Construção Magazine 46
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DOSSIERConstrução Metálica
CONVERSASMota Freitas
46
N ° 4 6 . n o v e m b r o / d e z e m b r o 2 0 1 1 . 6 . 5 0
MOTIVAÇÃO
Os desafios que se colocam às coberturas de madeira são a procura de soluções inovadoras de sistemas estruturais, ligações, formas, materiais, acabamentos, indo ao encontro das atuais preocupações ambientais.Este seminário pretende constituir um fórum de discussão de ideias e soluções no domínio das coberturas de madeira, com a apresentação das tendências mais recentes, permitindo estabelecer a ponte com as soluções mais tradicionais e algumas reflexões sobre aspetos técnicos de desempenho e sustentabilidade na construção.
PROGRAMA
8:15 Receção dos participante
9:00 Abertura
9:15 Timber roofs – multifunctional structures – from design to fire safetyProf. Stefan Winter (TUMunique)
9:45 Metodologia para conservação de estruturas de madeira: Teoria e práticaProf. Paulo B. Lourenço (UMinho)
10:15 Telhados da cidade antiga: da expectativa ao desempenhoProf. Raimundo Mendes da Silva (FCTUC)
10:45 Café
11:15 Inspeção e monitorização de coberturas de madeiraDr.ª Helena Cruz (LNEC)
11:45 Análise e reforço de coberturas tradicionaisProf. Jorge M. Branco (UMinho)
12:15 Exemplos de intervenção em coberturas existentesEng.º Filipe Ferreira (AOF)
12:45 Almoço
14:00 Coberturas em madeira, diferentes sistemas estruturais e métodos de pré-fabricaçãoEng.ª Sílvia Fernandes (Carmo Estruturas)
14:30 Velódromo Nacional de SangalhosArq.º Rui Rosmaninho
15:00 Rethinking the roof structure. Strategies to obtain more energy efficient roofsArq. Manuel García Barbero
15:30 Estrutura de madeira revestida a telha cerâmica – Uma solução construtiva sustentávelEng.º Pedro Lourenço (Umbelino)
16:00 Café
16:30 El Metropol Parasol es algo más que una coberturaEng.º David Rifá (Finnforest)
17:00 Dome Structures. Saldome 2Eng.º Cristoph Häring (Häring)
17:30 Innovative timber roofs structuresProf. Yves Weinand (EPFL-IBOIS)
18:00 Debate
18:30 Encerramento
FORMATO
O seminário contará com a participação de diversos especialistas, nacionais e estrangeiros. As comunicações apresentarão os aspetos principais relativos às soluções tradicionais, ao seu reforço, à inspeção e monitorização, à inovação de novas soluções, à valorização arquitetónica e à eficiência energéticas. Serão apresentadas várias realizações nacionais e estrangeiras.Paralelamente decorrerá uma exposição técnica com os mais recentes desenvolvimentos em termos materiais e tecnológicos.
Coberturas de MadeiraSeminário
Guimarães 19 abril 2012
COMISSÃO ORGANIZADORA
Paulo B. Lourenço, Jorge M. Branco
ORGANIZAÇÃO APOIOS
INFORMAÇÕES
SEMINÁRIO COBERTURAS DE MADEIRAUniversidade do MinhoDepartamento de Engenharia CivilAzurém, P-4800-058 GuimarãesTel 253 510218 Fax 253 510217Email [email protected]
1
sumário
ficha técnicadiretor
Eduardo Jú[email protected]
diretora executivaCarla Santos Silva
conselho científicoAbel Henriques (UP), Albano Neves e Sousa (UTL),
Álvaro Cunha (UP), Álvaro Seco (UC), Aníbal Costa (UA), António Pais Antunes (UC),
António Pinheiro (UTL), Carlos Borrego (UA), Conceição Cunha (UC), Daniel Dias da Costa (UC),
Diogo Mateus (UC), Elsa Caetano (UP), Emanuel Maranha das Neves (UTL)
Fernando Branco (UTL), Fernando Garrido Branco (UC),Fernando Sanchez Salvador (UTL),
Francisco Taveira Pinto (UP), Helder Araújo (UC), Helena Cruz (LNEC), Helena Gervásio (UC),
Helena Sousa (IPL), Hipólito de Sousa (UP), Humberto Varum (UA), João Mendes Ribeiro (UC),
João Pedroso de Lima (UC), Joaquim Figueiras (UP), Jorge Alfaiate (UTL), Jorge Almeida e Sousa (UC),
Jorge Coelho (UC), Jorge de Brito (UTL), Jorge Lourenço (IPC), José Aguiar (UTL),
José Amorim Faria (UP), José António Bandeirinha (UC), Júlio Appleton (UTL), Luis Calado (UTL),
Luís Canhoto Neves (UNL), Luís Godinho (UC), Luís Guerreiro (UTL) , Luís Juvandes (UP),
Luís Lemos (UC), Luís Oliveira Santos (LNEC), Luís Picado Santos (UTL), Luís Simões da Silva (UC),
Paulo Coelho (UC), Paulo Cruz (UM), Paulo Lourenço (UM), Paulo Maranha Tiago (IPC),
Paulo Providência (UC), Pedro Vellasco (UER, Brasil), Paulo Vila Real (UA), Raimundo Mendes da Silva (UC),
Rosário Veiga (LNEC), Rui Faria (UP), Said Jalali (UM), Valter Lúcio (UNL), Vasco Freitas (UP),
Vítor Abrantes (UP), Walter Rossa (UC)
redaçãoJoana Correia
marketing e publicidadeRita Ladeiro
grafismo avawise
assinaturasTel. 22 589 96 25
redação e ediçãoEngenho e Média, Lda.
Grupo Publindústria
propriedade e impressãoPublindústria, Lda.
Praça da Corujeira, 38 - 4300-144 PORTOTel. 22 589 96 20, Fax 22 589 96 29
[email protected] | www.publindustria.pt
publicação periódicaRegisto n.o 123.765
tiragem6.500 exemplares
issn1645 – 1767
depósito legal164 778/01
capa Fotografia © Steel Construction New Zealand Inc.
Os artigos publicados são da exclusiva responsabilidade dos autores.
2editorial
4_38dossier | “construção metálica“
4_6conversasMota Freitas
7_10Sustentabilidade e competitividade de edifícios metálicos
11_14Pontes metálicas e mistas
15_19Construção em aço leve
20_24Verificação da resistência ao fogo das estruturas metálicas e mistas aço-betão
25_31Conceção e dimensionamento de edifícios em aço
32_33publi-reportagemGyptec – uma aposta nacional de confiança
34_35i&d empresarial
36_37publi-reportagemEstrutura Metálica Ligeira – Light Steel Framing – LSF
38_39betão estruturalDimensionamento expedito de estruturas laminares de betão pelo Eurocódigo 2
40_41alvenaria e construções antigasParedes divisórias – uma proposta inovadora e ecoeficiente
42_43térmicaQue futuro para a reabilitação térmica e energética dos edifícios de habitação?
44sustentabilidadeFatores sociais e macro económicos
45_47notícias
48_49mercado
50estante
51projeto pessoalAntónio Rosa da Silva
52eventos
Próxima edição > Dossier Reabilitação low cost / high value
A construção metálica tem vindo a conquistar, nas últimas décadas, uma quota de mercado não despre-
zável em países onde a construção em betão detinha um quase monopólio do sector. Para esta realidade
contribuíram vários factores, sendo talvez o principal o facto da indústria do aço ter adquirido um interesse
renovado no sector da construção, face às quebras significativas registadas em sectores muito mais
apetecíveis, e.g. aeronáutico e automóvel, sobretudo devido ao aparecimento dos materiais compósitos,
os quais apresentam inúmeras vantagens face ao aço.
Em Portugal, quando se fala em projecto de estruturas metálicas e mistas, há um nome que de imediato
assoma às mentes: o do Prof. José Mota Freitas, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do
Porto. Este é, por esta razão, o entrevistado do presente número da Construção Magazine, dedicado a esta
temática. E porque as Escolas são feitas por pessoas, que transmitem (e acrescentam) conhecimento de
geração em geração, considerámos que fazia todo o sentido convidar para co-editor do dossier temático
um jovem professor da mesma Escola: o Prof. Miguel Castro, seguramente um dos nomes a reter como
referência futura na área das Estruturas Metálicas e Mistas em Portugal.
Eduardo Júlio, Director
2_
editorial
Caro leitor,
Benvindo a este número da Construção Magazine dedicado ao tema da construção metálica, no qual
se pretende apresentar uma perspetiva diversificada sobre o panorama nacional da construção
em aço. O número inclui uma entrevista com o Engenheiro e Professor Mota Freitas, personagem
marcante para uma série de gerações de engenheiros civis e figura incontornável da engenharia de
estruturas em Portugal. Para além de um vasto curriculum ao nível das estruturas de betão armado,
do qual resultou a obtenção de um prémio Secil no ano de 2007 e do prémio Outsanding Structure,
atribuído em 2009 pela Associação Internacional de Engenheiros de Estruturas e Pontes (IABSE), o
Engenheiro Mota Freitas foi, e ainda é, um dos principais impulsionadores em Portugal da utilização
do aço no projeto de estruturas. Que o digam todos aqueles que tiveram a oportunidade e o privilégio
de escutar os seus ensinamentos nos bancos da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto!
Da leitura da entrevista ficamos a conhecer um pouco melhor sobre o percurso do Engenheiro Mota
Freitas no projeto de estruturas metálicas e sobre o seu olhar em relação ao panorama atual da
utilização do aço no setor da construção nacional.
O número inclui ainda um conjunto de artigos de cariz técnico nos quais são tratados uma série de
assuntos associados à construção metálica, nomeadamente pontes, edifícios industriais, fogo,
aço leve e, por último, o incontornável tema da sustentatibilidade. São textos muito interessantes,
escritos por autores portugueses de reconhecida reputação, oriundos do meio científico e também
da indústria, que nos permitem compreender de forma abrangente as vantagens da utilização do
aço nas estruturas.
josé miguel castroco-editor da cM46
*O Professor Eduardo Júlio escreve de acordo com a antiga ortografia.
2_cm
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solicite mais informações em [email protected]
4_6conversas
Construção Magazine (CM) – Como é que surgiu o interesse especial pelo projeto de estruturas
metálicas?
Mota Freitas (MF) – Por mero acaso. De facto, regressado de Angola em setembro de 1968, após quatro
anos de Serviço Militar Obrigatório, e tendo já aceitado o cargo de Assistente da FEUP, vi-me confron-
tado com a necessidade de arranjar um outro emprego, dado o vencimento ridículo de Assistente.
Tive três ofertas de emprego, duas das quais muito boas em termos económicos (numa empresa
Hidroelétrica e num Banco) mas que exigiam dedicação exclusiva e, portanto, incompatíveis com o
compromisso assumido. Aceitei por isso o convite do ETEC (Escritório Técnico de Engenharia Civil),
Sociedade Irregular de três sócios: Prof. Armando Campos e Matos, Prof. Aristides Guedes Coelho e
Engº Carlos Guerreiro. O vencimento era muito inferior, pois tratava-se de uma colaboração a tempo
parcial, mas foi esta a opção que me lançou para o projeto de estruturas metálicas (EM). A princípio
fábricas, com as suas coberturas metálicas, mas rapidamente apareceram pontes metálicas, rodo
e ferroviárias, para projetar: só de uma assentada foram-nos adjudicados os projetos de oito pontes
ferroviárias! Até outubro de 1989 (data em que fui operado a um tumor na espinal medula, de que
resultou ter ficado paraplégico), projetei sozinho vinte e tal pontes metálicas rodo e ferroviárias (a
grande maoiria). Tenho assim pontes “minhas” nas linhas do Norte, do Douro, do Estoril, das Vendas
Novas, da Beira Baixa, e do Oeste. Ainda nesse período tive vários projetos interessantes, tais como
seis torres de iluminação de estádios (Boavista, Maia...) e de instalações portuárias (Luanda e Sines);
entre estes e muitos outros, os que mais me tocaram foram os projetos da cobertura da Capelinha
das Aparições e da cobertura do Auditório do Centro Pastoral Paulo VI (2 900 lugares), em Fátima.
Durante a década de 80, o ETEC reforçou os seus quadros com jovens engenheiros e engenheiras de
muitíssimo valor. Em equipa projetámos as estruturas do Pavilhão do Futuro (hoje Casino de Lisboa),
de três fábricas de papel (custo global de aproximadamente 500 milhões de contos, cada), de uma
fábrica de cimento, de grandes pavilhões industriais para a Continental Mabor, de centros comerciais,
Entrevista conduzida por José Miguel Castro
Fotografia por Joana Correia
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ota
frei
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Mota Freitas é daquelas pessoas que praticamente dispensa qualquer apresentação. Contudo, não se pode deixar de referir, uma vez mais, que se encontra entre os mais reputados engenheiros civis do nosso país, contando com um portfólio invejável de projetos de estruturas metálicas e de betão armado. Apesar de já se ter reformado, Mota Freitas continua a colaborar em alguns projetos pontuais, dando provas da sua competência e profissionalismo na prática da engenharia. Em entrevista à CM, Mota Freitas fala-nos das suas obras mais conhecidas, os desafios que lhe foram colocados ao longo da vida e sobre a utilização do aço na construção nacional.
cm_5
de hipermercados, das claraboias do Gaia
Shopping e de tantas outras obras de grande
importância. A ponte ferroviária que aparece
nas fotografias e que atravessa o rio Coura,
em Caminha, foi projetada por mim com a
preciosa colaboração de um desses jovens
engenheiros.
CM – Qual o projeto que lhe colocou maiores
desafios em toda a sua carreira?
MF – Na fase de conceção das estruturas a
adotar, por exemplo, para uma ponte, há que
ter em conta a sua posterior montagem, sen-
do inclusivamente obrigatório indicar, caso a
caso, um procedimento construtivo viável. A
quase totalidade das pontes que projetei foram
executadas pela firma SEPSA, que dispunha de
um colaborador, o Sr. João Enes, que idealizava
com o auxílio de modelos reduzidos, o procedi-
mento que iria adotar nas montagens. Apenas
uma vez pediu a minha opinião...
A ponte de Caminha foi construída pela firma
Teixeira Duarte, que adotou o seguinte proce-
dimento construtivo: todos os elementos de
reforço da ponte existente foram colocados
no sítio com gruas que circulavam em carris
montados sobre os banzos superiores da
mesma, o que permitiu realizar toda a obra sem
interrupção do trânsito ferroviário.
Ironicamente, a obra que seria a mais marcante
da minha carreira e que apresentava enormes
desafios em termos de conceção, cálculo e
construção, acabou por não ser executada.
Tratava-se da nova sede do Banco de Portu-
gal, na Praça de Espanha, em Lisboa (1990).
O projeto de arquitetura era da INTERGAUP
(Arq.º Vieira da Fonseca) e o de estruturas do
consórcio FASE-ETEC. Tratava-se de um edifício
com mais de 300 metros de extensão, em que
os pisos dos serviços começavam a 50 metros
de altura, pelo que era totalmente transpa-
rente. Depois de vencidas todas as múltiplas
dificuldades da conceção e do cálculo, e depois
de devidamente congeminados os procedi-
mentos de montagem a adotar, recebemos
a notícia de que a obra não iria para a frente.
Razão apresentada: “ A diminuição de funções
dos bancos centrais dos países da U.E., face à
criação do Banco Central Europeu...” Tivemos
um grande desgosto!
CM – Como vê a formação atual em estruturas
metálicas dos jovens engenheiros civis?
MF – Apenas posso falar da FEUP (Faculdade
de Engenharia da Universidade do Porto) e
do que se passava no período em que eu e a
Prof.ª Elsa Caetano eramos os responsáveis
pelas disciplinas de Construções Metálicas e
de Estruturas Metálicas e Mistas. A formação
dos alunos ficava aquém do que desejávamos,
apesar dos nossos esforços. Por semestre,
cada um de nós dispunha apenas de 13 aulas
de duas horas. Era muito pouco! Tratava-se de
uma situação que, a manter-se, urge alterar.
