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CONTABILIDADE FINANCEIRA E GERENCIAL Todos Direitos Autorais Reservados - Catho Online - Silvio Aparecido Crepaldi Material de Apoio do Curso Online Contabilidade Financeira e Gerencial SILVIO APARECIDO CREPALDI

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CONTABILIDADE FINANCEIRA E GERENCIAL

Todos Direitos Autorais Reservados - Catho Online - Silvio Aparecido CrepaldiMaterial de Apoio do Curso Online Contabilidade Financeira e Gerencial

SILVIO APARECIDO CREPALDI

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Contabilidade Financeira e Gerencial

APRESENTAÇÃO DO CURSO

O objetivo principal deste curso é buscar dar seqüência lógica para as teorias utilizadas pela disciplina contábil, de forma gradual, para que os acréscimos de informações possam ser assimilados sem maiores problemas.

No decorrer do curso, identificaremos as ações da empresa em sua contabilidade que podem melhorar a qualidade de suas decisões, estabelecendo uma estrutura contábil que serve de base para a análise de muitas decisões com as quais o administrador se defronta a todo momento.

Além disso, justificaremos o controle interno e os métodos de avaliação de estoques utilizados, com-preendendo como os custos são apurados por meio de três sistemas de custeio: por absorção, variável e baseado em atividades.

Por fim, determinaremos o método de formação de preços adequado, de forma a reduzir erros para maior ou para menor, para que a empresa não perca mercado e não comprometa sua lucratividade.

Este curso foi elaborado principalmente para contadores, economistas, administradores, empresários e profissionais que ocupam cargo de direção ou que estão ligados à área contábil da empresa e que pos-suem noções de contabilidade.

Neste curso você terá a oportunidade de:

Conhecer o objeto e a fi nalidade da contabilidade, aplicando corretamente as teorias da área com base nos princípios contábeis apropriados para a realidade brasileira.

Justifi car o uso das técnicas contábeis, relacionando-as com a aplicação e geração de in-formações no processo decisório para as condições organizacionais prevalecentes no meio empresarial.

Identifi car a composição do patrimônio da empresa e as implicações das suas situações líqui-das.Conhecer as contas patrimoniais e saber determinar o débito e o crédito, desmistifi cando as eventuais difi culdades.

Justifi car a formulação de controles internos como formas de redução e reestruturação de custos e os aspectos estratégicos que determinam condições de minimizá-los.

Conhecer os diversos métodos de avaliação de estoques e suas implicações nos custos.

Saber calcular o custo por meio do sistema de custeio por absorção, justifi cando os seus crité-rios e identifi cando suas vantagens, de forma a aprimorar os instrumentos de desenvolvimento organizacional.

Saber calcular o custo através do sistema de custeio variável, identifi cando a margem de con-tribuição, o ponto de equilíbrio e a margem de segurança para fi ns decisórios e gerenciais.

Interpretar as relações custo/volume/lucro para a empresa.

Saber calcular o custo por meio do sistema de custeio baseado em atividades, justifi cando a gestão baseada em custo na identifi cação de atividades que não acrescentam valor e fornecen-do indicações sobre as áreas onde se devem eliminar desperdícios de recursos.

Conhecer e identifi car que a formação de preços é um fator determinante de sobrevivência da exploração da atividade.

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Contabilidade Financeira e Gerencial

SOBRE O AUTOR

Este curso foi desenvolvido por Silvio Aparecido Crepaldi.

É administrador de empresas e contador. Atuou como professor e diretor de diversas universidades e faculdades brasileiras em cursos de graduação e pós-graduação.Mestre em Administração pela Universi-dade Federal de Lavras (MG) e doutorando em Administração.

Pesquisador da área de Administração Contábil, Financeira e Rural. Consultor, assessor de empresas e docente em treinamentos nacionais e internacionais. Consultor da área de Sistemas Contábeis aplicados a diversas áreas.

Autor dos livros Contabilidade Rural: Uma Abordagem Decisorial, Curso Básico de Contabilidade, Cur-so Básico de Contabilidade e Custos, Contabilidade Gerencial: Teoria e Prática e Auditoria contábil: Teo-ria e Prática, publicados pela Editora Atlas S.A, e Administração Rural: Uma Abordagem Decisorial, pela Editora UNA.

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Contabilidade Financeira e Gerencial

MENSAGEM DO AUTORSILVIO APARECIDO CREPALDI

Bem-vindo ao curso Contabilidade Financeira e Gerencial.

É um grande prazer tê-lo conosco nesta notável tarefa que é o aprendizado de Contabilidade Financei-ra e Gerencial.

Este curso foi projetado para formar gerentes-executivos e demais profissionais no papel vital que a informação da Contabilidade Financeira e Gerencial exerce nas empresas. Atualmente, esta informação gerada é usada para tomadas de decisão, aprendizagem, planejamento e controle. Atendem às necessi-dades estratégicas e operacionais da empresa.

Os gerentes usam as informações da Contabilidade Financeira e Gerencial para obter rápido retrospec-to sobre seus desempenhos, aprender com o passado e melhorar o futuro. Assim, propiciam o aprendiza-do contínuo e a melhoria das atividades. Medem o desempenho econômico da empresa.

O curso demonstra que todos os setores produtivos têm, no momento atual, o desafio crucial de manter sua existência no mercado, que exige otimização de custos de produção ou operações que resultem ne-cessariamente em ganho de produtividade. Tais setores impelem para o desenvolvimento de novas tecno-logias e para a elevação do nível de qualidade de produtos e serviços, a preços finais cada vez menores.

Esses indispensáveis procedimentos estão consubstanciados em uma palavra: competitividade. Os administradores não podem ficar de fora dessa revolução gerencial. Utilidades nas decisões e agilidades nas ações serão os ganhos imediatos que os empresários poderão obter com a utilização dos sistemas de informações proporcionados pela contabilidade gerencial. A maior eficiência virá acompanhada da redução dos custos.

Quando uma empresa promove mudanças estruturais, reduzindo custos e aumentando a qualidade de seus produtos, os grandes beneficiados são os consumidores. A melhor aplicação dos recursos beneficia os usuários de seus serviços, que terão melhores formas para aumentar a geração de renda e oferta de empregos, e os industriários e suas famílias, que serão mais bem atendidos em saúde, educação e forma-ção profissional. É a renovação gerencial a serviço do desenvolvimento econômico e social.

O empresário precisa aprender a gerenciar com competência a contabilidade gerencial e dominar sua demonstração financeira, pois é tendo o domínio dessas ferramentas que conseguirá melhorar a qualidade de suas decisões e tornar sua atividade mais competitiva.

Nosso objetivo neste curso é que você tenha justamente a oportunidade de absorver o conhecimento necessário para se incluir no grupo que faz os melhores resultados e colhe SUCESSOS e PROGRESSOS sempre marcantes!

Coloco aqui o desafio a você para que coloque todo seu empenho na leitura atenta dos textos, na con-fecção dos desafios, na pesquisa sugerida, na participação dos fóruns e tirando suas dúvidas, pois temos certeza de que poderemos ajudá-lo, com seu apoio, a conquistar as informações desejadas para o seu SUCESSO PROFISSIONAL!

Conte comigo!

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Contabilidade Financeira e Gerencial

SUMÁRIO

Módulo 1 - A evolução da contabilidade e os principais conceitos

1.1 - A história da contabilidade............................................................................................................. 8

1.2 - Objeto e finalidade ....................................................................................................................... 9

1.3 - Teorias contábeis ........................................................................................................................ 10

1.4 - Princípios contábeis .................................................................................................................... 11

1.5 - Técnicas contábeis ...................................................................................................................... 15

1.6 - Campo de aplicação .................................................................................................................... 16

1.7 - Contabilidade financeira x contabilidade gerencial ..................................................................... 19

Módulo 2 – Patrimônio

2.1 - Conceito de patrimônio ................................................................................................................ 22

2.2 - Ativo e passivo ............................................................................................................................ 24

2.3 - Situação líquida e suas alterações .............................................................................................. 25

2.4 - Conceito de contas ...................................................................................................................... 29

2.5 - Plano de contas ........................................................................................................................... 32

2.6 - Determinação do débito e do crédito ........................................................................................... 36

Módulo 3 - Controle interno e avaliação de estoques

3.1 - Conceito e categorias de controles internos ............................................................................... 40

3.2 - Limitações e importância do controle interno .............................................................................. 43

3.3 - Centros de responsabilidades ..................................................................................................... 45

3.4 - Métodos de avaliação de estoques ............................................................................................. 46

Módulo 4 - Sistema de custeio por absorção

4.1 - Conceito e esquema básico ........................................................................................................ 52

4.2 - Departamentalização ................................................................................................................... 58

4.3 - Critérios de rateio dos CIFs pelos departamentos ...................................................................... 60

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Contabilidade Financeira e Gerencial

4.4 - Pré-determinação dos custos indiretos de fabricação ................................................................. 61

Módulo 5 - Sistema de custeio variável

5.1 - Conceito e sistema para tomadas de decisões administrativas .................................................. 69

5.2 - Análise de custos ........................................................................................................................ 75

5.3 - Margem de contribuição .............................................................................................................. 77

5.4 - Ponto de equilíbrio ....................................................................................................................... 79

5.5 - Margem de segurança ................................................................................................................. 82

5.6 - Análise das relações custo/volume/lucro .................................................................................... 83

5.7 - Análise comparativa do custeio por absorção e variável ............................................................ 85

Módulo 6 - Custeio baseado em atividades – ABC

6.1 - Conceito e gestão baseada em custo ......................................................................................... 90

6.2 - Alocação dos recursos p/ as atividades e das atividades para os objetos de custo ................... 93

6.3 - Direcionadores e atividades ........................................................................................................ 94

6.4 - Etapas para aplicação do ABC .................................................................................................... 95

6.5 - Comparativo entre o custeio tradicional e o custeio ABC ........................................................... 98

6.6 - Gestão baseada em atividades - ABM ........................................................................................ 99

Módulo 7 - Formação de preços

7.1 - Métodos para determinação de preço de venda ....................................................................... 103

7.2 - Preço de venda em mercados competitivos .............................................................................. 106

7.3 - Custo para efeitos contábeis e gerenciais ................................................................................. 108

7.4 - Geração do lucro ....................................................................................................................... 109

7.5 - Fixação do preço com base no custo ........................................................................................ 110

Referências Bibliográficas ................................................................................................................. 115

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Modulo 1´Contabilidade Financeira e Gerencial

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MÓDULO 1 A EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE E

OS PRINCIPAIS CONCEITOS

O objetivo deste módulo é apresentar o objeto e a fi nalidade da contabilidade, para que você possa aplicar corretamente as teorias com base nos princípios contábeis apropriados para a realidade brasileira.

Além disso, justifi caremos o uso dessas técnicas e iremos relacioná-las com a aplicação e ge-ração de informações no processo decisório para as condições organizacionais prevalecentes no meio empresarial.

1.1 - A história da contabilidade

1.2 - Objeto e fi nalidade

1.3 - Teorias contábeis

1.4 - Princípios contábeis

1.5 - Técnicas contábeis

1.6 - Campo de aplicação

1.7 - Contabilidade fi nanceira x contabilidade gerencial

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Modulo 1´Contabilidade Financeira e Gerencial

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MÓDULO 1A EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE E

OS PRINCIPAIS CONCEITOS

1.1 – A HISTÓRIA DA CONTABILIDADE

Segundo os historiadores, Aristóteles já refletia acerca de uma ciência que controlaria a riqueza do mundo. Portanto, a Ciência Contábil seria uma das ciências mais antigas que se conhece.

Diversos registros mostram que as civilizações antigas já possuíam um esboço de técnicas contábeis. Podemos citar como exemplo a obra “Summa de arichmetica, proportioni et proportionalita”, de Frei Pac-cioli, que foi publicada em Veneza no ano de 1494 e que descreve, em um dos seus capítulos, um método empregado por mercadores de Veneza no controle de suas operações, posteriormente denominado “Mé-todo das Partidas” ou “Método de Veneza”.

Nos séculos seguintes, a contabilidade expandiu sua utilização para instituições como a Igreja e o Estado,sendo muito importante no desenvolvimento do capitalismo. Porém, nessa época, as técnicas e as informações ficavam restritas aos donos dos empreendimentos, uma vez que os livros contábeis eram considerados sigilosos. Isso limitou consideravelmente o desenvolvimento da ciência, pois não existia a troca de idéias entre os profissionais.

O único objetivo da contabilidade nessa época era informar ao dono do negócio qual o lucro obtido numa empreitada comercial.

Só mais recentemente, com o desenvolvimento do mercado acionário e o fortalecimento da sociedade anônima como forma de sociedade comercial, é que a contabilidade passou a ser considerada como um importante instrumento para a sociedade.

Atualmente, a área contábil é essencial na maioria das empresas, pois possibilita demonstrações con-tábeis e divulgações adequadas e esclarecedoras à opinião pública.

O desenvolvimento do método contábil está intimamente associado ao surgimento do capitalismo. A ampliação do leque e usuários potenciais da contabilidade decorre da necessidade de uma empresa evi-denciar suas realizações para toda a sociedade:

os sindicatos precisam saber qual a capacidade de pagamento de salários;

o governo demanda a agregação de riqueza à economia e a capacidade de pagamentos de impostos;

os ambientalistas exigem conhecer a contribuição para o meio ambiente;

os credores querem calcular o nível de endividamento e a probabilidade de pagamento das dívidas;

os gerentes da empresa precisam de informações para ajudar no processo decisório e reduzir as incertezas, etc.

A partir de agora, você terá a oportunidade de obter conceitos e princípios fundamentais para admi-nistrar eficientemente o seu empreendimento ou sua área de trabalho, por meio das informações geradas pela contabilidade.

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1.2 - OBJETO E FINALIDADE

Pode ser considerada uma entidade qualquer pessoa física ou jurídica detentora de um patrimônio — a pessoa física é o ser humano, o indivíduo, e a pessoa jurídica é a que nasce da união de duas ou mais pessoas físicas ou jurídicas com um determinado objetivo comum.

Vamos ver a seguir algumas definições de contabilidade.

Contabilidade

É uma ciência que estuda e controla o patrimônio das entidades mediante o registro, a demonstração expositiva e a interpretação dos fatos nela ocorridos, com o intuito de oferecer informações sobre sua composição e variação, bem como sobre o resultado econômico decorrente da gestão da riqueza patri-monial.

O primeiro Congresso Brasileiro de Contabilidade, realizado na cidade do Rio de Janeiro, de 17 a 27 de agosto de 1924, formulou um conceito oficial para Contabilidade:

“Trata-se de uma ciência que estuda e pratica as funções de orientação, de controle e de registro rela-tivas à administração econômica”.

Interpretando essas definições, podemos dizer que o objeto da contabilidade é o patrimônio e, para controlálo, é feito o registro de todas as transações que acontecem na entidade por meio dos lançamen-tos contábeis, possibilitando posteriormente obter informações sobre a variação da composição de bens, direitos, obrigações, formação de lucro ou de prejuízo no período apurado.

Existem, porém, muitos casos, especialmente de pessoas físicas, em que esse controle é perfeita-mente dispensável, uma vez que o patrimônio é tão pequeno que não necessita de uma contabilidade sistematizada para exercê-lo.

As informações produzidas pela contabilidade devem ser:

Confi áveis: os trabalhos elaborados devem inspirar confi ança e segurança aos usuários.

Ágeis: os trabalhos devem ser elaborados em tempo hábil para serem usufruídos, porque se não perde-se o sentido da informação, principalmente em países com economia instável.

Elucidativas: cada usuário da informação tem um grau de conhecimento; identifi cá-lo é primor-dial para que os trabalhos sejam elucidativos.

Fonte para a tomada de decisão: o que está em jogo é o patrimônio da empresa; dessa forma, quem controla isso deve gerar o alicerce para as decisões a serem tomadas.

Fazendo uso destes quatro princípios de trabalho, a área contábil é capaz de ajudar a empresa a con-trolar suas atividades, ou seja, mostrar se o comportamento está de acordo com os planos traçados; e também pode ajudar no planejamento, ou seja, nas linhas de ações a serem tomadas e na maneira como devem ser executadas para alcançar os objetivos.

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1.3 - TEORIAS CONTÁBEIS

Conheça as principais teorias sobre contabilidade:

Personalismo: A Teoria Personalista das contas foi desenvolvida pelo italiano Francesco Marchi. Pres-supõe que cada grupo de pessoas tem a responsabilidade pelo controle do patrimônio, sendo possível obter as informações sobre a composição.

Controlismo: De acordo com esta doutrina, defendida por Fábio Besta, as contas representam valores materiais e não simples relações de débitos de pessoas. O que importa é o montante do patrimônio e não a relação de responsabilidade das pessoas.

Aziendalismo: Esta teoria é defendida por Gino Zapa e pressupõe que o patrimônio está sob a ação administrativa do homem, e este deve cuidar tanto dos aspectos constitutivos e quantitativos como tam-bém de suas interferências no negócio.

Patrimonialismo: Esta teoria foi criada por Vicenzo Masi. Pressupõe que o patrimônio é um objeto de estudo e controle da contabilidade, e propõe a divisão de contas em patrimoniais e de resultado.

Dentre as quatro teorias que apresentamos, a Teoria do Patrimonialismo é hoje a mais difundida e aceita. Ela prega que as contas patrimoniais são as que representam bens, direitos, obrigações e situação líquida que constam do Balanço Patrimonial e se relacionam com o aspecto estático do patrimônio; já as contas de resultado representam as receitas e despesas, bem como as variações da situação líquida, e se relacionam com o aspecto dinâmico do patrimônio.

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1.4 - PRINCÍPIOS CONTÁBEIS

Se retomarmos o que vimos até agora, podemos dizer que a contabilidade é uma metodologia, pois somente assim há possibilidade de universalização das informações e análises.

Porém, essa metodologia não é absolutamente rígida e, por isso, faz-se necessário que sejam obede-cidos certos “mandamentos”, chamados de “Princípios Fundamentais de Contabilidade”.

O Conselho Federal de Contabilidade, que controla o exercício das atividades do contador, emitindo a Resolução CFC nº 750, de 29 de dezembro de 1993, publicada no Diário Oficial da União (DOU) de 31/12/93, Seção I, p.21.582, e republicado em 07-0294, Seção I, p.1.890 a 1.893, dispôs sobre as Normas Brasileiras de Contabilidade, referentes aos Princípios Fundamentais de Contabilidade (acesse a bibliote-ca do curso online para ler esta resolução).

A observância destes princípios é obrigatória no exercício da profissão e constitui condição de legitimi-dade das Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC).

Os princípios contábeis são:

1. Princípio da entidade

2. Princípio da continuidade

3. Princípio da oportunidade

4. Princípio do registro pelo valor original

5. Princípio da atualização monetária

6. Princípio da competência

7. Princípio da prudência

Princípio da Entidade

Reconhece o patrimônio como objeto da contabilidade e afirma a autonomia patrimonial, a necessidade da diferenciação de um patrimônio particular no universo dos outros existentes, independentemente de pertencer a uma pessoa, a um conjunto de pessoas, a uma sociedade ou a uma instituição de qualquer natureza ou finalidade, com ou sem fins lucrativos.

Com isso, podemos deduzir que o patrimônio da pessoa jurídica distingue-se do patrimônio pessoal de cada sócio.

Dois pontos importantes devem ser compreendidos:

1. Sendo a escrita contábil centrada em entidades, não se deve misturar os recursos, direitos eobriga-ções. Por exemplo: uma empresa e seus sócios são entidades distintas, por isso, não se pode confundir o caixa do dono com o da empresa.

2. Devem-se olhar todos os fenômenos patrimoniais do ponto de vista da entidade. Por exemplo: se uma empresa compra mercadorias de um fornecedor, sua contabilidade irá registrar uma dívida a saldar; por outro lado, o fornecedor terá um crédito a receber. São registros contábeis diferentes.

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Princípio da Continuidade

A continuidade ou não da entidade, bem como sua vida estabelecida ou provável, deve ser considerada quando da classificação das mutações patrimoniais, quantitativas ou qualitativas.

Por este princípio pressupõe-se que uma empresa, ao fazer sua contabilidade, continuará existindo por tempo indeterminado, já que essa continuidade influenciará o valor econômico dos ativos e, em muitos casos, o valor ou vencimento dos passivos. A menos que haja boa evidência em contrário, ela continuará a operar por um período indefinidamente longo no futuro, por isso o princípio da continuidade.

