Construindo a Socioeconomia Solidária do Espaço Local ao ... · e Socioeconomia Solidárias...

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CASA Coletivo Autônomo de Solidariedade Autogestionária Construindo a Socioeconomia Solidária do Espaço Local ao Global Encontro Latino de Cultura e Socioeconomia Solidárias Porto Alegre, 02 a 09 de agosto de 1998 Série: Semeando Socioeconomia - nº 1

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CASAColetivo Autônomo de

Solidariedade Autogestionária

Construindo

a Socioeconomia Solidária

do Espaço

Local ao Global

Encontro Latino de Culturae Socioeconomia SolidáriasPorto Alegre, 02 a 09 de agosto de 1998

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Construindo a

Socioeconomia Solidária

do Espaço Local ao Global

Encontro Latino de Cultura e Socioeconomia SolidáriasPorto Alegre, 02 a 09 de agosto de 1998

Série: Semeando Socioeconomia - nº 1

CASAColetivo Autônomo de

Solidariedade Autogestionária

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Ficha Técnica:

PACS - Instituto Políticas Alternativas para o Cone SulCNPJ.: 31.888.076/0001-29Av. Rio Branco, 277 / 1609 Centro CEP 20.040-009 Rio de Janeiro/ RJTelefax: (0xx21) 2210-2124Correio Eletrônico: [email protected]ítio do PACS: www.pacs.org.brSítio do Pólo de Socioeconomia Solidária: www.socioeco.org

CASA Coletivo Autônomo de SolidariedadeAutogestionária, Rio Grande do Sul, BrasilFrank Volcan - Luis Antônio Pinheiro Correio Eletrônico: [email protected]

Série: Semeando SocioeconomiaNº 1 - Encontro Latino de Cultura e Socioeconomia Solidárias Construindo a Socioeconomia Solidária do Espaço Local ao Global

Equipe Técnica:Marcos Arruda, Sandra Quintela, Ruth E. Soriano Souza

Redação: Participantes do Encontro Latino de Culturae Socioeconomia Solidarias - Porto Alegre, agostode 1998.

Revisão:Lycia Ribeiro

Projeto Gráfico e Capa:Gabriela Caspary Corrêa

Fotolito: Impressão:Pigmento Teatral

Apoio:Fundação Ford Fundação para o Progresso Humano

ENCONTRO LATINO DE CULTURA E SOCIOE-CONOMIA SOLIDÁRIAS, 1998, Porto Alegre.

Construindo a socioeconomia solidária, doespaço local ao global.; relatório do encontro,redigido pelos participantes do encontro. Rio deJaneiro, PACS – Instituto Políticas Alternativaspara o Cone Sul/CASA – Coletivo Autônomo deSolidariedade Autogestionária, s.d.

80p. (Série: Semeando a Socioeconomia, 1).

Socioeconomia Solidária. I. PACS – InstitutoPolíticas Alternativas para o Cone Sul. II. CASA –Coletivo Autônomo de SolidariedadeAutogestionária. III. Título. IV. Série.

ISBN 85-89366-07-3

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Apresentação 05

Conceitos

Precisando _________________________________07Socioeconomia _____________________________07Trabalho___________________________________09Educação __________________________________11Desenvolvimento Local ______________________13Solidariedade ______________________________15Cooperação ________________________________16O Feminino e a Nova Cultura _________________16Poder _____________________________________17Outros Conceitos ___________________________18

Estratégias

Geral _____________________________________19Desenvolvimento Local ______________________20Comercialização ____________________________23Instrumentos Financeiros_____________________25Organização, Redes e Comunicação____________26Educação, Formação e Desenvolvimento Pessoal_28Assessoria e Serviços ________________________29

Sumário

Táticas

Grupo Comercialização ______________________31Grupo Assessoria e Serviços __________________31Grupo Educação ____________________________31Grupo Sindicalismo-Produção Urbana-Produção Rural _______________32Grupo Crédito ______________________________33Grupo Desenvolvimento Local_________________34Grupo Aliança Século XXI ____________________35

Anexos

Carta Porto Alegre __________________________37Entidades Participantes _____________________39Lista de Participantes _______________________40

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Este documento de trabalho tem como finali-dade compartilhar entre todos nós, que parti-cipamos do Encontro de Porto Alegre, e cominúmeras outras pessoas e entidades que nãoestiveram presentes nele, um resumo dasidéias, propostas e planos que emergiram doEncontro e que nos comprometemos a pôr emprática a partir daquela data.

O Encontro foi um evento humanamentemuito rico. Influiu positivamente na vida demuitos de nós. Deixou marcas profundas egerou laços que têm se estreitado ao longo dotempo que o sucedeu. Mas muito mais precisaser feito para colocar em prática tudo aquiloque nos comprometemos a realizar.

Nós o chamamos Documento de Trabalhoporque não é um texto terminado, mas emprocesso de elaboração coletiva. Pretendeapenas mostrar até onde havia chegado nossa

reflexão naquele momento, e quais os compro-missos que assumimos visando dar seguimentoao Encontro. Enfim, quais os passosnecessários para tecer, paciente e persistente-mente, uma Rede de Socioeconomia Solidáriaem nível de cada país, do continente e doplaneta. Ficou evidente que a Aliança por umMundo Responsável e Solidário oferece um con-texto favorável para essa construção.

Desde a data do Encontro, muitas iniciativasforam tomadas. Temos buscado compartilhá-lascom todos e todas, sobretudo por correioeletrônico. Estamos dispostos a dar quaisquerdetalhamentos aos que se interessem, bastan-do para isto que nos escrevam.

O Capítulo Conceitos sintetiza a definiçãoque elaboramos conjuntamente de alguns dostermos-chave da Socioeconomia Solidária. Deum modo bastante explícito eles servem de

ApresentaçãoEncontro Latino de Cultura e Socioeconomia Solidárias

Porto Alegre, 02 a 09 de agosto de 1998.

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enunciado dos próprios objetivos da propostade uma Rede. As definições que apresentamossão apenas tentativas, fundadas na nossaexperiência e reflexão, abertas a toda con-tribuição de parceiros e parceiras que visemenriquecê-las e aprofundá-las.

O Capítulo Estratégias enuncia as diretrizes demédio e longo prazo que definimos como cami-nhos privilegiados visando a realização dos nossosobjetivos. Têm dupla utilidade. Servem de guiatanto para as entidades participantes, no âmbitoespecífico das suas ações, quanto para a Redecomo um todo. Esperamos que os futuros En-contros que realizarmos, seja em nível temático,em nível dos países, regiões ou planeta, vão in-cluindo nos seus programas uma avaliação destacaminhada e um planejamento que implique nacorreção dos seus rumos e no detalhamento dasua implementação, de modo a adequá-las à rea-lidade de cada país e de cada campo temático.

O Capítulo Táticas formula os passos imediatose específicos a dar no sentido de ir realizandono cotidiano a caminhada enunciada nosConceitos e nas Estratégias. As repetições que

existem no texto resultam de termos buscadoser fiéis ao relatos dos grupos, e revelam umagrande convergência de perspectivas entre eles.

Lamentamos o atraso na publicação destedocumento. Sabemos que vem causar prejuízopara o conjunto dos participantes e para o movi-mento de construção da Rede. Convidamostodas e todas a ler o documento com atenção ediscuti-lo com seus companheiros e compa-nheiras de trabalho. Gostaríamos de pedir-lhespara compartilhar com toda a Rede as iniciati-vas que decidam tomar para implementar essasdiretrizes de ação. Os meios de elaboração e decomunicação disponíveis hoje são muitos: fichassintetizando idéias, textos e experiências,informes de atividades, artigos, bibliografiascomentadas, etc., que podem ser comparti-lhadas por correio comum ou eletrônico, mais ossítios da Internet, como o do PACS/PSES, o daAliança, o de Ecoconcern, e outros.

Estamos disponíveis para servir de referênciapara a divulgação de suas opiniões, comen-tários e sugestões para toda a Rede.

PACS E CASA, Janeiro de 2000

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Precisando

Cumpre ressaltar, inicialmente, que muitosconceitos carregados de conteúdo libertadorsão apropriados pela cultura capitalista, quepassa a usá-los, mas esvazia-os do seu conteú-do original. Por isso a importância de recriá-lospermanentemente. Nosso esforço no Encontro,incorporado neste documento de trabalho,visou refletir juntos sobre os termos socioe-conomia, trabalho, educação, desenvolvimentolocal, solidariedade, cooperação, feminino,poder, dando-lhes um conteúdo conceitualcoerente com a visão e os princípios que orien-taram o Encontro.