CM – O aço e o betão armado têm sido concor-
rentes na aplicação a estruturas de engenha-
ria civil. Como caracteriza a situação atual?
MF – Em Portugal, nos edifícios correntes
destinados a habitação e/ou escritórios, com
altura pouco significativa (digamos até 20
pisos), as estruturas resistentes são, geral-
mente, de betão armado (BA).
Pelo contrário, nas situações em que se pre-
tende um grande impacto visual (novas esta-
ções ferroviárias, gares marítimas, edifícios
aeroportuários, grandes espaços comerciais,
estádios, etc) surgem zonas em que as estru-
turas são de BA e outras em que são de aço.
Na Avenida da Boavista, no Porto, no edifício
PerfilJosé Fonseca da Mota Freitas nasceu em
Chaves a 18 de abril de 1938. Licenciou-se em
Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia
da Universidade do Porto em 1964. Após
quatro anos de serviço militar, regressa à
FEUP mas agora para dar aulas e lá ficou até
2008. Ao mesmo tempo, começou a trabalhar
na empresa de projetos ETEC, onde foi desen-
volvendo inúmeros projetos. Do seu currículo
destacam-se obras presentes em todo o país,
por exemplo: ponte ferroviária sobre o Rio
Coura em Caminha, Pavilhão do Futuro na Expo
98, centros comerciais “Odivelas Parque” e “8ª
Avenida” (S.João da Madeira),“Business Park
da Maia” da Sonae. Foi também responsável
pelos projetos das coberturas do auditório
do Centro Pastoral Paulo VI e da Capelinha
das Aparições no Santuário de Fátima. Mais
recentemente foi responsável pela coordena-
ção do projeto da Igreja da Santíssima Trindade
em Fátima, obra esta que lhe valeu o Prémio
Secil de Engenharia Civil em 2007 e o Prémio
Outstanding Structure (OSTRAC), atribuído em
2009 pela International Association for Bridge
and Structural Engineering (IABSE).
06_cm
conversas
“promover encontros de construção metálica, em que se privilegie
a apresentação de obras inteiramente realizadas com
estruturas de aço (...)“
SANJOSÉ (cerca de 25 pisos), destinado a habitação e escritó-
rios, os pilares periféricos são mistos, constituídos por perfis de
aço envolvidos em betão. Esta solução permitiu adotar secções
transversais reduzidas e constantes em altura: o aumento da
capacidade de carga conseguiu-se por alteração da secção
de aço (não visível do exterior), mantendo-se praticamente
constante a de betão.
Não temos arranha-ceús (felizmente) pois o custo dos terre-
nos não o justifica. Porém, nos Estados Unidos, nos Emirados
da Península Arábica, em Macau, em Hong Kong e, noutras
cidades chinesas sobrepovoadas, a sua construção é fre-
quente e as estruturas principais resistentes são de aço.
No domínio das pontes o aço deu lugar ao betão armado
pré-esforçado. No Porto: Maria Pia, Arrábida, S. João, Freixo,
Infante; em Lisboa: 25 de Abril, Vasco da Gama (estaiada).
Nas passagens superiores às autoestradas deu-se o
inverso: os novos tabuleiros são geralmente suportados
por vigas mistas ou por vigas de aço embebidas em betão.
O aço continua a ser aplicado na reabilitação e no reforço
de pontes metálicas existentes e, ainda, em edifícios de
valor histórico: antigos conventos, etc. Acrescento que,
em Portugal, os quatro “Prémios Nobel” de Arquitetura e
de Engenharia foram atribuídos a edifícios cujas estrutu-
ras são de BA/BP. O Prémio PRITZKER atribuído ao Arq.º
Álvaro Siza e, posteriormente, ao Arq.º Eduardo Souto
de Moura; o Prémio OSTRA atribuído ao Eng.º Segadães
Tavares e, posteriormente, a mim e à minha equipa de
engenheiros(as), desenhadores(as), etc.
CM – No panorama atual de estagnação da economia,
que ações poderão ser desenvolvidas para atenuar o
impacto negativo no setor da construção?
MF – Com o país na situação em que se encontra,
não são de prever tão cedo obras de vulto. Que fa-
zer então até este pesadelo desaparecer? Usar da
imaginação, de muita imaginação, desenvolver as
parcerias existentes com alguns países europeus,
com Angola, Moçambique, etc, e reatar os laços
com os países do norte de África, logo que haja
condições para tal.
Outras ações a compreender seriam: melhorar a
formação dos alunos de engenharia no âmbito
das construções metálicas e das construções
mis tas; pr omover a cr iação de gr upos de
trabalho integrando alunos de arquitetura
e de engenharia, nas disciplinas de Projeto;
promover Encontros de Construção Metálica,
em que se privilegie a apresentação de obras
inteiramente realizadas com estruturas de
aço e convidar arquitetos, engenheiros, re-
presentantes de empresas Metalomecânicas
e de construção civil, etc.
6_cm
conversas
7_ 10construção metálicasustentabilidade e competitividade de edifícios metálicos
Luís Simões da Silva
Professor Catedrático,
Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Coimbra
Helena Gervásio
Professora Auxiliar Convidada,
Departamento de Engenharia Civil, Universidade de Coimbra
1. INTRODUÇÃO
O Desenvolvimento Sustentável é hoje uma
das principais preocupações da Sociedade. O
consumo de recursos naturais e o consumo
de energia são os aspetos ambientais com
mais importância no domínio da construção.
Na UE, aproximadamente 50% de todos os
materiais que são retirados da superfície da
Terra são utilizados no setor da construção.
A indústria extrativa de materiais utilizados
na construção gera grandes quantidades de
poluição e de resíduos. O ambiente construído
é também a maior fonte de Gases com Efeito
de Estufa (GEE) na Europa e é responsável por
cerca de 40% das emissões mundiais de GEE. O
setor da construção é responsável por aproxi-
madamente 30% a 50% do total de resíduos de
construção e demolição gerados nos países
mais desenvolvidos. Em termos de energia,
o consumo de energia em edifícios durante a
fase operacional corresponde a cerca de 85%
do consumo total de energia de um edifício [1].
A realização de um edifício sustentável e
energeticamente eficiente é complexo dado
as seguintes razões [2]:
— Os edifícios são sistemas complexos que
oferecem múltiplas funções;
— Os edifícios têm características individuais
— segurança e acessibilidade;
— proteção contra o ruído;
— economia de energia e retenção de calor;
— o uso sustentável dos recursos naturais.
Consequentemente, a conceção de edifícios,
ef icientes do ponto de vista do consumo
energético e sustentáveis, deve ser abordada
no quadro de uma perspetiva holística usando
metodologias de multicritérios baseadas no
desempenho dos mesmos. Há dois fatores
principais que contribuem para a eficiência
energética de edifícios: a eficiência dos mate-
riais e a eficiência energética. A eficiência dos
materiais diz respeito à utilização de materiais
ecológicos e que minimizam a criação de resí-
duos, quer durante a fase de construção quer
na fase final da vida útil do edifício. A eficiência
energética é atualmente entendida como a
otimização da energia operacional, a qual é
utilizada na fase de operação do edifício e que
inclui a energia necessária para o aquecimento,
o arrefecimento, a iluminação, etc. Atualmente,
a energia operacional de ciclo-de-vida repre-
senta cerca de 80% a 85% da energia total de
ciclo-de-vida do edifício. No entanto, dado que a
eficiência energética da envolvente do edifício
tem vindo a ser cada vez mais eficaz, a energia
incorporada no edifício tem vindo a tornar-se
que dependem da própria localização do
edifício. A variação das condições locais
tem a mesma importância que o edifício em
si, ao contrário de outros produtos (por ex.,
automóveis).
— Não há uma relação direta entre as pro-
priedades dos materiais e o desempenho
do edifício. Devido à multifuncionalidade
de um edifício, cada material oferece um
número limitado de benefícios que cumpre
algumas funções (por exemplo, resistência
estrutural), enquanto que simultaneamen-
te pode ser prejudicial para outras funções
(por exemplo, eficiência térmica).
— A vida útil dos edifícios é muito longa, contra-
riamente a outros produtos que normalmen-
te têm uma vida útil inferior (por ex., carros,
equipamentos elétricos e eletrónicos). Além
disso, a vida útil real de um edifício pode
muitas vezes exceder a vida útil de referência
(que para um edifício típico é geralmente
considerada de 50 anos).
De acordo com o Regulamento dos Produtos de
Construção [3], os edifícios devem garantir os
seguintes requisitos básicos:
— resistência mecânica e estabilidade;
— segurança em caso de incêndio;
— higiene, saúde e meio ambiente;
O Desenvolvimento Sustentável é uma questão essencial hoje em dia e afeta todos os setores da
nossa sociedade. A indústria da construção desempenha um papel fundamental nos objetivos
do Desenvolvimento Sustentável, não só pela sua contribuição para a economia global como
também pelos seus significativos impactos ambientais e sociais.
Neste artigo são apresentados os principais desafios e oportunidades para a sustentabilidade
e competitividade dos edifícios em aço. Em primeiro lugar, o quadro legislativo europeu é intro-
duzido, juntamente com as ferramentas operacionais mais relevantes. Em seguida, os desafios
para o setor são apresentados e discutidos. Finalmente, são listadas as oportunidades para o
setor da construção, e em particular, para a construção metálica.
cm_7
cada vez mais importante. Por exemplo, a Figu-
ra 1 ilustra o balanço entre a energia acumulada
operacional e a energia acumulada incorporada
de um edifício, ao longo do seu ciclo-de-vida,
para diferentes níveis de isolamento. Nesta
figura pode observar-se que uma pequena
melhoria na eficiência térmica do edifício pode
conduzir a um aumento significativo da energia
incorporada do edifício.
Neste ar tigo são ainda apresentados os
principais desafios para a sustentabilidade e
competitividade dos edifícios metálicos. Em
primeiro lugar, é apresentado o quadro legisla-
tivo europeu, juntamente com as ferramentas
operacionais mais relevantes. Posteriormente,
são apresentados e discutidos os desafios
para o setor da construção.
2. COMPETITIVIDADE DO SETOR DA CONSTRUÇÃO
2.1. Caracterização
O setor da construção é um dos setores-
chave da União Europeia, tanto em termos de
produção como de emprego. A indústria da
construção é o maior empregador industrial da
Europa, representando 7,5% do emprego total e
30% do emprego industrial, contribuindo com
cerca de 10% para o PIB. O setor da construção
consome mais matérias-primas em peso (até
50%) do que qualquer outro setor industrial. O
ambiente construído é responsável pela maior
parcela das emissões de gases com efeito de
estufa (cerca de 40%) em termos de uso final
de energia. As atividades de construção e de
demolição produzem o maior fluxo de resíduos
(em peso) na Europa (entre 40% a 50%), sendo
a maioria dos quais recicláveis [2].
No período de 2005 a 2007, a indústria da
construção na Europa teve um crescimento
significativo, no qual, o ano de 2007 represen-
tou o ponto mais alto do boom da construção.
Entre 2002 e 2007, o setor da construção teve
um crescimento significativo em termos de
emprego (17%) e volume de negócios (41%),
que foi especialmente significativo nos no-
vos Estados-Membros. A crise financeira em
2009 reverteu a situação. De 2007 a 2009, os
mercados de construção diminuíram, sendo
o mercado de novos edifícios o que foi mais
afectado (uma diminuição de 35,3% em compa-
ração com 2007). Naturalmente, a desacelera-
ção na atividade de construção teve também
um grave impacto sobre o emprego. O índice
de emprego (EU27) para construção caiu 7,6%
entre 2008 e 2009 e mais 8,2% entre 2009 e o
início de 2010 [2].
2.2. Desafios políticos e organizativos
A Comunidade Europeia tem vindo a desenvol-
ver um longo esforço ao longo dos últimos anos
a fim de avaliar o desempenho e a competitivi-
dade da indústria. Neste sentido, e em relação
à industria dos materiais de construção, as
principais recomendações são: (i) adoção de
abordagens de ciclo de vida para melhorar o
desempenho ambiental dos produtos de cons-
trução; (ii) tornar prática corrente os sistemas
de dados ambientais com base em inventários
de ciclo-de-vida, (iii) harmonizar os sistemas
nacionais de avaliação ambiental ao nível da
União Europeia (de preferência através do
CEN), (iv) promover, através das associações
de materiais de construção, a adoção de es-
quemas de auditoria ambiental e sistemas de
gestão ambiental.
Por sua vez, o plano de ação sobre “Eficiência
energética em edifícios” conduziu também a
uma série de recomendações: (i) monitoriza-
ção e benchmarking (como por ex., o desenvol-
vimento de novos indicadores que permitam
demonstrar as melhorias no desempenho
energético, etc); (ii) mecanismos de estímulo
(por ex., incentivar os proprietários de edifícios
a publicar os valores relativos ao consumo de
energia, obrigar os proprietários de edifícios re-
abilitados (quando superior a 25%) a melhorar
a eficiência energética dos mesmos, etc); (iii)
medidas fiscais (por ex., oferecer incentivos
financeiros específicos para os consumidores,
desenvolver cer tif icados de desempenho
energético, etc), e (iv) medidas regulamenta-
res e políticas tais como a certificação de de-
> 1
> Figura 1: Balanço entre a energia incorporada e a energia operacional ao longo do ciclo-de-vida do edifício [1]
3000
2500
2000
1500
1000
500
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
GJ
years
Scenario 1 - Embodied
Scenario 4 - Embodied
Scenario 2 - Embodied
Scenario 5 - Embodied
Scenario 3 - Embodied
Scenario 5 - Operational
Scenario 2 - Operational
Scenario 4 - OperationalScenario 3 - Operational
Scenario 1 - Operational
construção metálica
8_cm
sempenho energético dos edifícios e/ou exigir
um desempenho energético exemplar a nível
dos contratos públicos. Em relação à “gestão
de resíduos” foram feitas recomendações com
relação à minimização de resíduos e medidas
para minimizar a quantidade de resíduos des-
tinada a aterros e lixeiras ilegais.
Mais recentemente, a iniciativa em prol dos
mercado-piloto na Europa (COM (2007) 860
final), que consiste num plano de ação con-
certado e coordenado introduzido pela CE
com o objetivo de facilitar o desenvolvimento
de produtos e serviços inovadores, definiu a
Construção Sustentável como uma das seis
áreas de mercado prioritárias.
O consumo e a produção sustentáveis são um
grande desafio da Estratégia Europeia para o
Desenvolvimento Sustentável, pois requerem
mudanças na forma de conceção, produção,
utilização e eliminação de produtos e serviços,
tendo em conta o comportamento do produtor
e do consumidor. Para reforçar o esforço euro-
peu na produção e consumo mais sustentáveis
e promover a sua política industrial susten-
tável, foi introduzido, em julho de 2008, um
plano de ação (COM (2008) 397 final) que visa
alterar substancialmente os comportamentos
de consumidores e produtores em relação
a produtos de melhor qualidade, conduzir a
uma produção mais limpa e eficiente e a um
consumo mais inteligente.
2.3. Legislação e regulamentação
O quadro geral para as atividades económi-
cas na EU, incluindo o setor de construção, é
definido por diferentes diretivas europeias e
iniciativas regulamentares.
As duas diretivas mais relevantes são:
— Regulamento dos Produtos de Construção
(CPR) [3];
— Diretiva do Desempenho Energético dos
Edifícios (EPBD) [4].
Outras diretivas relevantes são [2]:
— Diretiva dos resíduos;
— Diretiva REACH;
— Consulta pública SVHC (identificação de
sete potenciais substâncias que suscitam
elevada preocupação);
— Diretivas de contratos públicos;
— Diretivas para a eficiência no consumo de
água.
A elaboração e a aprovação destas diretivas é
feita normalmente através de procedimentos
complexos que envolvem amplas discussões
entre todas as partes interessados e de lobby,
antes de serem votadas pelo Parlamento
Europeu [2].
2.4. Normalização
Nos últimos anos tem-se assistido ao desen-
volvimento de várias metodologias para a
avaliação da sustentabilidade da construção.
