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Consulta de Envio e Conexões Globais MEMÓRIAS

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Consulta de Envio e Conexões Globais

MEMÓRIAS

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1. Aspectos Gerais O Cenário Vivemos em um mundo em transformação. A cada dia e semana temos novos desafios e cenários no ambiente em que servimos, que nos desafiam a nos ajustarmos e repensarmos como desenvolver a missão de Deus em nosso mundo. O desafio é que as agências e organizações enviadoras entendam este cenário e se atualizem em sua tarefa missionária. É urgente que, como comunidade missionária, escutemos o campo, entendamos os tempos e, em oração e guiados pelo Espírito Santo de Deus, atualizemos nossas estratégias para chegar aos menos alcançados. Objetivos da consulta 1. Escutar a partir do campo as mudanças e desafios que se vivem hoje no mundo; 2. Atualizar nossos processos de envio de forma integral; 3. Conectar agências participantes com organizações de campo para focar povos menos alcançados,

particularmente do Cáucaso e do Subcontinente Indiano, e com necessidade na tradução da Bíblia, dentre outros aspectos da missão.

Dinâmica da consulta Durante a consulta teremos plenárias, grupos pequenos de reflexão, apresentações do campo, mesas de trabalho, reuniões programadas, espaços de comunhão e conexões. O que vamos fazer juntos? Estaremos esforçando-nos para criar um evento que ofereça uma “mesa”, ao redor da qual nos juntemos para explorar como podemos fortalecer a participação da igreja na missão de Deus, em colaboração com as agências e ministérios missionários para a Glória de Deus. Buscaremos trabalhar forte, com perguntas profundas, de tal maneira que:

Escutemos, entendamos e aprendamos com os outros. Trocaremos conhecimento e sabedoria desde a base até um nível nacional e global, e vice-versa.

Compartilhemos experiências, desafios e lições aprendidas sobre o terreno. Vamos tratar de encontrar os elementos chave do êxito e reconhecer os fracassos como lições das quais possamos aprender.

Cresçamos no desenvolvimento de relações genuínas. Investiremos tempo juntos nas mesas de trabalho e nos espaços informais, reconhecendo que somos parte de um só Corpo de Cristo.

Intencionalmente buscar e escutar a Deus. Sem cercear nossos esforços, descobriremos ativamente onde Deus está trabalhando em Seu mundo, para que possamos unir-nos a Ele, para Sua glória.

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2. Programa

Horário Quarta-feira, 17 – Cristian Quinta-feira, 18 – Luder Sexta-feira, 19 – Marta Rodríguez 08:00-09:00 C A F É D A M A N H Ã

09:00-10:00 Orientação do Programa e apresentações (20) Cristian Adoração (10) – Luís Diego Chavarría Fundamentos bíblicos do envio (30)

(Diálogo em mesas) – Levi de Carvalho

Orientação do Programa (10) Adoração (10)

Fundamentos bíblicos do envio (30) (Diálogo em mesas) – Levi de Carvalho

Orientação do Programa (10) Adoração (10)

Fundamentos bíblicos do envio (30) (Diálogo em mesas) – Levi de Carvalho

10:00-10:30 Orando pelos obreiros latinos no campo Coordenação de Pablo Shelton

Orando pelos campos missionários não alcançados Coordenação de Pablo Shelton

Orando pelas igrejas e organizações enviadoras Coordenação de Pablo Shelton

10:30-11:30 O Deus que envia David Cárdenas

A missão de Deus em comunidade e em colaboração David Cárdenas

Apresentação e análise dos resultados da pesquisa – Fase 1 e 2 – Levi de Carvalho

11:30-12:00 I N T E R V A L O / LANCHE

12:00-13:30 Enviando latino ao campo A necessidade de criar algum tipo de estrutura para o

envio, recepção e sustento de obreiros a outros países. Allan Matamoros

Relação entre as organizações de campo latinas e organizações globais

Cristian Castro

Apresentação e análise dos resultados da pesquisa – Fase 1 e 2, da COMIBAM

Levi de Carvalho

13:00-13:30 Fórum Painel-Perguntas – Cristian Com os missionários e expositores dos temas da manhã

Fórum Painel-Perguntas – Daniel Pelozo Com os missionários e expositores dos temas da manhã

Fórum Painel-Perguntas Com os missionários e expositores dos temas da manhã

13:30-15:00 A L M O Ç O

15:00-16:00 Apresentação Regional – Cáucaso Fórum de Perguntas

Apresentação Regional – Subcontinente Indiano Missionário Allan Maramoros

Skype: Dick e Sully Índia

Apresentação Regional – Cáucaso Fórum de Perguntas

16:00-17:00 Ciclo de Vida do Obreiro Devemos falar do Ciclo de Vida do Obreiro e do papel das agências ou estruturas nesse processo. Allan Matamoros

Gestão e Administração de Projetos no Campo São reais? Ajudam à missão? Servem aos povos não

alcançados? Patrícia Mora

Considerando Nossa Resposta para Frente Cristian Castro/Allan Matamoros

17:00-17:30 I N T E R V A L O / LANCHE

17:30-19:00 Café Conexões (1hora) / Reuniões (30 minutos) Reuniões personalizadas/mesas ministeriais

Café Conexões (1hora) / Reuniões (30 minutos) Reuniões personalizadas/mesas ministeriais

Conclusões e Propostas de Ação Cristian Castro/David Cárdenas

19:00-20:00 J A N T A R

20:00-21:00 Resumo do dia: Tim Sandvig (10 minutos) Escutando o campo – Atualizando-nos

Obreiros latinos entre os não alcançados Orando pelos campos/missionários

Coordenação: Sergio Dettori

Resumo do dia: Daniel Pelozo (10 minutos) Apresentação COMIBAM IV – David Cárdenas

Escutando o campo – Atualizando-nos Obreiros latinos entre os não alcançados

Orando pelos campos/missionários Coordenação: Sergio Dettori

Apresentações Ministeriais Federico Bertuzzi – Vicky Salkin

3. Conteúdo

3.1. DIA 1 3.1.1. Devocional 1: Fundamentos bíblicos do envio

Conferencista: Dr. Levi de Carvalho. Diretor de Investigação da COMIBAM

Gênesis 12 1Ora, disse o Senhor a Abrão: Sai da tua terra, da tua parentela e da casa de teu pai e vai para a terra que te mostrarei; 2 de ti farei uma grande nação, e te abençoarei, e te engrandecerei o nome. Sê tu uma benção. 3Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; em ti serão benditas todas as famílias da terra. 4Partiu, pois, Abrão, como lho ordenara o Senhor, e Ló foi com ele. Tinha Abrão setenta e cinco anos quando saiu de Harã. 5Levou Abrão consigo a Sarai, sua mulher, e a Ló, filho de seu irmão, e todos os bens que haviam adquirido, e as pessoas que lhes acresceram em Harã. Partiram para a terra de Canaã; e lá chegaram.

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Uma vez compartilhei uns estudos sobre as 21 características de um homem maduro em Cristo. Uma das características é que o homem maduro em Cristo é misericordioso. Na trama há um contexto de família, de nação, em seu momento histórico, conhecimento de Deus e o tema de chamado e envio. Dividimos os temas chamado, envio, capacitação e campo, mas tudo vai estar conectado. Encontramos muitos assuntos na história de Abraão que podem servir a nós como enviadores e, em alguns outros, como obreiros. O tema de separação de terra, família e cultura é muito importante para o obreiro transcultural. As incertezas que virão são parte do chamado e do envio, assim como a insegurança e a questão da dependência de Deus. Curiosamente, Deus faz a Abraão três promessas, as quais ainda são motivo de guerra entre seus descendentes; são três coisas pelas quais lutam até o dia de hoje. No final, estas três partes se aplicam ao missionário:

1. Nome 2. Terra 3. Descendência.

Pensando em toda a história de Abraão, ela se resume nos problemas iniciais, os quais tinham relação com suas raízes e com o contexto cultural do qual vinha. Abraão se separa, mas foi uma separação gradual e uma separação incompleta, que lhe trouxe problemas no campo. Outro problema que foi levado ao campo foi a esterilidade de sua esposa (os três patriarcas Abraão, Isaac e Jacó tiveram os mesmos problemas). Outra questão foi sua segurança pessoal, já que quando chegou ao campo, em duas ocasiões cometeu o mesmo erro; tratou de sacrificar sua esposa para garantir sua segurança pessoal (isso ocorre no campo). Outro problema foi com a equipe; choques na equipe de campo. Ló lhe trouxe problemas porque não havia sido enviado por Deus. Foi um equívoco de Abraão levar seu sobrinho e talvez sua intenção tenha sido fazê-lo seu herdeiro, pois não tinha filhos (Capítulo 13). Outro problema no mesmo capítulo foi a negociação indevida (negociar é muito comum nessa parte do mundo). Quando houve dissensões entre seus servos, Ló e Abraão negociaram a terra que Deus havia dado por herança a Abraão e a seus descendentes. Deus não havia dado terra a Ló, e depois disso há problemas na herança que Deus queria dar. Em outras palavras, quando Abraão negocia com Ló, não tinha o direito de negociar sobre algo que não tinha direito a renunciar. Outro problema se vê no capítulo 14, relativo aos conflitos de terra. Há muitos obreiros que enfrentam conflitos e crises sérias no campo e não sabem como reagir a eles. Um grande equívoco dos obreiros no campo é pensar que eles vão para preparar o terreno aos que vão receber o evangelho, mas a realidade é que Deus já os preparou, com a orientação do Espírito Santo. Somos cegos e não podemos ver a ação do Espírito e pensamos que começamos do nada. Jesus disse “erguei os olhos e vede os campos, pois já branquejam para a ceifa”. Há uma questão de contextualização. O primeiro que contextualiza sua mensagem é Deus; é o mesmo Deus que falou a Abraão e de igual maneira fala a todos, de acordo com seu contexto e mesmo quando não é parte de seu povo escolhido. No capítulo 15:17-18 Deus celebra um pacto com Abraão, o único pacto em um formato cultural que Abraão conhecia naquela ocasião, o qual implicava, culturalmente falando, que um está obrigado a acudir o outro, quando o outro necessitar. Há um momento em que Deus põe à prova o pacto que havia feito, quando exige que ele entregue seu filho. Em um instante, literalmente, Abraão matou seu filho em sua mente e seu coração.

Outro problema de Abraão estava relacionado com sua esposa, ao tratar de ajudar Deus. Parecia que Deus não era capaz de resolver a esterilidade e Saraí com seu esposo tratam de dar uma ajuda a Deus. É um problema de campo, que começa antes do envio. Cooperar é uma coisa e ajudar a Deus (isolá-lo) é outra coisa e é um grande problema. No Capítulo 16 a ira de Deus e a justiça de Deus caminham juntas; muitas pessoas não se dão conta disso. No Capítulo 18 vemos o juízo por um lado e Ló no meio.

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No capítulo 20 Abraão repete seu erro. No Capítulo 21 vemos o cumprimento da promessa e um conflito interno. A promessa se cumpre quando nasce o filho legítimo no meio de um filho não legítimo. De novo o perigo de ajudar a Deus. Existe um conflito com a precipitação e há que se tomar cuidado nesta área. No capítulo 22 temos a prova suprema de Deus para Abraão, quando lhe exige que sacrifique seu filho. Há momentos no campo em que Deus exige sacrifícios; não há missão sem sacrifício e se não há sacrifício não é missão. Então temos distintos temas relacionados com características:

1. Pessoais; 2. Contexto cultural comunitário (obreiros individualistas são um grande entrave no campo, onde a vida

é mais comunitária); 3. Problemas iniciais que se levam ao campo. Abraão levou a esterilidade. Havia uma promessa que

chocava com sua esterilidade e isso lhe trouxe muitos problemas porque acreditava que Deus não tinha o poder nem a sabedoria para solucioná-lo no momento e da maneira corretos;

4. Separação. Em muitas culturas do mundo não há adolescência; de criança se passa a adulto. A cultura ocidental inventou a adolescência e com ela os problemas que enfrentamos, como a rebeldia. Temos pessoas que não são crianças nem adultos, e adultos que nunca querem deixar de ser crianças. É curioso ver como se faz pouco caso da benção e da maldição no trabalho missionário. Alguns obreiros, por atitude de seu coração, podem ser benção ou maldição. A resolução de conflitos é um tema importante com os obreiros de campo. O missionário latino pode ver que Deus lhe promete as mesmas três coisas como obreiro: nome, terra e descendência. Nome: tem a ver com sua identidade em Cristo. Quem sou eu? A quem Deus enviou ao campo? Como estou em relação às pessoas? Terra: Aonde vou? O que significa ir a essa terra e ser enviado por um Deus que vai implantar seu reino? Descendência: Que tipo de fruto vou reproduzir no campo? É por isso que a Bíblia fala que Deus ampara os descendentes dos filhos de Abraão. Deus vai cumprir suas promessas em nós sem que nós possamos ajudar a Deus, ou melhor, cooperar com Deus. Ajudar a Deus é outra coisa.

3.1.2. O Deus que envia: Implicações para o envio na missão de Deus

Conferencista: Dr. David Cárdenas. Presidente da COMIBAM e Facilitador de Alianças Estratégicas da Aliança Global Wycliffe

“Assim com o Pai me enviou, eu também vos envio” (João 20:21; 17:18)

Introdução Esta Consulta de Envio para o Cone Sul da América, nos propõe um cenário para redescobrir a Missio Dei, ou seja, a missão de Deus, como fundamento e ponto de partida para nossa ação missionária em toda sua diversidade, e particularmente no envio, tema principal desta convocatória. Logo, buscaremos identificar as

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responsabilidades e propor nossos compromissos em um envio missionário saudável, cujo modelo seja o de Deus, e que procure a transformação integral das pessoas e comunidades no mundo. Minha tese é a seguinte: o envio missionário não deve ser construído olhando em primeiro lugar as práticas organizacionais, por melhores que sejam, mas deve ser elaborado a partir do modelo de envio de Deus. A missão é de Deus, não da igreja, e para o alcance de Sua missão. Ele é um Deus que envia e toda a Trindade está envolvida nele. O Pai enviou o Filho e o Pai e o Filho enviaram o Espírito Santo. A igreja tem sido convidada por Deus e enviada por Ele ao mundo. A Trindade é o modelo a seguir pela igreja no envio à missão (amor, companheirismo, colaboração). A missão de Deus busca chegar a pessoas e povos inalcançados, estabelecendo-se igrejas e crentes que glorifiquem a Deus como agentes de transformação integral nas esferas de influência na sociedade e respondam aos desafios em suas comunidades, como a pobreza extrema, os refugiados, os perseguidos, a ignorância, a discriminação racial e o tratamento aos indefesos, como as viúvas e as crianças.

