CONTROLE DE ESTÍMULOS E HISTÓRIA … · Um forte abraço também para a Inês, sempre prestativa,...

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PAULO GUERRA SOARES CONTROLE DE ESTÍMULOS E HISTÓRIA COMPORTAMENTAL EM HUMANOS Londrina 2008

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PAULO GUERRA SOARES

CONTROLE DE ESTÍMULOS E HISTÓRIA

COMPORTAMENTAL EM HUMANOS

Londrina

2008

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PAULO GUERRA SOARES

CONTROLE DE ESTÍMULOS E HISTÓRIA

COMPORTAMENTAL EM HUMANOS

Dissertação apresentada ao programa de Pós- Graduação em Análise do Comportamento da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Análise do Comportamento. Orientador: Prof. Dr. Carlos Eduardo Costa

• Projeto parcialmente financiado pela FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA

Londrina 2008

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PAULO GUERRA SOARES

CONTROLE DE ESTÍMULOS E HISTÓRIA

COMPORTAMENTAL EM HUMANOS

Dissertação apresentada ao programa de Pós- Graduação em Análise do Comportamento da Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Análise do Comportamento.

BANCA EXAMINADORA ________________________________________

Prof. Dr. Carlos Eduardo Costa Universidade Estadual de Londrina

________________________________________ Prof. Dr. Sérgio Dias Cirino

Universidade Federal de Minas Gerais

________________________________________ Profa. Dra. Silvia Regina de Souza Arrabal Gil

Universidade Estadual de Londrina

Londrina, 25 de junho de 2008.

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“O hoje é apenas um furo no futuro

Por onde o passado começa a jorrar...”

Raul Seixas

Marcelo Nova

v

DEDICATÓRIA

Para meus pais pois, no princípio, eram eles.

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AGRADECIMENTOS

O ano era 2005 e estávamos, eu e alguns amigos psicólogos, comendo sanduíches

enormes no “Tosco Burguer”, em Belo Horizonte. Lembro-me que, ao tocar no assunto

“mestrado”, um dos meus amigos exclamou: “mestrado sem sofrimento não existe! Nunca

conheci alguém que tenha feito mestrado e não tenha chorado”! Confesso que aquilo me

assustou um pouco. Afinal, eu estava prestes a fazer a minha prova de mestrado! Porém,

agora, em 2008, ao final do processo, posso afirmar: se a regra era chorar sempre, fui uma

exceção. O que tenho para dizer sobre meu mestrado é que foi uma das experiências mais

enriquecedoras da minha vida! Aproveito a ocasião para agradecer muito às pessoas que

foram importantes durante este processo:

Primeiramente aos meus pais, seu Lau e dona Beth, e meus irmãos, Lipe e Zá.

Acreditem, sem vocês, nada do que está acontecendo hoje seria possível. Estar longe de

vocês ainda é o único fator que pode ter me feito querer chorar durante o mestrado.

Aos meus amigos de Belo Horizonte que, assim como minha família, não me

deixaram desistir. Muito obrigado, Gustavão, Tiagão, Filho, Lêta, Claret e Alysson, mais

uma vez, pela força, ainda que de longe.

Aos meus amigos da Análise do Comportamento, pessoas tão especiais pra mim

hoje, que foram importantíssimas na minha formação e tornaram o aprendizado tão

reforçador: Sônia, André, Ana Maria, Adélia, Renata Horta, Ernani e Gustavo Teixeira.

Fico feliz em saber que existem pessoas como vocês caminhando ao meu lado.

Não posso deixar de agradecer também a duas das pessoas mais importantes na

minha vida: Sérgio Cirino e Carlos Cançado, ou simplesmente “Serjão” e “Carlão”. Seria

necessário escrever um livro para narrar a importância que vocês têm em minha vida e em

minha formação. Eu nunca seria nada do que sou hoje se não tivesse trabalhado com vocês.

Vocês me ensinaram a ser reforçador e crítico, obsessivo e histérico. É muito importante

saber que temos um ao outro para nos apoiar nos momentos difíceis e celebrar nos

momentos de alegria. E serão, ainda, muitos momentos de alegria!

Meu mestrado também não seria possível sem as minhas colegas de turma: Camila,

Carol, Elissa, Fernanda, Ju, Lígia, Olivia e Renata. Muito obrigado, meninas, por tudo! Um

vii

beijo especial para a Marina, que fez com que Londrina se tornasse um lugar quentinho,

mesmo quando o inverno bateu forte.

Agradeço também aos professores que conheci em Londrina e que me

acompanharam durante o mestrado: Verônica, Maura, Sílvia e Maria Luíza. O que aprendi

com vocês vai pra vida toda! Um forte abraço também para a Inês, sempre prestativa, e

para o Nelsinho e Zé Carlos, pelas nossas conversas pelos corredores do PGAC. Falando

em PGAC, não posso deixar de agradecer aos companheiros de laboratório: Rodrigo

Salgado, Luiz de Freitas, Tatiany Porto, Murilo Ramos, Rodrigo Becker e Raquel Lacerda.

Com essa turma toda, não dava pra se sentir sozinho no laboratório! Agradeço também à

Fundação Araucária, por financiar parte deste projeto, e aos meus participantes, pela várias

e várias sessões experimentais!

Muito importante na minha caminhada foi o apoio da Prof.ª Elisabete Coelho,

coordenadora do curso de Psicologia da Faculdade Pitágoras – Campus Metropolitana.

Obrigado pela oportunidade, pela confiança e por “segurar a barra” nos momentos em que

a dissertação tomava muito do meu tempo.

Queria também mandar um grande beijo para uma das pessoas mais importantes

desta trajetória: Íria, você sabe o quanto eu amo você. Se não fosse por você, nada disso

teria sido possível. Pelos beijos, abraços e carinhos. Que ainda durarão muito, muito

tempo! Um grande abraço também para sua família, que sempre que me recebeu de braços

abertos.

Finalmente, mas não menos importante, gostaria de deixar um agradecimento para

meu orientador, Prof. Carlos Eduardo Costa. Caê, você foi um orientador perfeito quando

precisou ser e, principalmente, foi um amigo em todos os momentos. Obrigado por fazer de

mim o profissional e a pessoa que sou hoje. Fechamos este ciclo, meu amigo. Mas se

precisar de mim, sabe onde me achar. Um grande abraço!

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Soares, P. G. Controle de estímulos e história comportamental em humanos. 2008. 75f. Dissertação (Mestrado em Análise do Comportamento) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2008.

RESUMO O objetivo foi observar o efeito de uma exposição a um mult FR-DRL sobre o comportamento subseqüente em um mult FI-FI, quando os mesmos controles de estímulo foram mantidos. Participaram quatro universitários, cuja tarefa experimental consistia em pressionar o botão esquerdo do mouse com o cursor sobre um botão (botão de resposta) que aparecia no monitor do computador. Ao ser cumprida a contingência de reforço programada, um smile aparecia no canto superior direito do monitor e, para que um ponto fosse creditado em um visor acima do botão de respostas, o participante deveria clicar em um botão localizado acima do smile (botão de resposta de consumação). Os participantes foram expostos a um programa mult FR-DRL até que fosse obtida estabilidade na taxa de respostas em ambos os componentes. A cor do botão de resposta era diferente para cada componente do programa múltiplo (verde para FR e vermelha para DRL). Em uma fase seguinte, os participantes foram expostos a um programa mult FI-FI. Cada componente deste múltiplo era correlacionado a uma das cores do botão de resposta apresentadas anteriormente. Nas duas fases, um timeout de 5 segundos ocorria entre os componentes do programa múltiplo. De maneira geral, os resultados replicaram aqueles obtidos por Freeman e Lattal. Observou-se que três dos quatro participantes apresentaram efeitos da história de exposição ao mult FR-DRL somente por algumas sessões. Com a exposição continuada ao mult FI-FI, o comportamento destes participantes tendeu a ficar sob controle da contingência presente. O comportamento de um dos participantes apresentou efeitos da história de exposição ao mult FR-DRL durante toda a fase de teste (mult FI-FI). Este participante foi exposto, então, a mais dez sessões de um mult FI-FI, mas as cores dos botões de resposta foram trocadas para preto e branco. Observou-se que o comportamento deste participante mudou, ficando semelhante ao dos outros três quando foram expostos ao mult FI-FI. Os resultados do presente estudo sugerem que o comportamento de humanos tende a ficar sob controle da nova contingência de reforço com a exposição continuada a esta contingência e, portanto, os efeitos da história são transitórios. Quando a resistência à mudança pareceu maior, a substituição dos estímulos – cuja função havia sido selecionada durante a fase de construção da história (i.e., a mudança na cor do botão de respostas) – foi suficiente para produzir uma mudança comportamental e produzir um padrão que parecia sob controle da contingência presente. Palavras-chave: História comportamental. Controle de estímulos. Programas de reforços humanos.

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Soares, P. G. Stimulus control and behavioral history in humans. 2008. 75p. Dissertation (Masters Degree in Behavior Analysis ) – Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 2008.

ABSTRACT

The goal of the present study was to analyze the effects of a previous exposure to a mult FR-DRL over subsequent behavior under a mult FI-FI, when similar stimuli were maintained across conditions. Four undergraduate students served as participants. The experimental task was pressing a mouse’s left button with the cursor over the response button, displayed on the computer’s screen. When the reinforcement contingency in effect was satisfied, a smile was displayed on the screen’s upper right corner and, after the participant clicked on a button located above the smile (the consummatory response button), a point was displayed on a counter located above the response button. Participants were exposed to a mult FR-DRL until stable response rates were obtained under both components. The color of the response button was different during each component of the multiple schedule (green, during the FR and red during the DRL). On a subsequent phase, participants were exposed to a mult FI-FI. Each component of this schedule was correlated with one of the colors of the response button previously presented. On both phases, a 5-s timeout occurred between components of the multiple schedule. In general, the results replicated those obtained by Freeman and Lattal. Three out of four participants presented effects of a history of exposure to the mult FR-DRL for only a few sessions. With extended exposure to the mult FI-FI, the behavior of these participants came under the control of the current contingency. The behavior of one participant showed effects of the history of exposure to the mult FR-DRL during all the test phase (mult FI-FI). This participant was exposed, then, to ten additional sessions under the mult FI-FI, but the colors of the response button were changed to black and white. The behavior of this participant changed, becoming similar to that of the other three participants when exposed to the mult FI-FI. The results of the present study suggest that human behavior may come under the control of a new contingency of reinforcement with extended exposure to this contingency and, consequently, that history effects are transitory. When resistance to change seemed higher, changing the stimuli – whose function was previously established during the history building condition (i.e., changing the color of the response button) – was sufficient to produce behavioral change and a response pattern that seemed under the control of the current contingency. Keywords: Behavioral history. Stimulus control. Schedules of reinforcement. humans.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 11

1 DEFINIÇÕES DE HISTÓRIA COMPORTAMENTAL ............................................... 13

2 O QUE É UM ESTUDO DE HISTÓRIA COMPORTAMENTAL?............................. 15

3 ESTUDOS EXPERIMENTAIS SOBRE HISTÓRIA COMPORTAMENTAL ........... 17

3.1 DIFERENÇAS ENTRE HUMANOS E NÃO-HUMANOS EM PROGRAMAS DE REFORÇO ................. 18

3.2 HISTÓRIA RECENTE E REMOTA............................................................................................ 28

3.3 CONTROLE DE ESTÍMULOS E HISTÓRIA COMPORTAMENTAL ................................................ 31

4 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA.................................................................................. 37

MÉTODO ............................................................................................................................... 40

Participantes ............................................................................................................................ 40

Equipamentos e Instrumento ................................................................................................... 40

Local ........................................................................................................................................ 41

Procedimento ........................................................................................................................... 42

RESULTADOS ...................................................................................................................... 46

DISCUSSÃO .......................................................................................................................... 57

REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 64

APÊNDICES .......................................................................................................................... 69

APÊNDICE A.......................................................................................................................... 70

APÊNDICE B.......................................................................................................................... 73

APÊNDICE C.......................................................................................................................... 75

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INTRODUÇÃO

Quando se examina a afirmação de Chiesa (1994) de que a “história pessoal

(experiência) é uma parte necessária das explicações do comportamento presente no modelo

causal de variação e seleção” (p. 122), percebe-se claramente a importância da consideração e

do estudo de variáveis históricas na Análise do Comportamento. O modelo causal de variação e

seleção é uma das bases do modelo skinneriano de comportamento operante (SKINNER, 1981).

Para que se entenda como se dão os processos de variação e seleção, deve-se recorrer a eventos

históricos, ou seja, a explicação de tais processos não está somente nos fatos atuais, muito

menos em entidades internas. A explicação última está na história. Os processos históricos

que devem ser pesquisados, para que se expliquem determinados padrões de comportamento,

diferem para cada um dos três tipos de variação e seleção: para o tipo filogenético, deve-se

investigar a seleção natural, ou seja, a história de evolução de uma determinada espécie; no tipo

ontogenético, a história comportamental de cada indivíduo é o foco de análise; já no tipo

cultural, o interesse está na história de um determinado grupo, sociedade ou civilização e suas

práticas culturais. O comportamento de seres humanos seria, dessaforma, função de um

conjunto de contingências1 filogenéticas, ontogenéticas e culturais (BAUM, 1994/1999;

SKINNER 1981). Em relação à Análise do Comportamento, Skinner (1974) afirma que “[...]

uma análise do comportamento é [...] necessariamente ‘histórica’ [...]” (p. 236), ressaltando a

importância da consideração e do estudo da história ontogenética no entendimento do

comportamento. Para isso, é importante que se entenda como a noção e, posteriormente, as

tentativas de definição de história comportamental foram sendo propostas ao longo do tempo

nas produções analítico- comportamentais.

À luz dos argumentos apresentados, observa-se que a noção de que as ações dos

organismos são determinadas pelo contato com contingências presentes em função de uma exposição

às contingências passadas (BRANCH, 1987; FERSTER; SKINNER, 1957; SIDMAN, 1960; WEINER,

1969) é considerada um consenso pela comunidade de analistas do comportamento.

O que se constata, porém, é que os pesquisadores analistas do comportamento, em

geral, enfatizam o estudo do controle das variáveis presentes em detrimento dos efeitos da história

1 Contingências descrevem as condições sob as quais uma resposta produz determinada conseqüência (Catania, 1998/1999)

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comportamental (ALÓ, 2005; WANCHISEN, 1990). O esforço em se estudar os efeitos de

contingências passadas sobre o comportamento atual é tão pequeno e assistemático, quando comparado

com a literatura sobre efeitos de contingências presentes (TATHAM; WANCHISEN, 1998), que se

observa a existência de pouca clareza até mesmo em torno do que os autores definem como "história

comportamental". Isso pode ser verificado quando se constata a alta profusão de termos utilizados para

se referir aos efeitos de contingências passadas sobre o comportamento atual - seja em estudos que

tenham por objetivo a verificação desses efeitos ou em estudos que enfocam outros aspectos do

desempenho de um organismo - como apontado por Cirino (2001b): “história comportamental,

história de condicionamento, história operante, história passada, história de reforçamento,

história de esquema, história latente, história de desempenho, dentre outros” (p. 2). Cançado,

Soares, Cirino e Dias (2006) verificaram a existência de 126 diferentes termos vinculados à

palavra “história” (history) em artigos do Journal of the Experimental Analysis of Behavior

(JEAB) e do Journal of the Applied Behavior Analysis (JABA). Destes, 20 termos eram

utilizados para se referir à história comportamental propriamente dita.

