Corporeidade e Ação Profissional Na Reabilitação

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101 Rev. Bras. Cienc. Esporte, Campinas, v. 25, n. 3, p. 101-116, maio 2004 CORPOREIDADE E AÇÃO PROFISSIONAL NA REABILITAÇÃO: (DES)ENCONTROS Dra. ELINE PORTO E-mail: [email protected] Dra. REGINA SIMÕES E-mail: [email protected] Dr. WAGNER WEY MOREIRA E-mail: [email protected] Núcleo Corporeidade e Pedagogia do Movimento – Nucorpo Universidade Metodista de Piracicaba – Unimep RESUMO Estudar sobre o corpo/corporeidade tem sido uma das metas de alguns pesquisadores de diversas áreas do conhecimento que podem estar, direta e indiretamente, associados à educação física. Buscar identificar o conceito de corpo que está presente no discurso de profissionais voltados à reabilitação de pessoas deficientes, confrontando este com a pro- dução bibliográfica que trata do tema corpo/corporeidade, é a finalidade central deste estudo. Participaram da pesquisa fonoaudiólogos, fisioterapeutas, psicólogos e terapeutas ocupacionais que exercem suas ações profissionais em instituições que trabalham com a reabilitação de pessoas deficientes. A abordagem metodológica utilizada foi uma adapta- ção da Análise de Conteúdo de Bardin (1977). Como resultado, percebe-se que os profissionais entrevistados, que atuam diretamente com corpos deficientes, estão num momento de transição de entendimento em relação ao fenômeno corpo/corporeidade, o que pode ser identificado nas contradições conceituais apresentadas em seus discursos. PALAVRAS-CHAVE: Reabilitação; corporeidade deficiente; análise de conteúdo.

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Estudar sobre o corpo/corporeidade tem sido uma das metas de alguns pesquisadores de diversas áreas do conhecimento que podem estar, direta e indiretamente, associados à educação física. Buscar identificar o conceito de corpo que está presente no discurso de profissionais voltados à reabilitação de pessoas deficientes, confrontando este com a pro- dução bibliográfica que trata do tema corpo/corporeidade, é a finalidade central deste estudo.

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    CORPOREIDADE E AO PROFISSIONAL NAREABILITAO: (DES)ENCONTROS

    Dra. ELINE PORTOE-mail: [email protected]

    Dra. REGINA SIMESE-mail: [email protected]

    Dr. WAGNER WEY MOREIRAE-mail: [email protected]

    Ncleo Corporeidade e Pedagogia do Movimento NucorpoUniversidade Metodista de Piracicaba Unimep

    RESUMO

    Estudar sobre o corpo/corporeidade tem sido uma das metas de alguns pesquisadores de

    diversas reas do conhecimento que podem estar, direta e indiretamente, associados

    educao fsica. Buscar identificar o conceito de corpo que est presente no discurso de

    profissionais voltados reabilitao de pessoas deficientes, confrontando este com a pro-

    duo bibliogrfica que trata do tema corpo/corporeidade, a finalidade central deste

    estudo. Participaram da pesquisa fonoaudilogos, fisioterapeutas, psiclogos e terapeutas

    ocupacionais que exercem suas aes profissionais em instituies que trabalham com a

    reabilitao de pessoas deficientes. A abordagem metodolgica utilizada foi uma adapta-

    o da Anlise de Contedo de Bardin (1977). Como resultado, percebe-se que os

    profissionais entrevistados, que atuam diretamente com corpos deficientes, esto num

    momento de transio de entendimento em relao ao fenmeno corpo/corporeidade,

    o que pode ser identificado nas contradies conceituais apresentadas em seus discursos.

    PALAVRAS-CHAVE: Reabilitao; corporeidade deficiente; anlise de contedo.

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    INTRODUO

    Observamos que o trato com o corpo vem se alterando ao longo dotempo, revelando, nas mais variadas pocas, grandes modificaes no quese refere aos conceitos e s atitudes do e para com o corpo.

