Consumo Sucos e Leite

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  • 7/27/2019 Consumo Sucos e Leite

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    Cad. Sade Pblica, Rio d e Janeiro, 25(12):2715-2724, dez, 2009

    2715

    Associao entre consumo de refrigerantes,sucos e leite, com o ndice de massa corporalem escolares da rede pblica de Niteri,Rio de Janeiro, Brasil

    Association between consumption of soft drinks,fruit juice, and milk and body mass index amongpublic school students in Niteri, Rio de JaneiroState, Brazil

    1 Instituto de Medicina

    Social, Universidade do

    Estado do Rio de Janeiro,

    Rio de Janeiro, Brasil.

    Correspondncia

    F. A. M. Nogueira

    Instituto de Medicina Social,

    Universidade do Estado do

    Rio de Janeiro.

    Rua So Francisco Xavier

    524, 7o andar, Bloco E,

    Rio de Janeiro, RJ

    2055 0-01 2, Br asil.

    fmel o.nogu eira@i ms.u erj.br

    Fernanda de Albuquerque Melo Nogueira 1

    Rosely Sichieri1

    Abstract

    The association between consumption of soft

    drinks, fruit juice, and milk and body mass index

    (BMI) was evaluated in 1,423 students 9 to 16

    years of age from public schools in Niteri, Rio de

    Janeiro State, Brazil. Beverage intake was mea-

    sured using 24-hour recall and a food frequencyquestionnaire. Weight and height were measured

    to calculate BMI. Regression analyses took into

    account the cluster (classes) effect. Analyses were

    stratified by gender and adjusted for physical ac-

    tivity and age. The results showed a positive as-

    sociation between soft drink intake and age (p

    = 0.05) and a negative association between milk

    and age (p = 0.004). For girls only, there was a sig-

    nificant association between frequent fruit juice

    intake and BMI (= 0.02; p = 0.03). For the other

    beverages, there were no significant associations

    between BMI and frequent consumption in either

    gender. Soft drinks and juices accounted for 20%

    of mean daily energy intake. The results showed

    that efforts to reduce energy intake from bever-

    ages should include consumption of fruit juice.

    Beverages; Drinking; Nutritional Status

    Introduo

    Nos Estados Unidos, estudos populacionais con-duzidos no perodo de 1999 a 2002 revelaram queaproximadamente 1/3 dos adultos so obesos(27,6% no sexo masculino e 33,2% no feminino) eum em cada seis crianas e adolescentes tem so-

    brepeso1

    . Tal situao semelhante nos demaispases desenvolvidos e na Amrica Latina, ondeinquritos populacionais indicam uma tendn-cia de aumento na prevalncia de obesidade noapenas na populao adulta, mas tambm entrecrianas e adolescentes 2,3,4,5,6.

    No Brasil, dados de pesquisas nacionaisidentificaram uma tendncia de aumento naprevalncia de sobrepeso entre crianas e ado-lescentes. O inqurito mais recente mostrou queo sobrepeso entre os adolescentes brasileiros tri-plicou desde 1980, alcanando 17% em 2003 7.

    A obesidade na adolescncia tende a per-sistir na idade adulta e est associada a graves

    complicaes de sade 8. Entre os fatores asso-ciados ao aumento da obesidade em crianase adolescentes, o consumo de bebidas auca-radas tem sido bastante estudado na literaturainternacional, com vrias pesquisas indicandouma associao positiva entre consumo destasbebidas e ganho de peso 9,10,11,12,13. No Brasil, osdados mais recentes da Pesquisa de Oramen-tos Familiares (POF 2002-2003) revelaram queo consumo de refrigerantes aumentou em at400%, na populao, no perodo de 1975-2003 14.

    ARTIGO ARTICLE

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    Nogueira FAM, Sichieri R2716

    Cad. Sade Pblica, Rio de Janeiro, 25(12):2715-2724, dez, 2009

    Apesar desses dados serem preocupantes, a as-

    sociao entre consumo de bebidas aucaradas

    e obesidade na adolescncia tem sido pouca ex-

    plorada no pas.

    Somente um estudo 15, na cidade de Pelotas,

    Sul do Brasil, com 607 escolares entre 8 e 10 anos

    de idade, demonstrou associao significante

    entre o comportamento alimentar inadequado,caracterizado pela ausncia do caf da manh e

    baixo consumo de leite, e obesidade. Entretanto,

    quanto ao consumo de refrigerantes, no houve

    diferenas estatisticamente significantes entre

    obesos e no-obesos.

