Cooperativa Cooesperança Projeto Esperança, Santa Maria

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1 COOPERATIVA COOESPERANÇA/PROJETO ESPERANÇA, SANTA MARIA, RS: UMA ESTRATÉGIA DE PERMANÊNCIA NO MEIO RURAL Kelly Perlin Cassol Universidade Federal de Santa Maria [email protected] João Silvano Zanon Universidade Federal de Santa Maria [email protected] Valquíria Conti Universidade Federal de Santa Maria [email protected] Carmen Rejane Flores Wizniewsky Universidade Federal de Santa Maria [email protected] Resumo O caso dos agricultores familiares integrantes do Projeto Esperança e associados à cooperativa Cooesperança, e sua relação com a economia solidária é o centro de interesse deste trabalho, que objetiva compreender como as famílias de agricultores familiares, associados à cooperativa Cooesperança desenvolvem suas atividades produtivas e como estas se inserem na perspectiva da economia solidária, suas relações com a produção e comercialização e suas condições de vida, são os pontos a serem analisados. Destaca-se a economia solidária, como uma forma de permanência e resistência da agricultura familiar, à medida que proporciona a sociedade produtos de melhor qualidade e com preços acessíveis. Palavras-chave: Agricultura familiar. Cooperação. Economia solidária. Inclusão social. Introdução Vive-se em uma sociedade fortemente marcada pelo capital e pela exploração dos recursos naturais, onde as questões sociais não encontram muito espaço e as massas de pessoas excluídas social e economicamente só cresce. A permanência dos agricultores familiares no campo tem sido bastante dificultada devido à introdução de diversas tecnologias, que visam acelerar o processo produtivo, mas acabam por excluir uma grande parcela de trabalhadores menos favorecidos economicamente. Para tanto, buscam-se alternativas como o Projeto Esperança ao qual a cooperativa Cooesperança

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    COOPERATIVA COOESPERANA/PROJETO ESPERANA, SANTA MARIA, RS: UMA ESTRATGIA DE PERMANNCIA NO MEIO RURAL

    Kelly Perlin Cassol Universidade Federal de Santa Maria

    [email protected]

    Joo Silvano Zanon Universidade Federal de Santa Maria

    [email protected]

    Valquria Conti Universidade Federal de Santa Maria

    [email protected]

    Carmen Rejane Flores Wizniewsky Universidade Federal de Santa Maria

    [email protected]

    Resumo O caso dos agricultores familiares integrantes do Projeto Esperana e associados cooperativa Cooesperana, e sua relao com a economia solidria o centro de interesse deste trabalho, que objetiva compreender como as famlias de agricultores familiares, associados cooperativa Cooesperana desenvolvem suas atividades produtivas e como estas se inserem na perspectiva da economia solidria, suas relaes com a produo e comercializao e suas condies de vida, so os pontos a serem analisados. Destaca-se a economia solidria, como uma forma de permanncia e resistncia da agricultura familiar, medida que proporciona a sociedade produtos de melhor qualidade e com preos acessveis. Palavras-chave: Agricultura familiar. Cooperao. Economia solidria. Incluso social. Introduo Vive-se em uma sociedade fortemente marcada pelo capital e pela explorao dos

    recursos naturais, onde as questes sociais no encontram muito espao e as massas de

    pessoas excludas social e economicamente s cresce. A permanncia dos agricultores

    familiares no campo tem sido bastante dificultada devido introduo de diversas

    tecnologias, que visam acelerar o processo produtivo, mas acabam por excluir uma

    grande parcela de trabalhadores menos favorecidos economicamente. Para tanto,

    buscam-se alternativas como o Projeto Esperana ao qual a cooperativa Cooesperana

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    est vinculada. O Projeto Esperana uma das entidades de destaque em relao ao

    tema na perspectiva da economia solidria.

    Os cooperadores da Cooesperana buscaram esta alternativa de vida, para manter-se no

    campo, pois a agricultura comercial utiliza insumos agrcolas e mecanizao pesada, o

    que gera altos custos para a produo alm de degradar o meio ambiente e reduzir as

    reas produtivas. Devido a isso tambm se buscou alternativas agroecolgicas que

    visam um equilbrio socioambiental no contexto da agricultura familiar.

    Portanto, este trabalho trata de uma pesquisa cujo objetivo central analisar a

    organizao produtiva e alguns aspectos socioeconmicos dos agricultores familiares

    associados ao Projeto Esperana, participantes da cooperativa Cooesperana, de Santa

    Maria, RS, no mbito da Economia Solidria.

