questões de qualidade de vida. O exame
de tais associações deve esclarecer como as condições de saúde bucal afetam as funções
sociais e psicológicas e a qualidade de vida, além de identificar meios para ampliar as
atividades de promoção de saúde bucal aos públicos alvo. 17
Apesar da demanda por tratamento ortodôntico relacionar-se intimamente com a
preocupação pessoal quanto a aparência e a outros fatores psicossociais, as medidas de
necessidade ortodôntica e de êxito do tratamento ortodôntico oferecem pouca ênfase às
percepções de necessidade dos pacientes e ao impacto da assistência ortodôntica em seu
cotidiano. Enquanto as medidas de qualidade de vida tornam-se uma medida de êxito
relativamente comum na pesquisa médica, pesquisas similares em odontologia ainda
mostram-se incipientes. Tradicionalmente, os pesquisadores do campo da odontologia
focam medidas de êxito conduzidas pelo clínico à custa de medidas mais subjetivas
baseadas no paciente, tais como o estado funcional percebido e o bem-estar
psicológico.17
A qualidade de vida freqüentemente abordada nas pesquisas de êxito em
saúde caracteriza-se por um conceito multidimensional que inclui funções sociais,
psicológicas e físicas subjetivamente percebidas, bem como uma noção de bem-estar
subjetivo. A ampliação do tempo de vida das pessoas e a melhoria de sua qualidade de
vida são dois objetivos centrais dos sistemas de saúde, como reflexo de políticas
públicas desenvolvidas pelo governo dos Estados Unidos e pela Organização Mundial
de Saúde. As pesquisas de êxito em saúde exercem um valioso papel no alcance desses
objetivos na medida em que identificam tratamentos que geram os melhores resultados
para os pacientes, avaliam os modos como a assistência à saúde pode ser organizada
para aperfeiçoar os benefícios às comunidades e promovem o desenvolvimento
instruído, em nível nacional e local, de políticas públicas voltadas à saúde.
20
O Instituto de Medicina dos Estados Unidos (IOM) exigiu da Odontologia uma
melhora no seu conhecimento a respeito do que funciona e do que não funciona para o
avanço nacional dos objetivos da saúde oral. Desde que Cohen e Jago defenderam o
desenvolvimento de indicadores “sócio-odontológicos”, vem-se realizando considerável
pesquisa metodológica, o que tem levado ao desenvolvimento de instrumentos para a
medida das dimensões da qualidade vida que se relacionam com a saúde oral. Têm sido
desenvolvidos modelos teóricos que combinam conceitos de doença, disfunção e
incapacidade com saúde, saúde bucal e qualidade de vida. Em 1995, já se encontravam
diversos instrumentos medindo a qualidade vida relacionada à saúde oral. Entretanto,
esses instrumentos foram usados primordialmente em pesquisas de saúde oral e
relativamente poucos têm sido aplicados para avaliação do êxito da assistência
odontológica. Apresentações em conferências têm destacado a necessidade de se
incorporarem conceitos de qualidade de vida aos métodos para avaliação da assistência
odontológica. Na realidade, a medida do estado antes e depois do tratamento
ortodôntico vem sendo amplamente utilizada com base em medidas clínicas
tradicionais, tais como a mensuração cefalométrica dos aspectos oclusivos dos dentes e
os índices de oclusão. Mais recentemente, vários índices de necessidade ortodôntica
estão sendo desenvolvidos. Todavia, quando se examina a relação entre os índices
ortodônticos e a percepção dos pacientes quanto ao seu estado de saúde oral, é
questionável se essas duas variáveis estão fortemente associadas. Como a percepção do
sujeito é central à avaliação da necessidade global, é muito importante que se adquira
um conhecimento das percepções dos pacientes. Para apreender a percepção do sujeito,
têm sido desenvolvidas entre adultos várias medidas de qualidade vida relacionada à
saúde bucal, avaliando o impacto da boca no dia-a-dia e na qualidade de vida.
Obviamente, a dimensão clínica é importante. Porém, as dimensões do impacto
21
odontológico e da função social são tão, se não mais, importantes quanto às medidas
clínicas.17
Em uma pesquisa utilizando os índices IOTN E OIDP, Oliveira16
e Sheiham
concluíram que os adolescentes que completaram o tratamento ortodôntico
apresentaram menos impacto relacionado à saúde bucal comparados com os outros dois
grupos, um em tratamento e outro não tratado, e também apresentaram uma melhor
saúde bucal relacionada com a qualidade de vida daqueles em tratamento ou dos que
nunca trataram.
Kok10
e colaboradores, salientaram sobre o recente aumento do interesse no uso
de indicadores para a avaliação da necessidade do tratamento ortodôntico, como forma
de medir a saúde bucal relacionada a qualidade de vida (OhrQoL). Mas enfatizaram que
ainda não existia uma medida padrão específica de OhrQoL para ser utilizado na
ortodontia, apenas um número pequeno de estudos investigando a aplicação do
OHrQOL em conjunto com o IOTN para predizer a necessidade de tratamento
ortodôntico.
De acordo com Colares5 e colaboradores, o estilo de vida moderno,
principalmente nas grandes cidades, induz de modo mais intenso à reflexão sobre este
assunto. Qualidade de vida é um conceito subjetivo e a transferência desse tema para o
campo da saúde e da doença, aumenta sua complexidade, pois o impacto da doença na
vida de uma pessoa depende de vários fatores, nem sempre controláveis. Assim como
saúde não pode ser definida como ausência de doença, qualidade de vida não pode ser
considerada apenas como ausência de queixas e reclamações. É um conceito que
considera a percepção, refletindo as diferentes formas que uma pessoa percebe e
interage com o mundo e seus objetivos pessoais. Segundo a Organização Mundial de
22
saúde, qualidade de vida é a percepção da pessoa sobre sua posição na vida em relação
aos seus objetivos e expectativas, considerando o contexto da cultura e sistema de
valores nos quais ela vive.
Existe a necessidade de se instituir definições que traduzam os interesses da
criança e do adolescente, e não dos adultos que os avaliam. Assim, devem-se
estabelecer métodos de avaliação que captem a percepção da pessoa a ser avaliada, e
quando se tratar de criança, não apenas as expectativas e percepções do cuidador, seja
ele pai ou profissional de saúde. 5
A organização mundial de Saúde, no intuito de uniformizar um instrumento de
avaliação, desenvolveu o WHOQOL -100 disponível em 20 idiomas. Questionário auto-
explicativo e de auto-avaliação. Foi desenvolvido também numa versão abreviada, com
o objetivo de apresentar-se curto, de rápida aplicação, que demanda pouco tempo para
seu preenchimento, mas com características psicométricas satisfatórias. Pesquisas
científicas demonstram a contribuição da saúde sobre a qualidade de vida
individualmente ou em populações. Do ponto de vista individual, a interferência de uma
mesma doença na vida de duas pessoas com o mesmo tipo de resposta ao tratamento
será diferente, dependendo da forma como cada uma percebe as restrições nas
atividades da vida diária. 5
Em uma pesquisa utilizando o índice DAI (Dental Aesthetic Index) em adultos
jovens, Traebert e Peres23
concluíram que a única condição de maloclusão que
ocasionou impacto na qualidade de vida dos participantes foi o apinhamento anterior.
Os autores observaram que o apinhamento dos dentes anteriores possui um grande
potencial para interferir na auto-percepção da estética dentofacial, mais do que a
maloclusão relacionada com problemas funcionais.
23
Empregando os índices OIDP e DAI em adolescentes, Marques14
e
colaboradores comprovaram que 27% dos adolescentes apresentaram um impacto
estético negativo na vida diária devido à maloclusão, ou seja, relataram sentir-se
constrangidos ao sorrir. Entre os tipos de maloclusão observados , o apinhamento dos
incisivos superiores foi considerado a principal causa do impacto. De acordo com estes
pesquisadores o gênero feminino mostrou-se o mais afetado pela aparência dentofacial e
jovens com baixa auto-estima mostraram-se mais susceptíveis aos efeitos estéticos da
maloclusão.
Gherunpong22
e seus colaboradores observaram que os métodos tradicionais que
mediam a saúde bucal, mostraram-se incapazes de criar um quadro real de como a saúde
bucal poderia afetar a rotina das pessoas. Os índices tradicionais possibilitariam
somente uma visão superficial da atual necessidade de tratamento. Considera-se
atualmente o índice OHQoL como o índice mais importante para se avaliar o impacto
da saúde bucal na rotina das pessoas. A partir do resultado do OHQoL é possível avaliar
questões subjetivas e associá-las às tradicionais medidas clínicas, sendo uma ferramenta
importante no planejamento do tratamento. Essas medidas subjetivas devem ser
complementares às medidas clínicas e não simplesmente substituídas. Adulyanom e
seus colaboradores desenvolveram um método que integrava o índice OHRQoL às
demais medidas clínicas tradicionais. Porém este tratado sóciodental tem sido utilizado
somente em populações adultas. Não há nenhum estudo integrando o índice OHQoL à
avaliações para os diferentes tratamentos dentários de crianças.
24
Discussão
O assunto qualidade de vida tem sido discutido com bastante freqüência na
última década. A busca por melhores condições de sobrevivência e bem estar é objetivo
de toda sociedade. A ortodontia por estar diretamente associada à estética e a saúde
bucal pode refletir no bem estar psicossocial, principalmente durante a puberdade onde
o indivíduo está se desenvolvendo e criando diferentes percepções do mundo. É
inegável a importância da estética dentária, e portanto da ortodontia na vida dos
adolescentes.
