Coro Gulbenkian

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26 Janeiro 2016 terça, 21:00h Grande Auditório paulo lourenço © hugo glendinning Coro Gulbenkian Paulo Lourenço Luísa Cruz Dejan Ivanovich Musica Meridionalis Concerto inspirado em Poesia Ibérica

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Coro GulbenkianPaulo LourençoLuísa CruzDejan Ivanovich

Musica MeridionalisConcerto inspirado em Poesia Ibérica

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MUSICA.GULBENKIAN.PT

mecenasgrandes intérpretes

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mecenasciclo piano

mecenasconcertos de domingo

mecenasmúsica de câmara

mecenasrising stars

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Coro GulbenkianPaulo Lourenço maestro

Luísa Cruz recitante e conceção cénica

Dejan Ivanovich guitarra

terça 26 Janeiro 201621:00h — Grande Auditório

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Duração total prevista: c. 2hIntervalo de 20 min.

Luísa Cruz vestida por Dino Alves

Joly Braga SantosCuatro Canciones

De los álamos vengoAl alba venidAl cantar de las avesAy, luna que reluces

Rodolfo HalffterTres Epitafios

Para la sepultura de Don QuijotePara la sepultura de DulcineaPara la sepultura de Sancho Panza

Mario Castelnuovo-TedescoRomancero Gitano

Baladilla de los tres ríosLa guitarraPuñalProcesión – Paso – SaetaMementoBaileCrótalo

Einojuhani RautavaaraSuite de Lorca

Canción de jineteEl gritoLa luna asomaMalagueña

intervalo

Nuno Côrte-RealEternidade

Eurico CarrapatosoPequeno Poemário de Sophia

ApesarPudesseSe

Luís TinocoDescubro a voz

Federico MompouCantar del alma

Eurico CarrapatosoPequeno Poemário de Pessoa

Poema pialGato que brincas na ruaPia, pia, pia

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Musica MeridionalisConcerto inspirado em Poesia Ibérica

O concerto de hoje merece duas introduções, uma à Poesia e outra à Música, pois caminham de mãos dadas. Comecemos pelas palavras de Eduardo Lourenço, no prefácio ao livro Antologia (1978) de Sophia de Mello Breyner: “Da música escreveu Hoffman que era ‘a essência misteriosa da natureza’. Digamos,a canção de embalar do nosso inconsciente ou o nosso inconsciente como canção de embalar. Tudo isto se pode aplicar à poesia que nasceu da música, ou com ela, e conservou sempre essa umbilical referência à sua origem.Mas a poesia enquanto palavra-canto e palavra encantatória não é apenas como a música esse abandono ao mistério da natureza em nós, mas o mistério – ao mesmo tempo o do poetae do universo que através dele é nomeado –em plena luz, ou naquilo que mais pertodela se aproxima”.Fixemo-nos, agora, no testemunho de Castelnuovo-Tedesco: “Nunca acrediteino modernismo, no neoclassicismo ouem qualquer outro “ismo”. Acredito quea música é uma forma de linguagem capazde progressos e renovação (…). Contudo,a música não deve descartar as contribuições das gerações precedentes. Todos os meios de expressão são úteis e justos se utilizados no momento oportuno”.Tudo isto é profundamente verdadeiro nas obras hoje em concerto. Cada poeta traçou um universo, uma palavra-canto, que os distingue dos demais. E cada compositor, sensível aos encantos desta luz feita palavra, procurou os meios de expressão musical que lhe eram mais úteis, num respeito absoluto pela força misteriosa da poesia.Unanimemente considerado um dos compositores portugueses mais importantes do séc. XX, Joly Braga Santos (1924-1988) foi uma figura ímpar pelo seu afã na docência,

direção de orquestra e crítica musical. A sua obra, variada e inventiva, notabilizou-se pelo primado da melodia, sobrepondo-se às correntes modernistas pós II Guerra Mundial, nas quais se filiou. Disto são exemplo as Cuatro Canciones (1971), encomenda da Fundação Calouste Gulbenkian, estreadas em 1973 pelo Coro Gulbenkian, com poemas de autores anónimos do cancioneiro castelhano, todos de temática amorosa. Profundamente líricas, as duas primeiras canções De los álamos vengo (séc. X V) e Al alba venid (séc. XIV)consistem num diálogo entre os solos, respetivamente de tenor e soprano, com o coro. Ao conciso Al cantar de las aves (séc. XVI) segue-se o dolente Ay, luna que reluces (séc. XV), todo ele sombras de harmonias idílicas.Músico autodidata, Rodolfo Halffter (1900-1987) foi membro do Grupo dos Oito, responsáveis pela introdução do Modernismo musical em Espanha, na década de 30 do séc. XX, e pela sua ação seminal enquanto professor e editor no México, país que o acolheu no rescaldo da Guerra Civil Espanhola. Os Tres Epitafios, escritos entre 1947 e 1953, fazendo uso dos epitáfios dos personagens centrais do romance (1605) de Miguel de Cervantes (1547-1616) – Dom Quixote, Dulcineia e Sancho Pança –, constituem uma crítica musical ao regime franquista: o cavaleiro utópico, que constrói a sua realidade, metáfora dos republicanos derrotados; a bela donzela, reduzida a cinzas com a sua morte, Franco e o seu regime; o pragmático escudeiro, atento apenas às necessidades diárias, o povo espanhol.Ao recorrer às técnicas da música profana do séc. X VI, Halffter aprofunda a sua crítica ao conservadorismo e ao imobilismo da sociedade espanhola de então.Figura tutelar da poesia hispânica do séc. XX,

