Convencer o Eleitor e Crescer Na Mídia

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CORREES:

UNIVERSIDADE ESTCIO DE SCENTRAL DE CURSOS DE EXTENSOE PS-GRADUAO LATO SENSUCURSO DE MBA EM COMUNICAO ELEITORAL E MARKETING POLTICO

Deisy Boroviec

CONVENCER O ELEITOR E CRESCER NA MDIA

Mato Grosso

2014DEISY BOROVIEC

CONVENCER O ELEITOR E CRESCER NA MDIA

Trabalho de Concluso de cursoapresentado como requisito parcial para concluso do curso de Ps-graduao Lato Sensu, do Curso deMBA em Comunicao Eleitoral e Marketing Poltico, da Universidade Estcio de S, sob orientao da professora Ms.Leliane A. C. Rocha.

CUIAB MT2014Comunicao Eleitoral e Marketing Poltico

Deisy Boroviec

Convencer o eleitor e crescer na mdia

Trabalho de Concluso de Curso apresentado Universidade Estcio de S, como requisito para a obteno do grau de Especialista em Comunicao Eleitoral e Marketing Poltico.

Aprovada em, 30 de novembro de 2014.

Examinadores

_____________________________________________Professora Mestre Leliane Aparecida Castro Rocha

___________________________________________Professor Mestre Raul Fonseca da Silva

NOTA FINAL:

RESUMO

O artigo cientfico compara os ensinamentos do pai da Cincia Poltica, Nicolau Maquiavel, que foi escrito h 500 anos, com as tticas atuais de Campanhas Eleitorais, que comearam a ser desenvolvidas no Brasil a partir da redemocratizao do pas, em 1985. Planejamentos e o uso miditico que vm sendo usados desde o nascimento de cada veculo de Comunicao. Esta uma compilao de experincia emprica, bem como as registradas em obras impressas, audiovisuais etc. O artigo pretende demonstrar que h a necessidade de mudanas na abordagem do eleitor. Para isso, seria necessrio, primeiro, tirar este eleitor da ignorncia poltica, como j dizia Berthold Brecht no sculo passado. Tratamos aqui de uma forma provinciana de se fazer poltica no Brasil. O velho clientelismo ainda tem um espao gigante em nossa sociedade, que aos poucos troca a velha frmula de currais (ainda) eleitorais por Bolsa Famlia, um instrumento vlido, mas que ainda tem que ser amadurecido, melhorado e quem sabe chegar ajuda de custo de pases desenvolvidos, sem constrangimentos ou preconceitos.

Palavras-chave: Maquiavel, Eleitoral, Campanha, Comunicao, Poltica.

ABSTRACT

The paper compares the teachings of the father of Political Science, Niccolo Machiavelli, which was written 500 years ago, with the current tactics of Electoral Campaigns, which began to be developed in Brazil from the democratization of the country in 1985 and the Planning use media that have been used since the birth of each vehicle of communication. This is a compilation of empirical experience, as well as those recorded in printed, audiovisual works etc. The article argues that there is a need for changes in the approach of the voter. To do this you would first take this voter ignorance of politics, as I said Berthold Brecht in the last century. We treat here of a provincial way of 'doing politics' in Brazil. The old 'clientelism' still has a 'giant' space in our society, which gradually replaces the old formula '(yet) electoral votes' for 'BolsaFamilia', a valid instrument, but it has yet to be matured, improved and maybe get to the allowance of developed countries, without constraints or prejudices.

Keywords: Machiavelli, Election, Campaign, Communication, Politics.

Agradeo aos meus pais, em primeiro lugar, Antnio Boroviec e Elizabeth Macuglia que sempre acreditaram no meu esforo pessoal. Agradeo ao meu filho, Pedro Boroviec Carvalho Pinto, e ao meu marido, Luiz Otvio Carvalho Pinto,por ceder meu tempo precioso, que deixei de dispensar a eles, e estive mergulhada em estudos para conquistar mais um (de)grau na minha vida profissional. Tambm agradeo aos professores da Educao Distncia e Universidade que me proporcionaram esta oportunidade, bem como minha orientadora, a professora Ms. Leliane Aparecida Castro Rocha.