O êxito de uma empresa é medido pela diferença entre o valor de sua produção e o custo dos recursos aplicados na produção. Os recursos adquiridos e ainda não utilizados aparecem nos registros contábeis não pelo seu valor atual de mercado, mas pelo seu custo.

Por exemplo: se uma empresa compra um terreno por R$ 5.000,00, ela deve registrá-lo com esse valor. Todas as alterações posteriores no valor de mercado não se refletiriam nos registros contábeis, indepen-dentemente do valor vendido.

Princípio da Oportunidade

Este princípio refere-se à tempestividade e à integridade do registro das mutações patrimoniais, deter-minando que este seja feito no tempo certo e com a extensão correta.

Como resultado deste princípio, também chamado de Princípio da Universalidade, as empresas são obrigadas a:

1. registrar seu patrimônio e suas posteriores mutações de imediato e de forma integral, na data da emissão do documento e no valor nele expresso;

2. o registro das variações patrimoniais deve ser feito mesmo na hipótese de somente existir razoável certeza de ocorrência e deve ser apropriado no montante que afeta o patrimônio;

3. o registro deve incluir elementos quantitativos e qualitativos, contemplando os aspectos físi-cos e monetários;

4. o registro deve prever as variações ocorridas no patrimônio em um período de tempo deter-minado, para gerar informações úteis ao processo decisório da gestão.

As principais variações patrimoniais têm origens em:

transações realizadas com outras entidades, formalizadas mediante acordo de vontades, in-dependentemente da forma ou da documentação de suporte, como compra ou venda de bens e serviços;

eventos de origem externa, de ocorrência alheia à vontade da administração, mas com efei-tos sobre o patrimônio, como modifi cações nas taxas de câmbio, quebra de clientes, efeitos de catástrofes naturais etc.;

movimentos internos que modifi cam predominantemente a estrutura qualitativa do patrimônio, como a transformação de materiais em produtos semifabricados ou destes em produtos prontos, mas também a estrutura qualitativa-quantitativa, como no sucateamento de bens inseríveis.

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Princípio do Registro pelo Valor Original

Este princípio pressupõe que os componentes do patrimônio devem ser registrados pelos valores ori-ginais das transações e expressos a valor presente da moeda do país, que serão mantidos na avaliação das variações patrimoniais posteriores.

Esse registro resulta na:

1. avaliação dos componentes com base nos valores de entrada;

2. não alteração dos seus valores intrínsecos, admitindo-se somente sua decomposição em elementos e/ ou sua agregação, parcial ou integral, a outros elementos patrimoniais;

3. permanência do valor original enquanto o componente permanecer como pane do patrimônio, inclusive quando da saída deste;

4. tradução do valor dos componentes patrimoniais pela homogeneização quantitativa dos mes-mos.

Dessa forma, as quantias pelas quais os bens estão registrados nas contas de uma empresa não in-dicam por quanto poderiam ser vendidos. Em geral, é certo dizer que quanto mais tempo uma empresa possui um bem, menor é a probabilidade de que a importância pela qual aparece nos registros contábeis corresponda a seu atual valor de mercado.

Princípio da Atualização Monetária

Este princípio pressupõe que os efeitos da alteração do poder aquisitivo da moeda nacional devem ser reconhecidos nos registros contábeis através do ajustamento de expressão formal dos valores dos componentes patrimoniais.

Como resultado deste princípio temos que:

1. a moeda não representa unidade constante em termos do poder aquisitivo;

2. para que a avaliação do patrimônio possa manter os valores das transações originais, é ne-cessário atualizar sua expressão formal em moeda nacional;

3. a atualização monetária não representa nova atualização, mas somente o ajustamento dos valores originais para determinada data, mediante a aplicação de indexadores ou outros ele-mentos aptos a traduzir a variação do poder aquisitivo da moeda nacional em dado período.

Princípio da Competência

Este princípio diz que as receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem, sempre simultaneamente quando se correlacionarem, independentemente de recebimento ou pagamento.

As receitas consideram-se realizadas nas transações com terceiros quando estes efetuarem o paga-

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mento ou assumirem compromisso de efetivá-lo; quando do desaparecimento parcial ou total de um pas-sivo; ou pela geração natural de novos ativos independentemente da intervenção de terceiros.

Com relação às despesas, consideram-se incorridas quando deixar de existir o correspondente valor ativo por transferência de sua propriedade para terceiros; pela diminuição ou extinção do valor econômico de um ativo; ou pelo surgimento de um passivo, sem o correspondente ativo.

Princípio da Prudência

Este princípio determina a adoção do menor valor para os componentes do ativo e do maior para os do passivo, sempre que se apresentem alternativas igualmente válidas para quantificação das mutações patrimoniais que alterem o patrimônio líquido.

Este princípio impõe a escolha da hipótese que resulte o menor patrimônio líquido, quando apresenta-rem opções igualmente aceitáveis diante dos demais princípios. A prudência consiste em, nos casos de dúvidas quanto a valores, não antecipar informações de lucros.

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1.5 - TÉCNICAS CONTÁBEIS

Agora você irá conhecer as técnicas contábeis utilizadas no trabalho dos profissionais da área.

Partindo-se do conceito de que a contabilidade estuda o patrimônio, podemos inferir que a sua função principal é o registro e o controle destes fatos.

Podemos chamar de ato administrativo as operações que não modificam o patrimônio, como o anúncio de venda de um terreno. Já fato administrativo são as operações que modificam o patrimônio, como a concretização da venda do terreno.

Técnicas contábeis são os métodos utilizados para:

o registro dos fatos administrativos (escrituração);

a elaboração posterior das demonstrações contábeis;

a análise da consistência e qualidade dos lançamentos e das demonstrações (auditoria);

o estudo comparativo das demonstrações fi nanceiras para diagnosticar a saúde econômico-fi nanceira da empresa (análise de balanços).

O registro dos fatos administrativos, ou seja, das operações que modificam o patrimônio, é importante para a organização contábil. Para se ter uma uniformidade nesses registros é preciso usar sistemas e métodos racionais, chamados de sistemas de contas e métodos de escrituração.

O sistema de escrituração ou de contas possibilita aos gestores da área contábil obter diversas infor-mações de acordo com os seus interesses e também pelo tipo de empresa na qual atuam ou para a qual está sendo feita a escrituração.

Os enfoques dos registros podem ser os seguintes:

Patrimonial: constituído pelos elementos patrimoniais.

Financeiro: movimento das disponibilidades.

Orçamentário: para instituições públicas.

Riscos: para empresas de seguro e de previdência social.

Giro Cambial: responsabilidades oriundas de garantias.

Bens de Terceiros: registra a posse real ou simbólica de bens de terceiros.

Contratos: registra direitos e deveres decorrentes de contratos.

Estatístico: observa fenômenos administrativos por meio de fatos destacados.

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1.6 - CAMPO DE APLICAÇÃO

Qualquer pessoa, física ou jurídica, que tenha necessidade de manter registros patrimoniais, é poten-cial beneficiário dos conhecimentos e das práticas contábeis.

Essa prática deve estar adequada à natureza (pública ou privada), ao ramo de atividade (indústria, comércio ou serviço) e ao porte (pequeno, médio ou grande) da entidade em questão.

*Azienda: Termo italiano que significa um conjunto econômico vinculado a um sujeito jurídico, isto é, a entidade com seu patri-mônio.Elas podem ser de dois tipos: de caráter social e de caráter econômico. Também podem ser classificadas como públicas ou privadas.

É importante saber também que existe um sistema contábil específico para cada tipo de informação que se pretende obter. Vamos conhecê-los.

Contabilidade Fiscal

Participa do processo de elaboração de informação para o fisco e é responsável pelo planejamento tributário da empresa. Essa área de atuação possui uma remuneração bastante atrativa para os profissio-nais de primeiro nível.

Contabilidade Pública

Área de controle e gestão das finanças públicas. Este é um campo que possui bastante mercado de trabalho em Brasília, por exemplo.

Contabilidade de Custos

Talvez hoje esta seja a área mais valorizada no Brasil e no mundo. Tornou-se muito importante com a redução da taxa de inflação e a abertura econômica aos produtos estrangeiros. Fornece importantes informações na formação de preço da empresa.

Contabilidade Gerencial

Voltada para a melhor utilização dos custos econômicos da empresa, por meio de adequado controle dos insumos, efetuado por um sistema de informação gerencial. O controller é um dos profissionais com melhores remunerações no mercado.

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Modulo 1´Contabilidade Financeira e Gerencial

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Auditoria

Por meio de empresas de auditoria ou de setores internos da organização, controla a confiabilidade das informações e a legalidade dos atos praticados pelos administradores. O profissional desta área tem uma remuneração bastante atrativa.

Perícia Contábil

Atua na elaboração de laudos em processos judiciais ou extrajudiciais. Área de atuação exclusiva do contador.

Contabilidade Financeira

Responsável pela elaboração e consolidação das demonstrações contábeis para fins externos. São os relatórios exigidos pelos órgãos que fiscalizam as empresas, como, por exemplo, Receitas Estaduais e Federal, e CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

Análise Econômica-financeira

Denominação moderna para a análise de balanços. Atua na elaboração de análises da situação patri-monial de uma organização com base em seus relatórios contábeis.

Avaliação de Projetos

Elaboração e análise de projetos de viabilidade de longo prazo, com a estimativa do fluxo de caixa e o cálculo de sua atratividade para a empresa.

Contabilidade Atuarial

Responsável pela contabilidade de fundos de pensão e empresas de previdência privada.

Contabilidade Ambiental

Responsável por informações sobre o impacto causado no meio ambiente. Consiste em contabilizar a utilização do espaço no qual a empresa está inserida, destacando os possíveis impactos ambientais causados.

Contabilidade Social

Dimensiona o impacto social da empresa por meio da sua agregação de riqueza e de seus custos sociais. O balanço social mostra que a empresa explora uma atividade econômica em uma determinada comunidade, mas também proporciona recolhimentos de impostos que retornam para a comunidade em forma de empregos, por exemplo.

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Modulo 1´Contabilidade Financeira e Gerencial

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Contabilidade de Empresas Transacionais

Contabilidade de empresas imobiliárias.

Essas últimas 4 áreas citadas ainda são emergentes, mas existe uma grande perspectiva de cresci-mento profissional. Elas podem vir a ser um excelente campo de trabalho para o contador do século 21.

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Modulo 1´Contabilidade Financeira e Gerencial

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1.7 - CONTABILIDADE FINANCEIRA X CONTABILIDADE GERENCIAL

Para finalizarmos este primeiro módulo em que discutimos o surgimento da contabilidade e seus prin-cipais conceitos, basta diferenciarmos a contabilidade financeira da gerencial.

Contabilidade financeira: é o processo de elaboração de demonstrativos financeiros para propósi-tos externos, como acionistas, credores e autoridade governamentais. Ela é condicionada a imposições legais e requisitos fiscais e voltada para o passado.

Contabilidade gerencial: é o processo de identificação, mensuração, acumulação, análise, prepa-ração, interpretação e comunicação de informações financeiras usadas pela administração para planejar, avaliar e controlar dentro de uma empresa e assegurar uso apropriado e responsável de seus recursos.

A contabilidade é um ramo do conhecimento humano que trata da identificação, avaliação, registro, acumulação e apresentação dos eventos econômicos de uma entidade, com o objetivo final de permitir a tomada de decisão por seus usuários internos e externos por meio de seus sistemas de informação.

As entidades utilizam as informações para comunicar as atividades em uma parte da organização aos responsáveis pelas decisões em outra parte. Mas as informações fazem mais que simplesmente comuni-car. O tipo de informação comunicada provoca ações que determinam o desempenho da empresa.

A contabilidade deverá desempenhar um papel na nova base de informações. De muitas maneiras, estudiosos e profissionais têm tentado caracterizar a contabilidade e, por conseqüência, expor, em linhas gerais, as tarefas do contador no momento atual, no intuito de conhecer suas limitações, os contornos, o âmbito e principalmente seu objetivo.

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Modulo 1´Contabilidade Financeira e Gerencial

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RESUMO

1. A contabilidade é um instrumento da função administrativa que tem como fi nalidade controlar o patrimônio, apurar o resultado das entidades e prestar estas informações aos diversos usuá-rios.

2. A contabilidade é um método universal utilizado para registrar todas as transações de uma empresa que possam ser expressas em termos monetários. Isso possibilita a interpretação uni-forme das demonstrações expositivas de qualquer empresa.

3. O objeto da contabilidade é o patrimônio das entidades e a sua fi nalidade é verifi car a situação da empresa sob os mais diversos enfoques, como análises de estrutura, de evolução, de solvên-cia, de garantia de capitais próprios e de terceiros, de retorno de investimentos, entre outros.

4. As principais teorias contábeis são: Personalismo, Controlismo, Aziendalismo e Patrimonialis-mo. Já os princípios contábeis são: da entidade, da continuidade, da oportunidade, do registro pelo valor original, da atualização monetária, da competência e da prudência.

5. As técnicas contábeis são os métodos utilizados para o registro dos fatos administrativos (escrituração), a elaboração posterior das demonstrações contábeis, a análise da consistência dos dados (auditoria) e o estudo comparativo das demonstrações para diagnosticar a saúde econômicofi nanceira da empresa (análise de balanços).

6. O campo de aplicação da contabilidade é o das entidades econômico-administrativas, ou seja, qualquer pessoa, física ou jurídica, que tenha necessidade de manter registros patrimoniais.

7. A contabilidade fi nanceira é o processo de elaboração de demonstrativos fi nanceiros para propósitos externos, ou seja, para os acionistas, credores e autoridades governamentais.

8. A contabilidade gerencial é o processo de identifi cação, mensuração, acumulação, análise, preparação, interpretação e comunicação de informações fi nanceiras usadas pela administra-ção para a tomada de decisões.

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Modulo 2´

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Contabilidade Financeira e Gerencial

MÓDULO 2PATRIMÔNIO

Neste módulo nosso objetivo é discutir sobre o patrimônio da empresa. Juntos identifi caremos a composição do patrimônio e as implicações das suas situações líquidas.

Além disso, iremos conhecer as contas patrimoniais e aprender a determinar o débito e o crédito de cada uma, explicando as eventuais difi culdades que surgem neste trabalho.

2.1 - Conceito de patrimônio

2.2 - Ativo e passivo

2.3 - Situação líquida e suas alterações

2.4 - Conceito de contas

2.5 - Plano de contas

2.6 - Determinação do débito e do crédito

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Modulo 2´

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Contabilidade Financeira e Gerencial

MÓDULO 2PATRIMÔNIO

2.1 - CONCEITO DE PATRIMÔNIO

Patrimônio: é o conjunto de bens, direitos e obrigações suscetíveis de avaliação em moeda e vincu-lados a uma empresa ou pessoa física num determinado momento.

Bens: são valores materiais de propriedade da organização; é irrelevante que eles estejam pagos ou não. Podemos citar como exemplos de bens: dinheiro no caixa, mercadorias, matérias-primas, máquinas, instalações, prédios, terrenos, veículos etc.

Os bens podem ser classificados em quatro categorias diferentes:

Imóveis - tudo quanto possa ser incorporado ao solo. Exemplos: prédios, galpões etc.

Móveis - aqueles suscetíveis de movimento próprio ou de remoção por força alheia. Exemplos: equi-pamentos, instalações etc.

Fungíveis - os bens móveis que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade. Exemplos: uma saca de arroz, uma dúzia de canetas etc.

Consumíveis - os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da própria substância. Exem-plos: sementes para uso na agricultura, alimentos em geral etc.

É importante destacar que um ativo de uma empresa só pode constar como um bem patrimonial quan-do ela tiver algum dos seguintes direitos sobre ele:

Se ele não se enquadrar em nenhum desses tipos de direitos, o bem não pode ser considerado um patrimônio da empresa.

O patrimônio inicial de uma empresa normalmente é formado pelo capital social, ou seja, o dinheiro ou os bens materiais que os sócios colocam à disposição da entidade para que ela possa funcionar. Este patrimônio, então, é diversificado em bens das mais variadas espécies.

Os direitos, elementos “positivos”, fazem parte do ativo da empresa, e as obrigações, elementos “ne-gativos”, do passivo.

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Modulo 2´

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Contabilidade Financeira e Gerencial

Patrimônio: é o conjunto ou fundo de valores econômicos negativos e positivos vinculados a certa entidade.

Os valores positivos do patrimônio são os bens e direitos e são considerados como ativo da empresa. Já os valores negativos são as obrigações e são considerados como passivo da empresa.

Direitos: são bens que nos pertencem, mas que não estão em nosso poder. São os valores de pro-priedade da empresa que estão em posse de terceiros, como dinheiro aplicado em banco, valores a rece-ber por vendas a prazo de mercadorias, capital social a integralizar, adiantamento a fornecedores etc.

Obrigações: são bens em nosso poder que pertencem a terceiros. São as dívidas que a empresa tem para com terceiros, como salários a pagar, empréstimos bancários, impostos a recolher, fornecedores de mercadorias, títulos a pagar etc.

Para concluir os conceitos relacionados ao patrimônio de uma empresa, vamos conhecer outras deno-minações dadas aos seus componentes. São elas:

Imobilizações técnicas: representam os valores que se encontram aplicados para a utilização na manutenção das atividades da empresa. São bens que vão sendo lentamente consumidos pelo uso. Exem-plo: máquinas, veículos, prédios, utensílios, móveis, ferramentas e instalações aplicadas na produção.

Bens de venda: representam este grupo os valores que se destinam a ser vendidos, quer no estado em que existem, quer transformados ou adaptados (caso da indústria). Exemplo: mercadorias, matérias-primas, matérias auxiliares, produtos semi-acabados, produtos terminados, retalhos, resíduos etc.

Bens de crédito: representam este grupo os valores que se destinam a produzir resultados pela pró-pria natureza da aplicação. Geralmente são imobilizações financeiras. Exemplos: apólices, ações e cotas de outras empresas, debêntures de terceiros, imóveis alugados e arrendados etc.

Créditos de funcionamento: representam este grupo os valores a receber oriundos das operações normais e técnicas dos negócios, geralmente de vendas a crédito a pequenos prazos. Exemplos: duplica-tas a receber, letras de câmbio a receber, valores em conta corrente etc.

Créditos de financiamento: representam este grupo os valores de créditos a receber oriundos de empréstimos de dinheiro feitos a terceiros, geralmente a longo prazo. Exemplos: notas promissórias a receber, valores em conta corrente a receber etc.

Débitos de funcionamento: representam este grupo os valores a pagar, ou seja, as dívidas ou o capital de terceiros, que financiaram aplicações normais ou técnicas, oriundas geralmente de compras a prazo. Exemplos: duplicatas a pagar, letras de câmbio a pagar, valores em conta a pagar etc.

Bens numerários: representam o dinheiro e os títulos que diretamente expressam a moeda. Exem-plos: dinheiro em caixa e em banco, cheques, ordens de pagamento à vista etc.

Rateios e antecipações ativas: representam os valores antecipados em pagamentos ou créditos em formação. Exemplos: antecipações a fornecedores, dividendos a pagar em outras empresas etc.

Débitos de financiamento: representam este grupo os valores de dívidas oriundas de empréstimos de dinheiro feitos por terceiros, geralmente a maior prazo. Exemplos: notas promissórias a pagar, hipote-cas, penhores, valores em conta a pagar etc.

Rateios e antecipações passivas: representam os valores recebidos como antecipações ou dívidas em formação. Exemplos: antecipações de clientes, dividendos a pagar etc.

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Modulo 2´

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Contabilidade Financeira e Gerencial

2.2 - ATIVO E PASSIVO

Vimos no tópico anterior que o ativo de uma empresa é composto pelos direitos, enquanto o passivo é composto pelas obrigações. Dessa forma, se subtrairmos um pelo outro, teremos a situação líquida da empresa.

Na contabilidade, o ativo é sempre igual ao passivo. A razão desta igualdade será mais bem explicada quando tratarmos do método das partidas dobradas. Mas, em princípio, vamos tentar entender analisando alguns exemplos numéricos.

Capital é o aporte de recursos que os sócios colocam à disposição da empresa.