    No que se refere ao aspecto metodolgico, a pesquisa tem seu desenvolvimento baseado

    em uma abordagem qualitativa, mais precisamente ao estudo de caso dos agricultores

    familiares associados ao Projeto Esperana/ Cooesperana do municpio de Santa

    Maria, RS, e sua relao com a Economia Solidria. Para isso foram aplicados

    instrumentos qualitativos, com a utilizao de entrevistas semi-estruturadas aplicadas a

    cinco agricultores familiares (informantes qualificados) da regio central do Rio Grande

    do Sul, e associados da Cooesperana.

    A reviso de literatura, realizada visa fornecer o aparato terico a respeito do tema, e a

    base que contm as informaes necessrias ao entendimento do assunto, com destaque

    neste caso para a agricultura familiar, o cooperativismo e a economia solidria.

    Algumas Definies Acerca da Agricultura Familiar A preocupao com a agricultura familiar vem crescendo no Brasil nos ltimos anos.

    Primeiramente devido a sua importncia, indispensvel para a produo de alimentos

    bsicos. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) destaca que 70% dos

    estabelecimentos agrcolas em nosso pas, so do tipo familiar e respondem a 75% da

    produo de alimentos. Soma-se a estas caractersticas o fato de empregar mais de 80%

    da fora de trabalho ocupada no meio rural, sendo assim, este segmento indispensvel

    para a fixao da populao rural. O termo agricultura familiar, est sendo atualmente

    muito recorrente para se referir a empreendimentos de pequeno e mdio porte que de

    alguma forma se vinculam com as proposies de poltica de governo em apoiar

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    atividades rurais desvinculadas e/ou em transformao do modo produtivo convencional

    para um que valorize a ecologia.

    Para Organizao das Naes Unidas para Agricultura e Alimentao (FAO) e para o

    Instituto Nacional de Reforma Agrria (INCRA) so trs as caractersticas que definem

    a agricultura familiar no Brasil, que so: 1) a gesto da unidade produtiva e os

    investimentos nela realizados so executados por indivduos que mantm laos de

    parentesco ou matrimnio; 2) a maior parte do trabalho igualmente proporcionando

    pelos membros da famlia; 3) as propriedades dos meios de produo pertencem a

    famlia. Sendo assim a agricultura familiar gerenciada pelos membros da famlia, que

    por sua vez traa os objetivos e as aes em busca de sua reproduo social e econmica

    no meio rural. Segundo Spanevello (2008, p.35) a tentativa de ampliar o debate e

    mesmo a construo de um conceito referente agricultura familiar torna-se uma tarefa

    complexa dada a diversidade social e econmica vividas pelos agricultores nas diversas

    regies brasileiras (decorrentes das distintas etnias, das formas de trabalho agrcolas e

    no agrcolas, das relaes sociais entre os membros e com os demais agricultores das

    comunidades rurais, das condies econmicas e produtivas). Neste sentido, a produo

    familiar um mundo diferente, formado por elementos com caractersticas prprias e

    capaz de estabelecer um padro de relaes sociais distintas do restante da sociedade. A

    produo familiar auto-suficiente em sua organizao interna e se define em funo do

    consumo, da produo e tambm do grau de sociabilidade e ajuda econmica mtua dos

    membros da famlia.

    A expresso agricultura familiar usada por alguns autores para explicar o processo de

    diversificao do trabalho que ocorre dentro das unidades familiares de produo. De

    acordo com Schneider (2006) a agricultura familiar responsvel principalmente pela

    produo de alimentos. Alm disso, observa-se a agricultura familiar como geradora de

    empregos favorecendo o processo de acumulao do capital, e se apresentando hoje

    como um setor multifuncional, porm a mesma no deve ser analisada somente pela sua

    eficincia produtiva, mas tambm pela sua contribuio preservao ambiental e a

    dinamizao do espao rural.

    Tendo em vista as diversas formas de contribuio da agricultura familiar para o

    desenvolvimento da sociedade sob todos os aspectos e a complexidade que envolve o

    tema, pode-se inferir que existe a necessidade de um maior reconhecimento, tanto por

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    parte dos governos quanto da prpria sociedade em relao valorizao da agricultura

    familiar, bem como um maior incentivo ao desenvolvimento das atividades da mesma,

    pois a agricultura familiar desempenha um papel fundamental dentro da organizao de

    uma sociedade, especialmente em pases como o Brasil, onde as relaes sociais

    apresentam um alto grau de excluso social e requer cada vez mais de alternativas de

    gerao de renda e de incluso das camadas menos favorecidas sociedade.