É necessário que se entenda, dessa forma, o que os autores chamam de história

comportamental2, como ela é definida e, ainda, como as tentativas de definição surgiram, levando

em consideração o desenvolvimento da própria Análise do Comportamento e a importância do

estudo da história comportamental nesta ciência. Deve-se, concomitantemente, entender como a

pesquisa básica tem buscado dados que elucidem tanto questões experimentais quanto questões

práticas. Dessa forma, o presente trabalho buscará identificar (a) propostas de definição de história

comportamental, (b) o que pode ser considerado um estudo de história comportamental e (c)

descrições de estudos de história comportamental. Após este esforço será proposto um

delineamento experimental que permita avaliar os efeitos de uma exposição anterior a

contingências sobre o comportamento atual.

2 Segundo Cançado et al. (2006), o termo “comportamental” foi aquele mais frequentemente vinculado à palavra história (“história de reforço” e “história de condicionamento” são exemplos de outros termos frequentemente encontrados pelos pesquisadores). Por essa razão, a expressão “história comportamental” será utilizada no presente trabalho.

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1 DEFINIÇÕES DE HISTÓRIA COMPORTAMENTAL

Apesar de haver um consenso na Análise do Comportamento em relação à

noção de que o comportamento dos organismos é determinado pelas contingências atuais por

meio da exposição a contingências passadas (SIDMAN, 1960; WANCHISEN, 1990;

WEINER, 1969), o que se observa é que tal consenso não existe quando da definição de

história comportamental. Isso pode ser observado pela existência de diversas propostas de

definição encontradas na literatura. Cirino (2001a) identificou três destas propostas. A

primeira delas foi elaborada por Wanchisen (1990). Para ela, história comportamental diz

respeito à “exposição a contingências respondentes e operantes cuidadosamente controladas em

laboratório, antes da fase de ‘teste’ desejada” (WANCHISEN, 1990, p. 32). Nesta definição

são enfatizadas apenas as contingências arranjadas no setting experimental àsquais o

organismo fora exposto, antes de uma fase de teste específica. A proposta de Wanchisen

enfatiza, dessa forma, as manipulações realizadas pelo experimentador, anteriores à fase de

teste. Esta definição identifica as variáveis independentes que serão manipuladas e cujos

efeitos serão observados no comportamento subseqüente.

E quais efeitos seriam estes? Para Freeman e Lattal (1992) “‘efeitos de

história’ implicam fontes de controle sobre o comportamento presente que não foram

eliminadas pelo refinamento das contingências atuais e, conseqüentemente, obscurecem as

relações funcionais estabelecidas entre o comportamento e as contingências presentes” (p. 5).

Esta definição enfatiza o controle exercido pelas contingências presentes sobre o

comportamento atual. Para esses autores, os efeitos da história comportamental seriam

aqueles observados no comportamento atual do organismo na fase de teste de um experimento.

Ou seja, enquanto a proposta de Wanchisen (1990) parece enfatizar o

procedimento nos estudos de história (i.e., ênfase nas variáveis independentes), a proposta de

Freeman e Lattal (1992) parece enfatizar o processo (i.e., os efeitos sobre o comportamento

presente – a variável dependente). Parece, portanto, que, isoladamente, as propostas de

Wanchisen e de Freeman e Lattal não esgotam uma definição do que seria história

comportamental.

Segundo Metzger (1992), história comportamental deve ser definida “em

termos de exposições prévias a contingências tanto dentro quanto fora do laboratório” (p. 15).

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A definição desta autora é mais ampla do que a de Wanchisen (1990), pois

engloba os eventos extra-experimentais como parte da definição de história comportamental.

Não enfatiza, contudo, quais seriam os efeitos destas exposições prévias sobre o desempenho

atual.

Nesse sentido, as propostas de Wanchisen (1990) e de Freeman e Lattal

(1992) parecem, em conjunto, mais úteis do que a de Metzger (1992), para o estudo

experimental da história comportamental, já que não é possível o acesso a todas as

contingências extra-experimentais as quais um organismo foi exposto. O pesquisador

enfatizaria a análise das experiências prévias do organismo, cuidadosamente construídas no

laboratório e cujos efeitos podem ser observados pelo menos por algum tempo sobre o

comportamento atual do mesmo.

Portanto, sintetizando as propostas analisadas, pode-se melhor definir história

comportamental como experiências prévias cujos efeitos podem ser observados no

comportamento atual do organismo. Colocada dessa maneira a definição aponta para dois

aspectos importantes da história comportamental: sua operação (i.e., seu procedimento) e seu

processo (i.e., o efeito sobre o comportamento atual). Todavia, deve-se ressaltar que, para que a

definição seja experimentalmente útil, é necessário que as “experiências prévias” sejam

consideradas como os eventos arranjados no contexto experimental e cujos efeitos possam ser

observados no comportamento subseqüente.

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2 O QUE É UM ESTUDO DE HISTÓRIA COMPORTAMENTAL?

Após a adoção do termo história comportamental para se referir a esta área

de estudos e de uma definição útil na construção de um delineamento experimental, outro

ponto deve ser discutido: a identificação de um estudo como sendo um estudo de história

comportamental e não de outro tema qualquer. De maneira geral, qualquer estudo da Análise

Experimental do Comportamento pode ser considerado como tendo uma dimensão histórica:

“estudos de extinção, estados de transição, efeitos cumulativos de certas variáveis, etc., todos

podem ser classificados nessa categoria” (SIDMAN, 1960, p. 384). Os estudos de programas

de reforço mostram claramente esta noção. Em um experimento básico de extinção, por

exemplo, quando o reforçador que vinha mantendo um determinado comportamento é

suspenso, o indivíduo não deixa de se comportar imediatamente. O período inicial de

exposição à extinção indica claramente um efeito da exposição prévia ao programa de

reforço. Mesmo experimentos simples, como os de programa de razão fixa (utilizados nas

práticas de laboratório das aulas de graduação em muitas faculdades de Psicologia) poderiam

ser facilmente enquadrados como um estudo de história. Um organismo dificilmente é

exposto a uma contingência de FR 100, por exemplo, sem antes passar por um treino que

envolve responder em razões menores, que vão aumentando segundo algum critério

previamente definido pelo experimentador.

No entanto, como bem apontou Wanchisen (1990), dizer que todo estudo em

Análise Experimental do Comportamento é um estudo sobre história comportamental

comprometeria a utilidade do conceito, uma vez que se tornaria amplo em demasia.

Tatham e Wanchisen (1998) propuseram um modelo de classificação de

estudos de história comportamental baseado em três critérios: (a) que um estudo permita a

avaliação dos efeitos de uma manipulação anterior sobre uma condição subseqüente; (b)

demonstrar efeitos de história duradouros ou transitórios; (c) produzir efeitos de história

observáveis no comportamento atual, ou inobserváveis até que manipulações experimentais

específicas sejam arranjadas (como administração de drogas, por exemplo). Segundo estes

autores, um estudo deve satisfazer estes três critérios para que possa ser considerado um

estudo de história comportamental.

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Cirino, Cançado, Soares e Dias (2006) apontaram para alguns problemas

relativos aos critérios propostos por Tatham e Wanchisen (1998). Segundo os autores, o

primeiro critério especifica não apenas estudos de história comportamental, mas qualquer

estudo experimental em Análise do Comportamento. O segundo critério seria dependente do

terceiro, visto que os efeitos só poderiam ser classificados como duradouros ou transitórios se

eles pudessem ser observados. Além disso, especificar se um efeito é transitório ou

duradouro seria apenas uma informação adicional e não um critério de classificação de um

estudo como um estudo de história comportamental. Em relação ao terceiro critério, Cirino et

al. chamaram a atenção para um aspecto aparentemente importante na identificação de um

estudo de história: a ênfase do experimentador em relação ao estudo, ou seja, as variáveis que

controlam o comportamento do cientista (por exemplo, a literatura consultada, arranjo

experimental proposto etc.). Se a ênfase do experimentador for a verificação dos efeitos de

manipulações anteriores sobre o comportamento atual de um organismo, mesmo que estes

efeitos não sejam encontrados, o estudo deve ser considerado um estudo de história

comportamental. Dessa forma, o fato de um efeito de história ser observado ou não deveria ser

considerada uma informação adicional e não um critério de identificação de um estudo de

história.

Após a identificação da principal característica que poderia identificar um

estudo analítico-comportamental como um estudo de história comportamental (critério da

ênfase), serão descritas pesquisas experimentais em que este critério pode ser observado.

Pesquisas de outras áreas da Análise Experimental do Comportamento também serão descritas,

de acordo com a manipulação de determinadas variáveis, que serão importantes para o

delineamento experimental proposto no presente estudo.

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3 ESTUDOS EXPERIMENTAIS SOBRE HISTÓRIA COMPORTAMENTAL

Como a história comportamental e seus efeitos têm sido estudados por

pesquisadores analistas do comportamento? Uma revisão da literatura sugere que, de uma

maneira geral, estudos em história comportamental configuram-se como: (a) estudos do

comportamento mantidos por programas de reforço com delineamento experimental inter-

sujeitos (delineamento de grupos) – no quais grupos de sujeitos são submetidos a programas

que produzem altas taxas de respostas ou baixas taxas de respostas e, numa condição

subseqüente, ambos são expostos a programas que permitem alta variação na taxa de respostas,

sem alteração substancial na taxa de reforços (ver, por exemplo, COLE, 2001; COSTA, 2004;

COSTA; BANACO; BECKER, 2005; COSTA; BANACO; LONGAREZI; MARTINS;

MACIEL; SUDO (no prelo); LEFRANCOIS; METZGER, 1993; SALGADO (2007);

URBAIN, POLLING; MILLAN; THOMPSON, 1978; WANCHISEN; TATHAM; MOONEY,

1989; WEINER, 1964; 1965; 1969); (b) estudos do comportamento mantidos por programas

de reforço com delineamento experimental intra-sujeitos (delineamento de caso único) – nos

quais o sujeito é exposto a diferentes programas de reforço (com ou sem controle de

estímulos). Em uma condição subseqüente, o mesmo sujeito é exposto a um programa que

permite alta variação na taxa de respostas sem que a taxa de reforços seja alterada

substancialmente e, se houver controle de estímulos, eles são apresentados novamente (e.g.

CIRINO, 1999; DOUGHTY; CIRINO; MAYFIELD; DA SILVA; OKOUCHI; LATTAL;

2005; FREEMAN; LATTAL, 1992; OKOUCHI, 2003A; 2003B).

A seguir serão relatadas pesquisas experimentais sobre a história

comportamental cujos temas tratados são relevantes para o presente trabalho. Será abordada a

importância da história comportamental no entendimento das diferenças entre humanos e não-

humanos se comportando sob programas de reforço; os efeitos da história recente e remota

sobre o comportamento atual dos organismos e, por fim, o papel do controle de estímulos nos

efeitos da história comportamental.

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3.1 DIFERENÇAS ENTRE HUMANOS E NÃO-HUMANOS EM PROGRAMAS DE REFORÇO

Um dos tópicos que gera grande controvérsia entre pesquisadores analistas do

comportamento diz respeito às diferenças no comportamento de humanos e não- humanos em

programas de reforço. Entre as décadas de 1950 e 1960, havia um interesse, por parte dos

analistas do comportamento, em observar padrões de scallop e break-and-run3 em estudos de

programas de FI4, encontrados nos estudos que utilizavam sujeitos não-humanos. Alguns

pesquisadores, como Azrin (1958), observaram que os padrões encontrados em organismos

não-humanos raramente apareciam em humanos.

O estudo de Weiner (1969, Experimento 1), permite avaliar as diferenças no

padrão comportamental de humanos em FI. Participantes humanos foram distribuídos em três

grupos. Os participantes dos grupos foram expostos a contingências de FI 10 s, FI 600 s ou FI

10 s com custo5. O aparato experimental era constituído por uma tela com um marcador de

pontos e luzes com cores diferentes eram acesas para cada programa de reforço. Um botão foi

instalado em uma mesa que ficava em frente à tela.

A resposta selecionada para este experimento foi a de pressão ao botão6. A

instrução fornecida aos participantes dizia que eles deveriam ganhar o maior número de

pontos possível, pressionando o botão “de alguma forma”. Cada conseqüência reforçadora era

constituída por 100 pontos creditados no marcador. Os participantes recebiam uma quantia fixa

de dinheiro por hora de participação, pagos ao final de cada sessão. Não eram revelados ao

participante os objetivos do experimento, nem aspectos do programa de reforço vigente

durante a sessão.

3 “O padrão scallop se caracteriza por uma pausa no responder logo após o reforço e uma retomada no responder, com aceleração positiva, até o próximo reforço. O nome scallop foi dado a esse padrão em função de sua semelhança a uma concha do mar (Argopecten irradians) quando visualizado a partir de um registro cumulativo. (...) O padrão break-and-run se caracteriza por uma grande pausa e um jorro de respostas no final do intervalo” (CIRINO, 1999, p. 17-18). 4 FI, do inglês fixed interval (intervalo fixo). Em um programa de FI reforça-se a primeira resposta que ocorrer após o intervalo determinado pelo programa (FERSTER; SKINNER, 1957). Por exemplo, em um programa de FI 5 segundos, reforça-se a primeira resposta que ocorrer após a passagem de cinco segundos. 5 Em uma contingência de FI com custo as respostas emitidas no intervalo do FI são consequenciadas com a perda de um ponto (WEINER, 1964) 6 Este equipamento foi também utilizado nos outros estudos de Weiner que serão descritos posteriormente (WEINER, 1965; WEINER, 1969)

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Os resultados obtidos por Weiner (1969, Experimento 1) indicaram dois

padrões típicos de comportamento: alta taxa de respostas sem pausa pós-reforço7 ou baixa

taxa de respostas (duas a três respostas no final do intervalo) com pausa pós-reforço, mas sem o

padrão de scallop. Nos grupos FI 10 s e FI 600 s, a maioria dos participantes apresentou altas

taxas de respostas, enquanto que no grupo FI 10 s com custo a maioria dos participantes

apresentou baixas taxas de respostas.

Outra pesquisa com objetivo de avaliar as diferenças comportamentais de

humanos em FI foi realizada por Okouchi (2002). O autor expôs 32 universitários a uma

contingência de FI 60 s. O equipamento era composto por um computador com tela sensível ao

toque. Os participantes deveriam tocar um círculo que aparecia no centro da tela e ganhavam

pontos durante as sessões e, ao final do experimento, eram pagos em dinheiro pela

participação, pelos pontos obtidos e recebiam, ainda, créditos na disciplina que cursavam. O

autor obteve resultados parecidos com aqueles de Weiner (1969, Experimento 1), ou seja,

padrões de altas e baixas taxas de respostas. Além disso, os resultados de Okouchi indicaram

também dois padrões de taxas intermediárias de respostas (um padrão de responder constante,

sem pausas pós-reforço e outro mais parecido com padrões de scallop ou break-and-run, com

pausas pós-reforço), sugerindo que o desempenho de humanos respondendo em FI pode

variar de alta para baixa taxa de respostas, passando por valores intermediários.

Alguns autores (e.g. WANCHISEN, 1990; WANCHISEN et al., 1989;

WEINER, 1983) sustentaram que a diferença comportamental de humanos e não-humanos em

FI pode ser devida à história comportamental. O estudo de Weiner (1964) teve como

objetivo investigar experimentalmente o efeito de duas diferentes histórias sobre o

comportamento subseqüente em FI, com seres humanos. Os participantes do experimento

foram seis enfermeiros de um hospital psiquiátrico, de ambos os sexos, que foram distribuídos

em dois grupos. Os participantes de cada grupo foram submetidos a duas fases, compostas por

10 sessões de uma hora cada (a Fase 2 ainda contou com mais 10 sessões de meia hora).

