Contos de Natal em Rede

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Histórias das BEMM

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Histórias das BEMM

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Ficha técnica

Título: Contos de Natal em Rede

Textos: Alunos do AEMM

Ilustrações: Alunos do AEMM

Coordenação: Rui Abreu

Arranjo gráfico: Graça Silva e José Plácido

Edição: Bibliotecas Escolares Marquês de Marialva

Coleção: Histórias das BEMM, n.º5, dezembro de 2016

Contos de Natal em Rede de alunos do AEMM está licenciado com uma Li-

cença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0

Internacional.

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Esta coletânea é dedicada a todos os que acari-nharam este projeto, contribuindo para o seu sucesso, na esperança de que a escrita reflita

as cores do mundo de cada um.

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Escritores de Contos de Natal em Rede

As Bibliotecas Escolares do Agrupamento de Escolas Marquês de

Marialva (BEMM) decidiram lançar um desafio aos alunos, às educa-

doras e aos professores titulares de turma e de Português: escrever

um conto coletivo e em rede (entre turmas), alusivo à época natalí-

cia e envolto no poder mágico das palavras Biblioteca e Leitura.

Em resultado da união de vontades, vem agora a público a mais

recente coletânea Contos de Natal em Rede, integrada num projeto

mais amplo de desenvolvimento transversal do gosto pela escrita

criativa dos alunos – Histórias das BEMM. Pretendia-se também uma

maior ligação entre as BEMM e o meio escolar, num estreitamento

de relações e de cooperação no agrupamento.

As histórias desta coletânea seduzem-nos pela diversidade temá-

tica, pelos mundos criados – reais ou de faz de conta, do passado,

presente ou do futuro – e pelas personagens que os povoam – umas

mais tradicionais, outras mais futuristas; umas mais terrenas, outras

mais fantásticas –, mas todas com algo para revelar. Encantam-nos

pelas ilustrações e fotografias a preto e branco ou a cores, pautadas

por traços encantatórios e repletos de emoções. Cativam-nos pelos

nobilíssimos valores universais, socialmente compartilhados de gera-

ção em geração, e pelos sentimentos de comunhão e fraternidade.

Convidam-nos a refletir sobre o mundo, a vida e os livros, e o senti-

do que lhes damos, nesta época abrilhantada pelo espírito natalício.

Todos os contos configuram um intenso mundo de afetos, fruto da

criatividade, da imaginação e dos sonhos, enfeitados com a sensibili-

dade estética das palavras e dos desenhos dos jovens aprendizes de

escritores e ilustradores.

Sendo uma abordagem estratégica de promoção da escrita criati-

va e colaborativa, com certeza que o envolvimento e a partilha des-

ta experiência, transformada em conhecimento do processo de es-

crita e dos valores a ela associados, foram e serão uma simbólica

lição de vida que enriquecerá a formação pessoal e cívica de todos,

tornando-nos cidadãos mais humanos e pensantes.

Deixem-se, então, conquistar pela magia de Contos de Natal em

Rede e… vivam “felizes para sempre”.

Rui Abreu

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Sumário Pré-Escolar

Viagem do Pai Natal

A Princesa Ritinha

Um Natal feliz

Pai Natal Sapo Larapo

Um Sonho de Natal

1.º CEB

A Caneta Mágica

O Cientista

Natal na Murtelândia

Numa Noite de Natal

O Conto de Natal

O Presente Especial

Fábrica de Brinquedos

Um Desejo Especial

Um Livro Perdido

A Grande Árvore dos Desejos

O Livro Tão Desejado

2.º CEB

A Verdade do Pai Natal

A Descoberta do Natal

As Fórmulas Mágicas

3.º CEB

A Magia do Natal

A Chegada da Felicidade

O Duende Cor-de-Rosa

O Lenhador Arrependido

O Natal no Pico Congelado

Salpicos de Coca-Cola

Finalmente, um Natal de Sonho

Um Natal Diferente dos Outros

O Livro Milagroso

Partilhar

Cápsula Mágica

Rumo ao Passado

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Os contos do Pré-Escolar

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A Viagem do Pai Natal

Era uma manhã fria e escura. Estávamos em dezembro, muito

perto do Natal. O Pai Natal vinha do céu, no seu trenó e as renas vinham contentes porque voltavam a ver as crianças felizes. Vi-nham do polo norte onde, durante muito tempo e com ajuda dos duendes, trabalharam para fazer todos os presentes.

O Pai Natal, antes de entregar os presentes, precisava de fazer duas tarefas.

Primeiro foi à Câmara Municipal de Cantanhede deixar alguns livros para equipar a biblioteca da Praia da Tocha para as pessoas fazerem as suas leituras durante o verão, porque ler é muito impor-tante e as pessoas quando estão de férias gostam de ler e a Praia da Tocha é muito bonita.

Depois, fez uma visita ao presidente dos Estados Unidos. En-tregou-lhe uma carta onde dizia para ele cumprir todas as promes-sas que ele fez e eram muitas!

Já era tarde e o Pai Natal tinha que entregar os presentes por-que as crianças tinham o seu coração a bater muito… à sua espera. Percorreu muitas casas onde colocou os presentes, passando pela chaminé. Entrou em casas muito bonitas onde estavam árvores de Natal cheias de luzinhas a piscar. Estava quase tudo distribuído e o Pai Natal já estava muito, muito cansado… só faltava uma casa… era a casa do Santiago. Pegou nas suas renas e aproximou-se da chaminé, mas ficou muito admirado: a lareira estava acesa! E ago-ra?!

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Como não podia entrar pela chaminé, resolveu procurar uma janela e encontrou uma que estava um bocadinho aberta. Empurrou e… entrou.

Estava numa sala grande e viu uma árvore de Natal muito gira. Olhou bem para todo o lado e viu que numa mesa ao pé da televisão estava um copo de leite e um prato com bolachas de chocolate.

O Pai Natal ficou muito contente e disse: – Obrigado, Santiago! Ho! Ho! Ho! Em seguida, foi colocar os presentes na árvore. Depois, sen-

tou-se num sofá, bebeu o leite e comeu as bolachinhas todas, pois ele é um grande guloso e comilão.

De seguida, foi até ao seu trenó, virou-se para as suas renas que eram nove e disse:

– Relâmpago, Raposa, Bailarina, Trovão, Cometa, Cupido, Empinadora, Corredora e chefe Rodolfo, vamos voltar para ca-sa! Ho! Ho! Ho!

O Pai Natal levantou voo e desapareceu no céu a voar.

JI Cantanhede, educadora Regina e educadora Mª João

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Um Natal Feliz

Certo dia, numa manhã de inverno, tudo cheirava a magia. O

Natal e aquela manhã branquinha como nos sonhos tornaram-se rea-lidade. O chão, as árvores e os telhados branquinhos completavam a magia. Também os bonecos de neve já nos esperavam na rua. Foi um dia divertido, só faltava o Menino Jesus!

De repente, fez-se luz e veio à memória a leitura daquela histó-ria que um dia ouvi na Biblioteca Escolar, quando uma fadinha envi-ou um coche puxado por cavalinhos para levar a Cinderela à festa do Príncipe. Também eu pedi à minha Estrelinha para nos conduzir à “Gruta dos Sonhos”.

O que encontrámos na gruta dos sonhos foram muitas, muitas cartas enviadas ao Pai Natal pelas crianças de todas as cores e de todos os países, de Portugal, de Espanha e de todo o planeta Terra. Essas cartas traziam os sonhos que eles queriam que fossem realida-de.

O Pai Natal, com a ajuda dos duendes, durante muitos dias e muitas noites, trabalhou para preparar as prendas e fazer as crian-ças felizes.

A gruta estava escura como breu e precisaram da ajuda de Ro-dolfo para a iluminar com o seu nariz vermelho, a acender e a apa-gar e todas as outras renas se riam a valer daquele nariz.

Acabaram mesmo a tempo! Era a noite de 24 de dezembro e es-tava tudo pronto… cansados, mas felizes! O Pai Natal colocou as prendas nos seus sacos vermelhos e, a voar no seu trenó puxado pe-las suas nove renas, chegou finalmente a todas as casas para distri-

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buir as tão desejadas prendas. Entrou pelas chaminés sorrateiro que nem um rato e colocou as prendas debaixo das árvores enfeitadas.

Os meninos, quando acordaram, estavam em pulgas para ver se os seus sonhos se tinham realizado e se o Pai Natal tinha vindo mes-mo! Que grande alegria. Eles queriam agradecer-lhe e dar-lhe um beijinho, mas não conseguiram. Ele já tinha seguido viagem... Se calhar, tinha ido visitar o Menino Jesus!

JI Ançã, educadora Ester e JI Cantanhede, educadora Regina

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A Princesa Ritinha

Era uma vez, há muito muito tempo, um lindo e grande castelo. Nesse castelo vivia um rei, uma rainha e a filha deles: a princesa Ritinha.

A princesa Ritinha era uma menina muito bonita que tinha mui-tos vestidos, brinquedos, livros, mas não tinha amigos porque os pais não a deixavam sair do castelo. O que ela mais gostava era de ter amigos e amigas para brincar porque passava os dias sozinha no quarto ou no jardim.

Um dia, andava ela a passear no jardim do castelo e ouviu um barulho. Foi ver o que era e encontrou uma menina que estava sen-tada a ler um livro sobre fadas. A Ritinha perguntou-lhe como é que ela se chamava e o que é que ela estava a fazer ali. A menina disse que se chamava Francisca, que a mãe dela trabalhava no castelo e que estava ali porque não tinha tido escola. A Ritinha ficou toda contente porque tinha uma menina para falar e assim ficaram as du-as a ler o livro sobre fadas, um livro muito grande e muito bonito.

A Francisca contou-lhe que aquele livro não era dela e que o ti-nha ido buscar à biblioteca. Mas, a Ritinha não sabia o que era uma biblioteca porque a mãe nunca a tinha levado lá. A Francisca expli-cou-lhe que era um sítio onde havia muitos livros e onde os meninos e os adultos iam buscar livros para ler em casa ou, então, podiam lá

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estar a ler e a ver os livros. Era um lugar onde havia muita leitura e muitos, muitos livros e também havia computadores.

A Ritinha disse que gostava de ir a uma biblioteca. Mas como é que havia de ir se a mãe não queria que ela saísse do castelo? A Francisca combinou, então, ajudá-la e pensaram logo numa manei-ra, ou seja, quando a mãe fosse à rua, elas iam também e não dizi-am nada a ninguém. Mas havia um problema: a biblioteca ainda era longe e elas demoravam muito tempo a chegar e ainda por cima ha-via muitos carros e muita confusão na rua porque estava quase a chegar o dia de Natal. A Francisca lembrou-se que conhecia um du-ende amigo do Pai Natal e também das renas… podia ser que ele fos-se com elas. A Ritinha achou que era uma boa ideia e então ficou combinado.

No dia seguinte, o duende estava à espera delas no trenó do Pai Natal e lá foram. O trenó levantou voo e era o duende que ia a con-duzir as renas e elas iam a voar pelo céu. A Ritinha ia a olhar para baixo com os olhos muito abertos, mas muito contente.

De repente, ouviu-se um grande barulho: era trovoada e, em se-guida, chuva, muita chuva e o trenó começou a abanar por todo o lado e eles começaram a ficar com medo. Tremelicavam por todo o lado. O duende queria parar o trenó, mas com toda aquela tempes-tade não conseguia aterrar e, muito menos, estacionar com seguran-ça. Lá fez várias tentativas e, finalmente, aterrou numa praça, no centro da cidade. Fez uma derrapagem tão grande que o trenó chia-va por todo o lado: ih... ih... iiih... Assustou toda agente: a princesa Ritinha, a Francisca e todas as pessoas que por ali passavam.

Perante tamanha confusão, alguém chamou um polícia que veio logo a correr, mas com cara de zangado. Tinha ouvido o barulho da

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derrapagem e vinha disposto a passar uma multa. A Ritinha, ao ver a cara do polícia, disse para a sua amiga:

– Não volto a sair de casa sem dizer à minha mãe, nem que seja para ir à biblioteca. E agora o que vamos fazer?

A Francisca lembrou-se de imediato, que há poucos dias, a mãe lhe tinha dito que, se estivesse com problemas na rua, devia procu-rar um polícia e pedir-lhe ajuda. Resolveu, então, aproximar-se do polícia. O polícia perguntou-lhes quem eram, como se chamavam e o que andavam a fazer ali sozinhas, num trenó, que não é um trans-porte para usar no centro de uma cidade onde passam muitos car-ros.

As duas meninas apresentaram-se e, embora com medo, disse-ram que tinham pedido ajuda ao seu amigo duende para as levar de trenó, porque era mais rápido e precisavam de chegar, sem falta, naquele dia e cedo, à biblioteca.

O polícia pensou um pouco e, de seguida, disse-lhes que, como o Natal estava próximo, não ia multar o duende e ofereceu-se para os levar a todos, a pé, até à biblioteca que ficava ali perto. E lá foram na companhia do polícia.

Pelo caminho, viam pessoas a fazer coisas estranhas: crianças, velhinhos a dormir nas ruas, outras de mão estendida para quem passava... algumas muito mal vestidas e com roupas rotas e sujas.

As meninas, incomodadas com o que viam, perguntaram ao polí-cia quem eram e o que estavam ali a fazer aquelas pessoas. O polí-cia respondeu-lhes que eram mendigos: pessoas pobres que não ti-nham dinheiro para comprar roupa, comida, nem família para os ajudar e também não tinham casa para morar e, por isso, tinham que dormir nas ruas e pedir ajuda aos outros.

A Ritinha, muito impressionada, disse: – Coitadinhos! Eu tenho uma casa tão grande, um quarto tão bo-

nito, tanta roupa, tantos brinquedos e tenho uma família que se

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preocupa comigo. Só não tenho muitos amigos. Brinco muitas vezes sozinha no meu jardim e dentro do meu castelo. Bem... agora já te-nho a minha amiga Francisca e o duende.

Entretanto, chegaram à biblioteca. As meninas agradeceram a ajuda e todos se despediram. Ao entrarem na biblioteca, ficaram encantadas com o que viram: um ambiente natalício. Muitos motivos de Natal embelezavam as paredes da biblioteca e muitas árvores de Natal formavam uma floresta mágica, onde muitos livros pendurados anunciavam a chegada do Natal. Folhearam alguns e viram não só contos mas também livros de receitas de Natal.

– Que receitas deliciosas! Hum... Hum... – dizia a Francisca. Que-riam levá-los todos, mas não podiam, pois outras pessoas também queriam lê-los. Apesar disso, ainda requisitaram alguns livros.

Saíram da biblioteca e, enquanto caminhavam de regresso ao trenó, a Ritinha teve uma ideia que partilhou com os seus amigos: ajudar todos os mendigos, convidando-os para passarem o Natal, juntos, no castelo. A Francisca achou boa ideia e acrescentou que o polícia também merecia ser convidado, pois tinha sido amigo.

Ao longo do caminho, foram convidando os mendigos por que passavam, que logo agradeceram.

Mais tarde, chegaram junto do trenó e lá estava o amigo polícia a controlar o trânsito. Convidaram-no e ele disse que só ia se pudesse levar a sua família, os seus filhos..., pois eles iam adorar passar a noite de Natal num castelo a sério.

Chegou, por fim, a noite do dia 24 de dezembro, a noite de Na-tal. O castelo cintilava por todo o lado. Toda a família da princesa Ritinha e da Francisca esperava ansiosamente ajudar os mendigos. O

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cheiro a filhós, rabanadas, a bacalhau, a peru..., que a Ritinha e a Francisca ajudaram a fazer, anunciava uma grande e gostosa conso-ada a festejar com a família e os novos amigos.

Ouviram-se passos... os mendigos, o polícia e a família chegavam curiosos. O grande portão do castelo abriu-se e logo se viu uma grande árvore de Natal no jardim, com uma estrela bem brilhante que lhes iluminava a porta por onde deviam entrar para passarem uma noite de Natal diferente.

Entraram e ficaram boquiabertos: tanta coisa boa e bonita. Nun-ca tinham visto nem partilhado a riqueza de um castelo. Sobre a to-alha bordada, as iguarias de Natal faziam crescer água na boca; as harpas tocavam, ouvia-se cantar Jingle Bells, Jingle Bells... e, num dos cantos da sala, um grande trenó dourado estava carregado até ao teto com um grande laço por cima. Era tudo tão maravilhoso que nem parecia verdade.

Depois de todos comerem e beberem, a Ritinha e a Francisca pegaram nalguns contos de Natal que requisitaram na biblioteca e leram histórias em voz alta para todos. De repente, ouve-se TRUZ... TRUZ... A Ritinha correu para a porta e perguntou:

– Quem é? – Sou eu, Ritinha, o duende. A Ritinha abriu a porta, o duende entrou e com ele o Pai Natal,

dizendo: OH! OH! OH! Os novos amigos ficaram surpreendidos, pois não conheciam o Pai Natal.

O duende e o Pai Natal dirigiram-se ao trenó dourado que já ti-nha sido trazido horas antes, rasgaram o papel que forrava toda aquela carga e começaram a distribuir prendas por todos: roupa no-va para os mendigos, brinquedos para as crianças e até o polícia re-cebeu uma farda nova. Foi uma noite inesquecível. Terminou muito tarde e com a promessa de que o próximo Natal seria ainda melhor.

À Ritinha, a partir deste dia, não lhe faltaram amigos. Passou a ir à biblioteca mais vezes, levando consigo não só a Francisca mas também algumas das crianças que encontrava na rua e todas juntas brincavam e liam muitas histórias que as faziam sentir-se felizes.

