Cooperativa-escola Nas Técnicas Agricolas

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  • COOPERATIVA-ESCOLA NASESCOLAS TCNICAS AGRCOLAS

    P.V. MARQUESDepartamento de Economia e Sociologia Rural, ESALQ-USP - C.P. 9, CEP: 13418-900 - Piracicaba,SP.H.G. LOVE1University of Kentucky, Lexington, Kentucky, U.S.A.

    RESUMO: A dificuldade de gerenciar recursos e proporcionar melhores condies de ensino para os estudantes soalgumas das deficincia das Escolas Tcnicas Agrcolas (ETAs) brasileiras, problemas parcialmente superados poralgumas escolas que adotaram a chamada Cooperativa-Escola. Neste trabalho, procura-se discutir alguns aspectosfilosficos referentes s ETAs e como a Cooperativa-Escola pode ajudar a solucionar seus principais problemaseducativos e administrativos; um estudo de caso utilizando-se a tcnica de auditoria administrativa foi desenvolvidonuma ETA cuja Cooperativa-Escola considerada um modelo de bom funcionamento e alguns procedimentos foramdescritos, objetivando-se estender a prtica de Cooperativa-Escola para outras escolas tcnicas agrcolas brasileiras.Descritores: Escola Tcnica Agrcola, Cooperativa-Escola, Auditoria Administrativa

    COOPERATIVE-SCHOOL AT THE AGRICULTURAL TECHNICAL SCHOOLS

    ABSTRACT: Some of the problems with the Brazilian public Agricultural Technical School systems (ETAs) arerelated to resource management and the need to improve teaching and learning conditions. Those deficiencies werepartially corrected after setting up Cooperative-Schools that allow the ETAs to raise and to administrate funds.Administrative procedures of the ETAs and how the Cooperative-School could help solving their main educationaland adminsitrative problems are discussed in this research. A case study using the management audit technique wasdeveloped in one ETA with a well known Cooperative-School. Some observed procedures are described with theintention of extending the practice of Cooperative-Schools to other Brazilian Agricultural Technical Schools.Key Words: Agricultural Technical School, Cooperative-School, Management Audit.

    INTRODUO

    O Brasil ainda um pas que dependebasicamente da agricultura, com cerca de 37% dasua populao vivendo na zona rural. A busca decompetividade do setor e a existncia de ummercado consumidor cada vez mais exigente, fazcom que se necessite de uma mo-de-obra comrazovel grau de especializao, que pode sersuprida pela rede de ensino tcnico agrcolaexistente no pas.

    O projeto "Desenvolvimento Ruralintegrado" (DRI) (ESALQ, 1991), objetiva utilizaras ETAs do Estado de So Paulo comoinstrumento de desenvolvimento integrado daagricultura. Este projeto est inicialmente sendodesenvolvido no Estado e o contacto com as ETAspermitiu observar os pontos fortes e fracos dosistema.

    Uma das deficincias das ETAs adificuldade de gerenciar recursos e proporcionarmelhores condies de ensino para osestudantes, problema parcialmente superado poralgumas ETAs que adotaram a chamadaCooperativa-Escola.

    Neste trabalho se procurar discutiralguns aspectos filosficos sobre as ETAs e comoa Cooperativa-Escola pode ajudar a solucionar osseus principais problemas educativos eadministrativos.

    A discusso dos problemas gerais dasETAS ser baseado no trabalho do projeto DRIcom as ETAs do Estado de So Paulo; a discussoda importncia e aspectos operacionais daCooperativa-Escola, ser baseada em informaesobtidas na Escola Tcnica Federal de Inconfidentes,Minas Gerais, um modelo de bom funcionamentoda Cooperativa-Escola.

    1 Bolsista da FAPESP.

  • ESCOLAS TCNICAS AGRCOLAS1. Objetivos das ET As

    Uma Escola Tcnica Agrcola tem porobjetivos formar alunos aptos a desempenhar aprofisso de tcnico agrcola, utilizando para istotcnicas educacionais e de treinamento.