1. A missão pertence a Deus

O termo em latim Missio Dei, que se traduz como Missão de Deus, ajuda a formar a convicção de que nem a igreja nem qualquer outro agente humano ou institucional pode considerar-se o autor da missão. Como diz David Bosch “A missão tem sua origem no coração paternal de Deus”1 e “Deus é a fonte de um amor que envia; existe a missão simplesmente porque Deus ama as pessoas”2. O termo Missio Dei tem uma longa história e pode remontar à época de Tomás de Aquino3. Ele utilizou o termo para descrever a atividade do Deus trino: o Pai que envia o Filho e o Filho que envia o Espírito4. Em um ambiente moderno, Karl Barth veio a ser um dos primeiros teólogos a articular a missão em termos de uma atividade do próprio Deus. Em 1932, propôs a ideia de que a missão era a obra de Deus e que a autêntica missão da igreja deve dar-se em resposta à missão de Deus, ou seja, como um instrumento5. Foi na reunião de Willingen (Alemanha) em 1952 que o Conselho Missionário Internacional detalhou o conceito de Missio Dei. Discutiu-se a teologia da missão de Barth, Hartenstein e outros pensadores No relatório desta conferência, Hartenstein descreveu a missão como "a participação do Filho no envio, com a finalidade de estabelecer o senhorio de Cristo sobre toda a criação redimida6. A respeito da referida reunião, disse Rene Padilla que “a missão nasce no coração de Deus, atua na história pelo poder do Espírito Santo e está orientada à exaltação de Jesus Cristo como Senhor do universo e de cada área da vida humana, para a glória de Deus. Em síntese, a missão cristã começa e termina em Deus”7 Segundo Goheen, houve duas ênfases particulares que surgiram na reunião de Willingen. Em primeiro lugar, a missão é, antes de tudo, a missão de Deus. A igreja não tem uma missão que seja própria ou uma da qual seja sua autora. Em vez disso, a principal ênfase foi colocada sobre o que Deus está fazendo para a redenção do mundo. A partir disto, tem-se em conta a forma de a igreja participar da missão redentora de Deus. Em

1 David J. Bosch, Witness to the World: The Christian Mission in Theological Perspective (London: Marshall, Morgan and Scott, 1980), 240. 2 David J. Bosch. Transforming Mission: Paradigm Shifts in Theology of Mission. (New York: Orbis Books,1991), 479. 3 Tormod Englesviken, “Missio Dei: The understanding and misunderstanding of a theological concept in European churches and missiology”, International Review of Mission, Vol. 92 Issue 367, 2003, 482 4 John F. Hoffmeyer, “The Missional Trinity”, A Journal of Theology, Vol. 40 Issue 2, Junio, 2001, 108.

5 Steven Bevans y Roger Schroeder. Constants in context: a theology for mission today (Maryknoll: Orbis Books, 2004), 290.

6 Tormod Englesviken, “Missio Dei: The understanding and misunderstanding of a theological concept in European churches and

missiology”, International Review of Mission, Vol. 92 Issue 367, 2003, 482. 7 René Padilla. ¿Qué es la misión integral? (Buenos Aires, Argentina: Ediciones Kairós, 2006), 57.

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segundo lugar, a missão de Deus se define em termos da Trindade e da obra de Deus. Aqui, entende-se a missão como aquela que deriva da mesma natureza de Deus, colocando-a no contexto da doutrina da Trindade e no da eclesiologia ou da soteriologia8. Posteriormente, o teólogo Hoekendijk considerou a igreja como um apêndice na obra de Deus. Para ele, Deus está diretamente em ação no mundo. Isso provocou um efeito na igreja, pois se opunha à visão clássica, que vê Deus em ação primeiramente na igreja e, em seguida, através da igreja para o mundo inteiro9. Esta perspectiva provocou uma crescente polarização ao longo da década de 1960. Por um lado, os evangélicos acreditavam mais em um papel dinâmico da igreja na missão, enquanto os que tinham uma perspectiva ecumênica tenderam a seguir a postura de Hoekendijk. Esta diferença de pontos de vista conduziu a uma divisão, “convertendo-se em um dos maiores processos de polarização na igreja ocidental depois da Segunda Guerra Mundial.”10 Uma consequência desta divisão foi a criação do movimento evangélico de Lausanne, como contraponto ao Concílio Mundial de Igrejas11. Nos círculos evangélicos a tendência tem sido a de ver a missão exclusivamente em termos de salvação da alma e, portanto, conferindo maior ênfase da ação da igreja na preocupação pelo espiritual, relegando a função desta como resposta do Evangelho às circunstâncias que são parte da vida humana. Apesar da amplitude de interpretações que se tem aplicado ao termo Missio Dei, Bosch defende o seguinte conceito: “não se pode negar que a noção da Missio Dei tem ajudado a articular a convicção de que nem a igreja nem nenhum outro agente humano pode ser considerado o autor ou o portador da missão. A missão é, antes de tudo e em última instância, a obra do Deus Trino, Criador, Redentor e Santificador, pelo bem do mundo.”12

2. A Trindade em Missão

Seguindo nesta reflexão, abordarei de maneira mais específica a ideia da Trindade na missão. Tenho notado uma tendência que relega o valor da Trindade – não querendo dizer com isso que não seja a base da fé – e passa a enfocá-lo no trabalho específico dos membros da Trindade e nas distinções entre eles. Contudo, nos últimos anos se tem visto um ressurgimento no estudo que acolhe o conceito da “Trindade comunitária ou social”13, enfoque que é de grande interesse para o tema de amanhã: missão em comunidade. A “Trindade como Comunidade” enfatiza o amor que flui entre as três pessoas, as quais estão em comunhão perfeita, e dá uma visão fundamentalmente relacional à Trindade14. O conceito da Trindade tem uma longa

8 David J. Bosch. Transforming Mission: Paradigm Shifts in Theology of Mission. New York: Orbis Books. 1991. 390

9 9 Ibid., 489.

10 10 Wilhem Richebacher, “Missio Dei: the Basis of Mission Theology or a Wrong Path”, International Review of Mission, Vol. 92,

Issue 367, 2003, 594.

11 11 Ibid., 593.

12 12 David J. Bosch. Transforming Mission: Paradigm Shifts in Theology of Mission. New York: Orbis Books. 1991. 391. comunitaria o

social” 13 Esta postura é fruto de minha participação em diversas consultas missiológicas, promovidas pela Aliança Global Wycliffe em países

como Turquia, Quênia, México e Costa Rica entre 2013 e 2015. 14 Corrie, J. Accad. Trinity. en: Corrie, J. ed. Dictionary of Mission Theology (Inter Varsity Press, Leicester, 2007), 396-401

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história, que remonta ao século IV, quando os padres capadócios desenvolveram sua noção de perichoresis15 (do grego: περιχώρησις perikhōrēsis) ou da mútua interdependência das pessoas da Trindade16. Um enfoque da natureza social da Trindade mostra que as relações de amor são anteriores à criação da humanidade. O Deus Trino não precisava criar seres humanos com a finalidade de ter com quem se relacionar, mas escolheu criar-nos. É como dizer: “esta relação de amor que temos é tão maravilhosa, que vale a pena compartilhá-la”. Deus tem uma missão em vez de uma tarefa individual por realizar. Seu propósito ao longo da história é restabelecer as relações que estavam na criação original. Seu propósito é redimir, renovar e recriar o mundo. O Deus Trino deseja ver um povo que vive em comunhão com os demais e consigo mesmo. O significado da missão se encontra na Trindade. O Pai envia o Filho, o Pai e o Filho enviaram o Espírito Santo. O Pai, o Filho e o Espírito Santo enviam a igreja ao mundo17. O princípio de operação da Trindade se baseia no amor, sendo o amor não uma consequência e sim a própria essência de Deus, “…porque Deus é amor” (1 João 4:8); o amor é um atributo que identifica a comunidade da Trindade. Como a igreja é a comunidade de pessoas reconciliadas em Cristo com o Pai, é totalmente inconcebível que alguém seja enviado à missão de Deus sem uma identificação plena com e no amor de Deus, que se mostre nas relações interpessoais e na condição de embaixadores da reconciliação: “Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação” (2 Coríntios 5:18). Deus nos deu o ministério da reconciliação e este ministério garante a paz entre Deus e os seres humanos (Romanos 5:1, 10; Colossenses 1:20). Concretizar a paz é a vocação fundamental do ser humano.

3. A igreja, um povo que caminha com Deus em Sua missão

A missão é a base para a existência da igreja e não o contrário. “O pensamento missionário centrado na igreja obriga a ir por um mau caminho, pois gira em torno de um centro ilegítimo.”18 A natureza trina da missão implica aspectos importantes para a igreja. A comunicação e a comunidade se encontram no coração da Trindade e, portanto, devem estar no coração da igreja.19 A igreja foi iniciada por Deus, que a convidou para participar da missão. Afirma Wright que:

“A missão é, antes de tudo, a missão do próprio Deus. Deus enviou a si mesmo antes de enviar sua igreja. Há uma força centrífuga que surge em Deus, sendo o Filho e o Espírito como uma espiral que procede do Pai para trazer sanidade ao mundo. Missão é, antes de tudo, Deus enviando seu Filho, no poder do Espírito, para

15 Perichoresis (ou interpenetração) é um termo da teologia cristã, que se encontra na literatura patrística e de novo em uso entre

expoentes como C. Baxter Kruger, Jurgen Moltmann, Miroslav Volf e John Zizioulas, entre outros. O termo aparece pela primeira vez com Gregorio Nacianceno, mas foi explorado mais amplamente na obra de Juan de Damasco. Refere-se à interpenetração mútua e à coexistência das três pessoas da Trindade. A relação entre as pessoas na Trindade se intensifica pela relação perichoresis. Isto expressa a convivência e realiza a irmandade entre o Pai e o Filho. Uma forma de intimidade com Jesus compara a singularidade desta convivência à singularidade da comunhão de sua Igreja: "a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, que também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste" (João 17:21). A tradição teológica tem interpretado esta convivência como comunidade. 16 Miroslav Volf. After Our Likeness: The Church as the Image of the Trinity. (Grand Rapids: Eerdmans, 1998), 206.

17 Declaração emanada da consulta missiológica dos Tradutores da Biblia Wycliffe Internacional em 2008.

18 Ibid. 488. 19 Lesslie Newbigin. The Open Secret: An Introduction to the Theology of Mission. (London, SPCK, 1995), 76.

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reconciliar o mundo consigo mesmo, e a missão da igreja é, nada menos, que o dom de participar, pelo Espírito, na missão do Filho, ao mundo e no nome do Pai”20.

Por seu lado, Bosch afirma que a Missio Dei é a “auto revelação de Deus como Aquele que ama o mundo, a participação de Deus em e com o mundo, a natureza e a atividade de Deus que abrange tanto a igreja como o mundo, e aquela onde a igreja é privilegiada ao participar.”21 A missão nasce no coração do Deus Trino e a igreja “é vista como missionária em sua própria natureza e sua missão é a participação na missão de Deus.”22 Ainda que a missão envolva pessoas em planos e ações, não se trata principalmente destas. Como disse Wright, “a missão do ponto de vista do nosso esforço humano, significa a participação comprometida do povo de Deus nos propósitos de Deus para a redenção de toda a criação. A missão é de Deus. O mais surpreendente é que Deus nos convida a participar.”23 Carlos Van Engen oferece uma abordagem para ver a missão de Deus quando o povo de Deus cruza intencionalmente barreiras da igreja à não igreja, da fé à não fé, para proclamar por palavra ou ação a chegada do reino de Deus em Jesus Cristo, por meio da participação da igreja na missão de Deus de reconciliar as pessoas com Deus, consigo mesmas, umas com as outras, e com o mundo, e reuni-las na igreja através do arrependimento e da fé em Jesus Cristo e pela obra do Espírito Santo, com vistas à transformação do mundo, como um sinal da vinda do reino em Jesus Cristo24. A Missio Dei é influenciada por três fatores: a urgência, a modéstia e a emoção. Steven Bevans e Roger Schroeder afirmam: é muito mais modesta porque nos damos conta de que “a missão não é nossa e sim de Deus”; é muito mais emocionante, já que se trata do gentil convite de Deus à humanidade para compartilhar em comunhão dinâmica com Ele; é mais urgente porque, em um mundo globalizado pela pobreza, pela violência religiosa, pela nova apreciação da cultura e pelas tradições locais, a visão e o modo de agir de Jesus de Nazaré pode trazer nova sanidade e nova luz25. A propósito da modéstia, ela é um reconhecimento. Deus nos convidar a participar em sua missão por meio do exemplo do “serviço humilde, solidariedade, amor e compaixão” de Cristo26. O exemplo de Cristo é seu próprio esvaziamento e morte. Isto proporciona uma humilde compreensão da missão, que não se limita a dar forma a nossos métodos missionários, mas é a natureza e a essência de nossa fé em Cristo. Assim, qualquer suspeita de triunfalismo ou de êxito na missão humana é contrabalançada pelo exemplo de humildade de Cristo. Igualmente, não é apropriado que se definam os objetivos finais da missão. Isto não quer dizer que não se possa estabelecer metas para projetos ou para aquelas atividades sobre as quais se tem certo controle. A fixação de objetivos apropriados e mensuração de resultados é uma ferramenta necessária para a aprendizagem; contudo, nunca se deve perder de vista o fato de que, acima de tudo, a responsabilidade é sermos obedientes ao chamado de Deus em nossas vidas. Como Paulo e Apolo, pode-se plantar e regar, mas é Deus que produz o fruto (1 Coríntios 3:6).

20 Christopher Wright. The mission of God: unlocking the Bible’s grand narratives (Downers Grove: IVP Academic, 2006), 22. 21 David Bosh. Misión En Transformación: Cambios de paradigma en la teología de la misión (Grand Rapids, Michigan: Libros Desafío,

2000), 10.

22 K. Kim. Joining with the Spirit: connecting world church and local mission (Londres: Epworth, 2009), 29.

23 Christopher Wright. The mission of God: unlocking the Bible’s grand narratives (Downers Grove: IVP Academic, 2006), 67. 24 Pablo Deiros. Diccionario Hispano-Americano de la misión (Casilla, Argentina: COMIBAM Internacional, 1997).