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Federico García Lorca (1898-1936) foi o autor de uma obra repleta de códigos e simbologias, obsessivamente centradana frustração e na morte. A lua, a água,o sangue, o cavalo, surgem como símbolos da finitude, diluídos em ambientes de matizes diversos, do surrealismo de bosques mitológicos a procissões da Semana Santa. Os valores tradicionais da sua Andaluzia natal, e o universo cigano em particular, retratam a denúncia social dos desvalidos, das perseguições, da moral podre que, na ótica do poeta, corrompia a Espanha do seu tempo. Tal é a força desta realidade lírica que muitos foram os compositores que ao longo do séc. XX, e ainda nos dias de hoje, procuraram em Lorca fonte de inspiração. Disso é exemplo o Romancero Gitano (1951), de Mario Castelnuovo-Tedesco (1895-1968), um dos compositores mais prolíferos do séc. XX. Nascido em Florença, a sua ascendência judaica valeu-lhe o exílio pelo regime de Mussolini, em 1939, tendo-se estabelecido em Hollywood como compositor dos Estúdios MGM e professor de composição. Tedesco é singular na forma orgânica como transporta os versos do Poema del canto jondo (1921) de Lorca para música. Recorre a ritmos e melodias tradicionais castelhanas, a saetano 4.º andamento e a seguidilla no 6.º;

utiliza o coro e a guitarra para obter efeitos percussivos e de panejamento musical de grande efeito, como o ostinato da guitarra evocando o rio Guadalquivir, no 1.º andamento, e o emular das castanholas pelas vozes femininas no 6.º; sublinha versos diretos com vozes solistas e utiliza harmonias mais complexas para reforçaros momentos de maior tensão dramática.Mais recentemente, Einojuhani Rautavaara (n. 1928), reconhecidamente o compositor finlandês mais importante da segunda metade do séc. XX, escolheu quatro poemas, Canción de jinete [do livro Andaluzas] (1924); El grito (1921) [Poema de la siguiriya gitana (1931)],La luna asoma [Canciones de luna (s.d.)]e Malagueña [Poema del cante jondo (1921)]e verteu-os para música, em 1973, sobo nome Suite de Lorca. Rautavaara procurou,de forma expressiva, mimetizar musicalmente o universo do poeta andaluz: com o ostinato rítmico sobre a palavra “Cordoba”, o galope do cavalo, na 1.ª canção; quatro gritos perfurantes, na 2.ª; harmonias estáticas para a Lua, na 3.ª; e acordes paralelos imitandoo som de uma guitarra na 4.ª canção.Figura singular do panorama musical português, Nuno Côrte-Real (n. 1971) tem vindo a conciliar uma dupla carreira de sucesso enquanto compositor e maestro.

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Tendo estudado composição em Lisboa e Roterdão, Côrte-Real cultiva um estilo eclético, próximo da linguagem musical pós-moderna. Eternidade (2005) foi o resultado de uma encomenda da Associação Dedicarte por ocasião das comemorações do bicentenário da morte de Manuel Maria Barbosa du Bocage (1765-1805), poeta genial e controverso, nome maior do Arcadismo lusitano. Duas palavras do Soneto ditado na Agonia ressoam com insistência, “Musa” e “Manchei”, numa obra recheada de contrastes dinâmicos e recursos expressivos. Apesar de ser uma das páginas mais conhecidas de Bocage, o soneto em questão é hoje dado como de autoria espúria.Doutorado em Composição pela Universidade de York, Luís Tinoco (1969) é um dos compositores portugueses mais versáteis da sua geração, com uma produção eminentemente internacional. Os críticos tendem a descrever a sua obra como um quadro colorido de contrastes tímbricos, de textura e dinâmicas, um “artista plástico” da música. Estreada no ano da sua composição pelo Coro de Câmara Filarmónico da Estónia, Descubro a voz (2012) traça um universo musical minimalista, nebuloso e extático. O poema homónimo de José Luís Tinoco (1932), pai do compositor e o autor da consagrada canção No teu Poema (1976), percorre ondulantemente as vozes num discurso contrapontístico muito emotivo.Federico Mompou (1893-1987) foi um dos compositores catalães mais importante da sua geração. Tendo estudado no Conservatório de Paris, foi considerado, em 1921, o “único discípulo e sucessor de Debussy” pela eminência parda da crítica musical francesa, Émile Vuillermoz (1878-1960). Descrevia-se a si próprio como “um homem de poucas palavras e um músico de poucas notas”, tendo adaptado um verso de San Juan de la Cruz (1542-1591), “la música callada”, como expressão do seu ideal estético “uma música que seja a voz do silêncio, sem ecos nem adornos”. Escrito em 1951, Cantar del alma utiliza excertos do poema homónimo de San Juan de la Cruz, místico da renascença