    Dados da literatura tambm indicam que o

    aumento do consumo de refrigerantes tem redu-

    zido o consumo de leite 16.

    O objetivo do estudo foi avaliar a associao

    entre o consumo de bebidas aucaradas e leite,

    com o ndice de massa corporal em escolares.

    Mtodos

    Populao de estudo

    Este estudo parte de um projeto de pesquisa

    com estudantes matriculados na 4 srie de es-

    colas municipais e estaduais do Municpio de

    Niteri, no Rio de Janeiro, Brasil, que avaliou a

    eficcia de um programa de interveno para

    preveno de sobrepeso por meio do estmulo

    reduo do consumo de refrigerantes 17. Foram

    avaliados no presente estudo os dados da linha

    de base que inclui escolares de 9 a 16 anos deidade.

    Desenho de estudo e tamanho da amostra

    Trata-se de um estudo transversal com escolas

    pblicas municipais e estaduais de Niteri, no

    incio do ano letivo de 2005. O tamanho da amos-

    tra planejado em 600 participantes permitiria

    avaliar uma diferena de consumo de 0,5 copo

    de refrigerante e diferenas de uma unidade no

    ndice de massa corporal (IMC), j levando em

    conta o desenho do conglomerado (turmas) e

    prevendo uma taxa de concordncia dos pais de

    80%. Os dirigentes das escolas no concordaram

    em selecionar apenas uma nica turma de 4a ou

    5a srie para participar do estudo, assim sendo,

    todas as classes de 4a srie no estado e 5a srie

    no municpio das escolas sorteadas foram inclu-

    das, avaliando-se mais de mil escolares. Com

    esse tamanho de amostra seria possvel estimar

    com um erro tipo I de 5% e um erro tipo II de 80%

    tanto a prevalncia de sobrepeso da ordem de

    15% 18 quanto a prevalncia de consumo de leite,

    estimada em aproximadamente 40% 19.

    Os pais ou responsveis pelos estudantes re-

    ceberam informaes sobre os objetivos e pro-

    cedimentos de coleta dos dados da pesquisa, e

    somente aqueles que tiveram o seu consenti-

    mento assinado pelos responsveis participaram

    do estudo.

    Do total de escolares matriculados nas tur-

    mas escolhidas para a pesquisa (n = 1.509), 98,4%(n = 1.485) concordaram em participar do estu-

    do. As demais perdas decorreram da ausncia do

    aluno no dia de coleta de dados e da excluso de

    uma criana com 17 anos (n = 62), resultando em

    1.423 participantes. Desses, 1.216 fizeram antro-

    pometria e 1.423 responderam ao questionrio.

    Coleta de dados

    O consumo de alimentos e de bebidas foi avaliado

    por um recordatrio alimentar de 24 horas e um

    questionrio de freqncia de consumo de bebi-

    das. Esse questionrio foi elaborado com base noquestionrio, previamente validado, para avalia-

    o do consumo alimentar de adultos (QFA) 20.

    Foram utilizados apenas os itens referentes s

    bebidas. O questionrio incluiu tipo e freqncia

    de bebidas usualmente consumidas. Para anli-

    se, uma poro usual de bebida foi padronizada

    em um copo de 250mL para todas as bebidas ava-

    liadas. As bebidas selecionadas foram: suco de

    frutas (natural da fruta, industrializado lquido

    para ser diludo, industrializado pronto para o

    consumo e industrializado em p para recons-

    tituio); refrigerante e guaran natural (light/

    diete normal); leite (desnatado, semidesnatado eintegral) e iogurte (light/diete integral). As freq-

    ncias de consumo incluram oito possibilidades

    de resposta: nunca ou menos de 1 vez por ms,

    1-3 vezes por ms, 1 vez por semana, 2-4 vezes

    por semana, 5-6 vezes por semana, 1 vez por dia,

    2-3 vezes por dia e > 3 vezes por dia. Foi realizado

    um pr-teste do questionrio de freqncia de

    consumo de bebidas a fim de se avaliar a clareza,

    objetividade das questes e facilidade de aplica-

    o do instrumento.