    Mais recentemente, autores das mais variadas reas de conhecimentobuscaram orientar seus trabalhos no sentido do entendimento do corpo quesupere a tradicional dualidade presente no paradigma cartesiano, produzin-do trabalhos a respeito de uma corporeidade vivencial, unitria, na qual osaspectos biolgicos, cognitivos, psquicos, econmicos, culturais e sociaiscompusessem essa corporeidade existencial. Apenas como alguns exemplosde obras atuais produzidas neste contexto, podemos mencionar: Damsio(2000), quando revela o corpo como sustentculo do self, chegando ao deveser eu, pois aqui estou; Cunha e Silva (1999, p. 22), que nos convida a su-perar o dualismo mais moderno entre o homem e o corpo, lembrando queo corpo exige uma corporologia, um logos, que o apreenda na complexi-dade das suas manifestaes, capaz de contornar a obsesso classificativa, aangstia taxonmica; um conhecimento que o entenda na multiplicidade, porvezes contraditria, dos seus trajetos; Morin (2001, p. 122), que ao se refe-rir ao princpio da incluso entre corpos que se relacionam, muitas vezescolocado de forma inadequada em trabalhos educativos, o faz de maneiramacro, afirmando que o princpio de incluso to fundamental quanto osoutros princpios. Supe, para os humanos, a possibilidade de comunicaoentre os sujeitos de uma mesma espcie, de uma mesma cultura, de umamesma sociedade; Sartre (1997, p. 387), enfatizando que, se queremos re-fletir a respeito da natureza do corpo, preciso estabelecer em nossas re-flexes uma ordem conforme ordem do ser; no podemos continuar con-fundindo os nveis ontolgicos e devemos examinar sucessivamente o corpoenquanto ser-para-si e enquanto ser-para-outro; e, em especial, Merleau-Ponty (1994), quando apresenta sua crtica viso de corpo como objeto,encaminhando o entendimento de corpo no sentido do corpo-sujeito, docorpo prprio/corporeidade.

    Mas, em contrapartida, pouco se v nessas discusses sobre corpo/corporeidade, pesquisas que tentem identificar esse fenmeno relacionadocom os corpos deficientes. Um dos poucos trabalhos significativos, nestesentido, o de Porto (2002), que aborda o tema deficiente visual em umaperspectiva fenomenolgica, ainda com pequeno impacto, cremos ns, en-tre os profissionais que trabalham com corpos deficientes.

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    Portanto, este estudo pretende identificar qual conceito de corpo estpresente no discurso de profissionais que trabalham com pessoas deficien-tes em instituies criadas com essa finalidade, na cidade de Piracicaba-SP.Foram 14 profissionais investigados, sendo 4 terapeutas ocupacionais,4 fonoaudilogos, 3 fisioterapeutas e 3 psiclogos.

    Vale destacar que este trabalho uma das investigaes realizadas peloGrupo de Pesquisa do Ncleo Corporeidade e Pedagogia do Movimento(Nucorpo), vinculado ao Programa de Ps-Graduao Mestrado em Edu-cao Fsica da Universidade Metodista de Piracicaba-SP (Unimep).

    CORPO: QUE TEMA ESTE?

    Durante boa parte da trajetria da humanidade em sua histria, o cor-po foi concebido como mquina, podendo ser manipulado e esquartejado,pois as pessoas entendiam esse corpo como um objeto.

    Fato tambm hegemnico nessa histria o sentido de os corpos se-rem cada vez mais alvos do poder, moldados de maneira desejada por este,treinados para obedecer e responder ordens, tornando-se hbeis na medi-da em que economizavam foras para o trabalho necessrio. Os corpos pas-saram a fazer parte da prpria linha de produo, pois recebiam treinamen-tos para ser adestrados e docilizados, facilitando assim a manipulao. Adocilidade do corpo sempre esteve, e ainda est, diretamente associada submisso, considerando que um corpo dcil , para o poder, um corpo tile de valor transacionvel, podendo ser aproveitado ou descartado depen-dendo de sua produo (Foucault, 1977).

    Esse corpo-objeto, calcado nos valores positivistas de viso de mundo, atingido nos dias de hoje por uma srie de propostas que prometem, numpasse de mgica, solues para sua transformao que, na verdade, poucoalteram sua histria. Assim, formas emergentes de atividades fsicas, exerc-cios mentais de relaxamento, manuais de auto-ajuda, contatos com energiasmsticas, nada mais so, na maioria dos casos, que formas paliativas para melhorada qualidade de vida do cidado neste planeta, principalmente se conside-rarmos que elas no oferecem resistncia ao modelo de desenvolvimentosurgido no sculo XVII.

    Merleau-Ponty (1994) j realizou, com muita propriedade, a crtica viso do corpo como objeto na fisiologia mecanicista e na psicologia clssi-ca, indicando superaes na direo do corpo prprio e da motricidade.

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    O mesmo autor e na mesma obra, por exemplo, afirma que buscar aessncia do mundo no explic-lo, mas, sim, viv-lo. Para se viver, o cor-po deve ser encarado em sua totalidade, no apenas adestrado para a vida.Assim, o conceito de corpo-sujeito, histrico, cultural, em permanente rela-o consigo mesmo, com os outros e com o mundo, transcende a viso deum corpo mecnico, manipulado pelos interesses do poder, possibilitando,finalmente, a superao do paradigma mecanicista e cartesiano.

