CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

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    CONTROLE DE INFECO HOSPITALAR EM UNIDADE DETERAPIA INTENSIVA: DESAFIOS E PERSPECTIVAS

    Milca Severino PEREIRA, Marinsia Aparecida do PRADO,

    Joaquim Tom de SOUSA, Anaclara Ferreira Veiga TIPPLE,Adencia Custdia Silva e SOUZAPEREIRA, M. S.; PRADO, M. A.; SOUSA, J. T.; TIPPLE, A. F. V.; SOUZA, A. C. S. - Controle deInfeco Hospitalar em Unidade de terapia Intensiva: desafios e perspectivas. Revista Eletrnica deEnfermagem(online), Goinia, v.2, n.1, out-dez. 2000.INTRODUOPROCEDIMENTO METODOLGICORESULTADOS E DISCUSSOCONSIDERAES FINAISREFERNCIAS BIBLIOGRFICASAUTORESTRABALHO

    RESUMO: Diversos estudos apontam as infeces hospitalares como as mais freqentescomplicaes do tratamento em UTI. Fundamentando-nos nas preocupaes de enfermeirosrealizamos o estudo tendo como objetivos: relatar os fatores dificultadores do controle de infeco eindicar aspectos a serem considerados na assistncia. Metodologia: pesquisa realizada em UTI de 3hospitais. Os dados foram obtidos atravs de questionrio e observao, ambos validadospreviamente. Foi realizado anlise de contedo. Resultados: Destacam-se os itens relacionados aoplanejamento da assistncia, princpios que regem a preveno e controle de infeco, interaoentre a equipe e desafios mencionados pelos enfermeiros. Concluso: conquanto ser bastantecomplexo o processo de planejamento, implementao e avaliao dos cuidados atinentes aocontrole de infeco hospitalar em UTI, dada a multiplicidade de fatores intervenientes, osenfermeiros identificaram os principais aspectos que devem merecer ateno e destaque. A lavagemdas mos continua sendo um desafio a ser superado.

    UNITERMOS: Infeco Hospitalar, Unidade de Terapia Intensiva.

    SUMMARY: Several studies point the hospital infections as he most frequent complications of thetreatment in Intensive Care. Thus, in this study we sought to relate about factors that difficult infectioncontrol and to indicate aspects to be considered on attendance. Methodology: research accomplishedin Intensive Care Unit of three hospitals. The data were obtained through questionaire andobservation previously validated. Content analysis was accomplished. Results: The items relatedstand out to the attendance planning of the attendance, principles that govern the prevention andinfection control, interaction between the team and challenges mentioned by nurses. Conclusion:

    Although the planning process, implementation and hospital infection evaluation are items verycomplex, given the multiplicity of intervening factors, nurses identified the principal aspects thatshould deserve attention. The hands washing continue being a challenge to be overcome.KEY WORD: Hospital infection, Intensive Care Unit

    1. INTRODUOA tecnologia aplicada assistncia hospitalar em Unidade de Terapia

    Intensiva (UTI) viabiliza o prolongamento da sobrevida do paciente em situaesmuito adversas. Este fenmeno altamente positivo por um lado, por outro, umdos fatores determinantes do aumento do risco de Infeco Hospitalar (IH) empacientes crticos.