No lhe posso fazer maior presente que lhe dar a faculdade de poder em tempo muito breve aprender tudo aquilo que, em tantos anos e custa de tantos incmodos e perigos, hei conhecido (Nicolau Maquiavel)

Convencer o eleitor e vencer na mdia

A abordagem eleitoral da atualidade se apresenta ultrapassada, especificamente em algumas partes do Brasil. As Campanhas Eleitorais demonstram isso. A desinformao do eleitor notria em todas as faixas etrias. No pas, especificamente em Mato Grosso, no se fala em poltica de forma madura. A velha frmula clientelista observada em todos os nveis scioculturais. Os estudos sociolgicos e antropolgicos que guiariam as novas polticas pblicas, ainda ficam guardados nas universidades. Os grandes estudiosos, e os mais talentosos, para o planejamento social, so esmagados pelo Poder Econmico dominante. A sociedade parece engessada num sistema moderno de estrutura governamental, que a Constituio Federal de 1988, mas com ideias retrgradas do toma-l-da-c, ou seja, se eu tiver vantagem pessoal o voto seu, esquecendo-se que o coletivo vai ser prejudicado neste jeito de pensar. Ao longo deste artigo, trao um pararelo entre os conselhos renascentistas italianos e o que acontece e aceito como novo desde a Segunda Guerra Mundial at os dias atuais.Vamos l! Ano eleitoral diferente. A caixa de mensagens do e-mail fica cheia com as novidades da assessoria de imprensa do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do seu Estadoe o seu corretor ortogrfico no aceita a sigla TRE, voc tem que corrigir o tempo todo o monograma no softwareWord, que insiste em TER. No diferente para outros jornalistas neste perodo. Mas enxergam de forma diferente, os jornalistas que trabalham em campanha eleitoral. como conhecer Maquiavel sem ter lido o Prncipe. Esta releitura, da obra renascentista, do italiano que teve que se reinventar construindo sua teoria poltica a partir da combinao da experincia concreta no trato da coisa pblica, com a observao aguda do processo poltico. Esta a viso que podemos ter do livro que ensina sobre os prncipes e seus principados. Logo na introduo, o pai da Cincia Poltica moderna, esclarece como o trato com um detentor do poder:E conquanto julgue indigna esta obra da presena de Vossa Magnificncia, no confio menos em que, por sua humanidade, deva ser aceita, considerado que no lhe posso fazer maior presente que lhe dar a faculdade de poder em tempo muito breve aprender tudo aquilo que, em tantos anos e custa de tantos incmodos e perigos, hei conhecido (MAQUIAVEL, 2001, p. 27)O substantivo Maquiavel foi adjetivado para maquiavlico. No dicionrio online Priberam, o adjetivo tem o significado de prfido, ardiloso, velhaco, que age de m f ou por pura oportunidade. No por acaso, dito de forma capciosa que os polticos brasileiros tm um exemplar, dos ensinamentos concentrados na obra de Maquiavel, ao lado de sua cama. Mas a obra realmente leva o candidato a convencer o eleitor e crescer na mdia? Como diz o cuiabano: bora l, vamos ver!No primeiro captulo, Maquiavel descreve os tipos de Estado e como so institudos: repblicas ou principados. O livro se concentra nos principados para fazer justia ao nome da obra: O Prncipe. Mas fao a comparao dos prncipes com os representantes da Repblica brasileira em que vivemos e a forma como os candidatos convencem o eleitor e crescem na mdia. Um trabalho que deve ser feito com planejamento e ao longo prazo, para que a teia fique completa, mesmo que haja acontecimentos surpreendentes, quando o empoderado passa a levar outro nome.A dificuldade de se manter Estados herdados cujos sditos so habituados a uma famlia reinante muito menor do que a oferecida pelas monarquias novas, basta para isso evitar transgredir os costumes tradicionais e saber adaptar-se a circunstncias imprevistas (MAQUIAVEL, 2001. p. 31)Deve-se observar a simbiose entre os que estiveram no poder nos ltimos cinquenta anos em todos os Estados brasileiros para perceber que os prncipes nunca perderam a majestade. Parece estranho escrever isso diante de uma nova Constituio Federal, criada h 26 anos, e tantas mudanas: da Ditadura para a Democracia. Aqui em Mato Grosso, os mesmos sobrenomes comandam o Estado em diferentes perodos, at os dias atuais. No Maranho, houve um discurso interessante de um candidato ao governo do Estado em 1966 (vdeos anexados). O mesmo cidado, poltico, e candidato est no poder at hoje: Jos Sarney. Eleprecisou transferir seu ttulo de eleitor para o Estado vizinho, e basta um passeio por So Lus para saber quem manda no Maranho.Os prncipes sabem se manter no poder, mesmo quando a Lei os manda passarem oito anos reclusos, como o conhecido caso do atual parlamentar Fernando Collor. O que um prncipe deve saber que o povo no conhece o passado e faz escolhas para o futuro baseado no presente. Conforme corrobora Maquiavl: Os homens mudam de governantes com grande facilidade, esperando sempre uma melhoria.Adouf Hitler conseguiu o apoio de uma nao inteira em nome deste novo. Uma Alemanha, com alto ndice de desemprego, acreditou na fora jovem de Hitler para mudar o cenrio que andava ruim, depois da derrota da Primeira Guerra Mundial. Com a promessa de uma nao forte, o alemo convenceu e cresceu na mdia que ele criou por meio de Joseph Goebbels. O anti-semitismo violento mexeu psicolgicamente com os cidados que foram convencidos de que o problema econmico estava relacionado ao povo Judeu. No captulo III do livro O Prncipe, Maquiavel orienta sobre o uso da fora dos soldados: o exrcito pode ser forte e conquistar rapidamente uma nao, mas o uso do convencimento das pessoas, que vivem naquele espao, que garante o poder. Hitler usou fora fsica e mental. E quando a fora fsica foi maior, a runa veio por meio dos pases oprimidos por ele, que conseguiram apoio internacional.Sua nica cautela ser evitar que adquiram poder e autoridade em demasia; com as prprias foras, e alguns favores, poder controlar os que so poderosos, mantendo-se como rbitro naquele territrio. Quem no governar desta forma logo perder o que tiver adquirido e at l enfrentar inmeros empecilhos e problemas(MAQUIAVEL, 2001, p. 37)Nesse sentido, h acusaes contra os Estados Unidos da Amrica (EUA) de proteo a alguns governantes do Oriente Mdio. Este ltimo cuidado em troca de Petrleo.Maquiavel explica a necessidade do equilbrio entre fora fsica e mental nas Monarquias mistas. Para ns, o que interessa exclusivamente a fora de uma Repblica: a mental, que deve convencer, deve conquistar. Agora sim: vamos ver como que se faz isso!