Durante a Fase 1 (Fase de construção da história), os participantes do Grupo 1 foram

submetidos à contingência de FR 408 (contingência que seleciona altas taxas de respostas),

7 Pausa pós-reforço consiste no intervalo entre a resposta que produziu o reforço e a próxima resposta emitida pelo organismo (CATANIA, 1998/1999). 8 FR, do inglês fixed ratio, (razão fixa). Em um programa de FR o reforço ocorre após um número específico de respostas emitidas pelo organismo, independente do tempo gasto para emiti-las (FERSTER; SKINNER, 1957;

20

enquanto os participantes do Grupo 2 foram expostos à contingência de DRL 20 s9

(contingência que seleciona baixas taxas de respostas). Posteriormente, na Fase 2 (Fase de

teste), os participantes de ambos os grupos foram expostos à contingência de FI 10 s. Luzes de

cores diferentes estavam presentes quando cada programa de reforço estava em vigor. Weiner

observou que os participantes do Grupo 1 apresentaram taxas altas de respostas quando

expostos ao programa de FI, em relação aos participantes do Grupo 2, que apresentaram baixas

taxas de respostas quando expostos ao mesmo programa.

Estes resultados sugerem que uma exposição prévia de humanos a uma

contingência de reforço pode influenciar o comportamento posterior em FI. As taxas de

respostas dos participantes do Grupo 1, no programa de FI, foram relativamente altas e

constantes, porém, demonstraram uma leve diminuição após o início da exposição ao

programa vigente. Da mesma forma, os participantes do Grupo 2, de forma geral, tenderam a

aumentar a taxa de respostas quando expostos à contingência de FI. Tais resultados, apesar de

não serem discutidos por Weiner (1964), podem apontar para um gradual controle do

comportamento pelo parâmetro temporal da contingência atual de FI.

Buscando estudar o papel da história comportamental nas diferenças

comportamentais entre humanos e não-humanos em FI, Wanchisen et al. (1989), realizaram um

estudo utilizando ratos, cujas respostas de pressão à barra eram reforçadas com alimento. Os

ratos foram distribuídos em dois grupos: os ratos do grupo controle foram expostos a 120

sessões de um programa de FI 30 s. Os ratos do grupo experimental foram expostos a 30

sessões de um programa de VR 2010 e a 30 sessões de FI 30 s. Em uma fase seguinte, os ratos

do grupo experimental foram novamente expostos a 30 sessões de um programa de VR 20 e a

30 sessões de FI 30 s. A hipótese dos autores era que ratos expostos a um programa de VR

apresentariam, durante a exposição ao FI, um padrão comportamental diferente daqueles do

grupo controle e semelhante ao padrão comumente encontrado em humanos (cf. OKOUCHI,

CIRINO, 1999). 9 DRL, do inglês differential reinforcement of low rate (reforço diferencial de baixas taxas [de respostas]). Em programa de DRL, a primeira resposta que ocorrer depois de passado o um determinado intervalo é reforçada, desde que não tenha havido nenhuma resposta durante o intervalo. Se ocorrer alguma resposta durante o intervalo, o mesmo é reiniciado (CIRINO, 1999). 10 VR, do inglês variable ratio (razão variável). Em um programa de VR o reforço ocorre após um número médio de respostas emitidas pelo organismo (FERSTER; SKINNER, 1957). Por exemplo, em um programa de VR 5 são reforçadas, em média, cada cinco respostas emitidas. A distribuição é calculada arbitrariamente a partir de valores extremos. Um programa de VR, em geral, produz altas taxas de respostas, sem pausa pós-reforço

21

2002; WEINER, 1969, Experimento 1).

Os autores observaram que, ao serem expostos ao programa de FI, os ratos

que haviam passado por uma história de VR respondiam em altas taxas de respostas, quando

comparados ao grupo controle. Após algum tempo, as taxas de respostas dos ratos do grupo

experimental apresentaram uma queda, indicando um controle cada vez maior pelo parâmetro

temporal da contingência de FI presente. Em uma exposição posterior ao VR e ao FI, o

comportamento dos ratos do grupo experimental demorou menos tempo para ficar sob

controle da contingência presente. Os ratos deste grupo, porém, apresentaram taxas mais altas

no início da exposição ao programa de FI, quando comparados aos ratos do grupo controle. Os

autores discutiram que o desempenho de ratos em FI, após uma história de VR, apresentou

padrões que se assemelhavam ao de humanos se comportando em FI (i.e., um responder

constante entre reforços sucessivos) e argumentam que a história comportamental pode

explicar a diferença comportamental entre humanos e não-humanos em FI (cf. Weiner, 1983).

Entretanto, Baron e Leinenweber (1995) criticaram as análises realizadas por

Wanchisen et al. (1989). Segundo eles, as “conclusões sobre a natureza das variações nas

taxas dentro dos intervalos (‘scallop’) basearam-se demasiadamente nos registros cumulativos”

(p. 98). Dessa forma, propuseram uma replicação do estudo de Wanchisen et al., realizando

análises moleculares dos resultados (i.e., taxa local de respostas, o quarter-life11 e a distribuição

das pausas pós-reforço).

Assim como esperado, os ratos que passaram por uma história de VR

emitiram altas taxas de respostas no programa de FI. Porém, com a exposição continuada ao

FI, as taxas tenderam a diminuir (cf. WEINER, 1964). As análises destes resultados estão em

concordância com aquelas realizadas por Wanchisen et al. (1989). Todavia, segundo Baron e

Leinenweber (1995), as análises moleculares não encontraram os padrões comportamentais em

FI semelhantes aos de humanos. As análises da taxa local de respostas e do quarter-life

sugeriram a formação de possíveis padrões de scallop. Os autores chamaram a atenção que as

interpretações baseadas apenas na observação dos registros cumulativos podem levar a

conclusões equivocadas.

11 O quarter-life refere-se ao tempo gasto para que os primeiros 25% das respostas de um dado intervalo sejam emitidas (FREEMAN; LATTAL, 1992). Pode ser expresso tanto em unidades absolutas (i.e. o tempo gasto para emissão dos 25% das respostas) ou em termos de porcentagem (i.e. porcentagem das respostas emitidas que correspondem aos 25% do total de respostas do FI).

22

Tomando-se estes resultados em conjunto, percebe-se que a história

comportamental pode ser uma, mas não o único evento que contribui para a diferença no

padrão comportamental entre humanos e não-humanos em programas de reforço.

3.1.1 Variações de procedimento

Outro fator que pode contribuir para as diferenças comportamentais entre

humanos e não-humanos em programas de reforço diz respeito às variações de procedimento.

Resultados aparentemente mais regulares obtidos em estudos com organismos não-humanos

provêm de um conjunto de procedimentos-padrão de laboratório que não encontra, até o

momento, contrapartida nos estudos com humanos (PERONE; GALIZIO; BARON, 1988).

Uma variável de procedimento é o custo da resposta operante estudada. Um

dos autores que estudou tal variável foi Chung (1965, Experimento 1). O autor expôs quatro

pombos a um programa de VI 1 min. A resposta requerida era a de bicar um disco e, como

conseqüência, os pombos recebiam alimento. O equipamento utilizado por Chung permitia que

a força necessária para que o disco funcionasse fosse ajustada. Inicialmente, a força exigida era

de, no mínimo, 25 gramas. Quando a taxa de respostas estava estável, a força exigida para que

o disco funcionasse foi aumentada para 100 gramas. Após duas semanas, a exigência foi

novamente alterada. A ordem dos valores de força manipulados pelo autor foi a seguinte: 25-

100-150-50-200-250-75-100-300-25- 150 gramas.

Os resultados de Chung (1965) indicaram que existe uma relação direta

entre o custo e a taxa de respostas. De forma geral, quanto maior foi a força requerida para

que o disco funcionasse, menores foram as taxas de respostas. Foram observados ainda, de

forma sistemática, que quando os pombos passaram de uma condição de maior força requerida

para uma condição de menor força, apresentaram um aumento na taxa derespostas, nas

primeiras sessões, que se estabilizaram em taxas intermediárias com a exposição continuada à

nova condição. Da mesma forma, a mudança de uma condição de menor força para uma de

maior força produziu uma supressão na taxa de respostas, nas primeiras sessões, que se

23

estabilizaram em taxas intermediárias com a exposição continuada12.

Estudos experimentais sobre o custo da resposta também foram realizados

com humanos. O estudo de Weiner (1965, Experimento 1), por exemplo, possibilitou a

avaliação dos efeitos da história em uma contingência subseqüente que apresentasse custo para

cada resposta emitida no intervalo do FI. Neste Experimento, seis participantes foram

distribuídos em três grupos de dois participantes cada. Os Grupos 1, 2 e 3 foram expostos a

contingências de FR 40, DRL 20 s e FI 10 s, respectivamente, durante a fase de construção

da história. Cada conseqüência reforçadora era constituída por 100 pontos. Os participantes

recebiam uma quantia fixa de dinheiro por sessão, independente da quantidade de pontos

ganhos. Na fase seguinte, todos os participantes foram expostos a uma contingência de FI 10 s

com custo. Assim, o responder entre reforços sucessivos no programa de FI era punido com a

perda de um ponto por resposta. Os participantes que passaram por uma história de responder

em DRL 20 s e FI 10 s emitiam padrões de baixa taxa quando expostos subseqüentemente ao

programa de FI com custo. Porém, os sujeitos que passaram por uma história de responder em

FR 40 continuavam a emitir altas taxas de respostas no FI com custo, mesmo embora esse

padrão comportamental implicasse na perda de pontos. Esses resultados corroboram e

ampliam aqueles obtidos por Weiner (1964) uma vez que demonstraram que o efeito da

exposição prévia ao FR persiste durante a exposição a um FI subseqüente, mesmo quando

persistir no padrão de altas taxas implica em perda de parte dos pontos na contingência atual.

Comparando-se os resultados de Chung (1965, Experimento 1) com os do

Grupo 3 de Weiner (1965, Experimento 1), percebe-se que quando contingências de custo são

introduzidas ou quando há aumento no custo da resposta, a taxa de respostas cai, tanto no

programa de VI quanto no FI. Tais resultados sugerem que procedimentos análogos podem

demonstrar dados regulares entre diferentes espécies.

Outra variável de procedimento manipulada em estudos de história

comportamental foi a conseqüência programada para o comportamento. Normalmente, o que

se observa é que os experimentos com organismos não-humanos utilizam reforçadores

primários como conseqüências. Costa, Banaco e Becker (2005) investigaram o efeito do tipo de

reforçador sobre o comportamento atual em FI de humanos. A partir de um delineamento

12 Estes resultados podem ser identificados enquanto efeitos de história, apesar de Chung (1965) não realizar esta análise.

24

experimental semelhante ao de Weiner (1964) e tendo como participantes estudantes

universitários, Costa et al. variaram a conseqüência programada para cada grupo de

participantes: pontos, dinheiro e créditos em fotocópias. Participaram da pesquisa 11 estudantes

universitários. O instrumento utilizado para coleta dos dados foi o software ProgRef v 3.1

(COSTA; BANACO, 2002; 2003). A resposta exigida dos participantes era um clique no botão

esquerdo do mouse. Os participantes foram distribuídos em três grupos: Grupo 1 – (Fotocópias,

n=3) os participantes ganhavam pontos que podiam ser trocados por créditos em fotocópias

(uma fotocópia por ponto que, à época da realização do experimento custavam R$ 0,05); Grupo

2 – (Dinheiro, n=3) os participantes ganhavam pontos que podiam ser trocados por dinheiro ao

final da sessão (R$ 0,05 por ponto); e Grupo 3 – (Apenas pontos, n=5) os participantes

ganhavam pontos, mas estes eram trocados por nada. Na segunda fase, a variação do tipo de

reforçador continuou, mas o parâmetro da contingência de FI foi alterado e os participantes

foram expostos a uma das três condições: FI 5, 20 ou 30 segundos.

Os resultados deste estudo indicam que a conseqüência programada para o

comportamento parece ter aumentado a probabilidade de que os participantes expostos

inicialmente a um programa de reforço em FI 10 s exibissem taxas de respostas altas e

constantes, sem pausa pós-reforço (participantes do Grupo 2 – Dinheiro). Em relação ao

comportamento dos participantes dos Grupos 1 e 3 (Fotocópias e Pontos), houve maior

variação inter-participantes (responder em taxas altas e constantes e em taxas intermediárias e

baixas de respostas). A conseqüência programada parece ter afetado também o comportamento

dos participantes quando o parâmetro do FI mudou de 10 para 5, 20 ou 30 segundos. O

comportamento da maioria dos participantes das Condições Fotocópia e Pontos mudou quando

o parâmetro do FI foi alterado (as taxas de respostas tenderam a diminuir), enquanto que o

comportamento dos participantes da Condição Dinheiro permaneceu o mesmo.

Outro estudo que buscou investigar o efeito de diferentes conseqüências

programadas sobre o comportamento atual em FI de humanos, após diferentes histórias de

reforço, foi realizado por Costa, Banaco, Longarezi, Martins, Maciel e Sudo (no prelo).

Participaram da pesquisa 20 estudantes universitários. O instrumento utilizado para coleta dos

dados foi o software ProgRef v 3.1. A resposta exigida dos participantes era um clique no

botão esquerdo do mouse. Os participantes foram distribuídos por dois grupos (Grupo FR e

Grupo DRL). Durante a primeira fase, os participantes foram expostos a programas de FR 40

25

ou DRL 20s, dependendo do grupo a que pertenciam, durante três sessões. Os participantes

de cada um dos grupos eram distribuídos por três condições de programação de

conseqüência: (1) Condição Dinheiro – os participantes ganhavam pontos que podiam ser

trocados por dinheiro ao final da sessão (R$ 0,05 por ponto); (2) Condição Fotocópia – os

participantes ganhavam pontos que podiam ser trocados por créditos em fotocópias (uma

fotocópia por ponto que, à época da realização do experimento custavam R$ 0,05); (3)

Condição Pontos – os participantes ganhavam pontos, mas estes não eram trocados por nada.

Na segunda fase, a variação da conseqüência programada continuou, mas todos os

participantes foram expostos a três sessões de uma contingência de FI 10s.

Como resultado, foi observado que os participantes expostos ao FR

apresentaram um padrão de responder em taxa alta e constante independentemente do tipo de

reforçador utilizado. Quando a contingência mudou de FR para FI a taxa de respostas

permaneceu alta para os participantes da Condição Fotocópia e Condição Dinheiro, mas

diminuiu para a maioria dos participantes da Condição Pontos. Os participantes expostos

inicialmente ao DRL apresentaram um responder em taxa baixa tanto sob a contingência de

DRL quanto sob a de FI subseqüente, independentemente da condição de reforço. Apesar desse

efeito de persistência comportamental, houve uma diminuição no intervalo entre respostas

(IRT)13 quando a contingência mudou, o que sugere que o responder era controlado também

pela contingência de FI presente.

Tomados em conjunto os resultados sugerem que: (a) o comportamento dos

participantes foi controlado tanto pela história de reforço quanto pelas contingências presentes;

(b) a conseqüência programada pode favorecer o responder em taxa alta e constante sob FI. Os

resultados sugerem que o tipo de reforçador pode ser uma variável importante para modular os

efeitos da história experimental sobre o comportamento de seres humanos (cf. Costa, 2004).

Outra variável aparentemente importante quando se avaliam as diferenças

entre humanos e não-humanos se comportando em programas de reforço é a resposta de

consumação. Quando se realizam estudos com não-humanos, a emissão das respostas

selecionadas comumente precisa ser interrompida para que o sujeito possa consumir o

reforço (e. g., quando ratos deixam de pressionar a barra, abaixam-se para lamber a gota de

13 IRT, do inglês inter-response time (intervalo entre respostas). O IRT mede o tempo entre a emissão de uma resposta e a emissão da próxima resposta (FERSTER; SKINNER, 1957).