25 25 Steven Bevans y Roger Schroeder. Constants in context: a theology for mission today (Maryknoll: Orbis Books, 2004), 285. 26 26 Ibid., 286

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“A missão é um movimento de Deus para o mundo. A igreja é um instrumento para a missão”27 Sob estes pontos de vista, todo o propósito da igreja é apoiar a Missio Dei e a igreja conta com estruturas de envio missionário com o fim de servir à comunidade na missão.

4. O que a missão de Deus busca?

Durante os últimos duzentos anos, os missionários evangélicos têm sido motivados em grande parte pelo mandamento da Grande Comissão (Mateus 28:16-20) e têm desempenhado um papel chave na difusão da mensagem cristã em todo o mundo. O chamado de “ir e fazer discípulos” tem sido importante para a propagação geográfica onde o cristianismo era tão limitado. Entretanto, a Grande Comissão, com sua ênfase na atividade, ou no “fazer”, gera uma fragilidade porque coloca a tônica numa atividade que está além da espiritualidade. Há uma necessidade de redescobrir uma visão teocêntrica da missão que valorize o caráter e a espiritualidade, que estão além da atividade. Chris Wright define a missão como: “nossa participação comprometida como povo de Deus, a convite e por mandato de Deus, na missão de Deus, na história do mundo de Deus para a redenção e a criação de Deus”28

O objetivo e a finalidade da missão de Deus é o reino de Deus29. O reino do qual a Bíblia dá testemunho implica uma proclamação e uma salvação total e plena, que cubra toda a gama de necessidades humanas e destrua o mal e a dor que afetam a humanidade. Portanto, o objetivo de estabelecer o senhorio de Cristo sobre toda a criação redimida é parte fundamental e integral da missão de Deus. As implicações para a igreja quanto ao seu papel na missão de Deus são três. Em primeiro lugar, como marca do reino, a Bíblia afirma que a conversão de incrédulos é uma das metas inclusivas da missão. No começo de seu ministério, “Depois de João ter sido preso, foi Jesus para a Galileia pregando o evangelho de Deus, dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e credo no evangelho” (Marcos 1:14-15). Pregar o evangelho é fundamental. Jesus lhes disse: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16:15). Em segundo lugar, a marca do reino de Deus na preservação de Seu povo como uma comunidade comprometida, confirma-se na Palavra de Deus. Quando Jesus nos convida a ser seus discípulos, nos chama a unirmos em uma comunidade e não a permanecermos isolados e solitários. Seu interesse não é apenas na conversão das pessoas e sim na formação de um novo povo. Em terceiro lugar, como marca do reino de Deus, a missão de Deus é o resultado da iniciativa de Deus, enraizada nos propósitos de Deus para restaurar e curar a criação. Respondemos aos desafios dos males da humanidade, como a pobreza extrema, a ignorância, a discriminação racial e o tratamento dos indefesos, como as crianças30. Ver nossa tarefa missionária dentro da perspectiva mais ampla do reino nos conduzirá a outra visão: a participação na luta contra todo vestígio do mal que açoita a humanidade, que vem a ser uma parte intrínseca de nosso chamado. Por seu lado, o último encontro de Lausanne na Cidade do Cabo reforçou de novo o olhar intencional para a missão: “a fonte de toda nossa missão é o que Deus tem feito em Cristo pela redenção de todo o mundo, como tem sido revelado na Bíblia. A meta evangelística é tornar conhecidas as boas novas em todas as nações.

27 David J. Bosch. Transforming Mission: Paradigm Shifts in Theology of Mission. New York: Orbis Books. 1991. 391.

28 Christopher Wright. The mission of God: unlocking the Bible’s grand narratives (Downers Grove: IVP Academic, 2006), 25.

29 Ibid., 197.

30 Ibid., 197-203

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O contexto de toda a missão é o mundo em que vivemos, o mundo de pecado, sofrendo injustiça e desordem na criação, para o qual Deus nos envia para amar e servir”31 O Terceiro e o Quarto Congresso Latino-americano de Evangelização (CLADE III, 1992 e CLADE IV, 2000) definem a missão como: Participar na missão de Deus, dando testemunho integral do evangelho, vivendo uma espiritualidade cristã abrangente e exercendo uma mordomia da criação que põe o material a serviço do espiritual, e o poder em benefício dos demais, para a glória de Deus, promovendo a reconciliação entre culturas, classes sociais, sexos, gerações e com o meio ambiente32. A missão contemporânea merece uma visão do que se denomina: “de todo lugar a todo lugar”. Ron Boehme em seu livro “A Quarta Onda”, afirma: “a onda da missão moderna envolverá crentes de todas as idades e nacionalidades, dispostos a evangelizar todas as pessoas, usando tecnologias inovadoras e cultivando relações em todas as esferas da vida, já que todo crente é missionário.”33 Esta declaração propõe os seguintes elementos chave:

- Todas as idades: pela primeira vez na história, crianças, jovens, famílias e adultos compartilham a tarefa de estender o evangelho por todo o mundo. Antes, o domínio missionário era dos adultos, mas vários avanços e progressos permitem hoje que pessoas de todas as idades participem da missão. Deus está chamando todos a participar. Cada vez há menos barreiras para que toda pessoa, qualquer que seja sua idade, viva um estilo de vida em missão;

- Todas as nacionalidades: cada parte da história da missão tem-se caracterizado por um segmento do mundo que leva a batuta, iniciando pelos próprios judeus. Na medida em que o evangelho está chegando a todo o mundo e se observa o surgimento gradativo de igrejas nativas em lugares que antes foram considerados como fechados e não alcançados, novos obreiros se unem para servir no campo para a grande colheita final. Esta perspectiva é um convite iminente para que todo esforço de levar o evangelho de uma comunidade a outra dialogue com a igreja nativa. De fato, países que no passado ficaram conhecidos pelo vigor de seu cristianismo, como as nações europeias, hoje precisam de ajuda para revitalizar sua igreja e alcançar imigrantes de diversas latitudes;

- Evangelizar todas as pessoas: segundo Boehme, em 2010 ainda se considerava que 40,7% da população mundial não era evangelizada34. A igreja hoje conta, mais que nunca, com os recursos tecnológicos, humanos, financeiros e com organizações para levar o evangelho a todo o mundo. A chave está em harmonizar tudo isso e avançar;

- Usando tecnologias inovadoras: os últimos 50 anos têm feito com que a humanidade dê um grande salto em seu desenvolvimento e este fato não pode ser ignorado pela evangelização. A tecnologia deve ser o melhor aliado para o avanço da missão em nosso tempo, não apenas em termos de chegar aos lugares remotos e sim de chegar efetivamente às gerações de crianças e jovens, que são digitais;

- Cultivando relações: um mundo preocupado, esfacelado e interconectado precisa de relações, não de instituições. O século atual exige uma explosão de evangelização pessoal, de relação e de prontidão, baseados na justiça e na misericórdia aos solitários e sofredores do planeta;

- Em todas as esferas da vida: com fundamento na missão de Deus, que busca a reconciliação do ser humano e a transformação de todas as coisas, incluindo sua cultura e a criação. A ênfase de uma missão que se concretiza na influência do evangelho nas esferas sociais cobra mais presença em áreas como família, religião, educação, celebração (artes, entretenimento, esportes), economia (empresas, ciência, tecnologia) e governo;

31 Micah Challenge Philipines. Readings on integral mission (Manila, Philipines: MCP, 2015), 20.

32 Ibid., 82.

33 Ron Boehme. La cuarta ola: ocupe su lugar en la nueva era de la misión (Seatle, WA: Editorial JUCUM, 2013), 131.

34 Ibid., 132

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- Todo crente participa da missão: todo crente sobre a terra deve tomar o território de sua missão pessoal para assegurar o avanço do reino de Deus. Cada cristão, onde quer que esteja, pode adotar em oração uma etnia não alcançada, apoiar igrejas e obreiros servindo em um grupo étnico, dedicar parte de seu tempo para servir em um lugar fora de seu contexto normal e entregar vários anos ou toda uma vida para servir como missionário em algum lugar do mundo.

5. Implicações para o envio missionário, a partir do modelo da Trindade

“Assim como o Pai me enviou, eu também os envio” (João 20:21; 17:18). Um envio que envolve amor, diálogo, cooperação, paz, respeito, generosidade, entrega e sacrifício se evidencia na medida em que as três pessoas da Trindade trabalham em conjunto para alcançar a reconciliação com a humanidade. O Deus Trino – Pai, Filho e Espírito Santo – compartilha uma missão em comum não apenas na criação, como também agora na redenção da humanidade perdida. O envolvimento trino de Deus não é tão somente uma simples teologia à parte e sim o eixo central do evangelho.35 A Missio Dei é, na realidade, a Missio Trinitatis. Não é de surpreender, então, que o evangelista Mateus, ao escrever as palavras do que popularmente se conhece como a Grande Comissão (28:18-20), inclua dentro desta a fórmula da Trindade mais direta de todo o Novo Testamento. Ser batizado no Nome Trino é testificar a obra salvadora do Deus Trino. O envio da igreja ao mundo se baseia no envio do Filho pelo Pai, assim como no poder do Espírito Santo (João 20:21-22). A participação nos livra da presunção e nos obriga a escutar Deus com atenção, para que possamos discernir com maior clareza Sua obra atual no mundo. Neste sentido, a missão da igreja se baseia na própria missão de Deus, ao reconciliar o mundo consigo mesmo, e ao não duplicar a obra de Deus. Destacarei quatro pontos que considero fundamentais para a compreensão de nosso envio à missão: Em primeiro lugar, o envio se interpreta a partir da vida e da obra de Cristo, cabeça da igreja. “Assim como o Pai me enviou, eu também os envio” (João 20:21; 17:18). A missão do Filho serve de modelo para a missão do corpo de Cristo. Cristo proclamou e atuou de forma coerente com sua proclamação. Segundo Lucas 10, ele enviou seus discípulos em equipe, como cordeiros no meio de lobos, dependendo de Deus para tudo, dispostos a tudo. Como estamos enviando hoje nossos missionários? Em segundo lugar, o envio se interpreta na perspectiva da encarnação de Cristo; a atitude que teve foi a de servir (Filipenses 2:5-8). Jesus disse: “Pois, no meio de vós, eu sou como quem serve” (Lucas 22:27) Sua vida foi de serviço abnegado e desprendido, para o bem dos homens; serviço que assumiu formas muito diferentes, segundo as necessidades que enfrentavam. Ele se dedicou tanto ao trabalho de edificar seus discípulos, como demonstrar com ações a compaixão com as necessidades dos homens e mulheres de seu tempo. Em terceiro lugar, o envio sob a perspectiva da passagem conhecida como a Grande Comissão: “ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16:15), que está também em Mateus 28:18-20. A responsabilidade integral da igreja não pode cegá-la para as necessidades espirituais dos milhares de milhões de seres humanos que não ouviram o evangelho, mas a história evidencia a precariedade de iniciativas missionárias, que não se fizeram no modelo de Jesus, nem em atitude de serviço. Em sua fidelidade aos desafios da Grande Comissão, o envio deve assumir o modelo da encarnação e do serviço. Em quarto lugar, um envio que envolve o amor, conhecido como o “Grande Mandamento” (Mateus 22:37-39). A igreja não pode ser fiel à Grande Comissão se ignora o compromisso com o Grande Mandamento. O ser humano vive em comunidade, onde o amor é sua principal característica, como é também na Trindade.

35 Lesslie Newbigin adverte: “Há um perigo num tipo de pensamento que fundamenta toda a tarefa missionária unicamente na

doutrina da pessoa e da obra de Cristo…” (1964: 77).

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A implicação missiológica é clara: a igreja não é “um movimento imperialista que busca assumir o controle da história e sim é a comunidade que se entrega a si mesma no ministério, na vida, na morte e na ressurreição de Jesus” (Newbigin 1989: 120). Isto é, na realidade, o que a igreja está chamada a ser: uma comunidade autêntica que viva pela verdade do evangelho, moldando-se a si mesma na vida interpessoal da Divindade. A teologia da Trindade oferece o corretivo para uma missiologia berrante, competitiva, individualista e egoísta, por meio do chamado à criação de uma comunidade caracterizada pelo amor, na qual seus membros vivam “em relações de igualdade, diversidade, reciprocidade, caráter único e interdependência”, seguindo o paradigma do Deus Trino. Que poderoso testemunho haveria para o mundo se a igreja fosse capaz de estar à altura de seu chamado eclesial como uma verdadeira comunidade pericorética (que reflete a relação que existe na Trindade)! “Para que todos sejam um… para que o mundo creia que tu me enviaste” (João 17:21). Dito de outra maneira, devemos considerar os missionários como criados à imagem de Deus, nunca como simples objetos evangelísticos.

PERGUNTA PARA REFLEXÃO

Quais seriam as três implicações na prática de envio missionário que deveríamos assumir com base na compreensão do envio segundo o modelo da Trindade?

CONTRIBUIÇÕES DAS MESAS DE REFLEXÃO

Mesa 1:

A. Enviamos por obediência, motivados pela glória de Deus (o Pai glorifica o Filho e o Filho ao Pai. João 17);

B. Enviamos em unidade (comunhão); C. É o modelo que devemos replicar (multiplicar).

Mesa 2:

A. Amor pelas pessoas às quais se vá; B. Missão de comunidade, não individual; C. Viver com as pessoas, compartilhar com elas; D. Espírito de reconciliação, unidade, perdão e resolução de conflitos na equipe.

Mesa 3:

A. Modelo relacional entre agência-missionários, missionários-agência e igreja-campo; B. Acordo na definição de papéis, metas, local e responsabilidade entre pares.

Mesa 4: Busca-se:

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A. Coração de servo disposto e preparado para/ e sacrifício; B. Comunicadores da mensagem de Deus, que é a salvação; C. Uma atitude de humildade genuína e sua missão.

Mesa 5:

A. O envio implica a inter-relação entre agência-obreiro-igreja, replicando o modelo da Trindade como necessário.

Mesa 6:

A. Tudo começa e termina em Deus. Deus é o mais estratégico 1. Jesus Cristo – tarefa terrena 2. Espírito Santo – capacitação espiritual;

B. Trabalho em equipe – quando um vai, os outros também, em outras áreas; C. Temos que ter definido o propósito do envio, assim como Deus tinha um propósito.

