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CADERNO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DOS DOCENTES 01 Temática Mudanças nas famílias, impactos no comportamento de crianças e adolescentes na dinâmica das salas de aula e de outros espaços escolares agosto 2015 PREFEITURA DE CONTAGEM Cidade para trabalhar e viver

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CADERNO DE FORMAÇÃOCONTINUADA DOS DOCENTES

01Temática

Mudanças nas famílias, impactos no comportamento de crianças e adolescentes na dinâmica das salas de aula e de outros espaços escolares

agosto 2015

PREFEITURA DECONTAGEMCidade para trabalhar e viver

CADERNO DE FORMAÇÃOCONTINUADA DOS DOCENTES

01Temática

Mudanças nas famílias, impactos no comportamento de crianças e adolescentes na dinâmica das salas de aula e de outros espaços escolares

PREFEITURA DECONTAGEMCidade para trabalhar e viver

PREFEITO: Carlos Magno de Moura SoaresVICE-PREFEITO: João Guedes Vieirawww.contagem.mg.org.br

COORDENAÇÃO: Rudá RicciSECRETÁRIA: Juliana Velascowww.institutocultiva.com.br

EQUIPE DE CONSULTORES

EDUCAÇÃO MUNICIPALCOORDENAÇÃO: Sames Assunção MadureiraASSESSORIA PEDAGÓGICA:Cláudia Sapag RicciSimone Machado

LIDERANÇAS SOCIAIS

COORDENAÇÃO: Franciele AlvesASSESSORIA PEDAGÓGICA DA FORMAÇÃO CONTINUADA:Marcelo AssisMíriam SantosSara Azevedo

EDIÇÃO: Vilarejo ComunicaçãoPROJETO GRÁFICO: Marquélia DamacenoJaquelline ArimuraCAPA: Marquélia DamacenoFOTOS: Divulgaçãowww.vilarejocomunicacao.com.br

COLABORAÇÃO:Educação Infantil

Ensino FundamentalEducação de Jovens e Adultos

Programa de LeituraDECADI-Diversidade e ações afirmativas

Educação InclusivaEducação Integral

Programa Saúde na escola

APOIO TÉCNICO:Lívia Torres Cabral

SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO SECRETÁRIO: José Ramoniele R. Dos SantosSECRETÁRIO ADJUNTO: Ademilson Ferreira de Souza

DIRETORIA DE FORMAÇÃO CONTINUADACOORDENAÇÃO: Tereza Cristina de OliveiraCrélia Leite Madureira AmbiresAna Paula Fernandes Pinto

ASSESSORIA PEDAGÓGICA:Aline de Oliveira França de SouzaEliana Correia Fogaça OikoGhisene Santos Alecrim GonçalvesMadalena Gomes Barreto Telma de Freitas

ORGANIZAÇÃOCláudia Sapag Ricci

Rudá RicciCOORDENAÇÃO

Sames Assunção MadureiraAPOIO TÉCNICO

Lívia Torres Cabral

Contagem / Belo HorizontePrograma de Formação Continuada

SEDUC / Instituto Cultiva2015

CADERNO DE FORMAÇÃOCONTINUADA DOS DOCENTES

01Temática

Mudanças nas famílias, impactos no comportamento de crianças e adolescentes na dinâmica das salas de aula e de outros espaços escolares

PREFEITURA DECONTAGEMCidade para trabalhar e viver

XXXXXX Formação Continuada: Mudanças nas famílias, impactos no comportamentode crianças e adolescentes na dinâmica das salas de aula. Cláudia Sapag Ricci, Rudá Ricci, Lívia Torres Cabral, Sames Assunção Madureira. – Belo Horizonte/Contagem: Instituto Cultiva / Secretaria Municipal de Educação, 2015.

XXp.: il.

Inclui bibliografia

ISBN: XXX-XX-XXXXXX-XX-X

1. Educação. 2. Formação Docente. 3. Saberes Docentes. I. Instituto Cultiva; Secretaria Municipal de Educação de Contagem. II. Ricci, Cláudia Sapag. III. Ricci, Rudá. IV. Madureira, Sames Assunção. V. Cabral, Lívia Torres.

CDD: XXX.XXCDU: XX.XX

Catalogação na fonte: Vilarejo Comunicação

Todos os direitos reservados.

CADERNO DE FORMAÇÃO CONTINUADA DOS DOCENTES

Temática

Mudanças nas famílias, impactos no comportamento de crianças e adolescentes na dinâmica das salas de aula e de outros espaços escolares

AUTORESCláudia Sapag RicciGraduação em História (UNESP/Assis-1984); Mestrado em História (PUC-SP/1992); Doutorado em História Social (USP – 2003); Pos Doutorado em Educação (UMinho– Braga/Portugal 2014-2015); Especialização em Planejamento, Implementação e Gestão da EAD (UFF – 2013). Professora associada (UFMG);Pesquisadora do LABEPEH/CP/FAE/UFMG; Assessora Pedagógica do Museu Itinerante PONTO UFMG. Consultora Pedagógica do Instituto Cultiva. Atua principalmente nas áreas de Ensino de História (currículo, formação docente, materiais didáticos) e Educação (avaliação, estágio e pesquisa).

Lívia Torres CabralGraduação em Geografia (UFMG); Mestrado em Educação (UEMG); Pesquisadora do LABEPEH/CP/FAE/UFMG e do Grupo de pesquisa: Polis e Mnemosine: Educação, Memória e Culturas- FAE/UEMG. Consultorado Instituto Cultiva.Professora-pesquisadora-formadora do programa de Aperfeiçoamento de Professores- Escola da Terra (MEC/ FaE- UFMG).

Rudá RicciGraduação em Ciências Sociais (PUC-SP); Mestrado em Ciências Políticas (UNICAMP); Doutorado em Ciências Sociais (UNICAMP); Diretor Geral do Instituto Cultiva; Grande Medalha do Mérito Educacional de Minas Gerais; Coordenador Técnico da implantação do sistema de formação continuada da rede estadual de ensino de Minas Gerais (2001-2002); elaborador do orçamento participativo criança; consultor pedagógico do programa de pós-graduação de lideranças sociais da Cáritas Brasileira; Consultor na formulação do projeto pedagógico das escolas cooperativas vinculadas à OCEMG.

Sames MadureiraGraduação em Letras. Consultora pedagógica do Instituto Cultiva. Secretária Municipal de Educação de Governador Valadares, nas gestões 2009/2012 e 2001/2004; Vice-presidente estadual da Undime/MG, Vice-presidente da Região Sudeste e Conselheira Nacional da Entidade 2001/2004; Coordenadora de Ensino dos Colégio Franciscano Imaculada Conceição, Colégio Ibituruna dos Padres Escolápios e da Escola Técnica de Formação Gerencial do SEBRAE. 1996/2000; Diretora do Departamento de Recursos Humanos da Superintendência Regional de Ensino de Governador Valadares; Diretora de Escola Estadual em Governador Valadares. 1988; Uma das fundadoras do SIND-UTE, em Governador Valadares.

Aos participantes do Programa de Formação

ContinuadaPrezados,

No Brasil, a formação continuada, nos mais variados níveis, tem ganhado destaque.

O Município de Contagem, em consonância com as metas do Plano Nacional de Educação e do Plano Municipal de

Educação (PNE e PME), prima pela valorização do trabalhador em educação, ao assegurar a Formação Continuada para os profissionais da Rede Municipal de Educação, que contribui para a melhoria da qualidade social da educação e favorece discussões, reflexões e intervenções sobre o cotidiano escolar. Soma-se a

esses dois objetivos, o de gerar um sistema de comunicação entre quadros funcionais da educação municipal e apresentar informações gerenciais que possibilitam a revisão constante do planejamento da SEDUC.

No dia 18 de junho de 2015, a SEDUC lançou o Programa de Formação Continuada do Município com o objetivo de possibilitar

aos profissionais da educação tempo coletivo para discussão e reflexão sobre a sua prática pedagógica e social, tendo como objetivo

a reestruturação ou elaboração do Projeto Político Pedagógico da escola. Esse tempo para estudos, certamente, resultará em melhorias

no processo ensino/aprendizagem, beneficiando os profissionais da educação e, sobretudo, os estudantes.

A Formação em SERVIÇO em grandes dimensões e Pensar a cidade como uma REDE são dois conceitos fundamentais a serem desenvolvidos neste programa que atenderá Dirigentes Escolares; Pedagogos; Articuladores Comunitários; Docentes; Lideranças Sociais; Conselheiros Tutelares; Conselhos de Direitos; Quadros do Administrativo e Conselhos Escolares. Para cada público haverá um subprograma, com material de apoio e modalidades (presencial ou semi-presencial, cursos ou atividades sequenciais e cumulativas) específicos.

A formação para os cerca de 4 mil professores será presencial na escola (local e horário de trabalho) durante encontros quinzenais, com duração de duas horas, com mediação dos(as) pedagogos(as) e a distância em ambiente virtual de aprendizagem. As atividades terão como base uma sequência temática definida pela Diretoria de Formação Continuada da SEDUC, em articulação com as unidades escolares.

Ao final dos debates de cada tema, a SEDUC terá um mapa da situação de cada uma das 132 unidades escolares que compõem a rede municipal, para que possa adotar as intervenções exigidas para qualificar as atividades educacionais naquela unidade.

Nos dias de encontros coletivos para a formação, os Programas Mais Educação, Segundo Tempo, AEE (Atendimento Educacional Especializado) e outros, cuja carga horária for estendida, terão carga horária normal.