Assim terminou este conto de Natal! E que tal? E que tal?

JI Cantanhede, educadora Mª João e JI Ançã, educadora Fátima

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Pai Natal Sapo Larapo

Era uma vez um Pai Natal que andava muito atarefado na sua

enorme fábrica repleta de máquinas que trabalhavam de noite e de dia para ter prontas a tempo todas as prendas de Natal. Os seus aju-dantes duendes corriam e saltavam incansavelmente com os seus pequenos sapatinhos sempre a bater no chão. Ploc ploc ploc! Ploc ploc ploc!

O Pai Natal preparava-se para a grande viagem que rapidamente se aproximava. Afinava o trenó e treinava as suas renas para que tudo estivesse perfeito no grande dia, tão ansiado por todas as cri-anças do nosso planeta.

Finalmente, chegou o grande dia da partida e, com tudo prepa-rado, o Pai Natal saiu para distribuir as prendas que levava no seu trenó, com reboque voador. Mas a viagem era longa! E durante dias viajou, apreciando as estrelas, as luzinhas lá em baixo dos diferen-tes países, cumprimentou os pássaros tropicais da grande floresta da Amazónia e disse adeus aos camelos que lentamente passeavam no deserto.

A viagem decorria calmamente para conseguir chegar a tempo a todas as crianças do mundo. Mas as prendas eram tantas e o trenó ia tão cheio que… catrapumba…! Acabou por cair uma prenda mesmo em cima da cabeça duma bruxa que voava na sua vassoura. Ela ia encontrar-se com umas amigas em França. Tinham combinado juntar

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-se numa Biblioteca, porque estas Bruxas gostavam muito de ler. Mas gostavam de boas leituras e tinham muito cuidado com os

livros para não se estragarem. Tinham tanto cuidado que até lava-vam sempre as mãos antes de pegarem num livro. Então, a bruxa ficou tão zangada que imediatamente lançou um terrível feitiço ao Pai Natal e disse:

– Vais transformar-te num Sapo Larapo. Abracadabra, perna de cabra, que o Pai Na-tal se transforme num Sapo Larapo.

– Abracadabra, perna de cabra, que os duendes se transformem em Ovelhas Ba-lhelhas.

– Abracadabra, perna de cabra, que as renas se trans-formem em Ratos Sapatos.

O Pai Natal transformado em Sapo Larapo ficou tão assustado que não sabia o que fazer. Como poderia ele assim distribuir todas as prendas…

Aí teve uma ideia e pediu à sua Estrelinha da Sorte para os con-duzir à “Gruta dos Sonhos”. Quando chegaram, o “Encanto” estava lá. O coche da Cinderela puxado por cavalinhos ajudou o Pai Natal a transportar todos os presentes. Também uma Fadinha desfez o feiti-ço da Bruxa Má feito ao Pai Natal, aos Duendes e às Renas. Assim, conseguiram entregar a tempo todas as prendas. Cansados foram dormir, mas o relógio acordou-os e viram uma estrela cadente dese-nhar no céu uma coroa brilhante. Estava frio, pegaram numa lanter-na e seguiram nessa direção. Então encontraram uma velha casinha e… surpresa!

Ao cantinho e ao colinho de sua mamã, o Jesus a dormitar, A noite estava fria, ir-se-ia constipar, Mas o Pai Natal, resolveu por ali passar, Deu-lhe uma manta de pelo, para se tapar, E ainda um brinquedo, para brincar. Nós levámos-lhe comidinha, para merendar. E este foi um lindo Conto de Encantar!

JI Ourentã, educadora Cristina e JI Ançã, educadora Ester

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Um sonho de Natal

Num certo dia de outono, Maria chegou a casa com um ar cansa-do, mas feliz. Tinha acabado de vir de uma festa muito divertida: o Halloween.

– A festa acabou e, agora, o que vou fazer? – perguntava ela. Resolveu ir até à janela do seu quarto, na esperança de ver algo

que a satisfizesse. Mas lá fora o vento soprava forte: VU...VU...VUUUU....e a chuva caía miudinha.

– Este tempo faz-me lembrar o inverno. Não se pode ir lá para fora brincar. Ainda há pouco estava feliz e agora sinto-me aborreci-da. Não me apetece fazer nada! – pensava.

Entretanto, decidiu deitar-se um bocadinho na cama e lembrou-se que havia uma coisa que gostava muito de fazer quando o tempo estava cinzento. Gostava de ler. Foi então buscar um livro que tinha requisitado na biblioteca escolar e dedicou-se à leitura.

Começou… - E- R - A U - M - A VEZ... mas, de tão cansada que estava, deu

-lhe o sono repentinamente e o livro caiu para o chão, acabando, ali mesmo, a história que mal tinha começado. Porém, no quentinho da sua cama, um sonho contava-lhe agora outra história…

Lá ao longe, no escuro, uma figura estranha, vestida de preto, com um chapéu pontiagudo, de varinha na mão e a voar numa vas-soura – uma BRUXA –, voava a toda a velocidade de um lado para o outro. Mostrava-se desorientada. Parecia ter perdido algo que dese-java muito encontrar, mas pouco depois desapareceu. Passado al-gum tempo, apareceu novamente e, na ponta da sua varinha, uma estrela cadente iluminou-lhe o caminho, fazendo-a chegar, num ápi-ce, junto da sua bola de cristal, de que tanto precisava para a aju-dar a prever o futuro.

– Minha querida bola, bolinha de cristal, está tanto frio e tanta chuva, será que vem aí o Natal? – perguntava a Bruxa tremelicando de tanto frio.

– Já és tão velhinha e não sabes que o Natal vem depois do Hal-loween ou do Dia das Bruxas? O Natal está quase a chegar. Está na hora de te ires embora, porque se continuas por aí ainda vais assus-tar a criançada. Ou melhor, faz uma magia de Natal que a criançada vai gostar muito e ainda te convida para passares o Natal lá em casa

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- sugeriu a bola de cristal. – Assustar a criançada, eu? Vou então fazer uma magia, ou seja,

uma surpresa – disse a Bruxa. Pegou novamente na sua vassoura e na sua varinha e aí vai ela

outra vez a voar em direção ao céu. Lá, encontra um Cavalo alado a quem pergunta:

– Sabes por onde devo ir para chegar à floresta o mais depressa possível? Quero ir lá visitar umas criancinhas que não sabem o que é o Natal. Nunca o festejaram, nem conhecem o Pai Natal... Quero surpreendê-las! – acrescentou a Bruxa.

– Olha, eu às vezes vou lá pastar um bocadinho, se quiseres, dou-te uma boleia, eu sei o caminho – disse o Cavalo.

A Bruxa montou o Cavalo e com ajuda da luz da sua estrela voou em direção à floresta, que ainda ficava longe. Voaram, voaram, mas a dada altura uma forte tempestade impediu-os de continuar a via-gem. Ficaram todos molhados e já não conseguiram ver muito bem o caminho.

– Olha, parece que vejo qualquer coisa ali em baixo, não sei o que é… Vamos lá e se pudermos, paramos um pouco para descansar e esperamos que a tempestade passe – disse a Bruxa, satisfeita.

E assim aconteceu... De-pressa chegaram.

– É um castelo e parece abandonado! – exclamou a bru-xa – Vamos entrar!

Pé ante pé entraram e curi-osos remexeram o interior do castelo. Um príncipe tinha lá morado e deixado um tesouro que estava muito bem guarda-do num baú acorrentado. A Bruxa puxou da sua varinha e disse:

– ABRACADABRA... O baú abriu-se, deixando

cair bolinhas, sinos, laços... tudo em ouro. Brilhavam no escuro.

– Estamos ricos! – dizia o Cavalo.

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– Nós não! – afirmou a bruxa. As crianças da floresta é que vão estar. Este é um bom presente para elas. Vamos ajudá-las a conhe-cer e a festejar o Natal com muita alegria. Queres ajudar?

O Cavalo respondeu logo que sim. Começaram a pensar na sua ideia e foram dando uma volta pelo castelo, esperando que a tem-pestade passasse. Encontraram brinquedos tão engraçados que fica-ram deliciados a brincar. Descobriram duas pandeiretas e começa-ram os dois a tocar. Tiveram então uma ideia brilhante:

– E se fossemos pela floresta a tocar estas pandeiretas, certa-mente que irão aparecer crianças porque elas gostam muito de mú-sica – sugeriu a Bruxa.

– Boa ideia – respondeu o Cavalo Repararam, então, que estavam tão distraídos que nem tinham

visto que a tempestade já tinha passado. Saíram os dois do castelo, levando as pandeiretas e foram pela floresta a tocar. O Cavalo foi para a esquerda e a Bruxa foi para a direita, cada um tocando na sua pandeireta. Não demorou muito… logo começaram a aparecer as crianças que moravam nas casas da floresta e nunca tinha ouvido tal música por ali, para ver o que se passava. A Bruxa e o Cavalo deram a volta a toda a floresta e voltaram a encontrar-se com as crianças todas atrás deles. Foi então que a bruxa disse:

– Não se assustem comigo, porque eu não sou nenhuma bruxa má, gosto muito de crianças e com o meu amigo Cavalo estamos a organizar uma festa de Natal no castelo abandonado. Vai haver uma enorme Árvore de Natal cheia de presentes para todas as crianças. Querem vir?

Todas as crianças ficaram radiantes. Combinaram então o dia e a hora para a grande festa de Natal e regressaram às suas casas espa-lhando a grande notícia.

A Bruxa preparou tudo cuidadosamente com ajuda do seu amigo cavalo. Foram à cidade, levaram algumas bolas de ouro que estavam no Baú do Tesouro e assim puderam comprar presentes para todos, enfeites para decorar o castelo e a Árvore de Natal e ingredientes para prepararem um belo lanche. Regressaram ao castelo carrega-dos, mas muito contentes.

Quando chegaram ao castelo, a Bruxa telefonou ao Pai Natal e pediu-lhe para ele vir distribuir os presentes. Então, ela e o Cavalo deitaram mãos à obra e começaram a preparar tudo: enfeitaram o castelo, enfeitaram a árvore… estava tudo magnífico e cintilante.

Depois disto tudo, a Bruxa sentou-se um bocadinho no sofá a des-

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cansar, porque ela já era velhinha e estava muito cansada. Só acor-dou no dia seguinte, mas já reconfortada e preparada para conti-nuar a sua tarefa. Prepararam um belo lanche, fizeram uns bolinhos de Natal deliciosos… enfim, foi um dia muito atarefado, mas estava tudo preparado para a festa que seria no dia seguinte. Foram deitar-

se ansiosos pela chegada do grande dia. O grande dia chegou. Antes da hora marcada já as crianças esta-

vam a aparecer, começando logo a brincar com a sua alegria conta-giante. Foi um dia maravilhoso, parecia um sonho, tantos meninos e meninas para brincar, um lanche como nunca tinham visto e como se ainda não chegasse de emoções começaram a ouvir os sinos das renas do Pai Natal que voava no seu trenó em direção ao castelo. As crianças batiam palmas, cantavam, estavam simplesmente maravi-lhadas: nunca tinham visto uma festa de Natal e esta era fantásti-ca…

Foi então que a Maria acordou e viu que tudo não passava de um sonho. Primeiro ficou um bocadinho triste, mas depois surgiu-lhe uma ideia. Foi a correr ter com a mãe e contou- lhe o seu sonho e a ideia que este lhe deu.

– Mãe, podemos dar cá em casa uma festa de Natal para aqueles meninos que vivem no Lar de Crianças ao fundo da nossa rua?

A mãe pensou e achou que era uma boa ideia. As duas preparam uma linda festa, não esquecendo um presentinho para cada um.

E foi assim que um sonho… acabou por dar origem a uma ideia genial que se tornou realidade!

JI Ançã, educadora Fátima e JI Ourentã, educadora Cristina

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Os contos do 1.º CEB

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Um desejo especial

Era uma vez um menino chamado André.

André tinha cabelos pretos e olhos verdes.

Verde era a cor do seu gorro e do seu cachecol.

Cachecol que usava quando tinha frio.

Frio tinha cá fora, mas o seu coração estava quente.

Quentinho sentia-se ele, quando se portava bem.

Bem-educado e divertido era o André.

André vivia numa casa velhinha.

Velhinhos eram os seus avós.

Avós que lhe contavam histórias.

Histórias de encantar que estavam nos livros da biblioteca.

Biblioteca onde ele gostava de estar e vivia muitos sonhos.

Sonhos!?... O seu único e palpitante sonho era ver o Pai Natal…

Pai Natal no seu tapete voador foi para Londres.

Londres era a sua Terra Natal.

Natal estava quase a chegar ao Mundo.

Mundo é grande!

Grande é a doença que afetou o Pai Natal.

Pai Natal encontrou um menino.

Menino era o André.

André curou o Pai Natal!

Pai Natal deu um presente ao André.

André ficou muito feliz.

Felizes estavam as renas do Pai Natal.

Pai Natal, alguém para se agradecer e especialmente para se re-

lembrar!

EB1Ançã, turma 14, prof. Teresa e EB1Cant., turma 3A, prof. Octávio

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A Caneta Mágica

Numa tarde de inverno, há muitos anos atrás, chegou a casa do

Pai Natal o carteiro Joinquo. Era a época da chegada das cartas e

dos desejos das crianças para o Natal que se aproximava.

O duende Felizardo, encarregado de receber a correspondência,

levou as cartas para a biblioteca, onde os seus colegas leitores a

abriam, liam e separavam conforme os desejos pretendidos.

O Carotim encontrou uma carta que lhe despertou a atenção,

pois era muito pequenina e brilhante.

Ao abri-la, teve alguma dificuldade em identificar o pedido e foi

pedir ajuda ao Pai Natal.

O Pai Natal, com os seus óculos mágicos, descobriu que o pedido

era muito especial e difícil de conseguir.

A carta era de uma criança que queria ajudar todas as crianças a

serem felizes e, para isso, pedia uma caneta mágica que, ao escre-

ver os desejos das crianças infelizes, estes se realizavam.

O Pai Natal, com os seus óculos mágicos, conseguiu satisfazer o

desejo do menino e entregou-lhe uma caneta mágica. Com essa ca-

neta mágica, o menino conseguiu derrotar os vilões e, assim, ajudar

os meninos infelizes.

Os vilões eram o gigante, a bruxa feiticeira, o exército dos zom-

bies e a mosca mutante. A bruxa feiticeira morreu queimada, os

zombies ficaram debaixo de uma enorme pedra, a mosca mutante

cortou uma asa e bateu contra o rochedo. Por fim, o menino acertou

no coração do gigante com a sua caneta mágica e o gigante tombou

para trás e morreu.

Os outros meninos ficaram todos muito felizes e receberam mui-

tos presentes.

Finalmente, os meninos agradeceram ao Pai Natal e ao menino corajoso e viveram felizes para sempre.

EB1Ançã, turma 14, prof. Teresa e EB1Cant., turma 3A, prof. Octávio

Page 30: Contos de Natal em Rede

30

O Conto de Natal

Num certo dia, numa bela casa, vivia o avô Fernando e a sua

neta, a Capuchinho Vermelho.

A Capuchinho Vermelho andava na escola e gostava muito de

ler. Então, aproveitava todo o seu tempo livre para ir à Biblioteca

Escolar fazer a sua leitura diária.

Um dia, decidiu escrever o seu próprio livro e escolheu como

personagens o seu avô Fernando, a bruxa Mimi, o feiticeiro, o Pai

Natal e ela própria, a Capuchinho Vermelho.

Na sua história, a Capuchinho Vermelho e o avô Fernando par-

tiram em busca do “GRANDE CORAÇÃO DO AMOR”, mas tiveram mui-

tas dificuldades em encontrá-lo, porque a bruxa Mimi não queria a

alegria das crianças e fazia de tudo para prejudicá-los. Até que o

avô teve uma ideia:

– Vamos até ao castelo do feiticeiro – sugeriu o avô.

– Sim! Boa ideia. Ele tem um livro mágico que nos pode ajudar

– respondeu a Capuchinho Vermelho.

Nesse mesmo momento, partiram em direção ao castelo do

feiticeiro. Aí, o feiticeiro deu-lhes o livro mágico, mas só fazia a ma-

Page 31: Contos de Natal em Rede

31

gia de espalhar o amor por todas as crianças, se eles entregassem o

livro ao Pai Natal.

Avô e neta aceitaram a proposta do feiticeiro e partiram numa

longa viagem em busca do Pai Natal, para que ele, no seu trenó, fos-

se espalhar o amor e a alegria a todas as crianças.

Crianças que mereciam ser felizes.

Felizes iam o avô e a neta na sua fantástica viagem.

Viagem desconhecida e com muitos perigos!

Perigos, havia muitos e eles tinham de ser corajosos.

Corajosa era a borboleta gigante.

Borboleta gigante que lhes ser-

viu de meio de transporte.

Transporte colorido, mágico e

rápido.

Rapidamente queriam chegar à

Floresta das Árvores de Natal.

Floresta das Árvores de Natal,

onde vivia o Pai Natal.

Natal que estava quase… quase a chegar.

Chegou de repente a bruxa Mimi, saindo de uma nuvem.

Nuvem carregada de trovões e de chuva.

Page 32: Contos de Natal em Rede

32

Chuva que estragou a poção da bruxa.

Bruxa que fugiu a sete pés e o avô e a neta ficaram livres. E vo-

aram… voaram… voaram…

- Voar?... Vamos parar - gritou o avô, quando no meio da escuri-

dão viu uma luz.