26

água e logo após voltam a emitir as respostas de pressão à barra). A utilização da resposta de

consumação pode tornar os estudos com humanos mais próximos dos estudos com não-

humanos, visto que os participantes devem deixar de emitir as respostas de pressão ao botão

para emitir a resposta de consumação e, só então, voltar a pressionar o botão.

Matthews, Shimmof, Catania e Sagvolden (1977, Experimento 2) realizaram

um estudo no qual testaram o papel da resposta de consumação e do modo de aquisição da

resposta (instrução vs. modelagem) sobre o comportamento de humanos em FI. Quatro

universitários foram expostos a um programa de FI 60 s após passarem por uma história de VR

e outros seis foram expostos a um FI cujo parâmetro foi gradualmente aumentado até um FI 50

s. A resposta requerida era a de pressão a um botão e os participantes tinham que emitir uma

resposta de consumação (pressionar outro botão) antes de receberem os pontos. A resposta de

pressionar um botão em FI foi modelada, ao invés de instruída. Os resultados indicaram

baixas taxas de respostas no FI, com a presença de alguns scallops, para os participantes cuja

resposta operante foi modelada e cuja resposta de consumação estava presente. Estes são

padrões comportamentais que se assemelham àqueles tipicamente encontrados em não-

humanos.

De acordo com os resultados de Matthews et al. (1977), parece plausível

supor que a utilização de uma resposta de consumação é uma variável interessante quando da

tentativa de aproximação do comportamento de humanos daqueles padrões obtidos tipicamente

com não-humanos. A pesquisa realizada por Patsko, Becker e Costa (no prelo, Experimento 2),

aponta para uma direção semelhante. Oito universitários foram igualmente distribuídos em

dois grupos: Grupo 1, com exigência de resposta de consumação (CR) e o Grupo 2, sem

exigência de resposta de consumação (SR). Os participantes de ambos os grupos foram

expostos a três sessões de FI 30 s. O instrumento utilizado foi o ProgRef v 3.1 e o

comportamento de pressionar o botão do mouse recebia, como conseqüência, pontos. Cada

ponto era trocado, ao final de cada sessão, por R$ 0,05.

Patsko et al. (no prelo, Experimento 2) observaram que os participantes do

Grupo 1 (CR) tenderam a exibir taxas de respostas menores do que os participantes do Grupo

2 (SR). Foram encontrados, para os participantes do Grupo 1, inclusive alguns padrões de

scallop e break-and-run. Estes resultados vão ao encontro daqueles obtidos por Matthews et

al. (1977). Em ambas as pesquisas a resposta de consumação parece ter tornado o

27

comportamento de humanos semelhante ao comportamento de não-humanos em programas de

FI.

No entanto, no estudo de Costa et al. (2005) apresentado anteriormente, no

qual a conseqüência programada foi manipulada, os autores também utilizaram resposta de

consumação durante o procedimento. Nesta pesquisa, todos os participantes do Grupo 2

(Dinheiro) apresentaram um padrão comportamental de altas taxas de respostas, mesmo com a

presença da resposta de consumação. Como explicar esta discrepância? Algumas diferenças no

procedimento das três pesquisas podem ser responsáveis por estes resultados divergentes. Por

exemplo, Matthews et al. (1977) modelaram a resposta de pressão ao botão, enquanto Costa et

al. (2005) e Patsko et al. (no prelo, Experimento 2) forneceram instruções aos participantes.

A questão da duração e quantidade de sessões também pode ser importante:

os participantes da pesquisa de Matthews et al. (1977) foram expostos a apenas uma sessão

experimental, enquanto nas pesquisa de Costa et al. (2005) e Patsko et al. (no prelo,

Experimento 2) os participantes foram expostos a, pelo menos, três sessões experimentais. Os

resultados da pesquisa de Aldinucci (2007), todavia, sugerem que quantidades de treino

diferentes em FR (três, seis ou nove sessões) tiveram pouca influencia sobre o comportamento

de humanos em um FI subseqüente.

Assim, pode-se concluir que a resposta de consumação é uma, mas não a

única variável que pode influenciar o comportamento humano em FI, pois quando a

conseqüência programada foi manipulada, os participantes que tiveram pontos trocados por

dinheiro se comportaram de maneira diferente em relação aos não-humanos.

Após a análise dos experimentos descritos nesta seção, percebe-se que o

estudo das variações de procedimento é um campo importante quando se considera as

diferenças comportamentais de humanos e não-humanos em programas de reforço. As

diferenças de procedimento, como será visto posteriormente, podem influenciar também os

resultados das pesquisas de história comportamental.

28

3.2 HISTÓRIA RECENTE E REMOTA

Outro tema que vem sendo sistematicamente investigado por pesquisadores

da área de história comportamental e que também reflete divergências de resultados nas

pesquisas com humanos e não-humanos, diz respeito à comparação dos efeitos de arranjos

imediatamente precedentes (história recente) e dos efeitos de programas arranjados em

condições remotas (história remota).

Este tipo de manipulação foi empregado, por exemplo, no estudo de Weiner

(1969, Experimento 5). Neste experimento14, o autor investigou alguns efeitos de história

construída de forma seqüencial no comportamento subseqüente em FI. Seis participantes foram

expostos a uma das seguintes seqüências na fase de construção de história: DRL 20 s e FR

40 ou FR 40 e DRL 20 s (três participantes expostos a cada uma das seqüências). Em uma

fase subseqüente, os participantes dos dois grupos foram expostos a uma seqüência de FI 10 s

e FI 10 s com custo, nessa ordem. Os resultados indicaram que, independentemente da

seqüência da história comportamental os participantes, de modo geral, tenderam a apresentar

baixas taxas de respostas no programa de FI (com ou sem custo). Esses resultados sugerem que

uma história de exposição ao DRL, quer essa exposição seja remota ou recente, aumenta a

probabilidade de baixas taxas de respostas quando os participantes são expostos ao FI com ou

sem custo.

Utilizando um delineamento semelhante ao de Weiner (1969, Experimento 5),

LeFrancois e Metzger (1993) realizaram uma pesquisa cujo objetivo foi avaliar o efeito de

uma história imediata e de uma história remota sobre o comportamento atual de ratos. Os ratos

eram distribuídos em dois grupos e cada grupo era exposto a uma fase de construção de

história diferente. Os ratos do Grupo 1 eram expostos a um programa de DRL, enquanto que

os ratos do Grupo 2 eram expostos a um programa de DRL e FR. Na última fase do

experimento todos os ratos eram expostos a um programa de FI. Uma preocupação interessante

dos autores foi utilizar parâmetros diferentes nos programas para cada rato nos grupos. Assim,

após atingirem a estabilidade no programa de DRL, os valores de FR (para o Grupo 2) e do

14 Weiner (1969) realizou outras manipulações no Experimento 5. Serão relatadas apenas aquelas manipulações do subgrupo que se mostraram úteis para a discussão desse tópico do presente trabalho.

29

FI (para ambos os grupos) foram calculados de modo a manter a taxa de reforços estável para

cada rato. O comportamento em FI foi de baixa taxa de respostas para os ratos do Grupo 1 e

de alta taxa de respostas para os do Grupo 2. Diferentemente dos resultados de Weiner (1969),

os resultados deste estudo indicaram que a história recente exerceu maior influência sobre o

comportamento atual.

Outro estudo com ratos que sugere que o desempenho atual é mais afetado

por uma história recente, independentemente de qual contingência de reforço está envolvida

nesta história, é o de Cole (2001). Foram utilizados 10 ratos experimentalmente ingênuos, que

foram distribuídos em cinco grupos: FI (controle); FR-FI; DRL-FI; DRL- FR-FI e FR-DRL-FI.

Após a exposição à história de reforço todos os ratos foram expostos a uma mesma

contingência de FI Esta exposição ao FI se deu por um período de 80 a 100 sessões. Cole

observou que, em todos os grupos (excluindo o controle), o efeito da história recente foi

maior do que o da história remota, independentemente dessa história recente ser de FR ou DRL.

Os ratos dos grupos FR-FI e DRL-FI apresentaram, respectivamente, altas e baixas taxas de

respostas no FI subseqüente. Resultados parecidos foram observados para os ratos dos grupos

DRL-FR-FI e FR- DRL-FI. Nesses casos, o programa imediatamente precedente (história

recente) pareceu ter maior influência sobre o comportamento subseqüente em FI.

Como apontado anteriormente, os resultados obtidos por LeFrancois e

Metzger (1993), e Cole (2001) estão em contradição com aqueles obtidos por Weiner (1969,

Experimento 5). Segundo este último, a influência do programa de DRL não seria eliminada

mesmo que uma história recente de FR fosse fornecida ao participante. Os resultados obtidos

por LeFrancois e Metzger e Cole, porém, indicam que a história recente exerceu maior

influência sobre o responder atual, quer esta história tenha sido de FR quer ela tenha sido de

DRL. Os resultados discrepantes podem ser atribuídos a algumas diferenças nos

procedimentos destes experimentos: o fato de a taxa de reforços entre as diferentes fases

experimentais ter sido controlada no experimento de LeFrancois e Metzger, e não no de

Weiner15; no estudo de Weiner, luzes de cores diferentes eram correlacionadas a cada um dos

programas de reforço, enquanto LeFrancois e Metzger não utilizam qualquer estímulo

específico correlacionado com os programas em vigor.

15 A importância do controle da taxa de reforços será retomada mais adiante, na descrição do experimento de Okouchi (2003a).

30

Outra explicação possível para as diferenças nos resultados de Weiner (1969,

Experimento 5) em relação aos de LeFrancois e Metzger (1993) e Cole (2001) diria respeito às

diferenças entre espécies: o comportamento atual de humanos e não- humanos seria

influenciado de maneira distinta pela história recente ou remota. Antes que se possa recorrer a

este tipo de explicação, uma análise da pesquisa de Salgado (2007) sugere que diferenças no

procedimento e não uma diferença entre espécies per se podem ter contribuído para a

discrepância nos dados das pesquisas citadas. O objetivo do estudo de Salgado foi investigar o

papel da conseqüência programada sobre o comportamento de humanos em FI, após diferentes

histórias comportamentais. Participaram do estudo 12 estudantes universitários que foram

distribuídos em quatro grupos. Os participantes dos Grupos 1 e 3 foram expostos à seguinte

seqüência de programas de reforço: FR-DRL-FI. Para os participantes dos Grupos 2 e 4, a

seqüência dos programas de reforço foi: DRL-FR-FI. O instrumento utilizado para análise dos

dados foi o ProgRef v 3.1. Os participantes dos Grupos 1 e 2 tinham suas respostas de

pressão ao botão do mouse consequenciadas por pontos que, ao final das sessões eram

trocados por dinheiro (R$ 0,05 por ponto). Os participantes dos Grupos 3 e 4 tinham como

conseqüências para as respostas de pressionar o botão do mouse apenas os pontos.

Os resultados da pesquisa de Salgado (2007) indicaram que, quando os

pontos foram trocados por dinheiro, o comportamento dos participantes pareceu ser mais

influenciado pela história recente, quer ela tenha sido de FR ou DRL (assim como nas

pesquisas de COLE, 2001; LEFRANCOIS; METZGER, 1997, com ratos). Quando a

conseqüência programada foram apenas os pontos, a história de DRL parece ter exercido maior

influencia sobre o comportamento em FI, quer tenha sido remota ou recente (assim como a

pesquisa de Weiner, 1969, Experimento 5).

Tomados em conjunto os dados das pesquisas de Cole (2001), LeFrancois e

Metzger (1993) e Weiner (1969, Experimento 5), em relação aos de Salgado (2007), pode-se

concluir que diferenças no procedimento podem ter sido responsáveis pela discrepância nos

resultados destas pesquisas. Quando condições específicas foram arranjadas (neste caso, a

conseqüência programada) o comportamento de humanos e não-humanos variou em direções

semelhantes.

Foi indicado anteriormente que a mudança de estímulo correlacionada com a

mudança nas contingências de reforço adotado em experimentos com humanos (WEINER,

31

1964; 1969), mas não com não-humanos (COLE, 2001; LEFRANCOIS; METZGER, 1993)

pode ser uma das fontes de discrepância entre os resultados desses experimentos relatados. Para

se avaliar se esta hipótese tem sustentação é preciso analisar os estudos de história

comportamental que se propuseram a avaliar o papel do controle de estímulos nos efeitos da

história.

3.3 CONTROLE DE ESTÍMULOS E HISTÓRIA COMPORTAMENTAL

Os estudos de história comportamental apresentados até então utilizaram

delineamento de grupos. A utilização de delineamentos de sujeito único, em estudos de

história comportamental, com sujeitos não-humanos, foi proposta por Freeman e Lattal

(1992). Para tanto, os autores realizaram manipulação dos estímulos correlacionados a cada

programa em vigor. Nos Experimentos 1 e 2, os pombos foram expostos a um programa de

FR e a um programa de DRL na Fase 1 (fase de construção da história), sob diferentes

controles de estímulo (a cor do fundo da caixa era preta para FR e branca para DRL).

Foram conduzidas duas sessões diárias, com seis horas de diferença entre elas. Os

pombos eram expostos a um dos dois programas em cada sessão, ou seja, eram expostos

aos dois programas no mesmo dia. A ordem de apresentação dos programas era sorteada,

com a ressalva de que a mesma ordem não acontecesse por mais de três vezes seguidas.

Preocupados em manter a taxa de reforços constante nos dois programas, os valores do FR

foram calculados a partir do desempenho dos pombos no programa DRL. Dessa forma, os

autores tentaram igualar o número de reforços obtidos pelos pombos nos dois componentes

de um programa múltiplo de reforço. Foram obtidas taxas de respostas sistematicamente

mais altas no programa de FR do que no programa de DRL.

Em uma segunda fase, os pombos foram submetidos a sessões de FI

(Experimento 1) ou VI16 (Experimento 2), na presença dos estímulos que haviam sido

16 VI, do inglês variable interval (intervalo variável). Em um programa de VI o reforçador segue uma resposta após um intervalo de tempo que varia de reforçador para reforçador de acordo com uma série randômica de intervalos. A média dos intervalos entre reforços é que determina o VI. Os valores dos intervalos variam entre

32

anteriormente correlacionados ao FR e ao DRL. Da mesma forma, os valores do

intervalo do FI e do VI foram calculados a partir do desempenho dos pombos na Fase 1,

com o objetivo de igualar a taxa de reforços na Fase 2 com aquelas da Fase 1. Na Fase 2

foram obtidas, sistematicamente, taxas de respostas mais altas nas sessões nas quais o

estímulo presente era o mesmo utilizado durante o FR na fase anterior e taxas mais

baixas nas sessões nas quais o estímulo presente era o mesmo utilizado durante o DRL na

fase anterior. Todavia, as taxas de respostas dos pombos na presença do estímulo

anteriormente correlacionado ao programa FR tenderam a diminuir com a exposição

continuada às contingências de FI ou VI, assim como as taxas de respostas na presença do

estímulo anteriormente correlacionado ao DRL tenderam a aumentar. Tal fato, segundo os

autores, sugere um aumento do controle pelas contingências presentes, tanto no

programa de FI quanto no programa de VI (FREEMAN; LATTAL, 1992).

Os autores realizaram ainda um terceiro experimento no qual, na Fase 1,

os pombos foram submetidos a programa múltiplo17 com componentes tandem18: mult

(tand VI-FR)-(tand VI-DRL). Dessa forma, neste experimento, os pombos eram expostos a

ambos os programas (FR e DRL) na mesma sessão. Durante a apresentação de cada um

dos componentes do programa múltiplo, uma luz de cor diferente também era apresentada

(verde para o componente tand VI-FR e vermelha para o componente tand VI-DRL). Os

componentes foram apresentados de maneira alternada, com um período de blackout (15

segundos) entre eles. As taxas de respostas obtidas no componente tand VI-FR foram

sistematicamente mais altas em relação àquelas obtidas no componente tand VI-DRL.

