Controle de estoques (funcionalidades)

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Logística e Distribuição Aula 12 - Controle de Estoques -Conceitos Principais 70 Faculdade On-Line UVB Anotações do Aluno uvb Aula Nº 12 – Controle de Estoques - Conceitos Principais Objetivo da Aula Aprofundar os conhecimentos sobre o Manuseio e identificar sua importância. Introdução Na aula anterior, estudamos os conceitos principais sobre o Manuseio, sua importância, sua operacionalização, entre outros. Nesta aula, aprofundaremos nossos conhecimentos sobre o Controle de Estoques e sua influência para o bom desempenho de todo o sistema logístico de uma organização. 1. O Estoque e sua Finalidade O estoque representa uma armazenagem de mercadorias com previsão de uso futuro. Tem, como objetivo, atender a demanda, assegurando-lhe a disponibilidade de produtos. Sua formação é onerosa, uma vez que representa de 25% a 40% dos custos totais. Com o propósito de se evitar o descontrole financeiro, é necessário que haja uma sincronização perfeita entre a demanda e a oferta de mercadorias. Como isso é impossível, deve-se formar um estoque essencialmente para atender a demanda, minimizando seus custos de formação. Como proposto por Nellemann, “devemos sempre ter o produto que você necessita, mas nunca devemos ser pegos com algum estoque”.

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Aula Nº 12 – Controle de Estoques - Conceitos Principais

Objetivo da Aula

Aprofundar os conhecimentos sobre o Manuseio e identificar sua

importância.

Introdução

Na aula anterior, estudamos os conceitos principais sobre o Manuseio,

sua importância, sua operacionalização, entre outros. Nesta aula,

aprofundaremos nossos conhecimentos sobre o Controle de Estoques e

sua influência para o bom desempenho de todo o sistema logístico de

uma organização.

1. O Estoque e sua Finalidade

O estoque representa uma armazenagem de mercadorias com previsão

de uso futuro. Tem, como objetivo, atender a demanda, assegurando-lhe

a disponibilidade de produtos.

Sua formação é onerosa, uma vez que representa de 25% a 40% dos

custos totais. Com o propósito de se evitar o descontrole financeiro,

é necessário que haja uma sincronização perfeita entre a demanda e a

oferta de mercadorias. Como isso é impossível, deve-se formar um estoque

essencialmente para atender a demanda, minimizando seus custos de

formação.

Como proposto por Nellemann, “devemos sempre ter o produto que você

necessita, mas nunca devemos ser pegos com algum estoque”.

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2. Finalidades dos Estoques

Os estoques servem para muitas finalidades. Entre elas, podem-se citar:

• Melhoram o nível de serviço;

• Incentivam economias na produção;

• Permitem economia de escala nas compras e no transporte;

• Agem como proteção contra aumentos de preço;

• Protegem a empresa contra incertezas na demanda e no tempo de

ressuprimento;

• Servem como segurança contra contingências.

3. Melhora do nível de serviço oferecido

Os estoques auxiliam no marketing da empresa, uma vez que podem ser

oferecidos produtos com mais descontos, com quantidades mais adequadas,

com mais vantagens para os clientes que precisam de fornecimento imediato

ou de períodos curtos de ressuprimento. Isso representa maiores vantagens

competitivas, diminuição nos custos e maiores lucros nas vendas.

4. Economia na Produção

O menor custo unitário de produção ocorre, geralmente, para grandes lotes

de fabricação com o mesmo tamanho. Considerando que os estoques agem

como reguladores entre oferta e demanda, possibilitam uma produção mais

constante, não oscilando com as flutuações das vendas. Além disso, a força

de trabalho pode ser mantida em lotes estáveis e os custos de preparação

de lotes podem ser diminuídos.

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5. Métodos geradores de eficiência no manuseio

• A geração de pequenos lotes de compras para atender às necessidades

de produção ou atender a clientes a partir da manufatura implica

maiores custos de fretes, uma vez que não há volume suficiente

para obter descontos oferecidos aos maiores lotes. Outra finalidade

dos estoques é possibilitar descontos no transporte de grandes

lotes equivalentes à capacidade dos veículos, gerando, assim,

fretes menores.

6. Proteção contra Alterações nos Preços

Mercadorias negociadas em mercados abertos, tais como minérios,

produtos agrícolas e petróleo, têm seus preços ditados pelas curvas da

oferta e da demanda. Assim, as compras podem ser antecipadas em razão

de aumentos previstos nos preços, gerando estoques que devem ser muito

bem administrados.