O velho com cara de novo: a plstica do convencimento

Passados 500 anos da exposio dos conhecimentos de Maquiavel, temos a impresso, muitas vezes, que o texto atual. Reitero: no toa que muitos prncipes de nosso tempo usam a obra como leitura obrigatria para conquistar o poder. Na anlise do texto, contextualizando com as eleies de 2014: um bom candidato aproveita a oportunidade da queda de um inimigo poltico para levant-lo e com o gesto t-lo ao seu favor.Os homens que recebem o bem quando esperavam o mal se sentem ainda mais obrigados com relao ao benfeitor; por isso a massa logo se tornar ainda mais grata ao prncipe do que se ela prpria lhe houvesse outorgado o poder (MAQUIAVEL, 2001, p. 70)O pai da Cincia Poltica, Maquiavel, observa cada ponto da conquista de uma nao, bem como seus pares socioeconmicos, desde o uso da crueldade, at concedendo benefcios, quando isso for relevante. E frisa bem o equilbrio entre oferecer o bem e o mal:As injrias devem ser cometidas todas ao mesmo tempo, de modo que, sendo sentidas por menos tempo, ofendam menos. Os benefcios, por sua vez, devem ser concedidos dualmente de forma que sejam melhor apreciados (MAQUIAVEL, 2001, p. 66)Para ganhar grandes disputas eleitorais, o candidato deve tramar uma teia forte de parcerias entre seus pares e com gente do povo (representantes das comunidades). Mas sabido que entre os que apoiam com poder e riqueza, os pares, so iguais ao prncipe. Diferente do povo que outorga poder ao prncipee o nico que pode mant-lo como lder mximo. Foi assim na Itlia de Maquiavel, assim na Repblica brasileira: Quem chega ao poder com a ajuda dos ricos tem maior dificuldade em manter-se no governo do que quem apoiado pelo povoEnquanto o povo se esquece das injrias de um prncipe, os candidatos devem se lembrar que esto na mesma posio dos que tm poder e o apiam, esses ltimos nunca esquecero os insultos ou desafetos. O cuidado para no melindrar parcerias polticas fundamental para a longevidade de um candidato. Recorremos ao paralelo com o texto maquiavlico: Comete um grande erro quem pensa que entre as altas personalidades seja possvel fazer esquecer antigas ofensas com novos benefcios.Entraremos ento na Campanha eleitoral de 2014 mais uma vez, ou seja, um candidato que quer convencer e crescer na mdia tem que planejar sua trajetria de conquistas. Os que se lanaram neste ano, se no o fizeram, deveriam ter comeado o trabalho da persona criada para se eleger h pelo menos 10 anos. O axioma indelvel construdo como um edifcio: tijolo sobre tijolo, depois de um planejamento bem estruturado. A boa estrutura, o bom planejamento e a base so fundamentais, como j dizia o renascentista: "Os Estados criados subitamente - como tudo o mais que na natureza nasce e cresce com rapidez - no podem ter razes slidas, profundas e ramificadas, de modo que a primeira tempestade os derruba".Grandes campanhas eleitorais surgiram no Brasil para convencer o eleitor sobre candidatos desconhecidos nacionalmente, que j tinham suas famlias conhecidas em seus Estados de origem, como o caso de Fernando Collor, que venceu a primeira eleio direta presidncia da Repblica em 1989, e de Roseana Sarney, que emplacou na mdia em 2002como presidencivel.As denncias de esquemas de corrupo emergiram e afundaram o cargo do primeiro poltico citado, bem como a candidatura da segunda. O que o pai da Cincia Poltica colocaria como falta de alicerces:"Quem no prepara os alicerces do poder antes de alcan-lo com valor pode faz-lo depois, embora isto represente um grande esforo para o arquiteto, e perigo para o edifcio (MAQUIAVEL, 2001, p. 54).A receita do bolo parece estar pronta. Mas,tanto na teoria quanto na prtica, no bem assim que acontece. Uma placa na avenida principal de Cuiab, em Mato Grosso, oferece, neste momento (Eleio 2014), uma campanha eleitoral completa: carro adesivado, bandeiras, praguinhas etc. Opa! Pensaria um leigo no assunto: Uma campanha eleitoral pronta.