    Ambos os questionrios de consumo foram

    aplicados por cinco nutricionistas previamente

    treinadas e aps a realizao das medidas antro-

    pomtricas.

    Embora o controle de qualidade e a avaliao

    de dados ausentes nos questionrios fossem rea-

    lizados logo aps o preenchimento, todos os alu-

    nos de uma classe eram liberados em conjunto e

    alguns tinham mais dificuldades em responder

    adequadamente s perguntas, no permanecen-

    do por mais tempo disponveis para a checagem

    dos questionrios (aproximadamente 13%).

    Os dados coletados foram duplamente digi-

    tados usando-se o programa Epi Info verso 6.04

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    CONSUMO DE REFRIGERANTES, SUCOS E LEITE E IMC EM ESCOLARES 2717

    Cad. Sade Pblica, Rio d e Janeiro, 25(12):2715-2724, dez, 2009

    (Centers for Disease Control and Prevention,Atlanta, Estados Unidos). Foram estabelecidosmecanismos de restrio de entrada de dados demaneira a evitar possveis erros de digitao.

    As medidas antropomtricas de peso e esta-tura foram aferidas na escola, com os estudantesutilizando roupas leves, descalos e sem portar

    objetos pessoais pesados. Todas as medidas foramcoletadas por nutricionistas treinados, por meiode procedimentos padronizados 21. Foi utilizadoestadimetro, com escala de 0 a 200cm, preci-so de 0,1cm, para medio da estatura (modelocompacto, Wiso, So Paulo, Brasil). A medio foirealizada duas vezes, com os escolares descalose com a nuca, as ndegas e os calcanhares encos-tados parede, sem rodap, e com a cabea noplano horizontal de Frankfurt. O valor mdio dasduas medies foi utilizado nas anlises, sendoaceita variao de at 0,5cm entre as duas medi-das. Se ultrapassado esse valor, as duas medidas

    eram repetidas. A massa corporal (kg) foi obtidauma nica vez, por balana digital, porttil, comcapacidade mxima de 150kg e preciso de 100g(modelo BC 552, Tanita, So Paulo, Brasil).

    Para a classificao do estado nutricionaldos adolescentes foi calculado o IMC, obtido pormeio da diviso do peso em quilogramas peloquadrado da estatura em metros, sendo utilizadaa classificao proposta por Cole et al. 22,23.

    O nvel de atividade fsica foi mensurado pormeio de duas perguntas: (1) No recreio voc pas-sa a maior parte do tempo brincando/correndo/

    jogando bola ou fica sentado/parado? e (2) Voc

    pratica exerccio fsico regular por no mnimo du-as vezes por semana fora da escola? (sim/no).

    Anlise estatstica dos dados

    As freqncias relatadas de consumo das be-bidas foram transformadas em oito categoriasde freqncias de consumo dirias. Portanto,de 1-3 vezes por ms foi transformada em 0,07por dia e assim sucessivamente. Para apresenta-o descritiva em tabelas e respectivos testes detendncia, reagrupou-se em uma menor quan-tidade de categorias de forma a garantir um n-mero adequado de crianas (> 10) em todas as

    caselas. Esses agrupamentos esto descritos nastabelas.

    O teste qui-quadrado foi utilizado para com-parar as prevalncias de sobrepeso e obesidadepor sexo, as propores entre os tipos de bebidasconsumidas segundo o sexo e as prevalncias defreqncias de consumo de bebidas por faixaetria.

    O teste t de Student foi realizado para avaliaras diferenas de mdias de IMC, peso, altura eidade entre os sexos.

    A anlise de varincia (ANOVA) testou as dife-renas das mdias de IMC, segundo as categoriasde freqncia usual de consumo de bebidas e ti-pos de bebidas. Foi aplicado o teste de compara-es mltiplas de Duncan para determinar quaiscategorias eram diferentes.

    Para avaliar o efeito da freqncia de con-

    sumo de bebidas (exposio principal) em rela-o ao IMC (desfecho), utilizou-se a tcnica deregresso linear mltipla, considerando as fre-qncias de consumo dirias. As anlises de re-gresso foram estratificadas por sexo, ajustadaspor idade e considerado o efeito entre conglo-merados (turmas) usando-se o procedimentoproc surveyregno programa estatstico SAS (SASInst., Cary, Estados Unidos). Como a associaoentre IMC e atividade fsica inversa e a realiza-o desta atividade pode estimular o consumode lquidos, as variveis de atividade fsica foramposteriormente adicionadas como variveis de

    ajuste no modelo 24,25.Transformaes logartmicas foram neces-

    srias para normalizar as distribuies da vari-vel IMC. Para avaliao da adequao do mo-delo final de regresso, realizou-se a anlise deresduos.

