Convivio escolar

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Convívio Escolar Alan Barbosa Correa Ciriaco 2010

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Convívio Escolar

Alan Barbosa Correa Ciriaco

2010

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Trabalho exigido como parte da avaliação da Disciplina Práticas Performativas na Relação Educativa, sob orientação da Profa. Dra. . Luciana Maria Caetano no Programa Pós-graduação em Supervisão Pedagógica e Formação de Formadores com acesso ao Mestrado Europeu em Ciências da Educação, ano de 2010.

Alan Barbosa Correa Ciriaco

2010

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Convívio Escolar

Estamos passando por diversos conflitos nas escolas no que se refere a

comportamentos e atitudes de alunos.

Muito se pergunta de quem é a culpa. Da família que não manda seus

filhos preparados moralmente para a escola, ou é da escola que não acolhem

seus alunos lhes oportunizando um ambiente aceitável para um convívio

escolar?

Segundo LA TAILLE (2009, p. 231), a família não é a única instituição

responsável pela educação moral, pois ela é a grande responsável no que se

refere aos primeiros estímulos sobre moral, porem não suficiente para formar o

cidadão autônomo. Comenta ainda que é necessário que se ocorra uma

educação pública, pois só desta maneira o educando poderá vivenciar todos os

tipos de convívio. Corroborando com o autor citado perguntamos. Existe um

ambiente mais adequado do que a escola?

Para JARES, (2008, p.26), a escola, através de suas estratégias, pode

estimular diferentes modelos de convívio. Mas para que ocorra educação moral

é necessário existir uma intervenção pedagógica, pois dificilmente o educando

conseguirá desenvolver juízo moral sozinho.

A partir disso, podemos iniciar uma reflexão do que é feito nas escolas

em relação à educação moral, pois a escola quando não se silencia, tem criado

uma educação para o controle e não buscando a autonomia de seus

educandos, conforme afirma LA TAILLE (2009, p. 229), a escola se utiliza de

intervenções pedagógicas de inspiração dogmática, visando desenvolver nos

alunos o amor à pátria e seus símbolos (hinos e bandeiras).

A escola deve discutir com seus alunos e alunas, boas e más

referencias de comportamento, mas o que geralmente acontece é a valorização

de comportamentos que visam o sucesso individual e a competição.

Adotando essa postura, a escola reforça a submissão, a falta de crítica e

consequentemente, a heteronomia. Para LA TAILLE (2009, p. 249), a moral

deve ser vista como um instrumento de reflexão: questionar o que existe e o

que poderia existir, para daí então reinventar valores coerentes a sociedade.

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Poderíamos começar este processo a partir da avaliação empregada

atualmente. No processo de ensino/aprendizagem é fundamental que o grupo

docente, coordenadores e funcionários não tratem o aluno com pré-conceito,

ou seja, rotular alunos e alunas. Deve-se empregar a avaliação formativa que

para AFONSO (2005, p.38), tem seus fins na melhora da aprendizagem dos

educandos, e não no controle e classificação dos mesmos. É necessário que

os indivíduos sejam analisados pela suas qualificações e não por uma ou

várias atitudes errôneas desempenhadas em suas vidas. (MORIN, 2000, p.98)

Além disso, é necessário construir uma vida social dentro da escola que

promova a cooperação e democracia, e isso se dará não apenas pelos

discursos do corpo docente, mas também por suas atitudes diárias em todos os

espaços da instituição. É necessário que a escola, no sentido mais amplo da

palavra, seja acolhedora, o que é um sinal de que o lugar, os professores, os

funcionários e os alunos são valorizados, um sinal, portanto, de que há vida

coletiva.

LA TAILLE (2009, p. 261), comenta que um verdadeiro convívio escolar

é aquele que: “... ajuda a promover o desenvolvimento do juízo moral, deve

comportar espaços de relacionamento inspirados pela cooperação, e

incentivar, entre os alunos, um trabalho em grupo.”

Sabemos que para se alcançar um único objetivo de aprendizagem,

existem diversas possibilidades de atuação pedagógica. Mas se tratando do

convívio escolar, quando se busca a autonomia, é necessário se oportunizar

uma convivência democrática, que para Morin (2000, p. 108) supõe e nutre a

diversidade dos interesses assim como a diversidade de idéias. Ela não pode

ser identificada como ditadora da maioria sobre a minoria, ela necessita ao

mesmo tempo de conflitos de idéias e opiniões, que lhe confere a sua

vitalidade e sua produtividade.

Com tudo, não queremos nem demonstrar um pensamento simplista,

nem receitar um elixir milagroso para acabar com os problemas de convivência

na escola, porém, é necessário que se viabilize a “reflexão” sobre o convívio

escolar, ou seja, pensar a ação. Acreditamos que devam existir muitas

estratégias para propiciar um ambiente favorável para a convivência na escola,

no que se refere à cooperação e democracia, porém queremos chamar a

atenção sobre a uma intervenção muito instigante, o “jogo”.