Se por um lado, a existência destas novas
metodologias demonstra o interesse que o
problema representa para o setor, por outro
lado, torna complexa a seleção do método
mais apropriado e inviabiliza a comparação
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Paredes interiores e exteriores - 640 m2
Mansardas: no 3º piso - 21; no 4º piso - 10Cobertura - 1000 m2 – 80 águas, incluindo mansardas
PUB
construção metálica
entre avaliações de edifícios. Esta limitação
levou a Comissão Europeia a emitir mandato
de Normalização (Mandate M/350: Sustainabi-
lity of Construction Works [5]) com o objetivo
de desenvolver métodos para a avaliação da
performance ambiental de edifícios (novos e
existentes). Em resposta a este mandato, foi
criado em 2005 o Comité Técnico TC 350 do
Comité Europeu de Normalização (CEN), o qual
se encontra a desenvolver um conjunto de
normas, com caráter voluntário, para a avalia-
ção de edifícios ao longo do seu ciclo de vida. O
âmbito inicial do mandato M/350 limitava-se ao
critério ambiental, no entanto o comité decidiu
estender o âmbito do mandato no sentido de
abranger as três dimensões da sustentabili-
dade: ambiental, económica e social.
As futuras normas Europeias tem em conside-
ração as políticas europeias relevantes para
os produtos da construção, nomeadamente
o novo Regulamento dos Produtos da Cons-
trução, o novo código para Compras Públicas,
os Certificados Energéticos, os Rótulos Am-
bientais, etc [6]. Estas normas constituem
um passo importante para a harmonização
dos modelos de avaliação da sustentabilidade
europeus e contribuem para a credibilidade
da sustentabilidade no setor da construção.
2.5. Oportunidades
2.5.1. Cadeia de produção e fornecimento
Uma das maiores complexidades do setor da
construção é a dificuldade em conseguir uma
industrialização eficiente. Isto resulta do
próprio conceito de um edifício, o qual está in-
trinsecamente ligado aos valores culturais da
sociedade e que depende das características
e limitações locais. Normalmente, as elevadas
dimensões das componentes de um edifício
é outro fator que também desempenha uma
barreira para a industrialização, conduzindo
em muitas situações para a fabricação in-situ.
Os processos industriais e uma cadeia de for-
necimento eficiente são requisitos essenciais
para o desenvolvimento de materiais mais
eficientes e para a criação de edifícios mais
sustentáveis.
De forma geral, as estruturas metálicas fa-
cilitam a pré-fabricação de estruturas (total
ou parcial) conduzindo desta forma a um
RefeRências
[1] Gervásio, H., Santos, P., Simões da Silva, L. and Gameiro Lopes, A, (2010) “Influence of insulation on the
balance between embodied energy and operational energy in light-steel residential buildings”, Advanced
Steel Construction, 6(2), pp. 742-766 (2010)..
[2] Simões da Silva, L., “Energy efficient materials for buildings”, Expert Report in Roadmapping Exercise on
Materials for the European Strategic Energy Technology Plan, European Commission, Brussels (2011).
[3] Regulation (EU) No 305/2011 of the European Parliament and of the Council of 9 March 2011 laying down
harmonized conditions for the marketing of construction products and repealing Council Directive 89/106/
EEC (2011).
[4] Diretiva 2010/31/UE do Parlamento Europeu e do Conselho relativa ao desempenho energético dos
edifícios (reformulação)
[5] Dias, A. e Ilomäki, A. “Standards for Sustainability Assessment of Construction Works”, Bragança, L.,
Koukkari, H., Block, R., Gervásio, H., Veljkovic, Borg, R., Landolfo, R., Ungureanu, V., Schaur, C. (eds.), Sus-
tainability of Constructions – Towards a better built environment. Proceedings of the Final Conference,
COST Action C25, pp. 189-196, Innsbruck (2011).
[6] Mandate M/350 EN Standardization mandate from EC/DG Enterprise to CEN. Development of horizontal
standardized methods for the assessment of the integrated environmental performance of buildings.
Answer from CEN/BT/WG 174. Secretariat of CEN/CEN/TC 350 (2005).
[7] Steel Recycling Institute (http://w w w.recycle-steel.org /en/Recycling%20Resources/Steel%20
Recycling%20Rates.aspx).
processo de construção mais eficiente, a uma
maior rapidez de construção e à minimização
dos riscos e prejuízos da obra e do estaleiro.
2.5.2. Resíduos e emissões
Grande parte dos resíduos resultantes da
construção e demolição produzidos anual-
mente podem ser ainda mais reutilizados e/
ou reciclados. A reciclagem e/ou reutilização
desses resíduos permite reduzir o volume dos
aterros e contribuir simultaneamente para a
salvaguarda das matérias-primas.
Um dos materiais com maior potencial de
reciclagem é o aço. Atualmente, a taxa de
reciclagem de estruturas em aço é de 98%,
enquanto que a taxa de reciclagem de armadu-
ras ordinárias é de 70% [7]. Além disso, o aço
pode ser reciclado inúmeras vezes sem perder
qualquer uma das suas qualidades.
2.5.3. Reciclagem, desconstrução e
reutilização
A reutilização de componentes e materiais
de construção tende a reduzir as emissões
atmosféricas devidas aos processos de re-
ciclagem. No entanto, a eficiência do reapro-
veitamento dos materiais de construção e/ou
componentes estruturais depende da forma
como os materiais são acessíveis durante a
fase de demolição. O projeto de edifícios com
vista à sua desconstrução tem como objetivo
permitir uma demolição organizada do edifício,
a fim de aumentar o potencial de reciclagem e
reutilização dos materiais.
Em fase de fim de vida, as estruturas metáli-
cas, graças às suas características naturais,
permitem uma demolição organizada da
estrutura e eventualmente a sua reutiliza-
ção (total ou parcial) em locais distintos do
original.
3. CONCLUSÕES
Neste artigo foram apresentados os principais
desafios e oportunidades para a sustentabili-
dade e competitividade dos edifícios em geral
e, em particular, dos edifícios em aço.
A indústria da construção é responsável, direta
ou indiretamente, por uma proporção bastante
significativa de impactos ambientais, os quais
podem comprometer, a médio ou longo prazo,
o futuro das gerações futuras. Portanto, uma
das prioridades do setor da construção deve
ser o de desenvolver e fornecer soluções
inovadoras com vista à minimização deste
problema. Graças às características naturais
do aço, as estruturas metálicas permitem a
otimização dos recursos naturais e a obtenção
de um ambiente construído mais racional e
eficaz, contribuindo deste forma para uma
construção mais sustentável.
10_cm
11_ 14
ser interessante quando os esforços locais
introduzidos nas almas durante o lançamen-
to – efeitos de “patch loading”, começam a
ser condicionantes para a espessura da alma.
Quanto aos banzos, a utilização de aços soldá-
veis de grão fino, qualidade N ou NL, permite
a utilização de chapas de banzo de grande es-
pessura (em geral até cerca de 120 ou 150mm)
nas secções sobre os apoios.
Para vãos acima dos 60 ou 70m, as soluções
mistas em caixão monocelular, começam a
ser altamente competitivas em relação às
soluções bi-viga, na medida em que na zona de
momentos negativos sobre os apoios dos ta-
buleiros contínuos, são adotadas chapas com
reforços longitudinais abertos com secção em
T ou, preferencialmente, reforços fechados de
secção trapezoidal. Em alternativa a essa tipo-
logia de banzo comprimido, têm sido adotados
tabuleiros com dupla ação mista [2], em que
o banzo inferior comprimido integra também
uma laje de betão. Essa laje só existe na zona
dos apoios, até um limite de cerca da 1/5 do
vão para cada lado do apoio. A principal difi-
culdade dos caixões é o transporte. Tabuleiros
largos requerem caixões com mais de 4 m de
largura. Para evitar um transporte especial, o
caixão pode ser transportado em duas meias
secções transversais, e executada uma sol-
dadura longitudinal em obra no banzo inferior.
Os tabuleiros em caixão, para vãos médios,
inferiores aos 60m, podem ser interessantes
como forma de aumentar a esbelteza do tabu-
leiro aspeto desejável por razões estéticas em
obras urbanas (Fig. 2) e por vezes exigível por
razões de gabarito vertical.
Os tabuleiros em treliça mista aço-betão [3]
construção metálicapontes metálicas e mistasA. J. Reis
Prof. Catedrático do Instituto Superior Técnico
Diretor Técnico da GRID engenharia
1. IntRodução
Se a nível europeu a utilização de soluções
metálicas e mistas para pontes rodoviárias
e ferroviárias é prática corrente, em Portugal
a situação era tradicionalmente diferente.
Na última década, em especial, a situação
alterou-se.
A implementação de soluções em estrutura
mista aço-betão para tabuleiros de pontes em
Portugal tem resultado de um esforço conjunto
de Projetistas, Donos de Obra e Construtores,
no sentido de se considerarem, em fases de
projeto ou em concursos de conceção-cons-
trução, as soluções mistas como alternativas
às soluções de betão armado pré-esforçado.
A tipologia das soluções, os novos aços e os
processos construtivos são a “chave” para
o desenvolvimento das pontes metálicas e
mistas em Portugal. Uma síntese, necessa-
riamente breve, destes aspetos, baseada na
experiencia de projeto do autor e ilustrada
por obras neste domínio pelas quais tem sido
responsável pela sua conceção, é o objeto do
presente artigo.
2. tIpologIAs
Com exceção dos grandes vãos, diga-se
acima dos 100 a 150 m, os tabuleiros mistos
aço-betão são em geral muito mais competi-
tivos do que os tabuleiros metálicos. Nestes
últimos, a laje de tabuleiro é constituída por
uma placa integralmente em aço com reforços
longitudinais e transversais -tabuleiro em
placa ortotrópica. Nos primeiros- tabuleiros
mistos aço-betão, a laje de tabuleiro é uma
laje de betão armado ou pré-esforçado, inte-
gralmente betonada in-situ, betonada sobre
pré-lajes colaborantes ou, mais raramente,
integralmente constituída por segmentos
pré-fabricados. Em qualquer um dos casos,
a estrutura metálica serve de cimbre à laje
até que se realize a interação laje-estrutura
metálica, passando a estrutura a funcionar
como mista.
As soluções mistas aço-betão, embora com
maior carga permanente, são as preferenciais.
O custo de fabrico e de manutenção é menor
do que nas soluções integralmente metálicas.
Os tabuleiros mistos aço-betão possuem
três tipologias básicas: tabuleiros bi-viga ou
multiviga, tabuleiros em caixão e tabuleiros
em treliça mista aço-betão.
Para vãos até cerca dos 60 a 70 m as soluções
para pontes rodoviárias ou ferroviárias (Fig.1)
do tipo “bi-viga” [1], constituídas por duas vigas
de alma cheia com um sistema de contraven-
tamento transversal reduzido a carlingas ou a
sistemas triangulados constituídos por tubos
ou outro tipo de perfis, são economicamente
as mais competitivas.
As razões são várias. Nestas soluções, o
transporte pode ser feito antes da ligação
transversal dos elementos. As almas das
secções podem ter apenas um sistema de
reforços transversais ou com um ou dois refor-
ços longitudinais. O espessamento das almas
para evitar os reforços longitudinais é em geral
compensador, do ponto de vista económico,
pelo menos para tabuleiros com alturas até 3
a 4 m. O reforço longitudinal a cerca de 1/5 da
altura a partir do nível do banzo inferior pode
cm_11
construção metálica
12_cm
> Figura 1: Viadutos com tabuleiro bi-viga misto. Metro do Porto. Projetos GRID.
> Figura 2: Tabuleiro em caixão unicelular misto, com nervuras transversais. Viaduto sobre o IC19, Lisboa. Vão principal 54m. Projeto GRID.
> 1
são, de todos, os que conduzem a um menor
consumo de aço por m2 de tabuleiro. No entanto
o seu custo vem agravado pelo custo de mão de
obra (corte de chapas, soldadura e pintura) e
de manutenção. As treliças podem apresentar
uma tipologia clássica, com tabuleiro superior
ou inferior, ou serem treliças tridimensionais
de secção transversal triangular [3,4]. Um
misto entre as soluções treliça e viga de alma
cheia, é constituído pelas soluções do tipo
HFWS –Hybrid Full Web System [5] em que se
introduz uma viga de alma cheia em conjunto
com duas treliças Warren inclinadas A tipologia
preferível para as treliças, mesmo para tabu-
leiros a dois níveis e grandes vãos, acima dos
100 m, é a treliça Warren com cordas ou cordas
e diagonais de secção tubular.
3. Aços e pRoteção AntIcoRRosIvA
Tradicionalmente adotavam-se nas pontes
metálicas e mistas os chamados aços de
construção S355, em geral nas qualidades J2
ou K2 G3, no que se refere à resistência à rotura
frágil, hoje em dia incluídos na EN10025 Parte
2 (EN10025-2). Tratam-se de aços com uma
energia mínima de rotura no Ensaio Charpy
de 27 Joules, no caso por exemplo do S355J2,
a -20ºC. Nas pontes ferroviárias, era habitual
adotar um aço com uma resistência à rotura
frágil superior como é o caso do S355K2. As
chapas mais espessas, tradicionalmente e até
por exigência regulamentar nalguns países,
passaram a ser executadas com aços soldáveis
de grão fino do tipo S355N para chapas entre
> 2
cm_13
> Figura 3: Ponte atirantada com tabuleiro em treliça mista aço-betão a dois níveis. Superior rodoviário para 6 vias e inferior ferroviário para 4 vias. Projeto de referência para a Terceira Travessia
do Tejo. Vão principal 540m Aços S460 M e ML. Projeto GRID
30 e 80 mm e S355NL acima dos 80 mm de es-
pessura. Estes aços, especificados de acordo
com a Parte 3 da EN10025, são aços com maior
resistência à rotura frágil do que os aços da EN
10025 -2. A utilização cada vez mais frequente
de banzos de grande espessura em tabuleiros
bi-viga tornou corrente a utilização dos aços
S355N e NL. Mais recentemente começaram a
adotar-se os aços termomecânicos, designa-
dos, no caso do aço da classe S355, por S355M
e S355ML. A utilização de aços de alta resis-
tência, como são o aço S420 e S460, tornou
cada vez mais corrente em pontes, a utilização
do aço S460M ou ML. A grande vantagem dos
aços termomecânicos reside numa excelente
resistência à rotura frágil mas em especial, em
relação aos aços K2 ou mesmo N ou NL, numa
exigência mais reduzida dos tempos de pré-
aquecimento para a execução das soldaduras.
Diga-se por exemplo, que aos custos atuais, o
aço S460N ou NL perdeu muita competitividade
em relação ao aço S460M ou ML. A utilização
de aços de resistência à cedência plástica
superior ao aço S460, nomeadamente os aços
S630 e S690, não tem sido muito corrente em
pontes. As chapas tornam-se cada vez mais
esbeltas por redução da sua espessura e o
problema de estabilidade, relacionado com a
encurvadura local ou global, torna-se cada vez
mais condicionante.
As propriedades através da espessura são hoje
em dia exigíveis de acordo com os requisitos
da EN1993-1-10. A qualidade Z15 é a mínima
exigida em pontes, sendo corrente, em chapas
de grande espessura, exigir uma qualidade Z25
ou, no limite, Z35. Existem por vezes algumas
dificuldades em assegurar uma qualidade Z35
em chapas de grande espessura, por exemplo
para o aço S460. Não significa que o aço não
tenha essa qualidade, mas sim que o fabricante
não a garante normalmente nos seus proces-
sos habituais de certificação.
As chapas de espessura variável, permitindo
uma transição contínua de espessura em
banzos, são sem dúvida um valor acrescentado
pela moderna tecnologia de fabrico dos aços.
Utilizada nalguns países, nomeadamente em
França, não tem sido corrente em Portugal.
Os aços com uma resistência melhorada
à agressividade do ambiente “Weathering
steels”, nomeadamente do tipo “cor ten”,
dispensando a proteção anticorrosiva por
pintura, têm sido em geral pouco adotados em
pontes, salvo varias aplicações em Espanha.
Embora com um custo um pouco maior do que
os restantes aços de resistência equivalente,
é sobretudo a sua cor castanha tipo ferrugem,
que os afasta da utilização em pontes metáli-
cas e mistas.