    Todas as anlises estatsticas foram feitascom o programa SAS verso 9.1.

    Resultados

    As prevalncias de baixo peso, sobrepeso e obe-

    sidade na populao estudada, foram 12,1%,14,8% e 4,4%, respectivamente. No houve dife-renas estatisticamente significativas nas preva-lncias de sobrepeso e obesidade entre os sexos(p = 0,36). Nos meninos, as prevalncias de so-brepeso e obesidade foram de 14,6% e 3,4%, e nasmeninas de 16% e 5,2%, respectivamente.

    As mdias de peso, altura e ndice de mas-sa corporal foram maiores nas meninas que nosmeninos, enquanto que a mdia de idade foimaior no sexo masculino (p < 0,05).

    A maioria dos escolares estudados referiuconsumir bebidas integrais ou no dietticas,sendo encontrada alta prevalncia de consumo

    de refrigerantes no dietticos (90,8%), leite eiogurte integrais (86,7% e 81,3%, respectivamen-te). Houve diferenas entre as mdias de IMC se-gundo os tipos de refrigerantes (p < 0,0001), leite(p < 0,0001) e iogurte (p = 0,007) consumidos,sendo que os valores mais elevados de IMC ocor-reram entre os estudantes que referiram consu-mir produtos light/diet. No houve diferenasestatisticamente significativas entre as mdiasde IMC segundo os tipos de sucos consumidos(Tabela 1).

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    Nogueira FAM, Sichieri R2718

    Cad. Sade Pblica, Rio de Janeiro, 25(12):2715-2724, dez, 2009

    Tabela 1

    Prevalncias de consumo das bebidas referidas (%), mdia do ndice de massa corporal (IMC) e desvio-padro (DP), dos

    estudantes de 9 a 16 anos, de 22 escolas pblicas do Municpio de Niteri, Rio de Janeiro, Brasil, 2005.

    Bebidas % IMC

    Mdia DP Valor de p *

    Sucos (n = 1.035) 0,49

    Industrializado em p, para ser reconstitudo 41,3 17,88 1,19

    Industrializado, pronto para o consumo 2,6 18,03 1,17

    Industrializado, lquido para ser diludo 23,0 18,26 1,19

    Natural da fruta 28,4 18,14 1,18

    No toma 4,7 18,45 1,19

    Refrigerantes (n = 1.026) < 0,0001

    Normal 90,8 17,88 1,18

    Light/Diet 3,7 19,10 1,18

    Normal e light 5,5 20,79 1,23

    Leites (n = 1.038) < 0,0001

    Integral 86,7 17,91 1,18

    Semidesnatado 0,7 19,94 1,21Desnatado 6,4 20,26 1,26

    No toma 6,3 18,00 1,19

    Iogurtes (n = 1.030) 0,007

    Integral 81,3 17,93 1,18

    Light/Diet 2,3 19,57 1,19

    No toma 16,4 18,49 1,16

    * ANOVA.

    Quanto s freqncias usuais relatadas de

    consumo de bebidas, verificou-se que tanto paraos meninos quanto para as meninas no houvediferenas estatisticamente significantes, comexceo do leite, em que a freqncia foi maiorpara os meninos, na ltima categoria. Observou-se que refrigerante, suco e guaran natural soconsumidos regularmente, sendo os maiorespercentuais encontrados na categoria de 2-4 ve-zes por semana. J para o iogurte, aproximada-mente 52% dos adolescentes referiram consumi-lo nunca ou quase nunca (Tabela 2).

    A Tabela 3 apresenta a associao entre a fre-qncia de consumo de bebidas e faixa etria.

    Verificou-se que ocorreu associao apenas en-

    tre as categorias de freqncia de consumo derefrigerantes e leite com as faixas etrias, sendoque quanto maior a faixa etria, maior a freq-ncia de consumo de refrigerantes e menor a deconsumo de leite (p < 0,05).