Mesa 7: Trindade – Envio

A. Trabalho em equipe (não cavaleiros solitários) Acordo: façamos (Gênesis 1.27) Quem: por nós (Isaías 6.8) Pluralidade: (fazemos, enviamos, vamos)

B. Etapas Pai: preparação (envio por amor aos perdidos, Lucas 19:10) Filho: corpo (conexão pessoal com o Pai) Espírito Santo: sair do corpo (guia, está todos os dias até o fim)

C. Pessoas Pai: Autoridade e decisões Filho: verdade, integridade de caráter Espírito Santo: nos guia a toda verdade

3.1.3. Enviando latinos ao campo Conferencista: Allan Matamoros. Diretor de Campo da COMIBAM.

A NECESSIDADE DE ESTRUTURAS DE ENVIO NO MOVIMENTO LATINO

A experiência missionária de Alan Matamoros remonta a seu trabalho na Federação Missionária Evangélica Costarriquenha (FEDEMEC), depois com Povos Muçulmanos Internacionais (PMI), com a obra em diferentes contextos e com plantação de igrejas. A. MISSÃO INTEGRAL (TRANSFORMADORA) INTEGRADA À TRANSCULTURAL: um desafio para os projetos era

a integralidade dos projetos de evangelização até chegar aos beneficiados; demonstrou-se que, por meio de projetos de serviço e assistência, se abriam as portas ao evangelho e o respeito ao evangelho;

B. AS GRANDES CIDADES E O OCIDENTE PÓS-CRISTÃO: pelo caminho também começamos a descobrir sobre a Índia. No mundo muçulmano há pessoas que estão liderando projetos na Janela 10/40. Abriu-se outra janela na Índia, onde havia muitos povos não alcançados; em alguns deles a obra cresce lentamente, mas cresce. A Indonésia é o país com o maior percentual de muçulmanos do mundo. Dentro de poucos anos (10 anos) será o país com maior quantidade de muçulmanos – mais de 200 milhões – mas com uma igreja local pujante. A realidade do sofrimento está presente por meio do sacrifício de pessoas, que morreram em mãos de muçulmanos. Esta imagem foi feita pela igreja ortodoxa Copta do Egito, e foi publicada em 2015, quando se celebrou o valor e o martírio de 20 coptas que foram decapitados nas costas da Líbia. Muitos dos grandes missionários viveram no campo missionário, assim como suas agências (Hudson Taylor). Todos os acontecimentos anteriores os fizeram pensar sobre a realidade do perigo e a

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probabilidade de sofrimento entre os latinos. O que acontecerá quando um obreiro guatemalteco ou argentino vir o martírio por causa de Jesus Cristo? Como trataremos disto? Na PMI têm sido levantados protocolos de crise e segurança, mas a realidade de ver a morte de frente nos tem feito repensar as coisas. No processo de constituir agências missionárias latinas, estamos focados em enviar, mas sem saber como fazer do outro lado, e logo a gente se dá conta que igreja ocidental pós-cristã (igreja cristã europeia) tem uma necessidade tremenda. Um exemplo disso veio da Associação Pastoral de Granada, que pediu que os obreiros permanecessem nas tarefas da igreja local para evangelizar muçulmanos na Europa, por causa da imigração na Espanha;

C. OS POVOS ESQUECIDOS (THE UNENGAGED) E A SOMBRA DO ISLÃ: o irmão Andrés D. promove povos não

alcançados, dentre os quais apenas entre os muçulmanos há 300 ou 400 etnias esquecidas ou abandonadas, não alcançadas, onde não há presença missionária;

D. REFUGIADOS E MOVIMENTOS DE PESSOAS: todos sabemos sobre o tema do Islã. Temos sido golpeados

ou impactados pelo tema dos refugiados. Fala-se de milhares que tentam cruzar as costas mediterrâneas da Grécia ou Turquia; 98% dos refugiados permanecem na Turquia, Líbano e Jordânia, perto de seus países de origem. A grande maioria dos sírios deseja regressar a seu país de origem.

E. DIVERSIDADE GLOBAL DO CORPO MISSIONÁRIO (A IGREJA NACIONAL): Como vamos cooperar com a igreja

local. Um exemplo disso é um líder que conta com 113 árabes convertidos do Islã ao cristianismo e lidera um movimento de plantação de igrejas no mundo muçulmano. Somente em um ano registrou 142.000 convertidos em lugares onde os latinos estão enviando obreiros, onde não podemos chegar sem reconhecer esta liderança local. O comentário de um líder local foi: “como você saberá, nós somos a solução para o problema missionário”, e mencionou três coisas a respeito: “primeiro, vocês devem calar-se e agir como um de nós, porque, de outra forma, vocês só servem para a foto; segundo, me agradaria pensar que o movimento latino fará diferente, como aquele que pensava que Deus o estava esperando para fazer a obra missionária até que chega e vê que Deus não saiu do campo missionário; sempre esteve aqui. A terceira coisa é que a igreja local tem necessidades, tem cicatrizes, tem problemas; gostaria de pedir a vocês que em seu processo de aculturação, alguns dos obreiros pudessem ser nossos amigos; nos ajudarão a discernir os tempos e as estações”.

- VISÃO HISTÓRICA DOS ESFORÇOS MISSIONÁRIOS E DE SUA ORGANIZAÇÃO

O papel da igreja

Equipes apostólicas

Ordens católicas e não católicas

Sociedades missionárias protestantes

Comitês de missões das igrejas locais

Espero que deixemos de falar ladainhas sobre a quem corresponde a responsabilidade da obra missionária e a Grande Comissão. Deus deixou a igreja com seus recursos humanos, espirituais e financeiros para cumprir a Grande Comissão. Gostemos ou não, cumpri-la requer certo grau de organização e cada geração tem encontrado uma maneira de fazê-la. Vemos no Novo Testamento Paulo formando equipes que regressavam a Antioquia – Filipos. Paulo contava quão grandes coisas fazia Deus entre os gentios. Ele desfrutava de autonomia suficiente para decidir sobre os rumos de seu trabalho missionário. A obra missionária demanda e requer certo grau de organização. Os protestantes mal e bem se organizaram em sociedades missionárias, assim como sociedades denominacionais. Hoje não importa qual seja o modelo de envio. Este trabalho requer certo grau de organização, ou para mobilizar recursos financeiros ou para administrar uma crise ou para ministrar ajuda pastoral ou para conduzir uma situação de morte ou para mobilizar a congregação. Não percamos de vista que alguém tem que

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administrar essas questões. Em todas as organizações, não importa o nível, alguém tem que fazê-lo, não importa se é igreja, organização ou receptores.

A realidade é que estes temas são nossa debilidade, tanto no campo como nas estruturas de envio. Pela forma de nos relacionarmos com as igrejas e estruturas de envio, vemos que não estamos sendo hábeis em melhorar nesta área; é um de nossos pontos fracos, exceto por algumas agências, que estão fazendo um bom trabalho.

- REALIDADES DO ENVIO DA AMÉRICA LATINA SOB A PERSPECTIVA DE ESTRUTURAS

1. PREOCUPAÇÕES ADMINISTRATIVAS E FINANCEIRAS (POLÍTICAS CLARAS): a forma com que lidamos com dinheiro e administramos o dinheiro é um ponto de preocupação entre os obreiros no campo;

2. ESTRATÉGIAS e PLATAFORMAS (GENUINIDADE): a forma com que justificamos nossa permanência a longo prazo no lugar para o qual Deus nos têm chamado. O mundo islâmico se fecha cada vez mais. Como exemplo, 150 obreiros foram expulsos de Marrocos: médicos, colaboradores, mestres, homens de negócios, organizações de ajuda. Foi como que se o governo tivesse decidido jogar fora cada uma das estratégias de ocupação para permanecerem no Marrocos. O problema deste enfoque é que não somos totalmente honestos sobre nossa permanência em um país;

3. A MAIORIA DE NOSSAS AGÊNCIAS SÓ FAZEM O ENVIO E NÃO ENTRAM EM QUESTÕES DE RECEPÇÃO NO CAMPO;

4. CUIDADO INTEGRAL DO OBREIRO, ESPIRITUALIDADE E SOFRIMENTO: no final, os obreiros regressam ao campo, os filhos cresceram, a agência não dá importância ou não tem a sensibilidade suficiente para tratar de seu retorno;

5. PROTOCOLOS CLAROS DE ADMINISTRAÇÃO DE CRISE: se não se está preparado, o golpe da crise faz sofrer

muito. O processo da crise se resolve durante a caminhada e isto requer muita previsão; 6. LATINOS EM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS. ESTAMOS PRONTOS PARA ISSO TAMBÉM? Há diferença na

aplicação de latinos, assim como os requisitos de campo. Exemplo é o inglês, que permite ser parte da tomada de decisões em equipes internacionais;

7. REDEFININDO O QUE ENTENDEMOS POR “PIONEIRISMO” (E O QUE FAZEMOS COM A IGREJA NACIONAL

OU EMERGENTE); 8. TEMPORADA DE DEBILIDADE DO MOVIMENTO NA IBERO-AMÉRICA (ESTAGNAÇÃO? NOVAS CORRENTES

TEOLÓGICAS?).

REFLEXÃO EM MESAS

“Realidades do Envio pela América Latina sob a Perspectiva de Estruturas” Mesa 1: Preocupações administrativas e financeiras

A. Financeiras: estabelecer protocolos para a gestão do dinheiro. Fazer alianças com a igreja no contexto local e fora, para distribuir a responsabilidade de receber ofertas e oferecer segurança. Melhorar a administração e a prestação de contas para recuperar a confiança;

B. Administrativas: profissionalizar a operação (planejamento estratégico e sistemas). Melhorar a relação de apoio ao candidato desde o início (expectativas, relato, comunicação efetiva). Superar os aspectos políticos e denominacionais do negócio missionário. Ser mais proativos que reativos.

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Mesa 2: Como melhorar as estratégias e a plataforma? A. Enquanto sirvo, me capacito.

Preparando-se Administração Fazendo a obra;

B. Igreja que ajuda na preparação e ainda guia o missionário; C. Estratégia adequada; D. Plataformas práticas e reais.

Mesa 3:

A. Reconhecer limitações e fragilidades da agência; B. Fazer alianças estratégicas com pessoas e instituições no campo; C. Perguntar pela possibilidade para permanecer no campo a longo prazo; D. Investigação de campo.

Mesa 4: Cuidado integral (processo de relacionamento)

A. Necessidade de conhecer a cultura para compartilhar experiências e erros; B. Mentoria e discipulado contínuo; C. Diferenças nas gerações de missionários; D. Especialistas – nem todos são capazes de ajudar os outros; é necessário ser compassivo, sensível e

sábio; E. Especialistas – necessariamente um profissional; F. Processo para refletir – avaliar e prestar contas.

Mesa 5:

A. Pouca capacitação e entendimento do MC e pouca experiência dos que a receberam; B. É recomendável estabelecer e ter canais políticos com os governos de origem do missionário; em caso

de emergências, eles podem ajudar; C. Criar modelos e protocolos no MC mais adaptados à cosmovisão latino-americana.

Mesa 6:

A. Latinos em agências internacionais desde o início: devemos preparar-nos em relação a:

- Idioma

- Cultura anglo-saxã/coreana/etc.

- Perfil onde está esperando servir ou cooperar; B. Ajudar os outros a nos entenderem; C. Elevar nosso nível. Melhorar nossa estrutura e cultura financeira.

Mesa 4: Pionerismo

A. Não alcançados? Quem alcança? Para quem? Quem chegou primeiro? (muçulmanos já convertidos) Deus já está ali.

B. Pastor nativo, ex-hinduísta x missionário enviado (estrangeiro). C. Chegar e perguntar. Não somente meu projeto, minha visão (partir de pressupostos, pressuposições). D. Valores culturais latinos, cosmovisão bíblica.

- Adaptar-nos

- Relacionarmos

- Evitar o difícil

- Criativos para solucionar problemas.

Reformular “PIONEIROS” = enviados. Deus é o único pioneiro; amou primeiro, enviou primeiro.

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3.1.4 Fórum: Enviando latinos ao campo

Moderador: Cristian Castro. Diretor de Envio da COMIBAM.

Respostas às perguntas.

Protocolos de segurança: Alan M. respondeu que foram adotados protocolos de outras organizações missionárias internacionais, mas na PMI tomaram-se algumas decisões importantes. Cada equipe no campo tem dedicado tempo para formalizar os estatutos ou pactos de entendimento em caso de crise de invasão ou evacuação para seus membros, quando entram em acordo sobre as decisões importantes relacionadas aos diferentes cenários. Cada membro é responsável por este tema. Em alguns casos, os obreiros têm manifestado que ainda permanecem em situações de perigo extremo e, então, se dão conta que não podem aplicar uma mesma regra ou protocolo para todos, mas todos devem avaliar e tomar decisões com conhecimento de causa e responsabilidade. Em alguns casos não se sentiram nada satisfeitos.

Por que os protocolos de segurança ou financeiros não são importantes? Será que é devido à pouca experiência? Ou aos poucos anos do movimento missionário da Ibero América? Ou porque não temos tido um caso grave? É uma boa pergunta porque evidencia de alguma maneira:

- A falta de experiência do obreiro latino-americano;

- A grande habilidade (virtude) da improvisação;

- A grande desgraça do imprevisto.

Após 20 anos, já deveríamos ver com mais experiência estes temas e ter melhorado nas estruturas financeiras, como Deus manda. Seguimos em muitos lugares dependendo de pessoas sem nada de organização para estes assuntos. Por exemplo, uma má administração pode ocultar suas perdas em fundos que são destinados aos projetos, mas quando os separa se dá conta que, na realidade, está quebrada. É uma questão de transparência e de administração de garantias fiéis para os missionários. A gestão das finanças é um tema importante. Contar com um interlocutor (contato da agência) que explique qualquer dúvida sobre o estado de sua conta (se é que o recebe) é uma benção e uma necessidade;

Quanto à estratégia para estar no campo: isto requer mais discussão e análise, mas em uma palavra seria: genuíno (transparente). Há que se evitar palavras para camuflar, palavras que são uma desculpa, na realidade. Se a pessoa vai como profissional, ela tem que ser profissional e ir a um trabalho; se vai a negócios, a pessoa deve ser negociante. Uma pessoa disse em uma ocasião que “os cristãos gostam de mentir ao governo, porque vocês chegam dizendo que são uma coisa, mas, na realidade, fazem outra”. Outro erro talvez que temos cometido por falta de experiência, tem sido na seleção de pessoas

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em postos que requerem muita experiência ou pessoas pouco qualificadas nas áreas de finanças, comunicações, recursos humanos, governo ou assuntos legais e, sem dúvida, a organização sofre por causa destas pessoas. Um exemplo disso é no caso de administrar demandas por morte, crise ou sequestro (para os familiares dos obreiros ou para os próprios obreiros). As agências têm responsabilidade legal e fiscal tanto para o governo como para seus membros e, portanto, as agências precisam melhorar em todas estas áreas;

Como podemos melhorar como movimento latino: os passos de ação em boa parte dependem das decisões que cada movimento local tome, o que implica realizar uma agenda nacional. Cada movimento nacional deve desenvolver consultas, segundo suas possibilidades para incentivar a discussão e a participação;

A COMIBAM tem feito grandes esforços na capacitação de pessoas no contexto do cuidado integral do missionário. Em relação a isso, um tema muito importante e necessário é que os que foram treinados cheguem ao campo missionário para atender necessidades dos obreiros e de sua família.