    Como pode ser observado, h vozes dissonantes desses valores hege-mnicos, que comeam a ser consideradas nos meios de produo de co-nhecimento, em especial entre os profissionais que lidam diretamente comos corpos humanos, nas reas da educao e da sade, em que o corpo-sujeito recebe a primazia das preocupaes.

    Regis de Morais (2003) lembra que esta transformao conceitual, docorpo-objeto para o corpo-sujeito, deve levar em considerao duas verten-tes: primeira, no h que se negar o que ele denomina corpo-problema, pois

    O estudioso da corporeidade tem que se interessar, em primeiro lugar, pelo corpo-objeto

    que interessa a anatomistas, fisiologistas e mdicos. esse o corpo, objeto do conheci-

    mento (corpo-problema), que se revela a nossos sentidos e nossa inteligncia, a autntica

    base da tematizao da corporeidade em sua globalidade (p. 85).

    Segunda, os interessados nessa transformao devero realizar uma opoentre duas alternativas, a saber:

    Eis por que os profissionais da corporeidade s tm diante de si um par de alternativas: ou

    seguem lidando com o corpo como se este fora simples coisa burra que se adestra ou

    despertam para o fato de sermos um corpo como forma de estar no mundo sensvel e

    inteligentemente. Se a segunda alternativa aceita, o profissional tem que admitir sair da

    comunidade de rotinas e programas mecanicistas a fim de que inicie longo dilogo de

    aprendizagem com o corpo prprio e o alheio (p. 84).

    Santin (2003), mesmo reconhecendo que a tematizao da corporeidade complexa, aponta superaes do modelo mecanicista atravs de argumentosem que relaciona a corporeidade e os homens, a corporeidade e a episte-mologia, a corporeidade e a esttica e, finalmente, a corporeidade e a edu-cao fsica e os esportes, enfatizando neste caso a passagem de umacorporeidade disciplinada para uma corporeidade cultuada e cultivada.

    Moreira (1994) mostra a possibilidade dessa transio do corpo disci-

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    plinado para um corpo consciente utilizando-se de uma metfora em que secaminha de um corpo pensado a um corpo vivido. No primeiro, os valoresso: corpo-objeto, corpo manipulvel pela educao, pela cincia e pelo poder,corpo que vive em funo do futuro mas esquecendo-se de viver o presen-te, corpo esse criador de fantasmas imaginrios que roubam a possibilidadede um viver abundante. No segundo, o corpo-sujeito exige uma educao euma cincia que se estruturem no pensamento dialtico, numa produo deconhecimento que garanta a vida.

    No entanto, todos estes trabalhos e muitos outros falam de um corpoconsiderado normal, aquele que no possui algum tipo de problema queimpea a vida de transcorrer na rotina dos grupos sociais institucionalizados.Mas e quanto aos corpos deficientes? Como ficam esses corpos quando as-sociamos os seus limites de sobrevivncia e adaptao s possibilidades desuperao do trabalho mecanicista?

    Tentar lanar um olhar para esse fenmeno nos leva ao prximo item,em que a associao corpo e reabilitao fundamental para o entendimen-to do contexto, bem como se justifica toda a presente pesquisa.

    O CORPO NA REABILITAO

    Ao olharmos para os corpos deficientes no mundo, relacionando-seconsigo prprio, com os outros e com o ambiente, as limitaes, na maioriadas vezes, determinam formas diferentes de viver e de sobreviver das adotadascomo convencionais. Essas situaes desencadeiam atitudes diferenciadas pelosdemais corpos, os quais atribuem para os corpos deficientes sentidos e sig-nificados balizados na segregao e na excluso. Isso ocorre em razo de asociedade se pautar no potencial de independncia pessoal, de autonomia ede produtividade como pressupostos para uma pessoa poder ou no ser aceitae respeitada como cidado.

    Corpo, qualquer que seja sua classificao/denominao, nico e prpriona sua essncia e existncia, por ser dotado de sensibilidades, de necessida-des, de vontades e de desejos, como tambm necessita de oportunidadespara garantir a comunicao e a possibilidade de estar junto com o outro,em qualquer tempo e lugar. Porto (2002), ao discorrer sobre a corporeidade,salienta que

    [...] a relao com o mundo se d pelo/no corpo que surge do/no ser. Corpo que

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    sensao e ao ao mesmo tempo, constituindo uma unidade que e est presente no

    mundo. Sou corpo, sou instrumento do mundo e pelas minhas aes me expresso como

    ser-no-mundo. Ser corpo deficiente no significa ser corpo ausente; ser corpo deficiente

    ser corpo como outro ser qualquer (p. 31).