    No que diz respeito mdia de IMC segun-do o tipo e freqncias de consumo de bebidas(Tabela 4), verificou-se que somente nas meni-nas o valor mdio do IMC foi diferente entre asfreqncias de consumo de suco (p = 0,03). Paraas outras bebidas no houve diferenas entre as

    mdias de IMC por freqncias de consumo, em

    ambos os sexos (p > 0,05).Como foi encontrada associao positiva en-tre freqncia de consumo de sucos e IMC, ex-ploraram-se os distintos tipos de sucos ingeridos.Para isso, foram realizados trs modelos de re-gresso mltipla: o modelo 1 avaliou a freqnciade consumo de todos os sucos (industrializadolquido para ser diludo, industrializado prontopara o consumo e industrializado em p para re-constituio e natural) em relao ao IMC, o mo-delo 2 avaliou apenas as freqncias de consumode sucos industrializados excluindo da anliseos escolares que referiram tomar suco natural,e o modelo 3 analisou somente o consumo de

    suco natural, excluindo aqueles que reportaramconsumo de suco industrializado. A Tabela 5apresenta os coeficientes de regresso linear pa-ra o IMC, segundo os trs modelos de regressomltipla realizados. Verificou-se que entre as me-ninas, para cada aumento na freqncia usualde consumo de sucos em geral, ocorreram incre-mentos na ordem de 0,02kg/m2 no IMC, sendoeste aumento estatisticamente significante (p =0,03). Essa associao positiva persiste para su-cos industrializados e IMC nas meninas (= 0,03,

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    Cad. Sade Pblica, Rio de Janeiro, 25(12):2715-2724, dez, 2009

    p = 0,06, R2 = 6,0%). J na categoria de sucos na-turais, no foi verificada associao significantecom o IMC. Aps a incluso de duas variveis deatividade fsica no modelo, os resultados manti-veram-se inalterados.

    Realizou-se a anlise de resduo para avaliar aadequao da modelagem estatstica, bem comoa anlise adicional, com excluso de trs valo-

    res outliers, sem alteraes nas estimativas dasexposies principais, indicando que o modeloestava bem ajustado.

    Analisando o recordatrio alimentar dosadolescentes avaliados, a mdia de consumode energia foi de 2.437 998kcal para os meni-nos, e de 2.190 950kcal para as meninas. Sendoque para os primeiros, os refrigerantes contri-

    Tabela 4

    Mdia do ndice de massa corporal (IMC), segundo a freqncia usual de consumo de bebidas por sexo, em estudantes de 9 a 16 anos, de 22 escolas

    pblicas do Municpio de Niteri, Rio de Janeiro, Brasil, 2005.

    Freqncia usual Suco de fruta Refrigerante Guaran natural Leite Iogurte

    (n = 541) (n = 548) (n = 548) (n = 538) (n = 549)

    IMC DP IMC DP IMC DP IMC DP IMC DP

    Meninas

    Nunca ou quase nunca 17,03 * 1,16 18,70 1,21 18,49 1,22 17,46 1,20 18,34 1,21

    1 vez por semana 18,60 1,15 18,86 1,21 18,25 1,17 18,89 1,20 17,89 1,18

    2-4 vezes por semana 18,10 1,19 18,27 1,21 18,26 1,20 18,28 1,17 18,36 1,20

    5-6 vezes por semana 18,46 1,18 17,67 1,19 17,98 1,19 17,79 1,22 18,60 1,09

    1 vez por dia 17,70 1,19 17,22 1,17 17,62 1,20 18,71 1,21 18,35 1,19

    2 vezes por dia 18,94 * 1,25 18,00 1,16 18,05 1,22 18,02 1,21 17,54 1,12

    Valor de p 0,03 0,08 0,64 0,16 0,83

    Valor de p da tendncia 0,02 0,06 0,15 0,77 0,63

    Meninos

    Nunca ou quase nunca 17,21 1,12 17,74 1,16 17,75 1,18 18,68 1,21 17,80 1,19

    1 vez por semana 17,31 1,16 18,10 1,15 17,87 1,18 17,52 1,17 17,95 1,162-4 vezes por semana 17,85 1,17 17,82 1,18 17,89 1,16 17,92 1,18 17,79 1,18

    5-6 vezes por semana 18,05 1,16 18,00 1,21 17,98 1,21 17,42 1,14 18,47 1,08

    1 vez por dia 18,49 1,20 18,12 1,20 17,76 1,16 17,95 1,19 17,40 1,10

    2 vezes por dia 17,75 1,18 17,50 1,17 18,04 1,22 17,62 1,15 19,34 1,16

    Valor de p 0,29 0,81 0,99 0,31 0,54

    Valor de p da tendncia 0,50 0,36 0,70 0,11 0,30

    * Mdias que diferiram significativamente aps o teste de comparaes mltiplas (teste de Duncan, p < 0,05).