Na Fase 2 deste experimento, os pombos foram expostos a um programa

mult VI-VI, cada componente do VI sendo apresentado juntamente a uma das cores de luz

que foi anteriormente correlacionada aos programas tand VI-FR e tand VI-DRL. Os

resultados encontrados por Freeman e Lattal (1992) foram semelhantes àqueles dos

valores extremos arbitrários. Programas de VI geralmente produzem taxas de respostas constantes, i.e., sem pausa pós-reforço (FERSTER; SKINNER, 1957). 17 Em um programa de reforço múltiplo, dois ou mais programas de reforço são alternados, tendo um diferente estímulo presente durante cada um deles (FERSTER; SKINNER, 1957). 18 Segundo Cirino (1999), “Tandem é uma palavra da língua inglesa que pode ser traduzida pela expressão 'um atrás do outro'” (p. 18). Em um programa tandem, um único reforço está programado para dois programas de reforço em vigor. Para que o segundo componente do programa tandem entre em vigor é necessário que se complete a exigência do primeiro. Não existem estímulos discriminativos correlacionados aos componentes de um tandem (FERSTER; SKINNER, 1957).

33

Experimentos 1 e 2, ou seja, altas taxas de respostas no componente VI no qual o estímulo

presente era aquele que, na Fase 1, aparecia juntamente ao componente de tand VI-FR. Da

mesma forma, baixas taxas de respostas foram obtidas no componente VI no qual o

estímulo presente era o mesmo que aparecia, na Fase 1, juntamente ao componente tand

VI-DRL.

Os resultados de Freeman e Lattal (1992) sugerem que os efeitos da

história podem ficar sob controle de estímulos específicos (no caso, cores). O

delineamento utilizado pelos autores também serviu de base para a realização de diversos

outros estudos de história comportamental.

Uma das pesquisas de história comportamental que utilizaram o delineamento

proposto por Freeman e Lattal (1992) foi a de Doughty, et al. (2005, Experimento 1). O

objetivo dos autores foi a avaliação dos efeitos da introdução de alimentação prévia19 sobre o

desempenho atual de pombos expostos a uma história comportamental específica. Foram

utilizados três pombos, cuja resposta de bicar um disco era reforçada com alimento. Os

pombos foram treinados a responder em um programa mult VR 45 – DRL 8 s, cada

componente sinalizado por uma luz de cor diferente. Após a obtenção de estabilidade na taxa

de respostas em ambos os componentes e atingirem um critério de diferenciação entre a taxa

de respostas dos dois componentes (taxas de respostas cinco vezes maiores no componente

VR em relação ao componente DRL), os pombos eram expostos a um programa mult VI 90 s

– VI 90 s. As mesmas luzes apresentadas nos programas de VR e DRL do componente

múltiplo anterior foram apresentadas também nessa fase, cada uma com um dos componentes

do mult VI-VI. Os autores, então, manipularam o estado de privação dos pombos pela

introdução de alimentação prévia (anteriormente, os pombos participavam das sessões

experimentais privados de comida a 80% do seu peso). Dois dos pombos, após algumas

sessões, passaram a responder sob controle do programa VI-VI. Quando a alimentação prévia

foi introduzida, o responder desses dois pombos sofreu uma sensível alteração. As taxas de

respostas no componente VI, sinalizado pela luz anteriormente apresentada junto ao

componente VR, foram maiores que no componente VI sinalizado pela luz anteriormente

apresentada junto ao componente DRL. Doughty et al. sugerem, dessa forma, que tal

19 Os sujeitos eram privados de alimento antes da fase de teste, mas poucos minutos antes da sessão experimental o organismo tem acesso alimento e água livremente

34

desempenho poderia ser atribuído à história comportamental à qual os pombos foram expostos

(mult VR-DRL). Em relação à introdução da alimentação prévia, os autores observaram uma

sensível alteração do responder dos sujeitos sob programa do mult VI-VI. Tais alterações,

porém, foram mais acentuadas no componente VI cujo estímulo foi anteriormente

correlacionado ao VR. O que se observou, todavia, é que tais efeitos tenderam a diminuir com a

exposição continuada ao mult VI-VI.

O delineamento proposto por Freeman e Lattal (1992) também foi utilizado

com participantes humanos. Okouchi (2003b) realizou uma pesquisa com o objetivo de avaliar

se os efeitos da história comportamental podem se generalizar para outras dimensões dos

estímulos. O autor dividiu sua pesquisa em dois experimentos. A resposta exigida para cada

participante (estudantes universitários) foi pressionar um disco na tela do computador, o

operandum (o monitor utilizado no estudo era sensível ao toque) e um disco na parte inferior

do monitor, a resposta de consumação. A conseqüência programada era pontos que apareciam

na tela do monitor. Os participantes eram pagos em dinheiro por seu desempenho na sessão e

ao final do experimento. No Experimento 1, os participantes foram submetidos a um programa

mult VR-DRL. Os valores de cada componente foram ajustados durante uma fase de treino até

os valores finais, ou seja, VR 30 e DRL 6 s. Durante a fase de treino, os estímulos apresentados

com cada componente foram linhas de diferentes comprimentos que apareciam dentro do

círculo de respostas (operandum) na tela do computador. Para o programa de DRL foi

apresentada uma linha de 13 mm de comprimento, enquanto que para o VR foi apresentada

uma linha de 25 mm de comprimento. Como esperado, os participantes responderam em taxas

mais altas no componente VR em relação ao componente DRL. O autor passou, então, para a

fase seguinte, na qual realizou um teste de generalização utilizando as larguras das linhas

anteriormente apresentadas como parâmetro. Nessa fase, os participantes foram expostos à

contingência de FI 6s. Foram apresentadas 11 diferentes comprimentos de linhas, variando de

10 mm a 40 mm. Okouchi observou que, de maneira geral, quando a linha variava de 22 a 28

mm de comprimento, ou seja, valores próximos a 25 mm (comprimento apresentado junto ao

programa VR), os participantes respondiam em taxas mais altas do que quando o comprimento

da linha estava entre 10 e 16 mm, ou seja, valores próximos a 13 mm (comprimento

apresentado junto ao programa DRL). Dessa forma, o autor sugere que o “comportamento foi

generalizado para estímulos semelhantes fisicamente aos estímulos da fase de treino” (p. 178).

35

No Experimento 2, Okouchi (2003b) propôs a utilização de extinção na fase

de teste. O método empregado foi praticamente o mesmo do Experimento 1, exceto que, na

fase de teste, o autor utilizou extinção em vez do programa de FI. Os resultados obtidos

também foram similares aos do Experimento 1, ou seja, houve generalização do responder para

os estímulos mais próximos fisicamente aos estímulos apresentados na fase de treino (apesar

de que, como ressaltado pelo próprio autor, os resultados tenham sido menos sistemáticos e

mais transitórios do que em relação ao Experimento 1). Desse modo os resultados obtidos por

este estudo de Okouchi estão de acordo com aqueles obtidos por Freeman e Lattal (1992) e vão

além deles, pois demonstram que os efeitos da história podem se generalizar para dimensões

semelhantes do estímulo.

Okouchi (2003a) conduziu uma pesquisa com objetivo de avaliar se o

intervalo entre reforços (IRI)20 poderia ser utilizado como controle de estímulos. O

equipamento, tarefa experimental e as conseqüências reforçadoras eram as mesmas utilizadas

em Okouchi (2003b). No Experimento 1, oito estudantes universitários foram expostos a

programas mistos (mix)21, distribuídos em dois grupos: Grupo 1, “mix FR curto – DRL longo”;

Grupo 2, “mix FR longo – DRL curto”. Para os participantes do Grupo 1, os valores do IRI

para o “FR curto” foram ajustados de modo a serem menores que os do “DRL longo”. Para

os participantes do Grupo 2 aconteceu o inverso: os valores do IRI para o “FR longo” foram

ajustados de maneira a serem maiores do que os do “DRL curto”. Dessa forma, os valores do

FR e do DRL foram diferentes para cada um dos participantes, dependendo do ajuste do IRI.

Na fase de teste, todos os participantes foram expostos a um mix FI 5s-FI 20 s. O autor

observou que os participantes do Grupo 1 tenderam a apresentar altas taxas de respostas no

componente FI 5s (menor IRI, correlacionado ao programa de FR-curto) e baixas taxas de

respostas no componente FI 20 s (maior IRI, correlacionado ao programa de DRL-longo). Já os

participantes do Grupo 2 tenderam a apresentar altas taxas de respostas no componente FI 20

s (maior IRI, correlacionado ao programa de FR-longo) e baixas taxas de respostas no

componente FI 5s (menor IRI, correlacionado ao programa de DRL-curto).

Os resultados de Okouchi (2003a) sugerem que o IRI também pode funcionar

20 IRI, do inglês inter-reinforcement interval (intervalo entre reforços). O IRI consiste no tempo entre a apresentação de um reforço e a apresentação do próximo reforço (CATANIA, 1998/1999). 21 Os programas mistos são iguais aos múltiplos com a exceção de que não existem estímulos correlacionados a cada componente do programa” (FERSTER; SKINNER, 1957,p. 580)

36

como controle de estímulos, afetando o comportamento subseqüente. Dessa forma, um

experimento que proponha controle da taxa de reforços pode diminuir as influências deste tipo

de controle de estímulos sobre o desempenho dos organismos na fase de teste.

As pesquisas apresentadas anteriormente são estudos cujas características

serão importantes na construção do delineamento do presente projeto com, por exemplo,

trabalhos que utilizaram participantes humanos (e. g., OKOUCHI, 2003a; 2003b; WEINER,

1964; 1969), metodologia de sujeito único (e. g., DOUGHTY et al., 2005; FREEMAN;

LATTAL, 1992; OKOUCHI, 2003a; 2003b) e controle de estímulos (FREEMAN; LATTAL,

1992; OKOUCHI, 2003a; 2003b).

37

4 DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA

O estudo realizado por Freeman e Lattal (1992) é um trabalho

considerado referência para os recentes estudos de história comportamental. Este estudo

agrega algumas características de experimentos de história anteriormente relatados. Os

sujeitos experimentais, pombos, eram expostos a uma fase de construção de história,

respondendo a programas de baixa taxa (DRL) e alta taxa de respostas (FR) e,

posteriormente, eram expostos a um programa que permitia alta variação na taxa de

respostas sem alteração na taxa de reforços (FI ou VI), assim como em muitos outros

estudos de história comportamental (por exemplo, COLE, 2001; COSTA, 2004; COSTA, et

al., 2005; COSTA, et al., (no prelo); SALGADO, 2007; WEINER, 1964; 1965; 1969, em

estudos com humanos; BARON; LEINENWEBER, 1995; COLE, 2001; LEFRANCOIS;

METZGER, 1993; URBAIN et al., 1978; WANCHISEN et al. 1989, em estudos com não-

humanos).

Porém, diferentemente dos delineamentos até então propostos, Freeman e

Lattal (1992) utilizaram metodologia de sujeito único: cada sujeito foi exposto, na fase de

construção da história, tanto ao programa de FR quanto ao programa de DRL de forma

mais ou menos paralela, sendo cada programa correlacionado sistematicamente com um

estímulo (ou cor do fundo da caixa ou cor da luz da chave de respostas). Após esta

construção “concomitante” de diferentes histórias de reforço sob controle de estímulos, os

sujeitos eram expostos à fase teste em programas de FI (Experimento 1) ou de VI

(Experimentos 2 e 3), mantendo-se os estímulos utilizados na fase anterior. De acordo

com Freeman e Lattal, o “procedimento de histórias paralelas permitiu uma avaliação (...)

do desempenho nos programas de FI e VI na presença de um estímulo historicamente

correlacionado com diferentes programas de reforço positivo” (p. 6-7). A partir do

delineamento de caso único em estudos de história comportamental proposto por Freeman

e Lattal, foram realizadas outras pesquisas como, por exemplo, Doughty et al. (2005) com

pombos e Okouchi (2003a; 2003b) com humanos.

Observando-se os dados das pesquisas citadas anteriormente, é

importante que novas pesquisas sejam realizadas, principalmente no que tange à questão

38

da generalidade entre as espécies (SIDMAN, 1960). Freeman e Lattal (1992) já apontavam

para esta questão ao justificar a utilização de pombos como sujeitos experimentais pela

constatação de que “a maioria dos estudos [sobre história comportamental] conduzidos com

não-humanos utilizou ratos como sujeitos experimentais” (p. 6). Weiner (1964; 1965; 1969) e

Okouchi (2003a; 2003b) utilizaram humanos como participantes de pesquisa. Okouchi,

inclusive, utilizou a metodologia de sujeito único proposta por Freeman e Lattal. Os resultados

encontrados sugerem algumas similaridades entre o comportamento humano e o não-humano.

Entretanto, a realização de novas pesquisas pode auxiliar o desenvolvimento da história

comportamental enquanto área de pesquisa em Análise Experimental do Comportamento.

O presente trabalho procurou realizar uma replicação sistemática do

estudo de Freeman e Lattal (1992 - Experimento 3). A diferença mais marcante entre

aquele estudo e o proposto aqui é a utilização de humanos como participantes de pesquisa e

outras diferenças originadas dessa mudança tais como, tipo de reforçador, duração das

sessões, instrumento de coleta de dados utilizado etc.

Apesar de Okouchi (2003b) ter obtido resultados semelhantes aos de

Freeman e Lattal (1992), no que se refere ao papel do controle de estímulos nos efeitos da

história comportamental e tê-los ampliado, na medida em que demonstrou que o controle

de estímulos pode se generalizar para outros estímulos com a mesma dimensão, algumas

questões ainda precisam ser respondidas. Por exemplo, no estudo de Okouchi não é

possível avaliar com precisão o quanto o comportamento estava sob controle da

contingência atual (e.g., não há análises da taxa de respostas entre reforços sucessivos).

Além disso, Okouchi não se preocupou em controlar a taxa de reforços entre as diferentes

contingências envolvidas no procedimento e o critério de mudança da fase de construção

da história para a fase de teste foi um número fixo de sessão (nenhum critério de

estabilidade foi utilizado). Por fim, mas não menos importante, uma replicação sistemática

do estudo de Freeman e Lattal poderia fornecer resultados mais claros sobre a questão da

discrepância entre o comportamento de humanos e não- humanos em programas de

reforço semelhantes.

O objetivo do presente trabalho foi contribuir, juntamente com os estudos

experimentais já realizados, para a compreensão do papel do controle de estímulos nos

efeitos da história com humanos. Mais especificamente foi avaliado se cores diferentes do

39

botão de respostas em cada componente de um programa mult FR-DRL com controle da

taxas de reforços, apresentado durante a fase de construção da história, controlam, de

alguma forma, o comportamento subseqüente de humanos em um programa mult FI-FI.

40

MÉTODO

Participantes

Participaram do presente estudo 4 (quatro) universitários de cursos de

graduação (um do sexo masculino e três do sexo feminino). Os participantes não eram

estudantes do curso de Psicologia, visto que experiências anteriores com exercícios utilizando

programas de reforço nas aulas da graduação poderiam influenciar os resultados do presente

experimento. Também foram excluídos participantes com suspeita ou diagnóstico de Lesão por

Esforço Repetitivo (L.E.R.), porque a tarefa experimental exigida (pressões no botão do mouse)

poderia agravar tais lesões.

Equipamentos e Instrumento

Foram utilizados dois computadores do tipo PC, ambos com monitor em

cores de 14 polegadas, mouse e teclado padrões e um gravador Panasonic® Slim Line, modelo

RQ-2103 com fones de ouvido Grove, modelo HD-3030, para emissão de um ruído branco22.