A formação continuada dos docentes contempla as etapas e modalidades da educação básica: (Educação Infantil, Ensino Fundamental e EJA).

Todos os servidores receberão certificados de participação nos cursos, desde que comprovada frequência mínima (75%), entregue toda documentação comprobatória (ata/registro da atividade, lista de presença original e relatório por módulo) e apresentação de TCC (Trabalho de Conclusão do Curso).

A comunidade escolar deverá ser comunicada antecipadamente sobre as formações para melhor organização das famílias. É importante ressaltar que os estudantes não terão prejuízo de dias ou de carga horária letiva, pois o tempo coletivo das formações será ser compensado, com extensão de carga horária em atividades de caráter pedagógico, tais como: Trabalhos de Campo, Festas previstas no Calendário Escolar, Olimpíadas Estudantis, Atividades Culturais, Gincanas, Feiras, Mostras de Trabalho.

Atenciosamente,

José Ramoniele Raimundo Santos Tereza Cristina de OliveiraSecretário Municipal de Educação Dirigente da Formação Continuada

12 14O CADERNOFORMAÇÃO CONTINUADA

Uma breve apresentação do que contém esse caderno. Suas temáticas e estrutura.

O TEMPO PASSA, A FAMÍLIA PERMANECE A MESMA?

Ao longo do tempo a organização familiar se altera. Os diferentes perfi s: envolvidos, distantes, intermediários, comprometidos, vinculados

20Quem são, então, essas crianças e adolescentes, das famílias atuais?

Características sociais, históricas e culturais. Posturas, opiniões, linguagens, formas de se vestir, origens social dos sujeitos aprendizes da escola.

27 41 45CONTEXTO ESCOLAR: DIFERENTES GERAÇÕES, ANSEIOS, EXPECTATIVAS, TEMPOS E ESPAÇOS

DICAS E SUGESTÕES REFERÊNCIAS

Impactos vivenciados no contexto escolar ao se considerar a diversidade de sujeitos – aprendizes, docentes, técnicos - em sua peculiaridade e complexidade.

Orientações para a o registro avaliativo – descritivo da formação continuada.

Livros, Links, Mídias sobre a temáticaFAMILIAS – ALUN@S - ESCOLA

o cadernoformação continuada

O caderno de formação continuada dos docentes, é o recurso que, junto ao vídeo, visa contribuir com as reflexões e debates das reuniões coletivas quinzenais dos docentes da rede Municipal de Educação de Contagem.

O vídeo e o caderno têm como eixo norteador situações vivenciadas no cotidiano escolar - os desafios dos processos de ensino e de aprendizagem e de formação dos alunos assim como ideias e experiências sentidas e vividas no trabalho de educar.

Os subtítulos revelam as questões em foco para o primeiro encontro temático. Trata-se de temáticas detectadas em pesquisas junto à rede municipal, assim como presentes em estudos e pesquisas na área educacional.

o cadernoformação continuada

O caderno de formação continuada dos docentes, é o recurso que, junto ao vídeo, visa contribuir com as reflexões e debates das reuniões coletivas quinzenais dos docentes da rede Municipal de Educação de Contagem.

O vídeo e o caderno têm como eixo norteador situações vivenciadas no cotidiano escolar - os desafios dos processos de ensino e de aprendizagem e de formação dos alunos assim como ideias e experiências sentidas e vividas no trabalho de educar.

Os subtítulos revelam as questões em foco para o primeiro encontro temático. Trata-se de temáticas detectadas em pesquisas junto à rede municipal, assim como presentes em estudos e pesquisas na área educacional.

Início de conversa

Procuramos apresentar nesse caderno informações, dados, depoimentos, imagens e questões sempre na perspectiva dialógica e problematizadora.

Famílias em Mudança, Ser Criança, Adolescências, Redes Sociais, Novas Expectativas dos Estudantes, Instrução das mães e desempenho escolar, Comunidades Virtuais, Impacto nas Salas de Aula são alguns conceitos apresentados, nessa perspectiva e visando contribuir com as reflexões e (re)significação do fazer docente!

Diretoria de Formação Continuada – SEDUC e Instituto Cultiva

Organizado em três grandes eixos, esse caderno apresenta dados sobre:

• O perfil, composição e atuação das organizações familiares;

• O perfil e formas de socialização das crianças e adolescentes;

• Os impactos vivenciados no contexto escolar ao se considerar tais sujeitos aprendizes em sua peculiaridade e complexidade.

PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA

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o tempo passa,a família permanece

a mesma ?Empregado do governo saindo a passeio - Debret

Aquarela sobre papel - 1820-1825 - Museus Castro Maya, Rio de Janeiro.Segundo Debret “ A cena desenhada

representa a saída para o passeio de uma família de posses médias, cujo chefe é um funcionário do governo. Segundo o antigo hábito ainda observado nessa classe, o chefe da família caminha na frente seguido imediatamente de seus filhos, postos em fila por ordem de idade, o mais jovem sempre na frente;em seguida vem a mãe, ainda grávida; atrás dela sua criada de quarto, escrava mulata, muito mais distinguida no serviço do que uma negra; a ama negra; o escravo da ama; o negro doméstico do senhor, um jovem escravo formado no serviço, seguido do negro novo recém-comprado, escravo de todos os outros, cuja inteligência natural mais ou menos ativa deve se desenvolver pouco a pouco à força de chibatadas, o guarda da casa e o cozinheiro.” (BANDEIRA, Julio & LAGO, Pedro Corrêa do. Debret e o Brasil. Obra Completa. Rio de Janeiro: Capivara, 2007, p. 169)

Empregado do governo saindo a passeio.Debret, 1820-1825

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Ausências.Gustavo Germano,2012

FamíliaTarsila do Amaral, 1925

Ausências - Gustavo Germano - 2012

O Projeto Ausências B r a s i l d e n u n c i a o s a s s a s s i n a t o s c o m e t i d o s d u r a n t e a ditadura militar de

uma maneira inusitada: com fotos onde os personagens principais não estão presentes. O fotógrafo argentino Gustavo Germano – idealizador da proposta e parceiro da Agência Livre para Informação, Cidadania e Educação (ALICE) no projeto – garimpou retratos nos álbuns das famílias dos desaparecidos políticos e remontou as mesmas cenas, com personagens e cenários idênticos, evidenciando assim a dolorosa falta daqueles que não se encontram mais ali. Inicialmente o Projeto Ausências foi realizado na Argentina e, por meio de convênio firmado entre a ALICE e a Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR, tornou-se possível realizar a versão brasileira. A intenção de Germano é ampliar o trabalho aos demais países latino-americanos marcados por ditaduras militares.Durante os meses de junho e julho de 2012 a equipe formada por Gustavo Germano, Luciano Piccoli e André Garcia rodou o Brasil fotografando familiares de diversos mortos e desaparecidos, entre eles Bergson Gurjão Farias, Luiz Almeida Araújo, Fernando Augusto De Santa Cruz Oliveira, Iuri Xavier Pereira, Alex de Paula Xavier Pereira, Arnaldo Cardoso Rocha, Jana Moroni Barroso, Ana Rosa Kucinski Silva, Devanir José de Carvalho, Virgílio Gomes da Silva, Luiz Eurico Tejera Lisboa, João Carlos Haas Sobrinho. O folder (em anexo) produzido especialmente para a exposição, conta a história de 12 casos brasileiros e cinco argentinos, revelando aspectos da vida dessas pessoas.

(Projeto Ausências Brasil torna os desaparecidos presentes – 5/12/12 – ABRAJI http://www.abraji.org.br/?id=90&id_noticia=2276 )

A Família - Tarsila do Amaral - Óleo sobre tela - 1924Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia,

Madri, Espanha.A pintora retratou também o nosso povo. Aqui, uma singela família do interior, com seus animais de estimação. Era um retrato de uma típica família trabalhadora da época, em um Brasil recém saído da escravidão, que ainda não sabia quais os rumos a serem tomados para se tornar um país desenvolvido. (Tarsila Site Oficial

http://tarsiladoamaral.com.br/obras/pau-brasil-1924-1928/ )

PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA

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FAMÍLIAS EM MUDANÇAProfissionais das mais diversas áreas têm focalizado a família

como objeto de estudo a partir da constatação de que ela desempenha papel fundamental no desenvolvimento e manutenção

da saúde e no equilíbrio emocional de seus membros. (SIMIONATO & OLIVEIRA, 2003)

A questão que nomeia o título assim como as imagens de Debret, Tarsila do Amaral e Gustavo Germano têm como objetivo provocar reflexões sobre a organização familiar, sua diversidade e complexidade.

Como mero exercício, procure pensar em sua família, nos antepassados mais longínquos dela, nas famílias de seus alun@s, nas famílias representadas na mídia atualmente...

Qual imagem é mais significativa?

Há um dito popular que diz: “família é sempre igual, mudam somente o sobrenome e endereço”.

Qual ideia predominante nessa expressão?

Mesmo diante de suas semelhanças ou de suas diferenças, é inegável o papel que a família desempenha na formação de valores, hábitos e comportamentos de crianças e adolescentes.

A organização do núcleo familiar tem se alterado ao longo dos tempos, afetado por diversos fatores, como, por exemplo, a progressiva presença feminina no mercado de trabalho, a modernização acelerada das cidades, o crescente acesso da população aos serviços básicos de saúde, a ampliação da prestação de serviços públicos educativos e preventivos em relação à saúde da mulher e da mulher gestante.