    Tabela 5

    Coeficiente de regresso linear para o ndice de massa corporal (IMC) segundo a freqncia de consumo de sucos, emmodelos ajustados por idade e considerando o efeito do conglomerado.

    Modelos n Valor de p R2 (%)

    Meninas

    1. Sucos em geral 541 0,02 0,03 5,2

    2. Suco industrializado 368 0,03 0,06 6,0

    3. Suco 100% natural 149 0,03 0,18 5,1

    Meninos

    1. Sucos em geral 484 0,008 0,48 0,46

    2. Suco industrializado 324 0,002 0,90 0,06

    3. Suco 100% natural 149 -0,006 0,76 1,12

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    CONSUMO DE REFRIGERANTES, SUCOS E LEITE E IMC EM ESCOLARES 2721

    Cad. Sade Pblica, Rio d e Janeiro, 25(12):2715-2724, dez, 2009

    buram com cerca de 8,8% (214 159kcal), su-cos industrializados com 7% (169 100kcal) esucos 100% naturais com 1,9% (48 49kcal) dototal de calorias ingeridas. J para as meninas,os refrigerantes contriburam com cerca de 9,9%(216 141kcal), sucos industrializados com 6,4%(139 78kcal) e sucos 100% naturais com 1,9%

    (43 46kcal) do total de calorias ingeridas. Houvediferenas estatisticamente significantes, entreos sexos, na mdia de calorias totais ingeridas enas calorias provenientes do consumo de sucosindustrializados (p < 0,05).

    Discusso

    A anlise do consumo de bebidas pelo QFA re-velou que aproximadamente 20% dos escolaresavaliados referiram o consumo dirio, e 60% se-manal (2 a 6 vezes por semana) de refrigerantes

    e sucos. Esse consumo pode representar quase20% do consumo dirio de energia, quando seanalisou a contribuio energtica das bebidasusando-se o mtodo recordatrio de 24 horas.Elevadas prevalncias no consumo de bebidasaucaradas tambm foram encontradas no estu-do conduzido por Bere et al. 26, com 2.870 adoles-centes da Noruega, sendo que 63% consumiramrefrigerantes duas vezes por semana ou mais. Oestudo realizado por Wang et al. 27, em uma amos-tra representativa de adolescentes americanos,entre 12 e 19 anos de idade, que participaram do

    National Health and Nutrition Examination Sur-

    vey (NHANES: 1988-1994 e 1999-2004) revelouque a ingesto de bebidas aucaradas e de sucosaumentou ao longo destes anos, contribuindocom cerca 13% (341kcal) e 1,9% (43kcal), respec-tivamente, do consumo mdio dirio de energia,no ltimo perodo estudado. provvel que o al-to consumo de bebidas aucaradas decorra dapropaganda indiscriminada destes produtos queso lanados no mercado, atingindo facilmenteos domiclios e instituies de ensino, onde huma aglomerao de crianas e adolescentes, es-timulando o seu consumo nesta faixa etria 28.

    Alm disso, o baixo preo dessas bebidas asso-ciado ao gosto agradvel tambm so fatores que

    incentivam o seu consumo 29.No presente estudo, embora 93% dos estu-

    dantes tenham referido ingerir algum tipo deleite, menos de 40% deles relataram consumi-loduas vezes por dia ou mais. Esse achado pre-ocupante uma vez que a necessidade de clciodiettico nessa faixa etria alta e recomenda-se a ingesto de trs pores de leite magro ouderivados, diariamente, visando promoo dadensidade mineral ssea e crescimento linearadequado durante o perodo da adolescncia, e

    preveno da osteoporose, osteopenia e outrascomplicaes provenientes da deficincia de cl-cio na vida adulta 30.