Socioeconomia

n A Socioeconomia Solidária, em suas maisdiversas formas, é um modo de viver que abar-ca a integralidade do ser humano.

n Adotamos este termo porque ele designa asubordinação da economia à sua finalidade, queé prover, de maneira sustentável, as bases mate-riais para o desenvolvimento pessoal, social eambiental do ser humano.

n O valor central da socioeconomia é o traba-lho humano, não o capital e sua propriedade. Aoacolher e integrar de uma só vez cada pessoa etoda a coletividade, a socioeconomia resgata adimensão feminina que está ausente da econo-mia centrada no capital e no Estado.

n A referência da socioeconomia é cadasujeito e, ao mesmo tempo, toda a sociedade,concebida também como sujeito. Portanto, aeficiência econômica não se deixa limitar pelosbenefícios materiais de um empreendimento,mas se define em função da qualidade de vida eda felicidade de seus membros e, ao mesmotempo, de todo o ecossistema.

Conceitos

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n Posta nestes termos, a socioeconomia apre-senta as seguintes exigências:

4 Construir-se a partir do local e do micro,em um processo que venha de baixo e de dentro,até o nível global e macro.

4 Desenvolver tecnologias, metodologias,“a ciência”, além de linguagens e modos derelação interpessoal que sejam coerentes comos seus objetivos.

4 Elaborar a sua própria prática e a suaprópria definição de mercado, incluindo nelas osvalores da solidariedade, da reciprocidade e daco-responsabilidade; e, em decorrência disso,dar um novo conteúdo e sentido ao dinheiro.

4 Alimentar-se por processos educativos quedesenvolvam nos sujeitos a consciência de quesão produtores e consumidores e, além disso,geradores de suas próprias necessidades.

4 Introduzir-se nos programas e currículosdos processos educativos, desde o início dosmesmos e de forma continuada.

4 A consciência de que são os própriossujeitos os geradores de suas próprias necessi-dades se põe como linha estratégica impor-tante à socioeconomia na medida em que, sig-nificando o empoderamento dos sujeitos, lhespermite pôr limites ao seu consumo e viversegundo a ética do suficiente, da frugalidade,da simplicidade voluntária e da co-responsabi-lidade.

4 A Socioeconomia Solidária, como umanova forma de produzir, consumir e distribuir,não teme se propor como alternativa viável esustentável de satisfazer as necessidades dapopulação e da humanidade.

4 A Socioeconomia Solidária está voltadapara o desenvolvimento da ciência, visandoprimeiramente o autoconhecimento do serhumano enquanto pessoa, sociedade e espécie,e o conhecimento da realidade do mundo.Busca também o progresso na aplicação doconhecimento (tecnologia) que interaja deforma não predatória e sustentável com o meioambiente, e que logre libertar cada vez mais otempo de trabalho humano da produção orien-

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tada para satisfazer as meras necessidades desobrevivência.

4 O termo socioeconomia solidária poderiaser ampliado para “socioeconomia recíproca”e, talvez, se irmanar com o conceito de“economia popular”.

4 A Socioeconomia Solidária é fundamentalpara modos de vida que abarquem a integralida-de do ser humano e o respeito ao meio ambiente.

4 Propomos incorporar o solidário no própriotítulo, contrapondo-o ao termo economia demercado, e afirmando assim o modo de relaçãoque caracteriza esta socioeconomia, a soli-dariedade. Portanto, Socioeconomia Solidária.

Trabalho

n Presente na história humana desde o inícioda nossa espécie como a ação das mulheres ehomens buscando responder às suas necessi-dades, o trabalho se incorporou nas sociedadeshumanas como um processo social permanente.

n Ante a confusão de conceitos e termos usa-dos para designar o trabalho, tais como ocu-pação, emprego, etc., rechaçamos a reduçãodo trabalho humano como restrito apenas àsatividades remuneradas pelo mercado, demar-cadas por um horário e limitadas nos compro-missos, normalmente identificadas comoemprego. Reconhecemos a necessidade de res-gatar a raiz histórica do sentido do trabalho ea sua dimensão humanizadora.

n Entendemos assim o trabalho como todaação e processo transformador, criativo, liberta-dor, orientado para o desenvolvimento daprópria pessoa, de outras e da sociedadehumana, pessoal e socialmente responsável, emum sentido integrador de cada um consigomesmo, com cada outro, com a sociedade e coma Natureza.

n Devemos levar em conta que tecnologiasinstrumentais podem tanto estar a serviço dessedesenvolvimento integrador, como estar favore-cendo outros valores e interesses, como os daprimazia do lucro, da exploração predatória deoutros seres humanos e da Natureza. Assim, cum-

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pre criarmos e inventarmos tecnologias apro-priadas e conviviais.

n Passa, portanto, a ser parte de nossadefinição de trabalho toda forma de saber e defazer humano, objetiva e subjetiva, remunera-da e voluntária, pessoal e coletiva. Trabalho éum valor de resposta a necessidades pessoais,comunitárias e sociais, sem que haja a necessi-dade obrigatória de um benefício econômico.Depende da iniciativa de cada uma e de cadaum. Vai mais além da tarefa realizada profis-sionalmente: entra no campo do ideológico, darealização pessoal, da consciência de prestarum serviço a si próprio e à comunidade.

n O trabalho é a forma produtiva ou criativade construir e transformar a realidade que, aomesmo tempo, nos constrói e nos transforma anós mesmos.

n O trabalho, inclusive aquele que é remu-nerado, deve proporcionar satisfação e dig-nidade; deve ser formativo; deve contribuircom a evolução humana, favorecer a coope-ração, ser uma experiência fundamental decidadania responsável e de criatividade. Para

aquelas tarefas em si mesmas insatisfatórias,temos que organizar a sua distribuição equi-tativa.

n O trabalho deve permitir que se exteriori-zem as potencialidades de cada pessoa e cole-tividade, respeitadas a diversidade e as dife-rentes identidades.

n O lazer e o tempo livre são igualmenteimprescindíveis em uma concepção integral dofazer humano: são um contraponto fundamen-tal para o trabalho de desenvolvimento pessoale cultural.

n Constatamos que as formas de trabalhoassociativas e cooperativas integram o prota-gonismo da pessoa, o reconhecimento de seupertencimento a um projeto social e a realiza-ção não só da produção estrita mas também dagestão e da tomada de decisões dentro de umsistema de autogestão generalizada.

n Reconhecemos, ao mesmo tempo, comonecessária e atual a luta pelo emprego digno.E temos que estar alertas para que o nossoconceito de trabalho não sirva ao discurso que

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justifica a exploração auto-assumida e adesistência de direitos históricos dos traba-lhadores, como o direito ao emprego e à remu-neração condigna.

n Existem diversas atividades não remunera-das - tais como o trabalho de inúmeras mu-lheres, adolescentes e crianças — que desem-penham um papel importante, e até fundamen-tal, na sociedade; é necessário e urgentedesenvolver para elas políticas adequadas deremuneração. Identificamos que não apenasbens e riquezas materiais, mas também produ-tos imateriais, culturais, e mesmo a educaçãodos seres humanos, o conhecimento e sua apli-cação, são frutos do trabalho de redes de pes-soas conectadas no tempo e no espaço (traba-lho social). Destacamos, portanto, que medi-ante a democratização dos benefícios decor-rentes dos aumentos da produtividade se pode-ria e deveria remunerar toda e qualquer formade trabalho.

n Propõe-se como necessária uma definiçãodo trabalho a partir de uma visão humanista enão economicista. Por ela o trabalho se põecomo relação essencialmente humana. O tra-

balho humano, ao mesmo tempo, se substanciano estabelecimento de contratos que regulamo intercâmbio entre pessoas, empresas,Estados, nações, e entre elas e a natureza.Portanto, os termos destes contratos devemestar submetidos a uma constante avaliação.Isto nos permitiria uma melhor distribuição dasenergias e dos recursos.

n Além do mais, este intercâmbio haverá deser igualitário em termos de gênero, e susten-tável em termos socioambientais, cabendo àsociedade assumir coletivamente a respon-sabilidade por isso. Buscar a máxima eficiênciado sistema como um todo, e não apenas dapessoa ou da empresa isoladamente.