    Portanto, os corpos deficientes, em muitos casos, por necessitarem dealguns tratamentos e/ou cuidados especiais, esto intimamente ligados rea-bilitao. Reabilitao no sentido de recobrar, recuperar e restabelecer osseres humanos deficientes das limitaes que apresentam, considerando to-dos os seus domnios, isto , suas capacidades fsico-orgnicas, psicolgicas,sociais e profissionais, diante de si prprios e do mundo em que se encon-tram presentes. A reabilitao deve ser abrangente incluindo a preveno, oreconhecimento precoce, os programas de assistncia, em que os resulta-dos esperados para o paciente devem estar associados ao aumento da inde-pendncia e autonomia social, na presena ou ausncia de outrem, possibi-litando assim uma melhora significativa na qualidade de vida de todos osenvolvidos no processo.

    Lianza (1995), ao discutir sobre reabilitao, indica que o conjunto demetas e aes diagnsticas e processuais aplicadas s pessoas que necessi-tam desse tipo de trabalho denominado de reabilitao. De acordo comRomano (apud Kottke, Lehmann, 1994): O enfoque integral e comunitrioleva o especialista em Reabilitao a ver os pacientes como pessoas reais,como ns, e no passivos recipientes de manifestaes [...] (p. 169).

    Para desenvolver um trabalho de reabilitao que consiga atender o serhumano como um todo, Loureno et al. (apud Lianza, 1995) apontam que necessria uma equipe constituda por profissionais de diversas reas, consi-derando as disponibilidades de recursos humanos, de estrutura e de admi-nistrao do local onde o trabalho vai acontecer, bem como do tipo de clientelaa ser atendida. Uma equipe considerada completa deve ser composta por:mdico fisiatra, assistente social, psiclogo, fisioterapeuta, terapeuta ocupa-cional, enfermeira, fonoaudilogo, nutricionista, orientador profissional, pe-dagogo e tcnico desportivo. Porm esta questo no regra geral, poden-do ser encontrados outros profissionais, para alm ou para aqum dos citadosanteriormente, objetivando atender s necessidades da instituio.

    Com o intuito de compreender sobre as funes de algumas reas pro-fissionais, apoiamo-nos em Martin e Gamble (apud Kottke, Lehmann,1994)para demonstrarmos algumas caractersticas prprias das metas e aes queos profissionais tm para com seus pacientes:

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    1) fisioterapeuta: pode-se envolver com uma gama de terapias, a fimde aliviar a dor, restaurar funes e propiciar conforto e seguranaaos pacientes;

    2) terapeuta ocupacional: a partir das avaliaes funcionais, sensoriaise cognitivas, desenvolve suas aes com metas voltadas ao desem-penho das atividades de vida diria do indivduo;

    3) psiclogo: tem a funo de cuidar da mente do indivduo, para elepoder se relacionar melhor social e afetivamente em todo e qual-quer ambiente em que estiver presente;

    4) fonoaudilogo: ir atuar na preveno, na avaliao e no restabeleci-mento das diversas e possveis formas de comunicao dos pacientes.

    Percebemos que as metas em um trabalho de reabilitao s sero atingidasse houver, entre os profissionais e suas aes, interao, cumplicidade e umaviso ampla e global para o corpo a ser tratado, pois o ser humano a serreabilitado necessita de sensibilidade, credibilidade, confiana e seguranapara o tratamento obter sucesso.

    Ao realizar um trabalho de reabilitao com e para os corpos deficien-tes, aliamo-nos aos autores que defendem que o ser humano deve ser focadocomo um ser total, indivisvel e nico, vislumbrando a auto-superao dosseres humanos nas suas relaes. O que nos leva a afirmar que os profissio-nais, em suas aes com este grupo, acreditem nesse ser como um ser sen-svel, eficiente, possvel e capaz nas inmeras possibilidades de comunica-o e interao com o mundo, com os outros e consigo mesmo.

    O CORPO NA FALA DOS PROFISSIONAIS

    Para a efetivao da pesquisa foi realizado um mapeamento das institui-es, que tm seus trabalhos voltados pessoa deficiente, existentes na ci-dade de Piracicaba, considerando a estrutura geral de funcionamento, o universopopulacional a quem prestam atendimento e o quadro de profissionais quenelas atuam.

    Estas somam um total de oito, variando entre instituies de pequeno,mdio e grande porte que atendem deficientes fsicos, mentais, auditivos,visuais, com sndrome de Down, mltiplas deficincias, autistas, entre ou-tros, totalizando, aproximadamente, 750 pessoas deficientes, do nascimen-to idade adulta.