    A prevalncia de consumo de refrigerantesfoi maior em escolares mais velhos e menor emescolares mais novos, e a prevalncia de consu-mo de leite foi maior em estudantes mais novos

    e menor nos mais velhos. Esses dados so con-sistentes com a literatura, que tem revelado umatendncia de substituio da ingesto de leitepor refrigerante com o aumento da idade 31,32,33.Cabe ressaltar que em estudo recente, realizadopor Dubois et al. 34, verificou-se que essa tendn-cia tambm est ocorrendo em pr-escolares.Esses autores, ao seguirem uma coorte de 2.103crianas entre 2 e 5 anos de idade, em Qubec,Canad, verificaram que a proporo de crianasque consomem refrigerante no mnimo uma vezpor semana entre as refeies aumentou com aidade (42% aos 2,5 anos; 47 e 48% aos 3,5 e 4,5

    anos, respectivamente.Quanto mdia de IMC, segundo o tipo

    de bebida ingerida, os valores mais altos ocor-reram para os grupos de bebidas diet/light oucom quantidades de gorduras diminudas. Esseachado um tpico exemplo de causalidade re-versa, muito freqente em estudos transversais.Provavelmente, os escolares com maiores valoresde IMC ingerem maiores propores de bebidasdiet/lightou com teor reduzido de gordura parareduo de seu peso.

    Os dados apresentados em estudos trans-versais referentes associao entre consumo

    de bebidas aucaradas e sobrepeso/obesidadeainda so controversos 13,35. Giammattei et al. 36,ao avaliarem uma amostra probabilstica de 385adolescentes entre 11 e 14 anos de idade, resi-dentes na Califrnia, Estados Unidos, verifica-ram que a mdia de IMC, o percentual de gor-dura corporal total e a prevalncia de sobrepesoforam maiores no grupo que consumiu refrige-rante trs vezes ao dia ou mais, comparados aosque no consumiram (p = 0,003, p = 0,02 e p =0,006, respectivamente). J outros estudos trans-versais tambm nos Estados Unidos 33,37,38,39 noidentificaram essa associao.

    No presente estudo, no foi encontrada asso-

    ciao positiva entre consumo de refrigerante eIMC. Observou-se que o consumo de refrigeran-tes entre os escolares brasileiros alto, to grandequanto em outros pases que encontraram essaassociao 10,36,40. possvel que a ausncia deassociao seja uma limitao do prprio dese-nho da pesquisa, uma vez que em estudos longi-tudinais essa associao se faz presente 10,34,40.

    Deve-se considerar tambm a possibilidadede ocorrncia de vis de informao como uma

    justificativa para ausncia de associao entre

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    Nogueira FAM, Sichieri R2722

    Cad. Sade Pblica, Rio de Janeiro, 25(12):2715-2724, dez, 2009

    freqncia de consumo de refrigerante e IMC.Possivelmente, nessa faixa etria, os adolescen-tes j tenham informao de que refrigerante no uma bebida saudvel, devendo ser consumidao menos possvel. Dados do Brasil 41 revelam queindivduos com sobrepeso ou obesos sub-rela-tam o consumo alimentar. Na amostra estudada,

    aqueles que apresentaram valores de IMC maisalto poderiam ter relatado uma freqncia deconsumo de refrigerantes no dietticos maisbaixa que a usual, subestimando a freqnciausual de consumo e mascarando o consumo realde refrigerantes neste grupo. Finalmente, no sepode descartar a hiptese de um menor efeitona adiposidade da composio dos refrigerantesfabricados no Brasil quando comparados que-les fabricados nos Estados Unidos. O refrigeran-te nacional tem sacarose como nica fonte deacar, no sendo adicionado de HFCS (hight

    fructose corn syrup), que est presente em refri-

    gerantes produzidos nos pases norte-america-nos e que induz resposta hormonal diferenciada,alterando a relao insulina-leptina favorecendoa lipognese 42.

    Nas meninas, o consumo de sucos associou-se significativa e positivamente com o IMC, en-quanto que nos meninos no foi encontrada as-sociao. Existe teoricamente a possibilidade devis de informao em direo reduo do con-sumo de refrigerantes e aumento do consumo desucos, uma vez que sucos representam bebidassaudveis. Considerando que as meninas quan-do comparadas aos meninos tendem a ser mais

    atentas s recomendaes nutricionais e maispreocupadas com as questes de sade e, apsanlise do consumo do recordatrio alimentarde 24 horas, que revelou que as meninas con-sumiram menos calorias provenientes de sucoindustrializado que os meninos, h a possibili-dade de ocorrncia de super-relato na freqnciade consumo de sucos referida. Alm disso, nesseciclo da vida, as meninas apresentam alteraeshormonais que favorecem o ganho de peso cor-poral, o que poderia explicar os valores mais ele-vados de IMC.