    http://www.fen.ufg.br/revista/revista2_1/ih.html#INTRODU%C3%87%C3%83Ohttp://www.fen.ufg.br/revista/revista2_1/ih.html#PROCEDIMENTOhttp://www.fen.ufg.br/revista/revista2_1/ih.html#RESULTADOShttp://www.fen.ufg.br/revista/revista2_1/ih.html#FINAIShttp://www.fen.ufg.br/revista/revista2_1/ih.html#REFER%C3%8ANCIAShttp://www.fen.ufg.br/revista/revista2_1/ih.html#AUTOREShttp://www.fen.ufg.br/revista/revista2_1/ih.html#TRABALHOhttp://www.fen.ufg.br/revista/revista2_1/ih.html#INTRODU%C3%87%C3%83Ohttp://www.fen.ufg.br/revista/revista2_1/ih.html#PROCEDIMENTOhttp://www.fen.ufg.br/revista/revista2_1/ih.html#PROCEDIMENTOhttp://www.fen.ufg.br/revista/revista2_1/ih.html#RESULTADOShttp://www.fen.ufg.br/revista/revista2_1/ih.html#RESULTADOShttp://www.fen.ufg.br/revista/revista2_1/ih.html#FINAIShttp://www.fen.ufg.br/revista/revista2_1/ih.html#FINAIShttp://www.fen.ufg.br/revista/revista2_1/ih.html#REFER%C3%8ANCIAShttp://www.fen.ufg.br/revista/revista2_1/ih.html#REFER%C3%8ANCIAShttp://www.fen.ufg.br/revista/revista2_1/ih.html#AUTOREShttp://www.fen.ufg.br/revista/revista2_1/ih.html#AUTOREShttp://www.fen.ufg.br/revista/revista2_1/ih.html#TRABALHO
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    Na UTI concentram-se pacientes clnicos ou cirrgicos mais graves,necessitando de monitorizao e suporte contnuos de suas funes vitais. Estetipo de clientela apresenta doenas ou condies clnicas predisponentes ainfeces. Muitos deles j se encontram infectados ao serem admitidos naunidade e, a absoluta maioria, submetida a procedimentos invasivos ou

    imunossupressivos com finalidades diagnostica e teraputica.A associao de doenas e fatores iatrognicos faz com que os pacientessejam mais susceptveis aquisio de infeces. A resposta imunolgica dopaciente em terapia intensiva frente ao processo infeccioso deficiente. Os seusmecanismos de defesa esto comprometidos tanto pela doena motivadora dahospitalizao quanto pelas intervenes necessrias para o diagnstico etratamento.

    Embora, os leitos destinados para terapia intensiva representem menos de2% dos leitos hospitalares disponveis no Brasil (PEDROSA, T.M.G., 1999), elescontribuem com mais de 25% das infeces hospitalares, com significativoimpacto nos ndices de morbidade e mortalidade (PEDROSA, T.M.G., 1999;TRILLA, A., 1994). Em muitos servios as taxas chegam a ser 5 - 10 vezes maiorneste grupo de pacientes (TRILLA, A., 1994).

    Estudos revelam que as infeces hospitalares representam as maisfreqentes complicaes do tratamento em UTI (DASCHNER, F. D. e col., 1982;WENZEL, R.P., 1983), dada a sua relevncia no contexto da assistncia, o nossogrupo de pesquisa, freqentemente convidado a ministrar orientaes sobremedidas de preveno e controle de IH, atinentes aos cuidados que esse tipo depaciente necessita. Fundamentando-nos nas preocupaes apresentadas pelosprofissionais enfermeiros realizamos este estudo, visando contribuir para umamelhor compreenso acerca do fenmeno chamado infeco hospitalar empacientes internados em UTI.

    Ademais, dada a complexidade do controle de infeco hospitalar em UTI,consideramos que existe uma gama significativa de procedimentos que podeminimizar este agravo, adotando-se de medidas j constatadas como eficazes nabusca da qualidade da assistncia.

    Assim sendo, constituem-se como objetivos: relatar os principais fatoresdificultadores do controle de infeces em UTI e indicar aspectos relevantes aserem considerados na assistncia de enfermagem em UTI na perspectiva docontrole de infeco hospitalar.

    2. PROCEDIMENTO METODOLGICO

    Estudo realizado em unidades de terapia intensiva localizadas em trshospitais gerais do municpio de Goinia GO. Os dados foram coletados atravsde um questionrio aplicado a enfermeiras responsveis pelas unidades e atravsde observaes sistematizadas feitas sobre o cotidiano da assistncia deenfermagem em UTI, enfocando em especial, os princpios da preveno e docontrole de infeco.

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    O questionrio foi construdo com uma questo norteadora: quais so osdesafios enfrentados pelos enfermeiros na preveno e controle de infecohospitalar na UTI?

    O roteiro para a observao abrangeu as seguintes unidades temticas: planejamento da assistncia de enfermagem e dinmica do trabalho;

    princpios que regem a preveno e controle de infeco; esprito de equipe, interao entre os membros do servio, motivao.Durante a observao houve a preocupao em captar a existncia de

    enfermagem implementadas aos pacientes com os princpios de controle de IH, sena prtica existia a introjeo dos conceitos fundamentais de profilaxia e qualidadeda assistncia.