    Cooperativismo e Cooperativas: uma breve conceituao A cooperao tem origem nos primrdios da humanidade, quando o homem percebeu a

    necessidade de viver em grupos para caar, se defender e cultivar, estando sempre

    associada s lutas pela sobrevivncia, e posteriormente s mudanas e crises

    econmicas. Com o advento da industrializao, ela organizou-se de modo a buscar

    alternativas para enfrentar as condies precrias de trabalho decorrentes do sistema

    econmico capitalista de livre concorrncia, e atualmente busca o desenvolvimento

    econmico e social atravs de grupos estruturados e visando minimizar as altas taxas de

    excluso social e desemprego que assombram nossa sociedade, em funo da estrutura

    conjuntural do sistema capitalista vigente.

    Cooperativismo, de acordo com Brezolin (1988), consiste na filosofia da busca do

    social atravs do econmico, com o objetivo de resolver os interesses comuns com base

    na participao efetiva dos indivduos que integram esse processo. Estes indivduos, os

    cooperativados, so os verdadeiros responsveis pela sustentao terica e prtica do

    cooperativismo.

    A cooperativa considerada por muitos uma sociedade de pessoas, organizadas em

    bases essencialmente democrticas, que visam no s o suprimento de necessidades,

    impostas pelo mercado, como bens e servios, mas tambm, buscam realizar

    determinados programas educativos e sociais que sejam formadores para a cooperativa e

    para a sociedade. Em alguns casos o cooperativismo passa a ser uma alternativa,

    principalmente aquele voltado a atender ou representar a pequena produo, visando a

    soluo para inmeros problemas inerentes a escala de produo capitalista, verificada

    no atual sistema econmico.

    O cooperativismo no Brasil, para Rios (1989), surge como uma promoo das elites

    (econmicas e polticas) numa economia predominantemente agro-exportadora. No se

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    trata de um movimento vindo de baixo, como foi o caso europeu, mas sim imposto de

    cima, descaracterizando um movimento social de conquista e enfatizando uma poltica

    de controle social e de interveno estatal. Aqui o cooperativismo localiza-se

    principalmente no meio rural, opondo-se mais uma vez ao movimento cooperativista

    europeu, que teve sua maior expresso urbana.

    O cooperativismo brasileiro, segundo Ped (2007), vem sofrendo fortes mudanas

    devido a fatos polticos, culturais, jurdicos e socioeconmicos, alm de transformaes

    que causam impactos estruturais em razo das transformaes ocorridas no cenrio

    mundial, especialmente no incio do sculo XXI. Pode-se citar mudanas estruturais no

    Brasil, como por exemplo, o desconhecimento da Organizao das Cooperativas

    Brasileiras (OCB), como rgo tcnico do governo-consultivo e representante do

    sistema de cooperativismo brasileiro tanto pelas cooperativas das chamadas vertentes

    sindicais quanto as de economia solidria.

    As caractersticas bsicas da organizao cooperativa so: a igualdade de direitos dos

    associados, a solidariedade e a gesto participativa. No entanto, a distribuio de tarefas

    introduz elementos de hierarquizao entre os associados. No Brasil h inmeros casos

    de setores que passaram a atuar por conta prpria, aliados em torno dos ideais

    cooperativistas.

    Muitas pessoas podem no perceber, mas no dia-a-dia usam servios e produtos que tm

    como origem as cooperativas. Num pas como o Brasil, carente de empregos, que

    precisa crescer a uma mdia alta para permitir a colocao e a recolocao de

    profissionais no mercado de trabalho, estimular o cooperativismo deveria ser uma

    grande opo para acelerar o desenvolvimento.

    Economia Solidria Com a supremacia do sistema capitalista de produo e suas prticas neoliberais, ocorre

    excluso de grande nmero de trabalhadores do mercado, o que requer o surgimento de

    formas alternativas de economia, como um novo cooperativismo, muito mais prximo

    de suas origens histricas. Novas formas institucionais de autogesto so criadas e

    passam a ser conhecidas como Economia Solidria". A Economia Solidria surge

    como uma das alternativas pobreza e questo social. Ainda que as pesquisas na rea

    no sejam vultosas, j possvel conceituar esse novo campo de conhecimento, ainda

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    que na literatura, o tema no esteja sendo totalmente contemplado e nem mesmo haja

    um consenso dentre os autores a respeito do tema.