3.1.5 Ciclo de vida do obreiro

Conferencista: Allan Matamoros. Diretor de Campo da COMIBAM.

Vocês recordarão disto que saiu, há alguns anos, no livro “Servindo ao enviar obreiros” do autor Neal Pirolo. Ele propunha as etapas no envio de obreiros. Foi publicado em Acapulco, com a COMIBAM, e falava sobre a chegada no campo, adaptação, choque transcultural, ministério e reentrada, que, naquele tempo não era um tema relevante. Até que, de repente, pela própria necessidade, a FEDEMEC (PMI depois) se deu conta que os velhos começaram a retornar e começou a recrutar jovens. Em 1990 se mobilizou uma grande quantidade de missionários, que, no momento, estão envelhecendo mais uma vez. O cuidado dos missionários não era importante até que surgiu a necessidade. Agora na PMI, com suas virtudes e defeitos, tem-se falado dos desafios no cuidado integral. Com os anos de experiência em equipes interculturais (administração de diferenças culturais entre os latinos, europeus, com distintos contextos culturais), temos visto que, com o tempo, tivemos que incorporar o tema de gestão de conflitos e um outro tema, que é o dos filhos dos missionários no campo, em suas diferentes idades, custos de escolaridade e como enfrentar isso com os mantenedores. Outro tema relacionado é o risco e o sequestro. É uma preocupação cada vez maior entre as equipes que lideram, sobretudo nesta área do mundo árabe. Um exemplo disso foi quando a “Irmandade Muçulmana” ganhou as eleições no Egito. Tiveram que tomar decisões e perguntar: como sua família quer administrar este risco? Alguns tomaram a decisão de evacuar, mas outros decidiram não o fazer. A agência tomou a decisão de estar isenta de responsabilidade em casos extremos. Eles se deram conta do quão pouco se conversa sobre isso nas agências. Os obreiros têm condições de tomar essas decisões por si mesmos ou é a agência que deve tomar essa decisão? No caso da PMI, realiza-se uma entrevista, na qual se avalia e se mede cada situação, mas no final recai sobre o obreiro a responsabilidade sobre o risco. Admito que todos conhecem o trabalho. A “Equipe de conservação” faz um trabalho tremendo para proteger e cuidar da igreja perseguida nas áreas de maior perseguição e também capacitam obreiros em assuntos de segurança e risco. Outro tema é a identidade no campo. Quem sou eu no tecido social ou na etnia que me recebe? E: o que estou fazendo me satisfaz a ponto de me permitir estar no país? Cada qual deve tomar uma decisão para poder permanecer de forma que transmita credibilidade e que se justifique ante as autoridades do país.

REFLEXÃO EM MESAS

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Mesa 1:

A. Antes do envio ter uma conversa aberta e franca sobre cada uma das áreas e com cada uma das entidades envolvidas;

B. Elaborar uma perspectiva mais realista do campo missionário e do candidato; C. Tomar as decisões de trabalhar junto com o obreiro e a igreja local.

Mesa 2:

A. Reconhecer os aspectos administrativos como dons espirituais necessários para serem aplicados adequadamente;

B. Aprender com as organizações que já tenham feito um caminho em outros assuntos.

Mesa 3: Reentrada A. Temas de reenvio.

- Retorno devido à expulsão;

- Situações de enfermidade, crise matrimonial, condições não saudáveis para os filhos, falta de sustento;

- Situações políticas (vistos);

- Regresso por descanso (ano sabático). B. Elaborar um protocolo de entrada que contemple diferentes situações; C. Fazer acordos (entre igreja, missionário, família estendida e agência); D. No protocolo deve estar contemplada uma equipe interdisciplinar; E. Entrada deve ser administrada com antecipação à saída do campo.

Mesa 5: troca de campo

A. Conhecer de antemão as etapas; capacitar (conscientização do obreiro); B. Pré-durante-retiro-pós; C. Planejar o processo, ceder o trabalho a outro

- Responsabilidade

- Recurso

- Habilidades

- Êxito intencional; D. Processo para prestar contas.

Mesa 6: Reentrada

A. Regresso por enfermidades, críticas pessoais; B. Tempo quieto: porque está esperando mudar de campo; C. Sem conexão: se envolvem melhor nas organizações; D. Ignorados: pelo ministério da igreja, não ocupa um lugar que o ative no ministério; E. Regresso sem participação das agências para executar.

Mesa 7

A. Ter que escrever o testamento; B. Seguro de saúde e de vida; C. Ver no segundo país, a seguridade social; D. Saber que frente a um sequestro não pagará resgate (avisar à família, ter um documento no

qual expressa a decisão de quem ficará responsável pelos filhos); E. O obreiro deve comunicar à sua família as decisões que tomar.

Mesa 8

A. Administração das licenças;

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B. Políticas e orçamento para férias do obreiro; o obreiro presta contas; C. Ser mais intencionais a partir da agência, cuidar do obreiro com sua agência quando chegue; D. Priorização na agenda, retiros com o ministério; E. Bloquear nas agendas do obreiro/protegê-los no calendário quanto ao descanso no país de

origem.

3.2 DIA 2 3.2.1 Devocional 2: Fundamentos bíblicos do envio

Conferencista: Dr. Levi de Carvalho. Diretor de Investigação da COMIBAM

Cinco desculpas de Moisés para não servir a Deus. Êxodo 3 e 4 1. Quem sou eu? (Identidade). A resposta de Deus: Eu estarei contigo. Se Deus está comigo, minha

identidade muda; 2. Quem és Tu? Não te conheço, não o tenho visto em 80 anos. Deus se revela e a confiança em Deus

aumenta. No versículo 19, Deus o adverte que enfrentará uma batalha. Não vai poder evitá-la, deixá-la menos intensa e nem fugir dela. Essa situação tem que ser enfrentada junto com o Poderoso;

3. Não tenho poder (4.1). Eles não acreditarão em mim. Não sei quem sou, não sei quem és, não tenho poder (v. 2-9). Aí Deus lhe revela através de Sua vara, o poder que Moisés podia demonstrar ao Faraó;

4. Não sei falar (4.10). Nunca fui de ter facilidade em falar, nem antes e nem agora. Tu me falaste, mas nada em mim mudou. Tenho dificuldade para me comunicar. A resposta de Deus: eu estarei contigo, te ensinarei o que você deve falar;

5. Envia outro (v. 13). Tu te equivocaste. Envia outro. Não sou a pessoa indicada para ir ao campo missionário. O curioso é que Deus menciona a ele seu irmão Aarão, levita que seria seu porta-voz, ou seja, Deus lhe indica como trabalhar na estrutura social: necessitas um interlocutor. Muitos missionários ocidentais custam a entender este ponto. Seu individualismo para decidir não lhes permite trabalhar debaixo da estrutura social para a qual vai, mas no campo missionário tudo é comunidade e como missionários devemos aprender (reaprender) o que é comunidade.

Falemos do contexto de Moisés: era um escravo em um palácio, filho de escravo, um homem perseguido, tinha problema de identidade. Alguns especialistas dizem que se ele tivesse permanecido no Egito, talvez tivesse sido o sucessor do Faraó, porque ele não tinha filho homem (40 anos no palácio). Era um homem perseguido, tentou fazer justiça por suas próprias mãos e fracassou, tentou ser o líder de seu povo antes do tempo adequado e foi rejeitado. É curioso que muitos têm sido rejeitados e, se nos sentimos assim, não é novidade. Moisés era um assassino e fugitivo da justiça do Egito, fracassado e, por último, esquecido. Aos meus discípulos, em algumas ocasiões, ensino que “Deus não pode utilizar uma pessoa se antes ela não se esqueceu primeiro”, o que aconteceu com muitos, inclusive com Jesus. E temos nas desculpas de Moisés três coisas importantes e várias aplicações para um missionário. 1. IDENTIDADE: Quem sou? Quem é Deus: Aplicações: crise de identidade. Quando Deus chama, tenho uma

identidade, porque Deus me chama a ser o que sou em outro contexto que eu não conheço; deixo atrás o grupo com o qual eu estava identificado, com o qual exercia minha identidade e agora vou a outro lugar, onde não conheço como se fazem as coisas. Não sou daqui, nem sou de lá. Os missionários são pessoas sem terra e trabalham para outro reino, com rejeição e esquecimento. De repente, os familiares não me entendem, os irmãos não me entendem, os pastores não me entendem, e curiosamente satanás e Deus sim, me entendem bem. O importante de minha identidade é quem é Deus. Não vá ao campo sem saber quem é Deus, porque se você conhece a Deus, conhecerá a você mesmo;

2. PODER: cuidado porque os ocidentais não sabem o que é poder. Há mais poder na influência que no próprio poder. Nós, missionários, tendemos a superestimar nosso poder e a subestimar nossa influência. Consegue-se mais coisas pela influência que pelo poder em si, que supostamente temos. A questão do

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poder, então, tem a ver com o poder de Deus e com minha influência, porque se fosse por meu poder, então a glória seria minha. O poder é de Deus e a mim cabe influenciar pessoas para que entrem no caminho de Deus. Aplicações: as debilidades vêm à tona quando Deus chama e, de repente, tomo consciências de minhas fraquezas. A questão é que o poder de Deus faz a diferença, não o meu poder. É um perigo confiar em nossas habilidades, nosso preparo, nosso título, nossas capacidades. O poder de Deus é que faz a diferença. Outra coisa importante, é que o inimigo tem poder. Sou chamado para a guerra. Na guerra há choques de poder;

3. COMUNICAÇÃO: somos chamados a comunicar o evangelho e isso se faz por meio das Escrituras. Aplicações: quando Deus me chama, de repente me vejo sem capacidade, reconheço minha incapacidade, mas Deus me chama a ser sua boca, e vou precisar, como Moisés, de intérprete e de amigos no campo, que me ajudem a interpretar a realidade deles e, com isso, vou ter pontes para que as pessoas se convertam e para que a mensagem que vou comunicar seja uma mensagem de libertação. O resumo de tudo isto é que se eu ensino sobre o caminho, tenho que caminhar por ele também. Se Deus me chama a uma etnia ou a um grupo de pessoas, é para que eu caminhe com eles.

Outros assuntos que podemos ver na vida de Moisés além da identidade, são autoridade, sanidade interior, conhecimento de Deus e relação com sua gente. Moisés não sabia como relacionar-se com seu próprio povo (filhos de terceira cultura) porque ele próprio era uma mescla de diferentes culturas. Teve muitos problemas para formar equipes. Não era um homem de equipes. 1. Administração de multidões, pastoreio e provisão; 2. Delegar (problema imenso para Moisés e para muitos missionários latinos). Não confiamos e queremos

que as pessoas dependam de nós; 3. Resolução de conflitos. Moisés, uma e outra vez, teve que administrar conflitos, se excedeu tanto que

Deus o proibiu de entrar na terra à qual ele conduziu as pessoas. Nunca teve terra; 4. Guerra espiritual. Moisés levantava as mãos na guerra. Quando foi ao Egito estava em guerra espiritual; 5. Justiça e Misericórdia; 6. Ensino da lei, como aplicá-la, como comunicá-la e ensiná-la; 7. Objetivos claros em sua missão quanto a tudo, desde o acampamento e como realizá-lo, até a guerra e o

caminho que deviam seguir; 8. Missionário como espia, tem que espiar a terra que vai tomar (exemplo de investigação de campo); 9. Discipulado, um imenso problema porque Moisés nunca discipulou Josué, mas o admitiu porque Deus lhe

pediu. A verdade é que Josué nunca foi discípulo de Moisés. Josué não se multiplicou, logo, é deixado por Deus (êxito sem sucessor é fracasso);

10. Jejum com intercessão: guerra para enfrentar em Deus; 11. Formas de culto; 12. Lidar com a glória humana: quando cobriu seu rosto e já não havia glória. Uma grande lição para Moisés; 13. Abandonar a mentalidade de escravo: saíram do Egito, mas o Egito não saiu deles. É um grande desafio

mudar a mentalidade das pessoas (campo); 14. Espírito de sacrifício; 15. Ser esquecido pelo mundo; 16. Preocupação com as pessoas: o que as pessoas dirão se as mato. Os missionários que se formam nestas

três áreas (identidade, poder e comunicação) são os que terão uma atitude de servos no campo missionário.

3.2.2 A missão em comunidade e colaboração: Impulsionando o envio na missão de Deus. Conferencista: Dr. David Cárdenas. Presidente da COMIBAM e Facilitador de alianças estratégicas da Aliança Global Wycliffe

“…para que sejam um, assim como nós o somos” (João 17:22)

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Introdução É possível que estejamos fazendo missões dissociados do modelo da Trindade. Por que falar de comunidade e colaboração em uma consulta como esta? Que interesse tem Deus em grupos como este, que compartilham interesses comuns sobre envio missionário? Minha opinião é que tratar de comunidade e colaboração na missão não nasce da sociologia e do âmbito empresarial, mas nasce em Deus e é pauta para nossa prática missionária. Um aspecto fundamental para a vida e para a missão da igreja é a comunidade. Diz René Padilla que “comunidade e missão são termos correspondentes. Sem comunidade não há missão. Uma depende da outra”36, mas curiosamente em algum momento da história as separamos e, por isso, hoje nos vemos desafiados a superar o egoísmo, o individualismo e a competição, dentre outros defeitos. Como pessoas criadas à imagem de Deus, temos sido projetados para estar em comunidade. As relações interpessoais se encontram sob um mandato ético: amar o próximo como cumprimento da vontade de Deus, revelada na Bíblia (Mateus 22:39). A Trindade cria comunidade, o que podemos ver nos capítulos 1 e 2 de Gênesis, que mostram o divino propósito na criação, que era que os seres humanos vivessem em comunhão com Deus e entre eles próprios, enquanto exerceriam o cuidado da criação, desejo que foi afirmado quando formou a primeira família humana. Identifiquei seis aspectos importantes em Gênesis 2:18-25: O primeiro está em Gênesis 2:18, quando Deus disse “não é bom que o homem esteja só”. A esse respeito posso entender que o propósito de Deus ao criar o homem era fazê-lo sob uma condição de “ser” em relação com Deus, com a natureza (por meio do trabalho) e na relação macho-fêmea. Sendo assim, quando Deus planejou a criação do homem, não pensou na criação de duas pessoas independentes e sim em uma realidade que se entende melhor como a composição do ser humano em dois, e este é o enfoque de Gênesis 2. Em outras partes da Bíblia (por exemplo em 1 Coríntios 11), se afirma que a importância da relação interpessoal não se limita à relação do casamento. Em todos os aspectos somos seres-em-relação que precisamos uns dos outros37. Foi Deus, portanto, que determinou o estado de solidão do homem e considerou trazer companhia a ele, não porque o homem não estivesse em perfeita comunhão com a Trindade e sim porque valeria a pena compartilhar essa alegria com um ser que fosse seu par. Deus determina que a comunidade é necessária. Quantos líderes, pastores e missionários caminham em solidão por vontade própria? Não é a vontade de Deus que o ser humano esteja só.