Da mesma forma, um belo vdeo, que lembra tantos outros j vistos em campanhas eleitorais no Brasil nos ltimos 20 anos, mostra o ABC do horrio eleitoral gratuito na TV (ver link anexo):

A essncia da campanha poltica, mostrada no outdoor e no vdeo acima, foi criada em 1986. "Marketing Poltico" um conjunto de propaganda, de jornalismo, de relaes pblicas, ou seja, uma srie de aes para divulgar a imagem de um poltico ou uma rea governamental, segundo Chico Santa Rita, jornalista e publicitrio, que referncia na consultoria poltica no Brasil." um equvoco que se comete": candidato no produto, ele escolhido por um trabalho de conscientizao, conforme explica o profissional, Santa Rita, que tem conhecimento notrio no assunto (link anexado)."tica em Campanha Eleitoral": existe sim! O limite da tica a verdade. Poltica feita sem tica no tem bons resultados. Chico Santa Rita afirma que no aceita fazer trabalho fora dos princpios ticos. "Eu s trabalho para o poltico que eu votaria" diz o profissional e explica: porque um trabalho em que o profissional se envolve muito, h muita proximidade com o candidato.As experincias empricas em campanhas eleitorais corroboram o que foi dito: mais fcil convencer o eleitor com profissionais que esto convencidos da ideia que trabalhar para vender ou persuadir.O marketing pltico, entendido como o esforo planejado para se cultivar a ateno, o interesse e a preferncia de um mercado de eleitores, o caminho indicado e seguro para o sucesso de quem deseja entrar na poltica (REGO, 1985, p. 14)Assim como Santa Rita, outros profissionais foram reconstruindo a histria do marketing poltico, depois do perodo da Ditadura, como Torquato.a poltica tende a receber, no Brasil, tratamento cada vez mais profissional. Os tempos de mudana e as crescentes exigncias sociais no mais aceitam improvisaes (REGO, 1985, p. 14).Isso no quer dizer que a publicidade e a propaganda pararam em 1964. Assim como o jornalismo, o marketing poltico continuou sendo feito de forma que no se opusesse o Regime Militar. Mas a redemocratizao levou o marketeiro a pensar alm do coronelismo feito na velha poltica. Torquato deixa isso bem claro, quando monta o ABC da poltica em 1985. O pensamento parece ser novo, mas j previsto pelo italiano: "A cidade habituada liberdade pode ser dominada mais facilmente por meio dos seus cidados do que de qualquer outra forma".O meio de se chegar ao maior nmero de pessoas so as mdias (televiso, impresso, internet e rdio). Para crescer na Mdia, por enquanto no Brasil, o candidato, ou o partido, tem que ser aquele amigo de uma das onze famlias que dominam os maiores veculos do pas. Como mostra um vdeo da Intervozes, que uma organizao que trabalha pela efetivao do Direito Humano Comunicao no Brasil (anexado).Chico Santa Rita tem a concepo de que as "mutretas" acontecem depois das campanhas. Durante os trabalhos eletivos h falta de recursos ou recursos mensurados (vdeo anexo).Na realidade, o que se v na mdia, so nmeros generosos para o investimento em campanhas eleitorais com fontes de recursos duvidosas.O que fato, que para se conquistar uma sociedade na Democracia, em que vivemos, precisamos de armas. Em nosso caso, essas armas so bons recursos bem investidos para convencer o eleitor e crescer na mdia. Mesmo que a candidatura tenha sido planejada ao longo dos anos, durante a Campanha Eleitoral, a equipe do candidato tem que ser rpida, eficaz, e eficiente. Como registrou Maquiavel, que para ns est em sentido metafrico: "Desarmados, Moiss, Ciro, Teseu e Rmulo no teriam podido