    No mbito do Sistema Nacional de Informao em Economia Solidria (SIES), a

    Economia Solidria compreendida como o conjunto de atividades econmicas de

    produo, distribuio, consumo, poupana e crdito, organizadas e realizadas

    solidariamente por trabalhadores e trabalhadoras sob a forma coletiva e autogestionria.

    Nesse conjunto de atividades e formas de organizao destacam-se, segundo o SIES,

    quatro importantes caractersticas: cooperao, autogesto, viabilidade econmica e

    solidariedade.

    Alm disso, a Economia Solidria possui uma finalidade multidimensional, isto ,

    envolve a dimenso social, econmica, poltica, ecolgica e cultural. Isto porque, alm

    da viso econmica de gerao de trabalho e renda, as experincias de Economia

    Solidria se projetam no espao pblico, no qual esto inseridas, tendo como

    perspectiva a construo de um ambiente socialmente justo e sustentvel.

    Singer (1999) entende a economia solidria como um conjunto de experincias coletivas

    de trabalho, de produo, de comercializao e de crdito, organizados por princpios

    solidrios, que se apresentam sob diversas formas: cooperativas, associaes de

    produtores, empresas autogestionrias, bancos comunitrios, clubes de trocas, bancos do

    povo e diversas organizaes populares urbanas e rurais. Estas desenvolvem

    principalmente atividades econmicas como: plantio, beneficiamento e comercializao

    de produtos primrios, prestao de servios, confeces, alimentos, artesanatos, entre

    outras. Ainda sob o ponto de vista econmico, a economia solidria no uma

    ideologia, mas uma sada possvel, uma esperana de desafogo para a atual situao de

    excluso social.

    No Brasil, o crescimento da Economia Solidria, est cada vez mais se orientando rumo

    a uma articulao nacional, configurando redes locais e uma plataforma comum. Um

    salto considervel se d a partir das vrias edies do Frum Social Mundial, espao

    privilegiado onde diferentes atores, entidades, iniciativas e empreendimentos puderam

    construir uma integrao.

    Os empreendimentos solidrios abrangem as diversas formas concretas de manifestao

    na Economia Solidria, que so de uma riqueza e diversidade considerveis. Como

    exemplos de empreendimentos solidrios temos: cooperativas, associaes populares e

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    grupos informais (de produo, de servios, de consumo, de comercializao e de

    crdito solidrio, nos mbitos rural e urbano); empresas recuperadas de autogesto

    (antigas empresas capitalistas falidas recuperadas pelos trabalhadores); agricultores

    familiares; fundos solidrios e rotativos de crdito (organizados sob diversas formas

    jurdicas e tambm informalmente); clubes e grupos de trocas solidrias (com ou sem o

    uso de moeda social, ou moeda comunitria); redes e articulaes de comercializao e

    de cadeias produtivas solidrias; lojas de comrcio justo; agncias de turismo solidrio;

    entre outras.

    O Projeto Esperana e a Cooperativa Cooesperana1 O Projeto Esperana um dos Setores do Banco da Esperana da Diocese de Santa

    Maria, integrado com a Critas Regional, RS (Confederao Humanitria da Igreja

    Catlica). A ideia inicial surgiu do estudo do livro: A Pobreza e a Riqueza Dos Povos

    do autor africano Albert Tvodjer, tal estudo iniciou em 1982 e, em 1985 foram

    criados os primeiros Projetos Alternativos Comunitrios (PACs). O Projeto Esperana

    foi criado em 15 de agosto de 1987, com o objetivo de proporcionar a articulao e

    congregao de experincias de Economia Popular Solidria (EPS), no meio urbano e

    rural e na prestao de servios autogestionrios na regio central do estado.

    O Projeto Esperana vem construindo o associativismo, o trabalho, a solidariedade, a

    cidadania, um novo modelo de cooperativismo autogestionrio, a Economia Popular

    Solidria e a incluso social, atravs de alternativas concretas de radicalizao da

    democracia, do desenvolvimento humano solidrio e sustentvel e a reinveno da

    economia, que coloca o trabalho acima do capital, formando sujeitos para o pleno

    exerccio da cidadania e incluso social, com dignidade e trabalho.

    A Cooesperana a Cooperativa Mista de Pequenos Produtores Rurais e Urbanos

    vinculados ao Projeto Esperana. uma central que congrega e articula os grupos

    organizados da regio central do estado do Rio Grande do Sul e viabiliza a

    comercializao direta dos produtos originrios dos empreendimentos solidrios do

    campo na cidade e que fortalecem juntos, com todos os grupos, um novo modelo de

    cooperativismo.