O contrato social fixa o valor do capital expresso em moeda nacional e pode ser alterado no decorrer da vida da empresa mediante integralização de lucros, reservas ou aportes de novos recursos externos.

Esse capital poderá ser formado com contribuições em dinheiro ou em qualquer espécie de bens sus-cetíveis de avaliação em dinheiro.

Conheça alguns conceitos de capital:

Capital social ou nominal: é o valor constante dos atos constitutivos do capital da empresa.

Capital subscrito: é o montante de recursos que os sócios subscreveram.

Capital realizado: é o capital subscrito diminuído da parcela ainda a integralizar.

Capital a integralizar: é o montante de recursos que os sócios ainda não entregaram para a empresa.

Capital autorizado: é o limite máximo que o capital poderá atingir sem que haja alteração do estatuto.

Capital próprio: é igual ao patrimônio líquido ou situação líquida. São os valores não exigí-veis; são os recursos que os sócios investiram para exploração da atividade econômica.

Capital (do ponto de vista econômico): é todo bem econômico passível de ser aplicado à produção.

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2.3 - SITUAÇÃO LÍQUIDA E SUAS ALTERAÇÕES

Agora que já entendemos um pouco mais sobre ativo e passivo, vamos fazer o mesmo com a situação líquida, já que vimos anteriormente que ela resulta da subtração do ativo pelo passivo.

O que você acha que é situação líquida de uma empresa?

Vimos anteriormente que o passivo de uma empresa é formado pelas obrigações. Estas obrigações da empresa são para com terceiros e também para com os seus sócios, uma vez que eles investiram capital para sua abertura.

Entra aqui o Princípio das Entidades: sócios, apesar de serem os donos da empresa, têm direitos em função do dinheiro que investiram e também dos lucros gerados.

Estas obrigações, denominadas de situação líquida, se modificam com as alterações do capital e pela apuração dos lucros ou prejuízos. Os prejuízos, evidentemente, tornarão a situação líquida negativa e, nestas condições, os sócios passarão a ter obrigações com a empresa e não o inverso, como menciona-mos.

Considerando que os valores componentes da equação patrimonial assumem diversas grandezas, de-vido à relação entre os bens e direitos e as obrigações com terceiros, a situação líquida da empresa pode ser positiva, negativa ou nula.

Situação Líquida Negativa, Desfavorável ou Deficitária

Quando o total dos bens e direitos é menor do que o total das obrigações, o ativo é menor do que o passivo, diz-se que a situação líquida ou o patrimônio líquido é negativo, desfavorável ou deficitário, não existindo riqueza própria, ou ainda, que o passivo está a descoberto.

Situação Líquida Nula ou Equilibrada

Se o total do ativo, bens e direitos, é exatamente igual ao total das obrigações (passivo), diz-se que a situação líquida ou patrimônio líquido é nula ou equilibrada, não existindo, também, riqueza própria.

Situação Líquida Positiva, Favorável ou Superavitária

Quando o ativo é maior que o passivo, ou seja, quando os bens e direitos superam as obrigações, diz-se que o patrimônio líquido ou a situação patrimonial é positivo, favorável, superavitário ou, ainda, que existe riqueza própria.

Considerando as regras fundamentais da contabilidade, que determina o registro da aplicação dos recursos simultaneamente e em valores iguais às respectivas origens, temos como correta a seguinte equação contábil geral:

Ativo + Despesas = Capital Social + Receitas + Passivo

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Modulo 2´

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Exercício

Imagine que o patrimônio de uma empresa seja constituído da seguinte forma:

Caixa - $ 300.000

Fornecedores - $ 75.000

Capital Social - $ 225.000

Durante o exercício social em questão, foram realizadas as seguintes operações:

1. aquisição de um veículo para uso próprio a prazo - $ 30.000

2. compra de mercadorias - $ 100.000

3. venda de mercadorias a prazo - $ 150.000 com lucro de $ 50.000

4. despesas administrativas a dinheiro - $ 25.000

Dessa forma, a situação patrimonial da empresa em questão seria:

1. O valor do caixa, inicialmente descrito como $ 300.000, foi descrito na tabela como $ 175.000 em virtude de terem sido abatidos os valores das operações feitas à vista, ou seja, a aquisição das mercadorias e das despesas administrativas.

2. A aquisição do veículo deve constar como ativo quanto passivo por ter sido feita a prazo, ou seja, é um ativo por ser um bem da empresa, mas também é um passivo por ser uma obrigação a ser paga posteriormente.

3. O total do ativo é a somatória do caixa, da duplicata a receber (venda de mercadorias) e do veículo adquirido.

4. O total do passivo é a somatória dos fornecedores, do veículo a ser pago, do capital social e das despesas administrativas.

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Modulo 2´

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Contabilidade Financeira e Gerencial

Vamos discorrer agora sobre as possíveis alterações da situação líquida.

O patrimônio das entidades passa por constantes modificações, motivadas pelas decisões tomadas por sua administração ou mesmo por acontecimentos imprevisíveis, mas que têm reflexos sobre o patri-mônio.

Estes eventos são denominados fatos contábeis ou fatos administrativos e devem ser registrados pela contabilidade da empresa.

Eles dão margem a três tipos de alterações no patrimônio.

Fatos permutativos

São aqueles que não alteram o patrimônio líquid da empresa, ocorrendo somente trocas entre os ele-mentos que o compõem, como: bens por bens, bens por obrigações, direitos por bens, etc.

Representam modificações entre componentes do ativo e/ou passivo, sem que o patrimônio líquido se modifique.

Exemplo

Compra de mercadorias à vista (bens por bens).

Compra de instalações a prazo (bens por obrigações).

Recebimento de direitos (direitos por bens).

Pagamento de obrigações (bens por obrigações).

Fatos modificativos

São aqueles que alteram o patrimônio líquido da empresa. Eles podem ser aumentativos, quando o patrimônio aumenta com as receitas, e diminutivos, quando diminui com as despesas.

Exemplo

Receitas de aluguel (fato modifi cativo aumentativo).

Receitas de juros (fato modifi cativo aumentativo).

Despesas de salários (fato modifi cativo diminutivo).

Despesas fi nanceiras (fato modifi cativo diminutivo).

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Fatos mistos

São aqueles que provocam alterações no ativo, no passivo e no patrimônio líquido simultaneamente. Eles combinam os fatos permutativos e modificativos.

Exemplo

Venda de mercadorias com lucro (entrou o dinheiro no caixa, saiu a mercadoria e aumentou o patrimônio líquido).

Pagamento de duplicata com juros (saiu o dinheiro do caixa, diminuíram as obrigações e hou-ve uma despesa).

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2.4 - CONCEITO DE CONTAS

Partindo do pressuposto de que a contabilidade de uma empresa é feita por meio do registro dos fatos contábeis, como vimos anteriormente, é necessário seguir uma padronização para este procedimento.

O Método das Partidas Dobradas é universalmente utilizado e aceito para este registro. Com ele, cada débito efetuado numa ou mais contas deve corresponder a um crédito em uma ou mais contas, ou melhor, cada débito corresponde sempre a um crédito de mesmo valor. Dessa forma, para cada registro contábil temos sempre pelo menos duas contas.

Uma conta é um recurso contábil utilizado para reunir sob um único item todos os eventos e valores patrimoniais (bens, direitos ou obrigações) de mesma natureza.

Exemplo

Conta Banco Ultramarino – reúne todos os movimentos, depósitos e retiradas de dinheiro realizados no banco Ultramarino.

Conta Veículos – informa todos os movimentos, compra e venda de veículos

Em contabilidade, contas são denominações contábeis que identificam e controlam elementos contá-beis de natureza semelhante; é o registro de débitos e créditos da mesma natureza, identificados por um título que qualifica um componente do patrimônio ou uma variação patrimonial.

Caixa: seria o nome dado à conta para lançamento dos fatos administrativos. Estes lançamentos serão efetuados por registros a débito e a crédito, conforme movimentação ocorrida.

D: Debitar uma conta é registrar o valor da operação no lado esquerdo.

C: Creditar uma conta é registrar o valor da operação no lado direito.

Saldo: trata-se da diferença entre o débito e o crédito de uma conta. Ele pode ser credor ou devedor.

Ele é devedor quando o débito é maior que o crédito, e credor quando o crédito é maior que o débito.

Estes registros contábeis são feitos no razonete, como o esquema nos mostra. Lá são representados os movimentos de débito e crédito das contas em forma de “T”.

O seu objetivo é explicar a razão da existência da conta, para quê ela serve, onde ela se aplica, como se trabalha com ela e como ela passa pelas fases de abertura, desenvolvimento e encerramento.

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As contas também podem ser classificadas de acordo com sua funcionalidade. Para isso, elas se divi-dem em:

Sintéticas: As contas sintéticas são aquelas que dispensam ou não exigem desdobramentos. Cada conta desse tipo reúne débitos e créditos de várias subcontas relacionadas. Exemplo: bancos, contas correntes, caixa.

Analíticas: As contas analíticas exigem desdobramentos. São subcontas fi liadas a deter-minadas contas gerais. Exemplo: Banco do Estado do Piauí, Banco Português do Brasil (são desdobramentos da conta sintética “bancos”).

Unilaterais: As contas unilaterais são aquelas que sofrem variações apenas num sentido. Por isso, o saldo dessas contas aumenta (positiva ou negativamente) sempre. Estão nesse caso as contas Receitas, que sempre serão creditadas, e as contas Despesas, que sempre serão debitadas.

Bilaterais: As contas bilaterais são aquelas que sofrem variações nos dois sentidos, ou seja, seu saldo pode aumentar ou diminuir. Elas são divididas em três classes: contas do ativo, contas do passivo ou contas mistas.

Dinâmicas: As contas dinâmicas são aquelas que atendem à rotina do processo contábil, sen-do debitadas ou creditadas a cada passo. Exemplo: caixa, bancos, despesas gerais, duplicatas a receber.

Estáticas: As contas estáticas são aquelas que se movimentam apenas em virtude de even-tos específi cos e acidentais, como constituição da empresa, construções, constituição de reser-vas, reforma de instalações e apuração de resultados. Exemplo: capital, prédios, reserva legal, gastos com instalação.

Permanentes: As contas permanentes são aquelas que registram os fatos da administração econômica em seus movimentos usuais. Exemplo: mercadorias, capital, contas a receber, con-tas a pagar.

Transitórias: As contas transitórias são aquelas criadas para atender situações especiais e que perdem a razão de existir quando tais situações se extinguem. Exemplo: balanço de aber-tura (usada para receber valores ativos e passivos de um inventário levantado ao iniciar-se um negócio. Ela deixa de existir quando estes valores são debitados nas contas de bens e de direi-tos conforme o caso, e creditados nas contas de obrigações e de capital).

Patrimoniais: As contas patrimoniais são aquelas que representam e expressam valores do

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patrimônio, ou seja, do ativo, do passivo e do patrimônio líquido. Exemplo: duplicatas a receber, fornecedores, empréstimos.

Resultado: As contas de resultado são aquelas que representam e expressam valores das despesas e receitas. Exemplo: salários, juros, passivos, receitas fi nanceiras.

Para finalizar este tópico, o último grupo de contas é o de compensação.

Este grupo especial de contas serve para representar atos administrativos que não alteram o patrimô-nio. Elas funcionam apenas como “lembretes” para o administrador do patrimônio. Representam desloca-mentos momentâneos de bens ou direitos para outras entidades e compromissos firmados pelos gestores da massa patrimonial em nome da empresa.

Veja alguns exemplos deste grupo:

empréstimo de um bem de uma entidade para outra;

fi ança prestada em contratos;

hipotecas imobiliárias;

mercadorias compradas e vendidas em consignação;

entrega de “Duplicatas a Receber” para cobrança.

As contas de compensação são lançadas “aos pares”, ou seja, a uma conta de compensação no débito contrapõe-se outra de compensação no crédito.

Por isso, uma conta de compensação jamais terá como contrapartida uma conta patrimonial. Desse modo, é fácil entender que o ativo de compensação soma o mesmo valor que o passivo de compensação, pois não há situação líquida nessa massa, como se dá com o patrimônio da entidade.

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2.5 - PLANO DE CONTAS

O plano de contas é o elo de comunicação da entidade com os diversos usuários da informação contá-bil, como os administradores, os investidores, os agentes financeiros, os clientes, os fornecedores, o fisco etc.

Trata-se de um sistema metódico e organizado, em que os fatos contábeis devem ser classificados para que a contabilização seja feita de maneira uniforme.

Nele devem ser apresentados as contas, o título e a descrição de cada uma, bem como os regula-mentos e convenções que regem o uso do plano e de suas contas integrantes do sistema contábil da empresa.

Um bom plano de contas deve ter os seguintes elementos básicos:

elenco de contas: relação das contas que serão utilizadas segundo o planejamento contá-bil;

função atribuída a cada conta: o que cada título (conta) representa no patrimônio da em-presa;

funcionamento: quando deve ser debitada e quando deve ser creditada.

Ao elaborar um plano de contas, é necessário estudar a natureza da empresa a que ele vai pertencer, colhendo dados como forma jurídica (fundação, associação etc.), ramo de atividade (comércio, indústria etc.), sistema de operações (à vista, a prazo etc.), volume dos negócios (atacado ou varejo), exigências de ordem legal (autorização e/ou concessão de órgãos públicos).

De posse desses elementos, ou de outros que forem considerados como necessários, torna-se possí-vel a confecção do plano de contas.

Apresentaremos a seguir a estrutura do plano de contas utilizada para o registro dos fatos contábeis de uma empresa.

É possível adotar as diretrizes estabelecidas na legislação comercial e fiscal, que se têm revelado bas-tante úteis também para fins gerenciais.

Conheça a seguir a estrutura básica do plano de contas, com algumas contas dispostas, segundo a legislação comercial, Lei 6.404/76.

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Modulo 2´

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Contabilidade Financeira e Gerencial

ATIVO

ATIVO CIRCULANTE

DISPONIBILIDADES

CAIXA

BANCOS CONTA MOVIMENTO

DIREITOS REALIZÁVEIS

DUPLICATAS A RECEBER

(-) DUPLICATAS DESCONTADAS

(-) PROVISÃO P/ CRÉD. LIQ. DUVIDOSA

ADIANTAMENTOS

ESTOQUES

MERCADORIAS

DESPESAS ANTECIPADAS

SEGUROS A VENCER

REALIZÁVEL A LONGO PRAZO

CONTAS A RECEBER

ATIVO PERMANENTE

INVESTIMENTO

IMOBILIZADO

MÓVEIS E UTENSÍLIOS

VEÍCULOS

(-) DEPRECIAÇÃO ACUMULADA

DIFERIDO

DESPESAS PRÉ-OPERACIONAIS

PASSIVO

PASSIVO CIRCULANTE

DUPLICATAS A PAGAR

CONTRIBUIÇÃO A RECOLHER

PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO

CONTAS A PAGAR

RESULTADO DE EXERCÍCIO FUTURO

PATRIMÔNIO LÍQUIDO

CAPITAL SOCIAL

RESERVA DE CAPITAL

RESERVAS DE REAVALIAÇÃO

RESERVAS DE LUCROS

LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS

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Modulo 2´

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Contas de resultdado

DESPESAS OPERACIONAIS FINANCEIRAS

VENDAS COMISSÕES E DESPESAS BANCÁRIAS

SALÁRIOS JUROS

COMISSÕES DE VENDAS VARIAÇÃO CAMBIAL

PROPAGANDA E PUBLICIDADE CORREÇÃO MONETÁRIA

ALUGUÉIS RECEITAS FINANCEIRAS

IMPOSTOS E TAXAS DESCONTOS OBTIDOS MATERIAL DE ESCRITÓ RIO OUTRAS RECEITAS E DESPESAS

ÁGUA, LUZ E TELEFONE RECEITAS

SEGUROS VENDAS NO MERCADO NACIONAL

DESPESAS DIVERSAS VENDAS NO MERCADO EXTERNO

ADMINISTRATIVAS VENDAS À VISTA

HONORÁRIOS E PRÓ-LABORE VENDAS A PRAZO

SALÁRIOS VENDAS DE MERCADORIAS

GRATIFICAÇÕES A FUNCIONÁRIOS VENDAS DE PRODUTOS FABRICADOS

AVISO PRÉVIO E INDENIZAÇÕES RECEITA DE SERVIÇOS EXECUTADOS

PROVISÕES PARA FÉRIAS DESCONTOS OBTIDOS

PROVISÕES PARA 13º SALÁRIO RECEITAS DE JUROS

ENCARGOS SOCIAIS RECEITAS DIVERSAS

ALUGUÉIS

ÁGUA, LUZ E TELEFONE

CORREIOS E MALOTES

REPRODUÇÃO

SEGUROS

DESPESAS DE VIAGENS

COPA E COZINHA

MANUTENÇÃO DO ESCRITÓRIO

SERVIÇOS DE TERCEIROS

ASSINATURAS E PUBLICAÇÕES

IMPOSTOS E TAXAS

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Modulo 2´

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Contabilidade Financeira e Gerencial

A correta classificação das contas é de fundamental importância para possibilitar estudos comparati-vos, análises e quaisquer outros detalhamentos.

A quantificação apropriada das contas, realçando as que efetivamente representam fatos relevantes, é essencial ao planejamento e controle da contabilidade.

No plano de contas é possível estabelecer uma convenção numérica ou literal para identificar as contas e classificá-las nos respectivos grupos e subgrupos.

Exemplo

Utilizamos Código 1 para Ativo e Código 2 para Passivo.

1. Ativo

1.1. Ativo Circulante

1.1.1. Disponibilidades

1.1.2. Direitos Realizáveis

1.1.3. Estoques

1.1.4. Despesas do Exercício Seguinte

1.2. Ativo Realizável a Longo Prazo

1.3. Ativo Permanente

1.3.1. Investimentos

1.3.2. Imobilizado

1.3.3. Diferido

2. Passivo

2.1. Passivo Circulante

2.2. Passivo Exigível de Longo Prazo

2.3. Resultados de Exercícios Futuros

2.4. Patrimônio Líquido

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Contabilidade Financeira e Gerencial

2.6 - DETERMINAÇÃO DO DÉBITO E DO CRÉDITO

No estudo da contabilidade, a determinação do débito e do crédito é de fundamental importância, pois isso irá determinar todo o processo contábil.

O primeiro passo para determinar o débito ou o crédito de certa conta será saber a origem da mesma, ou seja, se ela é um bem ou direito (ativo), uma obrigação (passivo), ou se ela representa um elemento do patrimônio líquido positivo ou negativo. Dessa forma, temos:

o ativo é composto por contas com saldo devedor;

o passivo é composto por contas com saldo credor;

o patrimônio líquido positivo é sempre creditado e seu saldo é credor;

o patrimônio líquido negativo é sempre debitado e seu saldo é devedor.

Todas as contas têm um valor inicial, ou seja, o primeiro lançamento que se faz em determinada conta terá que ser de acordo com sua origem.

Vamos entender isso melhor.

a) Uma conta que representa um bem ou um direito da empresa, terá seu valor inicial sempre a débito.

b) Nas contas do patrimônio líquido, as despesas são debitadas.

c) As contas que representam obrigações da empresa terão seu valor inicial sempre a crédito.

d) Nas contas do patrimônio líquido, as receitas são creditadas:

d) Nas contas do patrimônio líquido, as receitas são creditadas.

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Contabilidade Financeira e Gerencial

Para melhor entendimento do quadro anterior, vamos decifrá-lo:

as contas do Ativo têm o valor inicial a débito; aumentam seu saldo com os débitos e diminuem com os créditos;

as contas do Passivo têm o valor inicial a crédito; aumentam com os créditos e diminuem com os débitos;

as contas do Patrimônio Líquido Positivo têm seu valor inicial a crédito; serão sempre credita-das e o seu saldo aumentará sempre;

as contas do Patrimônio Líquido Negativo têm seu valor inicial a débito; serão sempre debita-das e o saldo aumentará sempre.

Para concluir, o registro dos fatos contábeis fica muito mais fácil se forem seguidos alguns passos.

1º. Identifi car as contas envolvidas.

2º. Identifi car a que grupo pertence a conta.

3º. Identifi car qual é o efeito do fato sobre cada conta.

4º. Efetuar o lançamento segundo o mecanismo de débito e crédito.