    Do ponto de vista educacional, a ETAnecessita fornecer-lhes os conhecimentos comunsde um aluno de 2 grau (portugus, matemtica,geografia, histria, etc.), alm da teoria necessriapara dominar os princpios tcnicos especficos.Para atingirem estes objetivos, as ETAs contamcom professores do ncleo comum (ou disciplinasno tcnicas comuns aos demais alunos de 2 grau)e professores da rea tcnica (agricultura,zootecnia, etc.).

    As ETAs devem educar e treinar alunosnos vrios aspectos da cincia e da agriculturaaplicada para lhes permitir desempenhar a contentosuas atividades profissionais. Isto envolve um bomtreinamento em lnguas (portugus e ingls bsico)e matemtica. Alm disto, espera-se que a escolaproporcione meios para o desenvolvimento pessoaltais como o potencial de liderana e o sentido decidadania.

    Alm do aspecto puramente escolar, aETA deve tambm proporcionaro aluno condiespara aplicao prtica dos conceitos vistos emclasse. Este aspecto envolvendo mais treinamentodo que educao propriamente dita, implica emproporcionar condies para que os alunosapliquem no campo o que aprenderam em aula.Como vo atuar numa agricultura cada vez maisempresarial, os alunos necessitam tambm sertreinados na aplicao de modernas tcnicasadministrativas.

    2. Qualidade da educao e do treinamento nasETAs

    O aspecto educacional dos alunos deveriase desenvolver nas salas de aula e nos laboratrios.Nas salas de aula, os professores deveriam utilizar-se de mtodos de ensino que motivassem os alunos,tais como recursos audio-visuais, laboratrios, etc.Infelizmente, isto no acontece, e na maioria dasvezes, os alunos so expostos a aulas expositivas efalhas sob o aspecto didtico.

    Os laboratrios deveriam servir paradespertar a curiosidade e aprofundar osconhecimentos desenvolvidos nas aulas tericas.

    Infelizmente, eles se encontram desaparelhados,com falta de material ou material inadequado ecom professores destreinados.

    Os aspectos operacionais de treinamentodeveriam ser desenvolvidos atravs de prticasapropriadas e representativas da realidade onde osalunos vo trabalhar. Infelizmente, isto nem sempreacontece dadas as condies precrias dasinstalaes produtivas da maioria das escolastcnico-agrcolas.

    Por se tratar de internato, os alunosdeveriam tambm receber uma educao ondeaspectos tcnicos, humanos, alimentares eesportivos fossem harmnicamente equilibrados.

    BREVE HISTRICO E RAZES PARA EXIS-TNCIA DAS COOPERATIVAS-ESCOLA

    1. Breve histrico

    A primeira cooperativa escolar surgiu noBrasil, no Estado de So Paulo, em 1932, tendosido regulamentada em 1967 com o objetivoexplcito de congregar alunos de um determinadoestabelecimento de ensino e educ-los dentro dosprincpios cooperativos. At 1968 as cooperativasescolares funcionaram mais com o objetivo desimples fornecedoras de material escolar, noatendendo assim proposta original de formaralunos dentro do esprito cooperativista; a partir deento, com a implantao do sistema Escola-Fazenda nos colgios tcnicos agrcolas do pas, que se passou a dar maior importncia sCooperativas-Escola, passando as mesmas aintegrar a estrutura pedaggica da habilitaoprofissional do Tcnico Agrcola.

    O sistema Escola-Fazenda preconizavaque, alm de se atender aos princpios doutrinrios,a Cooperativa-Escola deveria servir de rgocatalisador na execuo de projetos de produonas Escolas Tcnicas Agricolas (ETAs), promovera defesa dos interesses comuns e realizar acomercializao da produo originria do processode ensino agrcola.

    Em 1975, a recm criada COAGRI(Coordenao Nacional de Ensino Agropecurio)estabeleceu que o papel principal das Cooperativas-Escola seria a proviso de recursos fsicos,administrativos e pedaggicos paras as ETAs.Passou-se ento a exigir das Cooperativas-Escolamuito mais flexibilidade do que legalmentepermitido; em 1982, isto foi reconhecidolegalmente, e as Cooperativas-Escolas passaram a

  • ter o mesmo tratamento legal dispensado scooperativas tradicionais, como por exemplo, podercomprar e vender insumos e produtos no mercado,investir recursos de acordo com os desejos daassemblia, etc.