    A cooperativa foi fundada em 29 de setembro de 1989, e tem trabalhado desde ento

    juntamente com o Projeto Esperana na busca da articulao dos empreendimentos

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    solidrios da regio central do Rio Grande do Sul, dentro de uma proposta alternativa,

    solidria, transformadora, autogestionria e do desenvolvimento sustentvel.

    Os principais eixos que o Projeto Esperana/Cooesperana trabalha atualmente, de

    acordo com o site do projeto, so: a organizao, a formao dos agricultores, a

    agroindstria familiar, a agricultura familiar agroecolgica, o trabalho dos catadores

    (as), o artesanato e confeco, a economia popular solidria, a comercializao direta, a

    reforma agrria, o consumo justo, tico e solidrio, o tabaco zero, o resgate das

    sementes crioulas, as polticas pblicas, sempre com a certeza de que outro mundo

    possvel.

    Um dos eixos de destaque do projeto consiste na Agricultura Familiar Agroecolgica,

    que trabalha junto aos agricultores familiares associados, formas alternativas de

    produo, enfatizando tcnicas de plantio e manejo sustentveis. Produzir produtos

    orgnicos e de boa qualidade um dos principais objetivos deste eixo da cooperativa,

    onde os grupos associados so os responsveis por todo o processo de produo

    contando sempre com o auxlio do projeto, que atua na parte da formao agroecolgica

    em parceria com outras entidades ligadas ao tema.

    A agricultura familiar e a agroecologia so pontos de grande atuao do projeto desde

    sua criao. A agroecologia trabalhada como processo de transio, investindo

    especialmente na conscientizao dos agricultores e consumidores. O trabalho

    desenvolvido junto aos agricultores familiares associados ao projeto se d de forma a

    estabelecer processos educativos na perspectiva de alcanar a conscientizao e a

    motivao para o exerccio da agricultura agroecolgica, apostando que a agricultura

    familiar o caminho para erradicar a fome e a misria no Brasil.

    Projeto Esperana/Cooesperana, que congrega 30 municpios, possui em torno de

    4.500 famlias associadas, em 230 grupos e que somam mais de 20 mil pessoas

    formando um pblico muito grande nas diferentes reas. O Projeto Esperana tambm

    possui mais de 40 espaos fixos de comercializao direta nos diversos grupos nos

    municpios da regio. Sendo que o ponto de articulao e integrao o Terminal de

    Comercializao Direta, hoje denominado Centro de Referncia de Economia Solidria

    Dom Ivo Lorscheiter, localizado no municpio de Santa Maria, RS, onde se do as

    trocas de experincias e de produtos, todos os sbados no conhecido Feiro Colonial

    Semanal.

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    A agricultura familiar um importante ramo no mbito da economia solidria, como

    uma alternativa de incluso social e de manuteno de famlias no campo, evitando

    assim as diversas consequncias do xodo rural. Dentro da Cooesperana, a agricultura

    familiar agroecolgica um dos setores de destaque, possuindo centenas de famlias

    associadas e organizadas em grupos de trabalho que hoje esto inseridas no mercado

    produtivo atravs do trabalho solidrio junto a cooperativa, desenvolvendo todo o

    processo produtivo, desde a produo propriamente dita at a comercializao de seus

    produtos nos pontos de comercializao do projeto.

    O Projeto Esperana/Cooesperana um dos maiores projetos do pas em relao ao

    desenvolvimento da economia solidria como um meio eficiente de incluso social,

    valorizando o comrcio justo, tico e solidrio, a agricultura familiar e a produo

    ecolgica. Ainda uma entidade atuante, em todas as escalas, na organizao e

    articulao dos movimentos referentes economia solidria, sendo a principal

    responsvel pela Feira Internacional de Economia Solidria, caracterizada por ser um

    dos maiores eventos da Amrica Latina na rea, alm de atuar na criao das polticas

    pblicas referentes ao setor. Sendo assim o projeto representa um grande avano da

    economia solidria e uma importante entidade dentro do municpio de Santa Maria, RS.

    Os Agricultores Familiares Associados ao Projeto Esperana/Cooesperana e sua Relao com a Economia Solidria Em julho de 2011, durante a 7 Edio da Feira do Mercosul e 18 Feira Estadual do

    Cooperativismo Alternativo, realizada no municpio de Santa Maria, RS, foram realizadas

    as entrevistas que deram origem a este trabalho. O referido evento conta com a participao

    de 435 municpios, de 27 Estados do Brasil e 15 pases (Amrica Latina, Europa e frica).

