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8/18/2019 Corpos-Visíveis_FICHAMENTO
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Corpos Visíveis: matéria e performance no cinema de mulheres
Capítulo 2 - O Corpo Cinemático e as Políticas do Visível
Daiany Ferreira Dantas
2.1. As mulheres o cinema e o cinema de mulheres
A autoria inicia o capítulo falando sobre os termos cinema e mulher , em que o
primeiro traz uma complexidade de debates acerca de arte, indústria, realidade e
tecnologia e, o segundo, quando confrontado com as discussões que constituem os
estudos feministas, perde a sua aparente objetividade, o que problematiza a
universaliza!o do constru!o do termo mulher e o falso pluralismo de mulheres.
A proposta de um cinema de mulheres usualmente parte de questõesque vinculam ag"ncia, autoria e linguagem, a necessidade # de que se
entrelacem problemas políticos e est#ticos, para que n!o se
invisibilize, desta vez pelos moldes da teoria, uma demanda crítica
que surge como um sintoma da invisibilidade$ %DA&'A(, )*+, p$ -.,
"nfase do autor/
A imagem da mul0er desperta muitos debates e, com isso, 1motiva disputas entre
metodologias e contradiões em sua lin0agem te2rica1 %ibid$, p$-/$
A produ!o das mul0eres est3 imbricada numa s#rie de implicaões 4
de inser!o na 3rea,de recon0ecimento e cr#dito como mentoras dos projetos, da inclus!o 4 ou n!o inclus!o 4 de agendas políticas no
contexto das obras 4 ou na forma como estas questões surgem,
subliminar ou transversalmente 4 e das escol0as estilísticas como
parte do seu projeto de inscri!o no visível$ &omear um cinema de
mul0eres requer um desen0o metodol2gico, uma constru!o e uma
afirma!o mais delineada de seus paradigmas te2ricos$ &este trabal0o
partimos do corpo como um problema 0ist2rico e filos2fico para a
defini!o de feminino e de mul0eres %ibid$, p$-/$
As primeiras pesquisas acerca da 0ist2ria das mul0eres no cinema tin0am como
objetivo suprir o d#ficit 0istoriogr3fico$ 5or#m, com o passar do tempo, al#m do
entretenimento e o consumo da indústria cinematogr3fica, logo a problem3tica partiu
para a investiga!o do lugar
do lugar do feminino nos filmes e sua mitifica!o como parte do
projeto mercadol2gico do cinema industrial, priorizando questões
sobre a presena de papeis de g"nero e estere2tipos sexuais articulados
numa constela!o em torno do sistema patriarcal, como um
desdobramento do capitalismo %ibid$, p$-./$
Dantas fala sobre o problema que 03 no campo cinematogr3fico em que, al#m doscustos, investimentos e questões t#cnicas, a mul0er # sujeita 6 divis!o sexual do
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trabal0o, aos pap#is em que ela # objeto de funões reprodutoras e os 0omens ficando
com os pap#is de diretores, produtores, funões de liderana$
5ara isso, Dantas utiliza o texto 1 Narrative and Visual Pleasure" de 7aura 8ulvey
%+9-:/ em que ele consolida os estudos do cinema numa perspectiva feminista e utiliza
do termo escopofilia para corroborar com tal tese$
5ara a autora, enquanto a mul0er # reduzida 6 condi!o de ícone, o
personagem 0er2ico masculino concentra as aões que marcam as
grandes mudanas na narrativa em torno de si, demarcando uma figura
ideal de ego masculino no processo de identifica!o, o que demanda
um espao tridimensional para sua completa realiza!o 4 fora da tela,
nas fantasias do espectador 4 num processo de codifica!o que isola
as mul0eres em cena 6 condi!o de objeto$ ; texto de 8ulvey #
certamente revelador do ponto de vista da identifica!o de estruturas
narrativas que reproduzem c2digos de atividade e passividade
movidos por uma economia do desejo sexual %ibid$, p$ -
8ayne acredita que # necess3rio averiguar o lugar da mul0er nos
filmes> (meli? compreende que # necess3rio investigar os processos
de resist"ncia que as realizadores empreendem na realiza!o de filmes
com teor político %@bid$, p$9)/$
2.1.1. !e-visitar a autoria
;s estudos envolvendo questões de autoria surgem no estudos 0istoriogr3ficos$
1(egundo 8ayne %+99*/, movidos pela inten!o de inscrev"las no repert2rio da
0ist2ria cultural do cinema, antes de uma problematiza!o mais rigorosa acerca de suas
tend"ncias estilísticas ou escol0as est#ticas1 %ibid$, p$ 9)/$
Bom isso, o problema dos estudos fílmicos sobre cinema de mulheres ser3
direcionado para o lugar da mul0er como realizadora, abordando questões extra tela,
problem3ticas que apelam para abordagens interculturais, interraciais e políticas do
desejo n!o 0eteronormativas$
&os anos +99*, o foco no cinema 0ollyCoodiano derivou para an3lises
mais geneal2gicas sobre o cinema das mul0eres$ 5assase a ressaltar a
rela!o entre as mul0eres e a produ!o de imagens de uma perspectiva
mais política, e, neste momento, outra quest!o perpassa a crítica
como mensurar o lugar das realizadoras a partir de questões que n!o
remetessem a uma política de autor, alvo de inúmeras críticas por
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parte do feminismo por nascer justamente de uma leitura masculinista
da cultura %ibid$, p$ 9:/$
Dantas discute a ideia de autoria como categoria de an3lise das obras artísticas sob
o conceito de &oc0lin %)**:/, em que a autoria diz que esse problema j3 vin0a sendo
discutido desde a Eist2ria da Arte e com ele estava ligado o conceito de g"nio artístico
que desde sua origem est3 relacionada ao 0omem como sendo o detentor da cria!o, e
1invisibiliza as questões que dificultam que a arte seja vista como um projeto para a
vida das mul0eres %DA&'A(, )*+, p$ 9:/$ Ainda nesse contexto, Dantas dialoga com
(meli? %+99-/, =aplan %+99/ e 8ayne %+99*/ em que esses autores corroboram com o
conceito de autoria$
&este trabal0o, em vez de considerar a autoria como 0erana do
textual ou do g"nio artístico, ou a dire!o de mul0eres 4 tomada em
lugar da autoria para designar agenciamento político 4 admitimos uma
an3lise que considere os filmes que s!o feitos como um contrato$
&essa perspectiva contratual, a presena corp2rea, exposta na
superfície da cria!o, dos corpos físicos das mul0eres que defendem
esses projetos, temos um recorte que relativiza a no!o de corpo como
espet3culo e propõe que o agenciamento se constitui em outra
dimens!o 4 na dimens!o em que a cena fílmica captura os
agenciamentos, tornando os uma fic!o do visível, onde # possível que
se apropriem dele reaões políticas imprevistas$ 8ais do que
desmascarar os fetic0es, a tarefa da crítica na qual alin0o este trabal0o
# valorizar a cena e a presena dos corpos fílmicos, compreendendoque elas tanto n!o s!o neutras quanto n!o s!o totalit3rias %ibid$, p,
+*)/$