36 René Padilla. ¿Qué es misión integral? (Buenos Aires, Argentina: Kairos, 2009), 51

37 Theo G. Donner. El texto que interpreta al lector (Medellín, Colombia: Publicaciones SBC, 2009), 50-52.

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Em segundo lugar disse Deus: “far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea” (Gênesis 2:18b). Neste sentido, a contraparte do varão não é criada do pó e sim é “tomada do varão”. “Ajuda idônea” significa: a ajuda que lhe corresponde38. Outro significado de “ajuda idônea” segundo a palavra hebraica ´ezer é “socorro para uma situação determinada, ajuda para sobreviver”39 ou, dito de outra maneira, o serviço mútuo. O Deus de comunidade, trouxe ao mundo mais outra criação, Eva, para apresentar a prova mais concreta da existência: “o nós”. A “ajuda idônea” não responde à necessidade de suprir a carga de trabalho que Adão tinha para manter o jardim, como se fosse uma subordinada, mas melhor se refere ao propósito de ajudar o homem a estar em comunidade, ter companhia, não estar só. A mulher foi o presente de Deus e parte necessária para criar e seguir em comunidade, que Bileziquian chama “a outra cara da imagem e semelhança de Deus”40. Ter companhia na missão é um presente que vem de Deus e traz serviço mútuo no alcance dos propósitos. Adão reconhece outro aspecto em sua companheira: uma identidade mútua, já que dele foi tomada: “esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne” (Gênesis 2:23). Os membros de uma comunidade reconhecem o sentido de pertencimento um com o outro, que, no caso do cristianismo, é a relação de irmandade, já que temos um mesmo Pai. Um quarto aspecto corresponde à unidade que se consolidou quando os dois formaram “uma só carne” (Gênesis 2:24). A comunidade na missão se propõe a conduzir projetos em comum, o que pode implicar envolver e entregar tudo de si, sem reservas. Assim também quando um homem e uma mulher se unem sexualmente, o amor deve estar presente nas relações de comunidade. Um quinto aspecto que observo é o de uma relação onde ambos “estavam nus” (Gênesis 2:25a), o qual fala de sinceridade, transparência, nada de agendas escondidas ou duplas intenções (típico das relações entre igrejas ou organizações na missão). Quantas vezes as relações de colaboração em comunidade se frustraram porque uma das partes tinha interesses escondidos ou usou o outro para seu benefício pessoal.

O sexto aspecto é uma relação de confiança porque “não se envergonhavam” (Gênesis 2.25b), ou seja, se respeitavam e se aceitavam mutuamente, apesar de seus defeitos. Fala-me também de misericórdia. Quantos estamos dispostos a aceitar o outro com suas falhas e necessidades para construir juntos, com respeito e aceitação? Este modelo de comunidade representado em Adão e Eva não foi algo acidental, nem tampouco aconteceu por acaso, como resultado criativo. A comunidade está intrinsecamente arraigada na natureza de Deus, pois flui do próprio ser de Deus. Dado que Ele é comunidade, ele cria comunidade. Gênesis 3 descreve como a comunhão que existiu entre Deus e o ser humano foi quebrada. Enquanto o homem e a mulher gozavam de uma boa relação com Deus, permaneceram em unidade. A partir do momento em que violaram sua relação de confiança com Deus, a unidade se partiu. O pecado não apenas os separou de Deus, como também eles, um do outro. A exibição de suas diferenças físicas se tornou algo intolerável e tiveram que se cobrir (Gênesis 3:7). O pecado impede que a comunidade seja verdadeira e, assim, requer uma solução radical. Os oito capítulos seguintes proporcionam uma descrição gráfica da manifestação dessas relações quebradas. Apesar do dano que se estabelece nestes capítulos, o propósito de Deus para a criação permanece intacto. No caso de Adão e Eva, a unidade e a confiança foram substituídas por uma relação de autoridade e sujeição, já que o poder permaneceu nas mãos do varão (Gênesis 3:16). A sobrevivência e o bem-estar de uma

38 38 Ibid., 51.

39 39 Gilbert Bilezikian. Comunidad elemental: reivindicando la iglesia local como una comunidad unida (Miami, Florida: Vida, 2009), 20.

40 40 Ibid., 22

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comunidade genuína dependem de que seus membros estejam em comunhão com Deus. Quebrar este estado abre a porta ao egoísmo, ao individualismo, à competitividade, à dominação ou autoritarismo e ao aproveitamento. A qualidade e a viabilidade de uma comunidade na missão está em relação direta a quanto seus membros estão dispostos a aceitar sua dependência e obediência a Deus.

Em João 17, vê-se o Filho orando ao Pai pelo restabelecimento dessa união dentro da humanidade, e entre a humanidade e Deus: “a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste” (João 17:20-21). Jesus não orou por qualquer tipo de unidade humana; orou para que o mesmo nível de unidade da Trindade estivesse entre nós, “para que sejam um, assim como nós” (João 17:11b). A unidade entre o Pai, o Filho e o Espírito foi a chave para o êxito da missão de Jesus na terra, no marco da missão de Deus para todos os tempos. A oração de Jesus pediu pela restauração da unidade entre seus seguidores, aquela que, no princípio, havia sido visível na criação, feita à imagem da unidade da Trindade. O modelo de unidade de Jesus não era outro que o de sua relação com o Pai, “para que sejam um, assim como nós o somos” (João 17:22). Esta busca de Jesus não foi apenas para seus discípulos daquele momento e sim por todos aqueles que depois se uniriam como discípulos de Jesus, “não rogo somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da sua palavra” (João 17:20).

A dimensão de unidade que Jesus pediu não foi simples, mas era uma que alcançara o nível de perfeição, “para que sejam aperfeiçoados na unidade” (João 17:23b), a qual apenas se alcança quando Jesus está presente “eu neles, e tu em mim” (João 17:23a). A unidade perfeita é aquela onde o amor existe.

Em nossos dias, cada vez que a igreja é ineficaz e seu testemunho permanece infrutífero, a primeira pergunta a ser feita é se a igreja está funcionando como comunidade autêntica41. A credibilidade do evangelho no mundo está relacionada à unidade da igreja, “para que o mundo creia que tu me enviaste” (João 17:21d). Esta unidade, contudo, não se pode alcançar facilmente. Restaurar a unidade, onde existe uma ruptura, implica uma reconciliação que somente se pode conseguir por um preço muito alto: a morte e ressurreição de Jesus Cristo, o qual foi apresentado claramente pelo apóstolo Paulo: “e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer as sobre a terra, quer nos céus” (Colossenses 1:20).

Em Efésios 2, Paulo expressa a forma pela qual a morte de Cristo na cruz trouxe a reconciliação da humanidade e criou uma nova comunidade: “Porque ele é nossa paz, o qual de ambos fez um; e tendo derribado a parede da separação que estava no meio, a inimizade” (Efésios 2:14). Cristo era o único que podia recriar a verdadeira comunidade e em uma nova comunidade fazer a paz e reconciliar-nos com Deus mediante a cruz. Dali em diante a cruz tem sido o único meio para conseguir a unidade entre os irmãos, porque esta fala de perdão, reconciliação e restituição. Este é o ponto de partida para moldar comunidades de missões, e não os projetos, o ativismo ou a necessidade de fazer coisas para Deus. Deus quer que, em primeiro lugar, estejamos reconciliados com Ele e entre nós, como fundamento para edificar as relações e as atividades. Assim como o amor é o atributo distintivo de comunidade da Trindade, o amor deve sê-lo entre os humanos. Foi daí que Jesus estabeleceu o grande mandamento de amar a Deus e amar o próximo como a si mesmo (Mateus 22:37-39). A comunhão verdadeira com Deus se traduz em uma participação ativa na edificação da comunidade. O amor é o conector dos que fazem parte de uma comunidade. A relação de serviço recíproco, identificação mútua, unidade e confiança que se perdeu no Éden, se recupera com a reconciliação em Jesus, que cria uma nova comunidade, que é a igreja, a qual não apenas abriga a relação homem e mulher, como também de etnia, idioma, condição social, dentre outras. Que grande privilégio, mas, ao mesmo tempo, que grande desafio!

A comunidade bíblica, só pode explicar-se pela eterna comunidade da Trindade.

41 Gilbert Bilezikian. Comunidad elemental: reivindicando la iglesia local como una comunidad unida (Miami, Florida: Vida, 2009), 39.

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Trabalho em grupos Identifiquem cinco qualidades que devem ter uma comunidade de líderes na missão de Deus, que colabora entre si no envio de missionários. (Mediante técnica de brainstorming se estabelece um quadro único para todos os participantes. Usar adesivos). Cada grupo deve atribuir uma qualidade e apresentar um exemplo a ser posto em prática para um ambiente de liderança, como o que temos apresentado na consulta. Isto será escrito em formato de um presente e é compartilhado em nome do grupo aos demais participantes. Todos devem decidir se o aceitam ou precisam de mais discussão. Será entregue massa de modelar a cada grupo para representar a referida característica. Ao finalizar, se busca entender que unidade requer a contribuição de cada um. Mesclar. Passos de ação: identificar entre todas, as cinco mais importantes para começar a trabalhar. Ao abrir uma consulta, pode-se usar esta técnica para identificar tópicos de preocupação uns com os outros.

Resultados da troca de presentes

De acordo

Missionários à igreja: atitude sacrificial. Se estamos enfermos, se nos abandonam, se não chega o sustento etc., continuamos no campo;

Agências às igrejas: ousadia para ir mais além (intrepidez). Criatividade em momentos difíceis;

Internacionais a missionários: a experiência (boa e não tão boa) em política, estruturas, erros etc;

Igreja às agências: estrutura. A igreja oferece ao missionário presença a nível nacional e internacional, o que facilita o desenvolvimento de assistência e experiência efetiva através das estruturas existentes;

Igreja aos internacionais: discipulado. A função do caráter cristão do obreiro dirigido a seu chamado para o campo missionário;

Internacionais a missionários: redes. Comunidade local, mentoria e redes internacionais;

Missionários às agências: paixão e disponibilidade a um chamado. Espírito de avançar, resposta diante da necessidade, compromisso com entrega total;

Internacionais a toda a comunidade: nós desejamos fazer parte da comunidade internacional de missões (não trabalhar sós) e aprender com as experiências dos demais;

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Missionários: capacidade de sociabilização. Sem problemas de nos relacionar com os demais, demonstrando interesse e carinho pelo outro;

Missionários aos internacionais: enorme adaptabilidade à cultura, idioma, clima, pobreza ou riqueza;

Agências a missionários: celebração da inclusão e tolerância de nossa diversidade, deixando de lado o egoísmo.

Necessitam de mais discussão

Intercessão: a igreja deve oferecer intercessão sincera e apaixonada, cooperando com o missionário e as agências na luta espiritual que enfrenta. Uma intercessão viva, ao nível de poder ver as coisas antes que aconteçam;

Das agências às denominações: acompanhamento no desenvolvimento da visão missionária da comunidade de fé (corpo de Cristo);

Das igrejas aos missionários: não podemos compreender o que não conhecemos. A igreja deve esforçar-se para compreender o missionário e as agências;

Internacionais à igreja: investigações demográficas, geográficas, religiosas, etc.

3.2.3 Relação entre as organizações de campo latinas, em relação a organizações globais Conferencista: Allan Matamoros. Diretor de Campo da COMIBAM.

Após vários anos de trajetória, 14 anos como diretor na PMI e vários outros cargos, assumi uma cadeira de desenvolvimento organizacional sobre o ciclo de vida de uma organização. No dia de ontem falamos sobre a vida do obreiro e a mensagem de fundo que queremos deixar é que quando recrutamos um(a) missionário(a) estamos assumindo compromissos de longo prazo. Devemos admitir que, de alguma forma, estamos mais focados no envio, e quase no envio como um fim, mas este requer acompanhar as diversas facetas, caminhar com o obreiro em seu visto de serviço e em cada um de seus desafios e dificuldades. Temos que avaliar como intencionalmente estamos investindo em treinar pessoas para a gestão do trabalho em equipes interculturais, sobretudo quando se unem distintos projetos (iniciativas). Outro tema é sobre sua permanência em países diferentes. Não conseguem resolver seu problema de visto e precisam sair constantemente do país, regressando com a angústia de serem barrados à entrada do aeroporto. Por tal razão as equipes e as organizações devem fazer parte destas decisões e é necessário que as equipes de missionários busquem estabilidade migratória que lhes permita permanecer por mais tempo de forma legal. Este assunto é mais frequente do que parece e é parte da vida do obreiro. Os que os acompanham, desde a agência que os recebe até a igreja que os envia, devem trabalhar juntos em todo o processo. Como nossa gente se encaixa no tecido social que nos recebe. Outro tema é sobre os filhos de terceira cultura. Levi comentou a esse respeito (exemplo são os filhos de Alan Matamoros, criados na Jordânia, Chipre e Costa Rica). Outro tema são os riscos de sequestro, expulsões, morte. Estar preparado para cada desafio é parte da vida de um obreiro de longo prazo entre os povos não alcançados. Em algumas partes do mundo é preciso tomar decisões focadas, dependendo do caso (testamento sobre decisões difíceis, como os filhos, bens, repatriação de corpos). Outro tema de discussão é o quanto acompanhamos os obreiros na mudança de campo ou de ministério, discernindo juntos o fim de etapas. Isso porque classicamente sabemos quando chegar, mas não quando sair do campo – às vezes nos tiram! – ou simplesmente acabou sua participação no campo (discernir nossas etapas

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no campo). Quando assumimos responsabilidades há 25 anos não nos pareciam tão importantes esses assuntos, mas agora são temas de discussão e reflexão entre colegas.