Conclusão
A partir dos artigos revisados, é possível afirmar que a qualidade de vida dos
adolescentes altera-se se o jovem possuir maloclusões graves. Entretanto, ainda não
existe na literatura nenhum índice capaz de avaliar como os problemas ortodônticos
podem afetar a qualidade de vida dos adolescentes. Existem diversos instrumentos
capazes de mensurar as conseqüências funcionais e psicológicas das doenças bucais.
Contudo, todos foram projetados para populações adultas, não existindo nenhum
trabalho abrangente com foco em adolescentes. Vários autores citaram a importância de
criar um índice que avalie os aspectos psicológicos dos adolescentes correlacionados
com problemas ortodônticos.
25
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224, set.. 2005.
28
4- ARTIGO 2
29
A percepção dos pais em relação à necessidade de tratamento ortodôntico
(Artigo de divulgação)
Resumo
Os pais são os principais responsáveis por levar seus filhos ao consultório. A
identificação e mensuração da percepção dos pais em relação à necessidade de
tratamento ortodôntico de seus filhos mostram-se de grande importância para a
indicação e sucesso do tratamento. Os pais são o principal motivo pelo início do
tratamento ortodôntico, e os motivos por optar pelo tratamento são diferentes dos
motivos das crianças. Desta forma os pais são o fator mais poderoso pela procura do
tratamento ortodôntico.
Palavras - chave: ortodontia, percepção, adolescentes, pais
Abstract
The parents’ perception regarding the orthodontic treatment necessity
The parents are the main responsible ones for taking their children to the
dentist's office. The identification and measurement of the parents‟ perception in
relation to the necessity of their children‟s orthodontic treatment are very important for
its indication as well as its success. The parents are the main reason for the beginning of
the orthodontic treatment, and their reasons for choosing the treatment are different
from the children‟s ones. In this way, the parents are the main factor that explains the
orthodontic treatment demand.
Key-words: perceptions, parents, adolescents, orthodontics
30
Revista de literatura
Hamdan relatou que vários pesquisadores como Sclare,9 em 1945, Moore,
9 em
1948, e Poulton e Aaronson9, em 1961, verificaram que a avaliação da necessidade de
tratamento ortodôntico constitui-se uma das razões mais importantes pelas quais vários
índices oclusais são desenvolvidos. O uso destes índices permite invidualizar cada caso,
e possibilitar uma avaliação mais ampla e um diagnóstico mais preciso do paciente. Um
dos índices mais utilizados para definir a severidade ou o grau de maloclusão é o IOTN.
Este índice é utilizado conjuntamente com o componente de saúde dentária (DHC) e o
componente estético (AC).
Lewitt e Virolainem,15
em 1968, verificaram que a capacidade de perceber a
necessidade do tratamento ortodôntico centraliza-se em maior escala em pessoas do
sexo feminino, leucodermas, em áreas urbanas e entre crianças de maior nível
socioeconômico. Estes autores mostraram também que os pais são o fator mais
poderoso para a motivação ao tratamento ortodôntico.
Kreit, Burstone e Delman12
concluíram que o relacionamento entre pais e filhos
é o fator mais importante para o sucesso do tratamento. Filhos que eram extremamente
controlados e constantemente cobrados pelos pais, apresentaram um índice de
colaboração muito abaixo daquelas crianças que se relacionavam bem com seus pais.
Este pesquisador verificou também que as meninas mostram-se mais colaboradoras ao
tratamento ortodôntico quando comparadas com os meninos da mesma faixa etária.
Luffinham,14
e Campbell, realizaram uma pesquisa na Inglaterra com 621 pais
de crianças de 10 a 12 anos, e concluíram que 98% dos pais consideram o tratamento
ortodôntico essencial nos casos de apinhamento dentário e projeção de incisivos.
Entretanto, poucos pais reconhecem a maloclusão de seus próprios filhos. A partir de
31
um questionário enviado aos pais, foi possível verificar que os mesmos subestimaram o
tempo de tratamento proposto pelo ortodontista, quando acharam que o tempo de
correção da maloclusão não atingiria mais que 1 ano.
Prahl Andersen20
e colaboradores, compararam a percepção dentofacial entre
pais, cirurgiões dentistas e ortodontistas. No estudo utilizaram desenhos de 11 diferentes
perfis e 11 fotos intrabucais com diferentes maloclusões. Estes desenhos e fotos foram
apresentados a 1150 pais que classificaram com 1 (um) as oclusões normais, 2 (dois)
maloclusões com leve desvio e com 3 (três) desvios consideráveis. A partir destes
dados os pesquisadores concluíram que existem uma significativa diferença na
percepção da estética dentofacial entre os pais e profissionais. Não existindo, contudo,
diferenças significativas entre a percepção de cirurgiões dentistas e ortodontistas, salvo
na fase do „‟patinho feio‟‟.
Baldwin,2 sugeriu a evidência de que os pais ocasionalmente preocupam mais
com a estética odontológica de suas filhas do que os filhos. Este pesquisador observou
que os pais encontravam-se preocupados com o futuro dos filhos e o que a estética
dentária pode influenciar nos projetos de vida dos mesmos. Todavia as crianças estão
mais preocupadas sobre as vantagens imediatas que o tratamento pode lhes trazer. Nesta
pesquisa foi também observado que os pais de classe social mais alta julgavam o
tratamento ortodôntico mais importante. Os fatores que motivam os pais ao encaminhar
seus filhos para realizar tratamento dentário são o custo do tratamento, a percepção da
eficácia do tratamento e a viabilidade do tratamento.
Shaw23
observou que os principais fatores que motivam o tratamento ortodôntico
incluíam o sexo, a idade, o nível intelectual, a classe social, a severidade da maloclusão,
a assistência dentária, a imagem no espelho e a auto-estima. Este pesquisador concluiu
32
que as crianças com maloclusões mais severas, apresentavam também os sentimentos
mais negativos sobre seus dentes. Estas mesmas crianças juntamente com seus pais
concordaram quando julgaram os dentes como o pior traço em suas características
físicas. Entretanto, descobriu que aproximadamente um terço das mães falhou
completamente ao tentar identificar a fotografia bucal de seus filhos.
Gosney,8 reportou que os pais apresentam condições de noticiar problemas
oclusais em seus filhos quase quanto um dentista. O pesquisador também concluiu que a
percepção do paciente em relação a sua maloclusão não coincide com o diagnóstico do
ortodontista. Para este pesquisador, a ordem decrescente de influência na decisão da
procura por tratamento ortodôntico é: a indicação do clínico, o desejo do próprio
paciente em melhorar a aparência dos dentes, por influência da mãe, por influência do
pai e por último a influência de outros de colegas de escola que usam aparelho
ortodôntico.
O tratamento ortodôntico corrige maloclusões com o objetivo de oferecer aos
pacientes melhores condições de função e estética. O paciente que busca por este
tratamento deseja alterações específicas em seus dentes e/ou face, ou alívio de sintomas
que nem sempre são reportados adequadamente ao profissional, dificultando a
elaboração de um plano de tratamento que conjugue as metas ortodônticas e as
expectativas do paciente e pais de paciente. 4
A maioria dos pacientes ortodônticos são crianças ou adolescentes. Como
conseqüência os pais são os maiores responsáveis pelo início e até mesmo pelo sucesso
do tratamento. Este pesquisador constatou que a média de interrupção de tratamento é
de 20% nos tratamentos realizados pela rede pública inglesa. 10
33
Existem diferentes percepções da necessidade de tratamento quando os pais
conduzem seus filhos ao consultório ortodôntico. Do confronto entre a obrigação
profissional e a existência de vários fatores determinantes do sucesso do tratamento,
algumas providências se mostram salutares, dentre as quais a necessidade de se
conhecer muito bem as expectativas do paciente e pais do paciente quanto aos
resultados que o tratamento poderá lhe proporcionar.22
Espeland, Ivarsson e Stenvik,7 e colaboradores, em 1992, realizaram um
levantamento com 93 pais, e concluíram que 54% dos pais percebiam a necessidade de
tratamento ortodôntico em seus filhos. Entretanto, metade dos pais que possuíam filhos
com maloclusão grave não percebeu a necessidade do tratamento ortodôntico. Os
autores verificaram que são basicamente os pais que decidem por iniciar o tratamento
ortodôntico, e os motivos por optar pelo tratamento são diferentes dos motivos das
crianças. Desta forma os pais são o fator mais poderoso pela procura do tratamento
ortodôntico.
Os dentes são o quarto fator que mais provocam as crianças a receberem
apelidos na escola. Antes dos dentes vem o peso, a altura e o cabelo. Esse desconforto
por ser criticado na fase escolar pode perdurar até a fase adulta influenciando na
qualidade de vida do adulto. As maloclusões mais observadas pelas crianças são o
overjet acentuado, mordida profunda acentuada e apinhamento. As crianças portadoras
destas maloclusões, juntamente com seus pais, tendem a desejar o tratamento
ortodôntico com maior intensidade. Em uma pesquisa realizada por Kilpelainen11
com
473 pais na clínica de graduação da Universidade da Carolina do Norte, 44% dos pais
reportou que seus filhos receberam apelidos devido aos dentes. Foi verificado que 85%
dos pais procuram o tratamento ortodôntico devido à aparência dos dentes, seguidos em
73% por encaminhamento do dentista clínico e 46% por aparência da face. Na discussão
34
desta pesquisa é sugerido que durante a fase escolar os pais são capazes de noticiar
problemas oclusais em seus filhos quase quanto um dentista.