    2. Por que a escola deve ter uma Cooperativaeducacional?

    Trabalhos de pesquisa recentes mostramque 65% dos produtores rurais participam decooperativas, que so muito utilizadas para comprade insumos e comercializao da produo. ACooperativa-Escola viria ento preencher estanecessidade de se conhecer a filosofia, a estruturae o funcionamento de uma cooperativa.

    Ela deve servir, tambm, paradesenvolver o sentido de responsabilidade nosalunos, j que eles estaro administrando oempreendimento. Deve-se, ainda, pensar noaspecto de trabalho em grupo e no desenvolvimentoda capacidade de liderana.

    Outros aspectos que adquiremimportncia na Cooperativa-Escola em virtude daestrutura administrativa das ETAs, dizem respeito gerao e administrao de recursos. Umaestrutura burocrtica muito rgida impede que osrecursos fluam de acordo com as necessidadesdecorrentes da sazonalidade da produo agrcola.A Cooperativa-Escola pode facilitar aadministrao destes recursos sob o controle dodiretor, professores, alunos e comunidade.

    A COOPERATIVA EDUCACIONAL NAESCOLA TCNICA-AGRCOLA DE INCON-FIDENTES, MG.

    1. Breve histrico e estrutura administrativa daescola

    A Escola Agrotcnica Federal deInconfidentes localiza-se na cidade deInconfidentes, MG. Ela conta atualmente com 32professores, 72 funcionrios e 425 alunospraticamente de todo o Brasil, dos quais 396moram nos alojamentos da Escola.

    A atual estrutura administrativa da Escola mostrada na figura l.

    As Unidades Educativas de Produo(UEPs) mudam sempre, mas de modo geral,contm projetos em horticultura, culturas regionais,culturas perenes e temporrias, animais depequeno porte (frango, coelho, etc.) e de grandeporte (gado corte, gado leite), agroindstria e

    mecanizao. Atualmente, a escola conta com 40projetos, sendo que cada unidade executiva tem umprofessor responsvel e pode conter diferentesprojetos.

    Cada UEP administrada por umprofessor responsvel e monitores escolhidos dentreos alunos. Deve-se ressaltar que os projetos tmque ter carter eminentemente pedaggico, isto ,contribuir para a formao educacional doaluno.

  • 2. A Cooperativa-Escola

    O estatuto da Cooperativa-Escola dosAlunos da Escola Agrotcnica Federal de Inconfi-dentes Ltda. foi aprovado em 30/08/83. Seus obje-tivos so educar os alunos dentro dos princpios docooperativismo e servir de instrumento operacionaldos processos de aprendizagem, apoiar a ao edu-cativa da escola e ajudar na formao integral dotcnico agrcola; atuar na aquisio de insumos emgeral; realizar a comercializao e prestar outrosservios de convenincia dos associados. Umarepresentao esquemtica da operacionalizao daCooperativa-Escola apresentada na figura 2.

    As Unidades Educativas de Produo(UEPs) so entidades organizacionais onde sedesenvolvem os projetos educativos e de produo.Esses projetos servem para que os alunos utilizemconhecimentos adquiridos em sala de aula e tam-bm, possibilitam a gerao de novos conhecimen-tos que podero ser utilizados em sala de aula.

    A Cooperativa-Escola teria um papelqudruplo no processo:

    1. fornecer insumos e servios para as UEPs ecomercializar a produo advinda destas;

    2. possibilitar a prtica do cooperativismo para osalunos da disciplina cooperativismo e tambmrealimentar a disciplina com novos conhecimentos;

    3. comercializar a produo das UEPs e, com arespectiva receita realimentar o processo deproduo;

    4. fornecer produtos para o refeitrio da Escola.

    importante notar que existe umadisciplina denominada Cooperativismo onde osalunos so, desde o 1 ano, conscientizados sobrea importncia do cooperativismo e da Cooperativa-Escola.