    Os instrumentos foram validados mediante avaliao de 3 juizes quanto aocontedo. As informaes conflitantes, oriundas das observaes foram checadascom os atores envolvidos em cada servio pesquisado.

    Para a anlise dos dados nos preocupamos, fundamentalmente, com ocontedo das informaes e sua relao com o objeto de estudo, sem dar nfaseao aspecto quantitativo.

    3. RESULTADOS E DISCUSSO

    As categorias de anlise foram definidas a priori, constituindo-se em:planejamento da assistncia de enfermagem e dinmica de trabalho da equipe;princpios que regem a preveno e controle de infeco em UTI; interao entreos membros do servio, esprito de equipe, motivao.

    PLANEJAMENTO DA ASSISTNCIA DE ENFERMAGEM EDINMICA DE TRABALHO DA EQUIPE.

    A equipe de enfermagem que atua em UTI apresenta um perfil tcnicodiferenciado. As unidades estudadas possuem um quadro de enfermagem bemtreinado o que viabiliza um adequado funcionamento do servio, no que se refere implementao dos cuidados de enfermagem, necessrios a esse tipo depaciente.

    O planejamento da assistncia feito por enfermeiros e as rotinas estobem estabelecidas.

    A execuo dos cuidados de enfermagem segue uma escala previamenteelaborada, com diviso de tarefas entre os componentes da equipe.

    Ficou evidente a priorizao dada aos pacientes mais graves, at porqueestes demandam mais ateno da enfermagem, exigem agilidade e rapidez

    PRINCPIOS QUE REGEM A PREVENO E CONTROLE DEINFECO EM UTI.

    Existe preocupao, por parte da equipe de enfermagem, com os riscos deinfeco a que esto sujeitos os paciente internados em UTI. Em linhas gerais alimpeza e a desinfeco das unidades estudadas so satisfatrias.

    Destacamos que o maior problema observado com as mos e uso deluvas, seguido pela realizao de procedimentos invasivos ferindo princpios depreveno de infeco. A lavagem das mos no realizada na freqncia etcnica recomendadas. Muitas vezes as luvas so usadas apenas para auto-

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    proteo, funcionando como vetor de disseminao de microrganismos.Observamos tambm uso abusivo de luvas.

    Apesar das constantes orientaes acerca do uso correto das luvas, o seuuso de forma inadequada ainda muito freqente. Com as mos enluvadas vriosequipamentos so tocados imediatamente ao manuseio de substncias orgnicas,

    com concreto potencial de contaminao e infeco cruzada.Na execuo da assistncia ao paciente, a equipe de enfermagemapresenta maior rigor na adoo dos princpios da assepsia do que os demaismembros da equipe. Na realizao de procedimentos invasivos, na maioria dasvezes, houve inobservncia ou desobedincia aos princpios de assepsia. comum a contaminao de campos, instrumentais e cateteres durante oprocedimento ou durante avaliaes clnicas pela equipe de sade.

    O fator decisivo para a profilaxia e controle das infeces hospitalares aexistncia e adoo de rotinas de preveno coerentes e de pessoal em nmerosuficiente, qualificado e preparado para cumpri-las.

    INTERAO ENTRE OS MEMBROS DO SERVIO, ESPRITO DEEQUIPE, MOTIVAO.

    A UTI tem caractersticas peculiares como acesso restrito e obrigatoriedadede permanncia para a assistncia direta, sem interrupo, o que reflete, semdvida, no comportamento dos profissionais que l atuam.

    Observamos que as pessoas esto integradas ao trabalho / rotina doservio, so unidas e com satisfatria interao multiprofissional.

    As maiores queixas esto centradas nas longas jornadas de trabalho, frutoda necessidade de duplicidade ou multiplicidade de empregos, tendo comodeterminante os salrios muito baixos.

    Na absoluta maioria dos casos, os profissionais revelaram gostar detrabalhar em UTI.

    DESAFIOS MENCIONADOS PELOS ENFERMEIROS NA PREVENO ECONTROLE DE INFECO.