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    Num mbito geral os profissionais que atuam em todas as instituiesinvestigadas formam o seguinte quadro: 35 pedagogas, 13 terapeutas ocu-pacionais, 9 fisioterapeutas, 11 fonoaudilogos, 7 psiclogos, 10 mdicos(5 voluntrios) e 10 assistentes sociais.

    O universo ficou determinado na participao de 14 profissionais dediferentes reas, entre elas: a terapia ocupacional, a fonoaudiologia, a psico-logia e a fisioterapia. Estas foram escolhidas em virtude da relao que cadaum desses profissionais desempenha com o indivduo na perspectiva da rea-bilitao, atendendo o objetivo do estudo. Os assistentes sociais e os mdi-cos no constam no universo dos sujeitos, pelo fato de estes manterem seustrabalhos voltados, prioritariamente, s fases de avaliao e de diagnstico.Os profissionais da rea educacional, por serem numerosos nas instituiese realizarem um trabalho com caractersticas mais pedaggicas que de rea-bilitao stricto sensu, foram deixados de fora desta pesquisa.

    Para a escolha dos sujeitos, determinamos os seguintes critrios:

    o porte da instituio, privilegiando aquelas que possuam os maio-res nmeros de profissionais em ao e de pacientes atendidos;

    instituies que contassem com a presena de profissionais cuja atua-o fosse especfica para a reabilitao.

    O resultado dos critrios traados possibilitou um universo representa-tivo de 30% de cada rea profissional, sendo que os sujeitos entrevistadospor rea profissional ficaram assim representados: 4 fonoaudilogos, 4 tera-peutas ocupacionais, 3 fisioterapeutas e 3 psiclogos.

    O desenvolvimento metodolgico da pesquisa foi feito pela abordagemqualitativa, baseada na Anlise de Contedo de Bardin (1977), a partir deuma adaptao da Tcnica de Anlise de Assero Avaliativa, elaborada porOssgood, Saporta e Nunnally. Esse tipo de anlise tem como objetivo des-velar o fenmeno investigado, resgatando atitudes muitas vezes inconscien-tes, que se manifestam por tomadas de posio, de qualificaes, de descri-es e de designaes de avaliao com significados importantes ou no.

    As perguntas foram respondidas na forma escrita e entregues separada-mente para cada pesquisado, com os seguintes passos: explicao da per-gunta e preparao do entrevistado para a resposta, quando era dado o temponecessrio para que este pudesse elaborar seu pensamento e transform-loem escrita; aps a resposta da primeira pergunta geradora, era entregue asegunda pergunta, com a mesma orientao para a resposta.

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    As questes geradoras foram construdas da seguinte forma:

    1) O que corpo para voc?2) Em sua ao profissional, como o seu trabalho com o corpo de

    seu aluno/paciente?

    As respostas a estas questes foram analisadas sob a tica dos pressu-postos metodolgicos elaborados pela tcnica proposta, pois, atravs demanifestaes de juzos de valor, o ser humano, em sua maneira espont-nea de falar, opina sobre as coisas, sobre os seres e sobre os fenmenosque pensa conhecer, sendo que o processo da referida tcnica se estruturouda seguinte maneira:

    1) transcrio, leitura e releitura das respostas apresentadas na ntegra.2) Escolha dos indicadores do discurso, envolvendo as indicaes no

    texto que trazem significados pertinentes ao objeto estudado, for-necendo subsdios para a prxima etapa, que consiste na criaodas unidades de significado. Nesta fase se constata uma transioentre o que os sujeitos dizem e a interpretao dos pesquisadores.

    3) Estruturao dos indicadores a partir da classificao e da aprecia-o, segundo as interpretaes para a anlise e compreenso dofenmeno.

    Das unidades de significado elaboradas para cada rea de atuao pro-fissional, apresentamos a seguir as de maior convergncia entre os sujeitose/ou as de maior significado para com o fenmeno estudado.

    A partir do estabelecimento das unidades de significado, foi feita a an-lise e a interpretao dos dados. Realizamos, inicialmente, a anlise da pri-meira e depois da segunda pergunta, dialogando com cada rea de atuaoprofissional, para em seguida apresentarmos uma anlise geral sobre estas.