    3. Descrio do sistema

    O organograma da Cooperativa-Escola deInconfidentes mostrado na figura 3. A participa-o dos alunos na Cooperativa-Escola comeaquando de sua matrcula na escola. Naquelaoportunidade, lhes oferecida a oportunidade deassociar-se cooperativa mediante o pagamento deuma pequena taxa. Alm de administrada pelosalunos, a cooperativa conta com um professorcoordenador que ocupa um cargo de confiana e

    indicado pela diretoria, trabalhando em tempointegral, e uma contadora contratada pelacooperativa que tambm trabalha em tempointegral. Deve-se ressaltar que a lei s permite acontratao de um funcionrio que neste caso, acontadora.

    A participao dos alunos se d nasseguintes funes:

    Diretoria (Presidente, Vice-Presidente, 1 e 2tesoureiros, 1 e 2 gerentes, 1 e 2 secretrios);

    Conselho Fiscal (3 membros efetivos, 3 membrossuplentes, escolhidos pela diretoria parafiscalizarem os projetos);Conselho de Representates (6 membros, represen-tando alunos de cada srie; fazem a ligao da dire-toria da cooperativa com os alunos do curso).

    Anualmente, os alunos so incentivadosa se reunirem e formarem chapas para eleio dadiretoria da cooperativa. Os membros da diretoriae do conselho fiscal so eleitos e os membros doconselho de representantes, indicados. A participa-o de todos os alunos, no entanto, incentivada,o que diminui a possibilidade de ocorrncia deilegalidades administrativas. Como todascooperativas, a Cooperativa-Escola est sujeita aauditorias externas (MEC em Braslia e OCEMGem Minas Gerais). Ela tambm associada aosistema estadual e federal de cooperativasbrasileiras. Estas associaes tm programas detreinamento para administradores de cooperativas,conselho fiscal, etc.

    A Cooperativa um instrumento impor-tante na administrao dos recursos da escola.Anualmente, o professor encarregado da SEP (Se-o de Educao e Produo), gerente da coopera-tiva, diretores e professores encarregados deprojetos se renem para definir prioridades definanciamentos dos projetos e tamanho e recursosdos mesmos. Em caso de discrdia sobre alocaode recursos, a palavra final dada pelo Diretor doDepartamento de Educao, Produo e Extenso.

    interessante notar-se que a Cooperativatem um acordo operacional com a Escola. Esta lherepassa 30% dos recursos recebidos do GovernoFederal na forma de insumos (adubos, rao, se-mentes, etc.) e a Cooperativa assume o compromis-so de fornecer alimentos de, aproximadamente, omesmo valor para o refeitrio. leo diesel, eletrici-dade, etc., a escola teria que comprar de qualquerforma e no so considerados insumos.

  • O maior problema neste sistema que aproduo encaminhada para o refeitrio no contabilizada ao preo de mercado.

    Alm do retorno na forma de alimentospara o refeitrio, a cooperativa tambm pagaalguns professores extras, auxilia na pintura ereforma da escola, etc.

    Como parte do contrato operacional equando da criao da cooperativa, foi assinado umcontrato, renovvel a cada dois anos, onde a Escolacede em comodato para a cooperativa, prdios,mquinas e equipamentos e terras. Isto facilita aoperacionalizao da produo, uma vez que acooperativa pode at mesmo trabalhar em parceriacom terceiros.

    A cooperativa procura contabilizar todosos custos de produo e acrescentar um mark-up de20% para gerar uma sobra financeira. Estas sobrasfinanceiras vo para o Fundo de AssistnciaTcnica, Educacional e Social (FATES) que ajudaem viagens, esportes, etc. Os custos de produoso calculados por cada professor individualmente,que contabiliza tudo, inclusive mo-de-obra.Entretanto, um custo irreal pois a escolageralmente cede leo diesel, eletricidade, alm dequatro funcionrios.

    Alm de comercializar a produo daescola, a Cooperativa-Escola comercializa para osalunos artigos de bazar, higiene pessoal, etc. Nestecaso, a comercializao feita ao preo corrente demercado.