    Os cinco produtores selecionados para entrevista so de municpios prximos a Santa

    Maria, RS. A escolha dos mesmos se fez em razo destes participarem do Projeto

    Esperana/Cooesperana no municpio, alm de participar todos os sbados do feiro

    semanal no Centro de Referncia de Economia Solidria Dom Ivo Lorscheiter, tambm

    localizado em Santa Maria, RS, onde comercializam grande parte de sua produo.

    As entrevistas realizadas com os produtores participantes do projeto

    Esperana/Cooesperana visam compreender a necessidade dos mesmos na busca por

    alternativas para um desenvolvimento urbano e rural sustentvel, para a construo de

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    uma sociedade justa, economicamente vivel, ambientalmente sadia, organizadamente

    cooperativada e politicamente democrtica. Dentre as questes que nortearam as

    entrevistas busca-se tambm verificar o que levou os agricultores a associar-se a uma

    cooperativa, e quais vantagens os mesmos vem nessa forma de organizao.

    De uma forma geral, durante as entrevistas, pode-se observar que todos os agricultores

    entrevistados, buscaram se associar cooperativa principalmente pelo fato de melhorar

    suas vendas, e consequentemente sua renda. A aproximao com a Cooesperana se d

    tambm devido a busca de mercado diferenciado para a comercializao dos produtos,

    uma vez que um dos objetivos do projeto Esperana/Cooesperana a articulao dos

    produtores e consumidores para motivar o comrcio justo e o consumo tico e solidrio

    atravs de pontos de comercializao direta dos municpios da regio centro do estado

    do Rio Grande do Sul.

    Grande parte da produo proveniente da agricultura familiar comercializada no feiro

    semanal do Centro de Referncia de Economia Solidria Dom Ivo Lorscheiter, e o

    restante, cada grupo ou cada famlia separadamente, escolhe a forma e o local de venda

    adequados a sua necessidade. Os pontos de venda desta parte da produo so os

    demais pontos da Teia Esperana, ou at mesmo pontos fora da economia solidria ou

    nas propriedades dos agricultores, conforme a escolha dos agricultores ou do grupo.

    Os produtos comercializados, so cultivados pela maioria dos produtores de forma

    orgnica, ou fazendo o menor uso possvel de agrotxicos e insumos qumicos. Outro

    ponto de grande importncia a preocupao demonstrada pelos entrevistados em

    relao a sustentabilidade da produo, onde todos demonstraram preocupao em

    utilizar tcnicas de plantio que no agridam o meio ambiente visando a preservao do

    mesmo. Os principais produtos que so comercializados pelos agricultores familiares

    entrevistados so os hortigranjeiros, frutas, produtos agroindustriais, principalmente

    derivados do leite, como por exemplo, queijo e doce-de-leite, derivados da cana-de-

    aucar, como melado, acar mascavo e rapaduras, alm de gelias e ovos.

    A aceitao dos produtos comercializados, na opinio dos agricultores muito boa, pois

    os consumidores da economia solidria procuram os produtos pela qualidade, na forma de

    produo e preparo. A forma de produo orgnica proporciona um melhor sabor aos

    produtos e no causa danos sade, e assim demonstra uma qualidade superior dos

    produtos comercializados na cooperativa, em relao aos produtos comercializados no

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    mercado convencional. A garantia na oferta de produtos frescos, de qualidade e sem o uso

    abusivo de produtos qumicos, usando apenas os produtos necessrios para realizar a

    correo do solo e garantir a produo, determinante na qualificao destes produtos. A

    produo orgnica, de acordo com Schimaichel (2007) se enquadra no que se entende por

    modelo de produo alternativo de alimentos e insumos. Schimaichel (2007) destaca que:

    O sistema de produo orgnico considerado uma forma de manejo sustentvel do meio ambiente, devido a suas prticas levar em considerao a promoo da qualidade ambiental, a no utilizao de compostos sintticos (agrotxicos e fertilizantes), componentes que causam desequilbrios e so agressivos ao meio ambiente. Os produtores orgnicos ocupam uma posio de crescimento dentro do quadro da produo mundial de alimentos e seus produtos so extremamente procurados, devido conscientizao dos consumidores nas ltimas dcadas. Obviamente, quando se considera o setor produtivo como um todo, os produtores orgnicos so considerados uma minoria ainda pouco significativa no contexto do agronegcio. (SCHIMAICHEL 2007, p.2).