Educação

n Num sentido libertador, a educação é oprocesso de construção da consciência, dosvalores e das capacidades para o desenvolvi-mento progressivo e permanente das pessoas edas coletividades humanas enquanto sujeitosativos e conscientes de seu próprio desenvolvi-mento pessoal e social e de sua própria edu-

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cação, acolhendo e potenciando toda a diversi-dade humana.

n Trata-se pois de um processo horizontal,continuado e permanente que se dá com basena própria vida e a partir do intercâmbio deexperiências, não meramente nas formas insti-tucionalizadas.

n Assim, definimos como característicasdessa educação:

4 Que se tenha como ponto de partida aprópria vida, o trabalho e o saber acumuladode cada sujeito e da comunidade;

4 Que o processo educativo seja integral,incluindo todos os aspectos da vida e as dimen-sões objetivas e subjetivas do ser humano;

4 Que neste processo se pratiquem todos osvalores humanos inerentes a uma formaçãointegral, tais como a cooperação, a co-respon-sabilidade, a autonomia, a solidariedade e aamizade;

4 Que não seja um aprender “para”, nem se

confunda com aprendizagem técnica, mas queas próprias vivências se convertam em apren-dizagem;

4 Que se ensine a pensar e não o que deve-mos pensar;

4 Que a construção dos currículos e progra-mas seja feita de forma interdisciplinar;

4 Que se construa e se pratique umametodologia coerente com esses objetivos;

n Para tanto, é necessário que as pessoas quese dedicam à educação;

4 Aprendam a partir da convicção de que ossujeitos trazem potenciais de bondade, cons-ciência, entendimento, autonomia e soli-dariedade, e que seu trabalho de educadoresconsiste em ajudá-los a descobrir e a desen-volver esses potenciais;

4 Aprendam a se educar continuamente aolado dos sujeitos, não adiante deles;

4 Sejam capazes de articular a teoria à prática;

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4 Sejam capazes de educar mais pela coerên-cia de suas atitudes e por sua prática do quemeramente por palavras.

4 Esse processo educativo continuado temcomo um dos seus objetivos principais a criaçãode uma mentalidade e prática distintas das atu-ais, de tal modo que se faça possível a cons-trução de uma nova realidade socioeconômica ecultural solidária e sustentável. Pois conside-ramos que essa coerência é um elemento básicode qualquer atividade social orientada para aedificação de uma nova sociedade.

4 Nesse sentido, ressaltamos a importânciade se lutar pela implantação dessa forma deeducação integral em todos os espaços: for-mais, informais e alternativos.

Desenvolvimento Local

n Compreendemos desenvolvimento como oprocesso de pôr em prática os potenciais ine-rentes a cada pessoa e à coletividade humana.Assim entendido, o desenvolvimento só podeter como sujeito a própria pessoa e a coletivi-

dade. Trata-se de um processo qualitativo, emcontraposição ao de crescimento, que tem umcaráter essencialmente quantitativo.

n Desenvolvimento local significa, portanto,o processo de construção consciente, integrale integrador de grupos humanos, e de suatransformação em comunidade cidadã, ativa eparticipativa. Este processo resulta noempoderamento da comunidade.

n Daí ele apresentar as seguintes exigências;

4 Ter como valor básico o respeito à diver-sidade humana e ambiental que o constitui,buscando gerar acordos e consensos ativos edemocráticos, com base no diálogo e na nego-ciação, e não na imposição.

4 Conceber-se como desenvolvimento inte-gral, isto é, que envolve e interconecta cons-cientemente todos os aspectos da vida de cadapessoa e da comunidade, e todas as dimensões,objetivas e subjetivas, materiais e imateriais,que constituem a realidade do ser humano.

4 Conceber-se como desenvolvimento

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sustentável, utilizando os recursos e fontesenergéticas de tal forma a garantir sua reno-vação permanente, e sua viabilidade para asgerações atuais e também futuras.

4 Conceber-se como um processo permanen-temente educativo, de construção de sujeitosconscientes e ativos.

4 Constituir-se como a estratégia de toda apopulação — e não apenas do Estado e dasempresas privadas; portanto, todos devem teracesso aos bens e recursos produtivos e opoder para definir e realizar projetos e darresposta aos problemas, inclusive os que sesituam num nível mais amplo que o local.4 Responder de maneira solidária às neces-

sidades básicas de toda a população - edu-cação, saúde, habitação, segurança, ... -através de uma planificação que abarque todosesses aspectos e dimensões.

4 Articular-se conscientemente com outrascomunidades e nações, respeitando as dife-renças culturais, sociais e econômicas, e bus-cando valorizar a diversidade e articular cria-tivamente as complementaridades.

n A planificação do desenvolvimento localabarca e implica muitos aspectos que se inter-relacionam: produção, intercâmbio, consumo,crédito, saúde, educação, recursos, adminis-tração, etc., exigindo que sejam respeitadasas diferenças culturais, sociais, econômicas,de gênero, etc.

n Os desafios ambientais devem estar no cen-tro de todos os temas e processos do desenvolvi-mento socioeconômico e em seus diferentes ní-veis. Uma sociedade nunca será solidária se nãoestá construída a partir de uma economia harmô-nica com a Natureza e de processos de desenvol-vimento local auto-sustentado. Nem o desenvol-vimento local será eficiente e sustentável se nãoestiver articulado com o de outras comunidades,de forma complementar e intencionalmentesolidária. É fundamental a luta por esses obje-tivos e a defesa dos pequenos avanços obtidos.

n Desenvolvimento local é impossível semconstante negociação com o Estado, e pressãoe fiscalização sobre ele. Neste aspecto políticodo desenvolvimento local, destaca-se a neces-sidade de relação contínua e transparenteentre Estado e sociedade civil.

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n Temos que levar em conta que o local é oespaço de onde podemos impulsionar os proje-tos coletivos da maneira mais integral e dire-tamente democrática.

n Propomos designá-lo como desenvolvimen-to local integral e sustentável.

Solidariedade

n A referência básica da solidariedade, comoseu fundamento natural, é o reconhecimentode que estamos todos interconectados entrenós e com todo o Cosmos. A solidariedade setorna consciente quando implica a acolhida e orespeito ao Outro, em sua unicidade e em suaautonomia. Este é o seu fundamento ético.

n A solidariedade não se confunde com qual-quer forma de sectarismo, corporativismo ouegoísmo coletivo. Os interesses coletivos nãopodem depender dos interesses individuais,nem tampouco podem passar por cima deles.Interesses individuais e solidariedade devemser combinados de forma dinâmica, dialógica einteligente, com base na consciência de que

somos ao mesmo tempo indivíduo e coletivi-dade, seres humanos e natureza.

n A solidariedade supõe compromisso que sepratica e é algo mais que um conceito, é umasensibilidade que origina formas de viver nasquais a pessoa, sempre que necessário, é capazde renunciar ao seu próprio interesse em favordo interesse, bem-estar e progresso de outrosou da coletividade.

n Um valor-chave da solidariedade, do pontode vista ético, é a receptividade em relação acada outra pessoa e coletividade, e a recipro-cidade, ou o fato de que dando se recebe,ensinando se aprende.

n Temos todos, e cada um, algo a dar e a rece-ber. Por isso a solidariedade é necessária e nãopode estar baseada em relações paternalistasnem de subsidiaridade.

n Do ponto de vista da SocioeconomiaSolidária, a coisa pública não pode ser tomadaunicamente como responsabilidade do Estado,mas todas as pessoas e comunidades são co-responsáveis, de tal forma que se superam as

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relações de dependência e paternalismo doEstado.

n A solidariedade é um valor intrínseco do serhumano, ainda que o conservadorismo neoliberaloculte isso com a afirmação totalitária do indi-vidualismo e do egoísmo.

n A solidariedade implica respeitar as dife-renças e aproveitar as complementaridades;supõe a co-responsabilidade no processo detranformação global do mundo.

n A solidariedade inclui converter a propagan-da e o marketing em ação comunicativa e reci-procamente educativa.

Cooperação

n Entendemos cooperação como um ecossis-tema vivo no qual todos nos complementamosuns com os outros, sem que nos desclassifique-mos mutuamente mas, ao contrário, nos equili-bramos, somamos e potencializamos. Esta somatende sempre a crescer ou a transformar-se, não

como a competicão, na qual uns devoram os ou-tros e o conjunto se enfraquece.

n A cooperação, inclusive e sobretudo noaspecto econômico, é mais eficaz que a com-petição. “Operar juntos, trabalhar juntos”,posto que somos naturalmente interconecta-dos, como num só organismo. A cooperaçãointegra e inclui, enquanto a competiçãodesagrega e exclui.

n Na transição de uma economia competitivapara uma socioeconomia cooperativa, é pre-ciso reconhecer que tanto a cooperação comoa competição envolvem contratos de intercâm-bio. Só pode haver resultados benéficos paraos que cooperam ou competem se existemregras e regulamentos mutuamente acordados,e sanções para os que as violam.