Luz que os deixou mudos e que os ia puxando… puxando… pu-

xando…

… e quando ficaram próximos viram que era a luz do nariz da re-

na Rodolfo.

Rodolfo conduziu-os imediatamente até à gruta cintilante do Pai

Natal.

Pai Natal vivia na gruta da árvo-

re mais alta e frondosa daquela

Floresta.

Floresta maravilhosa que eles

nunca tinham visto! Era tão espe-

cial!

Especial era o livro que o Pai

Natal tanto esperava.

Esperava pelo livro que tinha

desenhado o “GRANDE CORAÇÃO

DO AMOR” nas suas páginas e só

com ele podia ir levar a alegria a

todas as crianças.

Crianças que o esperavam.

Esperavam?!... Mas não esperam

mais!... Partiram imediatamente. Lado a lado, o Pai Natal, no seu

trenó, e o avô e a neta, na Borboleta Gigante, deslizavam pelos

céus…

Céus, terra e por todo o universo, segurando sempre o livro má-

gico, eles espalharam alegria e amor.

Amor e alegria foram os presentes daquele Natal. Um Natal dife-

rente, mas mesmo assim especial e único.

Page 33: Contos de Natal em Rede

33

Único era aquele livro e, por isso, foi devolvido ao feiticeiro.

Feiticeiro simpático de barbas quase até aos joelhos, que ofere-

ceu ao Pai Natal, avô e neta um chocolate quente.

Quentinhos estavam os seus corações, no fim daquela longa via-

gem.

Viagem inesquecível que chegou ao fim e que a Capuchinho Ver-

melho irá guardar para sempre, contando-a no seu próprio livro.

EB1Ançã, turma 32, prof. Suse e EB1Cadima, turma 30, prof. Irene

Page 34: Contos de Natal em Rede

34

Natal na Murtelândia

Numa manhã de inverno de muito frio com as montanhas co-

bertas de neve, na Murtelândia, reinava um sentimento de mistério

que vinha da floresta.

Na floresta, vivia a bruxa Branca das Neves que aterrorizava

todas as pessoas da Murtelândia com os seus magníficos feitiços,

pois o desejo dela era tornar-se, pelo Natal, a rainha da Murtelân-

dia. Era tudo o que ela pedia, mesmo que fosse enfrentar o nosso

querido Pai Natal

Estragar o Natal para a bruxa Branca das Neves seria um pra-

zer que só conseguiria realizar após a leitura do Manual da Magia

Negra.

A bruxa Branca das Neves foi consultar o Manual da Magia Ne-

gra para escolher um feitiço que queria lançar ao Pai Natal.

Ela disfarçou-se de velhinha e pensou oferecer-lhe um copo

com uma poção misteriosa para o adormecer e poder lançá-lo na

masmorra.

Page 35: Contos de Natal em Rede

35

A bruxa Branca das Neves, disfarçada de velhinha, disse:

- Toma, Pai Natal, este copo com chá quente vai dar-te forças

para o resto da noite.

O Pai Natal adormeceu e a bruxa Branca das Neves arrastou-o

e fechou-o numa masmorra húmida e escura. Parecia que não ia ha-

ver Natal na Murtelândia…

A bruxa, afinal, tinha-se enganado a misturar os ingredientes

da poção… O Pai Natal acordou de repente e, cheio de força, deu

um valente encontrão na porta da masmorra e libertou-se.

A bruxa Branca das Neves, ao saber que ele se tinha libertado,

montou na sua vassoura e fugiu para muito longe da Murtelândia.

Assim, todos os habitantes da Murtelândia puderam ter a sua

festa de Natal!

EB1Ançã, turma 1/4, prof. Teresa e EB1Cantanhede, turma 3A, prof. Octávio

Page 36: Contos de Natal em Rede

36

Um livro perdido

Numa manhã de inverno, numa casa, um duende valente,

corajoso e com estilo, ouve um grito. Quando se aproxima da ca-

sa, o duende vê que um menino está na biblioteca a gritar. Ele

bate à porta e o menino abre.

Quando entra, o duende pergunta:

– O que tens?

– Eu perdi o meu livro infantil e tenho de fazer a leitura.

O duende encontra um mapa e começa a procurar.

Ao ver o mapa com muita atenção, o duende decidiu pedir

ajuda ao Pai Natal, porque só ele o conseguiria fazer chegar à flo-

resta encantada.

A floresta encantada escondia muitos

mistérios, mas também muitos peri-

gos. Chegava a ser muito assustador

andar sozinho nesta floresta.

Vampiros e trolls pregavam muitas

partidas às pessoas que por lá passa-

vam, comandados pela bruxa Mur-

teléfica que não deixava nada ao

acaso.

O livro estava, agora, na posse da

bruxa Murteléfica e muito bem escondido, num tronco de uma ár-

vore muito antiga com mais de cem anos. Era guardada pelos vam-

piros e trolls que para ela trabalhavam, sem nunca descansar.

Ninguém deveria encontrar o livro, porque este continha um

grande segredo. Quem o lesse ficaria a saber como transformar a

bruxa Murteléfica em Murtebondosa e, com isto, acabariam todas

as maldades.

Só na véspera de Natal, antes de chegar a meia-noite, é que

o duende e o Pai Natal conseguiram entrar na floresta encantada

Page 37: Contos de Natal em Rede

37

e, com a magia do Natal, quebrar o feitiço que por lá pairava.

Entraram a toda velocidade e, com ajuda das renas, espalha-

ram o espírito de Natal, enfrentaram os trolls e os vampiros que pro-

tegiam o livro infantil. Rapidamente resgataram o livro, leram-no

atentamente e executaram a transformação.

A Murteléfica não deu por nada e quando acordou no dia de

Natal já era Murtebondosa. O que era antes uma bruxa despenteada,

repleta de verrugas, corcunda, mal cheirosa e carrancuda deu ori-

gem a uma bela fada de cabelo doirado, bondosa e muito bem chei-

rosa.

O duende e o Pai Natal, ainda com um pouco de medo, aproxi-

maram-se da casa da bruxa para confirmar se a transformação se

tinha dado.

Assim que a viram tão bela, tiveram a certeza do seu sucesso.

Dirigiram-se a ela e disseram-lhe:

– Bom Natal, Murtebondosa. Ainda te lembras de nós?

– Quem são vocês? Já não vejo ninguém há muito tempo e até

achava que iria passar este Natal sozinha.

– Não precisas de ficar triste e sozinha. Podes passar o Natal

Page 38: Contos de Natal em Rede

38

connosco na Oficina dos Brinquedos, mas, para isso, neste dia espe-

cial, deves fazer uma boa ação.

– Qual será a ação que devo fazer?

– Deves devolver o livro ao menino que precisa dele para fazer

a leitura.

Naquele momento, e num ápice, saltaram todos para dentro

do trenó e, guiados pelas renas, foram até à casa do menino que os

recebeu com muito entusiasmo na sua biblioteca. Convidou-os a fi-

car para um chá junto à lareira e lerem o livro juntos.

EB1Ançã, turma 1/4, prof. Teresa e EB1Cant., turma 3A, prof. Octávio

Page 39: Contos de Natal em Rede

39

A grande árvore dos desejos

Quase todas as histórias começam com “Era uma vez...”, mas

esta história é diferente, começa numa linda manhã fria e chuvosa.

O Natal aproximava-se, era inverno, as ruas estavam desertas,

porque o tempo ventoso e húmido convidava a estar em casa, ao

quentinho da lareira.

Sara acordou cedo, naquela manhã. Andava muito entusiasmada

com a chegada do Natal e não queria perder tempo. Ela era uma ra-

pariga de 9 anos, alegre, divertida e cheia de sonhos por realizar.

Vivia com os seus pais e o seu irmão mais novo, o Dinis, na linda ci-

dade de Gnômulo.

Já era tradição daquela cidade que, durante a época natalícia,

se enfeitasse a maior árvore que se encontrava plantada na praça

central.

Todas as famílias contribuíam com enfeites para que a linda ár-

vore ficasse ainda mais vistosa, na noite de Natal. Nessa árvore ha-

bitavam os seres mais simpáticos e

bondosos do mundo: os gnômulos.

Os gnômulos eram seres mági-

cos que viviam em paz e harmonia

com os habitantes daquela cidade.

Eles eram os guardiões da grande

árvore, que depois de enfeitada e

iluminada, de vinte em vinte anos,

à meia-noite do dia 24 de dezem-

bro, dava bagas mágicas que conce-

diam aos habitantes daquela cidade

a realização de um desejo de bon-

dade. Era, por isso, uma árvore

muito valiosa.

Sara saiu do quarto apressada

e, quando chegou à cozinha, encon-

Page 40: Contos de Natal em Rede

40

trou a mãe e perguntou-lhe:

– Mãe, o Natal está a chegar, já pensaste no desejo bom que

vais pedir este ano?

– Oh, não, ainda estou a decidir, mas há tanto para pedir: a cu-ra de doenças graves, a paz para os países que estão em guerra… – respondeu a mãe pensativa.

Depois, a Sara olhou para a sala e viu o seu irmão, na sua habi-

tual leitura matinal, a ler um livro requisitado na Biblioteca Escolar

e quis saber:

– E tu Dinis, o que vais pedir?

– Nada, eu detesto o Natal – respondeu o Dinis, que estava qua-

se sempre de mau humor.

Em casa da Sara, como em todas as casas de Gnômulo, todos

andavam atarefados a preparar os enfeites para a grande árvore.

Passaram alguns dias e a poucos dias do Natal, a grande árvore

estava agora cheia de lindos enfeites e preparava-se para ser ilumi-

nada, quando aconteceu uma coisa terrível.

Uma noite, sem que ninguém se apercebesse, apareceu na cida-

de um gnômulo preto com pintas amarelas e orelhas quadradas. Ele

era um ser maldoso e cruel. Roubou todas a luzes e enfeites da

grande árvore e desapareceu.

Na manhã seguinte, os gnômulos acordaram e viram que a gran-

de árvore estava vazia e apressaram-se a avisar todos os habitantes

do sucedido. Ora, a grande árvore só dava as tais bagas mágicas se

estivesse enfeitada e iluminada na noite de Natal e há vinte longos

anos que muitos esperavam esta noite.

Ao saber do sucedido, todos ficaram aflitos e desesperados, pois

já não tinham mais tempo para refazer os enfeites, faltava apenas

um dia para a noite de Natal. Sara arranjou um plano e tomou uma

decisão: foi ter com os gnômulos e prometeu-lhes que iria encontrar

o culpado.

A sonhadora menina começou, então, a pôr o seu plano em prá-

tica. Mas precisava de um ajudante. Lembrou-se do seu irmão Dinis.

Page 41: Contos de Natal em Rede

41

Com certeza que seria uma ajuda valiosa, pois, de tanto ler livros de

aventuras e de polícias e ladrões, já pensava como um detetive as-

tuto.

Apesar de Dinis detestar o Natal, não foi difícil convencê-lo a

participar na investigação da recuperação dos enfeites de Natal. O

rapaz adorava um bom mistério e, depois dos elogios rasgados que a

sua irmã lhe fez, em relação às suas capacidades ‘sherlockianas’,

rapidamente puseram um plano em prática.

Os dois irmãos lembraram-se que a D. Leontina, uma das habi-

tantes da cidade, contribuía sempre com um enfeite que tocava um

doce cântico de Natal, apenas percetível aos ouvidos muito sensíveis

dos gnômulos. Mas esta melodia tinha ainda uma outra particularida-

de: só os gnômulos bondosos a conseguiam ouvir.

Seria então necessário recrutar os gnômulos da árvore para pro-

curar pela cidade os enfeites escondidos. E assim foi. Sara e Dinis

arranjaram um mapa da cidade e formaram três patrulhas de gnô-

mulos. Cada patrulha tinha um guia. A Sara ficou responsável pela

patrulha A, o Dinis pela patrulha B e a mãe deles pela patrulha C. O

tempo urgia e era necessário encontrar os enfeites porque a noite

da consoada aproximava-se.

As três patrulhas lançaram-se então na busca do enfeite musi-

cal. Cada uma seguiu um percurso diferente de forma a cobrirem

todas as zonas da cidade, tal como tinham planeado. Os gnômulos e

as suas grandes orelhas pontiagudas seguiam muito atentos e hirtos,

olhando para todo o lado.

Era já de tarde, quando as três patrulhas se voltaram a reunir

junto da árvore para trocar impressões. Muito tristes e cabisbaixos

lá apareceram junto do local combinado. Ninguém tinha ouvido

qualquer cântico de Natal vindo de lado algum. Parecia uma missão

impossível recuperar os enfeites da árvore.

De repente, o Dinis gritou:

– Eia, já sei! Já sei onde poderá estar o gnômulo malvado.

– Então? – disse a Sara desnorteada.

Page 42: Contos de Natal em Rede

42

E o Dinis explicou:

– Lembram-se da cabana da floresta? Aquela que todos nós dizí-

amos que estaria assombrada e que nunca chegamos perto quando

vamos brincar para a floresta? Pois bem, só pode ser aí que o gnô-

mulo malvado está escondido. Ele sabe que nós nunca nos lembrarí-

amos de procurar aí, pois temos muito medo de nos aproximarmos

daquele sítio.

E numa questão de cinco minutos, as três patrulhas organizaram

-se e puseram-se em marcha até à floresta que circundava a cidade.

Ao aproximarem-se da cabana, viram que havia luz e que a cha-

miné deitava fumo. Estava já a anoitecer e não podiam perder tem-

po. Aquele local era a única réstia de esperança que restava tanto

aos gnômulos como aos habitantes daquela cidade. No entanto, não

se ouvia nada. Nenhum som, nenhuma melodia harmoniosa, nenhum

cântico “perlimpipante” saía da cabana fumegante. A tristeza paira-

va no ar.

Sara deu a mão a um dos gnômulos que já lacrimejava. Juntos

dirigiram-se à cabana. A menina respirou fundo, encheu-se de cora-

gem e bateu à porta. A porta abriu-se, mas ninguém apareceu. Sara

lembrou-se das histórias fantasmagóricas que o irmão lhe contava

acerca daquela cabana e quase dava meia volta para desatar a cor-

Page 43: Contos de Natal em Rede

43

rer para junto da sua mãe, quando se lembrou do gnômulo que lhe

dava a mão. Sentiu que a agarrava agora com mais força. Olhou para

baixo e, em vez de um, viu dois gnômulos. O seu companheiro de

patrulha e… o gnômulo malvado. Pois claro, a porta não se abriria

sozinha, era óbvio. Os gnômulos é que são uns pequenos seres que

muitas vezes estão fora do alcance do nosso olhar e daí não se ter

apercebido daquele estar mesmo aos seus pés, quando a porta

abriu. Sentiu-se um pouco pateta, mas recuperou assim que o gnô-

mulo bom a começou a puxar para dentro da casinha. Sem trocarem

qualquer palavra, Sara percebeu que o seu companheiro a guiava

até um baú muito velho e com um aspeto pesado.

– É ali – disse o gnômulo exaltado – é ali que estão os enfeites.

Ouço a melodia de Natal como se estivesse na minha árvore.

Entretanto, também já Dinis e a mãe se encontravam ao lado de

Sara. Juntos fizeram um esforço e conseguiram abrir o pesado baú.

E lá estavam eles. Reluzentes e encantadores. Finalmente ti-

nham encontrado os enfeites de Natal. Mesmo a tempo da noite na-

talícia.

Regressaram todos juntos para a cidade, enquanto os gnômulos

assobiavam uma linda melodia. Seria, talvez, a bela melodia que

entoava do enfeite da D. Leontina e que era impercetível aos ouvi-

dos humanos. Ah, e que belo som era aquele! Pensavam os irmãos

Sara e Dinis.

E, assim, os gnômulos, a Sara, o Dinis, a mãe destes e todos os

habitantes da cidade colocaram de novo os enfeites na árvore e vi-

ram brotar as tais bagas mágicas. Naquela noite, a Sara desejou que

o gnômulo malvado se tornasse bondoso para que pudesse partilhar

de toda aquela magia e assim nunca mais praticar o mal. Todos os

habitantes da cidade fizeram desejos semelhantes: que o mal aban-

donasse o interior dos seres maus e todos pudessem sentir a felicida-

de dentro de si. Desta forma, seria impossível o mal voltar a apare-

cer seja lá de que forma.

EB1Cantanhede, turma 4B, prof. Rui e EB1Cordinhã, turma 34, prof. Aida

Page 44: Contos de Natal em Rede

44

O livro tão desejado

Há muitos anos, numa noite de inverno, o Pai Natal vinha do

Polo Norte com o seu trenó carregado de presentes, para responder

aos pedidos feitos pelas crianças das escolas. Trazia carros, bone-

cas, jogos, livros e muitos mais presentes.

As suas renas, numa curva apertada, deram um salto e um livro

saltou do trenó e caiu, lá do alto. Esse livro tinha sido pedido por

um menino muito pobre que não tinha livros de histórias e se encon-

trava muito doente. Ele tinha escutado a leitura desse livro na bibli-

oteca escolar, na hora do conto e, como gostou tanto da história,

resolveu pedi-lo como presente, para este Natal. O livro ficou irre-

cuperável.

O Pai Natal ficou muito aflito e ligou do seu globo mágico para

os seus ajudantes, os duendes, que tinham ficado a ultimar mais al-

gumas encomendas, na sua oficina dos presentes. Eles, depois de

ouvirem o telefonema urgente do Pai Natal, tentaram imediatamen-

Page 45: Contos de Natal em Rede

45

te fazer outro mas… algo correu mal…

Os duendes fazem os livros de maneira diferente: ordenam as

letras no estendal da roupa, depois de irem ao mundo das letras,

por um túnel secreto e colam as palavras com a fórmula mágica

“Zizicolagem”.