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Contabilidade Financeira e Gerencial

RESUMO

1. O patrimônio de uma empresa é demonstrado pelo balanço patrimonial. Ele está ligado ao conceito de bem, ou seja, são valores materiais de propriedade da empresa.

2. O patrimônio é composto de bens, direitos e obrigações. Os direitos compõem o ativo da empresa, enquanto as obrigações compõem o passivo.

3. A situação líquida da empresa é obtida pela subtração do ativo pelo passivo. Ela provém dos investimentos iniciais, dos novos investimentos e dos lucros acumulados na empresa.

4. A situação líquida pode ser positiva, negativa ou nula. Ela será positiva quando a soma dos bens e direitos superar as obrigações para com terceiros; será negativa quando as obrigações para com terceiros superar a soma dos bens e direitos; e será nula quando os bens e direitos se igualarem com as obrigações para com terceiros.

5. Qualquer variação decorrente dos fatos administrativos dá margem a três tipos de alterações no patrimônio e, conseqüentemente, na situação líquida da empresa: fatos permutativos, fatos modifi cativos e fatos mistos.

6. Uma conta é um recurso contábil utilizado para reunir, sob um único item, todos os eventos e valores patrimoniais de mesma natureza.

7. O plano de contas é o conjunto de determinadas contas em função do ramo de atividade e do porte de uma empresa. Nele são apresentados as contas, o título, a descrição de cada uma e os regulamentos e convenções que regem o seu uso.

8. No plano de contas, as contas são lançadas a crédito ou a débito, dependendo da sua origem. Para classifi cá-las corretamente é necessário primeiramente identifi car as contas envolvidas; depois identifi car a que grupo pertencem, depois identifi car qual é o efeito do fato sobre cada conta e, por fi m, efetuar o lançamento segundo o mecanismo de débito e crédito.

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Contabilidade Financeira e Gerencial

MÓDULO 3CONTROLE INTERNO E AVALIAÇÃO DE ESTOQUES

O objetivo deste módulo é justifi car a formulação de controles internos como formas de redução e reestruturação de custos e os aspectos estratégicos que determinam condições de minimizá-los.

Além disso, discutiremos sobre os diversos métodos de avaliação de estoques e suas implica-ções nos custos da empresa.

3.1 - Conceito e categorias de controles internos

3.2 - Limitações e importância do controle interno

3.3 - Centros de responsabilidades

3.4 - Métodos de avaliação de estoques

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Contabilidade Financeira e Gerencial

MÓDULO 3CONTROLE INTERNO E AVALIAÇÃO DE ESTOQUES

3.1 - CONCEITO E CATEGORIAS E CONTROLES INTERNOS

Você já reparou como o controle faz parte da nossa vida?

Estamos constantemente controlando nossos horários, nossas atitudes, nossos comportamentos, nos-sos gastos.

Isso já faz parte da nossa rotina diária.

Nas empresas isso não é diferente. Mudam apenas os tipos de controles, que existem para outras finalidades. Vamos entender isso melhor.

As empresas também utilizam algumas formas de controle em sua rotina diária. Para que se mante-nham ativas no mercado é necessário adotar esta política interna, pois só assim se manterão organizadas e produtivas.

Controle interno é o sistema adotado por uma empresa que compreende o plano de organização, os deveres, responsabilidades e todos os métodos e medidas adotadas, com a finalidade de:

salvaguardar os ativos;

verifi car a exatidão e fi delidade dos dados e relatórios contábeis e de outros dados operacio-nais;

desenvolver a efi ciência nas operações;

comunicar e estimular o cumprimento das políticas, normas e procedimentos administrativos adotados.

Ao conceito de controle interno podemos agregar o conceito de sistema, que, na verdade, são comple-mentares.

Todas as empresas são estruturadas para atingir um ou vários objetivos específicos. Vimos que, para isso, elas precisam adotar controles internos capazes de organizar todas as rotinas e procedimentos.

Podemos chamar essa organização de sistemas que, em última análise, representam o modo lógico por meio do qual se executa determinada tarefa.

Estes sistemas permitem à administração da empresa obter eficiência em suas tarefas, por meio da aplicação de funções específicas organizadas de modo lógico.

Obviamente, devemos imaginar que a alta administração de uma empresa não tem condições de con-trolar todas as tarefas desenvolvidas por seus funcionários.

Por isso, para assegurar-se que tais funções estão sendo devidamente praticadas são definidos outros sistemas que têm por finalidade controlar o funcionamento do sistema anterior, ou seja, eles servem para fiscalizar se as rotinas estão sendo corretamente cumpridas pelos seus funcionários.

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Contabilidade Financeira e Gerencial

Este novo sistema chamamos de sistema de controles internos.

Segundo suas finalidades, podemos desdobrá-lo em:

Controles organizacionais

Este tipo de controle está relacionado à designação de responsabilidade e delegação de auto-ridade aos funcionários.

Partindo do pressuposto de que é impossível para a alta administração controlar tudo e todos, é imprescindível que ela estabeleça uma estrutura organizacional adequada, que possa realizar as atividades de planejamento, execução e controle das operações.

No que tange à organização de funções e delegação de autoridade, é conveniente documentar a defi nição de linhas e instruções de operação, mediante a elaboração de manuais, organogra-mas e descrição de cargos.

Controles de sistemas de informação

Este tipo de controle está relacionado à adequada prestação de informação aos diferentes ní-veis da administração.

Em todas as empresas, o planejamento e o controle das operações dependem do conhecimento que a administração tem das atividades e operações passadas, presentes e futuras.

Esse conhecimento depende em maior ou menor grau, de acordo com cada empresa, do siste-ma de informação. Este sistema serve como “olhos e ouvidos” da administração, já que ela não pode estar presente em todos os lugares.

Controles de procedimentos

Este tipo de controle refere-se à observação de políticas e procedimentos dentro da organiza-ção.

Em qualquer empresa, é de extrema importância que todos os funcionários compreendam clara-mente suas funções e responsabilidades, conhecendo as normas e os procedimentos internos documentados.

Estes procedimentos devem ser adequados à estrutura da empresa, devem ser bem defi nidos e fáceis de se interpretar e aplicar.

Existem dois tipos de procedimentos: os procedimentos do fl uxo de documentação, que são incorporados no sistema de processamento das transações (por exemplo: revisão de cálculos, endosso de cheques etc.); e os procedimentos de controles independentes, que são estabe-lecidos pela administração (por exemplo: auditoria interna, conciliação bancária etc.).

Em relação ao controle organizacional, é importante destacar que as empresas devem tomar cuidado para que ninguém controle sozinho todas as etapas de um processo, seja ele qual for.

O ideal é que haja uma verificação cruzada envolvendo outras pessoas no processo, pois assim evi-

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Contabilidade Financeira e Gerencial

tam-se possíveis fraudes internas. Em geral, é necessário estabelecer departamentos separados e inde-pendentes para funções como compras, vendas, produção, finanças etc.

Obviamente, não será isso que impedirá fraudes, mas é uma ação que pode dificultá-las.

Outro ponto importante diz respeito ao grau de competência e integridade das pessoas que compõem o quadro de funcionários.

O ideal é unir um sistema de controle sofisticado com pessoas competentes e íntegras, pois assim a empresa poderá funcionar melhor.

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3.2 - LIMITAÇÕES E IMPORTÂNCIA DO CONTROLE INTERNO

Como nem tudo é perfeito, existem algumas limitações inerentes aos sistemas de controle interno.

1. Falha na comunicação: Na aplicação da maioria dos procedimentos de controle podem ocorrer falhas resultantes do entendimento precário das instruções, erros de juízo, descuidos ou outros fatores humanos.

2. Fraudes: Os procedimentos de controle cuja efi cácia depende da divisão de funções podem ser burlados mediante conivência.

3. Erros cometidos pela administração: Os procedimentos de controle referentes à execução e ao registro das operações podem se mostrar inefi cazes face aos erros ou irregularidades cometidas pela administração e face às estimativas e juízos inadequados da administração na elaboração das demonstrações fi nanceiras, dos orçamentos e fl uxos de caixa.

4. Dados defasados: Qualquer projeção de uma avaliação atual do controle interno para perí-odos futuros corre risco de os procedimentos fi carem defasados, devido a mudanças de condi-ções e pelo fato de haver-se deteriorado o grau de observância dos procedimentos.

5. Custo: Espera-se que um sistema de controle interno proporcione razoável certeza da con-ceituação dos seus objetivos. O conceito de certeza razoável leva em conta que o custo do controle interno não deve superar os benefícios esperados. Esses benefícios consistem na re-dução das perdas decorrentes da não-consecução dos objetivos gerais implícitos na defi nição de controle contábil.

Vamos falar agora sobre a importância que o controle interno tem para as empresas.

A utilização de um controle adequado sobre cada sistema operacional é de extrema importância para a empresa, pois desta maneira atinge-se os resultados mais favoráveis com menores desperdícios.

Além disso, os sistemas de controle medem a eficácia com que as decisões são traduzidas em resul-tados para a empresa, ou seja, se as metas estão sendo alcançadas.

Elementos formais: são as regras e os procedimentos estabelecidos.

Elementos informais: são a “tradição” da empresa, ou seja, a prática do passado e a sua cultura

Os sistemas de controle são compostos por elementos formais e informais.

A criação de um sistema trata principalmente dos elementos formais, pois sem eles utiliza-se apenas uma abordagem intuitiva que identifica os controles físicos existentes na empresa, bem como instruções orais ou escritas.

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Um dos mais abstratos e poderosos sistemas de controle é a contabilidade que opera na empresa, incluindo a maneira de se organizar e interpretar os dados numéricos dentro do sistema.

A linguagem contábil é comum a toda organização de negócios.

Os números contábeis facilmente se adaptam à exigência organizacional.

É uma ferramenta que monitora o desempenho fi nanceiro da empresa

Os dados contábeis são produzidos principalmente para o controle de resultados, que é o cerne do processo empresarial.

Os sistemas contábeis medem a efi cácia administrativa, não a natureza do comportamento, esforço ou diligência.

Observando estes fatores de importância baseados nos resultados da empresa, podemos concluir que a própria contabilidade cria pré-requisitos para uma bem sucedida implementação do sistema de controle da área.

Porém, é preciso se certificar da forma pela qual a produção é medida e garantir que a tecnologia que traduz a ação em resultados seja estável e regular.

A competência para medir a produção de uma área deve ser alta, pois só assim o sistema de controle pode ser usado com êxito.

O ambiente externo também pode complicar a mensuração dos resultados. Podemos citar como exem-plo as flutuações do mercado e a influência da legislação. Para lidar com este problema, a empresa preci-sa implementar um sistema contábil que seja capaz de filtrar os verdadeiros resultados a partir de dados preliminares.

Além disso, é importante que o controle seja exercido de cima para baixo. O ideal é que a empresa implemente “centros de responsabilidades”, onde os administradores desses centros possam tomar deci-sões a respeito de determinados problemas empresariais com base em suas próprias avaliações, sem a interferência da alta administração.

Mas para isso a empresa precisa estabelecer critérios para mensurar o desempenho destas ações, a fim de que elas não sejam tomadas de forma impensada.

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3.3 - CENTROS DE RESPONSABILIDADES

Os centros de responsabilidades, de uma forma geral e resumida, servem para distribuir poderes e responsabilidades entre os membros da empresa.

Em cada centro deve ser nomeado um coordenador que irá tomar as decisões necessárias na sua área de atuação.

É importante que estes centros não estejam totalmente separados, pois os trabalhos estarão sempre relacionados uns com os outros.

Existem três tipos de centros de responsabilidades, como o esquema demonstra, e cada um tem uma tarefa específica a desempenhar — vamos entender melhor estas tarefas a seguir.

No centro de custo os gerentes não têm autonomia para tomar decisões sobre a escala das operações ou sobre preços a serem cobrados.

Já no centro de lucro a situação é diferente. Os gerentes têm o direito de decisão sobre insumos e produção.

No centro de investimento é concedido aos gerentes o direito de tomar suas próprias decisões de in-vestimentos, podendo alocar determinados fundos para projetos.

A essência da administração é o conhecimento do que está sendo feito, se está de acordo com o pla-nejado, e sempre observando aquilo que deve ser melhorado.

E essa observação é dada pela função de controle, porque será através dela que os gerentes dos cen-tros de responsabilidade e a alta administração saberão o que precisam mudar, como podem mudar e por onde devem começar as mudanças.

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3.4 - MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE ESTOQUES

Os métodos de avaliação de estoques representam uma parcela extremamente importante no proces-so de controle gerencial.

A utilização desses métodos, na sua forma individual, já é largamente utilizada pelas empresas. Entre-tanto, a utilização de forma conjunta constitui não só um avanço nos estudos da área de custos, mas uma necessidade das empresas, já que elas possuem diferentes estratégias para abordagem e resolução de seus problemas.

No Brasil, os métodos mais comuns utilizados para avaliar o estoque são o preço específico, o custo médio, o PEPS (primeiro a entrar, primeiro a sair) e o UEPS (último a entrar, primeiro a sair).

O custo médio pode ser dividido em custo médio ponderado móvel e custo médio ponderado fixo.

O objetivo desses métodos é separar o custo dos produtos entre o que foi vendido e o que permaneceu em estoque.

As entradas no estoque de determinada matéria-prima, normalmente com custos diferentes entre si, vão influenciar o valor das saídas desse estoque, base para o custeio do material aplicado na produção.

Por isso, faz-se necessária a utilização de algum desses métodos, já que os custos do produto e do estoque estão intimamente ligados.

Vamos imaginar que a Indústria Química, durante o mês de Janeiro do ano 19XX, tenha tido a seguinte movimentação no seu estoque:

O controle do estoque de acordo com os cinco métodos de avaliação citados, em termos de compras, consumo e saldo final, em quantidade e valor, ficaria da seguinte forma:

Preço específico

Este tipo de método de avaliação de estoque é utilizado quando é possível fazer a determinação do preço específico de cada unidade de estoque, e pode-se dar baixa, em cada venda, por esse valor.

Dessa forma, no estoque final, seu valor será a soma de todos os custos específicos de cada unidade existente.

Geralmente, este método é usado em empresas que fabricam veículos, tratores, máquinas de grande porte etc.

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Veja, a seguir, como ficaria a movimentação da empresa, segundo este método:

Custo médio ponderado móvel

Neste método de avaliação, o valor de cada unidade em estoque se altera pela compra de outras uni-dades por preço diferente.

A característica básica deste método é que tanto o estoque final como o custo das mercadorias vendi-das ou requisitadas (para uso na produção) é avaliado pelo preço das aquisições.

Veja a movimentação do estoque da Indústria Química, segundo este método:

Você pode observar que cada entrada por custo diferente do custo médio anterior altera esse custo médio, e que cada saída, embora não altere o custo médio, altera o fator de ponderação. Resumindo, o valor de cada unidade em estoque altera-se pela compra de outras unidades por preço diferente.

Custo médio ponderado fixo

Neste método os materiais consumidos são baixados ao custo médio do final do mês, mesmo que te-nham sido consumidos em vários dias do mês. Isso porque o lançamento de baixa é feito unicamente no final do mês.

Desta forma, o custo é único em virtude de ter sido usado o custo médio final, após as ponderações por custo e por quantidades durante o mês.

Vamos ver a movimentação:

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PEPS

Neste método os estoques são avaliados pelos custos de aquisições mais recentes. As matérias-primas são baixadas do estoque pelo preço mais antigo e, conseqüentemente, os que permanecem em estoque ficam avaliados pelos custos mais recentes.

Dessa forma, à medida que ocorrem as vendas ou requisições (para uso na produção) é dada a baixa a partir das primeiras compras, o que equivaleria ao raciocínio de que vendemos ou requisitamos primeiro as primeiras unidades compradas.

Veja a movimentação da Indústria Química segundo a avaliação deste método:

Vale ressaltar que, numa economia inflacionária, a avaliação pelo “PEPS” faz com que os estoques sejam valorizados com custos mais elevados e, portanto, o lucro é maior. Porém, isso significa que as obrigações fiscais também serão maiores.

UEPS

Este método apresenta estoques com valores mais reduzidos e custos dos produtos vendidos mais elevados.

O custo das mercadorias vendidas ou requisitadas estará sempre baseado nas compras mais recentes, e o estoque final, nas mais antigas.

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Vale ressaltar que este método não é aceito pela legislação do Imposto de Renda.

Veja a tabela que mostra a avaliação da Indústria Química segundo este método:

Numa economia inflacionária como a brasileira, comparando os três métodos de controle de estoque podemos concluir que:

O método PEPS sub-avalia o custo da mercadoria vendida e o estoque fi nal.

O método UEPS super-avalia o custo da mercadoria vendida e sub-avalia o estoque fi nal; portanto, não é aceito pela legislação do Imposto de Renda.

O método do custo médio mantém o custo da mercadoria vendida e o estoque fi nal entre os valores obtidos, através dos métodos anteriores.

Vale ressaltar que, mundialmente, o método mais comum e mais utilizado é a Média Ponderada Mó-vel, em que o estoque é constantemente avaliado pela média.

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RESUMO

1. Controle interno é o sistema de uma empresa que compreende o seu plano, seus deveres,responsabilidades e todos os métodos e medidas adotadas com a fi nalidade de salvaguardar os ativos; verifi car a exatidão e fi delidade dos dados e relatórios contábeis e de outros dados operacionais; desenvolver a efi ciência nas operações; comunicar e estimular o cumprimento das políticas, normas e procedimentos administrativos adotados.

2. Para organizar as funções de um modo lógico, as empresas adotam um sistema que repre-senta essa lógica por meio da qual cada tarefa é executada.

3. Para que a administração possa se assegurar de que todas as funções estão sendo devida-mente praticadas, adota-se um outro sistema que tem a fi nalidade de controlar o funcionamento do sistema anterior. Chama-se sistema de controles internos.

4. Os controles internos podem ser categorizados em controles organizacionais, controles de sistema de informação e controles de procedimentos.

5. Os controles organizacionais se referem ao controle obtido por meio da maneira de designar responsabilidade e delegar autoridade; os controles do sistema de informação referem-se ao controle obtido mediante a prestação de informação aos níveis adequados da administração; os controles de procedimentos referem-se ao controle obtido mediante a observação de políticas e procedimentos dentro da organização.

6. O controle interno tem sua importância relacionada ao efi ciente controle das operações, de forma a refl etir a situação da empresa, e também por salvaguardar os ativos da empresa, pre-venindo ou descobrindo possíveis fraudes internas.

7. Os métodos de avaliação de estoques englobam procedimentos necessários ao registro da movimentação dos estoques. Os métodos mais comuns são: preço específi co, custo médio (móvel e fi xo), PEPS e UEPS.

8. O método do preço específi co é utilizado quando se pode determinar o preço de venda de cada unidade de estoque pelo mesmo valor; no custo médio ponderado móvel o valor de cada unidade em estoque se altera pela compra de outras unidades por preço diferente; no custo médio ponderado fi xo os materiais consumidos são baixados ao custo médio do fi nal do mês, mesmo que isso ocorra em várias datas; no PEPS os estoques são avaliados pelos custos de aquisições mais recentes; no UEPS o custo das mercadorias vendidas ou requisitadas está ba-seado nas compras mais recentes e o estoque fi nal, nas mais antigas.

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Contabilidade Financeira e Gerencial

MÓDULO 4SISTEMA DE CUSTEIO POR ABSORÇÃO

O objetivo deste módulo é ensiná-lo a calcular o custo de um produto ou serviço por meio do sistema de custeio por absorção.

Justifi caremos os critérios utilizados nesse cálculo e identifi caremos suas vantagens para as empresas. Com isso, você poderá aprimorar os instrumentos de desenvolvimento organizacio-nal.

4.1 - Conceito e esquema básico

4.2 – Departamentalização

4.3 - Critérios de rateio dos CIFs pelos departamentos

4.4 - Pré-determinação dos custos indiretos de fabricação

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Contabilidade Financeira e Gerencial

MÓDULO 4SISTEMA DE CUSTEIO POR ABSORÇÃO

4.1 - CONCEITO E ESQUEMA BÁSICO

O custeio representa um elemento essencial das atividades de contabilidade gerencial de uma empre-sa.

O custo trata de estabelecer quanto de gastos foram usados por um produto, um grupo de produtos, uma atividade específica ou um conjunto de atividades da empresa.