O problema de custos de manutenção, anti-
gamente utilizado como argumento contra
as soluções metálicas e mistas em Portugal,
além do argumento do custo acrescido da
construção metálica em relação à construção
das pontes de betão, encontra-se hoje em dia
completamente ultrapassado. Só o desconhe-
cimento dos novos processos de proteção
anticorrosiva e de exigências de manutenção
das pontes metálicas e mistas (que possuem
proteções anticorrosivas em geral dimensio-
nadas para cerca de 20 anos) pode justificar
o argumento contra uma solução deste tipo. A
maior parte das soluções mistas executadas
na Europa nunca tiveram mais do que uma pin-
tura, e em geral parcial (em zonas localizadas
mais vulneráveis à corrosão ou com defeitos
de pintura introduzidos durante a montagem
e não devidamente reparados), em intervalos
de 20 anos. Por outro lado, a maior parte dos
problemas de manutenção dos tabuleiros
mistos aço-betão, reduzem-se por norma a
um problema de pintura. O mesmo não sucede
nas pontes de betão com problemas bem mais
complexos a nível do controlo da durabilidade
do betão e do pré-esforço, este último, hoje em
dia, já bastante mais controlado pela qualidade
da injeção das bainhas. Não se vê por isso ne-
nhuma desvantagem, a não ser, como é óbvio,
um eventual custo acrescido na adoção dum
tabuleiro misto aço-betão. Só que esse even-
tual custo acrescido deve ser avaliado em sede
de Estudo Prévio ou mesmo no ato de concurso
de construção, permitindo que o mesmo seja
lançado para dois tipos de soluções – uma de
betão pré-esforçado e uma solução mista aço-
betão. O mercado regulará a decisão.
4. pRocessos constRutIvos
A não ser nos grandes vãos, nomeadamente
para pontes atirantadas com tabuleiros
metálicos ou mistos onde o processo de
avanços sucessivos continua a ser adotado
(Fig. 3), as pontes metálicas ou mistas são em
> 3
construção metálica
14_cm
> 4
geral montadas por lançamento incremental
(Fig. 4). A montagem da estrutura metálica
dos tabuleiros à grua é adotada para rasantes
baixas e tabuleiros pouco longos.
A grande vantagem do lançamento incre-
mental dos tabuleiros mistos aço-betão, em
relação às pontes de betão, consiste no facto
de a estrutura metálica, sendo muito leve,
permitir o seu lançamento com esforços que
não penalizam o custo da estrutura pela fase
construtiva. O mesmo não sucede com este
método de montagem nas pontes de betão
onde o aumento do pré-esforço exigido pela
fase construtiva é em geral condicionante
para vãos acima dos 50 m. As pontes mistas
podem ser executadas por lançamento sem
grandes condicionamentos para vãos entre
os 50 e os 100 m, sendo nesse domínio
muito competitivas em relação às pontes de
betão. Note-se que as pontes de betão para
vãos entre os 50 e os 70 m não são em geral
executadas com cimbres autolançáveis, de-
vido ao enorme custo desses equipamentos
construtivos. Resta assim, nesse domínio de
vãos e para as pontes de betão, o método de
avanços sucessivos, em geral muito pouco
competitivo para vãos abaixo dos 70 a 80 m.
A montagem dos tabuleiros por lançamento in-
cremental é feita por troços da ordem dos 20 m,
com lançamentos sucessivos, em operações
sequenciais com velocidades da ordem dos 6
aos 10 m/h. A um lançamento da ordem das 2
a 4 h segue-se a fase de soldadura, sobre a pla-
taforma de lançamento, na junta de montagem
na secção final de um novo segmento
A condição básica para a viabilidade do lan-
çamento incremental é, como para as pontes
de betão, a adoção de um traçado em planta
constituído por troços de raio de curvatura
constante – curva circular ou reta. Nesse
sentido, o traçado rodoviário ou ferroviário
tem de ser pensado, desde inicio, tendo em
conta o processo de montagem do tabuleiro.
O lançamento a partir de duas ou mais plata-
formas, permite o lançamento de tabuleiros
de grande extensão constituídos por uma su-
cessão de troços em curva circular e retos. O
lançamento incremental é preferencialmente
adotado para tabuleiros de altura constante,
embora a sua viabilidade para tabuleiros
de altura variável e diretriz reta tem sido
demonstrada na prática com equipamentos
de lançamento especiais. Quando o vão ultra-
passa os 100m, o lançamento incremental da
estrutura metálica é naturalmente possível,
mas os problemas da fase construtiva (sem
pilares intermédios) começam a tornar-se
mais condicionantes. Por outro lado, para
esses vãos, as secções tipo “bi-viga” são em
geral menos competitivas ou menos adequa-
das, do ponto de vista estrutural, do que os
caixões unicelulares.
5. conclusões
A competitividade das soluções metálicas ou
mistas para tabuleiros de pontes rodoviárias
ou ferroviárias é hoje em dia incontestável.
A fase construtiva torna-se em geral muito
menos condicionante do que numa ponte de
betão, as vantagens a nível ambiental, de
condicionamentos de tráfego e de prazo de
execução são evidentes. O problema de custos
de manutenção, antigamente utilizado como
argumento contra este tipo de soluções em
relação às soluções de betão, encontra-se hoje
em dia completamente ultrapassado.
> Figura 4: Novo atravessamento ferroviário do Sado em Alcacer do Sal. Montagem do tabuleiro da ponte principal (vãos de 160m) por lançamento incremental com pilares provisórios. Mon-
tagem dos arcos por elevação e rotação. Projeto GRID –Greisch.
RefeRências
[1] Reis, A.J. steel concrete composite bridges. op-
tions and design issues. steel Bridges Advanced
solutions and tecnologies.eccs publ. 1 ed. 2008.
[2] saul, R.- Bridges with double composite action,
seI 1/96
[3] Reis, A.J., J.oliveira pedro – composite truss
bridges. new trends , design and research. steel
construction , design and research,no.3 vol.4, pp
176-183. 2011.
[4] dauner, H. proceedings of composite Bridges
- state of the Art in technology and Analysis; J.
calzon (ed.), Madrid, 2001
[5] giulianni, M proceedings of composite Bridges
- state of the Art in technology and Analysis; J.
calzon (ed.), Madrid, 2001
[6] Reis,A J..., cremmer,J.M,., lothaire, A.,lopes, n.
the steel design for the new railway bridge over
the river sado river in portugal steel construc-
tion. design and research, no.4 vol. 3 . pp 201-211,
2010.
cm_15
> 1
15_ 19
15_cm
– O facto dos perfis enformados a frio pode-
rem ser transportados da fábrica para a
obra em “malotes”, reduz o custo de trans-
porte das soluções, quando comparado
com soluções em laminados a quente, ver
Figura 2.
De seguida, são referidos alguns cuidados na
utilização dos perfis enformados a frio:
– De uma forma geral, os perfis enformados
a frio têm uma baixa resistência ao fogo
obrigando ao recurso a soluções que os
protejam do fogo. Essa proteção deve ser
projetada corretamente, de forma a não
tornar estas soluções menos competitivas
quando comparadas com soluções em perfis
laminados a quente.
– A reduzida rigidez torsional destes perfis
obriga a que sejam tomados alguns cuidados
no travamento destas secções. É corrente
a utilização de sistemas de travamento de
forma a aumentar a rigidez torsional dos
perfis, ver Figura 3.
– A grande sensibilidade a instabilidades
Filipe Santos
Engenheiro,
Vesam Engenharia S.A.
1. Introdução
A designação “Construção em Aço Leve” nasce
do facto dos perfis utilizados na execução
deste tipo de estruturas serem bastante es-
beltos e mais leves quando comparados com
os perfis comerciais laminados a quente. Os
perfis usados na “Construção em aço Leve” são
vulgarmente chamados perfis enformados a
frio. Neste texto, serão apresentados: as mais
valias e os cuidados na utilização de soluções
em enformados a frio; o processo de produção
de soluções recorrendo às mais avançadas
técnicas e, ainda, algumas aplicações para
soluções industriais e habitacionais.
2. MaIS valIaS / CuIdadoS
As principais mais-valias dos perfis enforma-
dos a frio são:
– A sua enorme eficácia estrutural garantida
pela elevada resistência do perfil face ao seu
baixo peso. Basta, para isso, recordarmo-
nos do comportamento de uma folha de pa-
pel que, com algumas dobragens, consegue
suportar cargas que não suportaria caso não
as tivesse, mantendo nas duas situações a
mesma quantidade de material.
– As novas perfiladoras dão aos enformados a
frio uma vantagem suplementar, que os per-
fis laminados a quente não têm, uma vez que
permitem a execução de perfis tipo C ou Z com
dimensões específicas para cada projeto e
ainda com a localização de furos em qualquer
ponto do perfil. Assim, é possível criar perfis
com, por exemplo, 312mm de alma. Os perfis
laminados a quente são comercializados em
medidas “standard”, ex: IPE 300 ou IPE 330,
não tendo a mesma versatilidade de fabrico
e assim, menos otimizados para um dado
projeto, ver Figura 1.
– Os perfis enformados a frio são facilmente
manuseados tanto em “fábrica” como em
“obra”, graças ao seu peso reduzido, não
sendo necessário grandes meios de eleva-
ção para movimentação e posicionamento
destas secções.
construção metálicaconstrução em aço leve
> Figura 1: Perfiladora ajustável e diferentes dimensões para um perfil C.
16_cm
> Figura 2: Malote de Perfis C.
> Figura 3: Estabilização do banzo inferior.
> Figura 4: Fluxograma da aplicação para cálculo de enformados a frio.
> 2 > 3
obriga a um cuidadoso cálculo estrutural e a
um profundo conhecimento dos fenómenos
envolvidos em instabilidades estruturais.
3. ProCeSSo ProdutIvo
3.1. Projeto
Um dos benefícios dos enformados a frio é a
otimização das secções (no caso de um perfil
C ou Z podemos modificar os banzos, alma,
reforços e espessura). É fundamental possuir
uma aplicação que calcule corretamente as
propriedades brutas e efetivas da secção.
Esta ferramenta deve ainda verificar a resis-
tência do perfil, quando sujeito a um conjunto
de esforços. A verificação da segurança das
secções segundo a parte 1-3 do Eurocódigo 3
[1] é um processo interativo. Daí que o cálculo
das propriedades das secções [2, 3] e a sua
exportação para o software de cálculo deve ser
um processo expedito, bem como a importação
dos esforços para a verificação da resistência
[4]. Na Figura 4 é apresentado um fluxograma
da referida aplicação.
3.2. detalhe
Com o surgimento das ferramentas de CAD-
CAM 3D passou a ser possível pormenorizar
todos os detalhes da estrutura metálica,
garantindo assim: pré-fabricação em grande
escala; redução do tempo de execução de
desenhos de fabrico e montagem; aumento
da qualidade e rigor dos desenhos; criação de
listas para encomenda de matéria-prima e para
a expedição de produto acabado; deteção de
incompatibilidades que, caso existam, serão
facilmente resolvidas.
Depois de definidos e detalhados todos os
elementos que compõem a estrutura, passa-
se à fase de marcação, ficando referenciados
todos os elementos. Finalmente, são gerados
desenhos e listas.
3.3. Ferramentas de Integração total - It
À semelhança do que acontece com os perfis
laminados a quente, também nos perfis enfor-
mados a frio, o surgimento das ferramentas
BIM “Building Information System” permitiu a
criação de uma metodologia para a geração,
gestão e armazenamento de todas as infor-
mações de uma construção, num modelo infor-
mático. Normalmente, esta metodologia está
implementada em aplicações informáticas
tridimensionais de modelação que permitem
aumentar a produtividade na fase de projeto
e na interligação com a construção.
No entanto, a Integração Total (IT) não termina
com a geração dos desenhos e listas pelas
aplicações informáticas BIM. Vai mais além,
permitindo que todas as fases da execução de
uma estrutura metálica estejam interligadas,
ver Figura 5, evitando a perda de informação,
conflitos, etc.
Interessa explicar que do ponto vista operacio-
nal o processo é iniciado com a definição dos
eixos dos elementos estruturais e posterior
> 4
construção metálica
cm_17
> 5
> Figura 5: Fluxograma de uma ferramenta de Integração Total.
> Figura 6: a) Desenho de fabrico do painel; b) Execução do painel em fábrica; c) Desenho de montagem dos diferentes painéis; d) Montagem dos diferentes painéis, Hotel Conrad - Almancil.
análise estrutural do edifício, utilizando a apli-
cação informática de dimensionamento referida
na Figura 4, de onde resultam os perfis a usar
e a definição das ligações. Posteriormente
passa-se à fase de detalhe, conforme explicado
no ponto 3.2, podendo voltar-se a exportar para
a aplicação de análise estrutural o referido mo-
delo, caso tenham sido efetuadas alterações.
A fase final passa pela gestão da produção
com base na informação gerada pela aplicação
informática de detalhe.
Em resumo, a Integração Total é uma técnica
que gere a informação produzida por diferen-
tes aplicações informáticas através de uma
linguagem comum, com o objetivo de fazer cir-
cular a informação de uma forma mais rápida e
mais fiável entre os setores de projeto, detalhe
e produção, utilizando recursos relativamente
económicos.
A aplicação da “Integração Total” no caso de es-
truturas “Parede resistente” em enformados a
frio, tem tido grandes desenvolvimentos. Todo
o fluxo produtivo deste tipo de estruturas, des-
de a fase projeto, passando pelo detalhe até
fabrico e montagem, pode ser gerido por esta
técnica, com grandes vantagens, ver Figura 6.
3.4. Como é produzido um enformado a frio
Os perfis enformados a frio são produzidos
a partir de chapa, existindo dois processos
de enformagem: perfilagem, ver Figura 7 a),
o perfil é enformado através de uma bobine
de chapa que vai passando por diferentes
estações até adquirir o aspeto final; quinagem,
ver Figura 7 b), o perfil é produzido por várias
dobragens uma chapa previamente cortada.
4. aPlICaçõeS
É comum, na comunidade técnica, a ideia “erra-
da” que as únicas aplicações para enformados a
frio são em “estrutura secundária” de unidades
industriais (madres de fachada ou cobertura)
ou, então, em divisórias habitacionais sem
uma função estrutural. De facto, um conjunto
de fatores já referidos anteriormente e outros
a referir de seguida garantem que por exemplo,
hoje em dia, os enformados a frio sejam já
utilizados como elementos principais (vigas e
pilares) de unidades industriais com pontes ro-
lantes (até 10 toneladas) e vãos consideráveis
(até 30 m). Assim, os enformados a frio têm
diversas aplicações como elementos principais,
com a vantagem de serem normalmente mais
económicas.
4.1. Soluções Habitacionais
4.1.1. Parede resistente
As soluções em parede resistente têm tido um
grande desenvolvimento no setor habitacional
do mercado português. Esse facto deve-se não
só à existência de fornecedores com capaci-
dade produtiva e diversidade de perfis, mas
também ao aumento de conhecimento técnico,
tanto no ponto de vista de projeto, como no da
construção.
Do ponto de vista estrutural, a solução em
parede resistente é constituída por elementos
verticais separados por uma pequena distân-
cia e unidos por perfis horizontais nas suas
extremidades, ver Figura 8, formando assim
diferentes painéis, conforme a disposição
das paredes da habitação. Aos banzos dos
elementos verticais são fixas placas que lhe
conferem um aumento significativo da rigidez.
A solução é completada por lajes ou asnas
treliçadas realizadas por perfis enformados
a frio. O comportamento estrutural dos perfis
que constituem as lajes e as asnas é melho-
rado através da adição de perfis secundários,
normalmente de dimensões inferiores, e que
têm como função unir os perfis principais e
assim aumentar a sua rigidez torsional.
Refira-se que o potencial económico das solu-
ções em parede resistente é significativamente
aumentado no caso do recurso a “painelização”.
Esta técnica de execução passa pelo fabrico
“dentro de portas” dos diferentes painéis que
constituem a obra e só é possível graças às
> 6
a) b) c) d)
18_cm
ferramentas de IT descritas anteriormente.