O Feminino e a nova Cultura

n A fim de incorporar os valores femininos àpolítica e à sociedade, é necessário um proces-so para que toda a energia criativa, amorosa,

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protetora e trabalhadora que agora costumacaracterizar o feminino, chegue a ser algoassumido por todo o gênero humano, parasuperar o patriarcalismo dominante e empo-brecedor e criar uma comunidade na qual sereflita toda a diversidade humana.

n A perspectiva de gênero na SocioeconomiaSolidária valoriza a riqueza da diversidade e dacomplementaridade do feminino e do masculi-no, assim como a igualdade de direitos demulheres e homens. Isto implica criar ascondições objetivas e subjetivas para que asmulheres possam realizar-se plenamente en-quanto sujeitos dos seus espaços de existência.

Poder

n Definindo o poder que queremos, constatamosque está dentro de nós um tipo de poder que semanifesta em nossas relações conosco próprios,com os outros e com a sociedade. Devemos desen-volver uma filosofia do conflito, que é intrínsecoà diversidade, e, ao mesmo tempo, evitar as con-frontações e as lutas de poder nas relações.

n Precisamos tomar consciência do poderque há em nós mesmos e na comunidade. Nãohá que se esperar a tomada do poder políticopara mudar a realidade. Enquanto cidadãos esociedade temos de utilizar já o que já temos.

n O poder político não está só no Estado -sem tirar a importância do papel que o Estadocumpre com suas políticas que, quer queiramosou não, nos afetam: políticas de emprego, decrédito, de distribuição fiscal, de infra-estru-turas, etc. O poder político deve estar regido econsensuado pela sociedade civil, o cargoeleito é um mero executor das decisões dopovo.

n Assim, uma tomada do poder político serápara mudar as relações de poder, para edificarformas de democracia, participação e vigênciados direitos humanos que abracem também osocioeconômico e o cultural, promovendo cadacidadã e cidadão e a sociedade inteira a pro-tagonistas do seu próprio desenvolvimento.

n É preciso confrontar o poder centralizadodos meios de comunicação com o de um

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“modelo” novo e democratizado de cultura,que dê voz aos sem voz e dê resposta às suasinquietudes.

n É necessário uma revolução ética, que nãopode ser imposta. Deve ser o resultado de umprocesso que requer a educação da população.

Uma Formulação Alternativa a este Conceito

n Tomar consciência e tentar concretizar opoder que há em nós.

n O poder é uma relação social, não uma“coisa” que se pode tomar com um ato.

n A transformação social implica um proces-so de construção de um poder alternativo noconjunto dos espaços da sociedade (família,escola, produção, nacional e mundial).

n É também um processo de socialização dopolítico e do saber, que requer uma revoluçãocultural e ética da vida cotidiana.

n A socialização integral é uma apropriaçãoautônoma, democrática e coletiva, na perspec-tiva da construção de um espaço público não-estatal, combinando democracia direta erepresentativa.

Outros Conceitos

n Com a preocupação de edificar os con-ceitos libertadores que nos sirvam de referên-cia, se assinala a necessidade de aprofundarmais os seguintes termos:

O Mercado

A Autonomia

O Humano

O Imaginário

A Política

A Democracia

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Estratégias

Geral

n Para qualquer processo de transformaçãoda sociedade não se pode limitar a atuação einfluência apenas a alguns campos ou aspectosdeterminados da vida social, nem se deixarreduzir apenas ao âmbito da economia social.É preciso que sua incidência se globalize paratoda a sociedade em todas as suas estruturas:economia, instituições, educação, saúde, for-mação, comunicação, sociedade civil, política,sindicalismo, segurança, etc. Essa ação partede experiências micro, presentes em todos osespaços da sociedade, mas portadoras de con-teúdos mais amplos, que vão se construindopor meio de alianças a partir do local.

n Assim, as dimensões todas da vida socialsão entrelaçadas e interativas, e as políticaspara transformá-las também devem sê-lo.

l A dimensão educativa:

4 O primeiro passo desse processo de desen-volvimento transformador é a motivação dosdistintos agentes sociais que nele intervêm.Para isso, é importante que se conheçam asdiversas experiências de base para que se esta-beleçam os possíveis intercâmbios.

4 É preciso partir da sistematização dessasexperiências, em seus êxitos, fracassos e difi-culdades, para se acumular e socializar essesconhecimentos e aprendizagem.

4É importante assegurar, também, que osagentes sociais tenham explicitado em seusprojetos a dimensão educativa.

l A dimensão da socioeconomia:

4 As iniciativas econômicas, comerciais efinanceiras devem estar coerentes com as estra-tégias de como produzir e consumir de maneiraresponsável, sustentável e solidária, comopoupar e fazer trocas de maneira justa, etc.

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4 Mais que se deixar limitar quanto a seucampo de ação, a socioeconomia deve avançarpara todos os terrenos, conforme com os seuscritérios. Assim, no campo financeiro, por exem-plo, não nos limitamos apenas ao crédito, masdevemos avançar também para os campos dapoupança, do investimento, dos seguros, daspensões, etc.

l A dimensão política:

4 Trabalhar as diferentes maneiras de seconstruir projetos, articulando os diferentesníveis da ação política, relacionados necessa-riamente com o projeto maior no qual seinserem (níveis: regional, nacional, global) afim de se chegar a influir no macro.

4 Trabalhar pela democratização do Estado,em todas as suas dimensões, e pela recupe-ração de seu poder e dever de regulação dosmercados e do investimento, de redistribuiçãode benefícios e resultados do trabalho social,de provedor de serviços sociais e de articuladorda diversidade humana e social que constitui apopulação.

4 Pressionar por políticas coerentes comuma dupla estratégia: uma, emergencial, paraenfrentar as necessidades e problemas imedia-tos da maioria; e a outra, para a superaraçãodas raízes da opressão e do empobrecimento.

Desenvolvimento local

Objetivo - Para a socioeconomia, o desenvol-vimento tem como objetivo estratégico o flores-cimento e a reprodução qualitativamente am-pliada e sustentável da vida e dos potenciais ine-rentes às pessoas e coletividades, não a ganâncianem o acúmulo de bens e dinheiro. A economia éapenas um dos aspectos da vida em sociedade aser desenvolvido, ligado mais que tudo à criaçãodos meios de sobrevivência material dahumanidade. O desenvolvimento econômico sófaz sentido se estiver servindo de meio para odesenvolvimento do ser humano e todos os seuspotenciais - individuais, coletivos e de espécie.

Características

l Do local:20

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4 O espaço-território é chave nesse processo;4 É desde onde se constróem as alternativas

e se faz confluir as diversas políticas;4 É o entorno básico para os processos de

socialização e desenvolvimento da identidadecultural;4 É a base sobre a qual se torna possível a

ação que transforma os grupos espontâneos emcomunidades humanas solidárias.

l Do desenvolvimento:

4 O desenvolvimento deve ser concebido demaneira integral, tendo em conta a diversidadee baseando-se, necessariamente, numa relaçãorespeitosa e sustentável entre a socioeconomia,o meio ambiente e as culturas;4 Os processos de desenvolvimento passam,

também, necessariamente, pela abordagem efe-tiva da questão de gênero, que é um dos aspec-tos da diversidade e da complementaridade quecaracterizam a existência humana.

Estratégia

n O desenvolvimento local deve buscar ser

autosustentável e, o quanto possível, autosufi-ciente, nos aspectos produtivo, distributivo,comercial e financeiro. O meio para isso é umaestratégia de redução progressiva dadependência de fatores externos e uma cres-cente complementaridade com relação às ou-tras experiências solidárias de desenvolvimen-to local.

n Para se assegurar a continuidade e a inde-pendência dos processos, apesar e à margemdas mudanças dos governos locais e com umavisão de longo prazo, o desenvolvimento localexige um projeto de mudança social, econômi-ca e política, o que depende muito da autono-mia das organizações.