3.2.4 Apresentação regional: subcontinente indiano

Conferencista: Allan Matamoros. Diretor de Campo da COMIBAM.

Que oportunidade de colaboração existe na Índia para obreiros latinos? Ou: há afeição pelo obreiro estrangeiro? No ano 2000 estivemos na Aliança Evangélica em Aguazo, com um renomado líder de Índia, que pediu que não se enviassem mais obreiros missionários à Índia e que deixassem a igreja indiana por um tempo. Isto nos chocou muito naquela época porque os indianos são fonte de oração até hoje. Com o passar dos anos, falando com a Associação Missionária da Índia, o que acontece é que o esforço missionário protestante na Índia se tem focado nas castas baixas e nas tribos. Assim, o grosso da igreja local na Índia é de castas baixas. “Nós levamos 200 anos recebendo obreiros nestas castas, que talvez representem a metade do país, e as organizações insistem em enviar missionários ali, onde, com suas dificuldades, a injustiça vai crescendo; ali talvez nós sejamos os melhores interlocutores”. Isso não significa que a tarefa já tenha terminado. Vemos e desejamos que vamos fazer o mesmo com a outra metade do país, a das castas altas. Entendem que ainda que eles se oponham, a igreja e as organizações continuarão enviando obreiros às castas baixas. Só que agora a metade do país (generalizando) é de classe média, classe alta hinduísta e os quase um milhão de muçulmanos, e segundo a Associação Missionária da Índia, existem quase 100.000 obreiros nacionais, dos quais talvez 100 estejam entre muçulmanos. A verdade é que não temos medido o impacto da igreja nacional, que é forte. Precisamos atender esta população (um dado curioso é que há mais classe alta na Índia que nos Estados Unidos). Eles têm uma classe média em crescimento e ainda não alcançada.

Temos, então, estes 200 milhões de muçulmanos, que farão com que nos próximos 10 anos a Índia se transforme no país número 1 do Islã (superando a Indonésia). Ali sim eles gostariam de ver obreiros latino-americanos como colegas para juntos alcançarem as classes média e alta, e os muçulmanos. Sem dúvida, isto modifica o perfil de candidatos, sobretudo os desafios dos vistos, que já são difíceis para conseguir uma permanência (trabalho, negócios, outros). Temos que avaliar a forma pela qual nos mobilizamos, capacitamos e enviamos ao campo para sermos mais efetivos. Isto contrasta com as pessoas que estão sendo capacitadas para evangelizar muçulmanos. E deveríamos aproveitar os muçulmanos que já estão vivendo em nossos países. Se por alguma razão abandonarmos o subcontinente indiano, estaremos descuidando o berço do hinduísmo e o futuro geográfico do Islã, dito de outra forma. Entre o Paquistão e Bangladesh está uma população com pouco mais de 1,5 a 1,6 bilhão de muçulmanos, onde vive quase a metade das pessoas que professam o Islã no subcontinente indiano. Deixo isso como um chamado a todos.

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Outro tema são os muçulmanos da diáspora, espalhados por todo o mundo. Dentro do mercado de recrutamento de obreiros, temos impactado uma classe social na Índia, mas uma estratégia seria mobilizar jovens profissionais a estes setores da sociedade e não temos clareza se temos entendido adequadamente esta nova geração de obreiros mais globalizados com os campos missionários. A obra missionária é muito grande e necessitamos de todos, mas agora na América Latina há um setor da sociedade que precisa receber a mensagem (chamado) para ir a estes setores da sociedade em outros países. Quem sabe não estamos chegando a esta geração (Millennials), que são profissionais? Assim, é preciso tomar cuidado para não recrutar apenas pessoas sem formação profissional, que não poderão conectar-se com as classes alta e média. Esta nova geração precisa ter seu chamado e responder à palavra de Deus assim como fizemos em nossa época. Deus pode utilizar todo tipo de pessoa. Temas que saíram durante a consulta “pensando na juventude”:

Espiritualidade diferente;

Profissionais cristãos;

Falam dois a três idiomas;

Não estamos chegando aos jovens;

Como podemos seguir transformando em todos os âmbitos da sociedade;

Como treinar esta nova geração, menos focada em processos e mais prática nas ações. Os jovens profissionais, em algumas ocasiões, não podem suportar a burocracia e as exigências de igrejas e agências para sair a campo. Exemplo são os mochileiros que têm a energia e o desejo; estes se vão sem que a igreja os envie;

Como nos comunicamos, como mobilizamos esta geração que não responde da mesma maneira, que está conectada em todo o mundo (redes sociais etc.). Precisamos pensar como chegar a todos esses focos de influência, onde ainda se pode influenciar através desta geração que está bem conectada entre eles;

Movimento para mobilizar jovens. Nos últimos anos estão sendo levados grupos de curto prazo. Os jovens têm a característica de provar, desfrutar. Talvez não estejam pensando de ficar a longo prazo, mas há uma sede de pôr seus talentos em prática. Na Argentina estão recebendo jovens entre 14- 15 anos no serviço.

3.3. DIA 3 3.3.1. Devocional 3: Fundamentos bíblicos do Envio

Conferencista: Dr. Levi de Carvalho. Diretor de Investigação da COMIBAM

Quero comentar várias coisas que têm sido faladas nestes dois últimos dias.

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1. Evangelismo nos estratos altos da sociedade: escalar os status mais altos da sociedade. Falou-se da Índia, por exemplo. A maneira como falamos à alta sociedade revela que não pertencemos a ela, revela que aquelas pessoas têm outra mentalidade, não pensam como nós e somos ingênuos se pensamos que podemos alcançá-los com as mesmas estratégias. Se pensamos assim, estarão nos vendo como meninos, ingênuos. Temos que considerar que eles enviam seus filhos para estudarem no ocidente, onde são expostos à mensagem do cristianismo. Eles conhecem o cristianismo, então não pensemos que estamos levando a eles algo novo;

2. Falta liderar um movimento intencional para chegar aos corações destes filhos de poderosos, que enviam seus filhos para estudar no ocidente. Temos que mudar nossa abordagem;

3. Os jovens. O que acontece é que em nossa sociedade temos meninos discipulando (pastoreando) meninos (serão sempre meninos). O problema não é a idade; é a falta de maturidade. No ocidente inventamos a adolescência e os adolescentes seguem o que lhes ensinaram, “que sejam rebeldes”. Em algumas culturas os adolescentes são considerados promotores de mudança e se menospreza a sabedoria dos mais velhos, mas isto ocorre somente no ocidente; em outras culturas isto acontece totalmente ao contrário. E muitos missionários se enganam ao evangelizar diretamente esses jovens nestes contextos (onde se respeita a sabedoria dos adultos), cometendo muitos erros. Criam problemas na estrutura social e na família e, ao contrário de atrair, criam rejeição ao cristianismo. É um problema enviar meninos missionários ao campo;

4. Dedicamos ênfase exagerada à tecnologia digital nestes dias, crendo que com ela vamos alcançar os jovens e resolver nossos problemas missionários. Como antropólogos, confundimos “o interior com o exterior”. A tecnologia é casca, não é coração. Por que os jovens se comunicam tanto hoje em dia? Porque buscam uma comunhão verdadeira e não a encontram; “muitos contatos, mas poucos amigos”. Quando se reúnem não conversam uns com os outros e sim com pessoas que não estão com eles na reunião. Por que os jovens leram os livros de Harry Potter (livros de 500 páginas), mas se lhes damos uma tarefa de várias páginas não a leem? Na realidade não temos analisado isso adequadamente. Os jovens gostam de imaginar o que leem e não que lhes aborreçam. O desafio para os missionários é aprender a contar histórias. Deus conta histórias, Jesus conta histórias. A ênfase na juventude só existe no ocidente. No resto do mundo não é igual. Uma pessoa nos disse que em toda a vida discipulou jovens e segue discipulando jovens;

5. Submissão, hierarquia, coesão social e familiar. Nós ocidentais já não sabemos o que é isto. Os grupos étnicos temem que cheguemos para dividir a sociedade e colocam barreiras à chegada dos cristãos. Falamos uma e outra vez no nome de Jesus e não sabemos o que significa ou realmente para que serve. Precisamos entender processos de mudança. Somos ingênuos se pensamos que as mudanças que ocorrem em nossos contextos vão-se reproduzir no campo. Não entendemos como se dá o processo de discipulado em contextos transculturais. Sabemos destes lugares pelo que nos ensinaram em teologia e missiologia, mas são versões narcisistas.

Lucas 14. É um texto simples, sem complicação. Jesus e a terceira chamada

14 1Aconteceu que, ao entrar ele num sábado na casa de um dos principais fariseus para comer pão, eis que o estavam observando. 2Ora, diante dele se achava um homem hidrópico. 3Então, Jesus, dirigindo-se aos intérpretes da Lei e aos fariseus, perguntou-lhes: É ou não é lícito curar no sábado? 4Eles, porém, nada disseram. E tomando-o, o curou e o despediu. 5A seguir, lhes perguntou: Qual de vós, se o filho ou o boi cair num poço, não o tirará logo, mesmo em dia de sábado? 6A isto nada puderam responder.

Aí temos Jesus aceitando o convite de um líder religioso; estava rodeado e sendo observado por eles. No versículo 7 Jesus também os estava observando. É preciso entender isto: “um olhando o outro, observando-se”. Sempre devemos aprender a observar o que está além dos olhos. Jesus (o convidado) confronta o anfitrião e os convidados, incomodando-os com suas perguntas e atitudes. Costuma-se acreditar que o cristão deve ser uma pessoa educada, fina, amável, politicamente correta.

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Jesus observa que todos estão sentando-se e os aconselha a observarem sua honra antes de se sentarem para que não aconteça que venha um merecedor de mais honra e lhe digam para sair dali. As culturas do Oriente Médio são de honra e vergonha; eles entendem melhor isto. Jesus primeiro se dirigiu ao círculo mais externo (o homem que não estava convidado), depois às pessoas de um círculo mais interno (os convidados) e, por último, ao círculo mais íntimo (anfitrião). A reflexão está baseada no que se passa no interior (anfitrião) e que talvez esteja oculto a seus olhos.

7Reparando como os convidados escolhiam os primeiros lugares, propôs-lhes uma parábola: 8Quando por alguém fores convidado para um casamento, não procures o primeiro lugar; para não suceder que, havendo um convidado mais digno do que tu, 9vindo aquele que te convidou e também a ele, te diga: Dá o lugar a este. Então, irás, envergonhado, ocupar o último lugar. 10Pelo contrário, quando fores convidado, vai tomar o último lugar; para que quando vier o que te convidou, te diga: Amigo, senta-te mais para cima. Ser-te-á isto uma honra diante de todos os mais convivas. 11Pois todo o que se exalta será humilhado; e o que se humilha será exaltado.

Jesus fala ao anfitrião, dizendo que talvez tenha convidado as pessoas erradas, hipócritas, bandidos, mafiosos. O fato ocorre num ambiente de hipocrisia social, em que uns serviam aos outros para ganhar recompensas. Se, porém, você quiser agradar a Deus, imita os mancos, pobres, cegos e coxos; como não o podem recompensar, Deus o recompensará.

15Ora, ouvindo tais palavras, um dos que estavam com ele à mesa, disse-lhe: Bem-aventurado aquele que comer pão no reino de Deus. 16Ele, porém, respondeu: Certo homem deu uma grande ceia e convidou muitos. 17À hora da ceia, enviou o seu servo para avisar aos convidados: Vinde, porque tudo já está preparado. 18Não obstante, todos, à uma, começaram a escusar-se. Disse o primeiro: Comprei um campo e preciso ir vê-lo; rogo-te que me tenhas por escusado. 19Outro disse: Comprei cinco juntas de bois e vou experimentá-las; rogo-te que me tenhas por escusado. 20E outro disse: Casei-me e, por isso, não posso ir. 21Voltando o servo, tudo contou ao seu senhor. Então, irado, o dono da casa disse ao seu servo: Sai depressa para as ruas e becos da cidade e traze para aqui os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos. 22Depois, lhe disse o servo: Senhor, feito está como mandaste, e ainda há lugar. 23Respondeu-lhe o senhor: Sai pelos caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar, para que fique cheia a minha casa. 24Porque vos declaro que nenhum daqueles homens que foram convidados provará a minha ceia.