    As informaes obtidas foram agrupadas para anlise conforme o enfoqueapresentado pelos enfermeiros, em cinco aspectos:- manter o funcionamento do servio de terapia intensiva considerando ademanda, quantidade de pessoal e servios de apoio, como laboratrio,radiologia, farmcia, nutrio, em consonncia com o padro de qualidade daassistncia;

    - conhecer os mecanismos da IH em pacientes em UTI, seus fatores de risco,medidas de preveno e controle, destacando-se que as aes a seremimplementadas so mltiplas e simultneas;

    -identificar o perfil epidemiolgico das IH em UTI;-manter um programa de educao continuada permanente;- apoio psicolgico considerando o permanente confronto com situaes deurgncia, gravidade da doena e com a morte.

    A literatura (PEDROSA, T.M.G., 1999) apresenta como principaispreocupaes na prestao da assistncia ao cliente em UTI, no que se refere questo da infeco, os fatores intrnsecos relacionados doena motivadora dainternao e imunodepresso e os fatores extrnsecos relacionados aosprocedimentos invasivos, ao ambiente e qualidade dos cuidados.

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    As infeces tem sido apontadas, em vrios estudos, como a principalcausa de bito dos doentes internados em UTI (VINCENT, J.L., 1995).

    A gravidade do paciente leva a uma alterao do comportamentoimunolgico, permite a proliferao de bactrias e leveduras no habitual empessoas hgidas, alm, de ativar os mediadores inflamatrios inespecficos

    provocando alteraes clnicas generalizadas.Outras alteraes so as insuficincias orgnicas, isoladas ou mltiplas,que comprometem as funes celulares devido aos inmeros distrbiosmetablicos que ocasionam (DIAS, M. A., 1997).

    A tecnologia que d suporte na UTI, seja relacionada s novas condutas dediagnstico ou teraputica ou aos equipamentos de ltima gerao fazem comque seja ultrapassada a capacidade espontnea de sobrevivncia dos pacientes.

    Assim sendo, as medidas de preveno e controle, ao serem estabelecidas,devem levar em considerao as diversas variveis intervenientes no processo.Dentro deste aspecto, destacam-se os fatores desencadeadores deimunodepresso (PEDROSA, T.M.G., 1999):- acessos vasculares que rompem a barreira da pele;- neutralizao da barreira qumica natural do estmago pela administrao deanticidos ou bloqueadores de H2- insero de tubo endotraqueal, sondas nasogstricas e de cateter vesical;- interrupo dos mecanismos fisiolgicos de evacuao;- dficit nutricional, secundrio dificuldade de ingesto, associada ao aumentoda demanda metablica;- alterao do sistema imunolgico devido aos extremos de idade, cirurgias,traumas, doenas crnicas

    debilitantes, dentre outras. Ademais, os pacientes graves mudam sua microbiota endgena de tal

    forma que, rapidamente, podem apresentar microrganismos, inclusivemultirresistentes, no encontrados em situaes de normalidade, o que dificulta otratamento (DAVID, C.E. e col., 1998).

    De igual forma os fatores extrnsecos relacionados aos procedimentosinvasivos constituem-se em importante foco de ateno da equipe, exigindo muitorigor em sua execuo:- suporte ventilatrio desde oxigenao por cateter nasal at a ventilaomecnica; exigem preparo adequado dos

    ventiladores e suas conexes, nebulizadores, equipamentos para aspirao;- dispositivos intravasculares: cateteres venosos perifrico, central notunelizados, central tunelizados, cateteres

    arteriais perifrico e central;-cateterismo vesical.

    Um destaque que deve ser feito quando da realizao dos procedimentosinvasivos a acurcia da tcnica, com a menor leso de tecidos possvel e aobedincia rigorosa dos princpios da assepsia.

    O risco de IH aumenta a cada procedimento invasivo a que o paciente sesubmete (BERGOGNE BEREZIN, E., 1995; DASCHNER, F. D. e col., 1982).

    Conquanto o ambiente ser considerado importante e dispensarpreocupao, preferencialmente, quando da ocorrncia de epidemia, h que se

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    destacar a necessidade de padronizao de sabes, preparo de solues,monitorizao da gua e dietas. A higiene e limpeza so importantes para adefinio do controle de infeces hospitalares.