espanhola e fundador, em 1568, em conjunto com Santa Teresa de Ávila (1515-1582), da Ordem dos Carmelitas Descalços. Mompou dividiu esta peça em duas secções: uma melodia silábica, de natureza meditativa, para o soprano solista, e uma secção coral (originalmente para piano), translúcida na sua cuidada harmonia e próxima do universo dolente de François Couperin (1668-1733).A música de Eurico Carrapatoso (n. 1962) é bem o reflexo da sua personalidade, eclética e profundamente erudita. Discípulo de Constança Capdeville (1937-1992) e Jorge Peixinho (1940-1995), Carrapatoso tem sido um compositor descomprometido e desalinhado com as principais correntes musicais da atualidade o que, obrigatoriamente, o distingue e o destaca. Defendendo o primado do texto e da melodia, Carrapatoso é o autor de uma vasta obra, em que o universo da portugalidade, nas suas palavras, um dos seus “valores matriciais”, é recorrente. O Pequeno Poemário de Sophia (2004) resultou de uma encomenda do Coro Lopes Graça da Academia de Amadores de Música. A obra consta de três poemas de Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), um dos nomes maiores da lírica portuguesa: Apesar das ruínas (Poesia, 1944), Pudesse (Poesia, Antologia, 1970) e Se tanto (s.d.). Fiel ao estilo da poetisa, em que a evocação do passado não é geradora de angústias, Carrapatoso opta por manter a luminosidade fónica das palavras através de uma leitura musical silábica dos versos, sem espaço à metáfora ou ao sensorial. O humor do compositor revela-se no Pequeno Poemário de Pessoa (2013) ao reunir três poemas nos antípodas da obra evocativa de Fernando Pessoa (1888-1935), ou dos universos distintos traçados pelos seus heterónimos. Pueris, vagamente absurdos, Poema Pial (1930) [Álvaro de Campos], Gato que brincas (1931)e Pia, Pia (s.d.)., são plasmados num universo musical que replica o estilo lengalenga dos versos, silábico e harmonicamente sinuoso. josé bruto da costa

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JOLY BRAGA SANTOSCuatro CancionesAnónimos De los álamos vengo De los álamos vengo, madre,de ver cómo los menea el ayre. De los álamos de Sevilla,de ver a mi linda amiga. De los álamos vengo, madre,de ver cómo los menea el ayre. Al alba venid Al alba venid, buen amigo,al alba venid. Amigo el que yo más queríaVenid al alba del día. Amigo el que yo más amaba,venid a la luz del alba. Venid a la luz del díaNon traigáis compañía. Venid a la luz del día,no traigáis gran compañía. Al cantar de las aves Al cantar de las avesmi amor se durmió;¡ay Dios quien llegaray le preguntaraqué es lo que soñó! Ay, luna que reluces Ay, luna que reluces,Toda la noche me alumbres. Ay, luna tan bella!Alúmbresme a la sierra; Por donde vaya y vengo! Ay, luna que reluces, Toda la noche me alumbres.

JOLY BRAGA SANTOSQuatro Canções

Dos álamos venho Dos álamos venho, mãe,de ver como os meneia o vento. Dos álamos de Sevilha,de ver a minha linda amiga. Dos álamos venho, mãe,de ver como os meneia o vento. Vinde à alvorada Vinde à alvorada, bom amigo,vinde à alvorada. Amigo a quem eu mais queriavinde à alvorada do dia. Amigo a quem eu mais amava,vinde à luz da alvorada. Vinde à luz do diaNão tragais companhia. Vinde à luz do dianão tragais grande companhia. Ao cantar das aves Ao cantar das aveso meu amor adormeceu;ai Deus quem chegoue lhe perguntoucom o que é que sonhou! Ai, lua que reluzes Ai, lua que reluzes,Toda a noite me alumies.Ai, lua tão bela!Alumia-me a serra;Por onde vou e venho!Ai, lua que reluzes,Toda a noite me alumies.

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RODOLFO HALFFTERTres EpitafiosMiguel de Cervantes Para la sepultura de Don Quijote Yace aquí el hidalgo fuerteque a tanto estreno llegó de valiente,que se advierteque la muerte no triunfode su vida con su muerte.

Yace aquí.Tuvo a todo el mundo en poco,fué el espantajo y el coco del mundo,en tal coyuntura,que acreditó su ventura,morir cuerdo y vivir loco. Yace aquí el hidalgo fuerteque a tanto estreno llegó de valiente,que se advierteque la muerte no triunfode su vida con su muerte.Yace aquí. Para la sepultura de Dulcinea Reposa aquí Dulcinea;y aunque de carnes rolliza, la volvió en polvo y ceniza la muerte espantable y fea.Dulcinea! Fué de castiza ralea,y tuvo asomos de dama,Del gran Quijote fué llama,y fué gloria de su aldea.Dulcinea! Reposa aquí Dulcinea;y aunque de carnes rolliza, la volvió en polvo y ceniza la muerte espantable y fea.Dulcinea!

Três Epitáfios

Para a sepultura de Dom Quixote Jaz aqui o fidalgo forteque a tal extremo levou a valentia,que se adverteque a morte não triunfouda sua vida com sua morte.

Jaz aqui.De todo o mundo fez pouco,foi o espantalho e o doido do mundo,em tal conjuntura,que acreditou ser sua ventura,morrer sábio e viver louco. Jaz aqui o fidalgo forteque a tal extremo levou a valentia,que se adverteque a morte não triunfouda sua vida com sua morte.Jaz aqui.

Para a sepultura de Dulcineia Aqui repousa Dulcineiae embora de carnes roliça,a tornou em pó e cinzaa morte assustadora e feia.Dulcineia! Foi uma castiça da ralé,e teve assomos de dama,Do grande Quixote foi chama,e foi glória da sua aldeia.Dulcineia! Aqui repousa Dulcineiae embora de carnes roliça,a tornou em pó e cinzaa morte assustadora e feia.Dulcineia!

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Para la sepultura de Sancho Panza Sancho Panza es aquéste en cuerpo chicopero grande en valor ¡milagro extraño!Escudero el más simple y sin engañoque tuvo el mundo,os juro y certificoos certifico. De ser conde no estuvo en un tántico,en un tántico,Si no se conjuraran en su daño¡Ah! Insolencias y agravios del tacaño sigloInsolencias y agravios que aún no perdonan a un borrico,a un borrico. Sobre el anduvo (con perdón se miente)este manso escudero,tras el manso caballo Rocinantey tras su dueño.¡Oh vanas esperanza de la gente!¡Cómo pasáis con prometer descanso y al fin paráis en sombra,en humo, en sueño! Sancho Panza es aquéste.¡Sancho Panza! MARIO CASTELNUOVO-TEDESCORomancero GitanoFederico García Lorca Baladilla de los tres ríos El río Guadalquivir va entre naranjos y olivos.Los dos ríos de Granadabajan de la nieve al trigo.¡Ay, amor que se fue y no vino! El río Guadalquivirtiene las barbas granates. Los dos ríos de Granadauno llanto y otro sangre.