    A no dependncia ou a diminuio da dependncia de insumos externos de acordo com

    Schimaichel (2007), aliados melhoria da qualidade do solo gerada pelas prticas

    orgnicas, qualifica a agricultura orgnica como sustentvel, dando ao pequeno produtor

    condies de produzir a um custo menor. Essa diminuio do impacto ambiental e da

    despesa do produtor, para Darolt (2002) capaz de proporcionar melhoria na renda

    familiar e conseqentemente na qualidade de vida do agricultor.

    Em relao ao significado de cooperativa os agricultores associados a Cooesperana o

    vem de diferentes formas. Para alguns ela sinnimo de democracia e unio de

    pessoas, o que vem de encontro com o que descreve Zanluca (2011), no Manual de

    Sociedades Cooperativas, onde destaca que cooperativa uma associao de pessoas

    com interesses comuns, economicamente organizada de forma democrtica, e contando

    com a participao livre de todos, prestando servios sem fins lucrativos. Porm, alguns

    associados entrevistados acreditam que ultimamente no o que esta ocorrendo na

    cooperativa da qual participam, pois existem interesses diversos dentro da mesma e

    apenas alguns so privilegiados, mas de uma forma geral o projeto

    Esperana/Cooesperana est conseguindo ajudar muitos produtores a ter mais sucesso

    em suas vendas, principalmente na venda de produtos orgnicos e, outro ponto a ser

    destacado que o projeto est unindo os produtores cada vez mais.

    Quanto ao significado das mudanas na qualidade de vida dos agricultores associados e

    suas famlias aps o ingresso na economia solidria, as respostas foram positivas em

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    relao a melhorias na qualidade de vida das famlias associadas, como exemplos,

    temos, aumento de convvio social, devido a encontros e reunies realizadas, aumento

    da produo, facilidade de venda dos produtos, aumento da renda mensal, lazer,

    segurana, alternativas de produo, maior aceitao dos produtos e a conquista de

    novas amizades, estas so as principais melhorias citadas. Um ponto que merece

    destaque a valorizao do conhecimento por parte dos agricultores associados ao

    projeto, pois estes demonstram interesse em aprofundar seus conhecimentos e valorizam

    muito as reunies dos associados do grupo para a realizao dos estudos referentes s

    formas de produo ecolgicas e demais assuntos.

    Ao serem questionados sobre ter filhos, e a possibilidade destes continuarem no meio

    rural, os entrevistados, foram unanimes em afirmar que incentivam seus filhos a estudar e

    buscar outras alternativas de trabalho que no estejam ligadas a vida no campo. Este fato

    se deve, muitas vezes a falta de incentivos s atividades no meio rural, a desvalorizao

    dos produtos, entre outros fatores. O PRONAF ( Programa Nacional de Fortalecimento da

    Agricultura Familiar) apresenta uma linha de crdito destinada aos jovens rurais, porm

    est medida no suficiente para manter grande parte dos jovens no meio rural, e ainda de

    acordo com Castro (2009, p. 6) a juventude rural no se apresenta como foco prioritrio

    para as polticas pblicas de juventude. Isto leva, ento, muitos filhos de agricultores a

    buscar uma nova vida no meio urbano, escolha esta, que est fundamentada em distintas

    razes, entre as quais, de acordo com Brumer e Spanevello (2008), podemos citar a

    penosidade do trabalho agrcola e a questo de renda. A questo da renda , segundo os

    entrevistados, o fator de maior relevancia, uma vez que a renda no meio rural sofre muitas

    variaes de acordo com mercado e tambm com as mudanas climticas.

    Quando indagados sobre os problemas enfrentados antes do ingresso na economia

    solidria, os agricultores argumentaram que os principais problemas eram o preo baixo

    de seus produtos no mercado convencional e o isolamento social das famlias, que

    ficavam muito tempo trabalhando em suas propriedades sem terem convvio com outras

    pessoas. Atualmente, os entrevistados destacam que os maiores problemas que tem

    enfrentado so os problemas climticos, como por exemplo as geadas no inverno e as secas. O

    fato de no fazer uso de agroqumicos tambm tem consequencias na produo, pois as plantas

    so muito vulnerveis a ataques de insetos e pragas, e muitas vezes h grandes perdas na

    produo. Um ponto de extrema importancia destacado pelos entrevistados o uso indevido do

    selo orgnico, pois muitos utilizam agrotxicos na produo e comercializam seus produtos

  • 13

    como orgnicos juntamente com o restante dos produtores da feira. A falta de assistncia tcnica

    tambm visto como uma deficiencia pelos agricultores entrevistados.