Pietila e Pietila,19
em uma pesquisa na Finlândia com 261 pais e seus filhos de 7
a 8 anos, concluíram que a grande maioria dos pais perceberam a necessidade de
tratamento ortodôntico em seus filhos. A motivação dos pais, e principalmente das mães
é pré-requisito determinante no sucesso do tratamento. Contudo, não existiu associação
entre as opiniões dos pais em relação a sua própria aparência dentária e a percepção da
necessidade de tratamento ortodôntico de seus filhos. A maioria dos pais acreditava que
a melhor idade para se iniciar o tratamento ortodôntico abrangia os 7 ou 8 anos.
Sheats24
e colaboradores, em uma pesquisa com 54 pais e seus filhos, reportaram
que 63% dos pais percebiam a necessidade de tratamento em seus filhos determinado
mais pela questão da aparência do que em relação à condição clínica.
A comunicação entre pacientes e ortodontista deve ser observada em todos os
detalhes. Na consulta inicial o ortodontista deve explicar o diagnóstico, o planejamento
e os benefícios que o mesmo pode trazer. É importante que durante todo o tratamento o
profissional motive e explique a evolução do caso. Os pesquisadores sugerem também
que o envolvimento dos pais é uma intervenção óbvia nos casos de inadequada
cooperação das crianças. 27
Birkeland, Boe e Wisth,3 em 1996, pesquisando 327 pais e seus filhos
concluíram que a percepção dos pais em relação à necessidade de tratamento
ortodôntico encontrava-se diferente dos ortodontistas.
O tratamento ortodôntico deve garantir a obtenção de resultados previstos e
eficazes. Sabe-se, contudo, que em ortodontia, o sucesso do tratamento não depende
somente da experiência do profissional, mas, sim, da interação de uma série de fatores
35
que por vezes limitam o bom andamento do tratamento, inviabilizando,
conseqüentemente, a obtenção dos melhores resultados. Dentre estes fatores, podem-se
destacar as limitações intrínsecas a cada caso, mas, principalmente, o grau de
colaboração do paciente em relação a diversos aspectos que englobam, desde a
higienização até a freqüência ao consultório, envolvendo outros mais críticos como a
utilização adequada dos aparelhos que podem ser removidos pelo próprio paciente. 18
Para explicar o planejamento de um tratamento ortodôntico, o uso de artifícios
visuais é uma ferramenta de comunicação importante, e que apresenta vantagens quando
comparado com explicações verbais, principalmente quando crianças são o alvo.
Stenvik e colaboradores25
verificaram que os adultos jovens e seus pais possuem uma
percepção de estética dentária bastante compatível, diferentemente das crianças que
possuem um senso crítico de estética menos exigente. Os autores reafirmaram que a
percepção da necessidade do tratamento ortodôntico e a preocupação com os dentes, se
alteram de acordo com a idade e com mudanças socioculturais.
A estética facial é um fator determinante nas atribuições e percepções sociais.
Essa percepção da estética facial influencia o desenvolvimento psicossocial do
indivíduo da infância até a fase adulta. A aparência da boca e do sorriso são muito
importantes nas interações sociais, particularmente nos jovens. Crianças com aparência
dentária harmônica são consideradas mais atrativas, possuem mais amigos e são mais
inteligentes. Os pais procuram o tratamento ortodôntico com a esperança de que seus
filhos obtenham uma estética facial ideal compatível com a sociedade e cultura em que
vivem. Estes pais estão mais preocupados com o fator estético do que com a maloclusão
propriamente dita. Crianças do sexo feminino são mais colaboradoras do que os
meninos, e de forma geral os pré-adolescentes são mais motivados ao tratamento do que
os adolescentes. A capacidade de perceber a necessidade do tratamento ortodôntico
36
mostra-se maior no sexo feminino, leucodermas, em áreas urbanas e entre crianças de
maior nível socioeconômico.26
Existe um número pequeno de estudos que investigaram a utilidade do índice de
saúde bucal relacionado à qualidade vida denominado OHrQoL, conjuntamente com
índice IOTN, em relação as preocupações às questões ortodônticas.16
Vários estudos investigaram o relacionamento entre a necessidade de tratamento
ortodôntico e a percepção de maloclusão do paciente. Entretanto poucos estudos
consideraram a percepção dos pais em relação à necessidade de tratamento
ortodôntico.28
Cunha5 e colaboradores, em 2003, realizaram uma pesquisa em pacientes
tratados ortodonticamente, com o intuito de analisar a presença ou ausência de
maloclusões, o prejuízo estético e o grau de necessidade de tratamento ortodôntico
destes pacientes, através da utilização dos índices DAI e IOTN. Os resultados
mostraram que mais de 70% dos casos tratados possuíam uma severa necessidade de
tratamento ortodôntico de acordo com ambos os índices. Porém, ao se avaliar a
concordância quantitativa e qualitativa entre os índices, através dos coeficientes
Spearman e Kappa, estas não apresentaram significância estatística em virtude das
características peculiares dos mesmos. As características oclusais mais freqüentes nestes
casos foram: sobressaliência maxilar superior acima de 3,5mm, apinhamento e ausência
dentária. Observou-se ainda que os índices oclusais não são capazes de substituir a
documentação ortodôntica já que não foram preconizados para este fim.
Martins 17
e colaboradores, em 2003, efetuaram uma pesquisa, em que os alunos
propuseram um questionário claro e objetivo que apresentava uma listagem de
condições entre as quais os pacientes podiam identificar suas queixas. Este estudo tinha
37
como objetivo facilitar a comunicação entre os profissionais e os pacientes. As respostas
dadas pelos pacientes foram comparadas com o diagnóstico e os planos de tratamento
elaborados pelos professores e alunos do curso de Mestrado em Ortodontia, com o
objetivo de avaliar se as queixas dos pacientes eram coincidentes com o diagnóstico e
poderiam ser solucionadas pelo tratamento proposto. Verificou-se que em 64,5% das
possíveis mudanças propostas pelo planejamento ortodôntico, existe uma excelente
concordância entre a expectativa do paciente em relação ao tratamento sugerido pelo
profissional. Em 29% esta concordância foi de razoável a boa, e em 6,5% foi fraca.
Portanto, foi concluído que geralmente o paciente deseja alterações específicas em seus
dentes, na face ou alívio de sintomas que nem sempre são reportados de forma clara e
objetiva ao profissional, dificultando a elaboração de um plano de tratamento que
conjugue as metas ortodônticas e as expectativas de pacientes e pais de pacientes.
Em 2004, num estudo realizado por Hamdan,9
foi comparada a percepção da
necessidade de tratamento ortodôntico entre pacientes, pais e dentistas utilizando-se o
índice IOTN. Um clínico pontuou os pacientes utilizando o índice IOTN e o
componente estético (AC). Pais e filhos foram também submetidos ao componente
estético. A maior média de percepção da necessidade de tratamento ortodôntico foi
achada nos pais, seguido pelos pacientes e clínicos com pontuações de 6.6, 6.1 e 5.4 cm
respectivamente. Uma diferença significativa foi encontrada entre pais e ortodontistas.
38
Discussão
Podemos notar ao longo do artigo que existem diferentes conclusões
sobre este assunto. Lewitt e Virolainem,15
mostraram que os pais são o fator mais
poderoso para a motivação ao tratamento ortodôntico. Luffinham,14
e Campbell,
concluíram que 98% dos pais consideram o tratamento ortodôntico essencial nos casos
de apinhamento dentário e projeção de incisivos. Entretanto, estes mesmos pais pouco
reconhecem a maloclusão de seus próprios filhos. Prahl Andersen20
e colaboradores
concluíram que existe uma significativa diferença na percepção da estética dentofacial
entre os pais e profissionais. Já Gosney,8 reportou que os pais apresentam condições de
noticiar problemas oclusais em seus filhos quase quanto um dentista. Mas também
concluiu que a percepção do paciente em relação a sua maloclusão não coincide com o
diagnóstico do ortodontista. Birkeland, Boe e Wisth,3 concluíram que a percepção dos
pais em relação à necessidade de tratamento ortodôntico encontrava-se diferente dos
ortodontistas. Portanto, pode-se verificar que não existe um senso comum sobre a
percepção dos pais quanto a maloclusão de seus filhos.
Conclusões
Portanto, existem na literatura vários índices clínicos para se medir doenças
dentárias, mas pesquisas sobre o aspecto psicológico da influência dos dentes e boca na
auto-estima ainda são muito poucas. É consenso de vários pesquisadores como
Cushing,6 em 1986, Reisine,
21 em 1989, Atchison,
1 em 1990, Locker,
13 em 1988, que
pesquisas devem ser conduzidas para que se desenvolvam índices que avaliem melhor
os aspectos subjetivos dos impactos bucais. A identificação e mensuração da percepção
dos pais em relação à necessidade de tratamento ortodôntico de seus filhos mostram-se
de grande importância para a indicação e sucesso do tratamento.
39
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42
5- ARTIGO 3
43
CORRELAÇÃO ENTRE A PERCEPÇÃO DOS PAIS E
ORTODONTISTAS QUANTO A GRAVIDADE DA
MALOCLUSÃO
Introdução e revista de literatura
A maioria dos pacientes ortodônticos são crianças ou adolescentes. Como
conseqüência os pais são os maiores responsáveis pelo início e até mesmo pelo sucesso
do tratamento.10
Espeland, Ivarsson e Stenvik,5 realizaram um levantamento com 93 pais, e
concluíram que 54% percebiam a necessidade de tratamento ortodôntico em seus filhos.
Entretanto, metade dos pais que possuíam filhos com maloclusão grave não percebeu a
necessidade do tratamento ortodôntico. Estes pesquisadores também verificaram que os
pais são os principais responsáveis por decidir em iniciar o tratamento ortodôntico, e os
motivos pela opção do tratamento são diferentes dos motivos das crianças. Desta forma
os pais são determinantes pela procura e sucesso do tratamento ortodôntico.