Assim, o tempo de execução da estrutura em
obra é significativamente reduzido e a qualidade
e precisão são aumentadas, sem um acréscimo
significativo dos custos de transporte.
4.1.2. Pórtico
As soluções porticadas em enformados a frio
têm sido bastante utilizadas em construção
modular devido à sua eficácia estrutural. A
sua grande rigidez face ao seu baixo peso faz
dos perfis enformados a frio uma boa opção.
À semelhança das soluções porticadas para
edifícios industriais, também as soluções
habitacionais têm com principal dificuldade
a execução da ligação, garantindo a rigidez e
resistência definidas no modelo de cálculo, ver
Figura 9 a). No entanto, como são estruturas
mais leves permitem uma liberdade arqui-
tetónica maior, ver Figura 9 b). A construção
modular ainda acarreta a dificuldade destas
ligações terem que ser desenhadas para dife-
rentes configurações, ver Figura 9 c).
4.2. Soluções Industriais
4.2.1. Pórtico
Durante muitos anos as únicas soluções em
enformados a frio utilizadas em edifícios indus-
triais eram as madres de fachada e cobertura
em Z, C ou perfis Omega. Nos últimos anos,
várias soluções industriais apareceram no
mercado internacional, usando como elementos
principais (vigas e colunas) perfis enformados
a frio definindo assim o pórtico. No entanto, as
soluções industriais que utilizam perfis enfor-
mados a frio implicam algumas dificuldades.
Em primeiro lugar, como ligar os diferentes
elementos estruturais que compõem o pórtico.
Em segundo lugar, a ligação do pórtico à fun-
dação. Basicamente, o principal problema diz
respeito ao facto do enformado a frio ter baixa
espessura, tornando-se altamente sensível aos
fenómenos de instabilidade local. Os elementos
têm de permitir transmitir o esforço entre eles,
mantendo a rigidez definida na ligação.
Confrontado com este problema, a soldadura
dos elementos não é solução, uma vez que
a espessura reduzida dos membros torna o
processo inviável. A utilização de soluções
aparafusadas poderia ser uma alternativa in-
teressante. Porém, o uso de parafusos levanta
algumas dificuldades de execução. Por isso é
necessário desenvolver soluções simples que
sejam fáceis de fabricar e montar.
A utilização de ligações aparafusadas tem,
ainda, uma dif iculdade especial, pois não
existem modelos que possam caracterizar a
rigidez e resistência. Portanto, para descrever
o comportamento das ligações é necessário
criar modelos numéricos que reproduzam
o comportamento da ligação, ver Figura 10
a). Posteriormente, a modelação numérica
> 7
> Figura 7: a) Perfilagem; b) Quinagem.
> Figura 8: Montagem da nova sede da Mota-Engil Angola em “Parede Resistente”.
> Figura 9: a) Diferentes módulos agrupados; b) Módulo em consola, habitação Luanda; c) Ligações do módulo adaptadas para qualquer posição.
a) b)
> 8
> 9
a) b) b)
construção metálica
> 11
> 10
a)
é calibrada com os ensaios experimentais,
ver Figura 10 b). Esta metodologia permitirá
a criação de modelos que traduzam o real
comportamento da ligação, ver Figura 10 c).
4.2.2. Madres
Recentes avanços no cálculo de madres têm
permitido uma grande economia de material.
Hoje em dia, a parte 1-3 do EC3 [1] permite,
de uma forma simples, o cálculo de madres,
através da consideração da madre como um
elemento contínuo, reduzindo os momentos
positivos e considerando a restrição do banzo
exterior da madre provocado pelo revestimen-
to, ver Figura 11.
4.2.3. estruturas de armazenamento (rack
System)
Devido a necessidade de armazenamento de
bens em altura surgiram no mercado este tipo
de estruturas, que se caracterizam pela forma
específica da secção do pilar de suporte, permi-
tindo o armazenamento de grandes cargas, a
grande altura, ver Figura 12. Existem dois gran-
des grupos que se diferenciam pela forma de
fixação dos elementos horizontais no elemento
vertical: através de clip ou através de parafuso.
5. ConCluSõeS e novoS deSenvolvIMentoS
A construção de estruturas habitacionais e
industriais com enformados a frio traz grandes
vantagens quando comparado com a constru-
ção metálica tradicional em perfis laminados a
quente. No entanto, alguns cuidados, como por
exemplo a grande sensibilidade a “instabilida-
des locais”, obrigam a um grande conhecimento
desses fenómenos.
As novas ferramentas de IT tornam o processo
produtivo muito mais rápido e rigoroso.
Com o aumento significativo do preço do aço,
criar soluções que despendam menos quanti-
dade de matéria-prima (aço) e sejam, ao mesmo
tempo, fáceis de fabricar e montar, torna-se um
requisito na procura da solução.
As aplicações de enformados a frio enquanto
estrutura principal são vastas e vão desde a
simples habitação até à unidade industrial mais
sofisticada.
> Figura 10: a) Modelo Numérico; b) Unidade Industrial da VESAM - Cantanhede; c) Modelo Experimental;
> Figura 11: Detalhe e execução de madres de cobertura com continuidade
> Figura 12: Estrutura e perfil Rack.
É de esperar que o desenvolvimento de novos
estudos sobre ligações em enformados a frio
conduza a novas aplicações em estruturas
regulares. A necessidade de execução de habi-
tação a preços controlados nos novos mercados
(Angola, Moçambique e Brasil) poderá ser mais
um motivo para aumentar e desenvolver o
conhecimento nesta tecnologia.
BIBLIOGRAFIA
[1] Cen, eurocode 3 “design of steel structures:
Part 1.3 – General rules”, Committee european
de normalisation, Brussels, 2004.
[2] Sandor a., “Calculation of the moment resis-
tance of Z and C Shaped cold-formed sections
according to eurocode 3”, http://www.ce.jhu.
edu/bschafer/eurocode/ZC-demo-3.pdf , 2003.
[3] eCCS, “Preliminary worked examples according
to eurocode 3 parte 1.3” eCCS tWG 7.5, Brussels,
2000
[4] Santos, F. and Silva, l.a.P.S. – “economical
efficiency of cold-formed steel section for
construction portal frames”. Proceedings of the
XI International Conference on Metal Strucutres,
rzeszów - Poland, 2006.
b) c)
> 12
20_ 24
20_cm
SCIE), que constitui a Portaria n.º 1532/2008,
de 29 de dezembro de 2008 (referida no Art.º
15 do RJ-SCIE) e o Despacho n.º 2074/2009,
de 15 de janeiro, do Presidente da Autoridade
Nacional de Proteção Civil (referido no Art.º
12 do RJ-SCIE) relativo aos critérios técnicos
para determinação da densidade de carga de
incêndio modificada.
Entre as exigências estabelecidas nesta
regulamentação encontra-se a “Resistência
ao Fogo” de elementos estruturais ou de com-
partimentação, que se avalia pelo tempo que
decorre desde o início de um processo térmico
normalizado (por exemplo, a curva de incêndio
padrão ISO 834 representada na Figura 2) a
que o elemento é submetido, até ao momento
em que ele deixa de satisfazer as funções para
que foi projetado.
Para os elementos em que se exige apenas
a função de suporte de cargas, tais como
lajes, paredes, pilares e vigas, admite-se que
esta função deixa de ser cumprida quando,
no decurso do processo térmico referido se
considera esgotada a capacidade resistente do
elemento sujeito às ações de dimensionamen-
to (exigência de resistência mecânica). Neste
caso, considera-se que o elemento cumpre o
critério R, durante o tempo em que satisfaz
tal exigência.
Para os elementos em que se exige apenas
construção metálicaverificação da resistência ao fogo das estruturas metálicas e mistas aço-betão
Paulo Vila Real
Prof. Catedrático do Departamento de Engenharia Civil
Universidade de Aveiro
1. IntRodução
A verificação da resistência ao fogo das es-
truturas requer o conhecimento de alguns
conceitos que habitualmente não se colocam
ao projetista de estruturas: i) é necessário
definir os cenários de incêndio, os quais podem
ser cenários de incêndio convencionais (fogos
nominais) ou cenários de incêndio naturais
envolvendo ou não medidas passivas e/ou
ativas de proteção contra incêndio; ii) é ne-
cessário calcular a evolução da temperatura
nos elementos estruturais, uma vez que as
propriedades mecânicas dos materiais se
degradam com o aumento da temperatura, iii)
conhecida a história de aquecimento da estru-
tura é necessário calcular a sua resistência
ao fogo, ou seja, o tempo que decorre desde
o início do processo térmico até que ocorre
colapso e, finalmente, iv) deve comparar-se o
tempo de colapso calculado com a resistência
ao fogo exigida regulamentarmente.
Em Portugal entrou recentemente em vigor
nova regulamentação onde estão estabe-
lecidas as exigências de segurança contra
incêndio em edifícios [1-3] e a nível Europeu
foram recentemente aprovados os Eurocódi-
gos Estruturais, alguns dos quais contando já
com tradução portuguesa. Está assim perfeita-
mente estabelecido o quadro legal de suporte
ao projetista de estruturas no que respeita à
conceção e projeto em situação de incêndio.
Abordar-se-ão os aspetos gerais da verificação
da resistência ao fogo das estruturas à luz
desta nova regulamentação.
2. A noVA REGuLAMEntAção E oS
EuRoCÓdIGoS EStRutuRAIS
Do ponto de vista do projeto de estruturas em
situação de incêndio estão envolvidos dois
grupos de regulamentos e normas. O primeiro
grupo, que constitui a nova regulamentação de
segurança contra incêndios em edifícios [1-3],
permite definir as exigências de resistência ao
fogo dos edifícios e recintos e o segundo grupo,
constituído pelas partes 1-2 dos Eurocódigos
Estruturais, permite verificar a sua resistência
ao fogo.
2.1. A nova regulamentação de segurança
contra incêndio em edifícios
Relativamente à nova regulamentação portu-
guesa, pode dizer-se que o seu diploma base é
o Decreto-Lei n.º 220/2008, de 12 de novem-
bro, que estabelece o Regime Jurídico da Segu-
rança Contra Incêndio em edifícios (RJ-SCIE),
complementado com o Regulamento Técnico
de Segurança contra Incêndio em Edifícios (RT-
Apresentam-se os aspetos gerais da metodologia a adotar no cálculo das estruturas metálicas e mistas aço-betão em situação de incêndio de acordo com as partes 1-2 dos Eurocódigos Estruturais, procurando enquadrá-la na nova regulamentação de se-gurança contra incêndios em edifícios em vigor em Portugal. Serão apenas apresenta-dos os conceitos gerais comuns às estruturas metálicas e mistas aço-betão cobertos pelos Eurocódigos, não se entrando no detalhe analítico da verificação da resistência ao fogo específico de cada uma delas.
cm_21
> Figura 1: Os três tipos de qualificação da resistência ao fogo.
> 1
a função de compartimentação, tais como
paredes divisórias, admite-se que esta função
deixa de ser cumprida quando, no decurso
daquele processo térmico, se verifique a emis-
são de chamas ou de gases inflamáveis pela
face do elemento não exposta ao fogo, seja
por atravessamento, seja por produção local
devida a elevação de temperatura (exigência
de estanquidade), ou quando no decurso do
mesmo processo térmico se atinjam certos
limiares de temperatura na face do elemento
não exposto ao fogo (exigência de isolamento
térmico). Neste caso, quando se considera ape-
nas a exigência de estanquidade, o elemento
cumpre o critério E, durante o tempo em que
satisfaz tal exigência; quando se considera a
exigência de isolamento térmico, o elemento
cumpre o critério I, durante o tempo em que
satisfaz esta exigência.
A Figura 1 ilustra estes três tipos de qualifica-
ção, que, como se apresenta, podem aparecer
combinados.
A Tabela 1, extraída do Art.º 15 do RT-SCIE ilustra
qual a resistência ao fogo padrão mínima dos
elementos estruturais de edifícios em função
da utilização-tipo em que se enquadram e da
sua categoria de risco. Importa referir que o re-
gime jurídico caracteriza os edifícios e recintos
nas doze utilizações-tipo seguintes: Tipo I - «ha-
bitacionais»; Tipo II - «estacionamento»; Tipo
III - «administrativos»; Tipo IV - «escolares»;
Tipo V - «hospitalares e lares de idosos»; Tipo
VI - «espetáculos e reuniões públicas»; Tipo VII
- «hoteleiros e restauração»; Tipo VIII - «comer-
ciais e gares de transportes»; Tipo IX - «despor-
tivos e de lazer»; Tipo X - «museus e galerias de
arte»; Tipo XI - «bibliotecas e arquivos»; Tipo XII
- «industriais, oficinas e armazéns». Não cabe
neste artigo uma análise detalhada das várias
categorias de risco em que os edifício se podem
classificar, mas referiremos apenas que em
função da utilização–tipo, elas são definidas
no RJ-SCIE, à custa, entre outros, dos seguin-
tes parâmetros: a altura do edifício, o número
de pisos abaixo do plano de referência, a área
bruta ocupada, o efetivo, ou seja, o número de
ocupantes por unidade de área e a densidade
de carga de incêndio modificada.
De acordo com o Art.º 15 do RT-SCIE, “conso-
ante o seu tipo, os elementos estruturais de
edifícios devem possuir uma resistência ao
fogo que garanta as suas funções de suporte
de cargas, de isolamento térmico e de estan-
quidade durante todas as fases de combate
ao incêndio, incluindo o rescaldo, ou, em al-
ternativa, devem possuir a resistência ao fogo
padrão mínima indicada na Tabela 1”. Embora
não o refira explicitamente, este artigo do RT-
SCIE abre a porta à utilização de metodologias
de cálculo baseadas no desempenho. Na
realidade, quando refere que em “alternativa”
às classes de resistência ao fogo padrão, os
elementos estruturais devem possuir uma
resistência ao fogo que garanta as funções
para as quais foram projetados durante todas
as fases de combate ao incêndio, incluindo o
rescaldo, isto significa implicitamente a pos-
sibilidade de se usar o incêndio natural (ver
Figura 2), ou seja, a possibilidade de utilizar
uma abordagem baseada no desempenho
em alternativa à abordagem prescritiva. Esta
possibilidade, surge apenas em mais um artigo
do RJ-SCIE, o Art.º 14, onde se estabelece que,
“quando comprovadamente, as disposições do
RT-SCIE sejam desadequadas face às grandes
dimensões em altimetria e planimetria ou
às suas características de funcionamento e
exploração, tais edifícios e recintos ou as suas
frações são classificados de perigosidade atí-
pica, e ficam sujeitos a soluções de SCIE”. Mais
uma vez, o texto não refere explicitamente
que as soluções se podem apoiar em análises
baseadas no desempenho mas está natural-
mente implícita essa possibilidade. Não foi
esta a opção dos Eurocódigos Estruturais onde
a referência a estes dois tipos de abordagem
aparece explicitamente.
2.2. os Eurocódigos estruturais
Todos os Eurocódigos Estruturais relativos aos
vários materiais e o Eurocódigo 1, possuem a
parte 1-2, dedicada exclusivamente à verifica-
ção da resistência ao fogo.
2.2.1. Ações nas estruturas em situação de
incêndio
No cálculo estrutural ao fogo, para além das
habituais ações mecânicas (o peso próprio,
a sobrecarga de utilização, a ação da neve,
a ação do vento, entre outras), é necessário
definir as ações térmicas resultantes da ocor-
rência do incêndio.
utilização-tipo
extraída
Categorias de risco Função do elemento
estrutural1.º 2.º 3.º 4.º
I, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX e XR 30
REI 30
R 60
REI 60
R 90
REI 90
R 120
REI 120
Apenas de suporte
Suporte e
compartimentação
II, XI e XIIR 60
REI 60
R 90
REI 90
R 120
REI 120
R 180
REI 180
Apenas de suporte
Suporte e
compartimentação
tabela 1: Resistência ao fogo padrão mínima de elementos estruturais de edifício.
22_cm
> Figura 2: Comparação entre a curva de incêndio padrão ISO 834 e uma curva de incêndio natural.