    Por fim, quando questionados sobre as perspectivas futuras os agricultores que

    participam do projeto Esperana/Cooesperana afirmam ter o desejo de diversificar e

    ampliar a produo de alimentos orgnicos, objetivando assim uma maior renda e

    melhor qualidade de vida. Um ponto de destaque entre as perspectivas futuras o desejo

    de parar com o plantio de fumo e arroz. O desejo de parar com o plantio de fumo e arroz

    est associado ao seu elevado custo de produo e baixo preo na comercializao, alm

    disso as duas culturas fazem uso de grande quantidade de agrotxicos, o que dentre

    outros danos leva a autocontaminao dos produtores, acarretando assim muitos

    problemas de sade. Aqui nota-se novamente a preocupao com o meio ambiente e

    com a qualidade de vida dos prpios agricultores e tambm dos consumidores.

    Consideraes Finais Como resultado desta pesquisa obteve-se informaes sobre as formas de produo e

    comercializao da agricultura familiar no mbito da economia solidria, vale destacar

    os impactos positivos que a economia solidria proporcionou na vida das famlias de

    agricultores associados ao Projeto Esperana/Cooesperana, com destaque para o

    aumento de convvio social, os estudos realizados, os encontros e as reunies realizadas,

    o aumento da produo, a facilidade de venda dos produtos, o aumento da renda mensal,

    as alternativas de produo, a maior aceitao dos produtos e a conquista de novas

    amizades so os principais pontos valorizados pelos agricultores familiares associados a

    cooperativa. Outro ponto de grande importncia a relao mantida entre os associados

    com a forma de produo e consumo solidrio, onde ocorre uma transformao na

    forma de pensar das pessoas envolvidas, passando gradativamente do individualismo

    para as formas coletivas de organizao. Este novo setor do conhecimento

    caracterizado por ser uma nova forma de produo desatrelada do mercado

    convencional, onde a busca pela incluso social seu maior objetivo, esta forma de

    produo visa fornecer alternativas ao desemprego, busca formas de produo

    sustentveis, autogestionrias e solidrias.

    Os resultados da pesquisa apontam que outra realidade possvel frente ao desemprego

    e a excluso social que assola as sociedades modernas principalmente em pases

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    subdesenvolvidos como o caso do Brasil. E, por fim, pode - se inferir, que frente a

    todas as implicaes deixadas pela modernizao da agricultura uma das propostas mais

    avanadas para superar os diversos entraves deixados pela modernizao a valorizao

    da agricultura familiar e de seu potencial. Outra proposta a valorizao da

    agroecologia, como forma de produo agrcola voltada para a produo sustentvel,

    onde se incorporam os conhecimentos tradicionais e tcnicos dos agricultores,

    valorizando o meio ambiente e uma comercializao solidria reforando assim as

    relaes tanto dos agricultores entre si e destes para os consumidores, caracterizando

    assim novas relaes de mercado.

    Notas ___________ 1 As informaes estatsticas, bem como dados histricos do Projeto Esperana/Cooesperana utilizados neste captulo foram retiradas do site do projeto: http://www.esperacacooesperanca.org.br

    Referncias Bibliogrficas ABRAMOVAY, R. et al. Juventude e Agricultura Familiar: desafios dos novos padres sucessrios. Braslia: Unesco, 1994. BALSAN, R. Impactos Decorrentes da Modernizao da Agricultura Brasileira. CAMPO-TERRITRIO: revista de geografia agrria, v. 1, n. 2, p. 123-151, ago. 2006. Disponvel em < http://www.campoterritorio.ig.ufu.br/archive.php>. Acesso em 04 de junho de 2006. BREZOLIN, T; RIESGO, J. S. Introduo ao Cooperativismo. Universidade Federal de Santa Maria. Cadernos do CCSH. Rio Grande do Sul, 1988. BRUMER, A.; SPANEVELLO, R. M. Jovens agricultores da Regio Sul do Brasil. Porto Alegre: UFRGS; Chapec: Fetraf-Sul/CUT, 2008. Relatrio de Pesquisa. CASTRO, E. G. Juventude Rural no Brasil: processos de excluso e a construo de um ator poltico. Revista Latinoamericana de ciencias sociales, niez y juventud, 2009. v. 7, p. 179-208. DAROLT, M. R. Agricultura Orgnica: inventando o futuro. Londrina. IAPAR, 250p, 2002. FERNANDES, B. M. MST: espacializao e territorializao. So Paulo: Hucitec, 1996.

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