Como os duendes tinham muita pressa, colaram as palavras den-

tro do livro, mas esqueceram-se de dizer a fórmula para as colar.

Enviaram o livro ao Pai Natal por uma rena que se tinha magoado e

não tinha ido com as outras, mas sabia o caminho.

Na noite de Natal, o Pai Natal entregou o presente pela chami-

né. O menino acordou com o baralho do saco a cair e levantou-se

para ver se tinha recebido o seu presente tão desejado. Muito feliz,

abriu o livro e as letras brincalhonas saltaram, pularam, flutuaram e

riram. O menino ficou surpreendido e, um pouco assustado, escon-

deu-se atrás do pobre pinheiro que apenas tinha uma estrela no to-

po.

As palavras, atraídas pela estrela cintilante, deram as mãos e

formaram grinaldas coloridas que enfeitaram a árvore de Natal.

O menino ficou muito contente, aproximou-se e observou que,

no pinheiro, havia uma grinalda que formava a palavra “Saúde”. As

letras felizes, que sabiam que o menino tinha pedido o livro ao Pai

Natal, rodopiaram como um tornado, cantando “Zizicolagem”. Num

ápice, entraram no livro, colaram-se e tudo ficou silencioso.

O menino pegou no presente e viu que era o livro que ele tinha

desejado: O beijo da palavrinha, de Mia Couto.

EB1Cordinhã, turma 34, prof. Aida e EB1Cantanhede, turma 4B, prof. Rui

Page 46: Contos de Natal em Rede

46

O Cientista

Era uma vez um cientista chamado Tomás. Ele era alto e tinha

cabelo castanho. Vivia num planeta muito distante. O Tomás andava

a estudar os robots, gostava muito de ter um.

Um Livro contou-lhe que havia um robot numa gruta do planeta

Júpiter.

– Diz-me uma coisa: de onde é que tu vens? – perguntou o To-

más.

– Eu venho da biblioteca escolar de Cantanhede – respondeu o

Livro.

Eles ficaram amigos, mas, no caminho o Livro lembrou-se de

que havia uma bruxa a guardar o precioso robot e avisou o Tomás. O

cientista queria tanto um robot que não desistiu.

O Livro estava sempre a dizer que não havia forma de derrotar a

bruxa. No caminho, o cientista encontrou um livro de magia e ten-

tou ler um feitiço. O Livro avisou-o, quando o ouviu a fazer aquela

leitura. Quando chegaram, o Livro leu um feitiço e a bruxa desmai-

ou. Ele ficou muito feliz, tinha realizado o seu sonho.

O cientista foi de foguetão para casa, mas, quando lá chegou,

algo terrível tinha acontecido: a bruxa já lá tinha estado.

Quando a bruxa acordou, apercebeu-se de que o robot tinha de-

saparecido, mas não se preocupou porque tinha maneira de o locali-

zar.

Rapidamente voou na sua vassoura mágica e chegou ao planeta

do cientista. Procurou a casa do cientista e viu que esta estava pre-

parada para celebrar o Natal.

Então, para se vingar, lançou um feitiço a toda a família, rou-

bando-lhe o Espírito Natalício.

O Tomás ficou terrivelmente assustado e começou a chamar:

– Menino Jesus! Menino Jesus! Preciso que me venhas ajudar.

Precisamos de recuperar o Espírito do Natal.

Page 47: Contos de Natal em Rede

47

Logo, no céu, apareceu uma estrela cadente, ouviu-se ao longe

o trenó do Pai Natal e a algazarra dos duendes que distribuíam as

prendas, ouviram-se sinos a tocar e uma forte luz vinda da estrela

fez brilhar tudo à sua volta.

Em casa do Tomás recuperou-se o Espírito Natalício, pois era

Noite de Natal.

EB1Cantanhede, turma 3A, prof. Octávio e EB1Ançã, turma 14, prof. Teresa

Page 48: Contos de Natal em Rede

48

O presente especial

O dia acordou com os campos cobertos de orvalho. Os raios de

sol incidiam nas gotículas de água que pareciam diamantes.

O Pai Natal acordou depois de uma noite passada junto à lareira

e começou a ler a lista de presentes que as crianças tinham enviado.

Dirigiu-se à oficina dos brinquedos com ar de preocupado e muito

pensativo. Entretanto, aproximou-se o duende chefe que lhe per-

guntou:

– Que cara é essa? Por que está tão desani-

mado?

E o Pai Natal respondeu apoquentado:

– Estive a ler a lista dos presentes e fiquei

muito admirado com um dos pedidos, pois

era estranho e ao mesmo tempo especial.

O duende Borboleta (“Borboleta” porque

conseguia estar em todo o lado que até pare-

cia que voava), muito intrigado, quis saber

qual era esse desejo.

E o Pai Natal disse:

– Sabes que uma criança me pediu um livro

mágico e eu não sei como fazê-lo?

O duende Borboleta foi chamar o seu colega

duende Esperteza para tentar resolver aque-

la situação.

– Esperteza, Esperteza, precisamos da tua ajuda!

O duende não aparecia, apesar da insistência do seu amigo.

– Ah! Ah! Ah! Então não sabes onde é que ele se encontra? – per-

guntou o Pai Natal.

– Está na Biblioteca rodeado de livros, no cantinho da leitura.

Como ele não aparecia, foram todos ao seu encontro. Contaram

o problema ao duende Esperteza e ele respondeu:

Page 49: Contos de Natal em Rede

49

– Parece impossível! Acabei de ler, agora mesmo, um livro que

dava instruções que nos podem ajudar.

Apressadamente, dirigiram-se para a oficina do Pai Natal.

Primeiro, foram buscar pétalas de rosa para fazer as folhas do

livro perfumadas; as cascas do pinheiro são para capa, contracapa e

lombada. E veio logo o nosso amigo pavão que deu uma das suas be-

las penas para escrever o título do livro. Chamaram o bicho-da-seda

para dar uns brilhantes fios da seda, para coser as folhas. O duende

Colorido foi chamado para colorir as folhas do livro. Chamou logo os

seus amigos animais, arco-íris, céu, estrelas… para o ajudarem. A

joaninha ofereceu as suas pintas pretas e o vermelho da sua capa; o

arco–íris trouxe as suas sete cores maravilhosas; as borboletas ofere-

ceram um pouco das suas belas e coloridas asas e o livro ficou fan-

tástico! Até algumas estrelas desceram e pousaram nas folhas do

livro que ficaram tão cintilantes e brilhantes! Também o grilo quis

dar a sua contribuição. É preto, é claro, mas também é uma cor im-

portante!

Era Natal e todos queriam partilhar!

Estava pronto, mas faltava a magia…

Foi então que o duende Anão teve uma

ideia! Foi pedir ao grilo que com a sua cor

preta escrevesse:

Livro meu, livro meu

Conta-me o segredo

Que é só o teu!

Estava tudo pronto e o PAI NATAL já podia entregar o presente

tão desejado. Era verdadeiramente um livro mágico!

Sempre que o menino abria o seu livro mágico e lia estes versos

surgiam as mais belas e extraordinárias personagens que davam voz

às mais belas histórias de encantar que o faziam adormecer, sonhar

e acordar feliz para mais um novo dia.

EB1Ourentã, 3 4, prof. Lucília e Luísa e EB1Cadima, turma 43, prof. Alda

Page 50: Contos de Natal em Rede

50

Numa noite de Natal

Era uma vez um grande castelo cinzento empoleirado numa alta

montanha com o pico coberto de neve. Nesse castelo morava uma

menina chamada Juliana.

A Juliana era uma menina alta para a sua idade e tinha o cabelo

castanho e comprido. Era uma menina muito bonita! Gostava muito

de ajudar os amigos sempre que eles precisavam. Era também uma

pessoa muito inteligente.

A Juliana era muito feliz no seu castelo. Mas queria encontrar

um grande amor…

Na noite de Natal, estava a Juliana na varanda do castelo, quan-

do de repente ela viu um enorme clarão. Do clarão surgiu uma fada

toda vestida de azul que lhe disse:

– Querida Juliana, dou-te esta chave que serve para abrir o que

procuras. Vai em busca da fechadura certa…

Juliana decidiu, então, partir no seu tapete voador, mas a via-

gem foi curta! Perdeu o equilíbrio e caiu no chão, coberto de neve

fofa e branca. Ela rebolou pela encosta, sem conseguir parar. Rebo-

lou tanto e com tanta velocidade que formou uma bola de neve gi-

gante. Só parou quando bateu na porta de uma gruta.

Depois de se recompor, olhou atentamente em seu redor e che-

gou à conclusão que estava no local que procurava.

Juliana surpreendeu-se quando pegou na chave que a fada lhe

tinha dado e a porta logo se abriu.

Dentro da gruta estava escuro, mas, mesmo assim, não hesitou

em entrar. Após alguns passos, começou a ouvir um barulho seme-

lhante ao das cobras:

– Tsssssss, tsssssss…

– Quem está aí? – perguntou a Juliana muito assustada.

O barulho continuava e aproximava-se cada vez mais.

Num instante, ficou frente a frente com a serpente que, com o

Page 51: Contos de Natal em Rede

51

seu olhar, a hipnotizava.

A Juliana começou a ficar com muito sono, bocejando sem pa-

rar… Queria fugir e continuar a procurar o seu grande amor, mas foi

impossível resistir e acabou por adormecer profundamente.

Quando a malvada da serpente se preparava para a atacar, sur-

giu uma estrela muito, muito brilhante. O seu brilho era tanto que

cegou a serpente e acordou a Juliana.

A menina levantou-se, fixando a luz que indicava o caminho até

ao seu grande amor: o Menino Jesus, que tinha acabado de nascer.

EB1Ançã, turma 23, prof. Fernando e turma 32, prof. Suse

Page 52: Contos de Natal em Rede

52

A fábrica de brinquedos

Era uma vez um menino chamado Timi. Ele era um menino bem

comportado e muito gentil. Timi gostava muito da época natalícia:

dos doces, dos enfeites, das canções, dos contos de Natal na Biblio-

teca Escolar e, principalmente, dos presentes. No entanto, deixara

de acreditar no Pai Natal, pois há muito tempo que na sua casa nin-

guém recebia prendas.

Sempre que pensava no Natal ficava angustiado porque sabia que,

mais uma vez, não haveria presentes. E pôs-se a pensar: “Será que

há outros meninos como eu?”

Como ele era um menino muito criativo, resolveu fazer algo para

mudar a situação. Após longas horas de leituras, teve uma ideia! Foi

então que decidiu pedir ajuda aos amigos da escola e descobriu que

a Filipa e o Manuel também não recebiam prendas! Todos os colegas

pensaram numa forma de ajudar estes amigos a ter um Natal mais

feliz.

De repente, alguém se levantou e disse:

– Tive uma ideia brilhante! E se mandás-

semos uma carta para o pai do Tiago que é o

dono da fábrica de brinquedos?

– Que ideia fantástica! - disseram todos

ao mesmo tempo.

- Eu escrevo a carta - disse a Júlia.

Os três amigos ficaram muito emociona-

dos com a solução encontrada pelos colegas. E, nesta escola, este

dia foi muito especial porque todos contribuíram para que os três

colegas pudessem ter um Natal mais feliz!

A Júlia escreveu uma linda carta para o senhor Carlos que até

agradeceu a ideia e resolveu, todos os anos, mandar presentes para

os meninos mais pobres.

A partir deste ano, o Natal foi mais feliz para todos!

EB1Cordinhã, turma 12, prof. Isabel e EB1CSul, turma 3B, prof. Manuela

Page 53: Contos de Natal em Rede

53

Os contos do 2.º CEB

Page 54: Contos de Natal em Rede

54

Page 55: Contos de Natal em Rede

55

A descoberta do Natal

Decorria o ano de dois mil e trinta e oito e o Natal já não era o

mesmo. Tudo mudou… O Pai Natal decidiu instalar a sua fábrica de

brinquedos no alto da Serra da Estrela. Já não vivia sozinho, pois

tinha agora uma grande família: a Mãe Natal, o Filho Natal, uma re-

na robótica e um cão.

No cantinho mais isolado da serra, numa aldeia pequenina, en-

contravam-se somente três habitações: a da família Natal, a fábrica

dos brinquedos e a casa do homem que odiava o Natal. Este, por sua

vez, vivia sozinho com o seu filho. Um rapazinho de dez anos, tímido

e triste, pois na vizinhança não havia meninos da sua idade, nem ele

estava habituado a conviver com a família Natal. O seu pai, o ho-

mem que odiava o Natal, sempre evitou que o rapaz soubesse o que

era o Natal, por isso nunca deixou que o filho conhecesse a família

vizinha.

Tudo começou há uns anos atrás, quando o Sr. Natalino, ainda

menino e pobre, procurou, incansavelmente, o Pai Natal pelas ruas

da vila onde vivia, sem nunca o encontrar. Todos os anos, sempre

que voltava para casa, na noite mais desejada pelas crianças, olhava

para o seu pinheirinho e nada encontrava. Cresceu sem acreditar

Page 56: Contos de Natal em Rede

56

naquilo em que todos os meninos mais acreditavam e esperavam – os

presentes do Pai Natal. Mais tarde, homem adulto, abandonado pela

família e com um filho pequeno para criar, foi isolar-se de todos, na

Serra da Estrela.

Certo dia, o Sr. Natalino, triste por o filho estar isolado e não

saber ler nem escrever, foi à biblioteca escolar buscar um livro para

que o mesmo aprendesse a ler.

Quando chegou a casa, descobriu que o seu filho não estava.

Muito preocupado, saiu à sua procura pela vizinhança e não o encon-

trou. Em pânico, decidiu recorrer à última casa que havia: a fábrica

do Pai Natal. O Sr. Natalino tocou ao sino da porta da fábrica e, al-

gum tempo depois, o duende responsável surgiu à porta perguntan-

do:

─ O que deseja? Um carro, um palácio, …

─ Não, eu apenas quero saber do meu filho José, pois eu fui à

vila e, quando cheguei a casa, ele já não estava.

O Pai Natal, que se encontrava por perto, ofereceu de imediato

a sua ajuda e enviou a rena robótica para acompanhar o Sr. Natalino

na busca do filho. Estes saíram em direção ao bosque que ficava

Page 57: Contos de Natal em Rede

57

perto da fábrica. Ao chegarem, depararam-se com o José a chorar

junto de um pinheiro. O pai do menino, muito assustado, perguntou:

─ O que é que aconteceu, filho?

─ Eu queria cortar este pinheiro para levar para casa, mas não

consigo ─ respondeu o José.

─ Mas, José, não podemos cortar as árvores, porque elas são es-

senciais para o meio ambiente. Vem comigo para a fábrica, que te-

mos lá um pinheiro para ti ─ declarou a rena robótica.

─ Quando chegaram à fábrica, o Pai Natal, ansioso por saber on-

de estava o menino, recebeu-o de braços abertos. Nessa altura, a

rena robótica entregou ao menino o pinheiro de Natal artificial e o

pai aproveitou para lhe dar o livro sobre o Natal que tinha requisita-

do na biblioteca.

Sentados no chão, à volta de uma lareira, o Pai Natal fez uma

leitura emocionante da história que o pai do menino lhe trouxera.

Com esta história, o Sr. Natalino e o José ficaram a conhecer o signi-

ficado do Natal. A Família Natal convidou-os para passarem a ceia

com eles e, a partir desse momento, o Sr. Natalino e o José festeja-

ram sempre o Natal.

5.ºF , prof. Paula Fidalgo e 6.ºE Paula Abreu

Page 58: Contos de Natal em Rede

58

Fórmulas Mágicas

Numa manhã de inverno, os duendes e o Pai Natal encontravam-

se numa pequena aldeia, na qual tinham descoberto uma fábrica

misteriosa.

Na quinta onde o Pai Natal e os duendes viviam, havia uma gran-

de plantação de azevinho e de pinheiros que, devido ao clima, esta-

vam a ficar cada vez mais estragados. Deste modo, estes passavam

grande tempo dos seus dias a cuidar deles.

Um dos duendes mais novos, sentindo-se bastante cansado, en-

costou-se a uma estaca da cerca e, do nada, ela rodou e abriu-se na

terra um enorme alçapão, por onde se podia ver uma fábrica subter-

rânea. Muito aflito, correu, apressadamente, para chamar o Pai Na-

tal e os seus amigos e contou-lhes o que vira. De imediato pegaram

nas suas lanternas, numa corda grossa e em várias ferramentas, de

modo a prepararem a descida.

Junto do enorme alçapão, ainda a medo, espreitaram para o in-

terior que tão misteriosamente lançava um finíssimo raio de luz e

depressa perceberam que a descida por aquele buraco sem fim seria

uma tarefa difícil.

O mais destemido dos duendes, não porque fosse forte e muscu-

lado, mas sim porque era o mais audaz de todos, avançou com a

ideia:

– Apertem os pompons! Depressa os nossos barretes ajudarão na

descida. Pai Natal, tu não cabes no buraco! Faz uma leitura atenta

das cartas de Natal, pois o nosso problema com a falta de brinque-

dos rapidamente se poderá resolver.

A queda livre foi tormentosa, mas valeu a pena. Quando todos

chegaram ao chão, depararam-se com um grande salão e, no centro

deste, um extraordinário livro de onde saía a luz. Olharam em volta

e perceberam que estavam numa biblioteca fabulosa, que antecedia

a entrada da fábrica subterrânea. Quem teria construído tudo aqui-

Page 59: Contos de Natal em Rede

59

lo? Que livros seriam aqueles? Para que serviria ali uma biblioteca?