O custeio por absorção, ou custeio pleno, consiste na apropriação de todos os custos envolvidos na produção de um produto, sejam eles fixos ou variáveis. Apenas os gastos não fabris (despesas) são ex-cluídos.

Custeio por absorção é o método derivado da aplicação dos princípios fundamentais de contabilidade e, no Brasil, é adotado pela legislação comercial e fiscal.

Na verdade, ele não é um princípio contábil em si, mas uma metodologia decorrente da aplicação des-ses princípios, sendo válido para a apresentação de demonstrações financeiras e para o pagamento do Imposto de Renda.

A distinção principal no custeio por absorção é entre custos e despesas.

A separação é importante porque as despesas são jogadas imediatamente contra o resultado do perí-odo, enquanto somente os custos relativos aos produtos vendidos terão idêntico tratamento.

Os custos relativos aos produtos em elaboração e aos produtos acabados que não tenham sido vendi-dos estarão ativados nos estoques destes produtos.

Dessa forma, neste método, todos os custos são alocados aos produtos fabricados, incorporando tan-to os custos diretos como os indiretos, sendo estes por meio de critérios de rateio, como veremos mais adiante.

Observe o esquema e veja a separação:

Para entender melhor o esquema, vamos ver quais são os três passos que devem ser seguidos para a definição do custo de um produto:

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Modulo 4´

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Contabilidade Financeira e Gerencial

1º. Passo: Separar os custos do produto dos custos do período, ou seja, os custos diretos e os indiretos do produto.

2º passo: Os custos diretos do produto devem ser atribuídos aos produtos específi cos, enquan-to os custos indiretos devem ser atribuídos a centros de custos. Os custos diretos são os gastos incorridos unicamente para um determinado produto.

3º passo: Os custos indiretos devem ser distribuídos dos centros de custos para os produtos, de acordo com o seu uso. Este é o passo mais importante para se obter a precisão do custo.

Estes centros de custos podem ser áreas de decisão (centros de responsabilidades), departamentos de serviço ou simples entidades contábeis.

Um centro de custo absorve todos os custos que variam conforme a medida de atividade, e será isso que refletirá os serviços prestados ao produto. Por exemplo, se uma máquina é utilizada para a fabricação de dois produtos diferentes, deve ser separado o custo de funcionamento da máquina para a fabricação de cada produto em separado.

Exemplo

Suponhamos que a empresa Astorga seja uma indústria química presente no mercado há cerca de 20 anos. Ela fabrica atualmente apenas dois produtos: o Produto A e o Produto B.

O seu quadro de funcionários é composto por cerca de 150 pessoas distribuídas entre as áreas administrativa, comercial e operacional.

Na área fabril, existem hoje cerca de 60 funcionários que representam um gasto mensal com sa-lários de $ 120.000. Na área comercial, os salários dos vendedores são compostos apenas por comissões sobre vendas, que mensalmente giram em torno de $ 60.000. A área administrativa e a diretoria geram despesas mensais com salários e honorários em torno de $ 120.000.

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Além disso, outras despesas mensais ocorrem na Astorga: compra de matéria-prima, seguros, compra de materiais diversos, despesas com manutenção, despesas com entregas e compra de material de expediente, entre outras.

Considerando todas as despesas da empresa, em um determinado mês teríamos o seguinte quadro:

O primeiro passo para o custeio dos produtos seria a separação dos custos de produção e das despe-sas do período.

Os custos de produção estão relacionados com os gastos da produção. São chamados de custos diretos.

Por exemplo: compra de matéria-prima, pagamento de mão-de-obra etc.

As despesas do período são os gastos indiretos com a produção. São chamados de custos indire-tos.

Por exemplo: despesa de comercialização, de administração geral etc.

Vimos que as despesas não integram o custo dos produtos e, dessa forma, elas deverão ser lançadas diretamente contra os resultados do exercício.

Partindo do princípio de que a empresa Astorga fabrica apenas dois produtos e que ela possui um

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sistema de controle de materiais que lhe possibilita identificar quanto cada produto consumiu de matéria-prima, temos o seguinte quadro:

Com relação aos salários do pessoal da fábrica, há a necessidade de separar a mão-de-obra direta e indireta.

Considera-se como mão-de-obra direta (MOD) o trabalho humano diretamente identificável e mensurá-vel com o produto, inclusive os encargos sociais. Exemplo: operador de máquina.

A mão-de-obra indireta (MOI) é aquela relacionada com a área de produção, mas não ligada diretamen-te ao produto. Exemplo: supervisor de fábrica.

Dessa forma, se conseguirmos medir o tempo de produção de cada produto por meio de controles, en-tão a mão-de-obra é direta. Se não conseguirmos e tivermos que utilizar qualquer critério de rateio, então ela será mão-de-obra indireta.

Vamos considerar que a Astorga mantém apontamentos que permitem a apuração das horas gastas na fabricação de cada produto, bem como as horas de mão-de-obra indireta. A divisão seria a seguinte:

Desta forma, podemos perceber que os $ 90.000 de custos com a mão-de-obra direta foram apro-priados diretamente aos produtos A e B, conforme utilização, enquanto que os $ 30.000 da mão-de-obra indireta foram incorporados aos gastos gerais de fabricação para posterior distribuição.

Supondo que os demais custos sejam considerados indiretos, o quadro de custos diretos e indiretos da Astorga seria o seguinte:

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Do total de $ 480.000 de custos, $ 360.000 já estão alocados aos produtos A e B. Já os gastos gerais de fabricação, ou custos indiretos, no montante de $ 120.000, precisam, por algum critério, ser rateados aos dois produtos também.

Vejamos algumas formas de alocação de tais custos indiretos.

Uma maneira bastante simples é a distribuição proporcional ao total de custos diretos.

Teríamos, então:

A última coluna nos indica o custo total de cada produto. A penúltima coluna indica o montante de cus-tos indiretos de fabricação, distribuídos segundo os custos diretos de cada produto.

Uma outra alternativa que poderia ser utilizada para o rateio dos custos indiretos seria de acordo com o gasto de mão-de-obra direta.

Dessa forma, a divisão seria:

É claro que existem vários outros critérios de rateio, alguns descendo a detalhes como distribuição do aluguel (ou depreciação do prédio, se for próprio) por m², materiais auxiliares de acordo com o consumo de matéria-prima, depreciação de máquinas de acordo com horas trabalhadas etc.

O nível de detalhamento a ser usado depende da relevância dos valores envolvidos e do bom senso de cada um, visando a eliminar as arbitrariedades. É impossível determinar uma regra de rateio. Cada empresa utiliza aquela que melhor atende suas necessidades.

Veja a seguir um fluxo global de custos e despesas para apuração de resultados no custeio por absor-ção.

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Podemos ver, pelo gráfico, que todas as despesas vão para o resultado do período, enquanto os cus-tos somente são lançados ao resultado na parte correspondente aos produtos vendidos, permanecendo o restante como estoque.

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4.2 – DEPARTAMENTALIZAÇÃO

A departamentalização consiste em dividir a fábrica em segmentos, chamados departamentos, aos quais são debitados todos os custos de produção neles incorridos.

Departamento é a unidade mínima administrativa constituída, na maioria dos casos por homens e má-quinas desenvolvendo atividades homogêneas. Deve haver sempre um responsável pelo departamento.

Os departamentos podem ser divididos em dois grupos:

A tabela abaixo mostra quais departamentos devem compor cada empresa:

Estes são apenas alguns exemplos de departamentos de produção e de serviços. De acordo com o tipo de serviço ou produto desenvolvido pelas empresas, podem existir estes ou outros departamentos.

Na maioria das vezes, departamento é um centro de custo, ou seja, nele são acumulados os custos para posterior alocação aos produtos (departamentos de produção) ou a outros departamentos (de servi-ços).

Em alguns casos, podem existir mais de um centro de custo num mesmo departamento. É o caso dos quais, apesar de desenvolver atividades homogêneas, usam máquinas de diversas capacidades produti-vas e operadas por pessoal especializado.

O objetivo de melhor controle dos custos é atingido porque a departamentalização torna a incorrência dos custos de produção no âmbito do departamento como sendo de responsabilidade do respectivo chefe ou supervisor.

Já a determinação mais precisa do custo dos produtos ocorre porque a departamentalização diminui a arbitrariedade dos critérios de rateio. Isso se dá por dois motivos:

1. Alguns custos, embora sejam indiretos em relação aos produtos, são diretos em relação aos departamentos, ou seja, podem ser diretamente atribuídos a ele. Por exemplo: a depreciação de máquinas do departamento ou o uso de material indireto.

2. Nem todos os produtos passam por todos os departamentos e, caso passem, o fazem em

Controle de Qualidade

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proporções diferentes. Por exemplo: suponhamos uma fábrica que possui seis departamentos, sendo três de serviços e três produtivos. Os produtos da empresa passam pelos departamentos de produção e devem carregar os custos indiretos de cada departamento. Porém, os depar-tamentos de serviços também têm custos que precisam ser lançados aos produtos por algum critério.

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4.3 - CRITÉRIOS DE RATEIO DOS CIFS PELOS DEPARTAMENTOS

Assim como os custos diretos de fabricação, os custos indiretos também precisam ser rateados. Os custos diretos são rateados pelos produtos, já os indiretos devem ser rateados pelos departamentos.

Para efetuar o rateio dos CIFs (Custo Indireto de Fabricação), que são indiretos em relação aos de-partamentos e representam custos comuns a todos eles, cada empresa deve estudar a sua situação específica para escolher critérios adequados que efetivamente reflitam a carga dos custos que devam ser descarregados em cada um deles.

Embora cada caso deva ser estudado particularmente, há alguns critérios que são amplamente utili-zados na prática e que serão reproduzidos aqui com fins puramente ilustrativos, sem a pretensão de ser uma lista exaustiva.

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4.4 - PRÉ-DETERMINAÇÃO DOS CUSTOS INDIRETOS DE FABRICAÇÃO

A pré-determinação dos CIFs consiste em se efetuar uma estimativa de qual será o valor destes num determinado período de produção e utilizar este gasto pré-estimado para apurar o custo de produção do período, ao invés do gasto real.

Para fazer essa estimativa, a empresa deverá seguir quatro passos:

1º. Estimar o volume de produção no período (uma vez que o valor dos CIFs variáveis depende deste volume).

2º. Estimar os CIFs variáveis a partir da previsão do volume de produção.

3º. Estimar os CIFs fi xos.

4º. Calcular uma taxa pré-determinada dos CIFs para aplicação à produção.

Se quisermos fazer o acompanhamento do custo de cada produto durante o mês, seremos obrigados a estimar os CIFs, porque os custos indiretos departamentais somente serão conhecidos após o encerra-mento do período, assim como as quantidades de produtos efetivamente elaborados.

Muitas empresas precisam saber os custos incorridos no decorrer do próprio período de produção, à medida em que os produtos vão sendo transferidos de um departamento de produção para outro ou em que vão sendo acabados.

Evidentemente, o valor estimativo dos CIFs pré-determinados provavelmente não irá coincidir com o valor real. Por isso, para compatibilizar os dois valores, os seguintes passos devem ser seguidos na con-tabilização:

1. À medida em que os produtos são transferidos de departamento ou sendo elaborados, a con-ta dos “Departamentos” ou dos “Produtos” deverá ser debitada pelo valor pré-determinado dos CIFs, com crédito numa conta de “CIF pré-determinado”.

2. Os CIFs incorridos deverão ser debitados a uma conta de “CIFs reais”, com contrapartida em “Contas a Pagar”, “Caixa” ou “Bancos”, “Depreciação Acumulada”, “Seguros a Vencer”, confor-me sua natureza.

3. No fi nal do período, as contas de “CIFs aplicados” e “CIFs reais” deverão ser encerradas, res-pectivamente, a crédito e a débito de uma conta denominada “Variação do CIF”. Se os CIFs apli-cados forem maiores que os reais, tal conta terá saldo credor. Se for o inverso, saldo devedor.

4. A conta “Variação do CIF” deverá ser encerrada contra “Produtos em Elaboração”, “Produtos Acabados” e “Custo dos Produtos Vendidos”, conforme a porcentagem da produção de período que esteja semi-elaborada, acabada ou vendida.

Vamos ver um exemplo prático para entender esta pré-determinação dos custos indiretos melhor.

Suponhamos que o levantamento dos custos indiretos por departamento de uma empresa tenha resul-tado no quadro a seguir:

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Veja como ficaria o rateio dos custos de administração da fábrica.

Tendo em vista os vários componentes do total de custos indiretos de fabricação da administração, optamos por fazer um detalhamento maior.

O aluguel deverá ser rateado aos outros cinco departamentos, com base na área utilizada pelos mes-mos.

Veja como ficaria:

Já os salários deverão ser rateados de acordo com o número de empregados em cada departamento.

Veja como ficaria:

Os outros custos indiretos da administração deverão ser distribuídos em partes iguais a cada departa-mento.

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Veja como ficaria:

Os custos do departamento almoxarifado somam agora $ 135.000, isto é, mais $ 35.000 decorrentes da distribuição dos custos da administração, e serão distribuídos em partes iguais aos departamentos pro-dutivos, uma vez que estes são os que efetivamente usam o almoxarifado. O departamento de controle de qualidade praticamente não faz uso do almoxarifado, razão pela qual não é incluído no rateio do custo.

Vamos ver agora como ficaria o rateio dos custos indiretos do departamento de controle de qualidade.

O rateio dos custos do controle de qualidade deve ser no valor de $ 95.000, ou seja, $ 60.000 mais $ 35.000 decorrentes da distribuição dos custos da administração.

O rateio é feito à base do número de testes feitos para cada departamento:

Após estes rateios, temos todos os custos indiretos de fabricação atribuídos somente aos três departa-mentos de produção. Dessa forma, teríamos o seguinte quadro:

Neste ponto, precisamos fazer a transferência dos CIFs para cada produto fabricado. Supondo que a empresa tenha produzido no período 1.000 unidades dos produtos A e B e que tenha feito apontamentos dos gastos de hora-máquina por produto, em cada departamento de produção. Temos, então, o seguinte quadro:

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Com base nas duas tabelas anteriores, podemos fazer a apropriação dos custos por hora-máquina e por departamento.

Para isso, basta dividir o total dos custos após o rateio dos departamentos de serviços pelo total de horas-máquina gastas por produto:

Agora o trabalho se reduz à montagem de um quadro final com todos os custos indiretos de fabricação distribuídos aos produtos A e B.

Produto A

Produto B

Evidentemente, esses custos unitários não incluem os custos diretos de fabricação. Representam ape-nas os custos indiretos alocados a cada unidade produzida.

Para finalizar, vamos ver como determinar a taxa do CIF.

Como os CIFs diferem em níveis de operação, é necessário estabelecer os níveis de operação em relação aos quais os custos indiretos de fabricação devem ser pré determinados.

Esse nível de atividades é expresso em termos de um índice: h/MOD ou h/MO.

A taxa pré-determinada do CIF é obtida dividindo-se os custos estimados em relação ao nível estimado

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das operações.

À medida em que ocorrer a produção real, a taxa do CIF será aplicada à produção, dando origem ao CIFA (Custo Indireto de Fabricação Aplicado).

CIF real > CIF aplicado = subavaliação, variação desfavorável

CIF real < CIF aplicado = superavaliação, variação favorável

Exemplo

Vamos ver um exemplo para você entender melhor a determinação da taxa do CIF. Considere os seguintes dados previstos e reais:

Previsão

Dados reais

Toda a produção foi iniciada e acabada no período.

Os CIFs aplicados no período foram:

A apropriação deve ser feita da seguinte forma:

1. Apropriação do material direto à produção.

2. Apropriação da mão-de-obra direta à produção.

3. Apropriação do CIF aplicado à produção.

4. Transferência dos produtos completados para o estoque de produtos acabados.

5. Transferência dos produtos vendidos para o CPV – Custo do Produto Vendido.

6. Contabilização dos CIFs efetivos.

7. Encerramento da conta CIF aplicado e transferência para a conta Variação CIF.

8. Encerramento da conta CIF real e a transferência para a conta Variação CIF.

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9. Transferência do saldo devedor da conta Variação CIF para a conta EPA – Estoque dos Pro-dutos Acabados e CPV.

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RESUMO

1. O sistema de custeio por absorção consiste na apropriação de todos os custos à produção do período, excluindo-se apenas os gastos não fabris. Trata-se de um método derivado da aplicação dos princípios fundamentais de contabilidade e, no Brasil, é adotado pela legislação comercial e fi scal.

2. O custeio consiste em quatro etapas: primeiro é preciso separar os custos do produto dos custos do período. Depois é preciso classifi car os custos diretos e indiretos. Depois, os custos diretos do produto são atribuídos aos produtos específi cos e os custos indiretos aos centros de custo. Por fi m, os custos indiretos são distribuídos do centro aos produtos, de acordo com o seu uso.

3. A departamentalização consiste em dividir a fábrica em segmentos, aos quais são debitados todos os custos de produção neles incorridos. Os departamentos podem ser divididos em dois grupos: produção e serviços.

4. Os departamentos de produção são aqueles que atuam sobre os produtos e têm seus custos apropriados diretamente a estes. Por exemplo: corte, aplainamento, montagem etc. Os departa-mentos de serviços não atuam diretamente na produção e sua fi nalidade é prestar serviços aos departamentos de produção. Por exemplo: manutenção, almoxarifado, limpeza etc.

5. O objetivo da departamentalização é o melhor controle dos custos e a determinação mais precisa do custo dos produtos.

6. Para efetuar o rateio dos custos indiretos de fabricação, que são indiretos em relação aos de-partamentos, e dos que representam custos comuns a todos eles, cada empresa deve estudar a situação específi ca para escolher critérios adequados que efetivamente refl itam a carga dos custos que devam ser descarregados em cada um deles.

7. A pré-determinação dos custos indiretos de fabricação consiste em se efetuar uma estimativa de qual será o valor destes num determinado período de produção e utilizar este gasto pré-esti-mado para apurar o custo de produção do período, ao invés do gasto real. Para isso, é preciso estimar o volume de produção no período, estimar os CIFs variáveis, estimar os CIFs fi xos e calcular uma taxa predeterminada para aplicar à produção.

8. A taxa pré-determinada é obtida pela estimativa prévia dos custos de um período.

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MÓDULO 5SISTEMA DE CUSTEIO VARIÁVEL

O objetivo deste módulo é ensiná-lo a calcular o custo de um produto por meio do sistema de custeio variável, identifi cando a margem de contribuição, o ponto de equilíbrio e a margem de segurança para fi ns decisórios e gerenciais.

Além disso, interpretaremos as relações custo/volume/lucro para a empresa e mostraremos al-gumas comparações entre o sistema de custeio por absorção e o sistema de custeio variável.

5.1 - Conceito e sistema para tomadas de decisões administrativas

5.2 - Análise de custos

5.3 - Margem de contribuição

5.4 - Ponto de equilíbrio

5.5 - Margem de segurança

5.6 - Análise das relações custo/volume/lucro

5.7 - Análise comparativa do custeio por absorção e variável

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MÓDULO 5SISTEMA DE CUSTEIO VARIÁVEL

5.1 - CONCEITO E SISTEMA PARA TOMADAS DE DECISÕES ADMINISTRATIVAS

Custeio variável

Conhecido também como custeio direto, é um tipo de custeamento que considera como custo de pro-dução de um período apenas os custos variáveis incorridos, desprezando os custos fixos.

Vamos ver, então, quais custos devem ser considerados na produção de um produto químico se utili-zarmos o custeio variável.

Os custos variáveis são aqueles que ocorrem de acordo com o volume de produção, ou seja, se a pro-dução é aumentada, obviamente aumentam também os custos com mão-de-obra, já que o pessoal terá que trabalhar mais ou então serão contratados outros profissionais, bem como aumentará a compra de matéria-prima, de outros materiais necessários etc.

Já os custos fixos vão existir mesmo que não haja produção, por isso são consideradas as despesas. É o caso, por exemplo, do aluguel da fábrica, do salário da mão-de-obra indireta, dos seguros etc.

Dessa forma, o custo dos produtos vendidos e os estoques finais de produtos em elaboração e produ-tos acabados só conterão os custos variáveis.