Segundo pesquisa do IBGE,

Mudanças nas relações estabelecidas no interior dos arranjos familiares do tipo casal, com aumento da proporção de mulheres

como pessoa de referência destas famílias entre 2004 e 2013. No caso dos núcleos formados por casal sem filhos, a proporção de mulheres como pessoa de referência passou de 6,6% para 19,4% e, no de casais

com filhos, de 5,1% para 20,3%. Nos arranjos monoparentais com filhos, as proporções mantiveram-se estáveis. (IBGE, 2014, p.73)

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As alterações da estrutura ou organização familiar estão intrinsecamente relacionadas com as transformações sociais. O modelo de família patriarcal, por exemplo, era predominante num país majoritariamente rural como o Brasil até os anos 60.

PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA

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No final da década de 60 com a intensificação do processo de urbanização, há um aumento significativo no número de separações, divórcios e de variados núcleos familiares: casais com filhos de diferentes uniões; casais homossexuais, muitos deles com filhos de outras relações ou adotando filhos legalmente; casais com moradias distintas; pais e/ou mães com netos, frutos de relacionamentos de seus filhos que não se casaram; mulheres que optaram pela maternidade (as chamadas “produções independentes”), entre várias outras formas de composição.

Esses novos modelos são destacados como características das novas relações dessas últimas décadas nos estudos e pesquisas sobre o tema Família sejam da Psicologia, do Direito ou áreas correlatas. Mais do que “crise”, “enfraquecimento” ou mesmo “fim” da instituição chamada família, o que se destaca é a criação de novos formatos de sua composição.

Taxa de ubarnização brasileiraPopulação urbana População rural

64%

36%

55%

45%

44%

56%

34%

66%

26%

74%

19%

81%

16%

84%

69%

31%

1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000 2010Fonte: IBGE

Fonte: Censo Demográfico 2010 IBGE

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“A família hoje tem outra realidade. E é outra dificuldade do professor que está em sala de aula. Ele não está dando conta dessa família que está aí hoje. Essa família que não está tendo tempo para esse aluno. Essa família que não é parceira. Essa família que não dá conta de olhar o caderno todo dia, porque a gente acha que ela deveria olhar o caderno todo dia.” (grupo focal com professores da rede municipal de ensino de Contagem, 08/05/2015)

Família: definição polêmicaA Câmara dos Deputados está promovendo em seu site (http://www2.

camara.leg.br/enquetes/listaEnquete) uma enquete sobre quem está a favor ou contra a definição de família apresentada no Estatuto da Família: “define-se entidade familiar como o núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável, ou ainda por comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”. Trata-se de uma questão polêmica: alguns não vêem problema nessa conceituação; outros a aceitam acreditando que não pode haver definição diferente, pois qualquer variação (como a união entre dois homens ou entre duas mulheres) não constitui uma família; outros a avaliam como equivocada, conservadora e excludente dos direitos de minorias com diferentes opções sexuais. E você, o pensa a esse respeito? Você é a favor do conceito tradicional? Ou acredita que outros tipos de união também constituem uma família?

Resultados em julho de 2015:

Família: definição polêmicaA Câmara dos Deputados está promovendo em seu site (http://www2.

camara.leg.br/enquetes/listaEnquete) uma enquete sobre quem está a favor ou contra a definição de família apresentada no Estatuto da Família: “define-se entidade familiar como o núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável, ou ainda por comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes”. Trata-se de uma questão polêmica: alguns não vêem problema nessa conceituação; outros a aceitam acreditando que não pode haver definição diferente, pois qualquer variação (como a união entre dois homens ou entre duas mulheres) não constitui uma família; outros a avaliam como equivocada, conservadora e excludente dos direitos de minorias com diferentes opções sexuais. E você, o pensa a esse respeito? Você é a favor do conceito tradicional? Ou acredita que outros tipos de união também constituem uma família?

Resultados em julho de 2015:

PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA

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qUEM SÃO, ENTÃO,

ser criança

adolescenteS DAS FAMÍLIAS ATUAIS

ESSAS CRIANÇAS e?

A criança, a infância e a família foram entendidas de maneiras diferentes no decorrer dos tempos e sua significação pode mudar ainda hoje, de acordo com a metodologia que fundamenta sua análise, modificando

seu conceito conforme o olhar que recebe, seja ele histórico, sociólogo, antropólogo, filosófico ou psicológico (OLIVEIRA & ROBAZZI, 2006: 19).

Por muito tempo, na cultura ocidental as crianças eram tratadas como miniaturas de adultos. A ideia ou concepção de ser criança foi sendo construída no decorrer dos séculos. Segundo Philippe Ariès, a infância foi uma invenção da modernidade, pois anteriormente, nos séculos XVI

e XVII, era associada à inocência e fragilidade. Ao utilizar a expressão “invenção”, Ariés nos faz pensar que não é possível uma padronização,

já que o “ser criança” está intrinsecamente relacionado com as condições socioculturais, diferenciando- se de acordo com os diferentes contextos sociais, econômicos, geográficos, e até mesmo com as peculiaridades individuais.

No entanto, há pesquisadores do desenvolvimento humano que procuraram identificar características cognitivas e de sociabilidade, inclusive

denominando as diferentes fases da infância.

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No contato com crianças estudantes da faixa etária dos 6 aos 8 anos, percebemos que elas encontram-se, ainda, fortemente centradas nelas mesmas. A diversidade de atividades que provoquem o estabelecimento de relações auxilia na formação de seu processo de identidade, socialização e “descentramento”. Piaget já havia destacado este intrincado processo em que a criança deixa de olhar o mundo a partir de sua existência e vai, aos poucos, percebendo a si a partir de sua localização no mundo. Deixa de pensar as regras a partir de quem os protege e ensina para, aos poucos, comparar regras apresentadas por amigos

até chegar ao ponto de, já na adolescência, formular a noção de justiça ou regras mais justas.

Nem sempre concebemos a criança neste processo de amadurecimento. Muitas vezes, criamos imagens idealizadas

o que impedem enxergarmos peculiaridades e amadurecimentos desiguais numa mesma sala de aula. O professor Miguel Arroyo, da UFMG, chegou a destacar que a projeção idealizada das crianças e adolescentes pode gerar “imagens quebradas”, como um espelho quebrado cujas partes não retratam

a realidade com fidelidade.

O importante, então, é perceberemos que ao ampliar sua compreensão do mundo, a criança começa a perceber seu papel social e identificar as formas de

vida que conhece como fruto de uma construção histórico-social. Este é um dos aspectos do processo educacional.

Características cognitivas e de sociabilidade

06 a 08 anos 09 a 11 anosAceitação de normas e regras;Dependente, afetuoso;Imitação;Autonomia em algumas atividades Gru-pos – pares de idade;Desenvolvimento motor;Aumenta concentração e atenção; Maior equilíbrio emocional;Raciocínio lógico em construção;Aceita críticas e faz auto-avaliação.

Afetuosidade;Assume responsabilidades;Autonomia parcial em relação à família;Direito de propriedade bem definido;Distinção entre fatos e ficção;Habilidade em expressar ideias;Maior domínio do corpo;Maior sociabilidade;Pensamento crítico;Pensamento lógico;Raciocínio lógico;Vínculo grupal;

Fonte: Papalia, Diane; Olds, Sally; Feldman, Ruth.

PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA

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Criança ou Infância: definiçãoOs dicionários da língua portuguesa registram a palavra infância como o período de crescimento que vai do nascimento até o ingresso na puberdade, por volta dos doze anos de idade. Segundo a Convenção sobre os Direitos da Criança, aprovada pela Assembléia Geral das Nações Unidas, em novembro de 1989, “criança são todas as pessoas menores de dezoito anos de idade”. Já para o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), criança é considerada a pessoa até os doze anos incompletos, enquanto entre os doze e dezoito anos, idade da maioridade civil, encontra-se a adolescência. (FROTA, 2007:147)

Criança ou Infância: definiçãoOs dicionários da língua portuguesa registram a palavra infância como o período de crescimento que vai do nascimento até o ingresso na puberdade, por volta dos doze anos de idade. Segundo a Convenção sobre os Direitos da Criança, aprovada pela Assembléia Geral das Nações Unidas, em novembro de 1989, “criança são todas as pessoas menores de dezoito anos de idade”. Já para o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), criança é considerada a pessoa até os doze anos incompletos, enquanto entre os doze e dezoito anos, idade da maioridade civil, encontra-se a adolescência. (FROTA, 2007:147)

Infância - Carlos Drummond de Andrade Meu pai montava a cavalo, ia para o campo.Minha mãe fi cava sentada cosendo.Meu irmão pequeno dormia.Eu sozinho menino entre mangueiraslia a história de Robinson Crusoé,comprida história que não acaba mais.

No meio-dia branco de luz uma voz que aprendeua ninar nos longes da senzala - e nunca se esqueceuchamava para o café.Café preto que nem a preta velhacafé gostosocafé bom.

Minha mãe fi cava sentada cosendoolhando para mim:- Psiu... Não acorde o menino.Para o berço onde pousou um mosquito.E dava um suspiro... que fundo!

Lá longe meu pai campeavano mato sem fi m da fazenda.

E eu não sabia que minha históriaera mais bonita que a de Robinson Crusoé.

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AdolescênciaÉ grande a polêmica entre pesquisadores sobre a definição da adolescência.

Geralmente é apresentada, de forma estereotipada, como uma fase difícil e conturbada, daí a popularização do uso de termos pejorativos, como “aborrecência”, por exemplo, para caracterizar os sujeitos nesta fase etária.