fazer com que as instituies propostas fossem observadas por muito tempo". No texto, o autor usa a palavra arma no sentido literal. Para este artigo cientfico, o termo metafrico. As armas, para os profissionais de Campanhas Eleitorais, so as ferramentas para convencer o eleitor. O candidato precisa de bons equipamentos e uma equipe capacitada, bem como necessita de veculos de Comunicao mdias comerciais - que apresentem os contedos de interesse do pleito.No Brasil a construo de uma persona poltica vai desde, como ensinou Maquiavel, criar a teia do poder at um bom media trainning (jornalista habilitado para ensinar a arte de se comportar e falar s autoridades que se apresentam aos pblicos). Porque o media trainning ajuda o candidato a conhecer suas prprias armas do convencimento. Descobrir o potencial de cada um para saber envolver o outro bem conhecido na obra europeia: As armas alheias nos sobrecarregam e limitam, quando no falham. O que nos leva a crer que devemos potencializar os talentos naturais dos candidatos ou partidos.Nesse aspecto entram os grandes marketeiros que gerenciam equipes de TV, de Rdio, do Impresso, do Online etc. Que alm de treinar o candidato, que nem sempre tem o dom natural do convencimento, tambm mostra os caminhos rpidos para chegar casa dos cidados por meio da mdia. Aqui entra a multimdia, que por sua vez engloba uma srie de profissionais da Comunicao, inclusive atores, no s para as peas publicitrias, mas tambm para se colocarem como um eleitor nas ruas e inflamar discusses positivas sobre o candidato. Apesar desse no ser um produto, como ressaltou Chico Santa Rita, o candidato tem a arte da propaganda para auxili-lo durante a Campanha Eleitoral. Os Estados bem organizados e os prncipes sbios estudam com interesse a maneira de poupar os aborrecimentos aos grandes, e como agradar o povo e mant-lo satisfeito (MAQUIAVEL, 2001, p. 108).Em um vdeo anexado sobre a Psicologia do Consumo, criada pelo economista Vitor Lebow (na metade do sculo passado) o autor relata que uma marca de celulares colocou 60 atores nas ruas com o aparelho posando para fotografias que eram solicitadas aos transeuntes (link anexo). Todos eram instigados a perceber a alta tecnologia do celular com a inteno de que se tornassem consumidores do produto. Estudiosos corroboram o que Maquiavel havia percebido: Os homens julgam mais com os olhos do que com o tato: todos podem ver, mas poucos so capazes de sentir.Todo empenho deve ser feito para convencer o eleitor. Os profissionais ligados ao candidato devem conhec-lo, inclusive seus erros. Porque os acertos so fceis de lidar. O passado de um candidato deve ser reescrito pelos marketeiros de forma que, o que foi dito de forma prejudicial, deve ser falado novamente de um jeito mais brando, convencendo o eleitor que houve um equvoco do entendido anteriormente.Todos sabem que louvvel em um prncipe manter a palavra empenhada, e viver com integridade e no com astcia. Entretanto, a experincia dos nossos dias mostra que tiveram pouco respeito pela palavra dada puderam com astcia confundir a cabea dos homes e chegaram a superar os que basearam sua conduta na lealdade.