A história se desenvolve em meio a vários chamados e vários convidados por um servo. Podemos ver, ao mesmo tempo, a ira e a misericórdia de Deus. O primeiro convite se desenvolve com os primeiros convidados, que deram diferentes desculpas. O primeiro comprou um campo, o segundo comprou bois e o terceiro acabara de se casar. O servo regressa, informando essas coisas. Segundo convite. O anfitrião convida, então, os mancos, cegos e coxos, pobres, para que venham a seu banquete. Assim é feito, mas ainda há lugar. Terceiro convite. O servo vê os convidados pelos caminhos e atalhos e os força a entrar para que encham a casa. Estes seriam os gentios, os desprezados. Os teólogos estão tratando de entender o que significa “forçá-los a entrar”, que está em contraste com os primeiros convidados, que não são forçados a entrar. Um pouco de reflexão nestes tempos de globalização da desigualdade, em que muitos de nós corremos o risco de fazer uma missão seletiva. Um grave problema de nossos dias é o “igre-classicismo narcisista” (igreja classista ou seletiva), que está ganhando força cada vez mais. Pessoas que não conhecem pessoas e ditam a outros como fazer missões. Isso faz lembrar uma frase de George Orwell, que disse que “todos somos iguais, mas alguns são mais iguais que outros”. É o lema da globalização. O melhor negócio de hoje é a miséria, enquanto a melhor estratégia cristã é a misericórdia. Havia desigualdade social no tempo de Jesus; os banquetes eram para os poderosos A sociedade hispânica está dividida entre os grandes poderosos e os fracos, grandes e pequenos. Até hoje não mudou. O convite para um casamento se realizou em dois tempos. Em um dos momentos o servo foi comunicar o convite para um banquete e dar aos convidados tempo de preparar sua vaidade, sua hipocrisia. O segundo momento era o dia do banquete; o servo voltou a convidar e se realizaria um desfile dos convidados pela

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rua, mostrando sua vaidade e seu orgulho e, chegando ao banquete, fariam o que sabiam fazer muito bem, “hipocrisia recíproca”. Os novos convidados, porém, não conhecem regras de etiqueta para comer, não têm as roupas adequadas. Jesus está observando e conta esta história; vai ao ponto nevrálgico. Jesus os confronta; salva o homem (v.4), os desafia (v.6), censura seu narcisismo, critica seu jogo político (convidar para ser convidado, favorecer para ser favorecido) porque naquela época havia distribuição seletiva da Palavra e se desprezava os cegos, mancos e coxos. No primeiro convite, dos versículos 16 ao 20, parece que estes homens se colocaram de forma a envergonhar o anfitrião. Pela negativa banal de cada convidado, ninguém queria ir. Tudo está preparado, as escusas e desculpas são falsas e o servo traz essas más notícias. O segundo convite chega aos pequenos, aos piores da cidade, aos miseráveis (v.21-22), que nunca seriam convidados para um banquete. É uma surpresa para eles, que só existiam para aplaudir os grandes e, de repente, são convidados para o banquete. Pensando em como seria uma festa com mancos, coxos e cegos, uns precisando dos outros (alianças estratégicas), vejo que isso somos nós. Somos convidados a participar. Depois chega o servo com uma informação excelente: “Senhor, as pessoas vieram, mas ainda há espaço!”. Isso resulta em uma observação do servo: “Senhor, se queres, saio uma vez mais; estou disposto a caminhar a segunda milha, se isso o alegra, para encher a casa”. No terceiro convite, o anfitrião pede ao servo que vá ao mundo não judeu, que é menosprezado; os miseráveis aos miseráveis, pessoas desprezadas, ao mundo gentio para que encham sua casa. Assim funciona a missiologia seletiva. A chave desta parábola, que está escondida, como é típico no pensamento judeu, é o servo. Sem o servo não há banquete, porque é o servo que faz o convite. Que tipo de servo enviado é este? 1) Obediente; 2) Conhece seu senhor; 3) Quer ver seu senhor contente; 4) Está disposto a caminhar a segunda milha; 5) Não tem preconceito (os grandes e os pequenos, os de dentro e os de fora); 6) É observador (há vazios no banquete); 7) Sua força está no prazer de seu Senhor (por fim entendeu que “o gozo do Senhor é minha força”,

“enquanto meu senhor não estiver contente não posso descansar” e “ao vê-lo contente, recebo forças para ir onde quer que seja para convidar pessoas para que cheguem ao banquete e façam com que meu Senhor fique contente”).

A pergunta é: onde estão estes servos? Porque são estes servos que o Senhor envia para fazer o convite. Que tipo de servos são? O prazer do Senhor não é bem entendido pelos ocidentais. O servo conhece seu Senhor e, por conhecê-lo, quer vê-lo contente, e para ver seu Senhor contente, está disposto a caminhar a segunda milha e fazer mais que a obediência. O missionário tem fé; a obrigação não é missionária. Não tem preconceito. Primeiro vai aos de dentro para depois ir aos de fora; se não vai aos de dentro, não tem autoridade para ir aos de fora, porque o Senhor não vai enviá-lo. O missionário tem que ser observador; se não for, será enganado e não o respeitarão. Tampouco verá oportunidades de ministério e de missões. O prazer do Senhor é fruto. Ganha forças para ver o Senhor contente; “o Senhor conta comigo para que se encha sua casa”. Agora, quantos de nós estamos dispostos a levar o convite para o banquete de Deus aos grupos étnicos? Eu só estou repetindo o convite. Para que se encha a casa, o Senhor nos convida a convidar. Agora, onde estão estes servos que imitam o caráter de Jesus? Há pessoas que não tem ido e há pessoas que têm o direito de entrar, porque

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foram convidadas por seu Senhor. O que acontece é que falta gente para levar o convite. Onde estão estes servos? Enviar é mais complexo do que parece, mas é também mais simples.

3.3.2. Apresentação e análise dos resultados da investigação – Fase 1 e 2

Conferencista: Dr. Levi de Carvalho. Diretor de Investigação da COMIBAM

O Congresso Missionário Ibero-americano, realizado em Granada, Espanha, no ano de 2006, trouxe à luz os resultados de uma investigação feita com obreiros da Ibero América que estão trabalhando em todo o mundo. Obreiros representativos dos mais diversos segmentos eclesiásticos ibero-americanos — homens e mulheres, solteiros e casados, veteranos e novatos, trabalhando em diversos ministérios (plantação de igrejas, tradução da Bíblia, desenvolvimento comunitário, capacitação de líderes) ao redor do mundo — se dispuseram a ajudar-nos a entender seu pensamento e seu sentimento em relação à obra missionária, começando por seu chamado, passando por sua capacitação e envio, até chegar ao campo. Discutir "pontos fortes e fracos" está na base de um projeto mais amplo de prover informação missiológica estratégica para que o movimento missionário ibero-americano encontre os melhores caminhos para servir o Senhor entre as nações. Tanto os que enviam como os que são enviados precisam escutar os que recebem os obreiros no campo. É por esta razão que foi realizada a Fase II do projeto de investigação iniciado em 2006.

TRÊS FASES Desde o início, o coordenador propôs que o projeto de investigação fosse executado em três fases se o que se pretendia era entender a missão ibero-americana a partir de uma perspectiva caleidoscópica: Fase I - Obreiros de campo Fase II - Receptores Fase III - Estruturas de envio REPORTE COMIBAM FASE II São três as perspectivas dos atores humanos, a partir dos quais se pode ver a missão — enviadores, obreiros e receptores —, as quais precisam ser levadas em conta, tanto em sua totalidade como em sua especificidade. Com isso se consegue traçar um quadro amplo e revelador de suas forças e debilidades, precisamente o objetivo declarado da COMIBAM, a partir do Congresso de 2006. FASE I Diversos temas foram abordados na Fase I, que esteve focada nos obreiros de campo. Fizemos a eles perguntas sobre assuntos variados, dentre os quais os seguintes:

Chamamento à obra transcultural;

Experiência prévia ao campo;

Relação com os líderes das igrejas;

Apoio por parte de igrejas e familiares;

Capacitação;

Comunicação;

Questões de sustento;

Choque cultural;

Supervisão de campo;

Relações com os governos e os nacionais;

Relações com as igrejas autóctones;

Relações com colegas de campo;

Educação dos filhos;

Mulher e missão;

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Família e missão;

Solteiros e missão;

Crise e enfermidades;

Stress e descanso;

Disciplina espiritual;

Benefícios (planos de saúde, aposentadoria). REPORTE COMIBAM FASE II Vale recordar que o reporte da Fase I foi apresentado aos participantes do Congresso de Granada 2006 e discutido por eles. Depois disso, diversos movimentos nacionais discutiram os resultados, em alguns casos com a presença do coordenador do projeto. O objetivo foi assimilar os resultados, discutir suas implicações e apontar sugestões de mudanças na estratégia missionária a partir da Ibero América em relação a recrutamento, capacitação, envio, sustento e supervisão do trabalho no campo, além de questões de regresso definitivo a seus países de origem. FASE II Completada a Fase I, se fizeram planos para executar a Fase II, a qual está focada nos receptores, ou seja, os líderes nacionais em locais onde há obreiros ibero-americanos em atuação. Nosso desejo era escutar suas opiniões sobre a atuação dos obreiros. Queríamos escutar, com respeito, o que eles tinham a nos dizer – ainda que pudéssemos surpreender-nos com algumas de suas críticas (ou elogios). Além de ouvir os líderes nacionais, perguntamos a eles quais obreiros ibero-americanos eles recomendam por seu bom trabalho. Assim, também fizemos uma pesquisa para colher as perspectivas de obreiros ibero-americanos recomendados, sobretudo por sua relação com líderes nacionais e pelas questões culturais e estratégicas pertinentes a seu trabalho. Baixe o reporte da investigação por meio deste link, que corresponde ao material apresentado pelo Dr. Levi. http://www.comibam.org/wp-content/uploads/2016/08/Informe-Investigacion-Fase-II.pdf 3.4 CONCLUSÕES E PRÓXIMOS PASSOS Os assistentes foram consultados acerca do seguinte: Temas que o impactaram:

A sinceridade da reflexão;

Os devocionais de Levi;

A realidade do Cáucaso, estratégias, oração e apresentações;

A importância e a atenção que se dá aos missionários e à evangelização dos não alcançados;

A necessidade do discipulado no processo missionário que foi demonstrado;

O informe da realidade e oportunidade entre etnias não alcançadas;

O trabalho por mesas;

A variedade de pessoas e os testemunhos dos missionários, os testemunhos dos missionários velhos e as conversas pessoais;

A ênfase ao discipulado do candidato, crescimento e maturidade;

Permitiu-me um espaço de reflexão sobre nosso movimento missionário e me desafiou a dar passos de ação concretos;

Ver o coração dos latinos bater pelos povos não alcançados;

O reporte da investigação fase II;

Aprender a olhar além do que os olhos alcançam;

A reflexão sobre como sensibilizar a geração emergente e a importância da profissionalização dos processos das agências;

O ciclo de vida do obreiro.

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Passos de ação que devemos considerar:

Preparar- implementar- avaliar;

Divulgar-capacitar- conectar;

Estratégias para o recrutamento no Cone Sul, uma estratégia no discipulado e no processo do candidato, uma avaliação séria do missionário no campo;

Mais contato e ajuda das igrejas;

Mais ênfase ao discipulado;

Ser mais intencional nas coisas que faço;

Pôr em prática as mudanças que demandam investigação, dedicar ênfase ao discipulado, atualizar-nos;

Compartilhar a informação com a equipe de minha agência;

Conduzir ações em conjunto com a agência, em cada área de operação, para avaliar o projeto missionário de minha igreja;

Orar e pedir direção a Deus, preparar a igreja e a liderança, colocar em ação os propósitos de ir aos não alcançados e aos refugiados, e ajuda mútua entre as equipes;

Utilizar a informação para melhorar e aprofundar a capacitação; minha vida foi impactada e me desafiou a melhorar, a obedecer e mais, a incluir outros na tarefa que conheci aqui;

Revisar os processos de envio, mobilizar o discipulado, melhorar os relatórios de envio de dinheiro aos missionários e a comunicação com os missionários no campo, melhorar o discipulado em minha igreja, dar uma boa orientação aos candidatos, preparar trabalhadores de campo para receber os latino-americanos, contatar-se com novos contatos;

Dedicar mais tempo à leitura e análise do processo de envio, investir mais tempo no candidato, calendarizar a comunicação com os candidatos;

Escutar e colaborar na formação de estruturas/agência de envio latina, revisar o processo de solicitação e de envio do missionário, fortalecer o processo de discipulado e programas de curto prazo;

Facilitar o estudo da FASE II, animar as lideranças para que dialoguem;

Revisar programas de capacitação, investigar todos os grupos esquecidos, desafiar pessoas chave para alcançar grupos esquecidos;

Garantir a interação entre igreja-centros de capacitação-agências de envio, levar em conta a investigação, superar e corrigir os erros;

Melhorar o envolvimento com o obreiro que regressa do campo, melhorar a relação entre as agências, aprender mais sobre o T.C.K. KIDS;

Reproduzir aspectos concretos e dinâmicos desta consulta na que vamos realizar em 2017 na Costa Rica, aplicar o estudo da fase II, buscar empresários para desafiá-los a investir em missões, considerar mais os líderes e receptores em nosso processo de recrutamento e envio de candidatos para que seja mais efetivo;

Orar sobre como alcançar os níveis altos, orar pelo Cáucaso, compartilhar em Bogotá com os missionários latinos;

Dedicar mais ênfase ao caráter do obreiro em sua formação, revisar o processo de mobilização e levá-lo mais ao nível da igreja local, de onde saem os obreiros, criar mais materiais audiovisuais para mobilizar e capacitar em favor de missões;

Falar com um centro de capacitação se há flexibilidade para alianças com os candidatos. Aceitar convites/falar com alunos universitários. Dar seguimento aos resultados da investigação e levá-los à ação, com as agências missionárias;

Trabalho de investigação, melhorar o discipulado, trabalhar mais para melhorar as alianças;

Comunicar e conectar com as etnias não alcançadas, conectar-me com outros ministérios, promover o Cáucaso, trabalhar com RMM.

Temas mais relevantes:

Discipulado, os filhos no campo, seu destaque na igreja e na missão, ser plenos para ser testemunhas, a direção de sua vontade nos obreiros, projetos na igreja, revisar o recrutamento dos obreiros nas agências, revisar o currículo dos centros de capacitação, revisar o tema dos obreiros-regresso-retiro, cuidado do obreiro no campo;

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Modelos de experiências de envio, aprofundar a teologia de envio, oportunidade para novos obreiros, atualização da capacitação missionária, encorajar o trabalho em forma multidisciplinar e com várias organizações. Infraestruturas nacionais de envio e a auto teologização;

Focar-se nos tópicos onde não temos crescido, capacitação missionária, importância da aprendizagem da língua materna, a importância do trabalho em equipe, o missionário como servo;

Promover o diálogo entre igreja-agência-missionário-campo;

Comparar as investigações latinas com as investigações asiáticas, europeias e africanas, comparar as semelhanças e as diferenças e aprender com elas para melhorar e avançar;

Financiamento e negócios como base do suporte de envio, reciclagem, T.C.Ks e seguimento de processos de envio, globalização e suas consequências nos processos de envio; discipulado bíblico (não ocidental), alcançando grupos esquecidos, gestão de conflitos no campo, investigação de campo para novos projetos;

Importância da preparação do obreiro, responsabilidade de cuidado do obreiro; como a igreja pode melhorar a capacitação e o discipulado para que saiam melhores missionários;

Apresentar necessidades em áreas pouco conhecidas do mundo, apoio e hospedagem aos perseguidos e refugiados, maior atenção e apoio aos missionários que estão em lugares hostis e perigosos, retorno parcial e total do missionário;

Incluir disciplinas espirituais relacionadas com o discipulado em todos os níveis da área, trabalhar os temas mais negativos na fase II das investigações, como servir à igreja para fortalecer sua saúde para missões;

Janela 4/14, ministério esportivo, a diáspora, as nações estão nas grandes cidades e precisamos ter disposição para alcançá-las;

Levantamento de fundos para estes eventos, como responder em meio à crise, como trabalhar juntos o caráter do obreiro;

Como alcançar, influenciar e mobilizar a geração jovem emergente de maneira relevante, como ampliar o ciclo dos obreiros e sua longevidade, como discipular a partir da igreja, centros de capacitação aos obreiros.