7. Proteção contra oscilações na demanda ou no tempo de ressuprimento

Devido à impossibilidade de se conhecerem as demandas pelos produtos

ou seus tempos de ressuprimento de maneira exata no sistema logístico

e, para garantir a disponibilidade do produto, deve-se formar um estoque

adicional (estoque de segurança). Este é adicionado ao estoque regulador

para atender às necessidades da produção e do mercado.

8. Proteção contra contingências

Algumas contingências podem atingir as empresas de maneira inesperada.

Como exemplo, podemos citar greves, incêndios, inundações, entre outras.

A manutenção do estoque de reserva é uma maneira viável de garantir o

fornecimento normal nessas ocasiões.

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9. Uma visão do problema dos estoques em diferentes organizações

O problema dos estoques não é o mesmo para os diferentes tipos de

organizações. Os estoques industriais costumam ser maiores do que os do

varejo e os do atacado. Se considerarmos os estoques do ponto de vista

de bens duráveis e não-duráveis, pode-se afirmar que “os bens duráveis,

como automóveis, máquinas de lavar e condicionadores de ar, representam

os dois terços restantes, e os bens não duráveis, como roupas e alimentos,

representam cerca de um terço dos estoques totais das empresas”.

10. Controle do estoque pelo tipo de demanda

Os estoques podem ser controlados, adotando-se diversos tipos de critérios.

Se considerarmos a natureza de sua demanda, teremos as seguintes

classificações:

a. Estoques de demanda permanente: são estoques daqueles produtos que

requerem ressuprimento contínuo, pois seus produtos são consumidos

durante todas as fases do ano. Ex: creme dental;

b. Estoques de demanda sazonal: são estoques de produtos comercializados

em determinados momentos do ano. Ex: Árvores de Natal;

c. Estoques de demanda irregular: são estoques cuja venda de seus produtos

não pode ser prevista na íntegra . Ex: automóveis a gasolina x automóveis

a álcool;

d. Estoques de demanda em declínio: ocorre no caso de produtos que estão

sendo retirados do mercado em razão do declínio da demanda. Ex: Fitas

VHS x DVDs;

e. Estoques de demanda derivada: ocorrem no caso de itens que são

usados na linha de produção de alguns produtos acabados. Ex: Pneus de

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automóveis em razão das vendas do produto acabado, que é o automóvel.

11. Custos do Estoque

a. Custos de Manutenção de Estoque: relativos à manutenção de certa

quantidade de itens por um período de tempo. Representa uma série

de custos diferentes, como o custo de imobilização de capital. O capital

imobilizado nos estoques poderia estar sendo investido, por exemplo, no

mercado financeiro. Além disso, devem-se considerar, também, os custos

com impostos e seguros, custos de armazenagem, custos associados ao risco

de se manter estoques. Nos EUA, tradicionalmente, o custo de manutenção

de estoques costuma assumir o patamar de 25% do valor médio dos

produtos ao ano.

b. Custos de compras: custos das quantidades requeridas para a reposição

do estoque. Os custos de aquisição incluem, especificamente: custo de se

processar pedidos, custo de envio do pedido até o fornecedor, custo de

preparação da produção, custo de manuseio ou processamento realizado

na recepção e custo do preço da mercadoria;

c. Custos de Falta:custos que ocorrem no caso de haver demandas por

produtos em falta no estoque. Podem ser custos de vendas perdidas ou de

atrasos.

12. Algumas técnicas de controle de estoques

Diante dos diversos métodos existentes para o controle de estoques, os

mais tradicionalmente utilizados são:

a. Métodos de empurrar estoques (tipo push): utilizado, especialmente,

quando há mais de um depósito no sistema de distribuição. Ocorre quando

o que é produzido é maior que a necessidade dos estoques.

b. Métodos de Puxar Estoques (tipo pull): Apenas o estoque necessário para

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se atender a demanda daquele produto precisa ser mantido. As quantidades

mantidas tendem a ser menores do que no outro método. Um dos sistemas

mais conhecidos de puxar estoques é o “estoque para a demanda”, em que

os níveis de inventário são mantidos proporcionalmente às previsões das

demandas dos clientes.