Para a sepultura de Sancho Pança Sancho Pança é aquele de pequeno corpoporém grande em valor, maravilha estranha!Escudeiro do mais simples e sem manhaque houve no mundo,lhes juro e certificolhes certifico. De ser conde esteve por um triz,por um triz,Se não se conjurassem para seu danoAh! Insolências e agravos do tacanho séculoInsolências e agravos que nem perdoam a um burrico,a um burrico. Em cima dele andou (com perdão se mente)este manso escudeiro,atrás do manso cavalo Rocinantee atrás do seu dono.Ó vãs esperanças das pessoas!Como vos iludis com promessas de descansoe por fim acabais em sombra,em fumo,em sonho! Sancho Pança é aquele.Sancho Pança!

Romanceiro Cigano

Balada dos três rios O rio Guadalquivirvai entre laranjas e oliveiras.Os dois rios de Granadadescem da neve ao trigo.Ai, amorque se foi e não veio!

O rio Guadalquivirtem as barbas encarnadas.Os dois rios de Granada,um pranto e outro sangue.

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¡Ay, amor que se fue por el aire! Para los barcos de vela, Sevilla tiene un camino; por el agua de Granada sólo reman los suspiros. ¡Ay, amor que se fue y no vino! Guadalquivir, alta torre y viento en los naranjales. Dauro y Genil, torrecillas muertas sobre los estanques, ¡Ay, amor que se fue por el aire! ¡Quién dirá que el agua lleva un fuego fatuo de gritos! ¡Ay, amor que se fue y no vino! Lleva azahar, lleva olivas, Andalucía, a tus mares.¡Ay, amor que se fue por el aire! La guitarra Empieza el llantode la guitarra. Se rompen las copas de la madrugada. Empieza el llanto de la guitarra. Es inútil callarla. Es imposible callarla. Llora monótona como llora el agua, como llora el viento sobre la nevada. Es imposible callarla. Llora por cosas lejanas. Arena del Sur caliente que pide camelias blancas. Llora flecha sin blanco, la tarde sin mañana, y el primer pájaro muerto sobre la rama.

Ai, amorque se foi pelo vento! Para os barcos à vela,Sevilha tem um caminho;pela água de Granadasó remam os suspiros.Ai, amorque se foi e não veio! Guadalquivir, alta torree vento nos laranjais.Dauro e Genil, torrezinhasque estão mortas sobre os tanques.Ai, amorque se foi pelo vento! Quem dirá que a água levaum fogo-fátuo de gritos!Ai, amorque se foi e não veio! Leva flores de laranjeira, leva azeitonas,Andaluzia, aos teus mares.Ai, amorque se foi pelo vento!

A guitarra Começa o prantoda guitarra.Partem-se os copos da madrugada.Começa o pranto da guitarra.É inútil calá-la.É impossível calá-la.Chora monótonacomo chora a água,como chora o ventosobre os nevões.É impossível calá-la.Chora por coisas distantes.Areias quentes do sulpedindo camélias brancas.Chora flechas sem alvo,a tarde sem manhã,e o primeiro pássaro mortosobre o ramo.

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!Oh guitarra! Corazón malherido por cinco espadas. Puñal El puñalentra en el corazón,como la reja del aradoen el yermo.No.No me lo claves.No. El puñal entra en el corazóncomo un rayo de sol,incendia las terribleshondonadas.No.No me lo claves.No. Procesión – Paso – Saeta

(Procesión) Por la calle vienen extraños unicornios –¿De qué campo?¿De qué bosque mitológico?Más cerca y aparecen astrónomos,fantásticos Merlinesy el Ecce Homo,Durandarte encantadoOrlando furioso…

(Paso)Virgen con miriñaqueVirgen de soledad –abierta como un inmenso tulipán.En tu barco de lucesvas por la alta marea de la ciudad;¡entre saetas turbiasy estrellas de crystal,tú vas por el río de la callehasta el mar!(Saeta)Cristo Moreno pasade lirio de Judeaa clavel de España.

Ó guitarra!Coração feridopor cinco espadas.

Punhal O punhalentra no coração,como a aiveca do aradona charneca.Não.Não mo craves.Não. O punhal entra no coraçãocomo um raio de sol,incendeia as terríveisprofundezas.Não.Não mo craves.Não.

Procissão – Passo – Saeta (Procissão)Pela rua vêm estranhos unicórnios –De que campo?De que bosque mitológico?Mais perto e aparecem astrónomosfantásticos Merlinse o Ecce Homo,Durindana encantadoOrlando furioso…

(Paso)Virgem de crinolinaVirgem da solidão –aberta como uma imensa tulipa.No teu barco de luzesvais pela maré alta da cidade;entre saetas lancinantese estrelas de cristal,vais pelo rio da ruaaté ao mar!(Saeta)Cristo Moreno passade lírio da Judeiaa cravo de Espanha.

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¡Míralo por donde viene!¡Míralo por donde va!De España.Cielo limpio y oscurotierra tostada,y cauces donde corre muy lenta el agua.Cristo Moreno pasacon las guedejas quemadas,los pómulos salientes,y las pupilas blancas.¡Míralo por donde viene!¡Míralo por donde va!