O que é mais consensual e não preconceituoso sobre esta idade é que, de fato, os adolescentes são sujeitos que passam por grandes transformações tanto no

campo biológico (mudanças hormonais) quanto no campo social e psicológico.

Segundo ZAGURY,

As mudanças corporais que ocorrem nesta fase são universais, com algumas variações, enquanto as psicológicas e de relações variam de cultura para cultura, de grupo para grupo e até de indivíduos de um mesmo

grupo. (ZAGURY, 2002; p. 24).

Neste sentido, a adolescência é compreendida como o período em que há um primeiro rompimento com as referências parentais. Um período, logo, caracterizado por incertezas e inseguranças relacionadas à

construção de uma identidade que se localiza não mais apenas e tão somente nos referenciais familiares, mas que busca se (re) fazer tendo como forte influência as referenciais dos grupos sociais com os quais o adolescente trava contato. Segundo Cairole & Gauer:

com o tempo, os adolescentes vão se identificando com um grupo. Na adolescência é a estrutura subjetiva que está em causa, devido ao abalo sofrido pelo imaginário. O jovem precisa emergir e sustentar-se, e

necessita de outras referências além das parentais. (apud GONÇALVES & NUERNBERG, 2010, p.167).

Contardo Caligaris sugere que este período é uma espécie de moratória. Em suas palavras

(...) há um sujeito capaz, instruído e treinado por mil caminhos - pela escola, pelos pais, pela mídia - para adotar os ideais da comunidade. Ele se torna um adolescente quando, apesar de seu corpo e seu espírito estarem prontos para a competição, não

é reconhecido como adulto. Aprende que, por volta de mais dez anos, ficará sob a tutela dos adultos, preparando-se para o sexo, o amor e o trabalho, sem produzir,

ganhar ou amar; ou então produzindo, ganhando e amando, só que marginalmente. Uma vez transmitidos os valores sociais mais básicos, há um tempo de suspensão

entre a chegada à maturação dos corpos e a autorização de realizar os ditos valores. Essa autorização é postergada. E o tempo de suspensão é a adolescência.

Esse fenômeno é novo, quase especificamente contemporâneo. (CALIGARIS, 2001).

O que é mais consensual e não preconceituoso sobre esta idade é que, de fato, os adolescentes são sujeitos que passam por grandes transformações tanto no

campo biológico (mudanças hormonais) quanto no campo social e

algumas variações, enquanto as psicológicas e de relações variam de cultura para cultura, de grupo para grupo e até de indivíduos de um mesmo

grupo. (ZAGURY, 2002; p. 24).

Neste sentido, a adolescência é compreendida como o período em que há um primeiro rompimento com as referências parentais.

O que é mais consensual e não preconceituoso sobre esta idade é que, de fato, os adolescentes são sujeitos que passam por grandes transformações tanto no

campo biológico (mudanças hormonais) quanto no campo social e psicológico.

construção de uma identidade que se localiza não mais apenas e tão somente nos referenciais familiares, mas que busca se (re) fazer tendo como forte influência as referenciais dos grupos sociais com os quais o adolescente trava contato. Segundo Cairole & Gauer:

com o tempo, os adolescentes vão se identificando com um grupo. Na adolescência é a estrutura subjetiva

PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA

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Nessa perspectiva, o adolescente é sujeito da constante tensão entre não ser mais criança e não ser ainda adulto. Tendo de criar seus referenciais em um jogo caracterizado por constantes negociações e rompimentos (com seus pais e seus pares) não é de se surpreender que o adolescente, de fato, carregue em suas vivências a marca característica de suas tensões. Segundo Bock,

A tendência do jovem será no sentido de evitar a dissonância, procurando adequar essas contradições, ora evitando a norma do grupo juvenil, ora questionando os valores familiares. (apud GONÇALVES;

NUERNBERG, 2010, p.168)

Sujeito entre culturas, o adolescente vai criando sua identidade sempre em relação, num processo criativo e de adaptação.

O adolescente, enfim, está em processo de maturação. Não só em termos de comportamento, mas também físico. Para se ter uma aproximação da peculiaridade desta fase da vida, vejamos esta breve descrição da neuropediatra Tania Saad, do Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação (RJ):

O lobo frontal é a região responsável pelas emoções e pelas experiências de vida. Como o cérebro está se reorganizando, o adolescente não tem idéia do que é ou não importante. Por isso, se ele não vê relevância

de uma informação para sua vida, o novo dado se perde no turbilhão que é a sua cabeça. (Cf. http://revistaescola.abril.com.br/formacao/adolescentes-entender-cabeca-431429.shtml visualizado em

18/07/15).

Daí a formação de comunidades infanto-juvenis, os grupos de “pares de idade”.

As subculturas juvenis ou “tribos urbanas” indicam comportamentos, normas e regras sociais que apoiam a constituição da identidade juvenil em relação com as subjetividades que emergem da formação de grupos.

Parece existir um acordo social que permite ao adolescente questionar, usar uma linguagem e roupas que os identificam e caracterizam.

Essas formas características de se comunicar com a sociedade, seja visualmente (roupas, cabelos, maquiagens, tatuagens, brincos, por exemplo), seja por meio de atitudes, usos e posturas, nos ajudam a compreender as singularidades dos adolescentes.

E elas se expressam de maneira quase dramática nas redes sociais.

ADOLESCÊNCIASegundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990) a adolescência ocorre entre 12 e 18 anos de idade.

ADOLESCÊNCIASegundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, Lei nº 8.069 de 13 de julho de 1990) a adolescência ocorre entre 12 e 18 anos de idade.

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NATIVOS OU IMIGRANTES DIGITAISNativos digitais são aqueles que cresceram cercados por tecnologias digitais. Para eles, a

tecnologia analógica do século 20 como câmeras de vídeo, telefones com fio, informação não conectada (livros, por exemplo), internet discada é velha. Os nativos digitais cresceram com a tecnologia digital e usaram isso brincando, por isso não têm medo dela, a veem como um aliado. Já os imigrantes digitais são os que chegaram à tecnologia digital mais tarde na vida e, por isso, precisaram se adaptar.

(PRENSK,Mark. Nativos e Imigrantes Digitais; 2011)

redes sociaisAtualmente uma das singularidades desta fase da vida, apesar de não restrita ou exclusiva dela, é

a comunicação via tecnologias e redes sociais. Grande parte da geração, nascida especialmente da segunda metade da década de 1990 em diante, convive cotidianamente com as ferramentas digitais (computadores, telefones móveis, vídeo games, entre outros) e já possuem, portanto, um domínio considerável destas novas tecnologias.

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A internet é capaz de transpor os limites geográficos globais e reduzir o tempo de comunicação entre distintas localidades, carregando em sua rede internacional uma quantidade diária de informações que ninguém jamais conseguiu imaginar em toda a história da humanidade.

No entanto, Manuel Castells alerta “a internet é, sem dúvida, uma tecnologia da liberdade, mas pode servir para libertar os poderosos e oprimir os desinformados” (CASTELLS, 2004, p. 317). Em outras palavras, aqueles que não detêm o conhecimento necessário para explorar as potencialidades deste mundo da comunicação digital podem ser subsumidos pelo mesmo.

O ciberespaço se apresenta para o adolescente como um lugar para poder ser visto e também um lugar para ver o outro; um lugar onde pode imaginar, ser quem quiser e sonhar, concretizando, de certa forma, os desejos de onipotência.

Segundo Gonçalves & Nuernberg,

Pode-se dizer que a internet é um meio fácil, não só de expor os conteúdos desejados, como também de participar deles e pelo tempo almejado. [...]até ignorar limites do mundo real, já que os usuários podem

manter o anonimato, o acesso fácil às informações e a realização de diferentes atividades. (GONÇALVES; NUERNBERG, 2010, p.171).

É importante ressaltar o caráter dual do uso da Internet pelos adolescentes: por um lado, essa ferramenta facilita o fortalecimento de contatos e amizades e a localização de maior número de informações, por outro o seu uso pode expor demasiadamente os jovens de forma invasiva, com perda de privacidade e, até mesmo, a criação de dependência prejudicial ao desenvolvimento sócio-emocional.

MUNDO VIRTUAL OU CYBERESPAÇO

A Internet é o lugar das relações digitais; dos fóruns a distancia; das redes sociais que colocam pessoas de lugares geograficamente distantes em contato quase diário; das fotos instantâneas retiradas dos celulares e publicadas online; das relações mediadas pela máquina; das novas formas de sociabilidade que ultrapassam o espaço familiar e escolar.

A Internet é o lugar das relações digitais; dos fóruns a distancia; das redes sociais que colocam pessoas de lugares geograficamente distantes em contato quase diário; das fotos instantâneas retiradas dos celulares e publicadas online; das relações mediadas pela máquina; das novas formas de sociabilidade que ultrapassam o espaço familiar e escolar.

Segundo pesquisa Datafolha, jovens têm se informado, cada vez mais, utilizado as redes sociais. A maioria dos com idade entre 12 a 18 anos fazem isso através do aparelho celular.

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CONTEXTO ESCOLAR: DIFERENTES GERAÇÕES, TEMPOS E ESPAÇOS

NOVAS EXPECTATIVAS DOS ESTUDANTESOs estudantes presentes no cotidiano escolar são pessoas com características sociais, históricas,

comportamentais e culturais, expressas pela sua postura, suas opiniões, sua fala, sua forma de se vestir, estrutura de sua família, sua origem social assumida ou negada.