Para isso, é necessário,

l Do ponto de vista socioeconômico:

4 Identificar os espaços sociais, culturais,temporais e também os físicos, e articular asexperiências em todos os níveis, levando emconta todas as potencialidades;4 Implicar os diversos aspectos que se inter-

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relacionam: tais como, a produção, a comer-cialização, as finanças e a moeda, os recursosnaturais, o tipo de governo, a educação, ascondições de saúde, etc.;4 Assegurar a viabilidade econômica dos

projetos de desenvolvimento local;4 Estimular as atividades produtivas, a

exemplo da agricultura orgânica e sustentável,da reciclagem de resíduos, etc., como formaseficazes de colaborar com a manutenção domeio ambiente, com a consciência dos limitesdos recursos disponíveis e da responsabilidadefrente às futuras gerações;4 Implantar, progressivamente, um distintivo

(selo) de denominação de origem e qualidade,onde for possível.

l Do ponto de vista político:

4 Tendo em conta a relação e os distintosníveis de dependência com o Estado e os condi-cionamentos internacionais, apropriar-se e/oucriar o “espaço público” a partir das diferentesformas de auto-organização dos cidadãos,construindo progressivamente a democratiza-ção do poder público;

4 Promover a autogestão do desenvolvimentodas comunidades, que implica na participaçãoplena da população em todo o processo, e naautonomia das organizações;4 Melhorar a interrelação entre os distintos

atores que intervêm nos espaços local,nacional e global, configurando novas formasde articulações nas quais se façam presentestodos os aspectos.

l Do ponto de vista educativo:

4 Manter a relação entre o crescimento pes-soal e o coletivo, assegurando-se a dimensãoeducativa em todos os processos;4 Promover as pessoas como protagonistas,

buscando um equilíbrio entre o respeito às dis-tintas identidades (culturais, de gênero, pes-soais) e a construção cívica coletiva, em umprocesso de interculturalidade, respeito e so-lidariedade;4 Abordar efetivamente a questão de

gênero, o que inclui todas as tarefas tidascomo do âmbito doméstico.4 Além disso, a fim de incentivar a criativi-

dade e a inovação como condições necessárias22

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para o desenvolvimento local, utilizarmetodologias de investigação reflexão partici-pativas que permitam elaborar alternativas egerar novas iniciativas; e potencializar a inter-conexão e a cooperação entre experiências dedesenvolvimento local.

Comercialização

Objetivo - Criação de um espaço de inter-câmbio responsável e solidário frente à globa-lização e à liberalização dos mercados queacumulam os recursos em poucas mãos.

Exigências

l Do ponto de vista socioeconômico:

4 Partir das experiências concretas que fun-cionam.4 Trabalhar a mentalidade de que juntos,

solidariamente, todos saem ganhando (“um portodos, todos por um”).

l Do ponto de vista político:

4 Fortalecer o local como base de apoio àsredes.4 As redes se implantam desde baixo, não

de cima para baixo.

l Do ponto de vista educativo:

4 Educação integral a partir da cultura,conhecimentos e experiência acumulada decada um.4 A formação tem que abarcar: gestão,

planejamento, produção, uso de técnicas,mercado, créditos, etc. Tem que ser tão inte-gral quanto o ser humano que quer educar-se.4 Fortalecer o saber-fazer da Socioeconomia

Solidária no sentido de que produtores e con-sumidores se encontrem e se entendam.

Estratégia

n Fortalecer as relações entre produtores econsumidores, e dos produtores entre si. Querdizer, criar redes entre os diferentes elos doprocesso de produção e comercialização e for-talecer as redes já existentes.

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Nesse sentido, é preciso:

l Do ponto de vista da socioeconomia:

4 Usar uma estratégia dupla: trabalhartanto o mercado alternativo como o mercadocapitalista. Dentro desta dupla estratégia, aprodutividade, a qualidade, a competênciatécnica, de preços e de serviços são essenciaispara poder se manter no mercado atual;4 A preocupação com a eficiência não deve

restringir-se ao empreendimento, mas deveestender-se igualmente ao conjunto do sistemasocioeconômico, tendo como referência princi-pal o bem-estar e a qualidade de vida de todase todos os cidadãos;4 Dar importância aos mercados locais;4 Trabalhar para se estabelecer de forma

cooperativa a infra-estrutura básica à comer-cialização, transporte, seguro, etc.;4 Reforçar a cooperação comercial de nossas

experiências para otimizar os recursos, obtervantagens cooperativas e diminuir os custos;4 Investir na divulgação de nossos produtos

e na informação sobre eles, incluindo a criaçãode marcas distintivas, que se refiram ao modode produção justo e sustentável que lhes deu

origem, sua qualidade e os benefícios para pro-dutores e consumidores;4 Criação de um distintivo (selo) de produto

solidário.

l Do ponto de vista político:

4 Pressionar por apoio aos produtosnacionais - que estão sendo substituídos pelaimportação e pela presença das empresastransnacionais - e por facilidades nos trâmitesde exportação de produtos e importação deinsumos;4 Utilizar nossos encontros para fazer con-

tatos e fortalecer as redes.

l Do ponto de vista educativo:

4 Insistir na necessária qualidade dos produ-tos e na profissionalização para se manter nomercado;4 Paralelamente à comercialização, há que

se fazer um trabalho cultural com toda a popu-lação para que ela compreenda a proposta e adinâmica da Socioeconomia Solidária (o poderdo consumidor, consumo de qualidade, a éticado suficiente e da produção sustentável, etc.).24

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Instrumentos Financeiros

Objetivo - Trabalhar para conquistar e exercero controle social dos destinos de nossas própriasfinanças, criando estruturas de poupança ecrédito controladas por nós mesmos.

Metodologia

l Como metodologia estratégica devemos terem conta que:

4 Trata-se de um processo educativo, deauto-aprendizagem, não de algo já terminado;4 Esses instrumentos não são um fim em si

mesmos, mas apenas um meio;4 Não há oposição de interesses entre os

que concedem e os que tomam empréstimosuma vez que ambos somos os mesmos.

Estratégia

l Do ponto de vista socioeconômico:

4 Fortalecer um processo de cooperaçãohorizontal entre experiências solidárias, espe-cialmente em redor dos seguintes pontos:

4Busca conjunta de mecanismos para melhorara gestão;

4Aprofundar o critério de crédito/acompa-nhamento integral;

4Compartilhar idéias relativas a fórmulasimaginativas e flexíveis sobre:

l As condições financeiras do crédito:interesse ético e econômico, garantiasalternativas em relação às fórmulas tradi-cionais.l Critérios de atuação e assistência emcaso de dificuldades por parte do projetoque recebeu apoio financeiro.

4 Monitorar o grau de participação de todosos agentes, em dois níveis:

4Nível do acompanhamento:l A concessão de um crédito não é um fimem si mesmo nem o processo se esgota aí:acompanhamento prévio, coetâneo e pos-terior.l Aprofundar-se mais sobre a compreen-são que se tem do dinheiro por parte dosdiversos segmentos culturais com que tra-balhamos, e trabalhar por alternativas.

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4Nível de decisão:l Participação direta dos que prestam oapoio e dos empreendedores nos proces-sos de tomada de decisão sobre o uso dosrecursos financeiros, mediante critériosde desenvolvimento local integral, trans-parente e autogestionário.l Ir além do próprio projeto e viver oprocesso coletivo.

l Do ponto de vista político:

4 A socioeconomia quer promover novosprogramas de financiamento entre os organismosfinanceiros internacionais e os setores de econo-mia popular, em condições compatíveis comestes setores.4 Pressionar para que a legislação permita a

formalização de instituições financeiras alterna-tivas, que possam captar recursos públicos e dopúblico.

l Do ponto de vista educativo;

4 Explorar e, se for o caso, praticar experiê-ncias concretas de cofinanciamento, como for-

ma de auto-aprendizagem compartilhada para setrabalhar efetivamente em rede.

* Devem ser priorizados projetos que contem-plem a educação nos processos de capacitação ede formação profissional.

Organização, Redes e Comunicação

Objetivo - Promover o cooperativismo e oassociativismo autogestionários, buscando o de-senvolvimento de cada empreendimento e tam-bém a criação de múltiplas redes de interação,intercâmbio e comunicação entre essesempreendimentos.

n Taticamente, a criação de espaços socio-econômicos solidários permite melhorar a posi-ção de cada empreendimento frente ao mercadodominante e elevar suas possibilidades de sus-tentabilidade.

n Estrategicamente, estes espaços servemcomo ambientes para a edificação de um para-digma socioeconômico, cultural e político alter-nativo ao paradigma dominante.