2.2.1.1. Ações térmicas
O modo de definir a temperatura dos gases no
compartimento de incêndio está preconizado
na parte 1-2 do Eurocódigo 1 através de curvas
de aquecimento nominais e modelos de fogo
natural. As curvas de incêndio nominais, como
por exemplo a curva de incêndio padrão ISO
834 (ver Figura 2), são curvas que podem ser
expressas por uma fórmula simples, idêntica
qualquer que seja a dimensão e a ocupação do
compartimento de incêndio. Em contraste com
estas, os modelos de fogo natural (ver Figura 2)
baseiam-se em parâmetros como a densidade
carga de incêndio, a taxa de libertação de calor,
as condições de ventilação e as propriedades
térmicas dos revestimentos das paredes
envolventes do compartimento de incêndio. O
Eurocódigo 1 permite a utilização dos seguintes
modelos de fogo natural, de complexidade cres-
cente, para definir a evolução da temperatura:
1. Modelos de cálculo simples, como os mo-
delos de Hasemi e de Heskestad para os
incêndios localizados em que não ocorre
“flashover” e as curvas paramétricas que
representam incêndios de compartimento,
completamente desenvolvidos;
2. Modelos de zona, como os modelos de uma
zona para incêndios generalizados ou os de
duas zonas para os incêndios em que não
ocorre “flashover”;
3. Modelos de cálculo avançados com recurso
a programas sofisticados baseados na
mecânica de fluidos (CFD – Computacional
Fluid Dynamics).
2.2.1.2. Ações mecânicas
O fogo é considerado uma ação de acidente,
pelo que o valor de cálculo dos efeitos das
ações em situação de incêndio, Ef,id , deve ser
obtido usando-se a seguinte combinação de
acidente definida na EN 1990:
(1)
onde
Gk é o valor característico das ações
permanentes;
Qk,1 é o valor característico da ação
variável de base;
Ψ1,1 e Ψ2,i são coeficientes de combinação (em
Portugal adota-se Ψ1,1);
Ad é o valor de cálculo das ações indi-
retas de incêndio, a que correspon-
dem os esforços resultantes das
restrições às dilatações térmicas,
englobando também o efeito da
temper atur a nas propriedades
mecânicas dos materiais.
2.2.2. Propriedades mecânicas função da
temperatura
Os valores de cálculo das propriedades
mecânicas (resistência e deformação) dos
materiais, Xd,fi, de acordo com as partes 1-2
dos Eurocódigos, são definidos por:
Xd,fi = kθ Xk / γM,fi (2)
em que
Xk é o valor característico de uma
propriedade de resistência ou de
deformação (geralmente a tensão
de cedência, fk ou o módulo de Elas-
ticidade, Ek) à temperatura normal;
kθ é o fator de redução para uma
propriedade de resistência ou de
deformação (Xk,θ / Xk), dependente
da temperatura do material;
γM,fi é o coeficiente parcial para a pro-
priedade considerada do material,
em situação de incêndio.
2.2.3. Metodologias de cálculo
De acordo com as partes 1-2 dos Eurocódigos
3 e 4, na verificação da resistência ao fogo das
estruturas, podem ser usados três níveis de
esquematização das mesmas:
i) Estrutura completa permitindo ter em conta
a interação entre os vários elementos que
a compõem;
ii) Parte da estrutura, como por exemplo pór-
ticos planos ou subestruturas, em que há
necessidade de determinar as condições
de fronteira que nelas atuam, as quais se
consideram constantes durante a ocorrên-
cia do incêndio;
iii) Elementos estruturais isolados (vigas,
pilares ou lajes), desprezando qualquer
interação entre eles.
Segundo aqueles Eurocódigos, o elemento
estrutural mantém a sua função de suporte
de cargas durante a ocorrência de um incêndio
enquanto se verificar a relação:
(3)
sendo
Ef i,d o valor de cálculo do efeito das ações
em situação de incêndio;
Rf i,d ,t o valor de cálculo da capacidade
resistente em situação de incêndio
no instante t.
A verificação da resistência ao fogo pode ser
feita em três níveis de sofisticação crescente:
i) Utilização de tabelas obtidas à custa de
ensaios experimentais em fornos padro-
nizados e válidas apenas para o incêndio
padrão. A Tabela 2 ilustra, a título de exem-
plo, a utilização de valores tabelados para
definir as dimensões mínimas da secção
transversal, recobrimento mínimo da sec-
ção de aço e distância ao eixo mínima dos
varões da armadura para pilares mistos
> 2
construção metálica
cm_23
constituídos por perfis de aço totalmente
revestidos de betão;
ii) Métodos simplificados de cálculo, fazendo
uso de fórmulas aplicáveis apenas a ele-
mentos estruturais isolados. Estas fórmu-
las são semelhantes às que habitualmente
se utilizam à temperatura normal havendo
apenas que adaptar as propriedades dos
materiais ao correspondente valor a tem-
peratura elevada. Por exemplo, o momento
plástico resistente de um perfil metálico
em situação de incêndio é dado por:
(4)
em que é o módulo plástico de flexão, Wpl,y é
o fator de redução da tensão de cedência, fy,
à temperatura normal e γM,f i é o fator par-
cial de segurança para o aço em situação de
incêndio. Comparando esta expressão com
a expressão correspondente à temperatura
normal, dada na EN 1993-1-1, que aqui se
reproduz
(5)
verifica-se que as duas expressões são for-
malmente idênticas, diferindo apenas o va-
lor da tensão de cedência a utilizar em situ-
ação de incêndio ky,θ fy / γM,f i , de acordo com
a Eq. (2) e à temperatura normal, fy / γM 0 .
Nem sempre a semelhança é tão evidente,
no entanto os procedimentos de cálculo
são em tudo equivalentes aos que habitu-
almente se utilizam à temperatura normal.
Deve referir-se que cumprindo um dos
objetivos do programa dos Eurocódigos Es-
truturais (Guidance paper L (concerning the
Construction Products Directive - 89/106/
EEC) - Application and use of Eurocodes),
começam a surgir programas de cálculo,
como por exemplo o programa Elefir-EN
para elementos estruturais em aço [4]
desenvolvido na Universidade de Aveiro
(ver Figuras 3 e 4) que cobre a maioria dos
métodos de cálculo simplificados preconi-
zados no Eurocódigo 1 e no Eurocódigo 3.
iii) Métodos avançados de cálculo, com recurso
a programas de cálculo automático normal-
mente baseados no método dos elementos
finitos. A Figura 5 mostra a distribuição de
temperaturas na secção transversal de um
perfil HE240A após 60 minutos de exposi-
ção ao incêndio padrão nos quatro lados
obtido com recurso ao programa SAFIR [5]
desenvolvido na Universidade de Liège
para avaliação do comportamento ao fogo
das estruturas. Trata-se de um programa
de elementos finitos para análise material
e geometricamente não-linear.
Um outro exemplo, aqui apresentado, em que
se utilizaram métodos de cálculo avançados
consistiu na verificação da resistência ao
fogo da estrutura metálica do Centro de
Exposições e Feiras de Oeiras apresentado
na Figura 6, cuja estrutura metálica é cons-
tituída maioritariamente por perfis soldados
de inércia variável com secções transversais
de Classe 4.
Como a altura do edifício é inferior a 9 m, tem
dois pisos abaixo do plano de referência e
um efetivo superior a 5000, pertence à 4ª
Categoria de Risco. De acordo com o RT-SCIE,
os elementos da estrutura principal devem
possuir uma resistência ao fogo padrão de 120
minutos (R120). No entanto, dadas as suas
grandes dimensões em planta e em altura,
pode ser classificado de perigosidade atípica
de acordo com o Artigo 14.º do RJ-SCIE, sendo
permitida a utilização de soluções de Engenha-
ria de Segurança contra Incêndios baseadas
no desempenho.
Vários projetos europeus, dos quais se desta-
cam, “Development of Design Rules for Steel
Structures Subjected to Natural Fires in Large
Compartments” e “Development of Design
Rules for Steel Structures Subjected to Natural
Fires in Closed Car Parks”, financiados pela
Comissão Europeia têm mostrado que no caso
de compartimentos de grandes dimensões, a
regulamentação prescritiva baseada na curva
de incêndio padrão é demasiado conservativa
e pouco realista. O Centro de Exposições e
Resistência ao fogo padrão
R 30 R 60 R 90 R 120 R 180 R 240
1.1
1.2
1.3
Dimensões mínimas hc e b
c [mm]
Recobrimento mínimo c do perfil de aço [mm]
Distância ao eixo mínima us dos varões da
armadura [mm]
150
40
20*
180
50
30
220
50
30
300
75
40
350
75
50
400
75
50
tabela 2: Valores tabelados. EN 1994-1-2.
*) Este valor deve ser verificado de acordo com 4.4.1.2 da EN 1992-1-1.
> 3
a) b)
> Figura 3: Fogo localizado. a) Método de Hasemi; b) Método de Heskestad (programa Elefir-EN).
> Figura 4: Evolução da temperatura do compartimento e do perfil de aço para um incêndio paramétrico. a) Perfil não protegido; b) Perfil protegido (programa Elefir-EN).
> 4
a) b)
construção metálica
24_cm
> 8
> 5
> Figura 5: Campo de temperaturas ao fim de 60 minutos num perfil HE240A com fogo nos 4 lados quando sujeito ao fogo padrão ISO 834.
> Figura 6: Centro de Exposições e Feiras de Oeiras: a)Planta b) Corte. [6]
> Figura 7: Pormenor da malha de elementos finitos utilizada na zona de um nó da estrutura.
> Figura 8: Deformada do pórtico após 120 minutos de exposição a incêndio natural (x20).
b)
> 6
a)
Feiras de Oeiras insere-se, pelas suas dimen-
sões em planta e em altura, na qualificação de
“Compartimento de Grandes Dimensões”. Por
outro lado, o facto da estrutura principal estar
realizada com elementos de secção transver-
sal de Classe 4, uma análise prescritiva, sem
avaliação do seu desempenho, obrigaria à
utilização de proteção passiva contra incêndio
dimensionada para uma temperatura crítica de
350 ºC, conforme estipulado na EN 1993-1-2.
Foram utilizados na análise elementos finitos
de casca. A Figura 7 mostra um pormenor da
malha de elementos finitos na zona de um dos
nós da estrutura, em que cada cor representa
uma espessura da chapa diferente. A Figura 8
apresenta a deformada do pórtico principal su-
jeito a uma curva de incêndio natural na Zona B
(ver Figura 6), aos 120 minutos, observando-se
no pormenor ampliado a ocorrência de encur-
vadura local, que não se verifica à temperatura
normal. Não ocorreu colapso da estrutura
durante todas as fases do incêndio.
3. ConCLuSÕES
Apresentaram-se os aspetos gerais da metodo-
logia a adotar na verificação da resistência ao
fogo das estruturas de acordo com as partes
1-2 dos Eurocódigos Estruturais, procurando
enquadrá-la na nova regulamentação de
segurança contra incêndios em edifícios em
vigor em Portugal.
4. RefeRências
[1] Regime Jurídico de Segurança contra Incêndio em Edifícios (decreto Lei nº 220/2008).
[2] Regulamento técnico de Segurança contra Incêndio em Edifícios (Portaria n.º 1532/2008).
[3] Critérios técnicos para determinação da densidade de carga de incêndio modif icada (despacho n.º 2074/2009)
[4] Vila Real, P.M.M., Franssen, J.-M. Elefir-En, http:// elefiren.web.ua.pt, 2010.
[5] Franssen, J-M. SAFIR, A thermal/Structural Program Modelling Structures under Fire, Engineering Journal, A.I.S.C., Vol 42, no. 3, 143-158, 2005.
[6] Vila Real, P. M. M.; Lopes, n. “Centro de Exposição e Feiras de oeiras, estudo das necessidades de prote-ção passiva contra incêndio”, requerido por Martifer, S.A., LERF - Laboratório de Estruturas e Resistência ao Fogo, universidade de Aveiro, 2010.
> 7
25_ 31
Atente-se a que esta relação vale 0,21x10-3
m-1, para um aço S355 e 1,5x10-3 m-1 e para
um betão C25/30, considerando para este a
resistência à compressão (Fig.1).
Consegue-se, com o recurso ao aço, estrutu-
ras muito mais leves do que as que se obtém
quando se utiliza betão armado. Tratando-se de
vãos grandes, para os quais é essencial reduzir
o peso dos elementos construtivos, pois os
esforços causados pelas cargas permanentes
representam uma parcela muito significativa da
totalidade dos esforços atuantes nas estruturas
resistentes principais, a diminuição do peso da
estrutura constitui uma das prioridades, tanto
mais importante quanto mais leves forem os
revestimentos que a ela se adicionam.
A leveza das peças estruturais é, para além
disso, uma característica que simplifica a
execução dos trabalhos de montagem, pois
aligeira os equipamentos de movimentação e
elevação que nela são empregues.
Note-se que, em contraponto com a utilização
do aço nestas estruturas, a opção pelo betão
armado obriga à instalação de importantes cim-
bres (usualmente metálicos) e cofragens para
suportar e conter as armaduras e o betão fresco,
elementos temporários que não têm qualquer
aproveitamento na construção definitiva.
São escassos os exemplos da aplicação de
estruturas metálicas em edifícios altos em
Portugal. No entanto, recentemente têm vindo
a ser projetados e construídos por empresas
portuguesas diversos edifícios de média e gran-
de altura (com mais de 25 andares) em Angola.
É claro que se trata de um contexto diferente
daquele que existe em Portugal, mormente
construção metálicaconceção e dimensionamento de edifícios em açoTiago Abecasis, Filipe Conceição
Tal Projecto – Projectos, Estudos e Serviços de Engenharia, Lda.
1. InTrodução
A opção pelo aço como material estrutural
principal é, hoje em dia, em Portugal, a mais
vulgar para os seguintes tipos de edifícios:
– Instalações industriais.
– Coberturas de grandes áreas.
– Edifícios altos.
Tal como em grande parte da Europa, as razões
para o universo das aplicações das estruturas
metálicas ser tão restrito, designadamente
quando comparado com a enorme quantidade
das outras edificações cuja estrutura é, na
grande maioria dos casos, de betão armado
executado “in-situ”, são, no essencial, de
ordem económica, embora se deva realçar
que a construção metálica, com o seu caráter
industrializado (produção em série num local
afastado do sítio da construção), se adequa
mal aos processos tradicionalmente utilizados
na construção civil em Portugal.
A integração da estrutura metálica no processo
construtivo e o seu ajustamento aos restantes
materiais da edificação torna-se mais simples,
evidente e lógica quando estes também são
maioritariamente pré-fabricados. É o que se
passa nos países em que a percentagem de
edifícios com estrutura metálica é mais eleva-
da (países nórdicos e Inglaterra, na Europa) e
também é o que caracteriza pelo menos duas
das três tipologias de construções menciona-
das no início deste capítulo.
Nas instalações industriais e, em particular,
nas naves industriais a estrutura é comple-
mentada, na maioria das construções, ape-
nas com a justaposição dos elementos dos
revestimentos que a ela são fixados. No final,
com exceção das fundações e do piso térreo,
todas as peças que constituem o edifício
foram produzidas longe do local onde ficaram
definitivamente instaladas. Trata-se, portanto,
de edificações eminentemente pré-fabricadas.
Nas outras edificações de caráter industrial,
nomeadamente nas grandes construções de
caráter fabril, a importância das componen-
tes produzidas longe do local de construção
acentua-se, pois todos os serviços comple-
mentares, tubagens, redes de distribuição e
equipamentos o são.
Nestes casos, uma outra circunstância que
influencia a escolha da estrutura metálica de-
riva da necessidade periódica de se proceder a
ajustamentos na estrutura por forma a adequá-
la à implantação de novos equipamentos ou de
equipamentos com características diferentes
dos que existem e que se pretende substituir.
É mais simples introduzir alterações na configu-
ração de uma estrutura metálica – recorrendo
ao corte dos seus componentes e à soldadura
de novas peças fabricadas em oficina – do que
numa estrutura de betão armado, onde é preciso
proceder, no local, a demolições, montagem da
cofragem e armaduras, e betonagem.