(MAQUIAVEL, 2001, p. 102)O empenho da equipe, com apoio dos correligionrios, far o que Goebbels usou na propaganda do Reich: uma mentira dita mil vezes se torna verdade, no nosso caso, uma verdade dita de forma diferente: mudar a perspectiva quebra preconceitos. Os candidatos devem agir como os prncipes: se aconselhar com os sbios, somente quando os consultar, para no perder o respeito, e trocar os substituveis numa equipe.O soberano est obrigado a ter sempre o mesmo povo, mas pode facilmente dispensar a mesma nobreza, podendo fazer e desfazer os nobres a qualquer momento, concedendo-lhes ou retirando-lhes o prestgio de que desfrutam vontade (MAQUIAVEL, 2001,p. 69)A repetio da informao, que tem que encontrar o caminho do crebro do eleitor, e no do plgio de campanhas anteriores. Esse ltimo coisa de marqueteiro preguioso, segundo Chico Santa Rita. Para ele "Campanha no roupa prt--porter (pronta para vestir), campanha feita sob medida". Ideia corroborada por Torquato:Definir os segmentos de mercado uma tarefa importante. A localizao geogrfica se completa com a identificao dos comportamentos do eleitor-alvo. O conhecimento do eleitor ensejar tpicos para ajuste de programas e mensagens. O psicodrama dos eleitores, tarefa ainda pouco desenvolvida no Brasil, efetuado por pesquisas entre amostras de eleitores-alvo. Nas pequenas capitais e no Interior, mais fcil a identificao do eleitor (REGO, 1985, p. 15)O apelo religioso sempre foi vlido para ganhar as mentes humanas. Maquiavel dedicou o captulo XX do Prncipe sobre o assunto. Sobre as foras eclesisticas:S um tolo ou presunoso, os discutiria.Um texto do jornal Folha de So Paulo, verso online, registra a opinio e a informao do colunista Gregrio Durivier, que lembra o manifesto pelo aborto feito em 1971 na Frana. O texto intitulado O pas e o armrio mostra que a conquista feita para as geraes futuras. No Brasil, os polticos no tomam a posio de minorias, que acabam formando as maiorias, porque veem isso como manuteno do Poder (link do texto anexado). As mudanas exacerbadas geram insegurana, ou pelo menos o que proclamam os conservadores. Poucos discursos inovadores que fazem parte das raras excees como o caso do deputado Jean Wyllys, do Rio de Janeiro, que choca e abocanha parte dos eleitores homossexuais, bem como os que no tm preconceito em relao ao LGBTTT (Lsbicas, gays, travestis, transexuais e transgneros). No geral, o velho discurso permanece:Voc me conhece, sabe que eu sou o que mais acredita em Deus, o que mais passou longe de dar a bunda, de cheirar p, olhem s como a minha filha virgem, olhem s como o meu filho htero (Edio online da Folha de So Paulo/link anexo)Outra forma de conquistar as mentes humanas a Justia. Em sua obra, Maquiavel cita a nomeao de um homem capaz e cruel que em pouco tempo imps ordem e unidade alcanando grande fama. Depois que a "imagem" excessiva se tornou desnecessria, o mesmo prncipe tratou de criar mecanismos para fazer "justia" ao povo, contra o dio que purgava seu esprito. O homem cruel nomeado pelo prncipe foi morto em praa pblica pela "punio" instituda pela mesma majestade. "A ferocidade do espetculo causou espanto e satisfao ao povo.Convencer o eleitor com uma equipe bem preparada e equipamentos de ponta. Crescer na mdia comprando espaos de ondas eletromagnticas, como esclarece bem o vdeo Levante sua Voz, j citado, feito pela Intervozes. Os donos dos veculos de Comunicao, aqueles que tm sua prpria linha editorial e editam o que importante para um grande nmero de cidados, so a moldura do que vemos. Editar recortar a realidade. Os renascentistas tambm sabiam fazer isso: Precisam manter o povo entretido com festas e espetculos, nas pocas convenientes; e como toda cidade.Toda orientao sobre os veculos de Comunicao, bem como a propagao de ondas eletromagnticas no pas, esto na Constituio Federal, no artigo 222. Um resumo do assunto e at para entender melhor o vdeo Levante sua