As questões surgiam umas atrás das outras…

Após a surpresa do momento, focaram-se naquilo que ali os tinha

levado, mas quase desistiram após as várias tentativas para abrir o

grande livro e o folhear. De repente, o Duende mais esperto propôs

que virassem o livro e vissem a contracapa. Foi nessa altura que re-

pararam numa inscrição que dizia: “Apenas o verdadeiro Pai Natal

poderá consultar este livro.”

Depressa reuniram forças e, com muito cuidado, içaram as cordas

e levaram o livro à superfície como se fosse uma joia preciosa. Um

dos duendes já tinha subido e chamado o Pai Natal. Quando este

abriu o livro surpreendeu-se e o seu olhar iluminou-se, pois deparou-

se com centenas de fórmulas mágicas para o tratamento dos azevi-

nhos e dos pinheiros. Também lá encontrou a indicação que podia ir

àquela fábrica buscar todos os brinquedos que lhe faltassem e, dessa

forma, deixar todas as crianças felizes.

5.ºE prof. Paula Abreu e 6.ºF prof. Paula Fidalgo

Page 60: Contos de Natal em Rede

60

A verdade do Pai Natal

No dia 24 de dezembro de 2015, de manhã, o André, uma crian-

ça muito pobre, dirigiu-se à biblioteca da sua cidade para ler um

conto de Natal. Reparou que, nas estantes dos contos, não existia

qualquer livro.

Admirado, viu que estava

um bilhete em cima de

uma dessas estantes. Ao

lê-lo, ficou a saber que o

Pai Natal tinha levado

todos os contos de Natal

para mostrar ao seu filho

como era a vida do Pai

Natal, nesta época.

De facto, o Pai Natal,

cansado de viver sozinho,

tinha decidido constituir família e teve um filho. O pequenito tinha

dificuldade em compreender por que motivo o seu pai tinha tanto

trabalho nesta época, por isso, o Pai Natal resolveu dedicar um pou-

co do seu tempo à leitura dos livros de Natal que se escrevem para

crianças e mostrar ao filhote como se imagina a vida do Pai Natal.

– Sabes, meu filho, tal como Jesus nasceu e recebeu presentes

na noite de 24 de dezembro, também todos os meninos ficam à es-

pera de receber os seus presentes nesta época. Assim, tenho de fa-

zer muitos brinquedos para as crianças de todo o mundo e aparecer

em muitas lojas, nas montras e nas ruas para as famílias viverem a

quadra natalícia com mais magia.

– Pai Natal, podes continuar a ser um papá assim, pois eu adoro

que sejas amado em todo o mundo, por muitos meninos e pelas suas

famílias!

5.ºE prof. Paula Abreu e 6.ºG prof. Paula Fidalgo

Page 61: Contos de Natal em Rede

61

Os contos do 3.º CEB

Page 62: Contos de Natal em Rede

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Page 63: Contos de Natal em Rede

63

A magia do Natal

Faltavam algumas semanas para o Natal. O tempo tinha arrefe-

cido bastante e já apetecia vestir roupas mais quentes e estar ao pé

de uma lareira, a beber um chocolate quente.

Era uma tarde de quarta-feira. A escola estava quase deserta. O

vento frio agitava os ramos das árvores quase despidas, fazendo com

que as poucas folhas que ainda resistiam caíssem no chão. Era en-

graçado ver a dança das funcionárias em desespero atrás das folhas

que pareciam estar muito divertidas.

O pequeno João observava aquela cena e não pôde conter o ri-

so. Até as folhas gostavam de brincar! Era um aluno do 5.º C, franzi-

no, moreno, de olhos azuis, cabelos escuros e encaracolados. O Jo-

ãozinho, como carinhosamente lhe chamavam os poucos amigos que

tinha, era um rapaz humilde, tímido, curioso, simpático, bem-

educado, mas que tinha alguma dificuldade em se relacionar com as

Page 64: Contos de Natal em Rede

64

outras pessoas. Por isso, frequentava regularmente a biblioteca es-

colar, onde podia mergulhar no seu mundo, envolvido nas fantásti-

cas histórias que lia.

Naquele dia, tinha pedido aos pais para ficar na escola, pois

desde o dia anterior que um grosso livro de capas douradas não lhe

saía do pensamento. Só ele sabia da sua existência. Tinha-o avista-

do, por acaso, atrás de uma prateleira, escondido e ele apenas o

descobrira, porque um tímido raio de sol fizera brilhar, por instan-

tes, as suas capas de ouro.

Atravessando o polivalente estranhamente silencioso, João qua-

se que corria em direção à biblioteca. Quando abriu a porta, sentiu

um arrepio. Cumprimentou a D. Olga e a D. Clarinda e foi ocupar o

seu lugar habitual, junto à janela que dava para o bloco A. Depois,

discretamente, levantou-se e caminhou em direção ao sítio onde, no

dia anterior, tinha avistado o misterioso livro. Com as mãos a tremer

e os olhos a piscar, retirou delicadamente o livro do esconderijo e,

como se segurasse um recém-nascido, voltou para o seu lugar e sen-

tou-se.

Antes de abrir o livro, acariciou as suas capas cintilantes e leu o

título: A magia do Natal. Enquanto abria a primeira página em bran-

co, uma súbita tristeza pairou sobre o João e uma lágrima sentida

escorreu pelo seu rosto, caindo sobre o livro. Ele já não tinha um

Natal feliz há alguns anos! Mas, qual não foi o seu espanto ao ver

que, no papel em branco onde a lágrima secara, surgiu a seguinte

mensagem: “Para uma criança especial”.

“Como poderei ser uma criança especial… sem presentes no Na-

tal e os meus pais desempregados?” – questionou-se. No entanto,

não deixou de ficar curioso e foi folheando calmamente o livro dou-

rado na ânsia de descodificar a mensagem.

No final do livro, encontrou uma fotografia de uma família a

festejar o Natal. Aquelas pessoas eram-lhe familiares. Apercebeu-se

de que se tratava dos seus pais, bem mais velhos, sentados em ca-

deiras de baloiço, rodeados por um jovem casal com os seus filhos,

Page 65: Contos de Natal em Rede

65

um cão e um gato. O jovem pai tinha olhos azuis e cabelo castanho

encaracolado. Via-se nos seus rostos que era uma família unida e

feliz.

Pareceu-lhe que a imagem ganhara vida e compreendeu. Os lin-

dos olhos azuis de Joãozinho transformaram-se num rio. Aquela

inexplicável experiência ensinara-o que o tempo não para: teria de

dominar a sua tristeza, fazer amigos, não desistir dos seus sonhos…

aproveitar aquela idade de ouro.

Concluiu que A magia do Natal não se revelava nos presentes

que se recebe, tal como sempre pensara, mas na vivência harmonio-

sa da família.

Sorriu. A fotografia desapareceu.

8.ºA prof. Ana e 7.ºE prof. Rui

Page 66: Contos de Natal em Rede

66

A chegada da felicidade

A grande mudança na cidade dos doces aconteceu em 2074, três

dias antes do grande dia – aquele por que todos esperavam ansiosa-

mente trezentos e sessenta e quatro dias –, o fantástico dia de Na-

tal.

Cantadoce não imaginava a tragédia que estava prestes a acon-

tecer! Cantadoce era aquela cidade onde todos desejavam viver e

onde todos eram felizes, porque só aqui se festejava o Natal. À sua

volta existia uma muralha multicolor de gomas de todos os motivos e

sabores que as cidades ao seu redor desejavam destruir. Cantadoce

era o paraíso dos doces: rios de nutella, nuvens de algodão doce,

camas de marshmallow, árvores de pipocas, plantas de chupa-

chupas e ainda o maior parque de diversões do Universo.

Numa cidade muito próxima de Cantadoce, chamada Assombra-

ção, há muito tempo, tinham sido roubados todos os doces e, por

causa disso, os habitantes que nela viviam ficaram frios e arrogan-

tes. Ora, eles sabiam que na cidade ao lado se festejava o Natal, por

isso mandaram um dos duendes da sua comunidade espiá-los en-

quanto os habitantes da cidade Cantadoce descansavam. Esse duen-

de chamava-se Travessura. Apesar do seu nome sugestivo, nenhuma

Page 67: Contos de Natal em Rede

67

das suas características inspirava simpatia: era mau, frio e muito

arrogante; tinha orelhas pontiagudas, estatura pequena e era muito

feio. Estava esfomeado porque já não comia há alguns dias. Olhou

para as guloseimas. Como tudo lhe parecia bastante apetitoso, não

sabia o que escolher. Decidiu, finalmente, começar pelas plantas de

chupa-chupas. Não gostou. Foi buscar pipocas. Também não gostou.

Provou as restantes guloseimas, mas não gostou de nenhumas. Todas

elas eram, apenas para ele e para os habitantes da sua cidade, aze-

das por causa do seu carácter amargo. Faltava-lhes qualquer coisa…

faltava-lhes o doce.

Tirou o seu saquinho com o pó de magia e soprou-o na direção

dos doces. Travessura voltou a provar os doces um a um, as nuvens

de algodão, as camas de marshmallow, as pipocas, a massa de cho-

colate, os chupa-chupas… e, felizmente, os doces, atingidos pelo pó

mágico, não tinham sofrido nenhuma alteração. Para o duende con-

tinuavam pouco saborosos.

Incapaz de compreender a ineficácia da sua poção mágica, con-

tinuou a espiar os habitantes da cidade. E que descobriu? As ruas

enfeitadas de bolas em tons de dourado e vermelho, crianças a brin-

car alegremente e a saborear as suas guloseimas, adultos sorridentes

e até os animais pareciam sentir-se felizes.

Travessura compreendeu então o que era o amor. Pouco a pouco

sentiu-se agradavelmente contagiado. O mau feitio fugia-lhe mais

depressa do que alguma vez imaginara. Ah! E como era bom deixar

aquela felicidade entrar-lhe no coração e percorrê-lo até à ponta

das unhas e dos cabelos! Era uma luz, era uma flor que desabrocha-

va sem pedir licença e era bom e doce!

O duende sentiu que a sua cidade precisava de conhecer aquele

modo de viver. Assim, regressou a toda a velocidade à sua cidade e

trouxe o seu povo para observar aquela forma de vida. O efeito foi

imediato. O amor venceu a amargura. E as duas cidades celebraram

juntas a noite de Natal.

7.ºD prof. Mª Alberto e 9.ºD prof. Júlia

Page 68: Contos de Natal em Rede

68

O duende cor-de-rosa

Todos os anos, quando o Natal se aproximava, a criançada, ao

fim da tarde, corria desenfreadamente jardim abaixo para ganhar os

primeiros lugares na sala da biblioteca escolar, onde diariamente a

leitura de um conto natalício os deixava a sonhar.

Dia após dia, o entusiasmo crescia. Porém, ao terceiro dia, o

Paulo e o Jorge estavam longe de imaginar que viriam a ser notícia

mundial.

Na verdade, distraídos com as luzes que enfeitavam a entrada

da escola, os meninos viram-se obrigados a atravessar sozinhos o

jardim central de Cantanhede. A meio do caminho, viram um trenó

puxado pelas renas mágicas sobrevoar o céu. Primeiro ficaram imó-

veis, depois esfregaram os olhos, pensando tratar-se de uma visão e,

lá para a décima esfregadela de olhos, que viram eles? Era mesmo

um trenó e as suas renas mágicas. Além disso, o Pai Natal confirma-

va a rota para deixar alguns brinquedos para as crianças mais neces-

sitadas. Porém saberia ele que dentro do edifício abandonado, onde

se abrigara da neve àquela hora, iria deparar-se com um duende cor

-de-rosa que tremia de frio e medo a um canto, chorando desespera-

do, com as roupitas todas rasgadas? Ao ver a triste cena, o Pai Natal,

que, como todos sabemos, é muito carinhoso e não conseguia ver

ninguém com lágrimas nos olhos, a não ser de tanto rir de alegria,

aproximou-se do pequenito e, tirando o seu barrete, aconchegou-o.

– Que se passa contigo, duendinho? Não estamos propriamente

em época de tristezas! Conta-me a tua angústia.

Foi então que a criatura, assustada, revelou que por causa da

sua cor rosada fora marginalizado e mesmo maltratado pelos outros

duendes que consideravam o verde a única cor aceitável na sua co-

munidade.

– “Duende que é duende, tem de ser verde e não um enfezado

cor-de-rosa, ó rosinha saloia…” – disseram eles, cruéis, até me dei-

xarem neste estado, sozinho e abandonado – lamentou-se o duende

Page 69: Contos de Natal em Rede

69

infeliz. – Ainda por cima, a comuni-

dade de duendes vivia há várias se-

manas no meio da escuridão, porque

as lâmpadas duendinas que costu-

mam iluminar as suas cabanas tinham

avariado de vez, andando todos mui-

to mal-humorados e soturnos.

O Pai Natal apressou-se a procu-

rar ajuda, já que estava cheiinho de

pressa, pois a hora de distribuir os

presentes estava a escassear.

– Tenho de encontrar alguém que me ajude a resolver esta em-

brulhada. Este pobre duende, em plena quadra natalícia, ser vítima

de discriminação…só porque é cor-de-rosa? Não pode ser! Aguenta-te

aí um pouco, rapazito. Vou procurar ajuda.

Àquela hora, ninguém passava por aquelas bandas, pois a neve

teimava em cair e o frio não convidava ninguém a passeios pelo par-

que. A não ser o Paulo e o Jorge que, de tão entusiasmados que es-

tavam para ir ouvir os contos lidos na Biblioteca, passavam por ali

naquela tarde. “Nem mais”, pensou o Pai Natal. No sítio certo à ho-

ra certa.

Eles, ao ouvirem contar o caso, nem pensaram duas vezes e dis-

ponibilizaram-se de imediato.

– Ali está ele, meninos. A tiritar de medo e de frio… Podem ficar

com o meu barrete que é todo forrado de pelo quentinho. Vai aju-

dar, acreditem.

– Vai descansado, Pai Natal! Trataremos dele com todo o cuida-

do. Podes confiar em nós!

Paulo e Jorge aproximaram-se delicadamente do duende e, fa-

lando-lhe com palavras carinhosas, lá foram conseguindo que ele se

tornasse um pouco mais confiante e aceitasse aconchegar-se no con-

fortável barrete do Pai Natal. Palavra puxa palavra, o pequeno du-

ende lá explicou a sua angústia. Enquanto falava, contou também da

Page 70: Contos de Natal em Rede

70

aborrecida escuridão em que vivia ultimamente a comunidade de

duendes. E acrescentou:

– Se eles soubessem como as minhas pontiagudas orelhas rosadas

produzem milhares de estrelinhas luminosas quando estou feliz… Se

eles soubessem como a alegria, a paz e a solidariedade pode produ-

zir energia suficiente para iluminar uma cidade…

– Alegra-te, rapazito! – ex-

clamou o Paulo. Para nós, hu-

manos, tu seres duende ou ou-

tra criatura qualquer, cor-de-

rosa, verde ou de qualquer cor

do arco-íris, é igual. Se és bon-

doso e o teu coração tem amor

para dar, serás sempre aceite

e farás de nós seres mais feli-

zes.

Ao ouvir estas palavras, o

duendito esboçou um sorriso e

rapidamente das suas orelhas

com o bico apontado para o

céu começaram a sair explo-

sões de partículas cintilantes

que voaram através da neve

pelo firmamento até alcançarem a escura cidade dos duendes verdes

que se encheu subitamente de luz.

Ao se aperceberem da causa deste ”milagre”, os duendes reco-

nheceram que o que os escurecia era a injusta discriminação com

que agrediam o duende rosado. E o abraço deu-se.

Paulo e Jorge, depois deste episódio, acabaram vendo os seus nomes nas primeiras páginas dos jornais, que os louvaram pelo ver-dadeiro espírito natalício que demonstraram, explicando ao mundo que só o amor puro que não escolhe cor, género, raça ou formato das orelhas pode verdadeiramente “iluminar” o mundo.

9.ºD prof. Júlia e 8.ºC prof. Raquel

Page 71: Contos de Natal em Rede

71

O lenhador arrependido

Numa bela manhã, numa floresta verdejante onde os pássaros

cantarolavam alegremente e a água corria pelas ribeiras abaixo, dois

amigos passeavam, conversavam e procuravam um pinheiro para en-

feitar o largo da sua velha aldeia.

De repente, apareceu um lenhador com cara de zangado, trazen-

do consigo um pequeno machado ao ombro. Os amigos ficaram mui-

to assustados com receio do lenhador que se aproximava muito rapi-

damente deles. Então, o lenhador perguntou- lhes:

– O que é que vocês andam aqui a fazer?

– Andamos à procura de um pinheiro para enfeitar e alegrar o Na-

tal da nossa aldeia – responderam eles.

– Mas, nós estamos numa floresta protegida e por isso é proibido

cortar qualquer árvore. Portanto, desapareçam daqui! – disse o le-

nhador.

– Por favor, deixe-nos levar um pinheiro para simbolizar o espírito

natalício! – retorquiram os dois.

– Não, não pode ser! Vou chamar a guarda-florestal – afirmou.

– Não, não chame! Nós vamos embora! – exclamaram.

Nessa altura, os dois amigos, muito tristes e desiludidos, decidi-

ram voltar para a sua aldeia. Mas, pelo caminho, perderam-se. Co-

mo se aproximava a hora do almoço, procuraram algum alimento

para saciar a sua fome. Foram andando, andando até que se aperce-

beram de um cheirinho irresistível a uma sopa acabada de fazer!