Partindo do princípio de que os custos da produção são, em geral, apurados mensalmente e de que os gastos imputados aos custos devem ser aqueles efetivamente incorridos e registrados contabilmente, este sistema de apuração de custos depende de um adequado suporte do sistema contábil.

A empresa deve ter um plano de contas que separe, já no estágio de registro dos gastos, os custos va-riáveis e os custos fixos de produção com adequado rigor. Só assim o sistema de custeio variável poderá ser aplicado corretamente.

O termo gastos variáveis designa os custos que, em valor absoluto, são proporcionais ao volume de produção, ou seja, oscilam na razão direta dos aumentos ou reduções das quantidades produzidas.

Já os gastos fixos são os custos que, em valor absoluto, são estáveis, isto é, não sofrem oscilações proporcionais ao volume de produção, dentro de certos limites.

O custeio variável tem sido muito defendido hoje em dia por três principais razões:

1. Os custos fi xos existem independentemente da fabricação ou não de um produto ou do au-mento ou redução da quantidade produzida. Portanto, eles podem ser encarados como encar-gos necessários para que a empresa tenha condições de produzir, e não como um encargo específi co, e devem ser distribuídos aos produtos por meio de critérios de rateio.

2. A maioria dos rateios é feita por meio da utilização de fatores que, na realidade, não vinculam cada custo ao produto. Por isso, em termos de avaliação de estoque, o rateio é mais ou menos lógico, ou seja, mais atrapalha que ajuda.

3. O valor dos custos fi xos a ser distribuído a cada produto depende, além do rateio, do volume de produção. Assim, qualquer decisão em base de custo deve fazer essa consideração.

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Por essas razões e pela sua grande utilidade para otimizar decisões, o custeio direto ou variável tende a ser cada vez mais utilizado pelas empresas. Porém, não podemos desconsiderar o fato de que ele não atende aos princípios da contabilidade e, portanto, não é aceito pelas autoridades fiscais, sendo limitado à contabilidade para efeitos internos.

Exemplo

Vamos utilizar um exemplo para facilitar o seu aprendizado.

Você se lembra da empresa Astorga?

Pois, então, vamos utilizá-la também neste módulo para explicar o custeio variável.

Vamos imaginar que a Astorga fabrique agora apenas um tipo de produto, o produto A, e que tenha os seguintes volumes de produção e de vendas:

A estrutura de custos de produção da empresa estão separados da seguinte forma:

Custos variáveis: Custos Fixos

Matéria-prima Manutenção

Energia elétrica Depreciação

Mão-de-obra direta Seguros

Materiais auxiliares Mão-de-obra indireta

Suponhamos que a Astorga utilize o método PEPS (método de controle de estoque que considera que a primeira mercadoria que entra será a primeira a sair), visto no módulo 3, para avaliar seus estoques e custos dos produtos vendidos.

Vamos ver, a seguir, como ficaria a situação da empresa pelo custeio por absorção e pelo custeio va-riável.

A tabela abaixo nos mostra a composição do custo unitário do produto A no 1º período, seguindo o custeio por absorção. Veja como ficaram os custos.

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Custos Variáveis

Produção do período = 3.000

Total de custos variáveis no período = 50,00/u

3.000 x 50,00 = 150.000

Custos Fixos

Total de custos fixos no período = 120.000

Custos Totais

Total de custos variáveis = 150.000

Total de custos fixos = 120.000

150.000 + 120.000 = 270.000

Custo Unitário

Custos Totais = 270.000

Produção do período = 3.000

270.000 / 3.000 = 90

Custo do Produto Vendido

Quantidade vendida no período = 2.000

Custo unitário do produto = 90

2.000 x 90 = 180.000

Estoque Final

Quantidade em estoque no período = 1.000

Custo unitário do produto = 90

1.000 x 90 = 90.000

Considere os seguintes dados:

O total de custos variáveis é 50,00/u.

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O total de custos fi xos é 120.000/ano.

No 2º período a produção foi de 2.500 unidades, 3.000 de vendas e 500 de estoque.

No 3º período a produção foi de 3.500 unidades, 2.500 de vendas e 1.500 de estoque.

No 4º período a produção foi de 2.000 unidades, 3.500 de vendas e 0 de estoque.

O custo dos produtos vendidos deve ser composto pela quantidade de produtos que permane-ceu em estoque no período anterior, multiplicada pelo custo unitário deste mesmo período, mais a quantidade vendida no período multiplicada pelo custo unitário do período atual.

2º período:

Custos Variáveis = 2.500 x 50,00 = 125.000

Custos Fixos = 120.000

Custos Totais = 125.000 + 120.000 = 245.000

Custo Unitário = 245.000 ¸ 2.500 = 98

Custo do Produto Vendido = (1.000 x 90) + (2.000 x 98) = 286.000

Estoque Final = 500 x 98 = 49.000

3º período:

Custos Variáveis = 3.500 x 50,00 = 175.000

Custos Fixos = 120.000

Custos Totais = 175.000 + 120.000 = 295.000

Custo Unitário = 295.000 ¸ 3.500 = 84,29

Custo do Produto Vendido = (500 x 98) + (2.000 x 84,29) = 217.580

Estoque Final = 1.500 x 84,29 = 126.435

4º período:

Custos Variáveis = 2.000 x 50,00 = 100.000

Custos Fixos = 120.000

Custos Totais = 100.000 + 120.000 = 220.000

Custo Unitário = 220.000 ¸ 2.000 = 110,00

Custo do Produto Vendido = (1.500 x 84,29) + (2.000 x 110,00) = 346.435

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Estoque Final = 0 x 110,00 = 0

Agora que já temos todos os custos de um determinado período da Astorga, vamos supor que o preço unitário de venda aplicado tenha sido de $ 120,00. Multiplicando este preço unitário pela quantidade de vendas de cada período, teríamos a seguinte demonstração de resultados:

Observando o quadro, podemos perceber que, do 2º para o 3º ano, as vendas sofreram redução de 17% e o lucro aumentou em 10%.

A explicação para este fato se encontra na diferença do volume de produção, que aumentou de 2.500 para 3.500 unidades, fazendo com que o custo unitário sofresse uma grande redução.

No 4º período, houve elevação de 40% das vendas. Porém, novamente o lucro reagiu de forma diferen-te, caindo cerca de 11%. Vendeu-se muito mais que em todos os anos e o lucro foi o 2º menor.

Em suma, os lucros não acompanham, necessariamente, as vendas, sendo muito influenciados pelo volume de produção. O montante de lucro depende das receitas e do volume de produção do período e, ainda, da produção do período anterior.

Você pôde acompanhar anteriormente o desenvolvimento da apuração dos resultados e um período da Astorga por meio do custeio por absorção. Vamos ver agora como ficariam os resultados pelo custeio variável.

Observe a tabela:

Podemos notar que, aumentando as vendas, aumenta-se o lucro, que é o caso do 2º período, e, inver-samente, reduzindo as vendas, reduz-se o lucro, que é o que acontece no 3º período.

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Contabilidade Financeira e Gerencial

O gráfico nos evidencia duas conclusões:

a) No custeio direto, o lucro varia diretamente em função do volume vendido.

b) No custeio por absorção, o lucro depende das vendas e do volume de produção.

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5.2 - ANÁLISE DE CUSTOS

A análise de custos permite à administração fazer um controle apurado dos custos da empresa. Co-nheça algumas análises possíveis:

As indenizações e os gastos com pessoal de vendas devem ser analisados e comparados com os orçamentos, com a estrutura salarial e com os padrões industriais.

Os custos estimados podem ser feitos por métodos alternativos de venda dos produtos (por exemplo: pode ser feita uma avaliação relativa à distribuição de amostras, sobre o efeito dos custos e a tendência das vendas).

As informações sobre os custos de vendas em potencial por produto ou área podem ajudar na distribuição dos vendedores.

As informações sobre custos de propaganda ajudam na escolha dos meios de comunicação.Estruturas especiais de custos podem ser formuladas em testes de mercado para examinar a validade dos custos.

A análise das despesas de hospedagem pode ser feita por freguês, por vendedor ou por área, com o objetivo de determinar se os gastos são compatíveis com a renda obtida e se os custos por real de venda líquida e por freguês são aceitáveis.

Os seguintes custos também devem ser analisados com o objetivo de controlá-los: custo por pedido, custo por freguês, custos por item, custo por embarque e custo por pedido atendido.

O custo por mês e o custo por quilometragem de automóvel devem ter a sua racionalidade verifi cada.

As mudanças nos custos das matérias-primas devem ser avaliadas. Os custos por unidade podem cair em razão de descontos e de mudanças nas condições e nos valores dos fretes dos fornecedores ou podem se modifi car devido à substituição de matérias-primas, troca de forne-cedores e diferenças na qualidade dos materiais.

Os custos da mão-de-obra direta também devem ter as suas alterações avaliadas. Os custos por unidade podem declinar devido ao aumento da experiência do trabalhador que estiver exe-cutando o serviço. O desperdício de material também pode diminuir à medida que aumenta a maturidade na operação.

O sistema de custeio direto pode ser útil para várias coisas. Por exemplo:

para a tomada de decisões gerenciais ligadas à fi xação de preços;

nas decisões de compra ou fabricação;

na determinação do mix de produtos;

na determinação do comportamento dos lucros face às oscilações de vendas.

Porém, para isso é preciso que a separação entre os custos fixos e variáveis seja entendida com algu-mas observações:

1. Os custos variáveis, que são sempre iguais por unidade produzida, podem, a partir de certo

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volume de produção, aumentar unitariamente.

2. Os custos fi xos também podem ser alterados em seu total, quando a empresa se aproxima de sua capacidade máxima de produção.

3. Dessa forma, o comportamento dos custos fi xos e variáveis deve ser analisado dentro de certa “faixa de produção” ou “intervalo de signifi cância”.

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5.3 - MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO

Vamos falar agora sobre um outro instrumento que os gerentes usam para tomar decisões no seu dia-a-dia de trabalho: a margem de contribuição.

Margem de contribuição é um conceito de extrema importância para o custeio variável e para a toma-da de decisões gerenciais. Em termos de produto, trata-se da diferença entre o preço de venda e a soma dos custos e despesas variáveis.

Para se obter a margem de contribuição, os custos variáveis devem ser deduzidos das vendas e os custos fixos devem ser subtraídos da margem de contribuição para obter a renda líquida.

Dessa forma, teríamos a seguinte fórmula:

MC = PV – CV – DV

MC - Margem de Contribuição

PV - Preço de Venda

CV - Custos Variáveis

DV - Despesas Variáveis

A margem de contribuição ajuda os gerentes das empresas de quatro diferentes formas:

1. Esta informação ajuda o gerente a decidir se deve diminuir ou expandir uma linha de produ-ção.

2. Ajuda também a avaliar alternativas provenientes da produção, de propagandas especiais etc.

3. Ajuda a decidir sobre estratégias de preço, serviços ou produtos.

4. Ajuda a avaliar o desempenho da produção.

Exemplo

Vamos ver um exemplo de cálculo da margem de contribuição para facilitar o seu aprendizado.

Suponhamos que um produto X tenha o preço unitário de venda de $ 15,00. Os custos variáveis de matéria-prima somam $ 3,00 e os de mão-de-obra direta $ 4,00.

Além disso, a empresa, por ocasião da venda, incorre no pagamento de comissões aos vende-dores à base de 5% do preço de venda e 15% de impostos sobre o preço de venda também.

Preço de venda (PV) = $ 15,00

Custos variáveis (CV) = $ 3,00 + $ 4,00 = $ 7,00

Comissão dos vendedores (DV) = 5% de $ 15,00 = $ 0,75

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Contabilidade Financeira e Gerencial

Impostos = 15% de $ 15,00 = $ 2,25

MC = PV – CV – DV

MC = 5,00

Sendo a margem de contribuição $ 5,00, podemos concluir que cada unidade vendida contribui com $ 5,00 para absorver os custos fixos e gerar lucros.

Dessa forma, se a empresa estiver produzindo e vendendo 300 unidades do produto X por período, a margem de contribuição total será de $ 1.500,00 (300 x 5,00), ou seja, o produto contribui (daí o nome margem de contribuição) com $ 1.500,00 para a absorção dos custos fixos e para a formação do lucro.

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5.4 - PONTO DE EQUILÍBRIO

Para alcançar o equilíbrio nas linhas de produção e/ou no serviço do departamento, deverá ser calcula-do o volume de vendas necessário para cobrir os custos, saber como usar corretamente esta informação e entender como os custos reagem com as mudanças de volume.

O ponto de equilíbrio refere-se ao nível de venda em que não há lucro nem prejuízo, ou seja, como a ilustração nos mostra, os custos totais são iguais às receitas totais.

Vamos estudar este fato, que devemos considerar como um problema para a empresa, por meio de gráficos cartesianos. Observe o gráfico abaixo.

Na linha horizontal temos as quantidades físicas, enquanto que na vertical temos as quantias.

Supondo que o preço de venda (PV) seja constante para qualquer volume vendido, logo temos que o comportamento da receita total (RT) é linear, ou seja, diretamente proporcional à quantidade (Q) vendi-da.

O mesmo gráfico que vimos anteriormente agora nos mostra o índice de custo fixo (CF), representado pela linha paralela ao eixo horizontal.

Podemos observar que tanto para 200 como para 500 unidades produzidas, o custo fixo permanece o mesmo, ou seja, $ 2.000,00.

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Agora vemos o gráfico dos custos variáveis.

Supondo que os custos variáveis (CV) acompanham diretamente o volume de produção (Q), a repre-sentação gráfica nos mostra que o ponto onde a reta da receita total corta a de custo total passa a ser, então, o ponto de equilíbrio.

Algebricamente, podemos calcular o PE considerando os seguintes dados:

quantidade x (preço de venda – custo variável) = custo fixo total

Onde:

quantidade no PE = custo fixo total / (preço de venda - custo variável)

Como:

preço de venda – custo variável = margem de contribuição

Logo:

quantidade no PE = custo fixo total / margem de contribuição

Podemos interpretar essa fórmula da seguinte maneira: a divisão do CFT pela margem de contribuição unitária nos dá a quantidade de produtos necessária para cobrir os custos fixos. Isso pode ser melhor per-cebido se modificarmos a maneira como a fórmula está escrita. Ficaria, então:

CFT = Qpe x MC

CFT = Custo fixo total

Qpe = Quantidade no ponto de equilíbrio

MC = Margem de contribuição

Os gráficos anteriores nos mostram os seguintes dados:

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Contabilidade Financeira e Gerencial

Preço de venda = $ 10,00

Custo fi xo total = $ 2.000,00

Custo variável = $ 6,00

Margem de contribuição = PV CV = 4,00

Quantidade no ponto de equilíbrio = 2.000 : 4,00 = 500

Vamos, agora, testar a nossa solução.

CFT = Qpe x MC = 2.000 = (500 x 4) = 2.000 = 2.000

No ponto de equilíbrio, o lucro deve ser nulo. Vamos ver se está correto, então:

A análise do ponto de equilíbrio é o processo de se calcular as vendas necessárias para cobrir os cus-tos, de forma que os lucros e os prejuízos sejam iguais a zero. Essa análise é importante para o processo de planejamento do lucro da empresa, permitindo manter e melhorar os seus resultados operacionais.

Além disso, a análise do equilíbrio também pode ser usada quando se introduz um novo produto ou serviço, quando se moderniza um dispositivo, no início de um novo negócio ou como primeira tentativa para determinar a viabilidade econômica de uma proposta de investimento.

As linhas mestras do equilíbrio são:

um aumento no preço das vendas diminui o ponto de equilíbrio das vendas;

um aumento no custo variável aumenta o ponto de equilíbrio das vendas;

um aumento no custo fi xo aumenta o ponto de equilíbrio das vendas.

Sabemos, obviamente, que o objetivo das empresas não é atingir o equilíbrio, mas sim o lucro. Dessa forma, é preciso considerar outros fatores além do equilíbrio, como as condições econômicas, o forneci-mento e a procura, a repercussão a longo prazo e o relacionamento com os clientes.

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5.5 - MARGEM DE SEGURANÇA

A margem de segurança é um indicador de risco que aponta a quantidade a que as vendas podem cair antes de se ter prejuízo.

O cálculo da margem de segurança pode ser feito com a seguinte fórmula:

O indicador dessa equação que deve ser observado é: quanto menor a razão, maior o risco de se atin-gir o ponto de equilíbrio.

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5.6 - ANÁLISE DAS RELAÇÕES CUSTO/VOLUME/LUCRO

A análise das relações custo/volume/lucro é um instrumento utilizado para projetar o lucro que seria obtido a diversos níveis possíveis de produção e vendas, bem como para analisar o impacto sobre o lucro de modificações no preço de venda, nos custos e em ambos.

Ela é baseada no custeio variável e, por meio dela, pode-se estabelecer qual a quantidade mínima que a empresa deverá produzir e vender para que não incorra em prejuízo.

Vamos utilizar um exemplo prático para entender isso melhor.

Suponhamos que, numa empresa, os custos fixos e variáveis sejam, na realidade, os “custos mais despesas fixas” e os “custos mais despesas variáveis”.

O preço unitário do produto fabricado nesta empresa fictícia é de $ 15,00.

O gráfico do custo total (CT) é representado pela expressão algébrica:

CT = 100 + 10 Q

onde:

custo fixo = 100

custo variável unitário = 10

Veja como ficariam esses dados no gráfico:

A receita total (RT) terá a expressão Q. Dessa forma, RT = 15Q, pois cada unidade vendida do produto tem o custo de $ 15,00. Assim, se a empresa vender 10 unidades, a receita total será de $ 150,00.

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Até se atingir Qe, a reta do custo total (CT) está acima da receita total (RT), como você pode observar no gráfico. Isso significa que a empresa está tendo prejuízo.

RT = 10 x 15 = 150

CT = 100 + (10 x 10) = 200

O prejuízo será de 50

No ponto de equilíbrio (Qe), as retas de CT e RT se cruzam indicando que são iguais e, portanto, não há lucro nem prejuízo. Para determinarmos Qe, basta igualar RT com CT:

15Q = 100 + 10Q

15Q – 10Q = 100

5Q = 100

Q = 20

O ponto de equilíbrio é a quantidade mínima que a empresa deve produzir para que não tenha prejuí-zo. Fabricando mais de 20 unidades, ela terá um lucro que será tanto maior quanto maior for o volume de produção e vendas (Q).

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5.7 - ANÁLISE COMPARATIVA DO CUSTEIO POR ABSORÇÃO E VARIÁVEL

Veja a seguir como ficaria representado graficamente o Esquema de Custeio por Absorção:

Agora veja como ficaria representado graficamente o Esquema de Custeio Variável:

Depois de observar os dois esquemas de custeio, veja uma síntese das diferenças existentes entre eles:

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Para finalizar, vamos saber quais são os pontos negativos e positivos de cada tipo de custeio, segundo a opinião de alguns autores:

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RESUMO

1. O custeio variável, ou custeio direto, é um tipo de custeamento que consiste em considerar como custo de produção do período apenas os custos variáveis incorridos, desprezando as despesas.

2. Nesse sistema, os gastos variáveis devem ser separados dos gastos fi xos, isto é, aqueles que oscilam proporcionalmente ao volume de produção e venda daqueles que se mantêm estáveis perante as oscilações dentro de certos limites.

3. O custeio direto é útil para a tomada de decisões gerenciais ligadas à fi xação de preços, decisão de compra ou fabricação, determinação do “mix” de produtos e, ainda, possibilita a de-terminação imediata do comportamento dos lucros face às oscilações de vendas.

4. A margem de contribuição é outro instrumento que os gerentes usam para tomar decisões. Trata-se da diferença entre o preço de venda e a soma dos custos e despesas variáveis, que contribuirá para a absorção dos custos fi xos e para a formação do lucro.

5. O ponto de equilíbrio é utilizado para calcular o volume de vendas necessário para cobrir os custos da empresa, ou seja, é o nível de vendas em que não há lucro nem prejuízo.

6. A margem de segurança é um indicador de risco que aponta a quantidade a que as vendas podem cair antes de se ter prejuízo.

7. Os pontos positivos do custeio variável são: os custos dos produtos podem ser comparados em bases unitárias; facilita o tempo e o trabalho despendidos na apuração e na apresentação de informações; facilita o controle dos custos fi xos por se apresentarem separadamente nas demonstrações; facilita a elaboração e o controle de orçamentos e determinação e controle de padrões; fornece mais instrumentos de controle gerencial.