voz, reiterando. Onde aparecem as onze famlias que alcanam o maior nmero de brasileiros criando valores e levando informaes, principalmente aos que no lem e tm como principal fonte de informao o som da voz humana, propagados pela TV ou pelo Rdio. Ao longo de 26 anos da nova Carta Magna, os apresentadores de televises, e at mesmo radialistas, ganham a confiana do povo e depois o voto. Assim projetam carreiras polticas, de quem ainda no dono de um meio de Comunicao, mas que em breve se tornar e criar sua linha editorial e editar o futuro da nao. Se houver denncias contra esse candidato, o meio levar a mensagem que interessa ao poltico e no ao povo. Aes que se desdobravam umas nas outras, sem intervalos, deixando pouco tempo para que as pessoas as criticassem de forma eficiente (MAQUIAVEL, 2001, p. 125).A guerra das campanhas eleitorais deixa os eleitores zonzos. Muitas inovaes apresentadas por candidatos so meras releituras de projetos h muito prometidos. O Prncipe ensinou: Ocupados, de modo que, pensando na guerra, no podiam cogitar de qualquer inovao. Ou seja, sem condies de anlises de projetos realmente inovadores.A Lei Eleitoral brasileira a proteo do eleitor, bem como do candidato e do seu partido. Ela Uma colcha de retalhos considerada ruim por Santa Rita. A Lei editada a cada Eleio. Fala-se em reformas no Brasil, precisamos de uma nova Lei Eleitoral. No tem como fazer uma campanha sem um advogado ao seu lado, pois, cada juiz eleitoral pode ter uma interpretao diferenciada da Lei, segundo o experiente marketeiro. "Por exemplo: o prefeito e o governador tm que sair do cargo para no usar a mquina, o presidente pode continuar na mquina", afirma Santa Rita. As leis, as normas deontolgicas, sempre foram as regras bsicas para a convivncia em comunidade, j nos tempos de Plato. As leis so da natureza humana como refora Maquiavel: Como sabemos, pode-se lutar de duas maneiras: pela Lei e pela fora. O primeiro mtodo prprio dos homens; o segundo, dos animais (MAQUIAVEL, 2001, p. 102).A Poltica definida no dicionrio online Priberam como A arte de regular as relaes de um Estado com outro Estado. No mesmo link, o significado de Poltico: Estadista que o indivduo versado e hbil nos negcios polticos do Estado. A Poltica e o Poltico devem trabalhar para a sociedade: criar, executar e fiscalizar servios pblicos. A sociedade que no entende isso analfabeta poltica, o pior dos analfabetos, como descreveu Bertold Brecht, ainda nas primeiras dcadas do sculo passado:O pior analfabeto o analfabeto poltico. Ele no ouve, no fala, nem participa dos acontecimentos polticos. Ele no sabe o custo de vida, o preo do feijo, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remdio dependem das decises polticas.O analfabeto poltico to burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a poltica. No sabe o imbecil que, da sua ignorncia poltica, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que o poltico vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais. (Bertold Brecht, 1955)No ditado popular: o papel aceita tudo. Sim, uma folha em branco pode conter um texto bem detalhado sobre o futuro de uma nao, bem como num discurso falado. Os marketeiros usam a velha poltica porque a ignorncia, ou seja, aquilo que se desconhece, impera nas comunidades. Os brasileiros aprenderam a gritar por Direitos, mas se negam a cumprir Deveres, um exemplo hipottico: deixar o carro ser guinchado ao invs de subornar o policial. Enquanto perdurar o desconhecimento e o descumprimento das leis, a forma Maquiavlica ser perfeita!