Memento Cuando yo me muera, enterradme con mi guitarra bajo la arena. Cuando yo me muera, entre los naranjos y la hierbabuena. Cuando yo me muera, enterradme si queréis en una veleta. ¡Cuando yo me muera! Baile La Carmen está bailando por las calles de Sevilla. Tiene blancos los cabellos y brillantes las pupilas. ¡Niñas, corred las cortinas! En su cabeza se enrosca una serpiente amarilla, y va soñando en el baile con galanes de otros días. ¡Niñas, corred las cortinas! Las calles están desiertas y en los fondos se adivinan, corazones andaluces buscando viejas espinas.

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Olha-o por onde vem!Olha-o para onde vai!De Espanha.Céu limpo e escuroterra torrada,e canais onde corre muito lenta a água.Cristo Moreno passacom as tranças queimadas,as maçãs do rosto salientes,e as pupilas brancas.Olha-o por onde vem!Olha-o para onde vai!

Memento Quando eu morrer,enterrai-me com a minha guitarradebaixo da areia. Quando eu morrer,entre as laranjeirase a hortelã. Quando eu morrer,enterrai-me se quiseremnum cata-vento. Quando eu morrer!

Baile A Carmen está bailandopelas ruas de Sevilha.Tem brancos os cabelose brilhantes as pupilas.Meninas,correi as cortinas! Na sua cabeça enrosca-seuma serpente amarela,e vai sonhando na dançacom galãs de outros dias.Meninas,correi as cortinas! As ruas estão desertase ao fundo adivinham-se,corações andaluzesbuscando velhos espinhos.

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¡Niñas, corred las cortinas! Crótalo Crótalo.Escarabajo sonoro. En la arañade la manorizas el aire cálido,y te ahogas en tu trino de palo. Crótalo.Escarabajo sonoro. EINOJUHANI RAUTAVAARASuite de LorcaFederico García Lorca Canción de jinete Córdoba. Lejana y sola. Jaca negra, luna grande, y aceitunas en mi alforja. Aunque sepa los caminosyo nunca llegaré a Córdoba. Por el llano,por el viento, jaca negra, luna roja. La muerte me está mirando desde las torres de Córdoba. ¡Ay qué camino tan largo! ¡Ay mi jaca valerosa! ¡Ay que la muerte me espera, antes de llegar a Córdoba! Córdoba. Lejana y sola.

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Meninas,correi as cortinas!

Castanhola CastanholaEscaravelho sonoro. Na aranhada mãoentranças o ar quente,e afogas-te no sapateado. CastanholaEscaravelho sonoro.

Suite de Lorca

Canção do ginete Córdoba.Longínqua e só. Mula negra, lua grande,e azeitonas no meu alforje.Embora saiba os caminhoseu nunca chegarei a Córdoba. Pela planurapelo vento,mula negra, lua encarnada.A morte me está mirandodesde as torres de Córdoba. Ai que caminho tão grande!Ai a minha mula valente!Ai que a morte me espera,antes de chegar a Córdoba. Córdoba.Longínqua e só.

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El grito La elipse de un gritova de monte a monte. Desde los olivos será unarco iris negro sobre la noche azul. ¡Ay!Como un arco de viola el grito hahecho vibrar largas cuerdas del viento. ¡Ay!(Las gentes de las cuevas asoman sus velones)¡Ay!¡Ay! La luna asoma Cuando sale la lunase pierden las campanasy aparecenlas sendas impenetrables. Cuando sale la luna,el mar cubre la tierray el corazón se sienteisla en el infinito. Nadie come naranjasbajo la luna llena.Es preciso comerfruta verde y helada. Cuando sale la lunade cien rostros iguales,la moneda de platasolloza en el bolsillo. Malagueña La muerteentra y salede la taberna. Pasan caballos negrosy gente siniestrapor los hondos caminosde la guitarra.

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O grito A elipse de um gritovai de monte a monte. Desde as oliveiras será umarco-íris negro sobre a noite azul. Ai!Como um arco de viola o grito fezvibrar as longas cordas do vento. Ai!(As gentes das cuevas assomam os seus círios)Ai!Ai!

A lua assoma Quando nasce a luaesvaem-se os sinose aparecemsendas impenetráveis. Quando nasce a lua,o mar cobre a terrae o coração sente-seilha no infinito Ninguém come laranjasdebaixo da lua cheia.É preciso comerfruta verde e gelada. Quando nasce a luade cem rostos iguais,a moeda de pratasoluça no bolso.

Malaguenha A morteentra e saida taberna. Passam cavalos negrose gente sinistrapelos profundos caminhosda guitarra.

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Y hay un olor a saly a sangre de hembra,en los nardos febriles dela marina. La muerteentra y sale,y sale y entra,la muertede la taberna.Pasan caballos negrosy gente siniestrapor los hondos caminosde la guitarra. Y hay un olor a saly a sangre de hembra,en los nardos febriles dela marina. La muerteentra y sale,y sale y entra,la muertede la taberna. NUNO CÔRTE-REALEternidadeManuel Maria Barbosa du Bocage Já Bocage não sou!... À cova escuraMeu estro vai parar desfeito em vento...Eu aos céus ultrajei! O meu tormentoLeve me torne sempre a terra dura. Conheço agora já quão vã figuraEm prosa e verso fez meu louco intento.Musa!... Tivera algum merecimento,Se um raio da razão seguisse, pura! Eu me arrependo; a língua quase friaBrade em alto pregão à mocidade,Que atrás do som fantástico corria:Outro Aretino fui... A santidadeManchei!... Oh! Se me creste, gente ímpia,Rasga meus versos, crê na eternidade!

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E há um odor a sale a sangue de fêmeanos nardos febrisda brisa do mar. A morteentra e sai,e sai e entra,a morteda taberna.Passam cavalos negrose gente sinistrapelos profundos caminhosda guitarra. E há um odor a sale a sangue de fêmeanos nardos febrisda brisa do mar. A morteentra e sai,e sai e entra,a morteda taberna.