Quando o estômago dá horas, todo o cheiro a comidinha se torna

uma pista a seguir, mesmo que perigosa. Caminharam sem pensar,

doidos de fome, até se depararem com um casebre que não fazia

adivinhar o mais ténue sinal de enfeites tão característicos da qua-

dra natalícia. Na verdade, todo o ambiente que envolvia aquele es-

paço era terrivelmente assustador e qualquer um com dois dedos de

juízo arrepiaria caminho para evitar males maiores… Mas, como a

Page 72: Contos de Natal em Rede

72

curiosidade matou o gato, rodearam o pequeno quintal que envolvia

a casa, dando voltas e mais voltas até a fome os vencer e os impelir

a entrar. Que cheirinho!

Deram com uma janela partida que poderia muito bem ter sido

uma forma de entrar. Mas como estes episódios de fome, ultima-

mente, eram frequentes e redundavam em jantaradas noite fora,

tinham engordado de tal forma que desistiram da ideia. Ainda des-

cobriram um sem número de pequenas entradas, mas… o problema

era sempre o mesmo. Caber… nada!

De tal maneira desorientados de raiva e fome, desataram a discu-

tir, qual deles o mais furioso:

– Bem te avisei que isto de sair de casa sem levar almoço é muito

má ideia!

– Ora, ora! A culpa foi toda tua! Agora utiliza essa tua cabeça du-

ra para sairmos deste sarilho! – retorquiu o mais velho, empurrando-

o. Desequilibrado, bateu com a cabeça num velho escadote de ma-

deira. – Escadote de madeira? Ora! A tua cabeça finalmente serviu

para alguma coisa!

Parecendo um presente dos deuses, treparam atabalhoadamente

até ao telhado. A chaminé parecia ser uma boa solução. Mas, antes

de alcançarem o topo, o telhado, rangendo como uma noite de tro-

voada, fazia prever o pior. E aconteceu: caíram os dois redondos

como bolas de chumbo mesmo em frente ao nariz do… lenhador!

Refeitos da situação patética, tentaram balbuciar algumas palavras

em sua defesa.

– Nós … nós… n… – olhando-se mutuamente sem ter mais o que

dizer.

Olhando em redor, os irmãos reconheceram, perplexos, uma

quantidade absurda de pequenos pinheiros cortados, amontoados ao

fundo da sala, prontos talvez a serem vendidos ou mesmo para servi-

rem de lenha na lareira daquele homem. Estas pequeninas árvores,

conheciam-nas eles muito bem, faziam parte da floresta protegida

da sua aldeia, aquela mesma onde ninguém poderia abater nenhuma

Page 73: Contos de Natal em Rede

73

delas.

– Como ousaste mentir a toda a comunidade? Mentiroso! Traidor!

Vamos contar este crime a toda a aldeia… A não ser… que prometas

não mais cometer esta atrocidade contra a natureza.

O lenhador, como pedido de desculpa, ofereceu-lhes um dos pi-

nheirinhos para que servisse de árvore de Natal colocada no centro

da praça da aldeia. Prometeu também nunca mais fazer mal à natu-

reza e nunca mais mentir.

Há males que vêm para bem. E o espírito natalício inundou toda a

aldeia.

8.ºC e 9.C prof. Teresa e 8.ºE prof. Raquel

Page 74: Contos de Natal em Rede

74

O Natal no Pico Congelado

Estávamos no ano de 1900, no virar do século. Era dezembro e o

Natal já estava à porta. Na pequena ilha do Gelo, muito próxima do

Pólo Norte, todos os habitantes da aldeia de Pico Congelado traba-

lhavam na decoração da árvore de Natal gigante que ficava junto à

igreja, no meio da praça.

No meio de tanta alegria e entusiasmo, as pessoas esqueciam

por momentos o grande drama que viviam há séculos. Os Piratas das

Trevas, vindos do sul, que não gostavam do Natal, talvez porque

nunca tinham entendido o seu verdadeiro espírito, saqueavam a al-

deia, destruindo tudo à sua passagem. E todos os anos, a árvore, que

era erguida com tanto trabalho e esperança, era destruída cruel-

mente por eles, porque era o símbolo mais importante do Natal.

No entanto, os habitantes de Pico Congelado, apesar de terem

de reconstruir tudo, depois da invasão, todos os anos continuavam a

decorar a árvore na esperança de que tudo mudasse. Na verdade,

todos pensavam numa lenda antiquíssima, segundo a qual a solução

estaria escrita em algum lado, perdida no tempo e no espaço

Nessa aldeia, vagueava pelas ruas um mendigo, de olhos tristes

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e roupas rasgadas. Para caminhar, apoiava-se num cajado de madei-

ra de castanheiro. Tinha um ar misterioso que intrigava toda a gen-

te. Costumava abrigar-se numa antiga biblioteca, em ruínas, situada

longe do centro da aldeia. Aí passava as longas noites de inverno a

ler, à luz do luar. Parecia que procurava alguma coisa entre os mui-

tos livros espalhados pelo chão.

Faltavam dois dias para o Natal. A aldeia era dominada por um

sentimento contraditório: uma alegria cheia de receio, porque os

piratas deviam estar a meio do caminho…

Era já de noite e, na biblioteca abandonada, o mendigo lia. Su-

bitamente, pela janela de vidros partidos, entrou uma brisa mais

forte e um raio de luar que incidiu sobre um livro de capas rasgadas,

com o título em letras douradas: “O verdadeiro espírito de Natal”.

Os olhos do mendigo brilharam como a luz de uma estrela… e

pensou: “Será que este ano vou ter um Natal quentinho e com comi-

da abundante?”

De repente, o Livro começa a falar e o mendigo assusta-se.

– Se me leres até ao fim, terás um Natal de sonho! Se consegui-

res decifrar o enigma que eu tenho nas minhas páginas, os piratas

não voltarão a atormentar esta cidade.

Page 76: Contos de Natal em Rede

76

O mendigo diz:

– A sério? Vou já tentar decifrá-lo.

– Espera, eu ainda não te disse tudo – disse o Livro. Quando os piratas forem embora, vão deixar-te um tesouro! Mas, afinal, como te chamas?

– Eu sou o mendigo João. quero saber todos os seus pontos fra-cos.

– Há quanto tempo estás aqui? – Não sei ao certo…mas já devem ter passado alguns anos, pois

já li muitos livros. Mas nunca te tinha encontrado, foste uma grande

surpresa.

– Então, já deves saber bastantes coisas sobre os piratas! Posso

dar-te mais algumas dicas, se quiseres…

– Mas é claro que sim! Desembucha já!

– Eles detestam que os tratem como derrotados e principiantes

no ramo da pirataria, mas espera um segundo…

O livro nunca mais respondia. E João, irritado, gritou furiosa-

mente:

– Responde lá, seu Livro velho!

O Livro começou a chorar, pois não gostava de ser ofendido. Jo-

ão, arrependido com os seus atos, disse sussurrando:

– Desculpa, não costumo ser assim. Mas quando penso naqueles

piratas… fico fora de mim.

Por entre soluços, o Livro disse:

– Tudo bem, compreendo-te perfeitamente. Por esse motivo,

escondi-me nesta misteriosa biblioteca.

O Livro contou-lhe tudo sobre os piratas. Nesse mesmo dia, eles

apareceram. João pôs mão à obra, refletindo sobre o que o livro lhe

tinha dito.

Conseguiu derrotá-los, agradeceu ao Livro e também foi home-

nageado pelos habitantes do Pico Congelado.

Graças a João, nos Natais seguintes não houve mais percalços.

E João teve o Natal que sempre sonhou!

8.ºB prof. Ana e 7.ºA prof. Zélia

Page 77: Contos de Natal em Rede

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Salpicos de Coca-Cola

Há muitos, muitos anos, numa fábrica de brinquedos situada na Lapó-

nia, aconteceu uma coisa extraordinária: os brinquedos ganharam vida e

começaram a procurar o Pai Natal, porque preferiam estar com crianças do

que estarem fechados numa velha fábrica.

Os duendes do Pai Natal receberam uma mensagem, via Teleduende,

dos brinquedos a manifestarem a sua tristeza e de imediato o avisaram.

O Pai Natal ficou surpreendido com o estado de espírito dos brinque-

dos, ficando muito triste a pensar numa maneira de resolver o problema,

pois faltavam alguns dias para o Natal.

Pensou, pensou, pensou até que teve uma brilhante ideia. Resolveu

convidar todas as crianças de uma aldeia da Lapónia para passarem um dia

na fábrica e, assim, distraírem os brinquedos. Mal as crianças da aldeia

souberam do convite, ficaram muito felizes.

Muito entusiasmadas, elas resolveram criar um calendário para sabe-

rem quanto tempo faltava para o Natal, pois era a primeira vez que o iriam

festejar.

Houve um pequeno imprevisto, a Mãe Natal ficou contagiada com um

vírus chamado “Natalismo”, alterando-lhe a personalidade, o que originou

Page 78: Contos de Natal em Rede

78

uma grande discussão com o Pai Natal.

Então mandou retirar as decorações, brinquedos e tudo com ligação ao

Natal. Os duendes estranharam tal comportamento. Reuniram-se todos e

chegaram a um acordo: enviaram uma mensagem urgente ao Pai Natal, via

Teleduende.

Ele, ao saber da situação, pegou na sua mota da neve e foi sempre a

acelerar!

Ao chegar à fábrica, algo estava errado. Onde estariam as suas decora-

ções de Natal?

Chamou o duende supremo, pois ele saberia dar-lhe uma explicação.

– O que se passou aqui?

– Ao certo não sei, mas…

– Como não sabes?! Tu é que és o responsável da fábrica!

– Eu creio que tenha sido a sua esposa.

– Como assim? Ela adora o Natal tal como eu!

– Então não se lembra que ela foi contagiada por um vírus?

– Ora!... Chamemos, de imediato, o Dr. Rodolfo que ele tem sempre

uma solução mágica e, geralmente, muito doce que cura sempre as maze-

las do corpinho e da alma também. E a Dona Natalícia anda mesmo a preci-

sar de uma poção mágica que lhe cure aquele mau humor e devolva a ale-

gria e o espírito natalício. Que te parece?

O Pai Natal, ao contrário do que todo o mundo pensa, não é sempre

aquele velhote bonacheirão que acede, sem condições, a todos os pedidos

que recebe. Mas… nesta situação difícil, a única coisa que lhe apetecia era

desenrascar-se e livrar-se deste problema que afetava tantas pessoas e tor-

nava difícil alcançar o espírito natalício. E sem ele, não haveria Natal.

Não havia alternativa. Faltavam poucos dias para a noite mágica de

Natal. De novo, acelerou na sua mota-natal em busca do Dr. Rodolfo. Pro-

curou por montes e vales (que o diabo do homem esconde-se sempre nos

mais recônditos lugares) e foi encontrá-lo dentro dum pequeno iglu perdido

na imensidão gelada e branca da Antártida, a brincar com os pinguins.

- Aleluia, criatura! Como quer que alguém o encontre neste fim de

mundo?!...

- Tirei uns diazitos para vir visitar os meus primos. Está com um ar

exausto e um tanto desesperado. Que se passa, amigo?

Enquanto o Pai Natal gaguejando, explicava o seu caso urgente, já o

Page 79: Contos de Natal em Rede

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vírus “Natalismo” se tinha propagado por toda a fábrica, impedindo que os

duendes trabalhassem com a alegria habitual do Natal. E a situação piorava

de minuto a minuto.

– Vamos imediatamente para o Norte! – exclamou Rodolfo – até porque

lá é que somos felizes…

E munido de toda a parafernália de poções que sempre o acompanha-

vam para onde quer que fosse, saltou para o banquinho do side-car do Pai

Natal e voaram bem mais depressa que a velocidade da luz.

Ao chegarem à fábrica, encontraram as portas fechadas e o cenário

prometia preocupações e muito talento. Deram a provar todas as poções

que levavam e nada de encontrar cura. Cansados e quase a desistir, para-

ram para beber uma coca-cola que salpicou sem querer o nariz da Mãe Na-

tal que, subitamente no meio de tremeliques, exclamou:

– Onde é que eu estou? Que nuvem de escuridão e tristeza é esta que

me rodeia? Então não percebem que o Natal se aproxima e a luz e alegria

são necessárias à felicidade das crianças? E porque não há um único enfeite

suspenso nesta triste fábrica?

Rapidamente a Mãe Natal se recompôs, tal como os duendes, e lá vol-

tou a vontade de repor todas as decorações de Natal, pelo que a alegria

dos brinquedos e das crianças regressou ainda com mais brilho e, naquele

ano, o Natal foi o mais alegre e festivo de que há memória.

7.ºA prof. Zélia e 8.ºD prof. Raquel

Page 80: Contos de Natal em Rede

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Finalmente, um Natal de sonho

Ao contrário dos outros Natais, a mãe não se encontrava atare-

fada na cozinha a amassar os biscoitos de gengibre que o José e a

Maria adoravam, nem a construir o presépio pelo qual ansiavam o

ano inteiro. Entre lágrimas, o seu rosto iluminado pelas chamas da

lareira deixava adivinhar o peso negro dos dias, ao folhear o álbum

de fotos. Os sorrisos da família unida feriam como punhais. Emanuel

partira para a guerra há alguns meses. A falta que o seu querido ma-

rido lhe fazia…

Sob fogo cruzado, Emanuel, do outro lado do planeta, com to-

das as suas forças, tentava aguentar-se. As feridas que as armas lhe

pudessem provocar iriam certamente ser menos dolorosas do que a

dor que a saudade da família lhe causava.

Acordado pelo mensageiro, Emanuel abre uma carta que o co-

mandante lhe enviara. O mundo caiu aos seus pés: como iria suster-

se firme na missão para coordenar o campo de prisioneiros? Estava

tão sedento de esperança, essa luz que lhe faltava há tantos dias.

Noite após noite, dia após dia, os rostos daqueles homens tornavam-

se imagens cada vez mais familiares. E o rótulo de inimigos foi-se

dissipando, difícil de sustentar perdido no meio do mar de saudades

que invadia cada um dos lados da guerra.

Era Natal.

À noite, durante a ronda, ia ouvindo os lamentos que em tudo

se assemelhavam aos seus. Uma esposa que ficara grávida sozinha

naquele povoado longínquo; o riso das crianças preso na memória; o

dia do aniversário passado com desconhecidos. Tantas, tantas histó-

rias parecidas com a sua. Histórias de seres humanos como ele que

de inimigos tinham apenas a bandeira. E o espírito natalício come-

çou a crescer, imparável, em cada rosto, em cada lágrima derrama-

da, em cada olhar sufocado de saudade e desespero. Eram todos tão

iguais no sofrimento…

A sua esposa e seus filhos em grande esperança de que o pai vi-

Page 81: Contos de Natal em Rede

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esse e, que finalmente acabasse aquela guerra que só os fazia sofrer

de ambos os lados. Até que Maria, por entre lágrimas, pediu à mãe e

ao irmão que começassem os preparativos porque não podiam ficar

parados sem fazer nada: tinham que festejar o Natal pois é uma

época de felicidade e união. Ainda meio cabisbaixos, a Maria come-

çou a falar de todos os momentos em família, como se o seu pai es-

tivesse presente. Então assim, começaram a nascer os primeiros sor-

risos deste Natal.

Como era Natal, Emanuel já estava farto daquele ambiente in-

feliz e dos presos inconsoláveis, todos os soldados (incluindo Emanu-

el) estavam dominados pelas saudades, lembrando-se das suas famí-

lias. Era impossível continuar naquela triste situação. Renderam-se,

libertaram os presos e voltaram para o país novamente. Vieram num

barco que chegou a terra rapidamente. Saíram a correr, apenas que-

riam ir ter com as respetivas famílias.

A família de Emanuel tinha visto as notícias e foi o mais depres-

sa que pôde ao cais buscá-lo. Quando chegaram, estava uma balbúr-

dia: as pessoas não deixavam ninguém passar, estavam novamente

com as lágrimas nos olhos, apenas queriam encontrar Emanuel. Jo-

sé, o mais pequenino, conseguiu ver a pulseira que tinha dado ao

pai, antes de partir para a guerra e que mais ninguém tivera igual.

Logo se reencontraram e emocionados abraçaram-se. Depois de ma-

tarem todas as saudades foram para casa felizes festejar o Natal em

família e a partir daí aquele dia tornou-se tradição familiar festejar

como se fosse uma festa.

Nunca percas a esperança porque a tua família esperará sempre

por ti, estejas onde estiveres, demorando o tempo que precisares.

8.ºD prof. Raquel e 7.ºF prof. Zélia

Page 82: Contos de Natal em Rede

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Um Natal diferente dos outros!

Como todos os contos tradicionais de Natal, “Era uma vez”… a

história de um simpático barbudo gorducho que habitualmente vem

distribuir sorrisos pelos garotos do mundo inteiro, numa noite, vesti-

do de vermelho, no seu trenó voador carregadinho de embrulhos bri-

lhantes com laçarotes coloridos, puxado por renas felizes de nariz

encarnado e que… esperem… isto não é uma novidade… quem ainda

acredita nesta história? E se não fosse assim? E se este velhote não

fosse assim tão tradicional?