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Estratégia

n Criar as bases para formar um movimentoarticulado da Socioeconomia Solidária e recí-proca. Que esse movimento se traduza numaarticulação de redes horizontais e verticais,em diferentes setores econômicos, países econtinentes, que atuem não somente nosocioeconômico mas também no político, nocultural, no jurídico e no legislativo.

n Fortalecer as redes já existentes entreexperiências concretas similares, e estabele-cer outras novas, de comercialização, saúde,educação, crédito, etc.

n Necessitamos novas e diversas formas deorganização cooperativa e associativa que sejamágeis e inovadoras.4 Fortalecer o local como base de apoio às

redes.4 Construir redes desde baixo.4 Partir de experiências concretas e simi-

lares que funcionam.

n Estabelecer redes de intercâmbio bila-

terais, entre experiências similares, para asquais as despesas com transportes pudessemser financiadas, ficando a estadia e a formaçãoa cargo dos anfitriões, segundo as realidades enecessidades.

n A partir de contatos já estabelecidos,estudar a viabilidade de intercâmbio bilateraltambém de produtos.

n É necessário incrementar e tornar eficazesos intercâmbios entre todos e em todos osníveis, de modo que possamos transmitir ecomunicar as nossas experiências, conheci-mentos, métodos e estratégias.

n Que sejam intercâmbios profundos e comacordos e contratos eficazes, garantindo obenefício recíproco e coletivo.

n Garantir que circulem informações gene-ralizadas e confiáveis, utilizando-se dos meiosde comunicação e informática já existentes oumediante novos meios, buscando-se a fórmulaadequada para os distintos grupos, coletivosou comunidades. Divulgar os êxitos dos

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processos e iniciativas de cooperação e desolidariedade, não de competição.

n Recuperar o protagonismo da criação da co-municação que flua em múltiplas direções. Istopassa por abrir espaços nos meios de informaçãoe por criar ou potenciar os meios alternativos, enão em sermos meros receptores de informaçõestendenciosas e apenas publicitárias.

n Estabelecer redes de comunicação

4 Em nível bilateral, pelos sistemas habi-tuais: Internet, Fax, Telefone4 Em nível de grupos: propõe-se a criação

de um foro na Internet para comunicação eintercâmbio.

Educação, Formação e Desenvolvimento Pessoal

Objetivo - Prosseguir promovendo a edu-cação, formação e capacitação de nós mesmose de cada um,

4 com base nos princípios do valor da pes-

soa, do desenvolvimento qualitativo e doaprender a ser (e não só a fazer),4 reforçando a formação integral da infân-

cia e da juventude,4 mediante uma metodologia cooperativa,

ecológica e solidária,4 e dando importância ao autoconhecimen-

to e ao trabalho psicológico.

Estratégia

n Formar quadros eficientes em nível em-presarial, e que tenham um novo conceito deempresa, segundo o qual rentabilidade eco-nômica, autogestão e progresso pessoal seencontrem reunidos.

n Profissionalizar mais a gestão técnica, sa-bendo que se trata de criar empreendimentossolidários num meio econômico hostil.

n Aproveitar, no âmbito da formação, aexperiência e conhecimentos de quadros pro-cedentes de outras empresas pequenas emédias, inclusive as que tenham, por diversasrazões, fechado as portas.

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n Impulsionar o intercâmbio no terrenolocal, entre atores que participam em expe-riências concretas, como forma de capacitaçãoe auto-formação solidárias.

n Respeitar e valorizar a diversidade de gênero,idade, etnia e cultura e resgatar os aspectos femi-ninos inerentes à condição humana, especialmen-te na crítica às formas de poder-dominação patri-arcais para alimentar o desenvolvimento do podercomo capacidade, responsabilidade e serviço.

n Articular estratégias educativas para queas mulheres venham a ocupar espaços degestão e direção, tradicionalmente reservadosaos homens e que possam compartilhar comeles todas as decisões. Conseguir que se rompacom os conceitos relativos às ocupações profis-sionais tradicionalmente ligadas aos gêneros.

n Ter em conta os meninos, meninas e jovenscomo protagonistas reais do processo de for-mação e também como portadores de con-tribuições em trabalho, idéias, conhecimentos,valores, sonhos e personalidade própria.

n Promover a criação de berçários deempreendimentos autogestionários juvenis.

n Lutar pela implantação da educação inte-gral em todos os espaços: formais, não formaise alternativos.

n Assegurar que os educadores tenham aces-so a uma formação continuada, apoiada nareelaboração e resgate dos valores e práticasessenciais ou inerentes à educação integral.

n Promover programas educativos específi-cos para os setores mais marginalizados dasociedade, enquanto isto for necessário, atéque se consiga a sua inclusão social.

n Promover a pesquisa e a reformulação deprogramas e currículos a partir da perspectivada educação integral, solidária e cooperativa.

Assessoria e Serviços

Objetivo - A assessoria é um serviço que buscagarantir a autogestão dos grupos e promover sua

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condição de sujeitos do seu próprio desenvolvi-mento e da sua própria educação, não devendose permitir nem o assistencialismo nem adependência.

Estratégia

n Utilizar metodologias acessíveis à com-preensão dos grupos com quem se trabalha.

n Buscar a adequação dos materiais com ascaracterísticas particulares dos grupos.

n Trabalhar a consciência organizativa paraassegurar o pertencimento ao grupo.

n Considerar a organização como um proces-so transversal que cruza tudo o mais.

n Formação de quadros e promotores quepossam socializar o que se aprendeu.

n Faturamento e cobrança do serviço, emtermos de valor real. Informação transparentesobre o custo:

4 melhora o serviço;4 valoriza-se a assessoria.

n Processos de intercâmbio de experiênciasentre grupos que realizam ações similares.n Promoção de redes de produtores, buscan-

do e fomentando sua independência e sus-tentabilidade.

n Intercâmbio de materiais e experiências.

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Táticas

Grupo Comercialização

1. Manter contato entre as pessoas membros dogrupo, através de correio eletrônico uma vez acada mês ou no máximo a cada dois meses.

1.1. Temos interesses convergentes1.2. Que o encontro seja a cada dois anos1.3. Compromisso de contato e apoio direto

entre experiências de países.

Grupo Assessoria e Serviços

1. Estabelecer pontos de referência, ani-madores por eixos temáticos. Poderia ser:

1.1. Jovens1.2. Cooperativas1.3. Sindicatos1.4. Excluídos1.5. Microempresa1.6. Desenvolvimento local

2. Trocas bilaterais, contemplando a possibili-dade de visitas mais prolongadas às organizaçõesparceiras.

3. Internet, web, correio eletrônico, noticiários.

4. Trocas de publicações, revistas, boletins;publicar artigos nas publicações uns dos ou-tros, reprodução de materiais, ...

Grupo Educação

Continuidade por grupo temático: estabe-lecemos numerosos e ricos contatos bilateraispara continuar trabalhando depois doEncontro.

1. A Educação como eixo temático ficou insufi-cientemente enfatizada durante o Encontro,pois não nos havíamos preparado adequada-mente antes.

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2. No Encontro a troca foi muito rica e nospermitiu constatar que todos os grupos fizeramreferência a ela.

3. Portanto, acreditamos que no pós-Encontrodevemos trabalhar concretamente em pesqui-sa, intercâmbios e elaboração de temaspedagógicos.

4. Devemos manter contatos de todo tipo (in-formática, telemática, visitas, etc.) paraavançar.

5. Pedimos a todas as organizações que te-nham um enfoque educativo (mesmo que nãosejam organizações educacionais) que con-tribuam com materiais, documentos, etc., paraenriquecer os debates.

6. Consideramos que num futuro Encontro a edu-cação deverá ter peso específico superior e quedeve ser debatida como tema por todos os grupos.

7. Gostamos muito de constatar que a edu-cação integral foi considerada como elementofundamental na nova sociedade e para os que

trabalhamos neste âmbito, é algo novo e muitoenriquecedor.

Grupo Sindicalismo - Produção Urbana, Produção Rural

Intercâmbios bilaterais gerais - Fórum alter-nativo

1. Geral1.1. Não determinar periodicidade rígida, mas

adotar um espaço mínimo de dois anos.1.2. A decisão de realizar outro Encontro

dependerá do país organizador e de suasnecessidades, e prévio consenso dos outros.

1.3. Os temas e o país organizador deveriam serdecididos na conclusão de cada Encontro.

1.4. Manter coordenação permanente.1.5. Fórum Europa - Estado Espanhol - CASAL1.6. América do Sul - Brasil - PACS ou CASA1.7. América Central - México ou Nicarágua -

CIPRES ou FAT/RMALC

2. Por PaísesCoordenação entre nações e coletivos que

permitam pré-Encontro, Encontro e pós-Encontro.32

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2.1. Pré-Encontro: elaborar apresentaçõessobre os temas do próximo Encontro.

2.2. Isto permitirá que a contribuição aoEncontro seja fruto de um processo local dediscussão e debate.

2.3. Fórum Alternativo cibernético nos permi-tirá trocar os documentos elaborados.

3. Encontro: uma dinâmica mais fluida e ágil,com contribuições mais elaboradas e conheci-mento prévio dos diferentes pontos de vista.