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EURICO CARRAPATOSOPequeno Poemário de SophiaSophia de Mello Breyner Andresen ApesarApesar das ruínas e da morte, Onde sempre acabou cada ilusão, A força dos meus sonhos é tão forte, Que de tudo renasce a exaltação!Nunca as minhas mãos ficam vazias.Apesar das ruínas e da morte! PudessePudesse eu não ter laços nem limitesÓ vida de mil faces transbordantesPara poder responder aos teus convitesSuspensos na surpresa dos instantes. Suspensos na surpresa dos instantes.Para poder responder aos teus convitesÓ vida de mil faces transbordantesPudesse eu não ter laços nem limites. Suspensos na surpresa dos instantes.Para poder responder aos teus convitesÓ vida de mil faces transbordantesPudesse eu não ter laços nem limites. SeSe tanto me dói que as coisas passemÉ porque cada instante em mim foi vivoNa luta por um bem definitivoEm que as coisas de amor se eternizassem.Se tanto me dói que as coisas passemÉ porque cada instante em mim foi vivoNa luta por um bem definitivoEm que as coisas de amor se eternizassem.

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LUÍS TINOCODescubro a vozJosé Luís Tinoco Descubro a voz que a medo se insinuaA perfeição do círculo e o olhar que mede os diasAcordo o lume que dormia sob as pedrasTempero o ferro de futuras derrotas. Entre deuses criaturas sem morte e estranho idiomaQue só eu conheço porque as inventeiReparto o outro em que transformei o cascalho inicial. Descubro as nascentes que a medo invademA perfeição dos mares e o fim dos desertos ondePrincipiam os jardins suspensos e o embaraçoDos olhos no rasto de sombras das estrelas. FEDERICO MOMPOUCantar del almaSan Juan de la Cruz Aquella eterna fuente está escondida,Qué bien sé yo do tiene su manida.Aunque es de noche. Su origen no lo sé, pues no le tiene,Mas sé que todo origen de ella viene,Aunque es de noche. Sé que no puede ser cosa tan bella.Y que cielos y tierra beben de ella,Aunque es de noche. Aquesta fuente está escondida,En este vivo pan por darnos vida.En esta noche oscuraQue bien sé yo por fe la fonte frida.

Sé ser tan caudalosas sus corrientes,Que infiernos, cielos riegan, y a las gentes,Aunque es de noche.

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Cantar da alma Aquela fonte eterna está escondidaSei muito bem onde tem guaridaApesar de ser noite. Não sei a sua origem, porque não a tem,Mas sei que toda a origem dela vem,Apesar de ser noite. Sei que não pode haver coisa tão bela.E que os céus e a terra bebem dela,Apesar de ser noite. Esta fonte está escondida,Neste pão vivo por nos dar vida.Nesta noite escuraQue bem conheço pela fé a fonte frida.

Sei que são tão caudalosas as suas correntes,Que delas bebem o Inferno, o Céu e as gentes,Apesar de ser noite.

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El corriente que nace de esta fuenteBien sé yo que es tan capaz y tan potente,Aunque es de noche. Aquesta viva fuente, que deseo,En este pan de vida yo la veo,Aunque es de noche. Aquella fuente está escondida,Qué bien sé yo do tiene su manida.Su origen no lo sé,Mas sé que todo origen de ella viene. EURICO CARRAPATOSOPequeno Poemário de PessoaFernando Pessoa Poema Pial Toda a gente que tem as mãos friasDeve metê-las dentro das pias. Pia número UM,Para quem mexe as orelhas em jejum. Pia número DOIS,Para quem bebe bifes de bois. Pia número TRÊS,Para quem espirra só meia vez. Pia número QUATRO,Para quem manda as ventas ao teatro. Pia número CINCO,Para quem come a chave do trinco. Pia número SEIS,Para quem se penteia com bolos-reis.

Pia número SETE,Para quem canta até que o telhado se derrete. Pia número OITO,Para quem parte nozes quando é afoito.

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A corrente que nasce desta fonteBem sei que é tão capaz e tão potente,Apesar de ser noite. Esta fonte viva, que desejo,Vejo-a neste pão da vida,Apesar de ser de noite. Aquela fonte eterna está escondidaSei muito bem onde tem guaridaNão sei a sua origem,Mas sei que toda a origem dela vem.

traduções: linguaemundi

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Pia número NOVE,Para quem se parece com uma couve.

Pia número DEZ,Para quem cola selos nas unhas dos pés. E, como as mãos já não estão frias, Tampa nas pias! Gato que brincas na rua Gato que brincas na ruaComo se fosse na cama,Invejo a sorte que é tuaPorque nem sorte se chama. Bom servo das leis fataisQue regem pedras e gentes,Que tens instintos geraisE sentes só o que sentes. Gato que brincas na ruaComo se fosse na cama,Invejo a sorte que é tuaPorque nem sorte se chama. És feliz porque és assim,Todo o nada que és é teu.Eu vejo-me e estou sem mim,Conheço-me e não sou eu. Gato que brincas na ruaComo se fosse na cama,Invejo a sorte que é tuaPorque nem sorte se chama.Gato que brincas na ruaInvejo a sorte que é tua. Pia, pia, pia Pia, pia, piaO mocho, Pia o mochoQue pertencia a um coxo. Zangou-se o coxo um dia,E meteu o mocho na pia…