Para coleta de dados, foi utilizado o software ProgRef v3.1 (Costa & Banaco,

2002; 2003). O software exibia no monitor uma tela cinza, contendo um retângulo no centro

inferior da tela (ver Figura 1). Sobre tal retângulo (botão de respostas) eram emitidas as

respostas que consistiam de pressões no botão esquerdo do mouse com o cursor sobre o botão

de respostas. Quando a exigência de um determinado programa de reforço era cumprida,

aparecia no canto superior direito da tela um ícone comumente identificado como “smile”. O

participante deveria, então, “clicar” sobre outra barra, situada também no canto superior direito

(botão de resposta de consumação), para que o smile desaparecesse e um ponto fosse registrado

no visor de pontuação localizado acima do botão de respostas. Em um programa de reforço em

FI ou DRL o intervalo tinha início após o aparecimento do smile e não após a emissão da

resposta de consumação. Portanto, o tempo gasto pelo participante para deslocar o cursor do

22 Ruído branco é um som constante, presente durante toda a sessão, utilizado para aumentar o controle experimental, evitando que o participante se distraia com outros ruídos que possam ocorrer no momento da coleta de dados.

41

mouse do botão de respostas até o botão de respostas de consumação e voltar novamente

para o botão de respostas é computado como parte dos intervalos do FI ou do DRL. A Figura 1

mostra o layout da tela do ProgRef v3.1, com a qual os participantes interagiam. No programa

de reforço múltiplo o botão de respostas mudava de cor em cada um de dois componentes.

Figura 1 – Layout da tela do computador com a qual os participantes interagiam.

Local

Os dados foram coletados no Laboratório de Análise Experimental do

Comportamento Humano (LAECH), localizado no Departamento de Psicologia Geral e

Análise do Comportamento, da Universidade Estadual de Londrina. A coleta foi realizada em

dois cubículos de aproximadamente 1,5 por 2,0 metros cada um, contendo, além dos

equipamentos, uma mesa, uma cadeira, e um ventilador.

42

Procedimento

As sessões experimentais tiveram duração aproximada de 30 minutos e eram

diárias (exceto sábados, domingos e feriados). Os participantes receberam, ao final de cada

sessão, R$ 0,05 para cada ponto.

Para que o ruído de pessoas conversando ou de outras coletas de dados

(outros participantes emitindo respostas de clicar o botão do mouse) não influenciasse os

resultados do experimento, optou-se pela utilização do ruído branco. Os participantes utilizaram

um fone de ouvido, com volume regulável, em uma altura confortável (definida pelo próprio

participante).

Antes de começar o experimento, os participantes leram as informações

sobre o estudo (Apêndice A) e assinaram o “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido”

(Apêndice B). Foi solicitado ao participante que deixasse seu material fora do cubículo em

que os dados foram coletados, e que retirasse o relógio e desligasse o celular. Ao adentrar a

sala de coleta, cada participante lia as instruções (Apêndice C), colocava o fone de ouvido

(com o ruído branco) e era, então, autorizado pelo experimentador a começar a sessão. Para

tanto, deveria clicar com o cursor do mouse sobre o botão de início que estava presente na tela

do computador. As fases do experimento estão resumidas na Tabela 1.

43

Tabela 1 – Seqüência das fases do experimento.

Componentes dos programas de reforço

múltiplos

Fase Verde Vermelho

Duração de

cada componente

Duração de cada

sessão

Fase 1, Sessão 1

FR 10 DRL 2, 4, 6,

8, 10 s

10 pontos Aproximadamente

35 minutos

Fase 1, Sessão 2

FR 10 DRL 12, 14,

16, 18, 20 s

10 pontos Aproximadamente

35 minutos

Fase 1, Sessão 3

FR 10, 15,

20, 30, 40

DRL 20 s 10 pontos Aproximadamente

35 minutos

Fase 2 FR 40 DRL 20 s 5 minutos 30 minutos

Fase 3 FR n DRL 20 s 5 minutos 30 minutos

Fase 4 FI t s FI t s 5 minutos 30 minutos

Fase 1 – Aquisição: Nesta fase, os participantes eram expostos a um programa mult FR-DRL

por três sessões. Na primeira sessão, os participantes eram expostos ao mult FR 10 – DRL ts,

no qual o valor de t era ajustado gradativamente, ou seja, 2, 4, 6, 8 e 10 segundos. Os

componentes eram apresentados de forma alternada, sendo que o critério de mudança de um

componente para o outro era a obtenção de 10 pontos (critério arbitrário). Portanto, a sessão

teve início com um FR 10 e, quando o participante ganhasse 10 pontos a cor do botão mudava

e uma contingência de DRL 2 s entrava em vigor; quando o participante ganhasse 10 pontos

em DRL 2 s a contingência mudava para FR 10. Após ganhar 10 pontos em FR 10, a

contingência mudava para DRL 4s e assim por diante. A primeira sessão terminava, dessa

forma, quando o participante obtivesse o vigésimo ponto no programa DRL 12 s. Na segunda

sessão desta fase, o valor do FR continuou fixo (10), enquanto que o valor do intervalo do DRL

foi novamente ajustado, agora começando em 12 segundos e aumentando para 14, 16, 18 e 20

segundos. Na terceira sessão, o valor do intervalo do DRL era sempre de 20 segundos e o valor

do FR foi ajustado a cada 10 pontos ganhos, ou seja, 10, 15, 20, 30 e 0 respostas. O critério

para alternação dos componentes, em todas as sessões desta fase, foi a obtenção de 10 pontos

44

em cada componente. A cor do botão de respostas era verde no componente FR e vermelha no

componente DRL. Um timeout de 5 s era apresentado entre um componente e outro.

Fase 2 – Aproximação do intervalo entre reforços (IRI): Nesta Fase, os participantes foram

expostos, inicialmente, a um programa mult FR 40 – DRL 20 s. A cor do botão de respostas

era verde para FR e vermelha para o DRL. Cada componente foi apresentado alternadamente a

cada 5 minutos. Toda sessão começava pelo componente FR. Cada sessão tinha duração de 30

minutos. Ao final da primeira sessão da Fase 2, foi verificado o IRI médio do componente de

FR naquela sessão. Nas sessões subseqüentes, o valor do FR era ajustado com base no IRI

médio da sessão anterior para cada participante, de tal modo que o IRI no componente de FR

fosse aproximadamente o mesmo que no componente de DRL (aproximadamente, 20

segundos). Tal procedimento teve a função de igualar o máximo possível a taxa de reforços

nos dois componentes. Este procedimento foi adotado para que o IRI não se tornasse um

controle de estímulo adicional do mult FR-DRL (cf. Okouchi, 2003a). Um timeout de 5s era

apresentado entre um componente e outro.

Fase 3 – Construção da linha de base: Os participantes foram expostos a um programa mult

FR n – DRL 20 s, na presença de um botão verde no componente FR e vermelho no

componente DRL. Cada programa era apresentado alternadamente por 5 minutos cada e as

sessões tiveram duração de 30 minutos. A Fase 3 foi mantida até que a média da freqüência

total da respostas de pressão ao botão nos dois componentes em quatro sessões consecutivas

fosse menor do que 10% da diferença entre a média das três primeiras e três últimas destas

quatro sessões (Schoenfeld, Cumming e Hearst, 1956/1968). Um timeout de 5s era apresentado

entre um componente e outro.

Fase 4 – Teste: Os participantes foram expostos a um programa de reforço mult FI ts – FI ts.

O valor do intervalo dos componentes de FI (t) foi calculado com base na média dos IRIs de

ambos os componentes das quatro últimas sessões da Fase 3. Um timeout de 5s era apresentado

entre um componente e outro. O botão de resposta era verde para o primeiro componente de

FI e vermelho durante o segundo componente de FI. Assim, os estímulos presentes durante a

apresentação de cada componente do programa múltiplo foram mantidos constantes entre as

Fases 1, 2, 3 e 4, porém as contingências de reforço foram alteradas nesta Fase. Foram

realizadas 15 sessões na Fase 4. No caso de P4, foram realizadas mais quatro sessões nesta

fase. A primeira destas quatro sessões teve um intervalo de 38 dias em relação à última sessão

45

anterior.

Fase 5 – Mudança no controle de estímulos: Somente P4 foi exposto a esta fase. O

participante foi exposto a um programa mult FI ts – FI ts, no qual o valor de t era o mesmo da

Fase 4. O botão de resposta era preto para o primeiro componente de FI e branco durante o

segundo componente de FI. Um timeout de 5 segundos era apresentado entre um componente e

outro. Esta fase foi realizada somente com P4 porque as taxas de respostas permaneceram

diferenciadas durante toda a Fase 4, isto é, o efeito da história de exposição ao mult FR-DRL

ainda era observado após 18 sessões da Fase 4.

46

RESULTADOS

A Figura 2 a seguir indica as taxas de respostas (R/min) dos participantes em

todas as fases do experimento.

Figura 2 – Taxas de respostas de P1, P2, P3 e P4 durante todas as fases do experimento. As linhas pontilhadas indicam as mudanças de fase. Os círculos cheios indicam as taxas de respostas nos componentes em que o botão de resposta era verde – componente FR (Fases 1, 2 e 3) e FI (Fase 4). Os círculos vazios indicam as taxas de resposta nos componentes em que o botão de resposta era vermelho – componente DRL (Fases 1, 2 e 3) e FI (Fase 4). Na Fase 5 (P4), um programa mult FI-FI idêntico ao da Fase 4 foi mantido, exceto que as cores do botão em cada componente mudou de verde (Componente 1) e vermelho (Componente 2) para preto (Componente 1) e branco (Componente 2).

47

Em relação à Fase 1 (aquisição), para todos os participantes, as taxas de

respostas na terceira sessão já eram diferenciadas, ou seja, os participantes emitiam taxas de

respostas mais altas no componente FR do que no componente DRL. Hayes, Brownstein,

Haas e Greenway (1986) propuseram um critério para avaliar a diferenciação do

comportamento em dois componentes de um programa múltiplo de reforço. Segundo este

critério, considera-se que há diferenciação na freqüência de respostas entre dois componentes

de um programa múltiplo se o número total de respostas no componente com menor freqüência,

dividido pela freqüência total de respostas em ambos os componentes, for menor que 0,25.

Aplicando esta fórmula da diferenciação após a coleta de dados foi possível

avaliar se havia diferenciação na taxa de respostas ao término da Fase 1 (aquisição). O índice

de diferenciação foi de 0,06 para P1, de 0,05 para P2, de 0,11 para P3 e de 0,08 para P4.

Portanto, de acordo com o índice de diferenciação proposto por Hayes et al. (1986) foi

observada diferenciação na taxa de respostas de todos os participantes da presente pesquisa nos

componentes do programa múltiplo (altas taxas de respostas no componente FR e baixas

taxas no componente DRL).

Esse padrão se manteve durante a Fase 2 (aproximação do IRI), na qual os

valores do FR foram aumentados na tentativa de igualar a taxa de pontos ganhos em ambos os

componentes. Nesta fase cada participante foi exposto a um número diferente de sessões, até

que o critério para mudança de fase fosse atingido (IRI do componente FR aproximadamente

igual ao IRI do componente DRL e diferença de pontos ganhos em cada componente menor

do que dez). No caso de P1, o asterisco na Figura 1 indica que entre a sessão 6 e a sessão 7

houve uma diferença menor do que dez pontos entre os dois componentes do múltiplo (os IRIs

médios da sessão 6 eram 25,5 para o componente FR e 24,6 segundos para o componente

DRL, enquanto que na sessão 7 os IRIs médios eram 25,2 segundos para o componente FR e

25,1 para o componente DRL), o que indicaria mudança da Fase 2 para a Fase 3. Porém, o IRI

volta a ficar diferenciado entre a sessão 7 e a sessão 8 (os IRIs médios da sessão 8 foram 22,2

segundos para o componente FR e 29,2 segundos para o componente DRL). Essa diferenciação

causou uma diferença no ganho de pontos no componente FR em relação ao componente DRL

maior do que dez nessa sessão. Dessa maneira, optou-se por manter a Fase 2 por mais sessões,

para que o valor dos IRIs pudesse, de fato, atingir um valor mais próximo entre os

componentes.

48

A Figura 3 mostra as taxas médias dos pontos obtidos em cada componente

do programa múltiplo para cada participante nas quatro últimas sessões da Fase 3 (mult FR-

DRL) e nas primeiras (Bloco Inicial) e quatro últimas (Bloco Final) sessões da Fase 4 (mult

FI-FI).

Figura 3 – Taxas médias de pontos obtidos em cada componente do programa múltiplo FR-DRL para cada participante nas quatro últimas sessões da Fase 3 (Bloco Final), em cada componente do programa múltiplo FI-FI nas quatro primeiras sessões da Fase 4 (Bloco Inicial) e nas quatro últimas sessões da Fase 4 (Bloco Final).

A Fase 2 foi encerrada apenas quando os IRIs do componente FR fossem

aproximadamente iguais aos do componente DRL (≅ 20 segundos) e a diferença de pontos

obtidos no componente FR fosse menor do que dez pontos em relação aos pontos obtidos no

componente DRL. A maior diferença entre os pontos obtidos nos programas de FR e DRL

encontrada nesta fase foi de 0,5 pontos/min (P2) – o que, no presente estudo, corresponde a 7

pontos por sessão. Observa-se que, de maneira geral, a taxa de reforços não variou muito

quando o programa foi mudado de um mult FR-DRL para um mult FI-FI. A diferença entre as

taxas médias de pontos nos dois componentes para P1 durante as quatro últimas sessões da

Fase 3 foi de 0,2 pontos/min. Quando a contingência mudou para mult FI-FI, esta diferença

deixou de ser observada. No caso de P2, a diferença que era de 0,5 pontos/min durante a linha

de base, manteve-se durante as primeiras sessões da Fase 4, mas diminuiu: 0.2 pontos/min.

Porém, nas quatro sessões finais da Fase 4, a diferença não era mais observada. Para P3, não

49

havia diferença na taxa de pontos nas últimas sessões da linha de base. Durante as sessões da

Fase 4, houve uma pequena queda em relação à taxa de pontos em ambos os componentes,

porém a diferença na taxa de pontos entre os dois componentes continuou inexistente. No

caso de P4, havia uma diferença de 0,4 pontos/min entre os componentes durante as quatro

últimas sessões da Fase 4. Esta diferença continuou durante as quatro primeiras sessões da

Fase 4: 0,4 pontos/min. Nas últimas sessões da Fase 4, a diferença ainda podia ser

observada: 0,2 pontos/min. O valor da razão do componente FR utilizado na Fase 3 (linha de

base) foi obtido pela aproximação dos IRIs do FR com os IRIs do DRL (i.e.,

aproximadamente 20 segundos). Dessa forma, na Fase 3, P1 foi exposto a um FR 220 e P2, P3

e P4 a um FR 100.

Voltando à Figura 2, observa-se que todos os participantes apresentaram, ao

final da Fase 3 (linha de base), altas taxas de respostas no componente FR (botão verde) em

relação ao componente DRL (botão vermelho). Aplicando-se novamente a fórmula para o

cálculo da diferenciação proposto por Hayes et al. (1986), o participante que apresentou o

menor índice de diferenciação (responder entre componentes mais diferenciado) foi P1 (0,005),

seguido de P4 (0,009), P2 (0,008) e P3 (0,01).

Durante as primeiras sessões da Fase 4 em que um programa mult FI-FI

estava em vigor podem ser observados efeitos da exposição prévia a um mult FR-DRL, para

todos os participantes. Eles continuaram a emitir altas taxas de resposta no componente com

botão verde [FR] e baixas taxas de resposta no componente com botão vermelho [DRL]23.

Entretanto, após uma exposição continuada ao mult FI-FI, as taxas de resposta de P1, P2 e P3

tenderam a se igualar.