Segundo Dayrell (1996) cada estudante pode ser concebido como sendo

fruto de um conjunto de experiências sociais vivenciadas nos mais diferentes espaços sociais. Assim, para compreendê-lo, temos de levar em conta a dimensão da ‘experiência vivida. [...]indivíduos concretos, expressões de um gênero, raça, lugar e papéis sociais, de escala de valores, de padrões de normalidade.

(DAYRELL,1996, pp.140/142).

Para os educadores cabe nos questionarmos: “como são acolhidos estes sujeitos marcados pelas suas experiências sociais e culturais nas escolas brasileiras?”

É importante lembrar que a escola pública brasileira atual deriva do projeto de modernização da nação. Tal projeto se ocupou da constituição dos primeiros grupos escolares, nos anos finais do século XIX, substituindo as antigas “escolas isoladas” ou as escolas que existiam sobre precárias condições nas casas dos mestres, construídos a partir de uma lógica racional de divisão de tempos e espaços (amplos espaços) para receber e formar cidadãos dos nascentes núcleos urbanos do país. Compreendidos, então, historicamente na escola moderna apenas como uma massa uniforme, estes sujeitos homogeneizados na condição de “alunos” estão em profunda associação com a própria homogeneização da instituição escolar, concebida, em sua origem, como universal.

ALUNoA categoria “aluno” parece designar um sujeito único e homogêneo, cuja existência limita-se à sala de aula, daí a necessidade da utilização de outros substantivos que deem conta da totalidade do sujeito estudante, tais como educando, estudante, criança, jovem, adulto, entre outros.

ALUNoA categoria “aluno” parece designar um sujeito único e homogêneo, cuja existência limita-se à sala de aula, daí a necessidade da utilização de outros substantivos que deem conta da totalidade do sujeito estudante, tais como educando, estudante, criança, jovem, adulto, entre outros.

Com o processo acentuado de urbanização, os padrões culturais também passaram a se modificar e os sujeitos que chegavam à escola passaram a demandar a compreensão de suas especificidades. A escola concebida para formar cidadãos para a cidade, através de um processo de ensino com ritmos, estratégias e propostas educativas padronizados, defronta-se com a diversidade de sujeitos com diferentes origens sociais, faixas etárias e experiências vivenciadas.

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INSTRUÇÃO DAS MÃES E DESEMPENHO ESCOLAR

O desafio da escola, aqui entendido como um conjunto de educador@s – direção, coordenação pedagógica, pedagogos, docentes, assistentes escolares, auxiliares de biblioteca e demais servidores – passou a ser tentar compreender quem eram esses sujeitos – crianças, adolescentes, jovens, adultos – para além de simplesmente formá-los com vistas à homogeneização cultural.

Especialmente após as últimas décadas do século passado, com as prescrições da Constituição Brasileira (1988), da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei 9394 de 1996), e demais medidas legais de democratização e obrigatoriedade do acesso à escola pública para as crianças, adolescentes, jovens e adultos foi imprescindível compreender esta diversidade de sujeitos e a função da escola como instituição formadora.

Concebidos como sujeitos sócio-culturais, formados especialmente pelo contexto cultural no qual estão imersos, a escola atual se depara com novos desafios em desvendar e se associar com pais, mães e responsáveis pelos estudantes. Em outras palavras, tornou-se fundamental conhecer a comunidade para melhor entender a trajetória e desempenho escolar.

Hoje sabemos que o ambiente familiar representa 70% de todos os fatores que geram desempenho escolar de nossos estudantes. E o grau de instrução da mãe é o fator primordial. Segundo pesquisa fundamentada nos resultados do Sistema de Avaliação do Ensino Básico (SAEB), filhos de mães universitárias têm notas quase 20% acima da média dos estudantes de uma mesma sala brasileira. Quanto mais se avança na carreira estudantil, mais a instrução da mãe impacta o desempenho do estudante: 7% na primeira etapa do ensino fundamental; 15% na segunda etapa do ensino fundamental; 32% no último ano do ensino médio (Cf. http://g1.globo.com/Noticias/Brasil/0,,MUL17989-5598,00-ESCOLARIDADE+DA+MAE+INFLUENCIA+NA+NOTA+DO+FILHO.html , visualizado em 18/07/2015).

Nesse sentido, cabe lembrar que, segundo dados do IBGE, as mulheres, mesmo com a crescente participação em atividades de trabalho remunerado, se dedicam, em qualquer situação, mais tempo que os homens nos afazeres domésticos, incluindo cuidado com os filhos.

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O tempo de acompanhamento do desenvolvimento dos filhos pela mãe, contudo, é cada vez mais reduzido porque a mulher tem se tornado a provedora da família, com jornadas cada vez mais extensas de trabalho e o tempo de deslocamento para o trabalho e do trabalho para sua residência. O que coloca em xeque as tarefas ou “para casa” que conflitam com a organização de tempo das mães de nossos estudantes. (sobre este assunto, veja http://www.elobservador.com.uy/hay-que-terminar-los-deberes-escolares-n301121 ).

A organização não-governamental “Todos pela Educação” desenvolveu pesquisa em que procurava classificar o nível de envolvimento e presença dos pais no acompanhamento de todo processo de formação de seus filhos. Entrevistou 2.002 responsáveis por alunos entre 4 e 17 anos, das redes públicas e privada de ensino, nos respectivos domicílios, entre os dias 28 de junho a 8 de julho de 2014. A faixa etária abrangeu crianças e jovens matriculados da Educação Infantil ao Ensino Médio, considerando famílias residentes em áreas urbanas e rurais de todas as regiões do Brasil. Com os dados coletados foram definidos cinco perfis, assim denominados:

• Envolvidos: representam 25% do total. São aqueles que praticam mais ações de valorização do que de vínculo. Apresentam um ambiente familiar menos propício ao diálogo e um relacionamento menos próximo com a criança. Entre eles, 87% acreditam que, se a criança estudar, terá uma vida melhor que a deles. Este dado é extremamente relevante porque indica um possível déficit afetivo no desenvolvimento de nossas crianças e jovens. O neurologista Antonio Damásio, da Universidade de Iowa, vem se dedicando a compreender a relação entre afetividade e desenvolvimento cognitivo. Para ele, a frase clássica do pensamento cartesiano (“penso, logo existo), deveria ser substituída por “sinto, logo penso”. O afeto, para este pesquisador, é a base da formação do raciocínio.

• Distantes: somam 19% da amostra. Esses entrevistados não se relacionam com outros pais e com a escola e dialogam pouco com as crianças e jovens. É o grupo que tem menor assiduidade nas reuniões e eventos escolares. Deles, 61% têm escolaridade até o Ensino Fundamental, somente 25% procuram se informar sobre a proposta de ensino da escola e apenas 37% ajudam a organizar o material escolar do filho.

• Intermediários: Do total desta amostra apenas 57% alcançaram o Ensino Fundamental, sendo que, destes, 31% foram apenas até a 4ª série. Os dados revelam que 70% conferem se o filho faz as lições de casa e 67% olham os cadernos, livros e apostilas.

• Comprometidos: somam 12% da amostra. Apresentam o conjunto de respostas com maior graduação tanto na valorização escolar quanto no vínculo com a criança. Participa das reuniões e dos eventos escolares com maior assiduidade. Eles buscam informações sobre a escola, estabelecem parceria com outros pais e professores e apoiam os filhos na rotina. Entre eles, a maioria é formada por mulheres e metade tem Ensino Médio ou Educação Superior. Deve-se destacar ainda que 98% deles monitoram de perto as faltas da criança; 91% afirmam respeitar a opinião do filho e 100% dizem gostar dos momentos que passam com a família.

• Vinculados: representam a maior fatia porcentual dos entrevistados: 27%. Comportamento mais ligado ao vínculo com a criança do que com a valorização da Educação. São responsáveis que dialogam freqüentemente com os filhos, mas não acompanham tão incisivamente a rotina escolar. Os dados mostram que 95% dos vinculados afirmam estarem presentes nos momentos mais importantes da vida da criança; mas apenas 20% conversam com outros pais sobre a qualidade da escola e 44% acompanham o calendário de provas. A maior parte desse grupo é formada por mulheres (60%) e quase metade (49%) tem Ensino Médio ou Superior.

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Os resultados reafirmam uma situação já reconhecida por muitos educadores brasileiros:

(Ver http://www.todospelaeducacao.org.br/reportagens-tpe/31902/estudos-sociologicos-mostram-a-relacao-entre-familia-e-escola/)

Apenas 12% das famílias brasileiras, tal como aparecem nesta pesquisa, adotam uma postura equilibrada no trato e educação de seus filhos, valorizando o processo de aprendizagem, mas sem uma pressão e cobranças desmedidas. Lembremos a lição de Piaget quando das pesquisas que realizou com crianças e adolescentes para compreender o desenvolvimento moral na infância: pais ou educadores que chantageiam ou ameaçam crianças para que adotem uma regra ou norma podem gerar tal temor em relação à perda de carinho e proteção que acabariam afetando sua autoestima e a construção da autonomia. Adultos sem capacidade de decidir ou expor incômodos ou críticas podem ter tido nesta situação de origem este comportamento.

Os estudos recentes sobre impacto positivo de estímulos familiares e comunitários na passagem da infância para a adolescência e sobre o desempenho escolar reafirmam a necessidade de compreendermos como é a dinâmica familiar e da comunidade em que nossos estudantes estão inseridos.

Vejamos a importância dessas duas dinâmicas sociais (familiar e comunitária), publicados por Papalaia (2013).