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Notas Biográficas

maestroPaulo Lourenço

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Maestro Assistente do Coro Gulbenkian, Paulo Lourenço é Doutorado pela Universidade de Cincinnati. Estudou Direção Coral com Stephen Coker e Earl Rivers e Direção de Orquestra com Mark Gibson e Chang Zhang, tendo ainda trabalhado como Professor Assistente e Maestro Assistente no Coro de Câmara da Universidade de Cincinnati. Atualmente é Professor Adjunto na Escola Superior de Música de Lisboa, onde coordena o Mestrado em Direção Coral. É frequentemente convidado por universidades e outras instituições de ensino americanas, asiáticas e portuguesas para orientar cursos de aperfeiçoamento e palestras onde tem divulgado a música e os compositores portugueses. Como maestro convidado, ou dirigindo os seus próprios agrupamentos, apresentou-se nos Estados Unidos da América e em França, Espanha, Holanda, Turquia, Tailândia, Macau, Brasil, Islândia, Israel, Singapura e Hong-Kong.

Dos agrupamentos musicais que dirigiu destacam-se a Cincinnati Philharmonia Orchestra, a Sinfonietta de Lisboa,a Filarmonia das Beiras, a Orquestra de Câmara de Utrecht, a Orquestra Sinfónica da ESML, a Orquestra Académica Metropolitana, a Orquestra da Juventude Musical Portuguesa, a Orquestra OpusXXI, o North Kentucky Simphony Chorus,o State Choir of Turkey, o Atheneum Choir of Cincinnati, o Kopavogür Kamerkore o Wroclaw Filarmonic Choir.Paulo Lourenço é membro fundador do quarteto Tetvocal, com o qual realizou centenas de concertos em Portugal e no estrangeiro. A sua discografia inclui onze CDs para as etiquetas EMI/VC, RCA/Victor, Movieplay, CMM e Key Records.É diretor artístico do festival Vocalizzee do Summer Choral Fest, no Centro Cultural de Belém. Foi nomeado Consultor Musicalda Europa Cantat para o biénio 2014-16.

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atrizLuísa Cruz

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Luísa Cruz nasceu em Lisboa. Licenciou-se em Formação de Atores na Escola Superior de Teatro e Cinema do Conservatório Nacional de Lisboa. Para além do seu trabalho no domínio do teatro, a sua carreira inclui também o cinema, tendo participado em filmes realizados por Fernando Matos Silva, Leão Lopes, Teresa Villaverde, João Botelho, Jorge Cramez e, mais recentemente, Miguel Gomes. Em televisão, tem integrado o elenco de várias séries e telenovelas, para além de ter participado regularmente em dobragens para filmes infantis. Luísa Cruz trabalha como atriz profissional desde 1985. Durante dez anos esteve ligada ao Teatro da Cornucópia onde trabalhou com os encenadores Luís Miguel Cintra, Rui Mendes, Adriano Luz, Christine Laurent, Stephan Stroux, Miguel Guilherme e José Wallenstein. Entre 1999 e 2005, colaborou assiduamente com o Teatro Nacional São João, tendo sido dirigida por Ricardo Pais, Nuno Carinhas e Giorgio Corssetti. Participou também em várias

produções no Teatro Nacional D. Maria II, no Teatro Nacional de São Carlos e na Escola Superior de Música de Lisboa. Participa também regularmente em recitais de poesia. Em março de 2005, juntamente com o pianista Jeff Cohen, lançou o CD de fados Quando Lisboa Anoitece. Em 1989, Luísa Cruz recebeu o Prémio Melhor Jovem Atriz, atribuído pela revista O Actor, e o Prémio Atriz Revelação, atribuído pelo semanário Se7e. Em 2006 recebeu o Globo de Ouro para a Melhor Atriz de Teatro de 2005, atribuído pela revista Caras e pelo canal televisivo SIC. Em 2009 recebeuo Prémio Santareno, Melhor Atriz de Teatro, com o trabalho Harper Reagan.Em 2011 recebeu de novo o Globo de Ouro para a Melhor Atriz de Teatro 2010 e em 2012 o Prémio Autores — Melhor Atriz de Teatro 2011. Em 2015 foi-lhe atribuído o Prémio para a Melhor Atriz Secundária, atribuído pelo Festival Caminhos do Cinema Português,pela sua participação no filme de Miguel Gomes As Mil e Uma Noites.

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guitarraDejan Ivanovich

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O guitarrista croata Dejan Ivanovich nasceu em Tuzla (Bósnia e Herzegovina) em 1976. Foi inicialmente aluno de Predrag Stankovic e de Vojislav Ivanovic, tendo estudado posteriormente com Darko Petrinjakna Academia de Música de Zagreb.A sua carreira profissional teve início em simultâneo com os estudos superiores.Atuou em prestigiosos festivais de música como o Festival de Spoleto (convidado pessoalmente pelo maestro Gian Carlo Menotti para o lugar de Artista Residente),o Festival de Verão de Edimburgo, o Festival do Estoril, o Festival de Guitarra de Gevelsberg e o festival “Guitarra Viva” (Croácia), entre outros. Colabora com outros músicos em recitais de música de câmara, nomeadamente com o flautista Vasco Gouveia, o violoncelista Jed Barahal, o guitarrista Masakazu Tokutake, a soprano Ana Ester Neves, ou o Quarteto Lyra, entre outros. Juntamente com o guitarrista grego Michalis Kontaxakis, forma, desde 2004,o duo de guitarras Kontaxakis-Ivanovich.Dejan Ivanovich venceu vários concursos internacionais: 13.º Concurso Internacional