    Unidades de Significado Questo 1:A Fonoaudiologia

    1) Corpo uma forma de expresso e comunicao. (1,2,3,4)2) Corpo caracteriza o indivduo no todo. (2,4)3) Corpo representao concreta e material do indivduo. (2, 3)

    B Terapia ocupacional1) Corpo uma forma de expresso e comunicao. (1,3)

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    2) Corpo estrutura concreta do indivduo. (1,2)3) Corpo centralizao esprito e alma comandada pelo crebro. (4)4) Corpo o fsico acompanhado de personalidade. (2)

    C Fisioterapia1) O corpo vai alm da representao concreta do indivduo. (1,3)2) Corpo uma forma de expresso. (1,3)3) Corpo um instrumento que precisa ser cuidado. (2)

    D Psicologia1) O corpo est alm do biolgico. (1)2) Corpo uma forma de expresso e comunicao. (1,2,3)3) Corpo uma forma de identidade. (1,2)4) Corpo a soma das partes. (3)

    Quanto primeira questo, o maior ponto de convergncia entre ossujeitos da rea da fonoaudiologia est na fala de 100% dos participantes, osquais revelam que o corpo veculo de comunicao com o mundo, pois atravs dele que o indivduo expressa seus desejos, seus sentimentos e suaforma de ser. Outra observao relevante, apresentada por 50% dos sujei-tos, que o corpo no apenas matria, mas a caracterizao e a represen-tao do indivduo e portanto deve ser trabalhado como todo, como afirmao sujeito 2... muito mais que a matria concreta, a representao comoum todo do indivduo.

    Acreditamos que, por a atuao desses profissionais estar diretamenteassociada possibilidade ou no que o ser humano tem para se relacionarcom o mundo, atravs da linguagem, clara e concisa a viso que estes tmdo corpo no que se refere comunicao. No entanto, percebemos queainda h uma dicotomia entre corpo-objeto e corpo sensvel, apesar de al-guns indcios de que essa viso est se alterando.

    Para 75% dos sujeitos que atuam em terapia ocupacional, corpo fsi-co, dominado pelos aspectos psicolgico e cognitivo, bem como o corpo estrutura concreta do indivduo, conforme falas dos sujeitos 1, 2 e 4. Noentanto, o sujeito 1 apresenta traos de mudana conceitual em relao aotema, pois tambm menciona que corpo forma de expresso de sentimentose de comunicao com o outro. J o sujeito 3 revela uma viso mais integradorana relao corpo e mundo, tendendo a realizar uma interpretao sistmica.

    Entendemos que corpo, para seguramente 50% desses profissionais,ainda est relacionado idia do corpo como um invlucro de entidadesdistintas, como a psique e o esprito, sempre sob o comando do crebro.

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    Para os profissionais da fisioterapia, o corpo um todo que vai alm darepresentao concreta do indivduo, como dito por 66% dos sujeitos. Es-ses sujeitos apresentam uma tentativa de ver o corpo como um ser sensvel,mas o corpo fsico ainda ressaltado, segundo seus discursos.

    Em seguida observamos que 33% revelam que corpo um instrumentoque precisa de cuidados. Ao dizer que o corpo um instrumento, ou, mes-mo, que expressa as sensaes fsicas, fica claro que o corpo visto e con-siderado de maneira dualista, ou seja: Um instrumento que precisa ser bemcuidado para conseguir danar a msica que toca nos momentos diferentesda vida (sujeito 2).

    Comunicar-se com o mundo a convergncia de 100% dos psiclogosentrevistados em relao ao corpo. Corpo a identidade da pessoa, segun-do a fala dos sujeitos 1 e 2. O sujeito 1 demonstra que o corpo algo quevai alm do domnio biolgico, enquanto, de forma diversa, o sujeito 3 afir-ma ser o corpo a soma das partes com expresso e possibilidade de comu-nicao.

    Dos trs sujeitos participantes da pesquisa, pode-se depreender que doisdeles convergem na leitura do corpo como identidade do eu que se co-munica com o mundo, mas o terceiro entende o corpo como matria e objeto.

    Unidades de Significado Questo 2:A Fonoaudiologia

    1) V o corpo como essencial para o ato de comunicar-se. (1,2,3)2) V o indivduo como um todo. (3)3) Trabalha a postura do paciente, respeitando o seu desejo. (4)

    B Terapia ocupacional1) Proporciona opes para a comunicao no-verbal com o meio.

    (1,3)2) Trabalha o indivduo como um todo. (1,2,3,4)3) Valoriza as habilidades e capacidades. (1)

    C Fisioterapia1) V o paciente como um ser. (3)2) V o paciente de maneira global, entendida esta como fsica e

    psquica. (1)3) Conscientiza o paciente das partes que compem seu corpo. (2)4) V a reabilitao fsica para tornar um corpo til. (1)

    D Psicologia1) Voltado para questes emocionais, sociais e organizacionais. (1,3)

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    2) Utiliza o corpo como um meio. (1,2)3) Atravs de contatos e observao dos gestos e atitudes. (2,3)4) Importante considerar o trabalho com o corpo de forma assis-

    temtica e interdisciplinar. (1,2,3)

    J em relao segunda questo, para 75% dos fonoaudilogos entre-vistados, o corpo trabalhado com a inteno de poder se comunicar como mundo, seja pela linguagem gestual ou oral. Um sujeito desse grupo acres-centa que, para se trabalhar o corpo, este deve ser visto de forma globalsem divises em partes. Em contrapartida, o sujeito 4 restringe a ao docorpo postura confortvel para a realizao das atividades ao dizer: [...]precisa-se a postura do paciente estar sempre adequada, [...]. Por isso, que sempre procuro o trocar informao com a fisioterapeuta, [...] respei-tando o desejo do paciente.