Este aqui da nossa história é um tanto… alternativo. As renas,

essas, prefere deixá-las a descansar confortavelmente no jardim de

laranjeiras. Em vez disso, convida todos os anos o seu amigo Zacari-

as, o simpático e divertido dragão, para o ajudar a distribuir os pre-

sentes, voando por todo o mundo. Barba comprida e branca? Não,

não! Este nosso amigo ostentava, vaidoso, um artístico bigode, em

jeito de Salvador Dali, o que lhe emprestava um ar charmoso e ale-

Page 83: Contos de Natal em Rede

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gre. Aliás, o seu charme passava também por possuir uma invejável

forma física, o que lhe permitia manter a energia necessária para

aguentar dias e dias a fio naquela que era a tarefa mais importante

e desejada pelas crianças.

Mas as diferenças do conhecido velhote não ficam por aqui: To-

bias era um irremediável cabeça-no-ar, desorientado e muito desas-

trado. Ora vejam só o que lhe aconteceu numa certa noite de agita-

ção natalícia. No meio da sua natural distração, trocou as coordena-

das que o levariam aos lares onde se encontravam, de coraçõezinhos

aos saltos, as famílias ansiosas pelos presentes e, quando deu por

ela, viu-se em plena superfície lunar, bem longe das chaminés que,

coitadas, bem podiam esperar sentadas pelo momento feliz. Quando

reconheceu que se enganara, voou à velocidade da luz, chegando

tão atrasado aos seus destinos que os presentes da noite de Natal

desse ano foram entregues, atabalhoadamente, no dia de Carnaval.

O mês de novembro ia já longo. Tobias prometia a si próprio,

todos os anos, que “desta vez a coisa ia ser diferente e as chaminés

não teriam razão de queixa”. Mas… por mais que tentemos e jure-

mos, nunca conseguimos fugir à nossa natureza. Tobias, em vez de

se preocupar em cumprir as suas juras, deixava-se ficar dia após dia,

noite após noite, afundado no seu irresistível sofá fofo, cansado de

treinos diários para manter a sua forma física e agradar às raparigas.

E desta vez algo de pior aconteceu: levantou-se, com esforço do so-

fá e foi ver como estava o seu dragão. Lá fora, a neve caía suave-

mente mas não havia vestígios dele. Então, decidiu procurá-lo por

toda a parte e quando estava quase a desistir, ouviu um espirro e,

logo de seguida, sentiu uma onda de ar quente. Por isso, apercebeu-

se de que se tratava de Zacarias. Seguiu o som e o calor até encon-

trá-lo deitado no chão, fraco, pálido e sem se conseguir mexer. Ao

vê-lo naquele estado, sentiu-se com remorsos por pensar só nele

próprio e não no dragão nem nas pessoas que ainda acreditavam ne-

le. Assim, correu para casa para pedir ajuda para tratar do dragão,

já que não sabia como curá-lo e os preparativos de Natal estavam a

Page 84: Contos de Natal em Rede

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aproximar-se.

Tentou contactar rapidamente alguém que o ajudasse, mas co-

mo seria de esperar, ninguém deixou a sua azáfama do quotidiano

para socorrer um homem tão egocêntrico e um ser bastante assusta-

dor. Além do mais, Tobias não conseguia apagar a fama de ser irres-

ponsável e incumpridor das suas promessas. Por isso, teve de tratar

do seu dragão sozinho.

Os dias foram passando e não se observavam melhorias do seu

companheiro de viagem.

Tobias, por seu lado, estava cada vez mais deprimido e triste

até que, de repente, apareceu a espreitar à janela de sua casa uma

menina chamada Natália.

Era uma menina órfã que vivia solitariamente numa pequena

cabana meio destruída pelos nevões. Era tímida e vinha com a roupa

rasgada e cheia de frio e fome.

Nessa altura, Tobias reparou na pobre menina e convidou-a para

entrar em sua casa. Ela aceitou o convite e, mal entrou, deu de ca-

ras com um dragão muito queixoso e debilitado que depressa tentou

ajudar. Assim, pediu algumas compressas e água quente para aliviar

o seu sofrimento.

Enquanto Natália tratava cuidadosamente de Zacarias, explicou

ao Tobias de onde vinha a sua sabedoria: outrora, tinha tido uma

biblioteca em casa na qual passava as tardes a ler livros, essencial-

mente, sobre fadas e dragões. Deste modo, aprendeu muito sobre

eles sem nunca pensar que esses conhecimentos viessem a ser úteis.

Tobias ficou muito feliz por ter uma pessoa como Natália a aju-

dá-lo e por isso, decidiu dar-lhe abrigo, roupas novas e uma boa ali-

mentação. A menina ficou radiante por estar de novo acompanhada

e ser útil a alguém, pois sentia-se marginalizada pelas pessoas que a

rodeavam.

Passado pouco tempo, Tobias pediu-lhe que fosse sua ajudante,

desempenhando, é claro, o mesmo papel que os duendes tinham nos

contos tradicionais. A menina aceitou o convite, mas dentro de si

Page 85: Contos de Natal em Rede

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havia um objetivo secreto: tornar o Pai Natal numa pessoa melhor,

responsável e cumpridora dos seus compromissos, apagando, de uma

vez por todas, a má imagem que todos tinham dele.

Assim, quando chegou a noite de Natal, Zacarias, já curado,

transportou todos os presentes que foram entregues, pela primeira

vez, atempadamente pelo Tobias com a ajuda preciosa de Natália,

espalhando a alegria pelo mundo inteiro.

Às vezes, uma pequenina ajuda faz uma grande diferença na

vida de uma pessoa!

8.ºC prof. Raquel e 7.ºB prof. Teresa

Page 86: Contos de Natal em Rede

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O livro milagroso

Numa manhã gélida de inverno, numa aldeia recatada no inte-

rior da Serra da Estrela, vivia uma família muito pobre, numa pe-

quena cabana.

Estavam os cinco irmãos a caminho da escola, quando encontra-

ram três rapazes de famílias ricas, que começaram a fazer troça da

sua aparência. Estavam vestidos com roupas velhas, remendadas e

algumas até rotas; tinham os sapatos remendados pela sua mãe que

era a única costureira da aldeia.

Quando chegaram à escola, viram uma nota no chão. Obviamen-

te que, como passavam necessidades, foram apanhá-la. Logo come-

çou a risota e os sussurros de gozo por parte dos colegas. Ao aperce-

berem-se de que tinham sido enganados pelos colegas, que coloca-

ram a nota falsa no chão, foram a correr esconder-se de todos com

vergonha. Todos os dias os esperava uma nova partida. Estas já fazi-

am parte do seu dia a dia.

No final do dia foram combinar como fariam no dia seguinte pa-

ra não serem apanhados nas armadilhas dos colegas, que todos os

dias faziam troça deles por serem pobres. Mas de nada valeu! Volta-

ram a cair numa nova e diferente partida. Já fartos disto, saíram da

escola e sentaram-se num banco de pedra a choramingar. Eles só

queriam ter paz num dia. Estavam no Natal e queriam que começas-

se um ano diferente.

Para não pensarem na sua triste vida, uma das irmãs começou a

falar no que desejava naquele Natal e, assim, todos os seus irmãos

comentaram que nunca tinham recebido prendas. Não culpavam os

pais, pois sabiam que eles não tinham possibilidades, mas mesmo

assim faziam tudo por tudo para nunca lhes faltar nada.

Começaram as férias de Natal e a paz chegou finalmente aos

irmãos. A irmã, que dera a ideia naquele triste dia, insistiu para que

todos os irmãos escrevessem uma carta ao Pai Natal em que pedis-

sem o que mais queriam. Quando conseguiu convencê-los, foi logo

Page 87: Contos de Natal em Rede

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buscar um papel e uma caneta para cada um. O mais novo, sem per-

der a esperança, pediu uma mochila nova para todos os irmãos; o

segundo pediu que o jantar de Natal fosse especial; a irmã do meio

pediu que a mãe recebesse novas e bonitas linhas de costura e um

machado novo para o seu pai; a quarta escreveu que gostaria de re-

ceber roupas novas e sapatos para a família e o mais velho pediu

mantas novas fofinhas e acolchoadas.

E assim foram os cinco entregar as cartas ao posto do correio

com direção da Lapónia, a terra e casa do Pai Natal.

Entretanto, os cinco irmãos dirigiram-se para a sua cabana na

espectativa de verem os seus desejos concretizados.

De repente, pelo caminho encontram um pequeno livro casta-

nho-escuro que contrastava com a brancura da neve.

Num primeiro momento, eles pensaram que se tratava de mais

uma partida dos rapazes ricos. Num segundo momento, com a che-

gada do pai ao local onde se encontravam, os irmãos decidiram pe-

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gar no livro e levá-lo para realizar a sua leitura atenta.

Na sua pequena e pobre cabana, aquecida por uma grande larei-

ra, juntou-se toda a família para ler o livro. Este tinha uma dedica-

tória dirigida a uma das famílias mais ricas da aldeia, facto que des-

pertou a atenção e a curiosidade de todos e os levou a lerem-no in-

tegralmente naquele serão.

Após aquela leitura interessante, o pai resolveu devolver o livro

ao seu dono, tendo a família concordado com aquela decisão.

Passados poucos dias, o pai com os filhos dirigiram-se a casa do

dono do livro.

Era uma casa com dois andares, várias janelas e uma varanda

virada para a paisagem bela e des-

lumbrante da serra!

Bateram à porta. Veio uma

empregada que gentilmente lhes

perguntou o que desejavam. O pai

respondeu que gostaria de falar

com o dono da casa, pois tinham

encontrado um livro que lhe per-

tencia. Então, ela foi chamar o

patrão que entretanto também

surgiu à porta.

O dono da casa, apesar de reparar que aquelas pessoas estavam

pobremente vestidas, mandou-as entrar.

Lá dentro, a sala de estar estava iluminada, quente e acolhedo-

ra e o pai com os seus filhos sentaram-se confortavelmente para

contarem como tinham encontrado o livro.

O senhor Manuel ficou muito contente, porque aquele livro ti-

nha desaparecido há muito tempo da sua biblioteca. Era um livro

muito antigo que tinha passado de geração em geração e que conta-

va a história da sua família e da sua origem na pobreza.

Passados alguns momentos, surgiu a empregada com chocolate

quente para os meninos e um café para o pai. De seguida, apareceu

Page 89: Contos de Natal em Rede

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um dos filhos do senhor Manuel.

Os meninos pobres ficaram espantados e preocupados por esta-

rem em casa de um dos rapazes que mais gozavam com eles. Por seu

lado, o Guilherme, muito surpreendido com a presença dos meninos

pobres, dirigiu-se a eles de uma forma pouco correta, pensando nu-

ma nova partida. Só que o pai repreendeu-o e obrigou-o a sentar-se

junto deles. Então, contou que inicialmente a sua família era muito

pobre mas, com trabalho, esforço, dedicação e espírito de sacrifício

de todos os seus elementos, conseguiu poupar e obter aquela rique-

za que agora tinha. Acrescentou ainda que se devia respeitar sempre

as pessoas independentemente da sua pobreza ou riqueza.

O Guilherme ouviu com atenção o pai e pediu desculpa aos cole-

gas que humildemente a aceitaram.

O senhor Manuel ficou contente com a atitude do filho que com-

preendeu a importância de convivermos e de nos respeitarmos uns

aos outros.

Antes da família sair, o senhor Manuel ofereceu um trabalho ao

pai na sua empresa de lanifícios e convidou-o a passar a noite de

Natal em sua casa.

De seguida, o pai aceitou a oferta de trabalho assim como o

convite e partiu com os filhos alegremente para a sua cabana.

Finalmente, a noite de Natal chegou e a família pobre vestiu a

sua melhor roupa e dirigiu-se a casa dos ricos.

A consoada decorreu num ambiente de paz e alegria celebrando

-se o nascimento de Jesus.

À meia-noite, todos abriram os seus presentes e verificaram que

o Pai Natal tinha concretizado os seus pedidos! Para além disso, o

pai da família pobre recebeu um cheque de um valor considerável

de euros para fazer obras na sua cabana e transformá-la numa casa

acolhedora – foi a felicidade total!

E assim se destacou o espírito natalício, havendo harmonia en-

tre ricos e pobres graças ao livro que foi encontrado na serra!

7.ºF prof. Zélia e 8.ºC e 9.C prof. Teresa

Page 90: Contos de Natal em Rede

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Num certo dia de inverno, um viajante rico com três filhas mudou

-se para uma quinta muito distante da cidade. Saturado da sua vida

errante, decidiu fixar-se num sítio calmo envolto na natureza.

Era um homem alto, elegante, mas um pouco egoísta, pensando

somente nas suas filhas que eram a única lembrança da sua adorada

esposa, falecida há muitos anos.

A sua vida corria calmamente até ao momento em que as suas

filhas saíram, a cavalo, para explorar a área circundante à quinta.

Assim, durante essa exploração, elas depararam-se com um edifício

em ruínas que lhes despertou a atenção. Por isso, desceram dos ca-

valos e aproximaram-se para desvendar os segredos ali escondidos.

Mal entraram, foram surpreendidas por uma grande nuvem de pó e

um incrível cheiro a mofo. Ultrapassada esta primeira impressão,

decidiram investigar um pouco mais para saber o que estava nas pra-

teleiras e nas gavetas, com objetivo de descobrir o que fora outrora

aquele edifício.

Ao entardecer, enquanto as meninas continuavam entusiasmadas

com a sua pesquisa, o pai, por outro lado, estava preocupado com a

sua demora. Então, decidiu ir ao seu encontro, seguindo o rasto dos

cavalos.

Passado algum tempo, o pai encontrou-os e dirigiu-se para aquela

casa. Reparando que a porta estava aberta, decidiu entrar e encon-

trou as filhas que estavam sentadas em velhas cadeiras a ler livros

muito antigos. Nesse momento, o pai pediu emotivamente às filhas

que abandonassem aquele local, já que o mesmo lhe fazia lembrar a

esposa que tinha escrito vários contos de Natal. Por seu lado, as fi-

lhas acharam fascinante a leitura de um dos contos sem saber que

era da autoria de sua mãe.

O pai insistiu para que as filhas voltassem para a quinta, mas elas

não lhe deram ouvidos. Até que se viu na obrigação de lhes contar

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toda a verdade – a sua mãe tinha sido uma grande escritora e, como

ele tinha muitas saudades dela, era incapaz de ler qualquer livro.

Perante esta revelação, as três filhas decidiram não contrariar o

pai, que viam tão triste, e regressaram todos para casa.

A filha mais nova, porém, não se conformava com esta situação e

propôs às irmãs voltarem ao velho edifício, porque sentia que algo a

chamava para lá.

Assim, no dia seguinte, bem cedinho, aproveitando a ausência do

pai que tinha ido trabalhar, as três irmãs dirigiram-se ao edifício

misterioso.

Logo que chegaram, o olhar atento da mais nova fixou-se num

livro diferente de todos os outros que estava numa estante encosta-

da à parede. Levada pela curiosidade, a menina tocou no livro, com

a intenção de o retirar. Mas, assim que o livro se deslocou do sítio

em que estava, toda a sala tremeu violentamente, sacudindo a es-

pessa camada de poeira que tudo cobria.

Assustadas, as meninas viram a estante mover-se, deixando à vis-

ta uma abertura estreita e escura na parede.

Olharam, espantadas umas para as outras, mas, depois de uma

breve hesitação, resolveram entrar.

– Eu sabia que havia algo estranho neste lugar… – disse a mais no-va.

O corredor era muito escuro e frio. No entanto, muito ao longe,

avistava-se uma fonte de luz. E era para lá que as três irmãs, de

mãos dadas, se dirigiam.

Quando já estavam muito perto da luz, pararam, receosas, diante

de um compartimento. O que iriam lá encontrar? Sentiram um aro-

ma familiar, que não conseguiram, contudo, identificar. Enchendo-

se de coragem, atreveram-se a entrar.

À sua frente, numa sala bem iluminada e aconchegante, uma se-

nhora, sentada a uma secretária, escrevia. Parecia tão concentrada

no seu trabalho que nem deu pela chegada das meninas. Estas, de

tão admiradas que estavam, nem ousavam falar.

Page 92: Contos de Natal em Rede

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Contudo, a mais nova não conseguiu conter a sua curiosidade e

perguntou:

– Quem é a senhora?

A mulher estremeceu e ergueu-se, com um salto, da cadeira.

Quando olhou com mais atenção, nem queria acreditar no que esta-

va a ver. Aquelas três meninas, assustadas e perplexas, eram as suas

três adoradas filhas. Reconhecendo-as, mesmo ao fim de vários

anos, abraçou-as, emocionada, e explicou tudo.

O poderoso conde daquela terra tinha-a raptado e aprisionado

naquele lugar, fazendo com que todos acreditassem que ela tinha

morrido afogada no rio, pois o seu corpo nunca aparecera. Fizera

tudo isto, por causa do seu egoísmo, pois queria que ela escrevesse

Contos de Natal só para ele. Não queria partilhar com ninguém.

As meninas tiraram a mãe dali e regressaram a casa. Foi um reen-

contro muito feliz para todos.

Esta família teve, nesse ano, um Natal memorável, mágico e en-

cantador como o dos contos que a mãe das meninas escrevia e que,

agora, o pai lia, sentindo-se o homem mais feliz do mundo.

O velho edifício em ruínas foi transformado numa belíssima bibli-

oteca aberta a todos e o velho conde recebeu o castigo merecido

pelo seu egoísmo. Tudo isto, porque, felizmente, há sempre quem

acredite que todas as pessoas merecem ter um bom Natal e que as

coisas boas que existem no mundo devem ser partilhadas por todos.