19%

12%25%

27%

17%

Comprometidos envolvidos vinculados intermediários distantes

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Sobre os estímulos familiares, destacam-se como elementos positivos em inúmeros estudos:

• Coesão Familiar;

• Apoio materno;

• Presença do pai em casa;

• Ajuda dos pais nos deveres de casa;

• Atividades com pais;

• Aspirações educacionais dos pais com o filho;

• Encorajamento da criança por parte da mãe;

• Número de amigos que a mãe conhece.

Em relação aos estímulos comunitários destacam-se:

• Rede de apoio;

• Mudanças de local de moradia;

• Expectativas educacionais dos amigos;

• Bairro como local de acolhida e crescimento:

• Espaços de referência;

• Espaços de socialização;

• Espaços culturais.

Os professores de grande parte das escolas brasileiras confrontam-se diariamente com este perfil de família. Sem perceber esta causa, dificilmente poderão dialogar com a consequência que ela gera. Lembremos, ainda, que os adolescentes que se olham no espelho, na passagem da terceira infância para esta etapa final antes de se tornarem adultos, encontram traços físicos do que são seus pais ou responsáveis por sua educação e proteção. Esta projeção de imagens tem relação direta com as referências de comportamento que sua família lhe apresenta diariamente. Pais ou responsáveis estimulam comportamentos em seus filhos.

Finalmente, vale destacar as situações cada vez mais frequentes de diminuição do tempo de convívio familiar. As pesquisas são ainda escassas, mas há indícios que o tempo de convívio familiar em casos de famílias com filhos acima de 15 anos, em grandes centros urbanos, não supera 2 horas diárias. Se a família que mais cresce no nosso país é a monoparental (em 90% dos casos, as mães é que convivem com seus filhos), devemos nos questionar sobre a rotina dessas mães, levando e recolhendo seus filhos nas escolas e creches, indo e voltando de seu trabalho, lavando suas roupas e fazendo a janta e café da manhã da sua família. Qual seria seu tempo para acompanhar, de fato, as tarefas ou para casa de seus filhos? Qual seria também tempo restante para dialogar com outros pais da mesma escola na qual seus filhos estudam? Haveria algum momento para o exercício da escuta dos filhos e das questões que os afligem ou estimulam diariamente?

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“Muitas vezes ele (o aluno) vê na gente o que, infelizmente, infelizmente mesmo, ele não vê no pai”. (grupo focal, 08/05/2015)

“A gente tem uma preocupação muito grande, a gente chama pai, registra, encaminha pra médico, pede para observar vista, audição, tudo isso. Tem pais que não fazem nada...” (grupo focal, 08/05/2015)

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COMUNIDADES VIRTUAISEm relação ao acesso ao Mundo Virtual ou ao Cyber Espaço, tão característico dos estudantes nos

dias de hoje, é preciso reflexão: esse acesso está, realmente, disseminado para todos? Dados do IBGE revelam algumas distorções: enquanto na rede privada praticamente a maioria dos estudantes faz o uso da Internet (97,7%), na rede pública a porcentagem de uso é razoavelmente menor (79%).

O que esses dados nos sugerem é analisarmos, caso a caso, quem são nossos estudantes e como eles se inserem no mundo virtual e se comunicam através das redes virtuais.

Tabela 1 - Distribuição das pessoas de 10 anos ou mais de idade, por Grandes Regiões, segundo a condição de estudante e a utilização da Internet, no período de referência dos últimos três meses - 2011

Condição de estudante e utilização daInternet, no período de referênciados últimos três meses

Distribuição das pessoas de 10 anos ou mais de idade (%)

Brasil

Grandes Regiões

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-oeste

2011Total

Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0Utilizaram 46,5 35,4 34,0 54,2 50,1 53,1Não utilizaram 53,5 64,6 66,0 45,8 49,9 46,5Estudantes 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0Rede Pública 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0Utilizaram 65,8 47,5 49,8 79,0 78,6 76,9Não utilizaram 34,2 52,5 50,2 21,0 21,4 23,1Rede privada 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0Utilizaram 96,2 92,2 92,5 97,7 98,6 97,6Não utilizaram 3,8 7,8 7,5 2,3 1,4 2,4Não-estudantes 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0Utilizaram 38,9 27,8 26,3 46,7 41,3 44,0Não utilizaram 61,1 72,2 73,7 53,3 58,7 56,0

Fonte: Adaptado de IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Trabalho e Rendimento, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2005/2011.

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Em 2011, o autor das expressões nativos e imigrantes digitais - Marc Prenky - em entrevista à Folha de S.Paulo, abordou a questão das tecnologias em sala de aula e do papel do professor:

Fonte: http://www.humorbabaca.com/cartoons/diversos/rede-social

03/10/2011 - 03h00Leia entrevista do autor da expressão ‘imigrantes digitais’

PATRICIA GOMESDE SÃO PAULO

Veja os principais trechos da entrevista de Mark Prensky, autor que cunhou as expressões “nativos” e “imigrantes digitais”.

Professores sabem mexer menos no computador do que alunos

Folha - Como o senhor defi ne nativos e imigrantes digitais?Marc Prensky - Nativos digitais são aqueles que cresceram cercados por tecnologias digitais. Para eles, a

tecnologia analógica do século 20 --como câmeras de vídeo, telefones com fi o, informação não conectada (livros, por exemplo), internet discada-- é velha. Os nativos digitais cresceram com a tecnologia digital e usaram isso brincando, por isso não têm medo dela, a veem como um aliado. Já os imigrantes digitais são os que chegaram à tecnologia digital mais tarde na vida e, por isso, precisaram se adaptar.

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Quais são as características dos imigrantes digitais?Muitos têm difi culdade em deixar antigos métodos para trás. Exemplos disso são imprimir e-mails ou não usar a

internet como primeira fonte de informação. A distinção é mais cultural e de atitude.

Um imigrante digital consegue ensinar um nativo digital?Depende do que você entende por “ensinar”. Se você quer saber se os mais velhas podem orientar os mais

novos, fazendo as perguntas certas, a resposta é “sim”. Se você quer saber se os jovens vão ouvir os mais velhos falar sobre coisas que não acham importantes, a resposta é “não”. A educação precisa ser menos sobre o sentido de contar, e mais sobre partilhar, aprender junto.

O aprendizado está mudando?Não. O que está mudando são as ferramentas que ajudam na aprendizagem. Gosto de distinguir os verbos e

os substantivos nesse tema. Os verbos ligados ao aprendizado --comunicar, pensar, apresentar, persuadir etc.-- continuam os mesmos. Os substantivos que usamos com esses verbos mudam rapidamente.

O senhor pode dar exemplos?As apresentações costumavam ser feitas em trabalhos normais. Hoje são feitas por Power Point e amanhã serão

feitas de outro jeito. A comunicação era por cartas, hoje é por e-mail e amanhã pode ser feita por programas de computador. Você pode usar um programa para ajudar a pensar criticamente, mas o aprendizado continua o mesmo.

A tecnologia mudou as relações na sala de aula?Em cada lugar há um efeito diferente. Em alguns casos, reforçou as relações, conectou professores e alunos

isolados. Em outros, trouxe medo, desconfi ança, desrespeito mútuo. Por exemplo, um professor pode pensar que os alunos têm a concentração de um inseto. Os alunos podem pensar que os professores são analfabetos digitais. É quase impossível o aprendizado ocorrer em circunstâncias assim. O que a gente precisa é de respeito mútuo entre professores e estudantes.

O papel dos professores mudou em comparação com o das décadas de 80 e 90?Sim. O papel do professor está mudando gradualmente. Está deixando de ser apenas o de transmissor de

conteúdo, disciplinador e juiz da sala de aula para se tornar o de treinador, guia, parceiro. A maioria dos professores está em algum lugar no meio; poucos são parceiros de verdade.

E continua mudando?Sim. E precisa continuar mudando se os professores quiserem ajudar os alunos do século 21 a aprender. Alguns

acham que a pedagogia vai mudar automaticamente, assim que os “nativos digitais” se tornarem professores. Eu discordo. Há pressões forçando os professores novos a adotar métodos antigos. Nós precisamos fazer um grande esforço de mudança. Primeiro, mudar a forma como nós ensinamos --nossas pedagogias. Depois, mudar a tecnologia que nos dá suporte. Finalmente, mudar o que nós ensinamos --nosso currículo-- para estarmos em acordo com o contexto e as necessidades do século 21.

A questão que nos fica é: o que esta profunda mudança na dinâmica das famílias e na socialização e comportamento de nossas crianças e adolescentes altera na dinâmica das nossas salas de aula?

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O diagrama acima revela um eixo horizontal por onde se articulam várias comunidades virtuais que por sua vez, se relacionam com outras comunidades que podem ser mais ou menos permanentes ou duradouras. Imaginem, então, vários de seus estudantes, numa mesma sala de aula, pertencendo a uma dessas comunidades virtuais, podendo se relacionar eventualmente entre si ou, ao contrário, competirem entre si ou até mesmo desconhecerem suas comunidades.

Algo que se aproxima dos níveis de desenvolvimento desigual de cada estudante que o psicólogo francês Henry Wallon pesquisou durante grande parte de sua vida.

As comunidades virtuais, em síntese, podem potencializar os estímulos diferentes e o desenvolvimento desigual numa mesma sala de aula. E também podem estimular socializações paralelas que definem valores, comportamentos, hábitos e até o grau de atenção para um tema ou outro. Influenciam fortemente a dinâmica das salas de aula.

DIAGRAMA 01: As comunidades virtuais formando uma constelação móvel

Este tema é um dos mais investigados pelos estudos educacionais realizados nos últimos anos.

