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    Corpos Visíveis: matéria e performance no cinema de mulheres

    Capítulo 2 - O Corpo Cinemático e as Políticas do Visível

    Daiany Ferreira Dantas

    2.1. As mulheres o cinema e o cinema de mulheres

    A autoria inicia o capítulo falando sobre os termos cinema e mulher , em que o

     primeiro traz uma complexidade de debates acerca de arte, indústria, realidade e

    tecnologia e, o segundo, quando confrontado com as discussões que constituem os

    estudos feministas, perde a sua aparente objetividade, o que problematiza a

    universaliza!o do constru!o do termo mulher  e o falso pluralismo de mulheres.

    A proposta de um cinema de mulheres usualmente parte de questõesque vinculam ag"ncia, autoria e linguagem, a necessidade # de que se

    entrelacem problemas políticos e est#ticos, para que n!o se

    invisibilize, desta vez pelos moldes da teoria, uma demanda crítica

    que surge como um sintoma da invisibilidade$ %DA&'A(, )*+, p$ -.,

    "nfase do autor/

    A imagem da mul0er desperta muitos debates e, com isso, 1motiva disputas entre

    metodologias e contradiões em sua lin0agem te2rica1 %ibid$, p$-/$

    A produ!o das mul0eres est3 imbricada numa s#rie de implicaões 4 

    de inser!o na 3rea,de recon0ecimento e cr#dito como mentoras dos projetos, da inclus!o 4 ou n!o inclus!o 4 de agendas políticas no

    contexto das obras 4 ou na forma como estas questões surgem,

    subliminar ou transversalmente 4 e das escol0as estilísticas como

     parte do seu projeto de inscri!o no visível$ &omear um cinema de

    mul0eres requer um desen0o metodol2gico, uma constru!o e uma

    afirma!o mais delineada de seus paradigmas te2ricos$ &este trabal0o

     partimos do corpo como um problema 0ist2rico e filos2fico para a

    defini!o de feminino e de mul0eres %ibid$, p$-/$

    As primeiras pesquisas acerca da 0ist2ria das mul0eres no cinema tin0am como

    objetivo suprir o d#ficit 0istoriogr3fico$ 5or#m, com o passar do tempo, al#m do

    entretenimento e o consumo da indústria cinematogr3fica, logo a problem3tica partiu

     para a investiga!o do lugar 

    do lugar do feminino nos filmes e sua mitifica!o como parte do

     projeto mercadol2gico do cinema industrial, priorizando questões

    sobre a presena de papeis de g"nero e estere2tipos sexuais articulados

    numa constela!o em torno do sistema patriarcal, como um

    desdobramento do capitalismo %ibid$, p$-./$

    Dantas fala sobre o problema que 03 no campo cinematogr3fico em que, al#m doscustos, investimentos e questões t#cnicas, a mul0er # sujeita 6 divis!o sexual do

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    trabal0o, aos pap#is em que ela # objeto de funões reprodutoras e os 0omens ficando

    com os pap#is de diretores, produtores, funões de liderana$

    5ara isso, Dantas utiliza o texto 1 Narrative and Visual Pleasure"  de 7aura 8ulvey

    %+9-:/ em que ele consolida os estudos do cinema numa perspectiva feminista e utiliza

    do termo escopofilia para corroborar com tal tese$

    5ara a autora, enquanto a mul0er # reduzida 6 condi!o de ícone, o

     personagem 0er2ico masculino concentra as aões que marcam as

    grandes mudanas na narrativa em torno de si, demarcando uma figura

    ideal de ego masculino no processo de identifica!o, o que demanda

    um espao tridimensional para sua completa realiza!o 4 fora da tela,

    nas fantasias do espectador 4 num processo de codifica!o que isola

    as mul0eres em cena 6 condi!o de objeto$ ; texto de 8ulvey #

    certamente revelador do ponto de vista da identifica!o de estruturas

    narrativas que reproduzem c2digos de atividade e passividade

    movidos por uma economia do desejo sexual %ibid$, p$ -

    8ayne acredita que # necess3rio averiguar o lugar da mul0er nos

    filmes> (meli? compreende que # necess3rio investigar os processos

    de resist"ncia que as realizadores empreendem na realiza!o de filmes

    com teor político %@bid$, p$9)/$

    2.1.1. !e-visitar a autoria

    ;s estudos envolvendo questões de autoria surgem no estudos 0istoriogr3ficos$

    1(egundo 8ayne %+99*/, movidos pela inten!o de inscrev"las no repert2rio da

    0ist2ria cultural do cinema, antes de uma problematiza!o mais rigorosa acerca de suas

    tend"ncias estilísticas ou escol0as est#ticas1 %ibid$, p$ 9)/$

    Bom isso, o problema dos estudos fílmicos sobre cinema de mulheres  ser3

    direcionado para o lugar da mul0er como realizadora, abordando questões extra tela,

     problem3ticas que apelam para abordagens interculturais, interraciais e políticas do

    desejo n!o 0eteronormativas$

     &os anos +99*, o foco no cinema 0ollyCoodiano derivou para an3lises

    mais geneal2gicas sobre o cinema das mul0eres$ 5assase a ressaltar a

    rela!o entre as mul0eres e a produ!o de imagens de uma perspectiva

    mais política, e, neste momento, outra quest!o perpassa a crítica

    como mensurar o lugar das realizadoras a partir de questões que n!o

    remetessem a uma política de autor, alvo de inúmeras críticas por 

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     parte do feminismo por nascer justamente de uma leitura masculinista

    da cultura %ibid$, p$ 9:/$

    Dantas discute a ideia de autoria como categoria de an3lise das obras artísticas sob

    o conceito de &oc0lin %)**:/, em que a autoria diz que esse problema j3 vin0a sendo

    discutido desde a Eist2ria da Arte e com ele estava ligado o conceito de g"nio artístico

    que desde sua origem est3 relacionada ao 0omem como sendo o detentor da cria!o, e

    1invisibiliza as questões que dificultam que a arte seja vista como um projeto para a

    vida das mul0eres %DA&'A(, )*+, p$ 9:/$ Ainda nesse contexto, Dantas dialoga com

    (meli? %+99-/, =aplan %+99/ e 8ayne %+99*/ em que esses autores corroboram com o

    conceito de autoria$

     &este trabal0o, em vez de considerar a autoria como 0erana do

    textual ou do g"nio artístico, ou a dire!o de mul0eres 4 tomada em

    lugar da autoria para designar agenciamento político 4 admitimos uma

    an3lise que considere os filmes que s!o feitos como um contrato$

     &essa perspectiva contratual, a presena corp2rea, exposta na

    superfície da cria!o, dos corpos físicos das mul0eres que defendem

    esses projetos, temos um recorte que relativiza a no!o de corpo como

    espet3culo e propõe que o agenciamento se constitui em outra

    dimens!o 4 na dimens!o em que a cena fílmica captura os

    agenciamentos, tornando os uma fic!o do visível, onde # possível que

    se apropriem dele reaões políticas imprevistas$ 8ais do que

    desmascarar os fetic0es, a tarefa da crítica na qual alin0o este trabal0o

    # valorizar a cena e a presena dos corpos fílmicos, compreendendoque elas tanto n!o s!o neutras quanto n!o s!o totalit3rias %ibid$, p,

    +*)/$