A pesquisa das origens da percepção e do comportamento humano pode levar a
uma conclusão de como as diferenças individuais podem influenciar nos sentimentos,
pensamentos e comportamentos1.
A psicologia social e a ortodontia pareciam disciplinas bastante distantes, pois o
ortodontista mede características físicas com precisão, como milímetros e graus, o
psicólogo mede entidades menos específicas, como ações sociais e verbais. Entretanto,
apesar destas duas ciências parecerem dicotômicas, existem áreas de sobreposição nas
quais considerações interdisciplinares são úteis e necessárias. 6
44
De acordo com Graber6, existe um campo mental e o outro dentário,
considerando-se o impacto que as alterações na aparência facial podem afetar sobre o
bem-estar geral de um paciente na vida, é fundamental que o ortodontista compreenda a
base da psicologia social e da teoria sobre atratividade facial. Desde a infância, crianças
não atraentes tendem a ser percebidas de forma mais negativa, mesmo por suas próprias
mães.
Elder, Nguyen e Caspi4 examinaram as relações entre pais e adolescentes e
observaram que os pais foram mais punitivos e severos com suas filhas menos atraentes
que com as mais atraentes. De fato vários estudos laboratoriais verificaram a influência
da atratividade sobre a severidade da punição, revelando uma propensão a infligir
sanções mais punitivas a crianças menos atrativas.
Desde uma idade precoce, somos advertidos a não julgar um livro por sua capa,
e recebemos ensinamentos de que a beleza engloba aspectos maiores além da pele.
Porém, o julgamento da personalidade e caráter baseado em qualidades superficiais de
aparência facial pode influenciar nossos valores culturais. Pesquisas demonstram de
maneira surpreendente que a aparência facial possui influência difundida sobre como os
indivíduos são considerados e tratados em todos os principais domínios sociais da vida.
Estudos sugerem que com base na aparência facial, os pais tratam os bebês de forma
melhor ou pior, os professores realizam inferências elogiosas ou pejorativas sobre seus
alunos, o apoio social é concebido ou negado, oportunidades de trabalho são ganhas ou
perdidas, parceiros potenciais são procurados ou rejeitados, e júris até consideram réus
inocentes ou culpados. Portanto a psicologia social demonstra que a aparência facial
tende a ter impacto significativo na qualidade de vida. 18
45
Sheats14
e colaboradores, numa pesquisa com 54 pais e seus filhos, reportaram
que 63% dos pais percebiam a necessidade de tratamento em seus filhos determinado
mais pela questão da aparência do que em relação à condição clínica.
Shaw, 13
em 1991, verificou que existem diferentes percepções da necessidade
de tratamento quando os pais conduzem seus filhos ao consultório ortodôntico. Do
confronto entre a obrigação profissional e a existência de vários fatores determinantes
ao sucesso do tratamento, algumas providências se mostram salutares, dentre as quais a
necessidade de se conhecer muito bem as expectativas do paciente e pais do paciente
quanto aos resultados que o tratamento poderá lhe proporcionar.
Mães de recém nascidos com faces atraentes e mostravam-se mais carinhosas e
brincavam mais com seus bebês que mães de bebês menos atraentes. Além do
tratamento diferencial, mães de recém-nascidos menos atraentes expressaram atitudes
relativamente mais negativas sobre seus filhos, sendo uma interferência opressiva na
vida dos pais. 11
A comunicação entre pacientes e ortodontista deve ser observada em todos os
detalhes. Na consulta inicial o ortodontista deve explicar o diagnóstico, o planejamento
e os benefícios que o mesmo pode trazer. É importante que durante todo o tratamento o
profissional motive e explique a evolução do caso. O envolvimento dos pais é uma
intervenção óbvia nos casos de inadequada cooperação das crianças. 16
Birkeland2 e colaboradores, em 1996, realizaram uma pesquisa com 327 pais e
seus filhos e os autores concluíram que a percepção dos pais em relação à necessidade
de tratamento ortodôntico encontrava-se diferente dos ortodontistas.
O tratamento ortodôntico deve garantir a obtenção de resultados previstos e
eficazes. Sabe-se, contudo, que em ortodontia, o sucesso do tratamento não depende
46
somente da experiência do profissional, mas, sim, da interação de uma série de fatores
que por vezes limitam o bom andamento do tratamento, inviabilizando,
conseqüentemente, a obtenção dos melhores resultados. Dentre estes fatores, podem-se
destacar as limitações intrínsecas a cada caso, mas, principalmente, o grau de
colaboração do paciente em relação a diversos aspectos que englobam, desde a
higienização até a freqüência ao consultório. Sendo os pais os principais responsáveis
pela condução de seus filhos ao consultório, estes se mostram como fatores
determinantes ao sucesso do tratamento. 12
Crianças com aparência odontológica harmônica são consideradas mais
atrativas, possuem mais amigos e são mais inteligentes. Sendo assim os pais procuram o
tratamento ortodôntico com a esperança de que seus filhos obtenham uma estética facial
ideal compatível com a sociedade e cultura em que vivem. Estes pais estão mais
preocupados com o fator estético do que com a maloclusão propriamente dita. Crianças
do sexo feminino são mais colaboradoras do que os do masculino, e de forma geral os
pré-adolescentes são mais motivados ao tratamento do que os adolescentes. A
capacidade de perceber a necessidade do tratamento ortodôntico mostra-se maior no
sexo feminino, leucodermas, em áreas urbanas e entre crianças de maior nível
socioeconômico. 15
O sorriso é a segunda característica facial, depois dos olhos, que as pessoas
tendem a observar ao avaliar a atratividade alheia. A aparência facial de uma pessoa e
seu grau de atratividade pode influenciar significamente nos diversos aspectos da vida
pessoal, profissional e social. Portanto, ortodontistas podem interferir nos aspectos
psicológicos de pacientes e pais de pacientes, pois realizam procedimentos que alteram
e que melhoram a aparência facial de um indivíduo. 8
47
Vários estudos que investigaram o relacionamento entre a necessidade de
tratamento ortodôntico e a percepção de maloclusão do paciente. Entretanto, poucos
estudos consideraram a percepção dos pais em relação à necessidade de tratamento
ortodôntico. 17
Jokovic10
e seus colaboradores, mensuraram as percepções dos pais em relação a
saúde bucal de seus filhos, e o quanto os aspectos dentários influenciavam na qualidade
de vida dos mesmos. Estes autores, com base em várias pesquisas concluíram que para
se avaliar estes aspectos era necessário obter e comparar as informações tanto dos pais
quanto das crianças. A partir destes dados era possível avaliar de que forma a saúde
bucal influenciaria no bem estar das crianças. Portanto, a partir da construção do índice
COHQOL que significa Child Oral Health Quality of Life Questionnare estes
pesquisadores decidiram criar componentes análogos a este índice. Foi confeccionado,
então, os índices P-CPQ que significa Parental-caregiver Perceptions Questionnare e
CPQ que significa Child Perceptions Questionnare, com o objetivo de se analisar e
captar as informações de pais e filhos quanto a saúde bucal. Nesta pesquisa Jokovic e
seus colaboradores tiveram como objetivo descrever o P-CPQ e analisar sua
fidedignidade para validação. Com base nos dados obtidos os autores concluíram que o
questionário P-CPQ é valido e seguro.
Em 2004, num estudo realizado por Hamdan7
comparou a percepção da
necessidade de tratamento ortodôntico entre pacientes, pais e dentistas utilizando-se o
índice IOTN. Um clínico pontuou os pacientes utilizando o índice IOTN e o
componente estético (AC). Pais e filhos foram também submetidos ao componente
estético. A maior média de percepção da necessidade de tratamento ortodôntico foi
achada nos pais, seguido pelos pacientes e clínicos com pontuações de 6,6, 6,1 e 5,4
48
cm respectivamente. Uma diferença significativa foi encontrada entre pais e
ortodontistas.
As doenças bucais são um problema mundial. Mas geralmente é dada baixa
prioridade a essa questão pelos governantes porque raramente pode causar risco de vida.
Entretanto, problemas dentais podem representar impactos significantes tanto nos
aspectos sociais quanto nos aspectos psicológicos de um indivíduo. Problemas dentários
podem afetar a qualidade individual assim como sua auto-estima. No trabalho realizado
por Colares e colaboradores foi aplicado o questionário P-CPQ, idealizado por Jokovic,
que tem como objetivo medir e avaliar as percepções dos pais quanto a saúde bucal de
seus filhos. Utilizando este questionário os autores avaliaram os aspectos psicossociais
que a cárie severa causava na qualidade de vida de crianças de 4 anos na cidade de
Recife e concluíram que as cáries severas podem causar um impacto negativo na
qualidade de vida das crianças.
49
Metodologia
O presente estudo iniciou-se somente após a análise e aprovação do Comitê de
ética e pesquisa da PucMinas sob número COEP = CAAE 0097.0.213.000-05
(Anexo I). Os pais que participaram da referida pesquisa, receberam previamente um
termo de consentimento Livre Esclarecido (anexo II) contendo todas as informações
inerentes à pesquisa, e que solicitava o consentimento por parte dos mesmos. Os termos
de consentimento livre esclarecido foram assinados pelo pesquisador e pais de
adolescentes envolvidos na pesquisa.