    O consumo de sucos pela populao estuda-da representa uma fonte adicional e importantede calorias, alm das provenientes dos refrige-rantes, uma vez que 90% dos escolares reporta-ram o consumo de refrigerantes no dietticos.Os resultados mostraram que o consumo de su-cos industrializados representa uma contribui-

    o calrica maior que o de sucos 100% naturais,e em meninas associou-se positivamente com oIMC. Em anlise anterior desses dados, encon-trou-se associao positiva entre consumo deacar e sucos (r = 0,35; p > 0,0001) e negativa en-tre consumo de acar e refrigerantes (r = -0,16;p < 0,001), sugerindo que os acares so acresci-dos durante o preparo de todos os sucos 16.

    Associao positiva entre consumo usual desucos e sobrepeso/obesidade tambm foi en-contrada no estudo conduzido por Sanigorskiet al. 43 , com uma amostra probabilstica de 2.184crianas entre 4 e 12 anos, em Victoria, Austrlia.

    Segundo esses autores, o consumo regular desucos (duas vezes por dia ou mais) esteve asso-ciado positivamente com sobrepeso/obesidadequando comparado ao consumo menor que umavez por semana. Tanasescu et al. 44, ao realizaremum estudo caso-controle na cidade de Hartfordem Porto Rico, com 53 crianas entre 7 e 11 anosde idade, visando a identificar fatores preditorespara a obesidade, observaram que aqueles queconsumiram diariamente um poro de sucosde fruta (incluindo sucos aromatizados artifi-cialmente com pouca quantidade ou sem polpade fruta) apresentaram 4,02 mais chances de se

    tornar obesos quando comparados aos que noconsumiram.O estudo sugere que esforos para reduo

    de energia por meio de fontes lquidas devamincluir alm dos refrigerantes, os sucos, princi-palmente os industrializados, que so em geralconsiderados como parte de uma alimentaosaudvel. Mas, que se tornam veculos importan-tes de adio de acar.

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    CONSUMO DE REFRIGERANTES, SUCOS E LEITE E IMC EM ESCOLARES 2723

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    Resumo

    Avaliou-se a associao entre o consumo de refrigeran-

    tes, sucos e leite, com o ndice de massa corporal (IMC)

    em 1.423 estudantes, entre 9 e 16 anos, de escolas p-

    blicas de Niteri, Rio de Janeiro, Brasil. O consumo de

    bebidas foi avaliado por meio do recordatrio alimen-

    tar de 24 horas e questionrio de freqncia de consu-

    mo alimentar. Peso e estatura foram coletados para oclculo do IMC. As anlises de regresso linear foram

    estratificadas por sexo e ajustadas por atividade fsica,

    idade e efeito do conglomerado (classes). Verificou-se

    associao positiva entre freqncia de consumo de re-

    frigerante e idade (p = 0,05) e negativa entre consumo

    de leite e idade (p = 0,004). Apenas para as meninas,

    o IMC associou-se positivamente com o consumo de

    sucos (= 0,02; p = 0,03). Para as outras bebidas no

    foram encontradas associaes entre IMC e freqncia

    usual de consumo. O consumo de refrigerantes e sucos

    representou cerca de 20% do total de energia mdia

    consumida diariamente. Os resultados indicam que

    esforos para reduzir a ingesto de energia por meio de

    bebidas devem enfatizar tambm os sucos.

    Bebidas; Ingesto de Lquidos; Estado Nutricional

    Colaboradores

    F. A. M. Nogueira contribuiu substancialmente para aconcepo e planejamento, anlise e interpretao dosdados, contribuiu significativamente na elaborao dorascunho e participou da aprovao da verso final domanuscrito. R. Sichieri contribuiu na anlise e inter-pretao dos dados, na reviso crtica do contedo e

    aprovao da verso final do manuscrito.

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    Recebido em 09/Jan/2009Verso final reapresentada em 05/Set/2009Aprovado em 22/Set/2009