13. Ponto de Reposição

Conhecido, também, como Método do Estoque Mínimo, objetiva reduzir

os custos de manutenção de estoques, mas sem correr o risco de não se

atender a demanda. O objetivo é encontrar o nível ótimo de estoques para

um determinado produto.

Para isso, é necessário que o estoque esteja devidamente controlado e que

determine o ponto de reposição.

A finalidade do ponto de reposição é iniciar o processo de ressuprimento com

segurança suficiente para que não ocorra a falta do material. O PR é calculado

multiplicando-se a taxa de consumo pelo tempo de ressuprimento. Por

exemplo, o consumo previsto dos televisores que estão no seu estoque, por

semana, é de 100 unidades. O tempo de ressuprimento (tempo gasto desde

que o pedido, por exemplo, das peças que serão utilizadas na fabricação

dos televisores, é feito ao fornecedor até a chegada do produto para a linha

de montagem e sua produção) é de duas semanas. Desse modo, o PR dos

seus televisores é de 200 unidades. Explicando: para que não haja risco de a

sua demanda não ser atendida, seu estoque nunca pode ter menos do que

200 televisores. Essa contagem, atualmente, pode ser feita por ferramentas

de tecnologia, como softwares de computadores especializados.

14. Just-In-Time

A aplicação de algumas técnicas na produção japonesa permitiu reduzir

estoques, em todos os níveis, incrementar a capacidade disponível em

grandes investimentos adicionais, diminuir tempos de fabricação, melhorar

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a produtividade e a qualidade dos produtos fabricados etc. Uma dessas

técnicas foi o JIT- Just-In-Time, que tem o objetivo de dispor da peça

necessária, na quantidade necessária e no momento necessário, pois,

para lucrar, necessita-se dispor do inventário para satisfazer as demandas

imediatas da linha de produção. De acordo com a filosofia Just-In-Time, em

cada etapa do processo, produzem-se somente os produtos necessários

para a fase posterior, na quantidade e no momento exato em que são

demandadas.

O JIT surgiu no Japão, nos meados da década de 70, com base na literatura

acerca da Toyota japonesa (empresa que desenvolveu o sistema tal como

vem sendo introduzido no Brasil, o que o leva, muitas vezes, a ser chamado

de “Sistema Toyota de Produção”).

O sistema Just-In-Time freqüentemente é associado a uma política de redução

do estoque de matérias-primas por meio da sua entrega em intervalos e

lotes menores. Na realidade, o sistema é muito mais abrangente do que

essa característica “externa”. Internamente, a fábrica passa por mudanças

no trabalho e no sistema de informações.

De uma maneira geral, dois são os princípios desse sistema de produtividade,

Just-in-time e controle autônomo dos defeitos. O Kanban propriamente

dito é um sistema de informações para administrar o Just-In-Time.

Os objetivos do Just-In-Time são:

• Flexibilizar a empresa;

• Produzir somente os produtos necessários;

• Produzir com qualidade requerida;

• Menor “Lead Time” na concepção de novos produtos;

• Menor “Lead Time” na manufatura;

• Melhor atendimento ao cliente;

• Menor perda (maior valor agregado ao produto);

. Maior retorno de investimento;

• Redução de estoques em processo, produtos acabados e,

eventualmente, de

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matérias-primas;

• Redução de custos de fabricação;

• Geração de espaço de fábrica;

• Produção por métodos que permitam o envolvimento das pessoas

(moral, satisfação, desenvolvimento, autocontrole);

• Melhoramento contínuo (Kaizen) da qualidade e da produtividade.

Síntese

Nesta aula, você aprendeu um pouco mais sobre o controle de estoques e

sua importância. Aprendeu o moderno conceito do Just-In-Time, além de

muitas outras coisas interessantes. Na próxima aula, você terá acesso ao

moderno conceito das Flexibilidades Logísticas. Até lá!

Referências Básicas

BALLOU, Ronald H. Logística Empresarial. São Paulo: Atlas, 1993.

NOVAES, Antonio Galvão N. ; ALVARENGA, Antonio Carlos. Logística

Aplicada: suprimento e distribuição física. São Paulo: Pioneira, 1994.

VALENTE, M. G. Gerenciamento de transportes e frotas. São Paulo: Pioneira,

1997.

Referências Complementares

CHING, Hong Yuh. Gestão de estoques na cadeia de logística integrada.

São Paulo: Atlas, 2001.

DIAS, Marco Aurélio P. Transportes e distribuição física. São Paulo: Atlas,

1987.