Obtenção e Seleção da amostra
Avaliando a percepção dos pais
Inicialmente realizou-se um plano piloto no sentido de calibrar o pesquisador,
em 20 pais de crianças de 11 a 17 anos de idade, de ambos os sexos. Após esta
calibração, o pesquisador aplicou parte do questionário P-CPQ (anexo III) a todos os
pais de crianças e adolescentes que iniciaram o tratamento ortodôntico na clínica da
PUCMINAS no ano de 2007. A amostra envolveu 33 questionários. O questionário
P-CPQ foi traduzido para o português por um tradutor juramentado. Sua versão original
consta de 49 perguntas aos pais, que envolvem aspectos deste a higienização, dor de
dente a fatores que influenciariam a qualidade de vida. Para avaliar a percepção da
maloclusão de seus filhos selecionou-se 18 perguntas do questionário P-CPQ que se
aplicam aos aspectos ortodônticos. Estes questionários foram lidos para os pais
pessoalmente, com o objetivo de esclarecer qualquer dúvida na obtenção da resposta. As
respostas dos 33 pais seguem em anexo.
50
Avaliando a percepção do ortodontista
Para avaliarmos a maloclusão do paciente, utilizou-se os dados obtidos pelo
triângulo de Tweed (Anexo IV). A partir da telerradiografia traçou-se as estruturas
anatômicas de interesse, plano de Frankfurt, plano mandibular e linha ao longo eixo dos
incisivos inferiores. Com estes planos obteve-se o triângulo de Tweed, formado pelos
ângulos FMA, FMIA e IMPA. Após mensurar estes ângulos calculou-se a discrepância
cefalométrica de cada paciente. Quanto maior a discrepância cefalométrica maior seria a
maloclusão do paciente. Elaborou-se, então, uma tabela para classificar os diferentes
níveis de maloclusão. (Quadro 1)
Para correlacionar a visão dos pais com o diagnóstico do ortodontista,
confrontou-se os dados obtidos a partir do questionário P-CPQ com a discrepância
cefalométrica obtida pela medição dos ângulos do triângulo de Tweed.
Tabela para pontuação da discrepância cefalométrica
Quadro 1
Discrepâncias Cefalométricas Pontuação Maloclusão
Valores positivos até - 5 mm 0 normal
Valores de – 5,1 mm até -8mm 1 leve
Valores de – 8,1 mm até -15mm
2 moderado
Valores de igual ou menor que -15,1
mm
3 severa
51
Métodos de Registro
Os pais responderam uma entrevista semi-estruturada utilizando-se o
questionário P-CPQ (Anexo II). Este questionário foi desenvolvido para avaliar a
percepção dos pais em relação saúde bucal de seus filhos. Para avaliar o grau de
maloclusão do adolescente foi utilizado pelo ortodontista as telerradiografias, onde
verificamos a discrepância cefalométrica a partir dos dados obtidos pelo triângulo de
Tweed.
52
Resultados
Para comparar as medidas efetuadas pelo ortodontista utilizou-se o teste-„t‟
pareado e o índice de Pearson. De acordo com o teste-„t‟ os valores obtidos entre a 1
medição e a 2 medição do pesquisador verificou-se que não ocorreram diferenças
significativas (t = -1,964, p = 0,081) entre as 2 medidas. A partir da correlação de
Pearson encontrou-se uma correlação alta e significativa com r = 0,886 e p = 0,001.
(Tabela 1).
Teste t entre a primeira e segunda avaliação do ortodontista
Tabela1
Média N Desvio padrão Erro médio padrão
ORTO 1 1,500 10 ,8498 ,2687
ORTO 2 1,800 10 1,0328 ,3266
t df p
(bilateral) Média Desvio Padrão
Erro da média
95% Intervalo de confiança
Maior Menor
ORTO 1 - ORTO 2
-,300 ,4830 ,1528 -,646 ,046 -1,964 9 ,081
ORTO 1 ORTO 2
ORTO 1 Correlação de Pearson 1 ,886(**)
p (bilateral) . ,001
N 33 10
ORTO 2 Correlação de Pearson ,886(**) 1
p (bilateral) ,001 .
N 10 10
53
Na tabela 2 comparou-se o resultado obtido pelo diagnóstico do ortodontista
com o resultado da primeira pergunta do questionário P-CPQ (Como seria a saúde bucal
de seu filho em relação aos dentes, aos lábios, aos maxilares e a boca?). A correlação
entre estes valores mostrou-se inversa e não significativa, mostrando que pais e
ortodontistas apresentam percepções diferentes em relação a saúde bucal de seus filhos
e pacientes respectivamente.( r = - 0,053, p = 0,771).
Comparação entre a avaliação do ortodontista e a primeira pergunta do questionário
Tabela 2
Média N Desvio padrão Erro Médio Padrão
Q1 3,27 33 1,180 ,205
ORTO 1 1,091 33 ,9139 ,1591
N
Correlação p (bilateral)
Q1 & ORTO 1 33 -,053 ,771
t df
p
bilateral Média
Desvio
Padrão
Erro Médio
Padrão
95% Intervalo de
confiança
Menor Maior
Q1 -
ORTO
1
2,182 1,5300 ,2663 1,639 2,724 8,192 32 ,000
54
Na tabela 3 comparou-se o diagnóstico do ortodontista com a segunda pergunta
do questionário (O bem estar de seu filho é afetado pelas condições de seus dentes,
lábios, maxilares ou boca?). Reforçando as respostas da primeira pergunta, verificou-se
que existiu uma correlação fraca e inversa, porém não-significatica entre estes dados.
Portanto, pais e ortodontistas possuem percepções diferentes quantos aos diferentes
graus de maloclusão.
Comparação entre a avaliação do ortodontista e a segunda questão do questionário
N Correlação p
Q2 & ORTO 1 33 -,233 191
Tabela 3
Média N Desvio Padrão Erro médio padrão
Q2 2,70 33 1,185 ,206
ORTO 1 1,091 33 ,9139 ,1591
t df p Média Desvio Padrão
Erro médio padrão
95% Intervalo de confiança
menor maior
Q2 - ORTO
1 1,606 1,6572 ,2885 1,018 2,194 5,567 32 ,000
55
Na tabela 4 correlacionou-se as respostas das perguntas de 3 a 9 (pag. 78 e 79)
com o diagnóstico do ortodontista. Estas questões abordam os sintomas e o desconforto
que os filhos possam ter sofrido nos dentes, nos lábios, na boca e ou nos maxilares.
Comprovou-se que não há correlação entre a avaliação do ortodontista e a visão dos
pais. Os mesmos não são capazes de avaliar a saúde bucal de seus filhos, pois o grau de
associação com a visão do ortodontista mostrou-se inverso e não-significativo ( r = -
0,205, p = 0,251). Aplicando o teste-„t‟ obteve-se um t = -15,753 demonstrando que
existiu uma diferença significativa entre a visão dos pais e ortodontistas.
Comparação entre a avaliação do ortodontista e as questões de 3 a 9 do questionário
Tabela 4
Média N Desvio Padrão Erro medio padrão
ORTO 1 1,091 33 ,9139 ,1591
Total de Q3 a Q9
17,39 33 5,690 ,990
N Correlação p
ORTO 1 & Total de Q3 a Q9 33 -,205 ,251
t df P
bilateral Média Desvio Padrão
Erro médio padrão
95% Intervalo de confiança
maior menor
ORTO 1 - Total de Q3 a Q9
-16,303 5,9450 1,0349 -18,411 -14,195 -15,753 32 ,000
56
Na tabela 5 correlacionou-se as respostas das questões de 10 a 18 (pag. 79 e 80)
com o diagnóstico do ortodontista. Estas questões abordam os efeitos que os dentes, os
lábios, a boca e os maxilares possam influenciar nos sentimentos e nas atividades
diárias de seus filhos. A partir da associação dos 4 diferentes níveis de diagnóstico do
ortodontista ( normal, leve, moderado e grave) com a resposta dos pais, observou-se que
os diferentes níveis de maloclusão não são percebidos pelos pais e que os problemas
dentários não afetam a rotina de seus filhos.
Comparação entre a avaliação do ortodontista e as questões de 10 a 18 do questionário
Tabela 5
Média N Desvio Padrão Std. Error Mean
ORTO 1 1,091 33 ,9139 ,1591
Total de Q10 a
Q18 22,67 33 9,558 1,664
N Correlação Sig.
ORTO 1 & Total de
Q10 a Q18 33 ,011 ,953
t df
P
bilateral Média
Desvio
Padrão
Erro
médio
padrão
95% Intervalo de
confiança
Menor Maior
ORTO 1 -
Total de
Q10 a Q18
-21,576 9,5918 1,6697 -24,977 -18,175 -12,922 32 ,000
57
As próximas tabelas se referem às questões 3 a 18 do questionário P-CPQ. Cada
uma retrata as respostas dos pais em cada uma das perguntas da entrevista.
Analisando a tabela 6, verificou-se que a grande maioria das crianças nunca
sentiu dor de dentes, nos maxilares ou na boca.
Na quarta pergunta (tabela 7) verificou-se que 75,8% dos pais nunca perceberam
se os alimentos ficavam presos no céu da boca de seus filhos.
Na questão 5 do questionário (tabela 8), verificou-se que 39,4% das crianças,
algumas vezes apresentavam comida presa dentro ou entre os dentes.
Na tabela 9 observou-se que 57,6% dos pais nunca perceberam se seus filhos
apresentavam dificuldade em se alimentar.
Pergunta 3- Nos últimos 3 meses, com qual freqüência sua criança teve: dor de dente, nos
lábios, nos maxilares ou na boca?
Resposta f %
Nunca 24 72,7
Algumas vezes 5 15,2
Freqüentemente 3 9,1
Não sei 1 3,0
Total 33 100,0
Tabela 6
58
Pergunta 4- Nos últimos 3 meses, com qual freqüência sua criança teve: comida presa no céu
da boca?