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Neste momento apresentamos as características do jogo não com fim

nele mesmo, mas sim como uma proposta que tem uma estreita relação com o

favorecimento de um bom ambiente para o convívio escolar.

Faz-se necessário comentar que segundo HUISINGA (2004, p. 4),

quando se joga, é possível perceber o nascimento de uma “mini-sociedade”,

cheia de regras e combinados implícitos, coerentes a um determinado

contexto, colaborando para uma vida social próxima do ideal: “No jogo existe

alguma coisa “em jogo” que transcende as necessidades imediatas da vida e

confere um sentido a ação”.

O jogo cria ordem, pois introduz na confusão da vida e na imperfeição do

mundo uma perfeição temporária e limitada, exige uma ordem suprema e

absoluta, onde qualquer transgressão estraga o jogo. Já que é uma perfeição

temporária é necessário que este jogo seja contextualizado e adaptado as

necessidades diagnosticadas dentro do grupo, ou seja, o jogo deve ser

mediado com algumas características essenciais para um bom convívio, como

explica ROSSETTO JR (2005 p. 19):

Os jogos se destacam como elementos de integração social, troca de conhecimentos, ampliação das possibilidades de convivência e instrumento educacional capaz de reduzir o comportamento anti-social, prevenindo a violência por meio de regras e normas de conduta estabelecidas para garantir a convivência.

Dentro dos jogos o conflito se faz presente constantemente e deve ser

considerado a grande oportunidade de mediação do docente, através da

qual é possível estabelecer e incentivar atitudes que vão ao encontro da

democracia, cooperação e autonomia como é sugerido por Morim, Jares e

La Taille.

A mediação do educador, neste momento, deve ser pensada tendo

como foco a reflexão sobre o convívio, para isso sugerimos:

Construção coletiva – a partir de uma proposta inicial, sugere-se que

os alunos tenham espaço para contribuir na construção do jogo e

construções de estratégias para se alcançar o objetivo do jogo, promovendo

trocas de opiniões, co-educação e consequente cooperação.

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Responsabilidade - todo aluno e aluna devem ser apontados como

responsáveis pelo bom andamento do jogo, oportunizando momentos de

autonomia, não criando desta maneira dependência da figura do mediador.

Busca-se o autogerenciamento do jogo.

Reflexão – a partir do que foi vivenciado, fazer diagnósticos dos

conflitos que ocorreram durante o jogo e possíveis soluções.

Reconstrução – na escola pouco se admite o “erro”, é necessário que o

jogo seja nosso aliado, mas não para punição, mas sim para contribuir para

a solidificação do aprendizado. Por isso a reconstrução é importante para o

processo, pois a partir do erro busca-se o acerto.

Potencialização - é necessário que durante a estratégia o aluno e aluna

percebam seus avanços, pois desta maneira podemos contribuir para a

criação de significado para a aprendizagem.

Como já citamos anteriormente, não estamos aqui tentando propor uma

intervenção que resolve todos os problemas, ou que é infalível, mas sim

refletir sobra a real função da escola. Parodiando LA TAILLE (2009, p. 231),

é necessário que a escola não se silencie e transfira a culpa para outros,

pois é na escola que se pratica convivência. Concluímos também que além

de não podermos transferir aos outros nossos fracassos, é necessário que

não se invada ambientes que não são da função da escola, pois cada

ambiente tem a sua função, basta a escola fazer bem feito o que lhe é

devido, oportunizar um convívio escolar saudável marcado pela

cooperação, democracia, compreensão e promoção da autonomia como

sugerem Morin e La Taille.

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Referencias bibliográficas

AFONSO, Almerindo, Janela (2005). Avaliação educacional. Regulação e

emancipação: para uma sociologia das políticas avaliativas contemporâneas. –

3ª ed. São Paulo: Cortez.

HUIZINGA, J. Homo Ludens: o jogo como elemento da cultura. 5. ed. São

Paulo: Perspectiva, 2004.

JARES, X. R. (2008). Pedagogia da Convivência. E. M. Santana, Trad. São

Paulo: Palas Athena.

LA TAILLE, Y. (2009). Formação Ética. Porto Alegre: ArtMed.

MORIN, E. (2002). Os sete saberes necessários à educação do futuro. C. E. F.

da Silva e J. Sawaya, Trad. (2ª Ed.). São Paulo: Cortez; Brasília, DF: UNESCO.

ROSSETTO JUNIOR, A. J. et al. Jogos educativos: estrutura e organização da

prática. São Paulo: Phorte, 2005.