7.ºB prof. Teresa e 8.ºA prof. Ana

Page 93: Contos de Natal em Rede

93

Rumo ao passado

Num futuro longínquo, onde o cheiro a tecnologia era notável e

em que o objetivo era apenas evoluir, a espécie humana, já quase

extinta, foi substituída pelos Cyborgs, espécie biónica, pessoas com

componentes cibernéticos. Tal situação deveu-se à ocorrência de

um grande sismo que provocara grande devastação e maremotos,

desagregando uma parte do velho continente europeu que passou a

andar como um barco à deriva no oceano.

Os habitantes ficaram preocupados com tão terrível aconteci-

mento e temeram pela sua sobrevivência. Os cientistas daquele pe-

daço de terra, agora transformada numa ilha, com medo da extinção

total da humanidade, transformaram os habitantes em Cyborgs. As

memórias foram-lhes retiradas para não se preocuparem com o pas-

sado e seguirem em frente, numa nova vida, rumo a uma maior evo-

lução. Para além do nome próprio, foi-lhes atribuído um código pes-

soal e uma pulseira.

Os habitantes robóticos lá foram retomando a sua vida, depen-

dentes do sol e do vento para o fornecimento de energia. Viviam,

agora, em casas em forma de iceberg, feitas de placas tecnológicas

que eram comandadas por botões ocultos nas suas cibercasas.

Com o passar dos anos, a sua esperança de longevidade era a

característica que mais lhes agradava. Se alguém tinha falhas técni-

cas eram usados nanobots, robôs de pequenas dimensões, que se

infiltravam no local da avaria e os arranjavam. Os perfeitos e jovens

Cyborgs eram envolvidos por uma finíssima camada de nanotecnolo-

gia, que lhes permitia ter uma aparência totalmente diferente da

original: bastava uma cápsula e já estava. Ao contrário da aparência

nanobótica, o seu aspeto original era aterrador. O olho esquerdo dos

Cyborgs era cibernético e analisava tudo em seu redor; a dentição

era metálica, pois já não conseguiam obter dentes humanos; apenas

três costelas eram de osso e as restantes eram de titânio; o braço

Page 94: Contos de Natal em Rede

94

direito era robótico com uma força impressionável; os joelhos eram

eletrónicos porque os de osso eram muito frágeis; em substituição

do cérebro tinham um disco rígido com uma capacidade de um yot-

tabyte (YB 1024) a que podiam ter acesso através de uma pen inse-

rida na cabeça.

No computador, os Cyborgs podiam escolher o tipo de comida

que queriam ingerir, mas também podiam escolher o seu sabor origi-

nal ou então modificá-lo. Após escolherem o alimento e o seu sabor,

bastava tocar no mostrador da pulseira que todos tinham no braço e

a transferência era feita instantaneamente.

Como tinham muito tempo de vida, a maioria dos Cyborgs dedi-

cava-se aos jogos informáticos e, especialmente, à procura de evo-

lução informática e tecnológica, pelo que o seu aspeto humano-

máquina, embora notável, condicionava as relações sociais. Os vizi-

nhos não se convidavam uns aos outros, não havia festas, ninguém

socializava com ninguém; só conversavam no trabalho e mesmo as-

sim era pouco. A forma de comunicação entre eles era um bocado

Page 95: Contos de Natal em Rede

95

estranha: comunicavam através de uma placa de metal que ficava

no centro do corpo que enviava informações digitalizadas para os

outros Cyborgs, ficando gravadas nos chips da placa mãe.

Certo dia, a rede informática começou a dar problemas.

Zultron, incumbido pelo chefe dos Cyborgs, teve de ir ao servidor

que ficava numa imensa sala subterrânea.

Zultron era um ser humano normal, embora

constituído por componentes cibernéticos que

transmitiam uma aparência robótica. Ele era

diferente de todos os outros Cyborgs. Tinha um

«olho puro», enquanto os outros já tinham os

dois olhos robotizados. Por isso ele via as coisas

de maneira diferente, só que não sabia o que

faltava. Dentro de tanta tecnologia destacava-se

uma parte humana (o seu ponto fraco). Quando

tocava com uma parte humana na de outro

Cyborg começava a sentir saudades de uma coisa

que não sabia o que era.

Ao aproximar-se do servidor, avistou um morcego. Curioso com

aquele pequeno animal, resolveu segui-lo. Este rapidamente desapa-

receu por uma falha que existia numa das juntas das grossas pare-

des, que fora aumentando devido à navegação sem norte da ilha.

Zultron apontou o seu pulso robótico para a parede, disparando

um lazer de cor vermelha a altas temperaturas que desenhou um

quadrado na parede e, depois, acionando um íman bastante poten-

te, arrancou-o da parede. O que encontrou do outro lado surpreen-

deu-o imensamente. Tratava-se de uma biblioteca antiga, soterrada,

por causa do terramoto. A biblioteca fora construída sobre uma

grande pedra parideira que se partira durante o sismo, fazendo com

que a biblioteca fosse engolida por uma cratera gigante no solo e aí

permanecesse esquecida.

Page 96: Contos de Natal em Rede

96

Zultron entrou cheio de entusiasmo e varreu o local com uma

luz de longo alcance proveniente da sua mão metálica. Estranha-

mente, a biblioteca sofrera poucos danos, permanecendo quase in-

tacta. Havia estantes no chão e outras que não tinham caído por es-

tarem presas às paredes, mas destas tinham escorregado os livros.

Zultron passeou um pouco pela biblioteca e, a dada altura, sentiu

um esvoaçar conhecido e viu de novo o morcego que pousou em ci-

ma de um velho livro, coberto de pó. Aproximou-se e, sacudindo o

pó, folheou o livro. Dentro encontrou imagens antigas de pessoas

reunidas à volta de uma mesa, num verdadeiro ambiente de festa.

A família era numerosa e todos vestiam camisolas com uma le-

tra que juntas formavam FELIZ NATAL. As crianças estavam todas

em pulgas para abrir os presentes que estavam debaixo da árvore de

Natal cheia de luzes e bolas multicolores, fitas douradas e pratea-

das. A mesa estava repleta de iguarias natalícias que fizeram com

que a parte humana de Zultron começasse a despertar.

Levado pela curiosidade, acedeu ao servidor informático e ten-

tou descobrir o significado daquelas imagens. Encontrou um ficheiro

Page 97: Contos de Natal em Rede

97

encriptado a que, com a sua sabedoria, facilmente acedeu. Para seu

espanto, constatou que continha as memórias que tinham sido reti-

radas aos humanos, na altura em que a ilha se desagregou. Zultron

procurou a sua memória, inserindo o seu código, ZUTiH2O, e, ao fim

de algum tempo, encontrou-a. Ligou-se ao servidor e copiou-a para

o chip integrado no seu cibercérebro. De repente e sem se dar con-

ta, deixou cair uma lágrima metalizada. A lágrima, ao cair no livro,

fez com que a imagem que lá estava se tornasse real, ou seja, ouviu

sinos, viu crianças a correr, sentiu o cheiro da comida natalícia e

assustou-se com uma gigantesca árvore de Natal. Para seu espanto,

o morcego voou em direção a ela e, logo que pousou no topo, trans-

formou-se numa grande estrela branca cintilante de brilhantes.

A pouco e pouco Zultron sentiu-se invadido por memórias do

Natal e assim compreendeu o significado das imagens do livro. “Será

que os outros Cyborgs também acederiam às suas memórias natalí-

cias se voltassem a implantar os seus chips?” - pensou.

Durante algumas semanas fechou-se na sua cibercasa, pesqui-

sando. Precisava de fazer a experiência com outro Cyborg, o que foi

uma tarefa muito difícil, porque ninguém comunicava com ninguém.

E isto fez com que ele tivesse ainda mais vontade de continuar a sua

pesquisa.

Encheu-se de coragem, vinda da sua parte humana e procurou o

vizinho, que nem sequer conhecia. Quem lhe abriu a porta foi uma

Cyborg, pois o revestimento metálico era dourado e não prateado

como o dos Cyborgs masculinos.

Zultron sentiu-se estranho. Conseguiu convencer, a muito custo,

a sua vizinha Saratron ZUTiAG a colocar o seu chip no cérebro para

ver o que acontecia.

Zultron temia que a Cyborg não conseguisse recuperar as suas

memórias e toda aquela ilusão terminasse. Mas, então, lembrava-se

das imagens do livro que tinha visto e das sensações tão boas que

tinha sentido e renascia uma esperança.

Foi com a sua mão metálica a tremer que Zultron inseriu o chip

Page 98: Contos de Natal em Rede

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no cibercérebro de Saratron ZUTiAG. Nada acontecia. O olhar metá-

lico da Cyborg permanecia frio e imperturbável. Num impulso,

Zultron resolveu mostrar-lhe os desenhos do livro que encontrara na

biblioteca e, subitamente, reparou que algo no olhar dela tinha mu-

dado e até parecia que estava a sorrir:

– Sim, lembro-me destes momentos… e é bom sentir… alegria! –

declarou ela, por fim.

Zultron sentiu um grande bem-estar dentro dele e percebeu que

era felicidade. Tinha conseguido.

A partir daí, juntos, Zultron e Saratron trabalharam arduamente

para restituir a memória a todos os outros Cyborgs, que, assim, re-

cuperaram não só o seu passado individual, mas também a capacida-

de de sentir: coisas más, é certo, como a tristeza e a desilusão, mas

também coisas tão boas, como a alegria, o amor, a amizade, a feli-

cidade, que dão sentido à vida do Homem.

7.ºE prof. Rui e 8.ºA prof. Ana

Page 99: Contos de Natal em Rede

99

Cápsula mágica

Num planeta muito distante, onde o Natal era coisa de que nun-

ca ninguém tinha ouvido falar, vivia um monstrinho, chamado

Agripino. Um monstrinho que, apesar do seu ar um tanto assustador,

devido ao tufo de malha metálica que lhe cobria a cabeça e aos seus

olhos cor violeta, não passava dum pobre diabo. Quer dizer, um dia-

binho irrequieto…

No meio das suas muitas brinca-

deiras de miúdo, avistou algo que bri-

lhava como uma fita de prata. Como

era muito, muito curioso, foi-se apro-

ximando pé ante pé até alcançar

aquele objeto que brilhava e tremia.

Que vontade de lhe tocar… de lhe dar uma dentadinha. Tratava-se

de uma cápsula. De repente… ”Agripino!” – chamou ao longe a mãe…

Escondeu desajeitadamente a cápsula no bolso.

Durante a noite, Agripino, sem que ninguém desse conta, desli-

zou silenciosamente até à oficina do seu avô. Ali, habituara-se ele a

refugiar-se do mundo por ser um local sossegado e onde sabia que os

segredos, se os levasse até ali, estariam seguríssimos, pois o avô era

a o seu melhor amigo e confidente.

Do seu bolso saiu então a brilhante cápsula mágica e imediata-

mente uma luz que preenchia o objeto inundou toda a escuridão da

oficina de uma chuva brilhante nunca vista nem sentida. Logo se

apoderou do seu corpo e da sua mente uma estranha e irreprimível

vontade de ajudar todos os outros monstrinhos que viviam no seu

planeta. Não que ele fosse egoísta ou indiferente aos que o rodea-

vam. Nada disso. Era até bastante solidário e sociável. Mas a nuvem

cintilante saída daquela cápsula ia impregnada de uma magia a que

nós, no planeta Terra, chamamos de espírito natalício. E, como sa-

Page 100: Contos de Natal em Rede

100

bemos, quem por aqui é tomado por essa magia, nunca mais voltará

a ser o mesmo e os sinais de tristeza, violência, ódio ou egoísmo,

por ténues que persistam no coração de cada ser, desaparecem para

sempre.

Na verdade, no planeta Terra, o Pai Natal tinha sido incumbido

pela Ordem dos Pais Natais Terrenos, naquele ano de 3018, da mis-

são de expandir o espírito natalício por todo o lado, pois a maldade

e a violência crescera assustadoramente por todo o espaço e amea-

çava apoderar-se do universo.

O presente ano aproximava-se rapidamente do Natal: era o dia

30 de novembro. Agripino fazia justiça ao seu nome e espirrava con-

tinuamente, de 20 em 20 segundos. Era por isso que todos na escola

se riam dele, sobretudo o rapaz mais velho e arrogante da turma,

chamado Bissolvon.

Ora, neste dia, algo estranho se passou na biblioteca, quando

estava em marcha a leitura do conto “Natal Mágico”. Estavam todos

os alunos de respiração suspensa e de olhos arregalados quando

Agripino espirrou, no entanto desta vez foi um espirro especial. O

barulho foi intenso, mas, ao contrário do habitual, perfazia uma me-

lodia alegre e tranquilizante ao mesmo tempo que se soltava uma

massa gasosa com as cores do arco-íris que atingiu em cheio Bissol-

von. E este, dirigindo-se ao colega, disse:

- Saúde, amigo! Queres um lenço?

Todos ficaram boquiabertos com este comentário, tão amável

como inabitual da parte de Bissolvon.

Criou-se a partir daqui uma cadeia de espirros que impregnava

com esta nuvem todos os monstrinhos e as respetivas famílias. As-

sim, estavam todos imbuídos de uma amabilidade e solidariedade

nunca antes vistas e que, na Terra, como já foi dito, se chamava

espírito natalício.

O Pai Natal, ao saber do sucedido, quis ver com os seus próprios

olhos, pois custava-lhe acreditar nesta situação tão surpreendente.

Deslocou-se com o seu trenó e a sua dúzia de renas, sem esquecer

Page 101: Contos de Natal em Rede

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Rodolfo, ao planeta de Agripino, Pharmacialândia, na expectativa de

inaugurar a celebração do Natal naquele planeta, caso os rumores

fossem confirmados:

– E não é que era verda-

de??!! - balbuciou estupefacto o

Pai Natal, que logo se apressou

a distribuir presentes por todas

as casas.

Quando estava quase a aca-

bar a sua ronda, chegou a casa

de Agripino. Este acordou ines-

peradamente com um barulho

vindo da chaminé. Pé ante pé,

sorrateiramente, para não acor-

dar os pais, dirigiu-se à sala,

onde o Pai Natal, já cansado,

decidiu “passar pelas brasas”

no confortável sofá. Agripino

ficou em pânico: “– Quem seria

aquele homem todo vestido de

vermelho e branco, com umas barbas rendilhadas cor de neve e com

uma barriga maior que uma almofada? O que fazer?” – murmurou

para si próprio.

E surgiu-lhe de imediato uma ideia: “Porque não ir à Pharma-

net?!” –pensou. Agripino subiu imediatamente para o seu quarto e

ligou o seu computador. Depois de uma rápida pesquisa, encontrou a

designação Pai Natal. Apressadamente, Agripino atravessou o corre-

dor para ir ter com a figura mítica e que ele pensava não existir na

realidade, mas qual não é o seu espanto quando não vislumbrou

qualquer vestígio da sua presença.

Triste por ter perdido uma oportunidade única para fazer as

centenas de perguntas que se atropelavam na sua boca, Agripino

olhou pela janela e ainda avistou o trenó já em movimento, pronto

Page 102: Contos de Natal em Rede

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para partir rumo ao planeta Terra. Numa corrida desesperada, vai

em direção ao trenó e, num último impulso, salta para a sua trasei-

ra. De repente, avistou um novo planeta. Era o famoso planeta Ter-

ra.

Depois da aterragem, quando o Pai Natal se preparava para dis-

tribuir mais alguns presentes, apanhou um “susto de morte” com

Agripino. Combinaram então percorrer o planeta para que Agripino

pudesse conhecer o verdadeiro espírito natalício que se vivia neste

planeta.

Agripino ficou surpreendido com as tradições, com os cânticos,

com as deliciosas especialidades gastronómicas e com os maravilho-

sos e multicolores enfeites natalícios. O seu sonho era que todos no

seu planeta celebrassem o Natal desta forma. E agora, por causa dos

seus espirros, até era mais fácil porque, na realidade, esse espírito

já estava presente no coração dos monstrinhos. Já só faltava a parte

festiva! Mas como mostrar ao seu planeta esta realidade que tinha

observado?

Como se o Pai Natal tives-

se lido os seus pensamentos,

ofereceu-lhe uma Polaroid.

Apanhou, então, boleia com o

Pai Natal para o seu planeta e,

mal aterrou, distribuiu as doze

mil e quinhentas fotografias

que tinha tirado pelas famílias

de monstrinhos. Sem esquecer

uma selfie com o Pai Natal!

Afinal, os espirros de Agripino fizeram toda a diferença, pois

sem eles o Natal não teria sido possível na Pharmacialândia.

8.ºE prof. Raquel e 7.ºD prof. Mª Alberto

Page 103: Contos de Natal em Rede

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Ilustradores

8.ºC e 9.º C

Afonso Matias

Ana Lourenço (7.º D)

Beatriz Fernandes (8.º C)

Beatriz Marques (8.º C)

Carolina Simões (8.º C)

Clara Fernandes (6.º F)

Constança (6.º F)

Diana

EB1 CNT4B

EB1 COR12

Eva Oliveira

Filipa (8.º E)

Francisco Machado (7.º B)

Inês Catarino

Julie (7.º B)

Leandro (8.º C)

Luís

Margarida Simões (7.º B)

Mariana Pereira (8.º E)

Mariana Reis (8.º E)

Martim Machado COR 34

Miguel

Patrícia Costa (8.º C)

Pedro Gomes (7.º E)

Pedro Reis

Rafael Machado (8.º E)

Rodrigo

Rodrigo COR34

Tiago Reis

Nota

Foi necessário proceder a ajustes, pelo

que algumas ilustrações e fotografias

surgem adaptadas e sem identificação.

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