de Guitarra Infanta Cristina (Madrid, 1998), o 3.º Concurso Internacional de Sinaia (Roménia, 1998), o 17.º Certamen Internacional de Guitarra Andrés Segovia (La Herradura, 2001), o 35.º Certamen Internacional de Guitarra Francisco Tarrega (Benicássim, 2001) e o 4.º Concurso Internacional de Creta (Arhanes, 2005).Dejan Ivanovich toca regularmente com orquestra, tendo colaborado com a Orquestra Real de Câmara de Wallonie (Bélgica),a Orquestra de Benicássim (Espanha),a Orquestra de Câmara da Eslováquia,a Orquestra Sinfónica de Vojvodina (Sérvia), a Orquestra Sinfónica das Beiras,a Orquestra Clássica do Centro e a Orquestra Metropolitana de Lisboa. Os seus recitaisna Europa em África, na América do Norte,na América do Sul e na Ásia foram muitos bem recebidos pelo público e pela crítica.Em 2005 fundou, em Lisboa, o Festival Internacional Guitarmania, do qual foi diretor artístico até 2010. É doutoradoem Música/Musicologia e, desde 2007,é professor de guitarra no Departamentode Música da Universidade de Évora.

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Fundado em 1964, o Coro Gulbenkian conta presentemente com uma formação sinfónica de cerca de cem cantores, atuando igualmente em grupos vocais mais reduzidos, conforme a natureza das obras a executar. Assim, apresenta-se tanto como grupo a cappella, interpretando a polifonia dos séculos XVIe XVII, como em colaboração com a Orquestra Gulbenkian ou outros agrupamentos para a execução de obras do repertório clássico e romântico. Na música do século XX tem interpretado, frequentemente em estreia absoluta, inúmeras obras contemporâneas de compositores portugueses e estrangeiros. Tem sido igualmente convidado para colaborar com as mais prestigiadas orquestras mundiais, sob a direção de maestros como Claudio Abbado, Sir Colin Davis, Emmanuel Krivine, Frans Brüggen, Franz Welser-Möst, Michael Tilson Thomas, Rafael Frübeck de Burgos ou Theodor Guschlbauer. Para além da sua apresentação regular em Lisboa e das digressões em Portugal, o Coro Gulbenkian atuou em numerosos países em todo o mundo, participando também em importantes festivais internacionais. Em temporadas recentes, o Coro Gulbenkian realizou uma digressão internacional com a Orquestra Barroca de Friburgo, sob a direção de René Jacobs (Così fan tutte), apresentou-se em

Londres, no Royal Festival Hall, com a Philharmonia Orchestra, dirigida por Esa-Pekka Salonen, atuou no Auditório Nacional de Madrid, sob a direção de Michel Corboz, e realizou uma série de concertos com a Orchestre National de Lyon, sob a direção de Leonard Slatkin, no Auditorium ONL em Lyon. Em 2013 apresentou-se com a Real Orquestra Filarmónica de Galicia, sob a direção de Antoni Ros Marbà, em Santiago de Compostela. No âmbito do Festival de Aix-en-Provence, em França, participou numa nova produção da ópera Elektra, de Richard Strauss, com a Orquestra de Paris, dirigida por Esa-Pekka Salonen. A discografia do Coro Gulbenkian está representada nas editoras Philips, Archiv / Deutsche Grammophon, Erato, Cascavelle, Musifrance, FNAC Music e AriaMusic, tendo ao longo dos anos registado um repertório diversificado, com particular incidência na música portuguesa dos séculos XVI a XX. Algumas destas gravações receberam prémios internacionais, tais como o Prémio Berlioz, da Academia Nacional Francesa do Disco Lírico, o Grand Prix International du Disque, da Academia Charles Cros e o Orphée d’Or. Desde 1969, Michel Corboz é o Maestro Titular do Coro. Jorge Matta é Maestro Adjunto e Paulo Lourenço Maestro Assistente.

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Coro Gulbenkian

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Coro GulbenkianMichel Corboz maestro titular

Jorge Matta maestro adjunto

Paulo Lourenço maestro assistente

sopranos iInês LopesMariana MoldãoMónica AntunesSara Afonso

sopranos iiAriana RussoClara CoelhoFilipa PassosRita Marques

contraltos iFátima NunesJoana NascimentoManon Marques

contraltos iiMichelle RollinPatrícia MendesRita Tavares

tenores iDiogo PomboJoão BrancoPedro Cachado

tenores iiAníbal CoutinhoManuel GamitoMiguel Silva

baixos iJoão Luís FerreiraRicardo MartinsRui Borras

baixos iiFilipe LealLeandro CésarPedro MorgadoSérgio Silva

coordenaçãoMariana Portas

produçãoFátima PinhoLuís SalgueiroJoaquina Santos

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musica.gulbenkian.pt

4 + 5 Fevereiroquinta, 21:00h / sexta, 19:00h — M/6

Fundação Calouste Gulbenkian

NikolaiLugansky

mecenasgrandes intérpretes

mecenascoro gulbenkian

mecenasciclo piano

mecenasconcertos de domingo

mecenasmúsica de câmara

mecenasrising stars

rachmaninovsaariahostravinsky

Ernest Martínez-Izquierdo

OrquestraGulbenkian

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Lay(NvBMWS7)RvGlbkn150x215.indd 1 26/10/15 12:46

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direção criativaIan Andersondesign e direção de arteThe Designers Republicdesign gráficoAh–hA

tiragem300 exemplarespreço2Lisboa, Janeiro 2016

Pedimos que desliguem os telemóveis durante o espetáculo. A iluminação dos ecrãs pode igualmente perturbar a concentração dos artistas e do público. Não é permitido tirar fotografias nem fazer gravações sonoras ou filmagens duranteos espetáculos. Programas e elencos sujeitos a alteraçãosem aviso prévio.

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MUSICA.GULBENKIAN.PT

FUNDAÇÃO CALOUSTE GULBENKIAN