4. Pós-Encontro: servirá para refletir e valo-rizar a experiência.

4.1. Com esta metodologia acreditamos poderreduzir os dias de duração do Encontro e ocusto do mesmo, e assim facilitar a partici-pação de mais companheiros.

5. Como usar o que produzimos?5.1. Elemento de trabalho: fomentar a dis-

cussão e a socialização dos distintos temastratados.

Grupo Crédito

Possíveis Caminhos pós-Encontro

1. Coisas a fazer a partir de agora:1.1. Introduzir este debate nos âmbitos em que

atuamos (extra-financeiros), incluindo areflexão de como o microcrédito é também uminstrumento utilizado pelo Banco Mundial comobjetivos bem diferentes dos daqueles que delenecessitam.

1.2. Trocar metodologia e tecnologia entre nósde forma aberta e fechada.

1.3. Trocar documentação sobre finanças alter-nativas.

2. Coisas a fazer a prazo:2.1. Processo de identificação em cada país de

quem somos e organização de reuniões paraaproximação pessoal (até fins de 1998).

2.2. Fórum de instituições que acreditam no con-ceito de crédito solidário (instrumentos finan-ceiros cooperativos) e dentro dele trocar tec-nologias, reflexões, práticas (junho-julho 1999).

2.3. Que acabemos fazendo dele uma Rede (ano2000).

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3. Coisas para conseguir investigar:3.1. Ver o impacto do crédito, pôr em comum

estas observações, pesquisas.3.2. Troca de informações sobre os usuários do

crédito.

n LEMAS:

“Somos o sangue do organismo vivo da econo-mia social”

“Temos que ser eficientes e auto-susten-táveis”

Bolívia enviará fichas com o modelo doEncontro.

Grupo Desenvolvimento Local

1. No âmbito do desenvolvimento local1.1. Fazer circular a informação sobre as

experiências concretas (via Internet e outrosmeios). Um ponto de partida pode ser a própriasistematização das fichas- experiências quecontribuíram para o Encontro.

1.2. Promover contatos e interconexão dasexperiências em cada país e na área da

América Latina no sentido de promover redesem cada país ou zona.

1.3. Promover encontros específicos.1.4. Promover encontros bilaterais e visitas

que permitam apoio mutuo entre experiências.

2. No âmbito mais amplo2.1. Dar continuidade ao esforço de coorde-

nação iniciado e pensar no novo encontro apartir dos próximos dois anos.

2.2. Utllizar o marco da Aliança, mas manternossa autonomia e dinâmica própria, a partirde uma perspectiva de complementaridade.

3. O que fazer com os materiais3.1. Fichas:3.1.1. Dosssiê que chegue a todos os partici-

pantes do Encontro3.1.2. Reelaborá-las, sistematizando-as por

áreas, para editá-las e permitir que circulemjunto com os outros documentos do Encontro.

3.2. Com os documentos:3.2.1. Editar um dossiê com os documentos

como material de trabalho para utilizar emnossas organizações e poder compartilhá-lo.

3.2.2. Internet.

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3.2.3. Avaliar a possibillidade de uma publi-cação mais sistematizada, a médio prazo.

Grupo Aliança Século XXI

Pós-Encontro:

1. Produzir fichas simples sobre os temasmacro.

2. Contribuir para enriquecer e procurar acu-mular no plano metodológico (como fazer).

3. Agilizar as formas e fluxos de comunicaçãoentre nós, aproveitando os espaços já criados.

4. Utilizar as redes temáticas já construídas emcada canteiro do Pólo e intercruzar as redes.

5. Utilizar os sítios web como instrumentopara mostrar que a Socioeconomia Solidária jáé um caminho alternativo.

6. Produzir boletins e publicações periódicas.7. Organizar encontros.

8. Utilizar os meios de comunicação, buscan-do aprender sua técnica e utilização habitual.

8.1. Deixar fluir a comunicação e discussão semque se gere um controle da informação. Estadeve chegar por qualquer meio de inter-relação e espaço em que a pessoa se tornaagente de mudança.

9. A idéia-chave para o pós-Encontro deve sero indivíduo como parte da experiência de cadacoletivo. Daí a importância de criarmos redes,nas quais ele compartilha a responsabilidadede construir o processo e fazer fluir a comuni-cação orientada para a transformação dasociedade.

10. Partindo das experiências de autogestão,avaliar a possibilidade de que em cada país seproponha uma equipe de pessoas para fazer aanimação.

11. Organizar-nos por áreas temáticas e setori-ais.

12. Promover visitas recíprocas e contatos

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diretos para transcender a impessoalidade dainformática.

13. Esforçar-nos para articular entidades soci-ais nas cidades, buscando formas adequadas decomunicação entre elas.

14. Fazer uma lista (diretório) das experiên-cias para contatos diretos entre elas.

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Nós fazemos parte de organizações e entidades daSocioeconomia Solidária. Vimos trabalhando há muitosanos em cooperativas e grupos associativos urbanos,industriais e de serviços, rurais e de produção agríco-la, empresas autogestionárias, organizações sindicais,redes de comercialização, centros educativos, associ-ações de solidaridade recíproca e governos locais.Como um passo adiante neste processo, nos encon-tramos para reforçar ainda mais as redes de inter-câmbio e cooperação, e ao mesmo tempo avaliamosnossa eficácia, os efeitos e o significado profundo doque estamos fazendo.

Somos mais de cem pessoas – mulheres, homens,jovens, crianças trabalhadoras, profissionais de várioscampos, trabalhadores rurais, urbanos e represen-tantes de governos locais, de ambos os lados doAtlântico. Procedemos de povoações, comunidades ede nações da América Latina (Argentina, Brasil,

Bolívia, Colômbia, Cuba, Chile, Equador, México,Nicarágua, Peru, Uruguay e Venezuela) e da UniãoEuropéia (França e Estado Espanhol).

Juntos constatamos que, apesar da distância e dasdistintas circunstâncias das nossas respectivas reali-dades, o peso da economia capitalista globalizada edo seu modelo de funcionamento comporta seme-lhantes situações de injustiça social e econômica eimplica uma ameaça permanente à vida dahumanidade e do Planeta.

Este modelo econômico gera desemprego crescentee generalizado, formas antigas e novas de exploração,especialmente da infância, dos jovens e das mulheres,situações de miséria e carência dos meios materiaisbásicos para uma vida digna dos seres humanos. Alémda insatisfação, da falta de perspectivas, do desperdí-cio dos talentos e valores de milhões de pessoas que

Anexo 1 - Encontro Latino de Cultura e Socioeconomia SolidáriasPorto Alegre (Brasil), 02 a 09 de agosto de 1998.

Carta de Porto Alegre

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só são consideradas como meros objetos de produçãoconsumo e tributação, juntamente com a destruiçãoda diversidade cultural e do meio ambiente.

Por que não sermos protagonistas de um trabalhocriativo e satisfatório, que esteja livre de todaopressão e exploração e que produza aquilo que nosfaz falta para satisfazer todas as nossas necessidades,culturais, físicas, espirituais, afetivas e relacionais?

Por que produzir só em função de um mercadoinjusto, depredador e especulativo, renunciando agerir a produção e a economia a serviço de nóspróprios, de toda a cidadania e de todos os povos donosso Planeta, assim como das gerações futuras?

Por que delegar a gestão de âmbitos tão impor-tantes das nossas vidas, como a saúde, a educação, ourbanismo, a moradia, o trabalho e a gestão dos nos-sos recursos econômicos?

Por que subordinar-nos aos ditames das empresastransnacionais, aos Estados e instituições interna-cionais identificadas com interesses corporativos eexcludentes se, com nossa união e força coletiva,podemos conformar espaços públicos, Estados e ou-

tras organizações a serviço do empoderamento dasociedade, para que esta se transforme em protago-nista do seu desenvolvimento de forma autônoma eautosustentável?

Nossa proposta é a Socioeconomia Solidária comoforma de viver que abrange a integralidade do serhumano e que anuncia uma nova cultura e uma novaforma de produzir para satisfazer as necessidades decada ser humano e de toda a humanidade.