No caso de P4, o padrão comportamental selecionado pela história de

exposição ao mult FR-DRL persistiu durante toda a Fase 4 (mult FI-FI), ou seja, o participante

continuou emitindo altas taxas de respostas no componente com botão vermelho [DRL] em

relação ao componente com botão verde [FR]. Após as 15 sessões programadas para o

encerramento da Fase 4, P4 foi exposto a mais quatro sessões do mult FI-FI (verde-

vermelho). Estas quatro sessões tiveram um intervalo de 38 dias em relação à 15ª sessão da

Fase 4. A seta preta na Figura 2 indica a primeira dessas quatro sessões. Mesmo após este

23 Quando as cores do botão de respostas estiverem referindo-se à Fase 4, será utilizada a notação verde [FR] e vermelho [DRL] para destacar que, durante as fases anteriores, estas cores foram correlacionadas, respectivamente, aos programas de FR e DRL.

50

período, o comportamento de P4 permaneceu inalterado: altas taxas de resposta no

componente com botão verde [FR] e baixas taxas de respostas no componente com botão

vermelho [DRL]. Após a realização dessas quatro sessões, P4 foi exposto à Fase 5, na qual o

mesmo mult FI-FI da fase anterior estava em vigor, mas as cores do botão de respostas

mudaram para preto no primeiro componente e branco no segundo. Após a mudança no

controle de estímulos observou-se uma mudança abrupta no comportamento de P4, no mesmo

sentido dos outros participantes: as taxas de respostas nos dois componentes tenderam a se

igualar, o que sugere um controle maior da contingência presente.

É interessante notar que, para três dos quatro participantes (P1 e P3 na Fase

4 e P4 na Fase 5), as taxas de respostas no componente FI com botão verde [FR] (ou preto, no

caso de P4) tenderam a diminuir mais do que as taxas de respostas no componente com

botão vermelho [DRL] (ou branco, no caso de P4) tenderam a aumentar. Este não foi o caso

de P3, em que as taxas de respostas no componente FI com botão verde [FR] tenderam a

baixar, de maneira geral, na mesma proporção que as taxas de respostas no componente FI

com botão vermelho [DRL] tenderam a aumentar.

Entretanto, uma análise da proporção da mudança da taxa de respostas em

relação à linha de base (cf. Nevin, 1974; 1988) nos dois componentes do programa múltiplo,

mostra um quadro diferente. A Figura 4 a seguir exibe a proporção da mudança nas taxas de

respostas nos componentes do mult FI-FI da Fase 4 (P1, P2 e P3) ou da Fase 5 (P4) em relação

às quatro últimas sessões da linha de base (mult FR-DRL).

A proporção foi calculada dividindo-se a taxa de respostas de cada

componente em cada sessão pela média da taxa de respostas nas quatro últimas sessões da Fase

3. Esta diferença foi, então, dividida por 100 (100% era o valor da média da taxa de respostas

nas quatro últimas sessões da linha de base). Observa-se na Figura 4 que, no caso de P1, P2 e

P3, a proporção da mudança da taxa de respostas em relação à linha de base foi maior no

componente de FI com botão vermelho [DRL] do que no componente de FI com botão verde

[FR], indicando que uma história de FR pode produzir um responder mais resistente à

mudança.

No caso de P4, quando o comportamento na Fase 5 é analisado, observa-se

que a mudança nas taxas de respostas em relação à linha de base foi maior no componente FI

com botão branco em relação ao componente FI com botão preto.

51

Figura 4 – Proporção da mudança das taxas de respostas em relação à linha de base nos componentes do mult FI-FI na Fase 4 (para P1, P2 e P3). Os pontos cheios indicam a mudança na taxa de respostas nos componentes FI com botão verde (que na linha de base correspondiam ao FR) e os pontos vazios indicam a mudança na taxa de respostas nos componentes FI com botão vermelho (que na linha de base correspondiam ao DRL). Para P4 (Fase 5) os pontos cheios indicam a mudança na taxa de respostas nos componentes FI com botão preto e os pontos vazios indicam a mudança na taxa de respostas nos componentes FI com botão branco. Os primeiros pontos em cada gráfico indicam o log da média da taxa de respostas em cada componente nas quatro últimas sessões da Fase 3.

A Figura 5 exibe os registros cumulativos de todos os participantes na última

sessão da Fase 3 (mult FR-DRL, coluna da esquerda), na primeira sessão da Fase 4 (mult FI-FI,

coluna central) e na última sessão da Fase 4 (mult FI-FI, coluna da direita). Todos os

participantes terminaram a Fase 3 respondendo de forma diferenciada nos componentes do

mult FR-DRL (ver também Figura 2). Observa-se que os participantes emitiam taxas de

respostas altas e constantes no FR, sem pausas pós-reforço. No componente DRL, o

comportamento foi de taxas de respostas baixas e constantes (geralmente, uma resposta por

intervalo).

52

Figura 5 – Registros cumulativos da última sessão da Fase 3 (mult FR-DRL, coluna da esquerda), primeira sessão da Fase 4 (mult FI-FI, coluna central) e última sessão da Fase 4 (mult FI-FI, coluna da direita) para todos os participantes. Os números nos registros indicam cada componente (1 para FR ou FI com botão verde e 2 para DRL ou FI com botão vermelho) e as linhas pontilhadas indicam mudança de componente. Os registros voltam a zero a cada 250 respostas. Cada sessão teve duração de 30 minutos.

53

Durante a primeira sessão da Fase 4 (quando o programa foi mudando para

um mult FI-FI), algumas mudanças podem ser identificadas no comportamento de P1 e P3. No

caso de P1, podem ser observadas altas taxas de respostas nos componentes FI com botão

vermelho [DRL], principalmente no quarto e sexto componentes do múltiplo. No início do

segundo componente do múltiplo também podem ser observadas altas taxas de respostas no

registro cumulativo de P1 (como indicado pela seta na Figura 5). Uma análise dos registros

cumulativos de sessões 22 e 24 (não reproduzidas no presente trabalho) indica que, em alguns

casos, P1 emitia altas taxas de respostas no componente DRL (botão vermelho). No caso de P3,

também pode ser observado um pequeno aumento na taxa de respostas no último componente

do programa múltiplo (FI com botão vermelho). Esta não foi o caso de P2 e P4, que

continuaram emitindo taxas de respostas diferenciadas durante toda a sessão.

O que se observa ao final da Fase 4, porém, é que o comportamento de P1,

P2 e P3 ficou relativamente igual nos dois componentes do mult FI-FI (foram observadas taxas

de respostas relativamente iguais nos dois componentes). Os índices de diferenciação de acordo

com a fórmula de Hayes et al. (1986) foram 0,38 para P1, 0,49 para P2 e 0,46 para P3. O

participante P4, porém, continuou apresentando um padrão diferenciado de respostas nos

componentes do múltiplo (índice de diferenciação igual a 0,02).

A Figura 6 a seguir mostra a sessão onde o comportamento dos participantes

começou a mudar quando da exposição ao mult FI-FI. Observa-se que, no caso de P1, o

comportamento começa a mudar logo na primeira sessão da Fase 4 (Sessão 29). A mudança é

marcante principalmente no quarto componente do múltiplo (segundo componente FI com

botão vermelho [DRL]).

54

Figura 6 – Registros cumulativos das sessões do mult FI-FI nas quais o comportamento dos participantes começa a mudar (sessões da Fase 4 para P1, P2 e P3 e da Fase 5 para P4). Os números nos registros indicam cada componente (1 para FI com botão verde [FR] e 2 para FI com botão vermelho [DRL]). Os registros cumulativos voltam a zero após 250 respostas e as linhas pontilhadas marcam o final do componente. Cada componente tinha duração de cinco minutos.

Nos casos de P2 e P3, a mudança pode ser observada na terceira sessão da

Fase 4 (sessão 15 para P2 e sessão 16 para P3). Uma análise visual do registro cumulativo de

P2 permite identificar a mudança no quarto componente do mult FI-FI (segunda apresentação

do FI com botão vermelho [DRL]). Uma análise molecular do comportamento de P2 indicou

ainda uma diferença nas médias dos IRTs dos três componentes FI com botão vermelho [DRL]

(Componente 2): 26,9 segundos para a primeira apresentação do Componente 2; 9,3 segundos

para a segunda apresentação e 0,6 segundos para a terceira apresentação. Para P3, a mudança

pode ser observada no segundo componente do mult FI-FI (primeira apresentação do FI com

botão vermelho [DRL]). A diferença entre as médias dos IRTs nos três componentes FI com

botão vermelho nesta sessão foi: 13,4 segundos para a primeira apresentação; 11,8 segundos

para a segunda apresentação; 3,1 segundos na terceira apresentação. Em ambos os casos (P2 e

P3), o desempenho final na sessão de mudança assemelha-se ao padrão final observado na

última sessão da Fase 4 (como pode ser visto na Figura 2).

55

Como foi visto na Figura 5, o comportamento de P4 continuou diferenciado

durante toda a Fase 4. Quando as cores dos botões de resposta foram modificados na Fase 5

(preto e branco), o comportamento de P4 mudou logo na primeira sessão (sessão 37). O

comportamento de P4 durante a primeira sessão da Fase 5 foi semelhante ao comportamento

deste participante durante as outras sessões.

A Figura 7 a seguir mostra a ampliação do terceiro e quarto componentes

dos registros cumulativos da última sessão da Fase 4 (mult FI-FI). Esta ampliação permite

observar alguns detalhes que não podem ser vistos na Figura 4 (na última sessão, supostamente,

o desempenho do participante estaria mais estável; a escolha pela porção central da sessão foi

arbitrária).

Figura 7 – Ampliações do terceiro e quarto componentes do mult FI-FI (verde-vermelho) da última sessão da Fase 4 para todos os participantes. Os números nos registros indicam cada componente (1 para FI com botão verde [FR] e 2 para FI com botão vermelho [DRL]). Os registros cumulativos voltam a zero após 250 respostas e as linhas pontilhadas marcam o final do componente. Cada componente tinha duração de cinco minutos.

O comportamento de P1 e P3, em ambos os componentes, era de taxas baixas

de respostas, inclusive apresentando alguns padrões de scallop e break-and-run, conforme

indicado pelas setas na Figura 7. Durante a última sessão da Fase 4, o comportamento de P2

56

era de taxas de respostas altas e constantes, sem pausa pós-reforço. Como já foi observado

anteriormente na Figura 5, o comportamento de P4 continuou a apresentar diferenciação nos

dois componentes do múltiplo. Porém, a taxa de respostas no componente FI com botão

vermelho [DRL] aumentou em relação ao componente DRL da Fase 3.

Durante as últimas quatro sessões da Fase 3, a taxa média de respostas no

componente DRL era de 2,7 R/min. Durante a Fase 4, as taxa média de respostas durante o

componente FI com botão vermelho [DRL] era de 3,3 R/min. A taxa média de respostas no

componente FI com botão verde [FR], que era de 305,1 R/min, também aumentou em relação à

taxa média de respostas no componente FR das últimas quatro sessões da Fase 3, que era de

276,5 R/min.

57

DISCUSSÃO

O objetivo do presente trabalho foi avaliar o efeito de uma exposição

prévia a um programa mult FR-DRL sobre o comportamento subseqüente de humanos em

um programa mult FI-FI (mantendo-se o mesmo controle de estímulos – i.e., mesma cor do

botão de respostas – nos dois programas múltiplos). Três dos quatro participantes (P1, P2 e

P3) apresentaram efeitos de curta duração da exposição anterior a um programa mult FR-DRL

quando as contingências mudaram para um mult FI-FI. Com a exposição continuada ao mult

FI-FI as taxas de respostas pareceram se ajustar ao parâmetro temporal da contingência de

reforço presente (a diferença na taxa de respostas entre os dois componentes não foi

substancial), sugerindo que as cores do botão de respostas talvez tenham controlado menos –

ou mesmo deixaram de controlar – a taxa de respostas. Os resultados destes três participantes

vão ao encontro daqueles obtidos por Freeman e Lattal (1992).

Os resultados de P4 durante a Fase 4, porém, foram diferentes dos outros

participantes. Até a 15ª sessão da Fase 4 (32a sessão do experimento), podem ser observados

efeitos da exposição prévia ao mult FR-DRL no comportamento de P4, ou seja, altas taxas de

resposta no componente FI quando o botão de resposta era verde (a mesma usada durante o

componente de FR na fase anterior) e baixas taxas no FI quando o botão de respostas era

vermelho (a mesma usada durante o componente de DRL na fase anterior). Estes resultados

vão ao encontro daqueles obtidos no estudo de Weiner (1964; 1969), que sugerem efeitos de

longa duração de uma história de responder em FR ou DRL sobre o comportamento

subseqüente em FI.

Após 38 dias de intervalo entre a 15ª e a 16ª sessão da Fase 4, a taxa de

respostas de P4 nos dois componentes do mult FI-FI continuou diferenciada por quatro

sessões. Estes resultados sugerem que a mera passagem do tempo não foi suficiente para

eliminar os efeitos da exposição anterior ao mult FR-DRL no comportamento de P4. Resultados

semelhantes foram encontrados por Ono e Iwabuchi (1997, Parte 2). Os pombos utilizados

neste experimento foram expostos, em uma primeira fase, a um mult DRH-DRL. O disco que

os pombos bicavam era verde para o componente DRH e vermelho para o componente DRL.

Após seis meses de intervalo, os pombos eram expostos a um programa de VI simples, com

disco branco. Em uma terceira fase, um programa mult VI-VI entrou em vigor, com a cor do

58

disco variando entre verde e vermelha (algumas sessões de VI simples com disco branco

também foram realizadas nesta fase). Os autores observaram que, mesmo após a passagem de

seis meses, foram observados efeitos da história de exposição ao mult DRH-DRL sobre o

comportamento no mult VI-VI.

Resultados semelhantes foram relatados também por Skinner (1950). Pombos

foram condicionados a bicar um disco sobre o qual era projetado um estímulo visual complexo.

Em seguida os pássaros eram alojados em suas gaiolas-viveiro sem nenhuma exposição a

qualquer contingência de reforço por um período de tempo que variou entre seis meses e quatro

anos. Então, os pombos foram introduzidos novamente na caixa experimental em um programa

de extinção. No período inicial da extinção no qual o disco estava presente, mas não iluminado

com o estímulo complexo, os pombos não responderam. Quando o padrão complexo foi

projetado no disco os pombos emitiram cerca de 700 respostas na hora subseqüente.

Por que as taxas de respostas de P4 permaneceram diferenciadas durante

toda a Fase 4 (sugerindo efeitos de história de longa duração)? A resposta, provavelmente, diz

respeito à questão do controle de estímulos. A pesquisa de Okouchi (2003a) sugere que a taxa

de reforços pode servir de controle de estímulos quando se muda o programa de reforço em

vigor. Como na presente pesquisa a taxa de reforços em ambos os componentes foi aproximada

(durante a Fase 3 e 4 – ver Figura 3), o comportamento de P4 parece ter ficado,

preponderantemente, sob controle dos estímulos correntes que também estavam presentes nas

fases anteriores do estudo, ou seja, as cores do botão de resposta. Apesar da taxa de respostas

de P4, durante a Fase 4, ter sido algo diferente da taxa de respostas da Fase 3 (Figura 7), ela

permaneceu mais alta no componente FI com botão verde do que no componente FI com botão

vermelho. Como o comportamento diferenciado nos dois componentes do programa mult FI-FI

continuou produzindo pontos, não foi observada mudança comportamental substancial. Esse

resultado parece indicar que o comportamento de P4 continuou sob controle das cores dos

botões, uma vez que comportar-se daquela forma na presença daqueles estímulos continuou a

produzir pontos24.