Resposta f %
Nunca 25 75,8
Uma ou duas vezes 1 3,0
Algumas vezes 3 9,1
Freqüentemente 1 3,0
Não sei 3 9,1
Total 33 100,0
Tabela 7
Pergunta 5- Nos últimos 3 meses, com qual freqüência sua criança teve: Comida presa dentro
ou entre os dentes?
Resposta f %
Nunca 4 12,1
Uma ou duas vezes 1 3,0
Algumas vezes 13 39,4
Freqüentemente 9 27,3
Todos os dias ou quase
todos os dias 3 9,1
Não sei 3 9,1
Total 33 100,0
Tabela 8
59
Pergunta 6- Nos últimos 3 meses, com qual freqüência sua criança teve: dificuldade de
mastigar ou morder alimentos como uma maçã, pipoca ou carne?
Resposta f %
Nunca 19 57,6
Uma ou duas vezes 1 3,0
Algumas vezes 6 18,2
Freqüentemente 4 12,1
Todos os dias ou quase
todos os dias 1 3,0
Não sei 2 6,1
Total 33 100,0
Tabela 9
Analisando as respostas da questão 7 (tabela 10), verificou-se que um terço dos
pais identificou a respiração bucal de seus filhos quase todos os dias. Entretanto, na
pergunta seguinte (tabela 11) 30% dos pais nunca verificaram qualquer tipo de
problema durante o sono de seus filhos. Nesta pergunta o entrevistador citou o
bruxismo, ronco e insônia como os possíveis transtornos durante a noite.
Na pergunta 9, onde pergunta-se aos pais se nos últimos 3 meses seus filhos
apresentavam dificuldade em dizer alguma palavra (tabela 12), a grande maioria
(69,7%) respondeu que nunca, ou seja, seus filhos apresentavam uma dicção perfeita.
Entretanto, nesta mesma tabela, verificou-se que 12,1% dos pais observaram problemas
na fala de seus filhos quase todos os dias.
Na tabela 13, 60,1% dos pais declararam que seus filhos nunca se recusaram a
ler ou falar alto em sala de aula. Ao comparar a pergunta 9 e 10 observa-se uma
60
correlação entre ambas. Pois se não existem problemas na fala, não ocorrem também
embaraços no momento de leitura em sala de aula.
Pergunta 7- Nos últimos 3 meses, com qual freqüência sua criança teve: respirado pela boca?
Resposta f %
Nunca 6 18,2
Uma ou duas vezes 1 3,0
Algumas vezes 10 30,3
Freqüentemente 5 15,2
Todos os dias ou quase
todos os dias 11 33,3
Total 33 100,0
Tabela 10
Pergunta 8- Nos últimos 3 meses, com qual freqüência sua criança teve: problemas quando está
dormindo?
Resposta f %
Nunca 11 33,3
Uma ou duas vezes 2 6,1
Algumas vezes 6 18,2
Freqüentemente 4 12,1
Todos os dias ou quase
todos os dias 10 30,3
Não sei
Total 33 100,0
Tabela 11
61
Pergunta- 9 Nos últimos 3 meses, com qual freqüência sua criança teve: dificuldade em dizer
algumas palavras?
Resposta f %
Nunca 23 69,7
Uma ou duas vezes 1 3,0
Algumas vezes 4 12,1
Freqüentemente 1 3,0
Todos os dias ou quase
todos os dias 4 12,1
Total 33 100,0
Tabela 12
Pergunta 10- Nos últimos 3 meses, por motivo de seus dentes, lábios, boca e maxilares, com
qual freqüência seu filho: tenha se recusado a falar ou ler alto em sala de aula?
Resposta f %
Nunca 20 60,6
Uma ou duas vezes 1 3,0
Algumas vezes 3 9,1
Todos os dias ou quase
todos os dias 1 3,0
Não sei 8 24,2
Total 33 100,0
Tabela 13
62
Na pergunta 11 (tabela 14), 78,8% dos pais responderam que seus filhos
nunca se recusaram a conversar com outras crianças devido à presença de algum
problema bucal.
Na pergunta 12 (tabela 15) a grande maioria dos pais (66,7%) acreditava
que seus filhos nunca deixaram de sorrir devido aos problemas dentários. Essa pergunta
mostra claramente como a visão dos pais pode ser diferente da percepção dos filhos e
ortodontistas. Todos os entrevistados são pais de filhos em tratamento, portanto, todos
apresentavam algum tipo de maloclusão, entretanto 2/3 destes pais nunca verificaram
qualquer desconforto dos filhos em sorrir.
Na pergunta seguinte (tabela 16) foi questionado se os filhos se preocupavam
com a aparência dos dentes. Verificou-se que 21,2% dos pais nunca observaram essa
preocupação, por outra visão concluiu-se que os outros 78,8% se preocupavam com a
aparência dentária.
Na pergunta 14 (tabela 17), questionou-se aos pais se os filhos se
mostravam tímidos devido a presença de algum problema dentário. Os pais
responderam que 45,5% dos filhos nunca se sentiram envergonhados por causa de
problemas bucais.
Na tabela 18, verificou-se que a maioria dos pais (54,7) acreditava que
seus filhos nunca receberam apelidos na escola devido a desordens bucais. E uma
porcentagem ainda maior de 75,1% de pais acreditavam que seus filhos nunca foram
rejeitados por causa de problemas bucais ( tabela 19).
63
Na pergunta 17 (tabela 20) verificou-se que a grande maioria dos pais
identificava a preocupação dos filhos quanto ao que as pessoas pensavam sobre seus
dentes. Os pais responderam que 27,3% se preocupavam algumas vezes e 21,2% se
preocupavam freqüentemente. E na pergunta 18 ( tabela 21), os pais responderam que
42,4% de seus filhos observavam freqüentemente os dentes de outra crianças.
Pergunta 11- Nos últimos 3 meses, por motivo de seus dentes, lábios, boca e maxilares, com
qual freqüência seu filho: não quis conversar com outra criança?
Resposta f %
Nunca 26 78,8
Algumas vezes 2 6,1
Todos os dias ou quase
todos os dias 1 3,0
Não sei 4 12,1
Total 33 100,0
Tabela 14
Pergunta 12- Nos últimos 3 meses, por motivo de seus dentes, lábios, boca e maxilares, com
qual freqüência seu filho: tenha evitado de sorrir próximo a outras crianças?
Resposta f %
Nunca 22 66,7
Algumas vezes 6 18,2
Todos os dias ou quase
todos os dias 4 12,1
Não sei 1 3,0
Total 33 100,0
Tabela 15
64
Pergunta 13- Nos últimos 3 meses, por motivo de seus dentes, lábios, boca e maxilares, com
qual freqüência seu filho tenha: se preocupado quanto à aparência?
Resposta f %
Nunca 7 21,2
Uma ou duas vezes 1 3,0
Algumas vezes 8 24,2
Freqüentemente 5 15,2
Todos os dias ou quase
todos os dias 11 33,3
Não sei 1 3,0
Total 33 100,0
Tabela 16
Pergunta 14- Nos últimos 3 meses, por motivo de seus dentes, lábios, boca e maxilares, com
qual freqüência seu filho tenha: se mostrado tímido?
Resposta f %
Nunca 15 45,5
Uma ou duas vezes 1 3,0
Algumas vezes 6 18,2
Freqüentemente 7 21,2
Todos os dias ou quase
todos os dias 3 9,1
Não sei 1 3,0
Total 33 100,0
Tabela 17
65
Pergunta 15- Nos últimos 3 meses, por motivo de seus dentes, lábios, boca e maxilares, com
qual freqüência seu filho tenha: sido criticado ou recebido apelidos de outras crianças?
Resposta f %
Nunca 18 54,5
Uma ou duas vezes 1 3,0
Algumas vezes 6 18,2
Freqüentemente 3 9,1
Todos os dias ou quase
todos os dias 1 3,0
Não sei 4 12,1
Total 33 100,0
Tabela 18
Pergunta 16- Nos últimos 3 meses, por motivo de seus dentes, lábios, boca e maxilares, com
qual freqüência seu filho tenha: ter sido rejeitado por outras crianças?
Resposta f %
Nunca 25 75,8
Algumas vezes 1 3,0
Não sei 7 21,2
Total 33 100,0
Tabela 19
66
Pergunta 17- Nos últimos 3 meses, por motivo de seus dentes, lábios, boca e maxilares, com
qual freqüência seu filho tenha: preocupado sobre o que as pessoas pensam sobre seus dentes,
lábios, boca ou maxilares?
Resposta f %
Nunca 11 33,3
Uma ou duas vezes 1 3,0
Algumas vezes 9 27,3
Freqüentemente 7 21,2
Todos os dias ou quase
todos os dias 3 9,1
Não sei 2 6,1
Total 33 100,0
Tabela 20
Pergunta 18- Nos últimos 3 meses, por motivo de seus dentes, lábios, boca e maxilares, com
qual freqüência seu filho tenha: perguntado sobre outras crianças em relação a seus dentes,
lábios, boca ou maxilares?
Resposta f %
Nunca 8 24,2
Uma ou duas vezes 2 6,1
Algumas vezes 14 42,4
Freqüentemente 6 18,2
Todos os dias ou quase
todos os dias 1 3,0
Não sei 2 6,1
Total 33 100,0
Tabela 21
67
Discussão
De acordo com Jokovic e seus colaboradores os pais são os maiores
responsáveis pelo início e até mesmo pelo sucesso do tratamento.10
Outros
pesquisadores como Espeland, Ivarsson e Stenvik,5 também verificaram que os pais são
os principais responsáveis por decidir em iniciar o tratamento ortodôntico.