    Observamos que h uma inteno grande de se trabalhar o corpo demaneira globalizada e total, mas isso, em alguns momentos, acaba se per-dendo na atuao prtica. Isso um fato que consideramos natural em ra-zo da prpria histria dos estudos do corpo, pois, durante sculos, ocorpo-objeto, sinnimo de massa-matria, foi visto de forma separada docorpo mental e espiritual.

    Trabalhar sob a perspectiva unitria de corpo do indivduo o discursoconvergente de 100% dos terapeutas ocupacionais. A preocupao com acomunicao no-verbal do ser humano com o meio revelada por doisdesses profissionais entrevistados, ao passo que um deles menciona que ascapacidades e habilidades corporais dos pacientes devem ser valorizadas notranscorrer do trabalho teraputico. Um ltimo ponto a ser salientado pelossujeitos que o trabalho profissional envolve o corpo nas perspectivas bio-lgica, social e psicolgica.

    Esses profissionais, ao revelarem o que pensam sobre as relaesestabelecidas com o corpo do outro, reafirmam suas atitudes ao considera-rem o trabalho intersubjetivo desenvolvido com o seu paciente, como apontao sujeito 2: Em minha ao profissional tenho contato direto com o meupaciente, realizando toque, mudanas posturais, diversas estimulaes.

    O corpo dos pacientes a serem trabalhados por 66% dos fisioterapeu-tas deve ser visto de maneira global, embora um deles considere global umaviso sistmica de corpo, ao passo que outro considera o total apenas comoa soma das partes psquicas e fsicas. Este mesmo profissional afirma que arelao que o paciente tem com o seu corpo deve ser prazerosa, mesmo

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    quando o trabalho voltado para a reabilitao fsica. Isso denota o pacienteter um corpo e no ser um corpo, podendo dessa forma ser tratado de for-ma utilitria. Um terceiro profissional enfatiza que o sucesso do trabalho comos corpos dos pacientes se deve conscientizao que estes precisam ad-quirir das partes componentes do corpo para se chegar a uma viso do todo.Novamente estamos perante o paradigma cartesiano, na crena de que asoma das partes resulta no conhecimento do todo.

    Para os profissionais da psicologia, trabalhar o corpo est direcionado aquestes emocionais, sociais e organizacionais, diante da opinio de doissujeitos. Observar os gestos e as atitudes e estabelecer contatos com ospacientes fazem tambm parte do trabalho para dois dos sujeitos entrevista-dos. A forma mais adequada do trato com o paciente deve ser interdiscipli-nar e assistemtica, afirmam todos os profissionais. No entanto, dois delesconsideram o corpo um meio do trabalho teraputico.

    Como pode ser observado, os profissionais dessa rea apresentam umaviso dbia sobre o fenmeno corpo, demonstrando a possvel fase de trans-formao paradigmtica que ocorre nos tempos modernos em vrias reasda cincia. Se por um lado o corpo visto como algo mais que a soma daspartes, devendo ser trabalhado de forma interdisciplinar, por outro as falasrevelam o corpo ainda como um meio para se chegar cura dos aspectosmais relevantes do ser humano, como sua psique, suas emoes, seus de-sejos, entre outros.

    Analisando de um modo geral os dados revelados por profissionais quetrabalham diretamente com a reabilitao de pessoas deficientes, notamosalguns pontos com um ndice grande de convergncia, a saber:

    Corpo o veculo do ser humano para este se comunicar e se re-lacionar com o mundo, fazendo-se presente em todas as situaese ambientes.

    O corpo visto na perspectiva do objeto, ou seja, um corpo fsico,estando presente na maioria dos discursos dos sujeitos pesquisa-dos.

    Corpo a identidade do indivduo, mostrando seus desejos, seussentimentos, suas capacidades e limitaes.

    Est presente, na maioria das reas profissionais, o corpo visto deforma separada, dicotmica entre o corpo fsico, o corpo inteligvele o corpo sensvel, embora observamos que h uma preocupaogrande em pensar e respeitar o corpo como um todo.