Constatamos que nossas experiências têm muitascoisas em comum: motivações de justiça, lógicas departicipação, criatividade e processos de autogestão eautonomia. Pudemos comprovar a força real que têmas pessoas e comunidades humanas quando:

4 empreendem iniciativas de produção com umsentido positivo do trabalho, para desenvolver-se ple-namente como pessoas livres, que sabem por que epara que trabalham e produzem, e para responder asnecessidades de toda a população, respeitando anatureza;

4 se organizam e decidem controlar o destino detodos os seus recursos, inclusive os financeiros;

4 se organizam e coordenam para exercer oenorme poder que supõe consumir de maneira cons-

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ciente e sustentável, controlar a qualidade dos produ-tos e serviços e promover relações econômicas justas,solidárias e responsáveis em todos os elos da cadeia deproduzir, distribuir, comercializar e consumir;

4 vivem como pessoas coerentes que vão se trans-formando e mudando suas atitudes e modos derelação, paralelamente à ação que empreendem pelatransformação social.

Acreditamos que como as nossas, há um sem-número de experiências positivas em todo o mundo,que propõem mudanças de funcionamento impor-tantes na forma de participar na economia, na cul-tura, na política e, em geral, nas relações dasociedade.

Por isso queremos compartilhar com todas as pes-soas que já estão comprometidas e motivadas nestesentido e recordar a importância de nos articularmos ereforçarmos nossas experiências. E, àqueles que aindanão o estão, animá-los a que se organizem livrementejunto aos seus concidadãos e condidadãs para fazeruma sociedade em que seja possível desfrutar da vida,construir relações solidárias e irmãs e sorrir cadamanhã porque estamos assumindo a responsabilidadede gerir nossas vidas e enchê-las de sentido e de amor.

Participantes no Encontro Latino

de Cultura e Socioeconomia Solidárias

Porto Alegre, 9-8-98

O Encontro de Porto Alegre foi promovido pelasseguintes entidades:

Aliança por um Mundo Responsável e Solidário - Pólode Socioeconomia Solidária

CASA - Coletivo Autônomo de SolidariedadeAutogestionária, Rio Grande do Sul, Brasil

CASAL - Colectivo Autónomo de Solidaridad con elArea Latina, Espanha

FACCTA - Federación Autónoma de CooperativasCatalanes y de Trabajo Asociado, Cataluña

FCTAC - Federación Cooperativa de TrabajoAsociado de Cataluña

PACS - Instituto de Políticas Alternativas para o ConeSul, Rio de Janeiro, Brasil

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28. Fabio Iacomini Terra Nuova Chile

29. Francisco Lara CAPINA RJ

30. Frank Volcan CASA Porto Alegre

31. Geovane de Freitas CENTRACOOP Pará

32. Gilberto da Silveira Sindicato CEEE RS

33. Gilberto Pelizzoli Organização Porto Alegre

34. Gracia Busqui La Mata Barcelona

35. Haroldo Cáritas Pará

36. Hélio Marchioro CESMA/ICODES Santa Maria

37. Henryane de Chaponay CEDAL França

38. Homero Viteri Chavez MCCH Equador

39. Humberto Girardi Sicredi Porto Alegre

40. Humberto Ortiz Roca CEAS y GES Peru

41. Inês Bernal Organização Porto Alegre

42. Irmã Maria de Jesús MCCH Equador

43. Isabel Casado Aytmo. Barberá Vallés Barcelona

44. Jesus Anibal Cordoba ACIA Colômbia

45. Jesús Salmerón ProEmpleo Cartagena

46. Joan Luis Jornet Colectivo Ronda Barcelona

47. João Reus Organização Porto Alegre

48. Jordi Via ARC Cooperativa Barcelona

49. José Luís Coraggio Inst. Del. Conurbano Argentina

50. Josenilto Lacerda Vasconcelos ASSOCENE Pernambuco

51. Josep Manté Colectivo Ronda Barcelona

52. Josep Maria Vilaseca COP57 Barcelona

53. Jurema da Silva Constâncio Coop. Shangri-lá RJ

54. Letícia Ferreira Organização Porto Alegre40

1. Rosana Tonar Organização Viamão

2. Adelmir Gaiardo CONCRAB RS

3. Alcindo Gonçalves Cunha Júnior COOPE RJ

4. Alex Coop. Pé da Terra RS

5. Alexandra Esteban Colectivo Ronda Barcelona

6. Altagracia Villarreal Santos Chilo Coalisión Rural México

7. Ana del Río CASAL Barcelona

8. Ana Losada Ateneo Cultura Popular Cartagena

9. Ana Veronica Ramos CEPAS Bolívia

10. Andreu Junoy Barcelona

11. Anna Mª Ginestá I.B.Pompeu Fabra Barcelona

12. Antoni Palacín Clínica Unidad Dental Barcelona

13. Antônio Carlos Pinheiro Organização Porto Alegre

14. Antonio Villalba Granados RMALC México

15. Aurora Bailón Quidbó Colômbia

16. Bernardo González Rodarte UNAPA Nicarágua

17. Carmen Díaz Colectivo Ronda Barcelona

18. Cleusa Prates Organização Porto Alegre

19. Concha Ongil Hospital 1º Octubre Madrid

20. Denise Laitano Organização Porto Alegre

21. Eduard Lucas Hospital San Pablo Barcelona

22. Eligio Medina LUCAS Barcelona

23. Elza Kraischete CEADE/CESE Bahia

24. Enrique del Río ProEmpleo Madrid

25. Eraldo José de Souza Polo Sindical Pernambuco

26. Ester Vidal Horitzó Barcelona

27. Evaldas Stauede COOPARJ RJ

Anexo 2 - Lista de Participantes Encontro 1998 / Listajen de Participantes del Encuentro

Nome / Nombre Entidade / Entidad Origem / OrijenNome / Nombre Entidade / Entidad Origem / Orijen

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55. Luís Antônio Pasquetti MST Brasília

56. Luis Francisco Verano Paez COLACOT Colômbia

57. Luis Hidalgo Valdivia PET Chile

58. Luis Antônio Pinheiro Organização Porto Alegre

59. Luiz Gambim CECOOPH Porto Alegre

60. Luiz Humberto Verardo ANTEAG RJ

61. Manuel Romera Coop. Gramagraf Barcelona

62. Márcia Freire Fundação Matutu Minas Gerais

63. Marcos Arruda PACS RJ

64. Margarida Mª de Souza Pinheiro CETRA Ceará

65. Maria Eugênia Urrestarazu Silva Intérprete RJ

66. María Majó I.B.Thos i Codina Barcelona

67. María Ruiz SIMON Barcelona

68. Maria Sueli Buss de Sousa CADTS RJ

69. Marta Arruda Intérprete RJ

70. Miguel Rosales EFIP Venezuela

71. Milagros Vicente Bufete Masaya Nicarágua

72. Milton Zimmer Parauapebas Pará

73. Nati Alarcón Hosp. Stª Mª del Rosel Cartagena

74. Nelsa Inês Nespolo UNIVENC Porto Alegre

75. Neuza Ribeiro Organização Porto Alegre

76. Luiz Guilherme Belletti CODESOL RS

77. Nuria del Río ProEmpleo Madrid

78. Oraida Parreiras CEDAC RJ

79. Otávio Urquiza Chaves ARCOO Porto Alegre

80. Paco Hernández Cabraboc Barcelona

81. Padre Graziano RELACC Equador

82. Patrícia Cruzado NATs - MANTHOC Peru

83. Paulo Antônio Wilk COOPASUL RS

84. Pedro Martos Aytmo. Cartagena Cartagena

85. Philippe Amouroux Fund. para el Progreso Humano França

86. Reina Maura Muro Ramirez Federación Mujeres Cubanas Cuba

87. Roque Grazziola Fund. Solidariedade Porto Alegre

88. Ruben Prieto Comunidad del Sur Uruguai

89. Salvador Balancer Coop. Molmatric Barcelona

90. Sandra Mayrink Veiga FASE Nacional RJ

91. Sandra Quintela PACS / RECOPA RJ

92. Sandra Zahonero Colectivo Ronda Barcelona

93. Teresa Lucena Organização Porto Alegre

94. Ubirajara Rodrigues da Silva CCAP RJ

95. Valéria Barreto Mãos Mineiras Minas Gerais

96. Víctor Canosa Estudiante Arquitectura Barcelona

97. Xavier López FCTAC Barcelona

98. Edson Leonardo Pilatti Eco. Pop. Solidária Caxias do Sul

99. Roque Grazziola Fund. Solidariedade Porto Alegre

100. Paulo Antônio Wilk COOPASUL RS

Anexo 2 - Lista de Participantes Encontro 1998 / Listajen de Participantes del Encuentro

Nome / Nombre Entidade / Entidad Origem / Orijen Nome / Nombre Entidade / Entidad Origem / Orijen