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Consideraes Finais

Fazer Campanha Eleitoral relativamente fcil: um bom planejamento, a longo prazo, e o empenho de bons profissionais, com bons equipamentos, podem eleger; bem como o crescimento na mdia por meio de amizades ou dinheiro para obter concesses do Poder Pblico. O Estado bem representado na animao O homem capitalista (link anexado). O poder econmico o engoliu.O que difcil fazer com que os representantes do povo, os eleitos, comecem a agir com conscincia Estadista. Poucos ouvem. No media trainning aprendem a falar. Mas uma arte para um marketeiro ensinar os candidatos a pensar, ou seja, tomar conscincia da responsabilidade dele para o futuro da nao.Nas escolas pblicas, principalmente, a poltica vista como a arte de ganhar dinheiro. A mdia escancara todos os dias o toma-l-d-c do eleitor: algo estarrecedor e que representa o que a sociedade em geral pensa: Depende quanto eu levar (em dinheiro), eu voto, frase comum entre jovens transeuntes cuiabanos. Esses, no so apenas nossos eleitores do futuro, mas so tambm nossos candidatos. Os prncipes devem ter em mente: defeito comum dos homens no se lembrar da tempestade durante a calmaria.Seria uma realizao e um legado para o futuro se um marketeiro conseguisse fazer com que nossos representantes polticos assistissem vdeos, como por exemplo, Ilha das Flores (link anexado). Um documentrio com forte apelo filosofia: a arte de pensar na prpria existncia, bem como a forma como nos relacionamos com o mundo. Seria alfabetizar o ser humano para a poltica.

Referncias Bibliogrficas

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