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    Estes pontos de convergncia mantm uma relao prxima com a hist-ria do corpo, ou seja, a forma como este foi tratado pela cincia ao longo dotempo e o momento de transformao que essas reas de conhecimento vmnos apresentando atualmente. Hoje, a viso de corpo passou de algo compli-cado para algo complexo, o que indica a complexidade dos estudos sobre otema. necessrio, no entanto, que esta produo epistemolgica chegue atuao profissional, pois assim haver superaes de modelos anteriores.

    Como pode ser observado por esta pesquisa, as vrias reas que traba-lham a reabilitao apresentam vises diferentes sobre o corpo do paciente,o que refora a necessidade de um trabalho interdisciplinar no sentido depermanente reflexo sobre o tema, em que as idias possam ser debatidas eanalisadas sob diversos enfoques, propiciando uma ao no trato com o corpodeficiente de forma contextualizada, com radicalidade e com rigor necess-rios aos procedimentos cientficos.

    CONSIDERAES FINAIS

    Esta pesquisa teve como objetivo identificar o conceito de corpo queest presente no discurso de profissionais que trabalham com pessoas defi-cientes e confrontar esses discursos com a recente produo bibliogrficasobre o tema corpo/corporeidade.

    Ao final, pode-se perceber o momento de transio em que se encon-tram os profissionais que exercem sua ao profissional na reabilitao decorpos, transio essa demonstrada em contradies conceituais que oraavanam para propostas recentes que consideram o corpo nos seus senti-dos complexo e sistmico, demarcando a ntima relao entre corpo do sujeitocom outros corpos de outros sujeitos e com o meio ambiente, ora reto-mam a tradio cartesiana de corpo desprovido de anima, de coisa manipulvelvisando a um desempenho utilitrio.

    Isso, encarado de forma dialtica, propicia preocupaes por um lado e,por outro, demonstra a tentativa dos profissionais em superar conceitos e pre-conceitos estabelecidos por uma forma hegemnica de ver e tratar corposdeficientes, caminhando na direo de superaes significativas e humanas.

    O que se espera que este trabalho possa contribuir para novas refle-xes sobre o tema, e que, em nossa utopia realizvel, possamos ver o tratodo corpo deficiente com olhares de sabedoria e no apenas de conhecimen-to, pois o primeiro exige a experimentao do segundo para identificar o seusignificativo valor.

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    Corporeity and professional action in rehabilitation: meetings andcontradictions

    ABSTRACT: One of the goals of some researchers from several areas directly related, or

    not, to physical education, has been the study of the body/corporeity. The main focus of

    this study is to identify the current concept of body in the lecture of professionals working

    with rehabilitation of handicapped people, comparing it with the bibliographic productions

    dealing with body/corporeity. In this research participated: hearing and speech therapists,

    physiotherapists, psychologists and occupational therapists, all of them working in

    rehabilitation institutions. The methodology used was an adaptation of Badins Content

    Analysis (1977). The perceived result was that the interviewed professionals, working

    directly with handicapped people, are in a moment of transition related to their

    understanding of the phenomenon body/corporeity, and this can be verified in the

    conceptual contradictions they present in their discourse.

    KEY-WORDS: Rehabilitation; handicapped corporeity; content analysis.

    Corporeidad y accin profesional en la rehabilitacin: (des)encuentros

    RESUMEN: El estudio del cuerpo/corporeidad ha sido una de las metas de algunos inves-

    tigadores de diversas reas del conocimiento, asociados directa o indirectamente a la

    educacin fsica. La finalidad principal de este estudio es identificar el concepto de cuerpo

    presente en el discurso de profesionales dedicados a la rehabilitacin de personas defi-

    cientes, confrontndolo con la produccin bibliogrfica que trata el tema cuerpo/

    corporeidad. Participaron de la investigacin fonoaudilogos, fisioterapeutas, psiclogos y

    terapeutas ocupacionales que desarrollan su ejercicio profesional en instituciones que

    trabajan con rehabilitacin de personas deficientes. El abordaje metodolgico utilizado

    fue una adaptacin del Anlisis de Contenido de Bardin (1977). Como resultado, obser-

    vamos contradicciones conceptuales en los discursos de los profesionales entrevistados

    (que actan directamente con cuerpos deficientes), concluyendo que se encuentran en

    un momento de transicin en su comprensin del fenmeno cuerpo/corporeidad.

    PALABRAS CLAVES: Rehabilitacin; corporeidad deficiente; anlisis de contenido.

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    Recebido: 3 nov. 2003Aprovado: 16 jan. 2004

    Endereo para correspondnciaEline Rozante Porto

    Rua Campos Sales, 1.134Piracicaba-SP

    CEP 13416-310