    ANLISE CRTICA DO SISTEMA COOPERA-TIVA-ESCOLA

    1. Consideraes sobre o sistema

    Apesar das contnuas crises econmicas esociais do Brasil, a Cooperativa-Escola deInconfidentes tem sido capaz de sobreviver deforma lucrativa. Alm de funcionar como umacooperativa na verdadeira acepo da palavra, oenvolvimento dos alunos grande, a cooperativa rentvel e se encontra em boa situao financeira.Ela completamente auto-financiada e tempermitido Escola investir em reas que de outraforma seria impossvel; atualmente, estoinvestindo num pequeno abatedouro, laticnio enuma pequena unidade de industrializao paraprocessar pasta de alho, doces, conservas, etc.Alm disso, sobras de caixa so utilizados paraenviar alunos e professores para programas detreinamento, congressos, etc.

    A flexibilidade no uso dos recursos egerao dos mesmos tambm mantm o corpodocente e discente motivados. Eles sentem que amanuteno da qualidade do programa e o alcancede novas conquistas na escola dependemgrandemente de seu esforo. Alm disso, sobras decaixa so empregados em amenidades que motivamalunos e professores tais como antena parablica,aparelho de televiso e vdeo cassete, esportes, etc.

    Resumidamente, pode-se dizer que oprograma alcana seus objetivos, tanto na formaacadmica, porque realimenta o responsvel peladisciplina de cooperativismo com novos fatos sobreadministrao de uma empresa real, quanto naaplicao prtica dos ensinamentos decooperativismo aprendidos em classe.

    Existem alguns poucos pontos fracos dosistema que merecem ser salientados e comentados:

    - as atividades de uma escola no visamprimordialmente o lucro, tendo-se que buscar umbalanceamento entre educao e prtica, o que svezes impede o aproveitamento total do potencialda cooperativa. Assim, por exemplo, uma certaatividade pode ter maior potencial lucrativo, mascomo os alunos tm por necessidade curricular queacompanhar outras culturas, isto pode prejudicar alucratividade da cooperativa.

    - os professores so responsveis pelo andamentode seus projetos, mas, paradoxalmente, eles serocriticados pelas perdas, mas no sero recompensa-dos por eventuais ganhos excedentes. Como asatividades de produo envolvem muito empenhodos professores, isto s vezes, lhes resulta em certoprejuzo pessoal. Fica, ento, a questo sobre atonde eles estaro dispostos a arcar com estesprejuzos pessoais.

    - muito complicada a coordenao entre ativida-des de aula e as atividades de campo, inclusive noque diz respeito administrao da cooperativa;

    - apesar do intuito motivador de aprendizado, acooperativa no funciona realmente como umacooperativa porque: (a) a responsabilidade e aautoridade dos alunos na administrao dacooperativa limitada; (b) existem limitaes nadelegao de autoridade para os alunos; porexemplo, alunos menores de 18 anos no podempreencher notas de vendas; (c) clara e ntida ainfluncia do professor coordenador naadministrao da cooperativa; (d) certas atividades

  • produtivas, mesmo que no sejam as maislucrativas, tm que ser financiadas pela cooperativaporque fazem parte do programa de aprendizadodos alunos; (e) no existe uma cobrana dosassociados no sentido da cooperativa operar nomximo de eficincia econmica.

    - existe muito poder nas mos do professorcoordenador da cooperativa;

    2. Anlise crtica do sistema

    seguir, destacam-se alguns pontos queao nosso ver favorecem o bom funcionamento daCooperativa-Escola na Escola Agrotcnica Federalde Inconfidentes:

    - a estrutura organizacional da escola complexaporm muito boa, permitindo que todos osparticipantes compreendam suas funes e asinterrelaes dentro da estrutura. Sem dvidanenhuma, grande parte do mrito pode serdestinado ao atual diretor, que soube identificarpessoas, delegar responsabilidades e cobrarresultados;

    - apesar de no haver uma descrio por escrito dasfunes de cada elemento dentro do sistema,professores, alunos e funcionrios conhecem suasobrigaes;