8. Os pontos negativos do custeio variável são: ele fere o princípio contábil da confrontação das receitas com os custos que contribuem para a sua obtenção; pode prejudicar a análise por parte dos credores no que se refere aos índices de liquidez e capital circulante líquido; não considera os custos fi xos na determinação do preço de venda; os custos fi xos não são completamente fi xos e tampouco os variáveis são completamente variáveis; no Brasil, não é aceito pelo Fisco.

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MÓDULO 6CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES – ABC

Neste módulo iremos comentar sobre um outro método de custeio: o ABC. Trata-se de um siste-ma de custo baseado na análise das atividades que são signifi cativas para a empresa.

Além disso, iremos determinar e justifi car os direcionadores e as atividades do sistema, bem como mostrar um comparativo entre o método de custeio tradicional e o ABC.

6.1 - Conceito e gestão baseada em custo

6.2 - Alocação dos recursos para as atividades e das atividades para os objetos de custo

6.3 - Direcionadores e atividades

6.4 - Etapas para aplicação do ABC

6.5 - Comparativo entre o custeio tradicional e o custeio ABC

6.6 - Gestão baseada em atividades - ABM

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MÓDULO 6CUSTEIO BASEADO EM ATIVIDADES – ABC

6.1 - CONCEITO E GESTÃO BASEADA EM CUSTO

O método ABC surgiu frente as constantes mudanças e desafios exigidos pelas empresas em relação à necessidade de aumento da qualidade, economia de tempo e redução de custos.

Ele reúne características e fundamentação suficientes para marcar uma nova fase na história dos métodos para a gestão dos custos das organizações empresariais. Trata-se de um sistema de custeio baseado na análise das atividades significativas da empresa, ou seja, parte-se da premissa de que são as atividades, e não os produtos, que provocam o consumo de recursos, e essas atividades, conforme requeridas, é que formarão os custos dos produtos.

O custeio ABC nasceu nos Estados Unidos em meados da década de 80 e foi desenvolvido por Devlin, Cooper e Kaplan. O objetivo principal é tentar reduzir sensivelmente as distorções provocadas pelo rateio dos custos indiretos, ou seja, aqueles que não estão ligados diretamente à fabricação dos produtos, feitos de forma desregrada.

Neste sistema, a apropriação dos custos é baseada na premissa de que os produtos ou serviços ela-borados por uma empresa requerem a realização de atividades; e que estas, por sua vez, requerem o consumo de recursos (custos).

No sistema ABC, as atividades são o foco do processo de custeio.

Os custos são investigados, relacionando-se as atividades aos produtos, com base na demanda por tais atividades pelo produto ou serviço durante o processo de produção.

Portanto, as bases de alocação usadas no custeio baseado na atividade são medições das atividades executadas, que podem incluir as horas do tempo de ajuste de máquina, o número de vezes que isso foi feito etc.

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Geralmente as empresas determinam os custos dos produtos e serviços baseadas numa estrutura organizacional.

O esquema abaixo representa uma estrutura que normalmente é utilizada pelas empresas para enten-der o processo de geração de custos.

Esta é a estrutura que serve como base para os demais sistemas de custeio. Porém, para o custeio ABC, essa relação não existe, pelo menos para a determinação dos custos de produtos e serviços.

Esta é a estrutura seguida pelo sistema ABC.

Ela demonstra a relação entre os recursos consumidos, as atividades executadas e os objetos de cus-to/ produtos ou serviços.

Por meio desta estrutura, a empresa é capaz de identificar as atividades estrategicamente relevantes, podendo reconhecer que elas não são independentes, mas sim interdependentes. Poderá, assim, identifi-car e eliminar as fontes de desperdício.

Os principais objetivos da implantação de um sistema de gerenciamento de custos com base nas ati-vidades - ABC estão relacionados à facilidade e à precisão que a administração terá em suas atividades. São eles:

1. apurar e controlar seus custos reais de produção e, principalmente, os custos indiretos de fabricação (overhead);

2. identifi car e mensurar os custos da não-qualidade (falhas internas e externas, prevenção, avaliação etc.);

3. levantar informações sobre as oportunidades para eliminar desperdícios e aperfeiçoar ativi-dades;

4. eliminar/reduzir atividades que não agregam ao produto um valor percebido pelo cliente;

5. identifi car os produtos e os clientes mais lucrativos;

6. subsidiar o redimensionamento da plataforma de vendas (distribuidores e revendedores);

7. melhorar substancialmente sua base de informações para tomada de decisões;

8. estabelecer um conjunto de indicadores de performance capaz de medir a efi ciência e a efi -

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cácia empresarial sob os aspectos produtivo, comercial, fi nanceiro e societário.

O objetivo do sistema ABC é reduzir custos eliminando desperdícios. Ou seja, ele busca:

diminuir o desperdício e aumentar a produtividade;

tornar a empresa mais organizada;

reduzir os custos sem queda na produção;

implementar o programa de qualidade total sem impacto na linha operacional;

implementar um sistema de pagamento por desempenho;

elaborar um orçamento baseado no desempenho.

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6.2 - ALOCAÇÃO DOS RECURSOS PARA AS ATIVIDADES E DAS ATIVIDADES PARA OS OBJETOS DE CUSTO

No método tradicional de custeio, ou seja, por absorção, a alocação dos recursos é feita por critérios de rateios limitados, geralmente quantidade produzida ou vendida.

No custeio ABC isso é diferente.

Nesse método existe uma multiplicidade de critérios, cada um específico à atividade a que se relacio-na.

Esses critérios são chamados de geradores de custo ou cost drivers.

A alocação dos recursos para as atividades e das atividades para os objetos de custos é feita por meio de cost driver.

Gerador de custos ou cost driver é o fator que causa mudança no desenvolvimento de uma atividade, mensurando os respectivos recursos exigidos por essa atividade, ou seja, é a causa do volume de recur-sos consumidos pela atividade.

Os recursos estão relacionados às atividades/sub-atividades, e estas aos objetos de custos. Para cada recurso ou atividade, os drivers podem ser diferenciados (e geralmente o são).

É utilizado também para calcular o consumo das atividades por produto, chegando-se, então, ao fim do processo de apuração. Com isso, pode-se observar que esse critério estudado proporciona a visão trans-parente do quanto cada nível do processo contribui para uma ótima produtividade.

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6.3 - DIRECIONADORES E ATIVIDADES

O direcionador de custo é um determinado fator que influencia a quantidade de trabalho da empresa. Ele pode ou não estar relacionado ao volume de produção. É por meio dele que os custos vão sendo agre-gados às suas respectivas atividades.

O direcionador de custo também é utilizado para calcular o consumo das atividades por produto, che-gando-se, então, ao fim do processo de apuração. Com isso, pode-se observar que esse critério proporcio-na a visão transparente do quanto cada nível do processo contribui para uma ótima produtividade.

Assim como o símbolo que parece mostrar quatro diferentes direções a seguir, o direcionador de custo, na verdade, faz um papel de indicador para a empresa, mostrando quais são as suas atividades principais, aquelas que são dispensáveis, as mais custosas, quais se associam a um determinado produto etc.

Uma atividade é uma combinação de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros para se produzir bens ou serviços. É composta por um conjunto de tarefas necessárias para a concretização de um processo, que é uma cadeia de atividades correlatas e inter-relacionadas.

Este é um exemplo simples de atividade: a fabricação de um produto. Ela combina aos recursos huma-nos (as pessoas que estão produzindo), os materiais (os produtos), os tecnológicos (máquinas e equipa-mentos) e os financeiros (presente em todos eles).

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6.4 - ETAPAS PARA APLICAÇÃO DO ABC

Segundo Mendes e Hildebrando, este seria o fluxograma de elaboração de um produto utilizado no custeio baseado em atividades – ABC:

Neste tipo de custeio, três passos devem ser seguidos:

Mapeamento das atividades desenvolvidas num processo.

Análise das atividades, defi nindo os direcionadores de recurso para cada uma.

Custeio das atividades, envolvendo a geração de custo para cada uma.

Por meio do fluxograma de elaboração de um produto, podemos definir cinco etapas para a aplicação do custeio ABC.

O custeio ABC deve ser feito da seguinte forma:

1. Identifi cação das atividades relevantes: Em cada departamento, devem ser identifi cadas as atividades relevantes, mesmo que elas sejam homogêneas.

2. Atribuição de custos às atividades: Devem ser apurados todos os recursos necessários para desempenhar cada atividade, incluindo salários, encargos sociais, materiais, depreciação, energia etc.

3. Identifi cação e seleção dos direcionadores de custos: Devemos levantar qual a verda-deira causa dos custos envolvidos com cada atividade, por que eles existem, refl etindo sobre a causa básica da atividade e, consequentemente, de seus custos.

4. Atribuição de custos às atividades: Para custear as atividades, devemos alocar a elas par-te de cada custo indireto dos departamentos, utilizando os “direcionadores de recursos”, como aluguel, energia elétrica, salários, depreciação etc.

5. Atribuição dos custos das atividades aos produtos: Para custear os produtos, é necessá-rio o levantamento da qualidade e da quantidade de ocorrência dos direcionadores de atividades por período e por produto.

Vamos ver um exemplo prático para facilitar a sua assimilação sobre o sistema de custeio ABC.

A empresa Assiste produz dois produtos: FF e GG.

A produção, os preços de mercado e os custos, segundo o custeio tradicional (alocação em função da quantidade produzida), são mostrados a seguir:

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Observando os números acima, a gerência concluiu que o custo do produto GG, que está acima do preço de mercado, não é competitivo, devendo, portanto, ser eliminado da linha de produção. Em relação ao produto FF, concluiu que sua alta competitividade está mantendo as operações.

Antes da decisão final, a equipe da gerência decidiu analisar o problema por meio da metodologia proposta pelo ABC.

Mas, para isso, outras informações foram coletadas.

Informações adicionais:

a) Custos Diretos

Produto FF = $ 100 por unidade

Produto GG = $ 10 por unidade

b) Custos Indiretos

$ 10.000,00 por ano.

Medida de trabalho: 10.000 pedidos de compra.

Ordens de compra requeridas por unidade do produto FF: 30 (número de ordens necessárias para produzir o produto).

Ordens de compra requeridas por unidade do produto GG: 3.

c) Tabela de distribuição dos custos indiretos:

Custeio Tradicional: $ 10.000,00 / 1.000 unidades = $ 10,00/unidade.

Custeio ABC: $ 10.000,00 / 10.000 medidas de trabalho = $ 1,00/medida.

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d) Custo total por unidade produzida

Comparando os dois conjuntos de informações apresentadas para a gerência, a surpresa foi grande.

Os resultados do sistema ABC eram totalmente diferentes dos resultados do sistema tradicional. Quan-do os custos foram rastreados para o total das atividades atualmente utilizadas, ao invés de alocados com base na produção realizada, o produto FF mostrou-se mais caro ($ 125,00) do que originalmente ($ 110,00), tornandose não competitivo no mercado. Já o produto GG mostrou-se competitivo, devendo ser mantido na produção.

Este simples exemplo mostra que o método tradicional de custeio, que aplica diretamente os custos indiretos sobre a quantidade produzida, pode super ou subestimar os custos verdadeiros.

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6.5 - COMPARATIVO ENTRE O CUSTEIO TRADICIONAL E O CUSTEIO ABC

A tabela a seguir demonstra as principais diferenças existentes entre o custeio tradicional e o custeio ABC:

Os métodos tradicionais de custeio agrupam seus custos por departamentos, para depois rateá-los aos produtos.

O sistema ABC não está preso a essas fronteiras departamentais. Ele cruza esses limites para analisar as atividades e os processos originados por essas atividades e, desta forma, é considerado uma ótima ferramenta gerencial.

Sua metodologia permite a produção de relatórios gerenciais que possibilitam aos gestores uma visão empresarial dos processos da empresa, entendendo melhor as causas geradoras de custos e mostrando ineficiências, tais como: processos desnecessários, trabalho duplicado etc., além de analisar muito mais detalhadamente o produto que fabrica ou serviço que presta do que analisava com os relatórios produzi-dos pela contabilidade baseada nos custeios tradicionais.

Com um mercado mais estável, competitivo e globalizado, não é mais possível aumentar os preços para cobrir custos. Portanto, é imprescindível para a sobrevivência das empresas a criação de estruturas de custos adequadas, buscando melhor qualidade com menor custo.

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6.6 - GESTÃO BASEADA EM ATIVIDADES – ABM

A gestão baseada em atividades é um processo administrativo que usa a informação fornecida por uma análise de custos baseada em atividades para melhorar a lucratividade da empresa.

O seu objetivo é eliminar certas atividades que não adicionam valor para os clientes e, com isso, dei-xá-los mais satisfeitos. Além disso, esse tipo de gestão possibilita a redução da demanda por recursos organizacionais.

A metodologia ABM é baseada na visão do processo e na alocação de custos. Elas são suportadas pela identificação dos recursos utilizados pela empresa (mão-de-obra, materiais, máquinas etc.) e sua alocação às atividades que consomem estes recursos mediante geradores de custos primários.

Em seguida, devem ser identificados os relacionamentos entre as atividades e também entre as ativida-des e os objetos de custos (cliente, produto, serviço etc.). Dessa forma, é implantada a visão de alocação de custos e, pela consolidação das atividades por processos empresariais, obtém-se a visão de proces-sos.

Tendo implantado o sistema ABC, a empresa pode praticar o ABM. Para isso, é preciso classificar e analisar as atividades da seguinte forma:

1º. O primeiro passo é determinar quais atividades agregam valor para o negócio ou produto.

2º. Depois devem ser verifi cadas quais atividades podem ser eliminadas ou reduzidas em até 75%, sem causar detrimento ao produto ou serviço fi nais.

Nesta divisão existem três níveis:

a) Alta infl uenciabilidade – relativamente fácil de ser eliminada ou reduzida em um período de até 18 meses.

b) Média infl uenciabilidade – nível de difi culdade médio para ser eliminada ou reduzida em um período entre 18 e 36 meses.

c) Baixa infl uenciabilidade – alta difi culdade para efetivamente ser eliminada ou reduzida em um período acima de 36 meses.

Exemplo

Vamos tomar como exemplo um almoxarifado.

Trata-se de uma atividade que não agrega valor, pois o estoque geralmente é um problema para a empresa e o cliente não quer pagar mais por isso.

Quanto ao nível de infl uenciabilidade, podemos classifi cá-la como baixa, e eliminá-lo requer:

confi ança nos fornecedores;

muito tempo;

investimento no desenvolvimento de fornecedores.

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Para o método ABM ser bem aproveitado, deve conter informações de custo traduzidas para a linguagem da produção, ou seja, é preciso uniformizar a linguagem entre as diversas áreas da empresa para que os resultados sejam precisos. Isso signifi ca apresentar os custos de cada uma das atividades dentro dos formados gerenciados na produção.

A ampliação da sua utilização nas empresas tem sido extremamente válida do ponto de vista da qualidade de informações para o suporte das operações industriais e empresariais.

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RESUMO

1. O método ABC é um sistema de custeio baseado na análise das atividades signifi cativas para a empresa. Ele parte da premissa de que são as atividades, e não os produtos, que provocam o consumo de recursos, e essas atividades, conforme requeridas, é que formarão os custos dos produtos.

2. O método ABC mede o custo e o desempenho de processos e produtos da seguinte forma: atribui custos às atividades com base no consumo de recursos; atribui custos a produtos ou serviços com base no consumo de atividades; reconhece os fatores que determinam os custos das atividades e o consumo destas pelos produtos ou outras atividades.

3. O sistema ABC demonstra a relação entre recursos consumidos (o que foi gasto), atividades executadas (onde foi gasto) e objetos de custo/produtos ou serviços (para que foi gasto).

4. O objetivo do método ABC é reduzir o custo por meio da eliminação de desperdícios, por meio do corte dos geradores de custos que não agreguem valor, ou seja, aqueles fatores causadores do consumo de atividades evitáveis ou desnecessárias.

5. A alocação dos recursos para as atividades e das atividades para os objetos de custos é feita por meio de cost drivers, ou direcionadores de custos, que são os fatores que causam mudan-ças no desenvolvimento de uma atividade.

6. As etapas para aplicação do ABC são as seguintes: identifi cação das atividades relevantes; atribuição de custos às atividades; identifi cação e seleção dos direcionadores de custos; atribui-ção de custos às atividades; atribuição dos custos das atividades aos produtos.

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MÓDULO 7FORMAÇÃO DE PREÇOS

O objetivo deste módulo é fazê-lo refl etir sobre a importância de se identifi car e compreender que a formação do preço é um fator determinante para a sobrevivência da exploração da ativi-dade da empresa.

Falaremos também sobre a importância de se ter preços compatíveis com o mercado, além de aprender a calcular os custos reais da sua atividade, fazer a gestão estratégica da empresa e trabalhar na identifi cação de novas oportunidades de mercado e, conseqüentemente, aumentar a lucratividade.

7.1 - Métodos para determinação de preço de venda

7.2 - Preço de venda em mercados competitivos

7.3 - Custo para efeitos contábeis e gerenciais

7.4 - Geração do lucro

7.5 - Fixação do preço com base no custo

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Modulo 7´Contabilidade Financeira e Gerencial

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MÓDULO 7FORMAÇÃO DE PREÇOS

7.1 - MÉTODOS PARA DETERMINAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

A fixação de preços de venda é uma tarefa bastante complexa.

É preciso considerar vários fatores, como o custo de fabricação dos produtos, que é uma variável que desempenha um papel importante principalmente pelo fato de que, a não ser em circunstâncias muito es-peciais, a empresa não pode vender o seu produto ou serviço por um preço abaixo do custo.

Discutiremos quatro métodos utilizados para determinar o preço de venda baseado em considerações de custo:

1. Com base no custo pleno (custo por absorção)

2. Com base no custo de transformação

3. Com base no custo marginal (variável)

4. Com base no rendimento sobre o capital empregado

Antes de discutirmos o preço de venda com base nos custos, vamos analisar outras variáveis.

Para analisarmos a formação de preço de um produto ou serviço, é importante conhecermos o tipo de mercado no qual a empresa atua, ou seja, se existe concorrência pura, domínio total de mercado, número reduzido de concorrentes etc.

Por meio desta análise de mercado, obtém-se um estudo dos comportamentos da oferta e da procu-ra por bens e serviços que levam à formação dos preços. Geralmente, nos mercados em que há várias empresas oferecendo produtos semelhantes, o preço tenderá a ser menor do que seria se não houvesse competidores.

À posição competitiva da empresa cabe uma análise quanto ao posicionamento da concorrência, por ocasião do estabelecimento do preço.

Essa análise deve ser feita em dois níveis:

Tipo de comportamento competitivo no setor de atuação da empresa.

Existem inúmeros tipos de comportamento competitivo e todas as empresas, necessariamente, enqua-dram- se em um deles.

Embora sejam várias as características diferenciadoras, duas merecem destaque:

1. Número e tamanho das empresas que operam no mercado.

2.Número e tamanho dos consumidores.

A combinação desses elementos faz surgir os diversos tipos de comportamentos competitivos, cujos extremos estão estabelecidos de um lado pela concorrência perfeita e de outro pelo monopólio absoluto.

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Posição específi ca da empresa dentro do seu tipo de comportamento competitivo.

Uma vez identificado o tipo de comportamento competitivo da empresa, cabe a ela avaliar o seu posi-cionamento dentro dele, ou seja, onde ela se situa em relação aos seus concorrentes, em termos de todas as dimensões.

Numa economia capitalista, a alocação dos recursos às várias atividades se dá em função dos lucros esperados. E, na busca de lucros, os empresários oferecem aos consumidores bens e serviços que aten-dam seus desejos, suas necessidades.

Uma tarefa dos empresários essencial hoje em dia é descobrir quais são os verdadeiros desejos dos consumidores para poder saná-los e conquistá-los. Trata-se de uma tarefa difícil, porém necessária, pois aí está o segredo do sucesso.

A estrutura de preços poderá ser modificada de acordo com as mudanças nos gostos e preferências dos consumidores, gerando, consequentemente, lucros ou prejuízos para a empresa.