Há inúmeros depoimentos colhidos e pesquisas sobre dinâmica em salas de aula para tentar compreender o que mudou e para onde tais mudanças parecem apontar como futuro.

Comecemos compreendendo a nova lógica infanto-juvenil formatada a partir das comunidades virtuais inseridas nas redes sociais.

Alguns autores sugerem que as redes sociais criaram estruturas lacunares ou cheias de buracos (structural holes) que se articulam de maneira irregular e descontínua, formando um desenho de uma grande raiz que se altera periodicamente, como indica os diagramas que apresentamos a seguir:

IMPACTO NAS SALAS DE AULA

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DIAGRAMA 02: A organização lacunar das redes sociais

O diagrama acima apresenta uma foto mais “de cima”, mais panorâmica, envolvendo várias cadeias de comunidades virtuais. Percebam que as relações entre comunidades próximas criam aglomerados mais nítidos (apresentadas com a mesma cor). Contudo, a relação entre cada aglomerado não é tão simétrico, gerando “buracos”, lacunas no desenho.

Quem faz a ligação de uma comunidade à outra é o que os estudiosos das redes sociais denominam de “hubs”: aqueles personagens que nem sempre são visíveis, mas que disseminam uma informação (foto, vídeo ou texto) para várias comunidades e amigos com quem se relacionam. Um trabalho de formiga que nem sempre reconhecemos ou até sabemos de sua existência.

É por este motivo que, quando surgiram os “rolezinhos” em fevereiro de 2014, muitos de nós fomos pegos de surpresa. Eles já existiam, desde os anos 1990 (a letra da música dos Mamonas Assassinas, “Chopis Centis”, já citava os rolezinhos). Muitos de nós não percebemos o movimento surdo e invisível que ocorrem nas redes sociais. Este é um tema que temos que estar mais atentos para compreendermos a dinâmica do processo de socialização de nossos estudantes.

O comportamento infanto-juvenil passa a ser, portanto, influenciado pela nova dinâmica familiar e, em grande parte, pelas redes sociais. Há, evidentemente, outros fatores que convergem e influenciam os comportamentos de nossos estudantes.

Destacaremos, a seguir, alguns relatos recentes a respeito do comportamento dos estudantes de ensino básico nas salas de aula.

Comecemos por uma recente publicação sobre uma investigação realizada em Portugal. Destacamos algumas passagens porque nos oferece a dimensão da mudança para além do nosso país.

Destacamos dois relatos. No caso, uma professora do ensino básico e uma estudante do secundário. Ambas foram convidadas pela autora da pesquisa, Maria Filomena Mónica, a redigir um diário sobre o cotidiano das suas salas de aula.

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Vejamos o relato da professora da turma do 6º ano, numa escola que se situa nas redondezas de Lisboa:

Num total de 21 alunos, um tem necessidades educativas especiais (surdez profunda); dois pertencem a minorias étnicas (ciganos); uma é estrangeira (romena); duas alunas forma abandonadas pelos pais e estão entregues a uma instituição desde o berço; uma é hiperactiva; um aluno está sinalizado pela polícia como pré-delinquente (por ainda não ter idade para ser preso); um aluno, recém-chegado de outra escola, de onde foi expulso por mau comportamento, vem com a informação de que o pai e encarregado de educação é muito pior do que ele; um aluno tem acompanhamento psiquiátrico e um perfil diagnosticado como anti-social de QI elevado, ou seja, digo eu, é um potencial serial killer. Há dez alunos com características especiais.” (...)As aulas com esta turma são uma verdadeira aventura. Com a ajuda do técnico auxiliar, trata-se, em primeiro lugar, de conseguir que os alunos entrem na sala de aula sem partir nada e, depois, que se sentem. Esperar que se calem é uma utopia. As aulas começam e são constantemente interrompidas pelas mais diversas ocorrências levando-me a mim, e aos meus colegas, a recorrer ao envio sistemático de alunos ao Gabinete de Apoio ao Aluno e ao Professor, não sem antes preencher um formulário com a descrição do comportamento incorrecto e com a tarefa que o aluno deverá fazer. (...) De seguida, o aluno sai e a aula prossegue até o próximo incidente. (...) A reincidência destas situações leva a penas de serviço comunitário ou à suspensão por alguns dias previstas no Regulamento Interno do Agrupamento, desde que o encarregado de educação concorde com a medida. O efeito nos que cumprem penas tem sido nulo. (MÓNICA, 2014, páginas 35 e 36).

Vejamos, agora, o relato da estudante Joana, do 10º ano, ramo de Artes:

As aulas começam às 8h15. A primeira aula do dia foi Filosofia. Às 8h25, a professora ainda não tinha começado a dar matéria. Eram 8h30 quando começou a fazer a chamada e dez minutos depois, às 8h40, perguntou-nos quem é que tinha sínteses para entregar. As sínteses são resumos da aula que a professora pede a dois alunos para fazerem, como trabalho de casa (provavelmente para se lembrar da matéria que nos está a dar). Entretanto, manda os alunos que chegaram atrasados sentarem-se em lugares separados, longe dos amigos, o que causa muito barulho e dá origem a discussão. Dois alunos saem de novo porque não se querem sentar nos lugares indicados, outros três sentam-se onde a professora grita com o aluno que a ignorou, até perceber que é inútil. Como sempre, aliás. A aula começa finalmente. São 8h50. (...) O barulho (vozes, risos, cadeiras e mesas arrastadas) sucede-se ininterruptamente como barulho de fundo durante toda a aula. Os amigos que foram separados gritam de uma mesa para a outra, há pessoas sentadas nos parapeitos das janelas – a conversar. Duas alunas pintam as unhas e quatro desenham gráficos nos diários. Um grupo ao fundo da sala joga às cartas. Eu escrevo este diário. Os telemóveis [celulares], os IPhones e os MP3 não param de tocar. (MÓNICA, 2014, p. 37).

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Como percebemos, há uma forte tensão nas salas de aula. A professora destaca situações de baixa governabilidade, ou seja, em que ela não percebe ter capacidade para controlar o comportamento de seus estudantes. Sua redação é um misto de queixa, frustração e ressentimento, recheados com muita ironia apresentar sua narrativa. Parece impotente.

Ocorre que o relato de Joana, uma jovem estudante, parece tão perplexo quanto o da professora. E, percebam, destaca ao final o papel dos celulares. Mas, fica nítido que os celulares não são determinantes – talvez, apenas potencializem – o comportamento coletivo que vai sendo descrito.

Evidentemente que este relato não é uma amostra de todas situações observadas em todas salas de aula do ensino básico. São descrições de situações de maior tensão. O que nos interessa porque se sabemos lidar com situações limite, saberemos conduzir situações menos conflitivas ou tensas.

O que parece ser interessante é que estes dois relatos se aproximam de outras descrições que recentemente vieram à tona em nosso país.

Vejamos o relato da professora de língua portuguesa, Áurea Regina Damasceno, da rede municipal de ensino de Belo Horizonte:

Hoje, dia 19 de março de 2009, vou mais um dia para a escola (...). Entro para a sala de aula (sala 10, 6ª série) e inicio repetindo o que tenho falado com os alunos desde o primeiro dia de aula: coloquem o caderno, a agenda, o lápis, caneta, borracha, régua, tesoura sobre a mesa e guardem a mochila debaixo da carteira ou dependurada no encosto da cadeira (muitos se deitam, durante a aula, na mochila para dormir ou se escondem atrás dela para dar gritos ensurdecedores sem motivo algum ou para atirar bolinhas de papel enfiadas no corpo das canetas esferográficas. (...) Essa atividade demanda mais ou menos uns 20 minutos, pois metade da sala não ouve, ou finge que não ouve, continua a correr pela sala, está virada para trás conversando, está subindo nas bancadas sobre as janelas e de lá pulando de cadeira em cadeira e outros tantos estão a olhar no vazio, sem nada fazer. (Cf. em http://www.planetaeducacao.com.br/portal/impressao.asp?artigo=1563 , visualizado em 18/07/2015).

A cena descrita encontra similaridades nas duas descrições sobre sala de aula do ensino básico em Portugal. Trata-se de um comportamento infanto-juvenil que se não é a regra, não é incomum.

Pesquisa realizada pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), indica que em nosso país os professores perdem 20% do tempo de aula procurando acalmar os estudantes e procurando estabelecer uma ordem nas salas. A pesquisa, cujo título é “Teaching and Learning Internacional Survey” (Talis, em inglês), realizada em 33 países, indica que a média de tempo gasto para esta tarefa no restante dos países pesquisados é de 13%.

Um livro de contos e relatos de um professor de escola da periferia do município de São Paulo retrata situações mais dramáticas e extremas de algumas salas de aula em metrópoles brasileiras.

Destacamos duas passagens dos contos elaborados pelo professor Rodrigo Ciríaco, baseados em situações vivenciadas por ele. A primeira passagem, de um adolescente envolvido com o tráfico. A segunda, uma fala de uma adolescente.

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Ó, to saindo. Cansei de ficar na sala de aula, na escola, sei lá. Aqui é tudo muito parado. Vou pra rua. Lá que é o barato. É... E lá, eu já sou mestre. (CIRÍACO, 2014, p. 16)

Ah, é pra eu sentá? Desculpe, professor. É que eu ainda to ligada. Duzentos e vinte, sabe? É, não me tiraram da tomada. Balada, fluxo. Ontem à noite prôfi, altos gatinhos. (CIRÍACO, 2014, p.21)

As passagens que destacamos são mais agudas que o comum que se verifica nas salas de aula do ensino básico brasileiro. Contudo, como já destacamos, são comportamentos que se verificam e que compõem as narrativas de muitos professores.