Com o objetivo de verificar se a manutenção do padrão comportamental

estava sob controle principalmente das cores do botão de respostas, elas foram modificadas na

24 Essas considerações levariam à pergunta: por que então o comportamento dos outros participantes não apresentou a persistência comportamental vista nos resultados de P4? Essa questão será retomada e discutida mais adiante.

59

Fase 5 para P4. Quando as cores dos botões de resposta foram modificadas (preto para um

dos componentes de FI e branco para o outro) o comportamento de P4 mudou, ficando

semelhante ao dos outros participantes na Fase 4. Este resultado parece indicar que o

comportamento de P4 estava, durante a Fase 4, preponderantemente sob controle das cores do

botão de resposta (verde e vermelho). Os resultados de uma pesquisa apresentada por Ferster e

Skinner (1957) sugerem que a mudança abrupta do estímulo durante um programa múltiplo

produz alterações no comportamento corrente. Pombos eram submetidos a um mult FI-FR e,

subseqüentemente, o estímulo correlacionado ao FI era apresentado durante o componente

em que o FR estava em vigor. Os resultados indicaram um comportamento típico de

programas de FI quando o estímulo correlacionado a este programa de reforço aparecia durante

o FR.

Em relação aos estudos de Weiner (1964; 1969) – que também sugerem

efeitos de longa duração da história – luzes de cores diferentes estavam presentes durante cada

programa de reforço (FR ou DRL na fase de construção da história, ou FI durante a fase de

teste). Se nos estudos de Weiner havia luzes de diferentes cores durante a apresentação de cada

programa de reforço e ainda assim foram observados efeitos de longa duração, por que o

comportamento de P4 no presente estudo mudou quando as cores do botão de respostas foram

alteradas na Fase 5? A resposta para esta questão parece estar na própria configuração das

contingências de reforço. Nos estudos de Weiner os participantes eram expostos a programas

de reforço simples – FR ou DRL, dependendo do grupo e, posteriormente, a um FI. No

presente estudo, os participantes eram expostos a programas de reforço múltiplo. No caso de

programas múltiplos, o comportamento do organismo é, mais provavelmente, colocado sob

controle dos estímulos presentes uma vez que a melhor relação resposta-reforçador depende

de qual estímulo está presente e os estímulos alternam-se a todo o momento durante uma

sessão experimental. Esse não era o caso nos arranjos experimentais dos estudos de Weiner.

Se o controle de estímulos (cores dos botões) foi um fator importante para a

manutenção do comportamento de P4 durante a Fase 4 e posterior mudança durante a Fase 5,

uma pergunta que precisa ser abordada é: quais foram as variáveis relevantes que contribuíram

para a mudança no padrão comportamental de P1, P2 e P3 quando as contingências de reforço

mudaram durante a Fase 4?

Poder-se-ia esperar que uma mudança na taxa de reforço entre a Fase 3 e 4

60

aumentasse a probabilidade de que o comportamento dos participantes se alterasse na Fase 4

(cf. Okouchi, 2003a). Entretanto, em relação ao controle da taxa de reforços, a Figura 3

indica que no caso de P1 havia uma pequena diferença na taxa de reforços nos dois

componentes do mult FR-DRL durante as últimas sessões da Fase 3. Esta diferença

desapareceu quando da exposição ao mult FI-FI durante a Fase 4. No caso de P3, não foi

observada variação na taxa de reforços nos dois componentes durante as quatro últimas

sessões da Fase 3 (mult FR-DRL) nem durante a Fase 4 (mult FI-FI). Os resultados de P2 e

P4, no entanto, foram mais semelhantes. Tanto P2 quanto P4 tinham uma pequena variação na

taxa de reforços nos dois componentes do mult FR-DRL nas quatro últimas sessões da Fase 3.

Nas quatro primeiras sessões da Fase 4, essa variação continuou sendo observada para ambos

os participantes. Porém, na Figura 6 verifica-se que o comportamento de P2 começa a mudar na

terceira sessão da Fase 4 (Sessão 15 do experimento), enquanto que a taxa de respostas de P4,

nos dois componentes do programa múltiplo, permaneceu diferenciada durante toda a Fase 4.

Tais resultados sugerem que não há uma correlação clara entre a diferença na taxa de reforços

durante as quatro últimas sessões da Fase 3 e início da Fase 4 com a probabilidade da mudança

comportamental subseqüente.

Uma vez que a diferença na taxa de reforços, aparentemente, não foi o fator

relevante para explicar a mudança ou manutenção das taxas de respostas após a alteração das

contingências de reforço, uma análise da taxa local de respostas, via inspeção visual dos

registros cumulativos e análises dos IRTs de porções de algumas sessões, foi implementada.

Observando-se o comportamento de P1, foram identificados padrões de altas

taxas de respostas no segundo componente FI (botão vermelho) da primeira sessão da Fase 4

(ver Figuras 5 e 6). Altas taxas de respostas no início do componente DRL foram observadas

nos registros cumulativos de outras sessões das fases anteriores para este participante (não

apresentados no presente trabalho). Entretanto, quando isso ocorreu, o IRI aumentou (i.e., um

período de tempo maior foi necessário para a obtenção do ponto), já que uma diminuição nos

IRTs abaixo de 20 segundos fazia zerar o cronômetro, reiniciando o intervalo. Quando este

aumento na taxa local de respostas ocorreu durante a Fase 4 – em que um programa de FI

estava em vigor nos dois componentes do múltiplo (conforme visto na Figura 5) – a diminuição

dos IRTs não produziu mudança no IRI. Esta variação pode ter contribuído para que o

comportamento de P1 mudasse bruscamente ainda na primeira sessão da Fase 4 no

61

componente FI com botão vermelho.

No caso de P2 e P3, não houve uma variação tão evidente na taxa local de

respostas como aquela observada nos registros cumulativos de P1. Isso pode ter contribuído

para que os efeitos da história durassem por praticamente toda a primeira sessão da Fase 4. A

seleção de outro padrão comportamental depende da variação no comportamento (Skinner,

1981). Todavia, uma análise preliminar dos IRTs sugeriu que a freqüência de IRTs curtos

aumentou a partir da terceira sessão da Fase 4 para P2 e P3, durante o componente FI com

botão vermelho (cor do botão correlacionado ao DRL na fase anterior). Este aumento na

freqüência dos IRTs curtos pode ter sido responsável pela seleção de um novo padrão

comportamental, sob controle do parâmetro temporal dos programas de FI. Quanto ao P4,

houve alguns IRTs curtos durante o FI com o botão de respostas vermelho (correlacionado

anteriormente ao DRL), entretanto, a freqüência desses IRTs curtos, aparentemente, não foi tão

alta quanto aquelas observadas nos registros de P2 e P3. Uma análise mais refinada da

distribuição dos IRTs poderia lançar luz sobre a diferença no desempenho de P4 em relação aos

demais participantes.

Um aspecto polêmico nos estudos de história comportamental diz respeito à

sua duração. Alguns autores (e.g., TATHAM; WANCHISEN, 1998; WANCHISEN;

TATHAM, 1991) sugeriram que, em alguns casos, os efeitos da história comportamental

poderiam ser permanentes. Quando se analisa o comportamento de P1, P2 e P3 observa-se

que, com a exposição continuada ao mult FI-FI as taxas de respostas tendem a se tornar iguais

nos dois componentes do programa múltiplo. Estes resultados, de acordo com Freeman e Lattal

(1992), sugerem que o comportamento dos participantes ficou sob controle do programa

corrente, o mult FI-FI. Nesse sentido, os resultados destes participantes corroboram a afirmação

de Cole (2001) de que histórias de FR e DRL parecem não afetar permanentemente o

desempenho em um programa de FI. Assim, pode-se afirmar que, no caso do presente estudo,

os efeitos da história não foram permanentes. Mesmo no caso de P4, que apresentou maior

persistência comportamental, quando as cores do botão de respostas foram alteradas na Fase 5

observou-se que o comportamento do participante pareceu ficar sob controle da contingência

presente.

Outro aspecto que precisa ser destacado com relação à mudança no

comportamento durante o mult FI-FI (na Fase 4 para P1, P2 e P3 e na Fase 5 para P4) diz

62

respeito à proporção dessa mudança em relação à linha de base. A Figura 4 mostra que houve

uma maior tendência ao aumento na taxa de respostas no componente FI com botão vermelho

(previamente correlacionado ao DRL), em relação à diminuição na taxa de respostas no

componente FI com botão verde (previamente correlacionado ao FR). Ou seja, o

comportamento no componente FI com botão verde parece ter sido mais resistente à mudança.

No caso de P4, durante a Fase 5, o componente que apresentou maior resistência à mudança

foi o componente FI com botão preto. Como na presente pesquisa os componentes eram

apresentados sempre começando pelo FR (Fases 1, 2 e 3) e pelo componente FI com botão

verde (Fase 4), a ordem de apresentação dos componentes durante a Fase 5 (botão preto antes

do botão branco) pode ter servido como um controle de estímulos adicional para o

comportamento de P4. Estes resultados são contrários ao dos estudos da área de momento

comportamental. Alguns estudos sugerem que, uma vez controlada a taxa de reforço nos dois

componentes de um programa múltiplo que selecionam alta e baixa taxa de respostas (e.g.,

DRH e DRL), a resistência à mudança é maior no componente cuja taxa de respostas era

menor (e.g., LATTAL, 1989; NEVIN, 1974; 1979).

Todavia, deve-se destacar que as pesquisas da área de momento

comportamental utilizam durante a fase de teste, programas de extinção, alimentação prévia ou

liberação de comida independente da resposta em FT25 ou VT26 (cf. LATTAL, 1989; NEVIN,

1974;

Nevin, Mandell, e Atak, (1983). Este tipo de manipulação geralmente produz

diminuição na taxa de respostas em ambos os componentes do programa múltiplo. Assim,

pode-se avaliar, por exemplo, qual componente produz maior resistência à mudança

observando-se as taxas de respostas em ambos durante a extinção: aquele componente em que

as taxas de respostas diminuírem menos é o mais resistente à mudança. No presente estudo, a

mudança nas taxas de respostas nos dois componentes do mult FI-FI (em relação à exposição

prévia ao mult FR-DRL) deu-se em direções opostas: aumento nas taxas de respostas no

componente FI com botão vermelho (ou branco, no caso de P4) – correlacionado ao DRL – e

25 FT, do inglês fixed time (tempo fixo). Em um programa de FT um reforçador é liberado após um intervalo de tempo fixo. Assim, em um programa haveria 5 segundos de intervalo entre a liberação de um reforçador e a liberação do próximo. 26 VT, do inglês variable time (tempo variável). Em um programa de VT um reforçador é liberado após um intervalo de tempo que varia de reforçador para reforçador, de acordo com uma série randômica de intervalos. Os valores dos intervalos variam entre valores extremos arbitrários.

63

diminuição das taxas de respostas no componente FI com botão verde (ou preto no caso de

P4) – correlacionado ao FR. Este é um fator que pode ter contribuído para os resultados

discrepantes em relação às pesquisas da área de momento comportamental. Pesquisas futuras

poderiam utilizar o mesmo procedimento do presente estudo na fase de construção da história

e na fase de teste utilizar um mult Extinção-Extinção.

Os resultados do presente estudo sugerem que, quando condições

experimentais específicas são arranjadas, resultados semelhantes podem ser obtidos utilizando-

se diferentes espécies. Freeman e Lattal (1992) utilizaram pombos como sujeitos experimentais

e os resultados de seu estudo foram, de maneira geral, parecidos com os resultados do

presente estudo. Weiner (1983) apontou para a importância da realização de pesquisas

experimentais utilizando humanos como participantes. Ressalta ainda o fato de ter conseguido,

em suas pesquisas com humanos, dados de pesquisa tão regulares quanto aqueles obtidos com

não-humanos. A este respeito, Skinner (1957/1972) diz que “A reprodutibilidade de espécie

para espécie é um produto do método. Escolhendo os estímulos, respostas e reforçadores

apropriados para a espécie estudada, eliminamos as fontes de diferenças de muitas espécies.”

(p. 156)

64

REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

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APÊNDICE A

Informações sobre o estudo a serem apresentadas aos participantes.

71

Apêndice A – Informações sobre o estudo a serem apresentadas aos participantes

INFORMAÇÕES SOBRE O ESTUDO

Caros convidados:

Estamos desenvolvendo uma pesquisa com o intuito de sabermos um pouco mais sobre as

variáveis ambientais que contribuem para a variabilidade comportamental entre os indivíduos.

Sendo assim, gostaríamos de convidá-los a participar do experimento. Os itens abaixo trazem

esclarecimentos sobre o trabalho que será realizado.

Objetivo: Estudar algumas variáveis que possam afetar o modo como as pessoas se comportam

em determinadas situações.

Procedimento: Serão realizadas no mínimo 20 sessões experimentais em uma sala do CCB

(Centro de Ciências Biológicas) na UEL (Universidade Estadual de Londrina). As sessões

serão diárias (exceto finais de semana e feriados), realizadas individualmente e terão a

duração aproximada de 30 minutos cada. Será utilizado um fone de ouvido para emissão de

ruído branco (“chiado”), em volume adequado, durante toda a sessão. Antes do início da

sessão os participantes receberão uma folha com a instrução acerca da tarefa experimental a ser

executada: os participantes realizarão uma tarefa no computador. Em linhas gerais, o objetivo

será ganhar o maior número de pontos possíveis (que aparecerão na tela do monitor).

Justificativa e Possíveis Benefícios: Estudos nessa linha de pesquisa podem ajudar a

compreender melhor as variáveis ambientais que levam a variabilidade comportamental entre os

indivíduos. O presente estudo pretende lançar mais luz sobre esta área do conhecimento.

72

Riscos: O procedimento experimental empregado não oferece qualquer risco à integridade

física ou moral dos participantes. Não é recomendável, porém que participantes com suspeita

ou diagnóstico de Lesão por Esforço Repetitivo (LER) participem do estudo, pois podem

agravar sua lesão. O ruído branco também será mantido em um volume confortável, regulado

pelo próprio participante. Gostaríamos de deixar claro que os participantes poderão abandonar

a pesquisa a qualquer momento sem que haja qualquer tipo de pena.

Sigilo: A identidade dos participantes será preservada, embora os resultados da pesquisa possam

ser divulgados em publicações e eventos científicos.

Maiores esclarecimentos sobre a pesquisa serão fornecidos ao final da coleta de dados.

Estamos à disposição para maiores esclarecimentos sobre o estudo que não venham a

influenciar o desempenho dos participantes na pesquisa.

Antecipadamente agradecemos,

Coordenador do Projeto

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APÊNDICE B

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido a ser apresentado aos

participantes

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Apêndice B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido a ser apresentado aos

participantes

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Eu,

__RG: , após ter lido e entendido todas as

informações contidas nas “Informações sobre o estudo” na página anterior e

esclarecido todas as minhas dúvidas com o responsável pela coleta de dados,

concordo voluntariamente em participar da presente pesquisa. Atesto também

o recebimento das “Informações sobre o

estudo”, necessário para a minha compreensão da pesquisa.

_ Data: / / .

Assinatura do entrevistado

Eu, RG: , declaro que

forneci todas as informações referentes ao estudo ao entrevistado.

Data: / / .

Assinatura do responsável pela entrevista

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APÊNDICE C

Instruções a serem fornecidas aos participantes

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Apêndice C – Instruções a serem fornecidas aos participantes

INSTRUÇÃO

Obrigado por sua participação!

O experimentador não está autorizado a dar qualquer informação

adicional. Caso houver dúvidas, releia o texto a seguir

e prossiga o experimento.

Sua tarefa será manusear o mouse de algum modo específico com

o objetivo de conseguir pontos. Os pontos aparecerão em uma janela

(contador) que se localizará na parte superior da tela

do computador na posição central.

Boa Sorte!