Estamos falando do conceito de elasticidade da procura e da oferta, ou seja, as empresas habitual-mente recorrem a enfoques práticos para estabelecer preços que lhes tragam o retorno desejado e testam seus preços à realidade do mercado, fazendo acréscimos ou reduções permitidos pelo mercado.

Um outro fator importante na estruturação do preço de venda é a consideração dos objetivos da em-presa.

Eles podem ser os mais variados possíveis no que concerne à obtenção de retornos, pela venda dos produtos ou serviços, em determinados períodos de tempo. A conseqüência natural disso é a adoção de diferentes procedimentos com relação aos preços para o atendimento dos objetivos fixados.

Vamos imaginar que uma empresa desenvolveu um produto similar ao já existente no mercado, com as mesmas características e vantagens do original.

Imaginando que o seu objetivo seja a conquista de uma parcela significativa do mercado e o estabele-cimento de uma imagem forte, o que ela deveria fazer?

Para que a empresa consiga conquistar uma parcela significativa de mercado e o estabelecimento de uma imagem forte, ela deve estabelecer preços mais competitivos, com menores índices de resultado e uma expectativa de retorno num prazo mais longo.

Independentemente da condição específica de um produto, mercadoria ou serviço em determinado momento de tempo, quatro objetivos básicos estarão, de alguma forma, sempre presentes com relação à gestão dos preços:

1. um adequado retorno sobre o investimento;

2. uma determinada participação no mercado;

3. uma capacidade de enfrentar a concorrência;

4. a obtenção de uma lucratividade global compatível.

Um outro fator que pode ter influência muito forte na formação dos preços dos produtos e serviços ou mesmo determinar o preço do produto é o governo.

As formas de influência por parte do governo são as seguintes:

Subsídios.

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Incentivos fi scais à produção e à exportação..

Restrições ou estímulos à importação.

Criação ou ampliação de tributos.

No Brasil, especificamente nas últimas três décadas, esse elemento revestiu-se de uma grande impor-tância por meio de diversas ações governamentais, como aprovação prévia dos preços por parte de ór-gãos fiscais (CIP, SUNAB), congelamento de preços, emissão de vários “pacotes econômicos”, ou então, mais recentemente, pelo Plano Real.

Dessa forma, podemos dizer que as empresas devem considerar os seguintes itens para estabelecer o preço de venda do seu produto ou serviço:

Características do produto

Situação econômico-fi nanceira da empresa

Metas mercadológicas

Situação macroeconômica

Estrutura de custos da empresa

Necessidade dos consumidores

Reações da concorrência

Níveis de estoque

Restrições governamentais

Expectativas de preços dos insumos

Além deles, igualmente importantes e diretamente ligadas à sobrevivência da empresa a longo prazo estão a remuneração e a conservação do capital empatado em giro e em imobilizações.

Com todas essas variáveis, sabemos que é difícil quantificar a influência de cada uma nos preços, e elas podem variar de zero a mais infinito. Portanto, cabe às empresas analisar cada uma delas para ser o mais assertivo na sua decisão.

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7.2 - PREÇO DE VENDA EM MERCADOS COMPETITIVOS

Para falarmos do preço de venda em mercados competitivos é necessário, primeiramente, falarmos sobre a função dos custos.

Na formação de preços, além de considerarmos todas aquelas variáveis que citamos, os custos rela-cionados à produção dos produtos ou serviços assumem fundamental importância.

A forma mais tradicional de apuração de custos consiste na agregação de todos os seus fatores com vista à obtenção de um custo total do produto, mercadoria ou serviço.

Dessa forma, o estabelecimento do preço de venda, nesse caso, consiste na simples adição de um markup ao custo apropriado.

Markup é o valor acrescentado ao custo de um produto para determinar o preço de venda final.

Em valores percentuais, ele é calculado da seguinte forma:

Para calcular o preço de venda com base no percentual de markup, devemos aplicar a seguinte fór-mula:

Vamos ver um exemplo para entender melhor o cálculo do preço de venda de um produto utilizando o percentual do markup.

Vamos imaginar que esta empresa seja fabricante de sapatos masculinos. Para a produção de cada par de sapatos, ela tem um custo de $ 12,00 e deseja um markup de 50%. O cálculo seria:

Com este cálculo, podemos verificar que a questão do estabelecimento do preço de venda está vincu-lada à função do custo.

Esta visão é mais voltada à área de produção e data de uma época em que o peso maior dos custos estava concentrado nos materiais diretos e na mão-de-obra direta.

Com o passar do tempo, o peso desses fatores foi se alterando, mas ainda hoje grande parte das em-presas ainda utiliza o processo tradicional no estabelecimento do preço de venda.

Todavia, para fins de comprovação e obtenção de aumentos de preços, as empresas condicionam esta estrutura de custos ao custeio por absorção e resultado líquido, e, como conseqüência, oficializou-se no país o preço de venda como uma função especificamente atrelada ao custo, ou seja:

Preço = custo total + resultado

O comportamento do mercado em relação ao preço passa a ser cada vez mais importante dentro de

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um cenário cada vez mais competitivo.

Dessa forma, a margem de contribuição passa a ser o instrumento mais adequado de mensuração de desempenho.

Margem de contribuição é o diferencial existente entre um preço de venda estabelecido e os custos de produção e distribuição incorridos num determinado produto ou serviço.

Em relação a isso, existem especialistas com posicionamentos bastante divergentes:

uns consideram o preço como um fator exclusivamente decorrente do mercado;

outros colocam o preço como uma responsabilidade vital do setor de marketing;

outros colocam-se numa posição intermediária, reconhecendo ser o preço simultaneamente uma função de custo e de mercado;

outros são completamente contra os métodos tradicionais de apuração de custos.

De uma forma geral, observa-se uma certa tendência por parte dos especialistas em preferir a utiliza-ção do conceito da margem de contribuição para efeitos de política de preços, sob o enfoque de custos.

Sabemos que a formação do preço tem dois objetivos principais:

1. Cobrir todos os custos variáveis incorridos em sua fabricação e venda.

2. Obter a maior margem possível a fi m de cobrir os custos fi xos e obter lucro.

Uma outra tendência observada no pensamento de vários autores é reconhecer a utilização do custo para outras finalidades, como para efeitos contábeis, administrativos, internos e gerenciais

No Brasil, isso é importante por conta da variável inflação e pela política financeira vigente. Por isso a fórmula tradicional de custo e preço deve ser invertida para:

Preço de venda - custo = margem de contribuição

Onde:

Preço de venda = ajustado ao mercado para ser competitivo

Custo = a ser administrado e minimizado

Margem de contribuição = suficiente para remunerar o custo fixo e propiciar um retorno adequado

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7.3 - CUSTO PARA EFEITOS CONTÁBEIS E GERENCIAIS

A maioria das empresas distingue claramente o custo de um produto ou serviço apurado para efeitos contábeis daquele apurado para fins de formação do preço de venda.

Dessa forma, o cálculo de custos para atendimento às exigências legais e a apuração do mesmo para efeitos de decisões gerenciais são diferentes. Com isso as empresas conseguem, ao mesmo tempo, obe-decer aos aspectos legais e não descuidar da competitividade no mercado.

A tradução dos valores históricos nominais dos desdobramentos contábeis para valores atuais possibi-lita os seguintes aspectos positivos às empresas:

Aproximação dos números contábeis aos números gerenciais.

Possibilidade de maior critério de uniformidade no tratamento dos dados contábeis e dos dados para formação do preço de venda.

Possibilidade de uso das mesmas fontes e arquivos para ambas as fi nalidades.

O único problema que podemos apontar em relação a isso é que os dados contábeis são corrigidos por um único índice oficial, porém, isso é imutável, pois existe a necessidade de um critério de uniformidade de procedimentos.

Já do ponto de vista gerencial, a utilização desse único índice poderá não expressar a variação mone-tária efetiva específica para determinada empresa ou produto.

A elaboração dessas projeções em um contexto de inflação como a do mercado brasileiro pode ser perigosa para as empresas tanto em termos de competitividade como de manutenção da substância pa-trimonial.

Este risco está relacionado à geração de expectativas exageradas de acréscimo de custos, projetando preços excessivamente elevados com conseqüentes dificuldades no volume de venda e na capacidade competitiva, embora num momento seguinte ocorram os naturais ajustes de mercado.

Dessa forma, as empresas devem tomar o cuidado de fabricar um produto ou prestar um serviço que gere, no mínimo, recursos para reiniciar o ciclo com a mesma capacidade existente no ciclo anterior.

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7.4 - GERAÇÃO DO LUCRO

O preço mínimo e o preço máximo atribuído a um produto ou serviço da empresa vão regular a sua atuação no mercado.

O preço mínimo deve corresponder, no curto prazo, ao valor igual ou maior que os gastos variáveis incorridos para produzir e vender uma unidade do produto.

Já o preço máximo corresponde ao valor estabelecido pela demanda do consumidor.

É importante destacar que, se os gastos variáveis estiverem acima do preço do produto, a empresa terá prejuízo, e se o preço estiver acima dos gastos variáveis, estará gerando uma margem de contribuição que inicialmente irá cobrir estes gastos e posteriormente irá gerar lucro para a empresa.

Para estabelecermos regras práticas que permitam calcular preços no dia-a-dia das empresas, vamos assumir que:

A empresa já elaborou seu orçamento anual e estabeleceu o lucro desejado. Este lucro pode estar rela-cionado às vendas projetadas ou ao patrimônio líquido. Estando relacionado às vendas, nos dá a margem de lucro sobre as vendas e, estando relacionado ao patrimônio líquido, podemos obter o retorno esperado sobre o patrimônio líquido da empresa.

Pensando nisso, as empresas precisam fixar a margem de lucro que desejam atingir.

A margem de lucro é a diferença entre o preço de venda e o custo por unidade. Ela traduz o quanto a empresa gera de receita adicional aos custos para fazer face às suas necessidades de distribuição de resultados, cobrir despesas e capitalizar-se. A partir da unidade vendida, é aplicada a margem desejada.

Preço = (1+margem) x custo

Vamos entender a fórmula da margem de lucro por meio de um exemplo.

Exemplo

Suponhamos que, para produzir um determinado produto, uma empresa tenha o custo de $ 12,00 e deseja obter uma margem de lucro de 50%.

O cálculo deverá ser feito da seguinte forma:

Preço = (1 + 50%) x 12 1,50 x 12 $ 18,00

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7.5 - FIXAÇÃO DO PREÇO COM BASE NO CUSTO

Vimos no início do módulo um fator bastante importante que também deve ser considerado na forma-ção do preço: os custos do produto.

Para este estudo, quatro métodos podem ser utilizados:

1. Custo pleno ou custo por absorção

No custo pleno ou por absorção, os preços de venda são iguais ao custo total da produção, mais um acréscimo percentual para cobrir as despesas operacionais e proporcionar uma margem desejada de lucro.

Suponhamos que uma empresa fabrique um produto X que tenha como custo unitário total de fabrica-ção $250,00, sendo que este custo é composto por:

Material direto $ 100,00

Mão-de-obra direta $ 70,00

Custos indiretos de fabricação $ 80,00

As despesas operacionais representam cerca de 40% dos custos e a empresa deseja obter um lucro, antes dos impostos, de 30% sobre o total de custos e despesas.

O preço de venda será:

Custo unitário total $ 250

Despesas operacionais (40% dos custos) $ 100

Margem de lucro (30% do total de custos e despesas) $ 105

Preço de venda 455

2. Custo de transformação

O princípio deste método é: como os produtos que têm maior custo de transformação (mão-de-obra) representam um esforço produtivo mais intenso, a margem de lucro deve ser calculada sobre o custo de transformação.

Vamos supor que a mesma empresa do exemplo anterior fabrique também um outro produto Y com o preço de venda de $ 436,80. Se comparássemos os dois produtos, teríamos a seguinte tabela:

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Observando a tabela comparativa, podemos ver que os dois produtos apresentam idêntico lucro sobre venda (23%). Entretanto, o produto Y foi mais difícil de ser produzido, uma vez que o seu custo é maior que o do produto X.

Tendo em vista que a margem de lucro é igual, mas o tempo de fabricação não, isso poderia levar a empresa a concentrar seus esforços na fabricação do produto X em detrimento de Y.

Para corrigir isso, utilizamos o Custo de Transformação.

No caso do produto X, esta margem representa 70% do custo de transformação ($ 105,00 é igual a 70% de $ 150,00). Para que o produto Y apresente a mesma margem, esta deverá ser 70% de $ 180,00, ou seja, $ 126,00, e o preço de venda será:

Custo de produção e venda $ 336

Margem de lucro (70% do custo de transformação) $ 126

Preço de Venda $ 462

3. Custo marginal ou custo variável

Neste método, a margem de lucro é calculada sobre a soma dos custos com as despesas variáveis e não sobre a soma do total dos custos com o total das despesas, como ocorre no custo pleno.

A vantagem de se fixar preços com base no custeio variável já foi analisada em detalhes no módulo 5 - Sistema de Custeio Variável.

Trata-se de um método muito mais flexível do que o baseado no custeio por absorção, uma vez que permite aceitar pedidos de clientes mesmo que os preços propostos de compra sejam inferiores ao custo unitário total de produção.

Basta que o preço seja superior à soma dos custos e despesas variáveis por unidade para que a mar-gem de contribuição unitária seja positiva e passe a amortizar os custos e despesas fixos e a dar lucro para empresa.

4. Rendimento sobre o capital empregado

Trata-se de uma variante do método com base no custeio pleno, no qual, ao invés de se fixar uma margem de lucro sobre as vendas, esta margem é determinada como porcentagem do capital empregado

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pela empresa.

Vamos imaginar que uma empresa apresenta os seguintes dados financeiros:

Custo total de produção e vendas $ 1.000.000

Capital empregado $ 5.000.000

Margem de lucro desejada sobre o investimento (30%) $ 150.000

Produção e vendas estimadas (unidades) 1.000

O preço de venda seria:

Agora que já comentamos sobre a fixação do preço de venda com base nos quatro sistemas de custeio, é preciso citar também o cálculo da fixação do retorno sobre o investimento (ROI).

O retorno sobre o investimento (ROI) é um índice de avaliação financeira que indica a rentabilidade obtida por unidade monetária de investimento.

Geralmente, utiliza-se o lucro líquido como indicador. Entretanto, para simplificar os cálculos, utiliza-se a receita de vendas.

O ROI pode ser calculado pela seguinte fórmula:

Logo, para determinar o preço de vendas, basta fixar o retorno por unidade e obteremos:

Os métodos que vimos até agora para formação do preço de venda são aplicáveis principalmente a produtos que iniciarão sua comercialização no mercado.

Porém, devemos considerar também os produtos que já são habitualmente comercializados pelas em-presas mas que também necessitam de um padrão para a formação de preços.

Nesse caso, requer-se considerações a longo prazo que sejam suficientes para cobrir os custos de administração, produção e venda, tanto os fixos como os variáveis, bem como possibilite um retorno ade-quado para futuras expansões.

Existem duas maneiras de se formar os preços dos produtos que são vendidos comumente no merca-do:

1. a que aborda o custo total e defi ne o custo básico como sendo o custo total da unidade pro-dutiva, sendo os custos administrativos e de vendas adicionados ao custo básico;

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2. a que aborda a contribuição e defi ne o custo unitário variável como custo básico, sendo os custos fi xos somados a esta base.

Vamos supor que uma empresa fictícia, para obter o preço de venda desejado, queira acrescentar 50% ao custo total por unidade ou 100% ao custo unitário variável.

Veja como seria o cálculo do preço de venda pela abordagem do custo total:

Veja como seria o cálculo do preço de venda pela abordagem da contribuição:

Ao determinar o acréscimo no valor do produto ou serviço com perspectiva a longo prazo, as empresas costumam utilizar a taxa de retorno desejada como base dos cálculos.

Com isso, concluímos o último módulo do curso.

Sabemos que, do ponto de vista dos empresários, dentro do ciclo operacional da empresa, o preço de venda é de extrema importância para o bom andamento dos negócios e a continuidade da empresa no mercado.

Partindo do princípio de que temos cada vez mais empresas concorrentes atuantes e várias outras que tendem a entrar nessa concorrência acirrada, é necessário manter um preço que seja ao mesmo tempo competitivo e lucrativo, pois o correto estabelecimento do preço de venda é essencial para a manutenção da substância patrimonial para a sua própria sobrevivência .

Este curso não tem o propósito de esgotar esse assunto, principalmente em relação ao preço de venda, sobre o qual muito se tem a analisar. Nosso propósito foi apenas citar os principais conceitos ligados ao tema e lhe dar uma base para o seu trabalho.

Na biblioteca do curso online você poderá encontrar outros assuntos não discutidos no curso por serem muito específicos, mas sugerimos que você complemente o seu aprendizado estudando-os também.

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RESUMO

1. As empresas precisam fi xar seus preços de venda baseadas em quatro objetivos; obter um adequado retorno sobre o investimento, obter uma determinada participação no mercado, obter uma capacidade de enfrentar a concorrência e obter uma lucratividade global compatível.

2. Na determinação do preço de venda, as empresas precisam avaliar a sua concorrência em dois principais níveis: o tipo de comportamento competitivo no seu setor de atuação e sua posi-ção específi ca dentro do seu tipo de comportamento.

3. Na posição da empresa dentro do comportamento competitivo é necessário observar os clien-tes para saber quais são os seus desejos e necessidades; os custos, ou seja, saber quais são os incorridos na produção do produto; e o governo, para saber que tipo de infl uência ele tem sobre o mercado.

4. O estabelecimento do preço de venda consiste na simples adição de um markup ao custo apropriado, ou seja, acrescentar um valor ao custo do produto para determinar o seu preço fi nal.

5. Dois objetivos devem ser alcançados na formulação do preço de venda: cobrir todos os cus-tos variáveis incorridos em sua fabricação e venda e obter a maior margem possível a fi m de que possam ser cobertos os custos fi xos e seja obtido um lucro.

6. A maioria das empresas distingue o custo de um produto ou serviço apurado para efeitos para contábeis daquele apurado para fi ns de formação do preço de venda. Isso ocorre porque elas devem obedecer os aspectos legais e ao mesmo tempo não descuidar da competitividade no mercado.

7. Visando o lucro, as empresas devem estabelecer o preço mínimo e o máximo de um produto. O preço mínimo deverá ser igual, e de preferência maior, que os gastos variáveis incorridos para produzir e vender uma unidade dele; já o preço máximo deve ser estabelecido pela demanda do consumidor.

8. No custo por absorção, os preços de vendas são iguais ao custo total da produção mais um acréscimo percentual para cobrir despesas operacionais e proporcionar uma margem desejada de lucro.

9. No custo de transformação, a determinação do preço de venda segue o princípio de que os produtos que têm maior custo de transformação (mão-de-obra) representam um esforço produ-tivo mais intenso da empresa. Por isso, a margem de lucro deve ser calculada sobre o custo de transformação.

10. No custo variável, a margem de lucro é calculada sobre a soma dos custos com as despesas variáveis, e não sobre a soma total de custos e despesas, como ocorre no custeio pleno.

11. A fi xação do preço com base no rendimento sobre o capital é uma variante do método com base no custo pleno, no qual, ao invés de se fi xar uma margem de lucro sobre as vendas, esta margem é determinada como percentagem do capital empregado pela empresa.

12. A formação de preços dos produtos padrões requer considerações a longo prazo. Existem duas maneiras principais de se formar estes preços: a que aborda o custo total e defi ne o custo básico como sendo o custo total da unidade produtiva; e a que aborda a contribuição e defi ne o custo unitário variável como custo básico.

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Contabilidade Financeira e Gerencial

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CREPALDI, S. A. “Curso básico de contabilidade”, São Paulo: Atlas, 2002.

CREPALDI, S. A. “Curso básico de contabilidade de custos”. São Paulo: Atlas, 2002.

CREPALDI, S. A. “Contabilidade gerencial: teoria e prática”. São Paulo: Atlas, 2002.

OLIVEIRA, Á. G. “Contabilidade Financeira”. São Paulo: Saraiva, 2002.

BEULKE, R. e BERTÓ, D. J. “Estrutura e Análise de Custos”. São Paulo: Saraiva, 2002.

MAHER, M. “Contabilidade de custos: criando valor para a administração”. São Paulo: Atlas, 2001.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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