O que nos impele a pautar tais situações como questões de nossa profissão que devem ser equacionadas.

Para finalizar este Caderno, sugerimos um último gráfico explicativo. A intenção é sintetizarmos os principais fatores que competem na formação de nossos estudantes. Sugerimos como uma pauta para realizarmos diagnósticos mais aprofundados para estabelecermos as causas dos comportamentos instáveis ou até mesmo de dificuldades de aprendizagem em função de estímulos sociais.

O gráfico sugere três vértices que influenciam na socialização e formação de nossos estudantes: suas famílias, a própria escola e as redes sociais. Há, contudo, um elemento que denominamos de subsidiário à família, embora não secundário, que é a comunidade frequentada por nossos estudantes. Sem nos informarmos e conhecermos esta dinâmica formativa e socializadora, dificilmente conseguiremos alterar a dinâmica que vários relatos que descrevemos nesta seção parecem apontar.

O início de tudo, enfim, é compreendermos a realidade que antecede a sala de aula.

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dicas e sugestõesO Programa de Formação Continuada que envolverá os 4 mil docentes da Rede Municipal de

Ensino de Contagem e será desenvolvido através de encontros presenciais e atividades à distância.

ENCONTROS PRESENCIAIS

Os encontros presenciais ocorrerão nas próprias escolas e turnos onde os professores estão alocados. Os encontros serão subdivididos em módulos temáticos.

Cada módulo envolverá três encontros. Se necessário, incluirão um quarto encontro, antes de passar para um novo módulo temático. Assim, cada tema será discutido em, no máximo, dois meses.

O início de cada módulo temático incluirá um vídeo-provocação e um caderno de apoio. Todas escolas receberão este “kit pedagógico”.

O vídeo terá 20 a 30 minutos de duração e sempre partirá da experiência concreta dos professores da rede municipal de Contagem. Neste caso, a equipe de gravação visitará escolas ou filmará grupos focais (entrevistas coletivas programadas com antecedência) com professores para discutir o tema em questão.

O Caderno de Apoio conterá aprofundamentos conceituais e técnicos sobre subtemas ou questões apresentadas pelo vídeo. Os professores reunidos em seu turno poderão assistir ao vídeo e consultar o caderno de apoio.

Em cada início de módulo temático, os professores receberão, além do vídeo e do caderno de apoio, um roteiro de discussão e um formulário de avaliação.

O roteiro servirá como guia, mas nada impede que o grupo de professores inclua novas questões ou destaque um deles como especial para aprofundamento.

Assim que terminar as discussões do encontro inicial de todo módulo temático, os professores responderão, coletivamente, um formulário de avaliação. Todos formulários serão preenchidos diretamente no website ou, caso a escola não tenha acesso à internet, serão preenchidos num CD que, posteriormente, será incluído no website. Este formulário é fundamental para o programa porque a partir dele a SEDUC definirá ações complementares para apoiar as escolas e professores.

Os encontros quinzenais seguintes serão utilizados para aprofundar a discussão daquele tema. Entre um e outro encontro, os professores poderão detalhar, tirar dúvidas ou aprofundar o tema através de um fórum virtual, conversando diretamente com os especialistas envolvidos neste programa de formação.

Finalmente, o último encontro de cada módulo temático será dedicado à elaboração de um Plano de Ação dos professores daquele turno da escola para implementar atividades relacionadas àquele tema estudado e aprofundado nos encontros anteriores.

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Todos encontros quinzenais serão presididos pelos pedagogos de cada turno, que se reunirão com os especialistas e coordenadores gerais do Programa de Formação Continuada periodicamente para serem informados e formados sobre esta ação e socializarem demandas específicas ou sugestões para ações complementares (como a necessidade de ampliar os encontros quinzenais de aprofundamento de um determinado tema).

O calendário de cada módulo temático terá este desenho:

OS ENCONTROS VIRTUAIS

No website www.institutocultiva.com.br/formacaocontinuada os docentes encontrarão uma plataforma de fórum virtual. Neste espaço, a cada módulo temático, será aberto um período para que sejam postadas dúvidas, questões de aprofundamento ou quaisquer solicitações vinculadas ao tema em discussão. A equipe de especialistas e coordenadores do programa de formação continuada responderão semanalmente as questões postadas diretamente na seção fórum virtual. Todos participantes terão uma senha de acesso e poderão visualizar as dúvidas e respostas à todos.

Etapa quinzenais Atividade Observação

Etapa 01: Apresentação do TemaProfessores, por turno, assistem o vídeo provocação e estudam o caderno de apoio.

Um roteiro de discussão será apresentado para orientar o debate neste primeiro encontro. Ao fi nal deste primeiro encontro (por módulo temático) um formulário de avaliação será preenchido para análise da SEDUC.

Etapa 02: Discussão e aprofunda-mento presencial

Prevê-se um encontro quinzenal de aprofundamento, mas será possível realizar um segundo encontro, caso se apresente esta necessidade.

Será possível produzir roteiros complementares de discussão e aprofundamento, caso os coordenadores pedagógicos solicitem.

Etapa 02 (complemento): Fórum Virtual de Discussão

Os docentes poderão postar suas dúvidas ou questões diretamente no fórum virtual. Cada módulo temático terá um período específi co para conversas no fórum.

Os especialistas e coordenadores do programa responderão todas questões (ou em bloco, caso ocorram duplicações) diretamente no fórum virtual, durante o período determinado para cada discussão temática.

Etapa 03: Encontro de con-clusão: planejamento de ações do turno e da escola

O objetivo será elaborar um plano de ação relacionado ao tema em discussão que se agregará ao PPP da escola.Neste plano, serão incluídas todas demandas de apoio à SEDUC.

Os professores receberão um roteiro de fechamento de cada módulo.

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FORMULÁRIO DE AVALIAÇÃO – FORMAÇÃO SEDUC

Para ser preenchido coletivamente ao final do primeiro encontro de cada módulo temático

Bloco Questões

Avaliação do Video1. O vídeo foi objetivo? S/N2. O vídeo destacou experiências signifi cativas?3. Algum item do tema discutido não foi abordado? Se sim, qual?

Avaliação do Texto de Apoio

1. A linguagem foi compreensível?2. O texto aprofundou corretamente o tema?3. Há situações concretas em sua escola/sala de aula que não

formam abordados?

Compreensão do Tema1. O tema em discussão foi aprofundado?2. Ficaram lacunas em relação ao tema que deveriam ser

trabalhadas? Se sim, quais?

Apoio para Implementação na sala de aula

1. Qual apoio em termos de infraestrutura você necessita para implementar ações em sua prática de aula relacionados com as discussões feitas?

2. Qual apoio em termos de material de apoio (vídeos, textos) você necessita para implementar ações em sua prática de aula relacionados com as discussões feitas?

3. Quais atividades complementares de formação técnica você necessita para implementar ações em sua prática de aula relacionados com as discussões feitas?

4. Quais mudanças administrativas ou de gestão (horários, espaços, tempos coletivos) você necessita para implementar ações em sua prática de aula relacionados com as discussões feitas?

ESTRUTURA BÁSICA DO ROTEIRO DE DISCUSSÃO PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES – SEDUC

Para motivar e unificar os debates, o momento de formação coletiva contará com dois materiais de apoio. Para auxiliar na conexão entre vídeo e caderno, cada momento que um subtema que consta no caderno aparecer no vídeo aparecerá uma sinalização indicando que vocês podem parar a exibição e consultar o caderno ou, ao final da exibição, retornar àquele item para aprofundamento.

De posse dessas informações, sugerimos a seguinte dinâmica:

1. O coordenador e apoiador/tutor das discussões será o(a) pedagogo(a) de sua escola e de seu turno. Eles foram preparados para este evento e estão plenamente capacitados para auxiliá-los no que for necessário, incluindo o encaminhamento de demandas à Seduc;

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2. Logo de início, solicitamos que elejam um secretário que fará um relato das discussões de vocês. Este relato não necessita que seja feito no mesmo, bastando entregá-lo ao longo da semana para o(a) pedagogo(a) que apoiará a discussão deste módulo ou caderno.. A proposta é que, sendo um professor, o relato poderá ser o mais fidedigno possível;

3. Sugerimos iniciar a discussão assistindo o vídeo. Como já indicamos anteriormente, o vídeo pode ser assistido por completo ou ser paralisado a qualquer momento para leitura do caderno de apoio ou para realizar a discussão que desejarem;

4. O passo seguinte é a discussão, aberta e livre, entre vocês. Para facilitar o debate, indicamos a seguir algumas questões, como roteiro de discussão:

Questão 1:

Questão 2:

Questão 3:

5. Terminada a discussão, solicitamos que os presentes preencham o formulário de avaliação. As respostas serão coletivas, ou seja, do conjunto dos participantes de hoje, de seu turno. O(A) pedagogo(a) lerá cada questão e anotará cada resposta. Se sua escola tiver acesso à internet, o formulário será preenchido online, no website de apoio ao Programa de Formação Continuada. Se não for possível acessar a internet, um CD com as questões será preenchido para envio, posterior, ao website ou à SEDUC. Este formulário é muito importante porque é nosso instrumento de comunicação com vocês. Por ele, saberemos se será necessário alterar algum conteúdo dos próximos vídeos ou cadernos e, principalmente, que ações de apoio vocês necessitarão para desenvolver atividades relacionadas ao tema de discussão.

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