As peças metálicas são especialmente voca-
cionadas para constituírem as estruturas que
vencem grandes vãos devido a duas proprieda-
des mecânicas que as caracterizam:
– A sua elevada resistência tanto à compres-
são como à tração.
– O baixo valor da relação peso específico/
capacidade resistente.
cm_25
26_cm
construção metálica
> Figura 1: Secções resistentes de aço e betão para um esforço atuante Nsd
=1.000kN.
> Figura 2: Secções dos produtos laminados correntes.
> Figura 3: Peça fabricada em oficina.
> 1
no que se refere à disponibilidade e custo dos
materiais, dos meios de construção, dos equi-
pamentos e da mão de obra e, ainda, a um fator
de enorme relevância no dimensionamento de
edifícios altos - a intensidade da ação sísmica.
Em Luanda, seguindo o critério estipulado no
Eurocódigo 8, não é necessário considerar
a ação sísmica ao proceder à verificação da
segurança das construções. Note-se que esta
regra não se aplica em várias cidades do Sul de
Angola onde as acelerações sísmicas regista-
das têm valores mais elevados.
Como se sabe, em Portugal o dimensionamento
dos elementos estruturais é fortemente condi-
cionado pelos efeitos da ação sísmica.
A opção por elementos estruturais em aço nes-
tes edifícios, em detrimento de betão armado,
justifica-se, essencialmente, por duas razões:
– A rapidez de construção que está associada
ao seu emprego;
– A menor dimensão das suas secções, a
qual maximiza o aproveitamento das áreas
construídas.
Acresce ainda, em determinadas circunstân-
cias, a possibilidade de se reduzirem muito
as áreas destinadas a estaleiro, resultante do
facto de as peças estruturais serem produzi-
das fora do local de construção.
Constata-se, contudo, que, na grande maioria
dos edifícios altos que têm estrutura metálica,
em Portugal e em Angola, a capacidade resis-
tente a forças horizontais é assegurada, não
pela estrutura metálica mas por núcleos de
paredes em betão armado.
Neste artigo aborda-se apenas os aspetos
relacionados com a conceção e o dimensiona-
mento das naves industriais metálicas. Antes
disso, porém, considerou-se oportuno enun-
ciar alguns princípios universais a respeitar
no projeto de estruturas metálicas.
2. o Aço CoMo MATErIAL ESTruTurAL.
SuAS ESPECIFICIdAdES
A matéria-prima utilizada na construção das es-
truturas metálicas é constituída por chapas ou
perfis laminados, estes com diversas geome-
trias, produzidos em siderurgias e fornecidos
com as dimensões máximas compatíveis com
a utilização de meios de transporte correntes.
As larguras das peças não ultrapassam os 2,5
metros e os comprimentos não excedem, salvo
encomenda especial, os 12 metros (Fig.2).
Estas unidades são cortadas e assembladas
nas oficinas metalomecânicas com o intuito
de se formarem os elementos que constituem
uma estrutura, sejam eles os pilares e as vigas,
principais e secundárias, de um edifício, ou as
barras das cordas e da triangulação de alma das
treliças de uma cobertura, por exemplo.
A formação dos elementos em oficina – fabrico
– é feita por meio da ligação entre si dos perfis
ou das chapas previamente cortados, ou com
recurso à soldadura ou com parafusos (Fig.3).
Segue-se, normalmente, a aplicação da pro-
teção anticorrosiva, pelo menos das suas
primeiras camadas, e o transporte para o local
onde a estrutura será construída.
Aí as peças fabricadas são ligadas, primeiro às
fundações e depois umas às outras, de modo a
comporem a estrutura pretendida. Em função
do peso das peças e das possibilidades de
estacionamento são utilizadas gruas de maior
ou menor dimensão para a movimentação das
peças fabricadas (Fig.4).
É importante que a conceção da estrutura seja
pensada tendo a noção da forma como ela será
repartida em elementos com dimensões que
possibilitem o seu fabrico e transporte e, tam-
bém, dos tipos de ligações que serão utilizadas,
quer em oficina quer no local da montagem.
Tendo em conta as exigências ambientais, de
qualidade e de segurança associadas à execu-
ção das soldaduras evita-se o seu uso quando
se trata de ligações a realizar à montagem, em
especial quando elas têm de ser feitas com as
peças a unir já nas suas posições definitivas.
São claramente preferidas as ligações apara-
fusadas em detrimento das soldadas.
> 2
> 3
cm_27
> Figura 4: Montagem da estrutura de um edifício (cobertura).
Nas oficinas de fabricação, embora se possa rea-
lizar, de forma controlada, todas as modificações
nas peças recebidas das siderurgias, quanto me-
nor for a quantidade de alterações introduzidas
mais económica se torna a estrutura. Se estas
alterações puderem ser realizadas por máquinas
ferramentas – caso, hoje em dia, do corte e da
furação – em vez de envolverem a intervenção
humana, como sucede inevitavelmente, por
exemplo, com a formação e a soldadura das vigas
trianguladas, então o custo da estrutura resulta
ainda mais reduzido.
Trata-se de condições, decorrentes da forma
como são produzidas as estruturas, que é fun-
damental ter presente quando se pretende con-
ceber uma estrutura metálica económica. Para
além das questões relacionadas com o melhor
aproveitamento das propriedades mecânicas
especificas do material (aço), a que faremos re-
ferência de seguida, o projetista tem de conhecer
bem todo o ciclo de produção das estruturas.
Para se poder aproveitar na sua totalidade as
capacidades resistentes das peças metálicas
há que dispô-las, na estrutura, de um modo que
possibilite o esgotamento da resistência das
secções quando se atingem os estados limites
últimos de solicitação não comprometendo,
contudo, por via da sua excessiva deformação,
o comportamento em serviço. Esta otimização
é mais facilmente obtida se o arranjo das peças
que formam a estrutura permitir que as secções
fiquem sujeitas a esforços de compressão ou de
tração em vez de esforços de flexão. Com os pri-
meiros as tensões distribuem-se uniformemente
na secção e atingem o seu valor limite simulta-
neamente em toda ela, contrariamente ao que
sucede com o outro tipo de esforços mencionado.
Por outro lado, nas estruturas trianguladas
consegue-se aumentar o braço do binário resis-
tente com um acréscimo de peso muito menor
do que aquele que é necessário nas peças de
alma cheia.
Estes dois argumentos justificam a utilização
de conjuntos triangulados quando o objetivo é
obter estruturas mais ligeiras.
É claro que ao optar por uma estrutura trian-
gulada há também que ter em consideração o
mais elevado custo do seu fabrico, pelas razões
atrás referidas.
Outra questão a ponderar ao conceber uma
estrutura é a conveniência em recorrer a aços
de elevada resistência. De facto, desde que
acautelada a possibilidade de aprovisiona-
mento, o qual, nos tempos atuais, não constitui
problema tratando-se de aços das classes S355
e de resistências inferiores, o pequeno custo
adicional de um aço de resistência mais elevada
é largamente compensado pela diminuição do
peso do material que com ele se consegue.
Há, contudo, que verificar se o aumento da
resistência do material é realmente convertido
em redução significativa das dimensões das
secções resistentes e, consequentemente, do
peso das peças estruturais.
Duas circunstâncias podem concorrer para que
esta relação inversa não se venha a concretizar.
Se o dimensionamento da secção das peças
for condicionado, não pela necessidade de
assegurar nelas uma capacidade resistente
mínima, mas sim pelos limites impostos à sua
deformabilidade, então não há vantagem em au-
mentar a resistência do material. As dimensões
das secções serão, nessas situações, ditadas
pela inércia mínima compatível com a obtenção
de uma rigidez adequada. É o que sucede, com
alguma frequência, nas vigas dos pisos onde
podem circular pessoas, em especial quando
os vãos a vencer são grandes e não contínuos.
Outra situação em que ao aumento da resistência
não corresponde uma diminuição equivalente
do peso da estrutura, ocorre nas peças sujeitas
a esforços de compressão. Como se sabe, a ca-
pacidade resistente à compressão está limitada,
para peças acima de uma certa esbelteza, pela
possibilidade de ocorrência de fenómenos de
encurvadura e não pela plastificação total da
secção. À redução das dimensões da secção, que
é proporcionada pelo aumento de resistência do
aço, corresponde um abaixamento do valor do
seu raio de giração, um acréscimo da esbelteza
da peça e, consequentemente, uma diminuição
da resistência à encurvadura.
Assim, poderá ser contraproducente a utiliza-
ção de aços de alta resistência em peças ou
conjuntos submetidos a elevados esforços de
compressão. Nestes casos, que se verificam
em pilares de grande altura ou nas cordas e
diagonais comprimidas de vigas trianguladas,
a opção por aços de resistência mais elevado
só se justifica se a esbelteza não for muito
elevada. 120 pode ser considerado um valor
limite máximo para justificar a escolha de um
aço de resistência superior.
Esta mesma razão sustenta a preferência pelos
arranjos estruturais em que as peças de aço
estão sujeitas principalmente a esforços de tra-
ção. Nelas é possível aproveitar integralmente
a capacidade resistente do material e, por isso,
compensa sempre a opção por aços de elevada
resistência. É o que se passa nas estruturas de
cabos que constituem uma opção cada vez mais
escolhida para as coberturas de grandes vãos.
3. nAVES InduSTrIAIS
3.1. Conceção Estrutural
A configuração mais frequentemente encon-
trada nas naves industriais é a que se repre-
senta na Fig.5.
Quando o edifício tem mais do que uma nave
a estrutura repete-se, passando os pórticos
principais a ter 2, 3 ou mais vãos e 3, 4 ou
mais pilares, mas mantém-se a sua constitui-
ção - pórticos de travessa quebrada, madres,
> 4
construção metálica
28_cm
elementos de contraventamento, pilares nas
paredes extremas (Fig.6).
Nesta conceção as madres são os elementos da
estrutura que recebem diretamente as cargas
aplicadas pelos revestimentos. Transmitem-
nas aos pórticos principais ou, quando se trata
de madres situadas nas paredes dos topos do
edifício, aos montantes situados nesses planos.
De uma forma sintética pode afirmar-se que
aos pórticos principais da estrutura compete
assegurar a transmissão, para as fundações,
das componentes paralelas aos seus planos
das forças aplicadas à construção, ou seja
das cargas verticais e das forças horizontais
causadas pela ação do vento ou dos sismos,
na direção transversal (Fig.7).
Quanto às componentes perpendiculares aos
planos dos pórticos, a sua transmissão às fun-
dações é realizada pelos contraventamentos
situados na cobertura e nas paredes laterais
do edifício, entre as travessas e os montantes
de pórticos consecutivos (Fig.8).
Os pórticos principais são, habitualmente,
pórticos de nós rígidos, em cujos montantes
e travessas se utilizam perfis laminados, do
tipo IPE, nas travessas e nos montantes, ou
H, nos montantes quando a altura destes ou o
vão a vencer é muito grande. A opção por perfis
laminados reforçados nas zonas de maiores
esforços, nomeadamente nas proximidades
dos nós de ligação entre as travessas e os
montantes, revela-se económica para vãos
até 40 metros (Fig.9). Para vãos superiores já é
conveniente estudar também uma alternativa
com travessas em viga triangulada, corrente-
mente designadas por asnas (Fig.10), a qual,
em princípio, não deverá ficar rigidamente
ligada aos pilares para que não sejam introdu-
zidos neles momentos fletores excessivos que
penalizariam, sem proveito para as travessas,
o seu dimensionamento.
Note-se que mesmo os montantes destes
pórticos são peças cujo dimensionamento é,
essencialmente, condicionado pelos esforços
da flexão que nele se desenvolvem. Embora
também existam esforços axiais, o reduzido
valor das cargas permanentes faz com que as
suas intensidades sejam relativamente baixas.
Sempre que não haja restrições mais severas do
> Figura 5: Estrutura de uma nave industrial.
> Figura 6: Pórtico principal de um edifício com várias naves.
> Figura 7: Forças no plano dos pórticos.
> Figura 8: Transmissão das forças horizontais do vento longitudinal às fundações.
> 5
> 6
> 7
> 8
cm_29
que as estabelecidas na atual regulamentação,
nomeadamente na parte 1-1 do Eurocódigo 3,
para os deslocamentos máximos, verticais,
nas travessas, e horizontais, nos topos dos
montantes, poderão adotar-se apoios fixos (não
encastrados) nas ligações entre os montantes e
as suas fundações. Este tipo de fixação revela-
se adequado, quando a altura dos montantes
não é excessiva (h≤10m), porque diminui a
rigidez do encastramento nas extremidades das
travessas do que resulta uma redução do mo-
mento introduzido nos montantes pelas cargas
verticais aplicadas no pórtico e, principalmente,
porque permite utilizar soluções construtivas
mais simples nas fundações.
Quando a altura dos pórticos é maior o encas-
tramento na sua base torna-se vantajoso, pois
permite reduzir os esforços e deslocamentos
causados pelas forças horizontais, sem ser
preciso aumentar as dimensões (e, conse-
quentemente, o peso) das secções das peças
que os constituem.
Em edifícios com pontes rolantes, as elevadas
intensidades das forças horizontais aplicadas
por elas nos caminhos de rolamento e as limita-
ções impostas aos deslocamentos horizontais
tornam, frequentemente, indispensável a
adoção de ligações por encastramento nas
bases dos montantes.
Os contraventamentos são, no essencial, vigas
trianguladas para cuja formação se aproveitam
as travessas ou os montantes de dois pórticos
consecutivos, os quais passam a constituir as
respetivas cordas, instalando-se entre eles
barras diagonais para materializar as triangu-
lações das almas. Hoje em dia os tubos são os
perfis mais frequentemente escolhidos para
as diagonais.
Como se vê nas Figs.8 e 11, o contraventamento
da cobertura é uma viga que vence o vão entre as
paredes laterais. Nestas localizam-se os contra-
ventamentos verticais que recebem as reações
do primeiro e as transmitem às fundações.
Para constituir os montantes das paredes
do topo do pavilhão, peças que suportam,
essencialmente, esforços de flexão, opta-se,
em regra, por perfis do tipo IPE ou H.
Nas madres encontram-se, na grande maioria
dos modernos edifícios industriais, elementos
de aço galvanizado enformados a frio com
espessura inferior a 3mm. As secções mais cor-
rentes têm a forma de Z ou de U embora também
sejam comercializadas outras configurações
mais complexas, como a que está representada
na Fig.12, cuja principal vantagem consiste em
permitir a dispensa dos travamentos de estabi-
lização que se torna necessário colocar quando
as madres têm geometrias mais simples.
Consoante a distância entre pórticos – vão a
vencer pelas madres – assim se usam peças
simplesmente apoiadas, interrompidas sobre
todas as travessas, ou peças contínuas sobre
dois vãos.
3.2. dimensionamento e verificação da se-
gurança
É habitual recorrer-se a modelos de cálculo
planos quando se pretende realizar a análise
estrutural das naves industriais. Ao fazê-lo,
individualizam-se e identificam-se bem as fun-
ções que cabem a cada uma das componentes
típicas da estrutura.
3.2.1. Madres e seu sistema de travamento
As madres são modeladas com peças lineares
de eixo reto que vencem um ou mais vãos, cujos
apoios são, numa direção, os pórticos perpendi-
culares ao seu eixo e na outra, os travamentos
existentes no plano que contém os eixos das
madres (paralelo ao revestimento) (Fig.13).
Assim, as cargas aplicadas são decompostas
vectorialmente em duas direções (Fig.14): i)
as componentes orientadas segundo a direção
perpendicular ao plano do revestimento – a
totalidade da força do vento e parte das car-
gas verticais (permanentes e sobrecargas)
– atuam no modelo em que o vão é a distância
entre pórticos e ii) as componentes paralelas
ao plano do revestimento exercem-se sobre a
peça linear apoiada nos travamentos.
As reações do primeiro modelo constituem car-
gas aplicadas sobre as travessas dos pórticos,
> 10
> 9
> 11
> Figura 9: Pórtico com perfis I reforçados nas zonas mais esforçadas.