    A qualidade dos cuidados prestados pela equipe de sade deve seravaliada em consonncia com os padres de qualidade estabelecidos para o

    servio.Um fator relevante as mos da equipe assistente. Com finalidadediagnstica ou teraputica so necessrias aes que rompem com as barreirasnaturais de proteo e, neste caso, a exposio aos microrganismos se dbasicamente pela transmisso por contato direto com as mos contaminadas daequipe, pelos visitantes ou equipamentos que no receberam o tratamentoadequado.

    Estudos (TRILLA, A., 1994; VINCENT, J.L., 1995; BERGOGNE BEREZIN,E., 1995) apontam os seguintes fatores de risco IH em UTI como sendo os maispreponderantes:- tempo de permanncia na UTI superior a 48 horas;-ventilao mecnica;-diagnstico de trauma;-cateterizao urinria, de veia central, de artria pulmonar; e-presena de profilaxia para lcera de stress.

    Por esta razo a adoo de medidas preventivas so imperativas, uma vezque as condies inerentes a este tipo de paciente e tratamento so revestidas defatores altamente desfavorveis e inevitveis.

    importante se conhecer o comportamento da infeco em UTI comoforma de se fundamentar o planejamento das rotinas no servio, com vistas suapreveno.

    Estudos apontam as infeces do trato urinrio como as mais freqentesem hospitais gerais, correspondendo a 35-45% do total das infeces, sendo 70 a88% delas relacionadas sondagem vesical (PEDROSA, T.M.G., 1999).

    A pneumonia nosocomial a segunda maior causa de infeco hospitalar,correspondendo a 24% das infeces em UTI, sendo 58% delas relacionadas ventilao mecnica (PEDROSA, T.M.G., 1999).

    A sepse relacionada ao cateter vascular a principal causa de bacteremianosocomial e corresponde a 40% das bacteremias que ocorrem em UTI(PEDROSA, T.M.G., 1999).

    Locais de trauma devido a presena de sangue em hematomas e detecidos desvitalizados torna o ambiente favorvel proliferao de bactrias(DIAS, M. A., 1997).

    Outro fator importante refere-se s complicaes de cirurgias prvias e que,muitas vezes, constituem o motivo da internao do paciente em UTI. As cirurgiasque mais freqentemente apresentam complicaes infecciosas so aquelasrealizadas em situaes de urgncia, em pacientes comprometidos ou cominfeco prvia (DIAS, M. A., 1997).

    Quanto ao perfil epidemiolgico, estudo (BERGOGNE BEREZIN, E.,1995) apresenta como principais patgenos os estafilococos, enterococos, bacilosGram-negativos como enterobactrias, pseudomonas e outros. Cndida albicans eoutros fungos tem ocorrido com freqncia crescente. Cada servio deve

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    estabelecer seu protocolo de controle de IH, identificando os patgenos queapresentam maior importncia. Atualmente, tem aumentado o nmero deStaphylococcus epidermides presentes nas infeces, denotando falhas nosprocessos de anti-sepsia que precedem aos procedimentos invasivos (DAVID,C.E. e col., 1998).

    Outra preocupao com a disseminao de cepas resistentes o queimplica na possibilidade de agravo na morbidade e mortalidade, dificuldadeteraputica, necessidade do uso de antibiticos mais onerosos e/ou mais txicos.

    Uma preocupao bsica deve ser com a preveno da disseminaodestas cepas (MENDONA, J. S., 1997).

    4. CONSIDERAES FINAIS

    No contexto da assistncia de enfermagem em UTI, onde os pacientes sode maior risco, a freqente e inevitvel aplicao de procedimentos invasivos, aadministrao de antibiticos de amplo espectro e a seleo de microrganismosresistentes, a ateno s medidas preventivas reveste-se de redobradosignificado.

    Conquanto ser bastante complexo o processo de planejamento,implementao e avaliao dos cuidados atinentes ao controle de IH em UTI,dada a multiplicidade de fatores intervenientes, os enfermeiros demonstramsegurana quando da indicao dos pontos nominados como desafios a seremenfrentados.