Elder, Nguyen e Caspi4 examinaram as relações entre pais e adolescentes e
observaram que os pais foram mais punitivos e severos com suas filhas menos atraentes
que com as mais atraentes. De acordo com Zebrowitz18
pesquisas demonstram de
maneira surpreendente que a aparência facial possui influência difundida sobre como os
indivíduos são considerados e tratados em todos os principais domínios sociais da vida.
Graber6 observa que desde a infância, crianças não atraentes tendem a ser percebidas de
forma mais negativa, mesmo por suas próprias mães. Langlois concluiu que mães de
recém-nascidos menos atraentes expressaram atitudes relativamente mais negativas
sobre seus filhos.11
Tung e Kiyak afirmaram que os pais procuram o tratamento
ortodôntico com a esperança de que seus filhos obtenham uma estética facial ideal
compatível com a sociedade e cultura em que vivem.15
Birkeland2 e colaboradores concluíram que a percepção dos pais em relação à
necessidade de tratamento ortodôntico encontrava-se diferente dos ortodontistas.
Shaw,13
verificou que existem diferentes percepções da necessidade de tratamento
quando os pais conduzem seus filhos ao consultório ortodôntico.
Sendo a maioria dos pacientes ortodônticos crianças ou adolescentes, logo os
pais estarão envolvidos em todo o processo do tratamento ortodôntico. Portanto, estes
pais são determinantes desde a opção por procurar um profissional, por conduzir seus
filhos ao consultório com freqüência, financiar o tratamento e motivar seu filho ao uso
68
correto dos aparelhos ortodônticos. O sucesso do tratamento depende então de uma série
de fatores, e que estão, portanto, correlacionados com os pais. É de suma importância
que na primeira consulta de apresentação do plano de tratamento pais e filhos estejam
presentes, e que o ortodontista explique de maneira minuciosa os benefícios que o
tratamento poderá trazer. Pois os aspectos subjetivos e psicológicos entre pais, filhos e
ortodontistas são diferentes. É necessário que exista um senso comum entre todos, para
que durante o tratamento problemas sejam menos freqüentes.
A partir da revista de literatura e da pesquisa realizada observamos que os pais
desejam que os filhos tenham uma aparência facial harmônica, mas possuem uma
percepção da maloclusão diferente dos ortodontistas.
Conclusão
De acordo com metodologia empregada concluiu-se que não ocorreram
correlações estatisticamente significativas entre o diagnóstico do ortodontista e a
percepção dos pais quanto a maloclusão dos seus filhos. As tabelas 1, 2, 3, 4, e 5
mostram que existe um grande diferença e discrepância de percepções entre os dois
grupos.
69
Resumo
Nesta pesquisa abordamos conceitos subjetivos que podem afetar o sucesso do
tratamento ortodôntico. De um lado avaliamos como os pais percebem os problemas
dentários de seus filhos, e através de uma análise cefalométrica verificamos o
diagnóstico do ortodontista. Correlacionando estas duas análises é possível verificar que
há uma diferença bastante acentuada entre elas. A partir desta conclusão vários aspectos
podem ser discutidos. Sendo a maioria dos pacientes ortodônticos crianças ou
adolescentes, logo os pais estarão envolvidos em todo o processo do tratamento
ortodôntico. Todavia estes pais são determinantes desde a opção por procurar um
profissional, por levar seus filhos ao consultório com freqüência, pagar o tratamento e
motivar seu filho ao uso correto dos aparelhos ortodônticos. O sucesso do tratamento
depende então de uma série de fatores, e que estão, portanto, correlacionados com os
pais. É de suma importância que na primeira consulta de apresentação do plano de
tratamento pais e filhos estejam presentes, e que o ortodontista explique de maneira
minuciosa os benefícios que o tratamento poderá trazer. Pois os aspectos subjetivos e
psicológicos entre pais, filhos e ortodontistas são diferentes. É necessário que haja um
senso comum entre todos, para que durante o tratamento problemas sejam menos
freqüentes.
Palavras - chave: ortodontia, percepção, adolescentes, pais
70
Summary
In this research we discuss subjective concepts that can affect the orthodontic
treatment success. We evaluate how the parents perceive their children‟s dental
problems and, through a cephalometric analysis, we verify the orthodontist diagnosis.
Correlating these two analyses - the parents‟ and the orthodontist ones - it is possible to
verify the large difference between them. From this conclusion several aspects can be
discussed. Considering the majority of the orthodontic patients are children or
adolescents, the parents will be involved in the whole orthodontic treatment process.
Then, these parents are important determinatives once they are responsible for choosing
the orthodontist, for taking their children to the dentist's office, for paying for the
treatment as well as for motivating their son or daughter to use the orthodontic braces
correctly. Therefore, the treatment success depends on a series of factors which are
correlated with the parents. It is of the utmost importance the parents‟ and their
children‟s presences on the first appointment with the orthodontist, when he shows the
orthodontic treatment plan. At this moment, the orthodontist has to explain thoroughly
the benefits the treatment will bring, once the subjective and psychological aspects
among parents, children and orthodontists are different. In this way, it is necessary a
common sense among them in order to avoid problems during the treatment.
Key-words: perceptions, parents, adolescents, orthodontics
71
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS*
1 – ARONSON E, WILSON TD, AKERT RM. Social Psychology. 3. ed. New York:
Longman, 1988.
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3 - COLARES, V.; FEITOSA, S.; PINKHAM, J. The psychosocial effects of severe
caries in 4-year-old children in Recife, Pernambuco, Brazil. Cad. Saúde Pública, Rio
de Janeiro, v.21, n.5, p. 1550-1556. set-out. 2005.
4 - ELDER GH, VAN NGUYEN T, CASPI A. Linking family hardship to childrens
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treatments in the General Dental Service 1964–1986/87. British Journal of
Orthodontics, v.18, n.1 p. 9–14, fev. 1991
*De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas NBR 6063. Informação e
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72
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Life. Journal of Public Health Dentistry. V.63, n.2, p.67-72, Spring 2003.
11 - LANGLOIS JH, Ritter JM, Casey RJ, Sawin DB. Infant attractiveness predicts
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Paulo, v. 30, n. 3, p. 40-44, set.-dez. 1997.
13 - SHAW, WC; et. al. Quality control in orthodontics: Indices of Treatment Need and
Treatment standards. British Dental Journal. v. 170, n. 3, p.107-112, fev. 1991.
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Dent Oral Epidemiol, v.23, n.1, p.36–43, fev., 1995.
15 - TUNG A.W., KIYAK H.A. Psychological influences on the timing of orthodontic
treatment. American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics n.113,
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16 - WITT, E.; BARTSCH, A. Effects of information-giving and communication during
orthodontic consultation and treatment. Part 3: optimized orthodontist -patient
communication, Fortschritte der Kieferorthopadie, v. 57, n.3 p.154–167, jun. 1996.
17 - YEH M., The relationship of 2 professional occlusal indexes with patients‟
perceptions of aesthetics, function, speech, and orthodontic treatment need. European
Journal of Orthodontics n. 25, p. 57-63, 2003.
18 - ZEBROWITZ, L.A. Reading faces: Window to the soul? Boulder: Westview
Press, 1988. 288 p.
73
6 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
74
Nesta pesquisa abordou-se conceitos subjetivos que podem afetar o sucesso do
tratamento ortodôntico.
De um lado avaliou-se como os pais perceberam os problemas dentários de seus
filhos, e através de uma análise cefalométrica verificou-se o diagnóstico do ortodontista.
Correlacionando estas duas análises foi possível verificar que ocorreu uma diferença
bastante acentuada entre elas.
É salutar que o diálogo entre estes dois grupos seja feito com bastante atenção.
Sendo o tratamento ortodôntico de longa duração, é importante que os pais saibam o
que será realizado, para que problemas de entendimento e relacionamento não afetem o
resultado final. Portanto, uma sintonia de percepções e expectativas sobre o tratamento é
muito importante para sucesso do tratamento. A pesquisa mostra que os pais não
conseguem visualizar problemas dentários quando comparados com o diagnóstico do
ortodontista. A pergunta que deveria ser feita é: será que se os pais não vêem o
problema, eles estariam dispostos a resolvê-lo? Tendo o ortodontista o cuidado de
explicar a maloclusão aos pais, uma parcela de sucesso estaria parcialmente garantida,
pois todos estariam cientes do objetivo e problema a ser resolvido.
75
7-ANEXOS
76
Anexo I
Certificado do Comitê de Ética e Pesquisa
Belo Horizonte, 07 de fevereiro de 2007.
De: Profa. Maria Beatriz Rios Ricci
Coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa/PROPPg
Para: André Higino Vasconcelos de Carvalho
Faculdade de Odontologia
Prezado(a) pesquisador(a),
O Projeto de Pesquisa CAAE 0158.0.213.000-06 “Correlação entre a perspectiva dos pais e a
real necessidade de tratamento ortodôntico de seus filhos” foi aprovado com recomendação
no Comitê de Ética em Pesquisa da PUC Minas.
O CEP PUC Minas solicita acrescentar no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido o nome
do coordenador do CEP e respectivo endereço e telefone para que o sujeito da pesquisa possa
esclarecer dúvidas no que diz respeito aos aspectos éticos da pesquisa.