    - o processo de planejamento tambm bom umavez que leva em considerao, dentro dos limitesditados pelas necessidades de aprendizagem, opossvel retorno financeiro de cada atividadeagropecuria. Tambm, os cooperados tm aoportunidade de opinar sobre as atividades quesero desenvolvidas pela cooperativa;

    - h um esforo constante da administrao daescola no sentido de identificar e desenvolver novaslideranas entre os alunos;

    - existe um bom fluxo de informaes entre aadministrao da escola e os alunos, de forma queeles sabem o que se est fazendo para alcanar osobjetivos planejados;

    - os alunos sentem pessoalmente os benefcios dacooperativa;

    - h a preocupao de que o trabalho dos alunosno seja explorado; isto , eles tm atividades para

    desempenhar, mas isto no pode comprometer oaspecto educacional;

    - o processo constantemente avaliado, sendo queanualmente novas culturas ou atividades soadicionadas ou retiradas, etc.;

    - atravs de reunies entre responsveis pelosprojetos, cooperativa e diretoria da escola, procura-se chegar a um concenso sobre as atividades quedevem ser executadas com os recursos dacooperativa;

    - as decises so tomadas com base nos recursosexistentes e projees para novos recursos;

    - membros da diretoria da cooperativa sentem queso parte importante do processo de deciso.

    SUGESTES PARA OUTRAS ESCOLAS

    Praticamente, todos os procedimentosvistos nesta Escola podem ser recomendados paraoutras escolas desejosas de implantar o sistema deCooperativa-Escola. Deve-se destacar, porm, asqualidades administrativas da diretoria da escola,que esteve disposta a ceder poder para professores,funcionrios e alunos e a acatar suas sugestes. Deum modo geral, deve-se destacar a necessidade de:

    (a) boa organizao estrutural, com funcionrios eprofessores bem motivados;

    (b) coordenar muito bem as atividades de campocom as atividades desenvolvidas na sala deaula;

    (c) discutir e prioritizar a alocao de recursosgerados pela cooperativa entre os diferentesprojetos;

    (d) os membros da diretoria da cooperativaprecisam conhecer suas funes, ser treinados e

    .receber orientao, ter autoridade eresponsabilidade;

    (e) preciso que haja um sistema que coordene adiscusses e tenha autoridade para decidir sobre aalocao de recursos;

    (f) preciso que se faa a real contabilidade decustos e de transferncia de recursos da escola paraa Cooperativa-Escola;

  • (g) a administrao da cooperativa, incluindo oprofessor orientador, precisa ser constantementeavaliada;

    (h) preciso que haja flexibilidade na alocao dosrecursos, podendo os mesmos serem transferidosentre atividades e de acordo com as necessidadesde caixa;

    (h) as pessoas envolvidas no processo precisamsaber o que e porque as coisas esto acontecendo.

    Finalmente, preciso salientar-se que aimportncia da cooperativa no se esgota na meraatividade de gerenciadora de recursos. Mesmo queesta necessidade venha a desaparecer, ainda ficaro importante papel de desenvolvimento deresponsabilidade, liderana e da disseminao dosideais do cooperativismo.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICASBRASIL. Ministrio da Educao e Cultura. Educao

    Agrcola, 2 grau, linhas norteadoras. Braslia:COAGRI, 1984a.

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    BRASIL. Ministrio da Educao e Cultura. Diretrizes defuncionamento de uma escola agrotcnica federal.Braslia: COAGRI, 1985. (Srie Ensino Agrotcnico,1).

    DOMICIANO, C.S. A cooperativa-escola e suaimportncia no sistema escola-fazenda. Machado:1991.

    ESCOLA AGROTCNICA FEDERAL DE INCONFI-DENTES. Estatuto da Cooperativa Educacional daE.A.F. de Inconfidentes. Inconfidentes, 1983.

    ESCOLA AGROTCNICA FEDERAL DE INCONFI-DENTES. Regimento interno. Inconfidentes, s.d.

    Enviado para publicao em 08.03.93Aceito para publicao em 12.05.93