    Se no planejamento e implementao dos cuidados de enfermagem foremobservadas as condies de risco conhecidas, as caractersticas do servio etratamento, as medidas de preveno e controle estabelecidas em protocolos deconfiabilidade comprovada, adicionada adoo de educao continuadapermanente para viabilizar a necessria atualizao do conhecimento, semdvida, a qualidade da assistncia estar garantida

    Lembrar que a lavagem das mos continua merecendo um profundo estudocom vistas ao estabelecimento de estratgias que convenam a equipe de sadesobre sua importncia e sua conseqente adoo na prtica.

    Tcnicas que envolvem a equipe no processo de tomada de deciso,quanto aos protocolos de preveno e controle, tem surtido efeitos positivos.Quanto maior o envolvimento de co-responsabilidade, maior a adeso aosprotocolos estabelecidos.

    Sesses clnicas peridicas so de grande proveito para ocorrermudanas de comportamento. Por outro lado, estudo (TIPPLE, A.F.V., 2000) temdemonstrado a necessidade do investimento na formao acadmica no sentidode se estabelecer uma nova prtica na preveno e controle das IH.

    5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    1- BERGOGNE BEREZIN, E. Nosocomial infections: new agents, incidence,prevention. Presse Med, v.24, n.2, p.89-97, 1995.

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    2- DASCHNER, F. D.; FREY, P. e col. Nosocomial infections in intensive carewards: a multiple center prospective study. Intensive Care Med., v.8, n.5,1982.

    3- DAVID, C.E.; HUMPHREYS, H. Hospital Acquired Infection. In: COLLIER,L.; BALOWS, A.; SUSSMAN, M. Microbiology and microbial infections. Ninth

    ed. New York: Oxford University Press, 1998. p. 187-229.4- DIAS, M. A. Infeco em unidade de terapia intensiva- fisiopatologia,diagnstico e tratamento. In: FERRAZ, E. M. Infeco em Cirurgia. Rio deJaneiro: MEDSI, 1997, p. 295-305.

    5- MENDONA, J. S. Mecanismos de resistncia bacteriana e suasimplicaes. In: RODRIGUES, E.A.C. et al. Infeces hospitalares-preveno e controle. So Paulo: Sarvier, 1997. p.561-70.

    6- PEDROSA, T.M.G. & COUTO, R. C. Preveno de infeco em terapiaintensiva de adultos e peditrica. In: COUTO, R. C. ; PEDROSA, T. M. G.;NOGUEIRA, J.M. Infeco Hospitalar: epidemiologia e controle. BeloHorizonte: MEDSI, 1999. p. 527.

    7-

    TIPPLE, A.F.V. Interfaces no controle de infeco numa instituio de ensinoodontolgico. Ribeiro Preto, 2000. 177 p. Tese (Doutorado) Escola deEnfermagem de Ribeiro Preto, Universidade de So Paulo.

    8- TRILLA, A. Epidemiology of nosocomial infections in adult intensive careunits. Intensive Care Med., 20 (suppl. 3): 51-4, 1994.

    9- VINCENT, J.L.; BIHART, D.J.; SUTER, P.M. et al. The prevalence ofnosocomial infection in intensive care units in Europe. Results of the europeanprevalence of infection in intensive care study. JAMA, v.274, n.8, p. 639-44,1995.

    10- WENZEL, R.P.; THOMPSON, R.L. e cols. Hospital-acquired infections inintensive care unit patients: an overview with emphasis on epidemics. Infect.Control. v. 4, p. 371, 1983.

    AUTORES:Milca Severino Pereira - Reitora da Universidade Federal de Gois e Docente daFEN/UFGMarinsia Aparecida do Prado, Joaquim Tom de Souza, Anaclara FerreiraVeiga Tipple, Adencia Custdia Silva e Souza - So Docentes da FEN/UFG

    TRABALHO:Estudo vinculado linha de pesquisa Infeco Hospitlar Ncleo de Estudos ePesquisas em Infeco Hospitalar NEPHI, da Faculdade de Enfermagem FEN

    Universidade Federal de Gois. Subproduto do projeto financiado pelo CNPq.