Atenciosamente,
Profa. Maria Beatriz Rios Ricci
Coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa/PROPPg
Coordenadora: Profa. Maria Beatriz Rios Ricci
Endereço: R. Dom José Gaspar, 500 – Prédio 43 – sala 107-A
30.535-901 – B. Horizonte
Telefone: (31) 3319-4517
Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Pró-Reitoria de Pesquisa e de Pós-Graduação
Comitê de Ética em Pesquisa
77
Anexo II
FACULDADE DE ODONTOLOGIA
Centro de Odontologia e Pesquisa
Coordenação dos Programas de Mestrado em Odontologia
Pró-reitoria de Pesquisa e de Pós-graduação
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Título do Projeto:
Correlação entre a perspectiva dos pais e a real necessidade de tratamento
ortodôntico de seus filhos
Você está sendo convidado(a) a participar de uma pesquisa sobre a saúde bucal de seu (sua)
filho(a). Caso aceite participar leia estas informações sobre o estudo a fim de entender a importância de
sua participação e dar o seu consentimento livre e esclarecido por escrito. A decisão em participar é
totalmente voluntária e será de grande valia para o estudo proposto.
Objetivo: O objetivo deste estudo é avaliar a sua percepção em relação a saúde bucal de seu filho.
Procedimentos do Estudo: Caso aceite participar, o cirurgião dentista Dr. André Carvalho solicitará que
o senhor (a) responda um questionário para obter informações de como a saúde bucal de seu (sua) filho
(a) influencia nas atividades diárias deles.
Riscos e desconfortos: Não há qualquer risco ou desconforto para a realização da pesquisa.
Benefícios para os examinados: O desenvolvimento dessa pesquisa não acarretará despesas para o
senhor (a). Inclusive, as suas respostas poderão auxiliar na melhora do atendimento odontológico
oferecido atualmente no município de Belo Horizonte. É importante que você seja consciente de que a
participação nesta pesquisa não é obrigatória e que você pode recusar-se a participar ou sair do estudo a
qualquer momento. Em caso de desistência você deverá comunicar ao Dr. André Carvalho.
O senhor (a) poderá fazer perguntas a qualquer momento sobre o estudo. Caso ocorra alguma
dúvida ou tenha mais perguntas, por favor ligar para Dr. André Carvalho, CRO 26986, aluno do mestrado
em Ortodontia, Departamento de Odontologia da PUC-Minas, Av. Dom José Gaspar n0 500 Coração
Eucarístico, fone: 3319 4412.
Declaração de Consentimento: Declaro que li as informações contidas neste termo de consentimento antes de assiná-lo. Declaro
ainda que fui informado(a) sobre os métodos de realização do estudo. Dou meu consentimento de livre e
espontânea vontade e sem reservas para a participação neste estudo.
Assinatura do pai
Atesto que expliquei cuidadosamente a natureza e o objetivo deste estudo, os possíveis riscos e
benefícios da participação no mesmo, junto ao participante e/ou seu representante autorizado. Acredito
que o participante recebeu todas as informações necessárias, que foram fornecidas em uma linguagem
adequada e compreensível e que ele/ela compreendeu essa explicação.
Assinatura do pesquisador Data
78
Anexo III
Pró-reitoria de Pesquisa e de Pós-graduação
Questionário P-CPQ
Questionário de saúde oral de crianças e adolescentes
Entrevista aos pais
Instrução aos pais
1-Este questionário avalia as condições bucais de seu filho em relação
ao bem estar na rotina de vida, e seus efeitos nos familiares. Estamos
interessados em todas as condições que envolvam os dentes, os lábios,
a boca e os maxilares. Por favor, responda cada pergunta.
2-Para responder a pergunta, por favor, marque com X na alternativa
escolhida.
3-Por favor, responda o que melhor descreve a experiência de seu filho.
Se a pergunta não se aplica a seu filho, por favor, responda com nunca.
4-Por favor, não discuta as questões com seu filho, estamos
interessados somente na perspectiva dos pais.
-Dados da criança ou adolescente
Nome:______________________________________________
Sexo: ( ) Masculino ( )Feminino
-Parentesco
1-Qual o seu parentesco com a criança?
Mãe ( ) Pai ( ) Avó ( ) Outro:_________________________
2-Qual o grau de instrução educacional?
( )analfabeto ( )1 grau ( )2 grau ( )ensino superior
FACULDADE DE ODONTOLOGIA Centro de Odontologia e Pesquisa
Coordenação dos Programas de Mestrado em Odontologia
79
-Características sócio-econômicas
3- Quantas pessoas moram na sua casa?_____________
4- Qual a renda de sua família?____________________
SESSÃO 1 – Saúde bucal e bem estar das crianças
1-Como seria a saúde bucal de seu filho em relação aos dentes, aos
lábios, aos maxilares e a boca?
Excelente Muito boa Boa Regular Pobre
2-O bem estar de seu filho é afetado pelas condições de seus dentes,
lábios, maxilares ou boca?
Não Muito pouco Um pouco Bastante Demais
SESSÃO 2- As questões a seguir são sobre os sintomas e o
desconforto que seus filhos possam ter sofrido nos dentes, nos
lábios, na boca e ou nos maxilares.
Nos últimos 3 meses, com qual frequência sua criança teve:
3-Dor de dente, nos lábios, nos maxilares ou na boca?
Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente
Todos os dias ou quase todos os dias Não sei
4-Comida presa no céu da boca?
Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente
Todos os dias ou quase todos os dias Não sei
5-Comida presa dentro ou entre os dentes?
Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente
Todos os dias ou quase todos os dias Não sei
6-Dificuldade de mastigar ou morder alimentos como uma maçã, pipoca
ou carne?
Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente
Todos os dias ou quase todos os dias Não sei
80
Nos últimos 3 meses, com qual frequência sua criança teve:
7-Respiração pela boca?
Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente
Todos os dias ou quase todos os dias Não sei
8-Problemas quando seu filho(a) está dormindo?
Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente
Todos os dias ou quase todos os dias Não sei
9-Dificuldade em dizer algumas palavras?
Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente
Todos os dias ou quase todos os dias Não sei
SESSÃO 3- As questões a seguir abordam os efeitos que os dentes,
os lábios, a boca e os maxilares possam ter tido nos sentimentos e
nas atividades diárias de seus filhos.
Nos últimos 3 meses, por motivo de seus dentes, lábios, boca e
maxilares, com qual freqüência seu filho apresentou:
10-Se recusado a falar ou ler alto em sala de aula?
Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente
Todos os dias ou quase todos os dias Não sei
11-Não querer conversar com outra criança?
Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente
Todos os dias ou quase todos os dias Não sei
12-Evitado sorrir próximo a outras crianças?
Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente
Todos os dias ou quase todos os dias Não sei
81
Nos últimos 3 meses, por motivo de seus dentes, lábios, boca e
maxilares, com qual frequência seu filho tenha:
13-Se preocupado quanto à aparência?
Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente
Todos os dias ou quase todos os dias Não sei
14-Se mostrou tímido?
Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente
Todos os dias ou quase todos os dias Não sei
15-Tenha sido criticado ou recebido apelidos de outras crianças?
Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente
Todos os dias ou quase todos os dias Não sei
16-Ter sido rejeitado por outras crianças?
Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente
Todos os dias ou quase todos os dias Não sei
17-Preocupado sobre o que as pessoas pensam sobre seus dentes,
lábios, boca ou maxilares?
Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente
Todos os dias ou quase todos os dias Não sei
18-Perguntado sobre outras crianças em relação a seus dentes, lábios,
boca ou maxilares?
Nunca Uma ou duas vezes Algumas vezes Freqüentemente
Todos os dias ou quase todos os dias Não sei
Muito obrigado por sua colaboração
82
Anexo IV
TABELA COM DADOS CEFALOMÉTRICOS
1ª MEDIÇÃO 2ª MEDIÇÃO
IMPA FMIA FMA D. CEF 1
ANG. Z
1
TWEED
1 IMPA FMIA FMA D. CEF 2
ANG. Z
2
TWEED
2 IDADE
1 92 62 26 1,6 75 0 15
2 102 51 27 -13,6 70 2 103 53 24 -12 72 2 16
3 92 65 23 -2,4 73 0 15
4 91 55 34 -8 69 1 13
5 81 75 24 4,2 73 0 14
6 96 43 41 -7,2 61 1 11
7 98 52 30 -10,4 71 2 13
8 78 65 37 0 67 0 12
9 86 61 33 -3,2 67 0 15
10 90 55 35 -8 62 1 93 54 33 -9,6 65 2 14
11 88 60 32 -4 70 0 15
12 94 55 31 -8 73 1 13
13 77 74 29 4,8 72 0 15
14 84 49 47 -12,8 65 2 86 48 46 -13,6 67 2 15
15 100 55 25 -10,4 78 2 99 54 27 -11,2 78 2 17
16 77 63 40 -1,6 73 0 79 62 39 -2,4 72 0 13
17 87 61 32 -3,2 77 0 14
18 95 59 26 -7,2 71 1 14
19 98 49 33 -12,8 68 2 99 49 32 -12,8 70 2 13
20 102 53 25 -12 72 2 13
21 102 56 22 -9,6 69 2 13
22 93 48 39 -13,6 67 2 96 46 38 -15,2 67 3 14
23 88 54 38 -8,8 64 2 13
24 90 60 30 -4 68 0 16
25 73 73 34 6,4 79 0 75 73 32 6,4 72 0 15
26 100 47 33 -14,4 66 2 99 46 35 -15,2 63 3 14
27 94 60 26 -6,4 73 1 13
28 101 50 29 -14,4 77 2 15
29 92 51 37 -11,2 67 2 15
30 102 50 28 -14,4 68 2 11
31 92 51 37 -11,2 65 2 10
32 104 52 24 -12,8 67 2 104 51 25 -13,6 67 2 12
33 78 65 37 0 63 0 11
83
Anexo V
Modelo do Triângulo de Tweed