> Figura 10: Asna apoiada nos montantes das paredes laterais.
> Figura 11: Modelação dos contraventamentos.
> Figura 12: Secções de madres enformadas a frio.
> 12
> Figura 5: Estrutura de uma nave industrial.
> Figura 6: Pórtico principal de um edifício com várias naves.
> Figura 7: Forças no plano dos pórticos.
> Figura 8: Transmissão das forças horizontais do vento longitudinal às fundações.
30_cm
> 15
perpendiculares aos seus eixos.
No segundo modelo (Fig.15) as reações pas-
sam diretamente para os pórticos - as que
correspondem aos apoios situados sobre eles
– ou para os travamentos de estabilização, que
transferem as cargas para os pórticos através
das diagonais.
Sendo reduzida a inclinação da cobertura e
não existindo aberturas no seu revestimento
é possível dispensar o dispositivo de estabili-
zação das madres desde que:
a) Sejam respeitadas as condições constru-
tivas indispensáveis para que a chapa de
revestimento possa funcionar como dia-
fragma de elevada rigidez. Estas condições
dizem respeito às características da chapa,
às fixações entre os seus elementos e às
fixações às madres e destas aos pórticos.
b) Se tenha em consideração a deformabili-
dade da chapa na avaliação da resistência
à encurvadura lateral das madres, princi-
palmente, quando as solicitações que lhes
estão aplicadas originam compressões nos
seus banzos inferiores.
Tendo presentes os modelos de cálculo descri-
tos e as cargas sobre eles exercidas, constata-
se que em cada secção das madres os esforços
predominantes serão os momentos fletores e
os esforços transversos, ambos segundo as
duas direções principais. Trata-se, portanto,
de secções submetidas a flexão desviada.
Para a verificação da sua segurança seguir-se-
ão as indicações da parte 1-1 do Eurocódigo 3
(EC3), quando se trata de perfis laminados, ou
da parte 1-3 do mesmo Eurocódigo se forem
escolhidas peças enformadas a frio.
3.2.2. Pórticos
O modelo de cálculo dos pórticos principais é
formado por uma sucessão de peças lineares,
representativas dos seus montantes e traves-
sas (Fig.16). As propriedades geométricas das
secções das peças lineares traduzem as das
> 13 > 14
> Figura 13: Pórtico com perfis I reforçados nas zonas mais esforçadas.
> Figura 14: Asna apoiada nos montantes das paredes laterais.
> Figura 15: Modelação dos contraventamentos.
> Figura 16: Modelo de calculo de um pórtico principal.
> 16
construção metálica
cm_31
secções dos montantes e das travessas, poden-
do ser constantes ao longo do seu comprimento
– como é usual nos montantes – ou variáveis,
como sucede frequentemente nas travessas.
A este modelo são aplicadas as cargas prove-
nientes das madres, tanto das da cobertura
como das que existem nas paredes laterais.
Atendendo a que os afastamentos entre as ma-
dres são pequenos, quando comparados com o
vão e altura do pórtico, é usual substituir-se as
cargas concentradas por cargas distribuídas
ao longo do comprimento das travessas e dos
montantes (Figs.17 e 18).
Nos termos estipulados no Eurocódigo 3, parte
1-1, deve ser considerada a possibilidade de
existirem imperfeições geométricas de dois
tipos no pórtico:
– Imperfeições globais no pórtico, representa-
das por um desvio de f = f0 a
h a
m na verticali-
dade dos montantes, em que f0 = 200, a
h e a
m
são coeficientes que dependem da altura do
pórtico e do número de montantes (Fig.19);
– Imperfeições das barras que o constituem,
traduzidas em curvaturas iniciais de cada
uma das barras (Fig.20).
Quando a relação entre as cargas verticais e
as forças horizontais aplicadas ao pórtico é
elevada e o pórtico tem uma deformabilidade
horizontal acentuada, ou seja, quando o valor
do aCR
, definido no artigo 5.2.1. da parte 1-1 do
EC3 ultrapassa os limites aí estabelecidos, a
análise estrutural deve ser realizada tendo em
consideração os efeitos de 2ª ordem. Note-se
que nas naves industriais que não dispõem
de pontes rolantes a intensidade das cargas
verticais é reduzida e habitualmente não é ne-
cessário proceder a uma análise de 2ª ordem.
Em alternativa à análise de 2ª ordem pode
simplesmente multiplicar-se os momentos
devidos aos deslocamentos ou às forças ho-
rizontais resultantes da análise de 1ª ordem
(sway moments) pelo coeficiente
Os programas de cálculo automático vulgar-
mente comercializados hoje em dia permitem
que facilmente se proceda a uma análise incre-
mental de 2ª ordem, principalmente quando
se trata de estruturas simples como são os
pórticos destas naves.
Por outro lado é simples a introdução das imper-
feições globais na geometria dos pórticos, em-
bora seja bem mais complexa a transformação
das barras retas em barras com as curvaturas
que simulam as suas imperfeições iniciais.
Assim sendo, o cálculo dos esforços num pór-
tico com imperfeições globais, já incorporando
neles os efeitos de 2ª ordem, não se afigura
uma tarefa complexa. Dispondo deles, a veri-
ficação da segurança das secções é imediata
e a verificação da segurança à encurvadura
das barras que constituem o pórtico pode ser
feita admitindo, nos termos estipulados no
artigo 5.2.2. do EC3, que o comprimento da
encurvadura é igual ao comprimento da barra
(distância entre nós). Caso também se incor-
porassem no modelo as imperfeições iniciais
das barras, poder-se-ia dispensar a verificação
da segurança à encurvadura.
Importa notar que, tratando-se de um modelo
plano, todas estas considerações se referem à
encurvadura no plano do pórtico. A possibilida-
de da encurvadura em planos perpendiculares
deve ser analisada tendo em consideração as
condições de travamento lateral criadas pelas
madres e pelos dispositivos de travamento que
ligam os pórticos uns aos outros e aos contra-
ventamentos, o mesmo princípio se aplicando
às verificações de segurança à encurvadura
lateral por flexão-torção.
3.2.3. Modelos espaciais globais
Em alternativa aos modelos planos que
simulam separadamente o comportamento
mecânico das madres, dos pórticos e dos
contraventamentos, pode recorrer-se a mo-
delos espaciais completos integrando toda a
estrutura do edifício.
Tratando-se de modelos bem mais complexos,
em cujo comportamento mecânico se torna
mais difícil de identificar a função específica
de cada um dos tipos de elementos resistentes
atrás mencionados, recomenda-se um espe-
cial cuidado na sua construção (em especial
na simulação das ligações) e na avaliação dos
resultados.
> Figura 17: Distribuição de forças no pórtico provenientes das cargas permanentes e da sobrecarga na cobertura.
> Figura 18: Distribuição de forças no pórtico resultantes da ação do vento paralelo ao plano do pórtico.
> Figura 19: Imperfeição global inicial.
> Figura 20: Imperfeição global associada a imperfeições das barras.
> 17 > 18
> 19 > 20
1
A Gyptec tem vindo a estabelecer algumas par-cerias com centros de investigação de renome para o desenvolvimento de novos produtos e realização de ensaios, como o ITeCons, centro-Habitat e AFITI, o que tem contribuído para a disponibilização ao consumidor das melhores soluções.
SuStentabilidadeSustentabilidade é uma das bandeiras da Gyp-tec. Procura a todos os níveis ser uma empresa sustentável: sustentável ambientalmente, sustentável no seu processo produtivo, sus-tentável nos produtos que cria e desenvolve e, como não poderia deixar de ser, sustentável economicamente.A nível ambiental e processual, a empresa tem uma política exemplar. O combustível utilizado é o gás natural e recorre ainda às energias renováveis como é o caso da energia solar. Ao mesmo tempo, consegue rentabilizar a energia consumida, produzindo eletricidade em regime de cogeração.O papel reciclado e o gesso FGD (desulfurização dos gases de combustão) são as matérias-primas da Gyptec, fazendo assim o reaprovei-tamento de materiais e evitando práticas que têm elevados impactes ambientais, tais como, a exploração do minério de gesso ou a deposição de sub-produtos em aterros. Além disso, procura implementar outras boas
Gyptec umA APOSTA nACIOnAl De COnFIAnçA
De capital exclusivamente nacional e inserida no Grupo Preceram, a Gyptec Ibérica, localizada na Figueira da Foz, dedica-se à produção de placas de gesso laminado.Integram também este grupo de cariz familiar e fortemente consolidado no mercado, as empresas Argex, Preceram e Preceram Norte que se dedicam essen-cialmente ao fabrico de argila expandida, tijolo tradicional e tijolo térmico. Com uma capacidade ins talada de 15.000.000 m²/ano de placas de gesso, a Gyptec recorre ao amplo conhecimento do mercado da construção, reunido pelo Grupo Preceram e à melhor tecnologia internacional, adaptando-a à realidade Portuguesa. Disponibiliza ainda todos os materiais necessários para a construção a seco, nomeadamente perfis, acessó-rios e massas.
PuBlI-RePORTAGem
O mercado nacional, dominado por marcas estrangeiras, viu o seu paradigma alterado com a entrada da Gyptec, empresa que produz em Portugal e essencialmente para os portugueses.
práticas, como por exemplo, a utilização de transporte marítimos e ferroviários, a recolha seletiva dos restos de placa em obra, a reci-clagem de produto não conforme no processo produtivo e a criação de produtos com maior valor acrescentado.
VaSta Gama de SoluçõeSAtualmente, a Gyptec, com uma ampla variedade de placas de gesso, de diferentes tamanhos e espessuras, conta com mais de 96 referências deste tipo de produto.A Gyptec transformou também o conceito das placas de gesso tal como o conhecemos, aplicando-as noutros contextos e com outros materiais:
– Placa Radiante - um inovador sistema de aquecimento central que utiliza painéis radiantes integrados nas placas de gesso. uma placa que “está aqui, mas não se vê” – é a mensagem que a acompanha.
– XPS/ EPS Transformado - Constituída por uma placa de gesso laminado e uma camada de isolamento em poliestireno extrudido ou expandido. Ideal para o isolamento térmico e acústico pelo interior de paredes exteriores.
– Placa de Gesso Gyptec + Placa ref. Lambour-dé Amorim Isolamentos - O conjunto da placa de cortiça com a placa de gesso permite obter resultados espantosos no que toca à perfor-
www.gyptec.eu
mance de isolamento térmico e acústico, e com uma aplicação que dispensa a perfilaria. uma solução ecológica e sustentável.
placaS de GeSSo laminado, ideaiS para a reabilitaçãoAs placas de gesso são por definição um produto de reabilitação: pela rapidez de aplicação, por proporcionarem um processo limpo e com pou-cos resíduos e, essencialmente, pelo reduzido espaço que ocupam. As soluções térmicas e acústicas que as placas de gesso e os seus produtos complementares oferecem, vão ao encontro de uma das maiores necessidades dos edifícios a reabilitar: isolamento térmico e acústico.O desenvolvimento de novas soluções cada vez mais inovadoras é uma preocupação da Gyptec. O setor da reabilitação tem sido uma das áreas de maior investimento. Aliás, a par-ceria com a Amorim Isolamentos surgiu nesse sentido, já que aliado às boas características de isolamento das placas de gesso laminado, se juntou a cortiça para otimização das carac-terísticas de isolamento acústico e térmico. A aplicação de isolamento, quer pelo exterior, quer pelo interior, reduz de forma significativa as necessidades energéticas de aquecimento e arrefecimento dos edifícios, o que permite poupar nos consumos e, consequentemente, nos custos associados. Segundo Ávila e Sousa, diretor de marketing do grupo Preceram, a parceria com a Amorim Isola-mentos “surgiu naturalmente” porque a Gyptec sente que “são dois produtos de qualidade e de produção nacional que se complementam e são mais fortes em conjunto.”
obraS de referênciaPortugal é assumidamente a prioridade da Gyp-tec. Várias são as obras onde foram aplicadas as soluções da empresa, desde o novo Hospital de
Braga, novo Hospital de Amarante, laboratório Internacional Ibérico de nanotecnologia, entre outras. Contudo esta estratégia não impede que a Gyp-tec esteja também presente no exterior. Prova disso é que o mercado espanhol representa 30% do total de vendas da empresa. As placas Gyptec estão também presentes em grandes obras como Hospital 12 de Octubre em madrid, o Palácio de Congressos el miradero em Toledo ou o marineda Plaza em A Coruña.
Gyptec é uma marca preSenteA empresa mais recente do Grupo Preceram par-ticipa nas grandes feiras de construção a nível nacional e internacional. Tektónica, Concreta, ecobuild e Construmat são alguns dos eventos onde a Gyptec marca presença habitual. não descura também da participação em seminários técnicos e congressos, onde dá o seu contributo ao nível do conhecimento e experiência.
Além disso, a Gyptec é uma empresa dinâmica, que divulga os seus produtos no website oficial www.gyptec.eu e nas redes sociais, aproximan-do-se assim dos seus clientes.
paSSoS futuroSConsolidação é a palavra que marcará 2012. A Gyptec pretende agora apostar na conti-nuidade dos bons resultados e na divulgação dos seus produtos. Dar a conhecer cada vez mais a marca Gyptec e levar aplicadores e prescritores a optarem pela sua escolha é uma das metas.A qualidade do produto, a otimização do pro-cesso produtivo e o desenvolvimento de novas soluções, constituem também objetivos da empresa. Para o seu alcance reconhece o fator humano como peça fundamental.“edifícios sustentáveis, com produtos portugue-ses de elevada qualidade é o caminho”, acredita Ávila e Sousa.
certificaçõeS obtidaS
iQnet e aenor – Sistema de Gestão da Qualidade n da aenor – Regulamento particular da marca Aenor para Placas de gesso laminadoce – Os produtos cumprem as exigências das normas para efeito de marcação Ce
34_cm
34_35 i&d empresarial
A Secil lançou uma nova gama de materiais
constituída por argamassas secas de última
geração e cortiça. A Secil ecoCORK recorre à
utilização de cortiça na sua composição que é
uma matéria-prima natural, renovável, reciclável,
durável e que proporciona uma melhoria do isola-
mento térmico e acústico nos edifícios, reduzindo o
consumo de energia.
A gama SECIL ecoCORK distingue-se pela incorporação de
cortiça em substituição de agregados siliciosos ou de calcário na
produção de argamassas destinadas ao revestimento de fachadas, elevação de panos de alvenaria
e ao enchimento e regularização de pavimentos. É constituída por 3 produtos: RHP ecoCORK –
reboco projetado com incorporação de cortiça; Betonilha ecoCork – betonilha leve com incorpo-
ração de cortiça; Alvenaria ecoCork – argamassa de alvenaria leve com incorporação de cortiça.
Estes produtos podem ser aplicados na construção e revestimento de paredes exteriores ou
interiores e no enchimento e regularização de pavimentos interiores, sendo que a granulometria
do agregado de cortiça incorporado varia consoante a utilização.
Ao utilizar esta nova gama há um aumento da eficiência térmica superior a 20% face às argamassas
tradicionais e uma redução do ruído aos sons aéreos até 7db. De acordo com a Secil, os produtos
ecoCORK “contribuem com uma redução de aproximadamente 80% em volume, no consumo de
inertes não renováveis.” Por outro lado, devido à sua baixa massa volúmica representa uma
redução em 50% por m3 do seu peso face às argamassas correntes, permitindo um rendimento
superior em obra e uma economia na quantidade de materiais de construção utilizados.
A gama de argamassas SECIL ecoCORK é fruto do trabalho de investigação da empresa com a
colaboração do ITECONS (Instituto de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico em Ciências
da Construção).
www.secil.pt
Argamassas com agregados de cortiça
cm_35
A Kebony é um novo tipo de madeira mais
sustentável. É produzida a partir de matéria-
prima de origem integralmente certificada
pelo sistema FSC (Forest Stewardship Coun-
cil). Em Portugal é comercializada pela Banema
– Madeira e Derivados S.A.
Trata-se de uma madeira modificada por impreg-
nação, sob pressão, de um bio-resíduo degradável,
não nocivo e seguro para o meio ambiente. Segundo a
Banema, este produto tem ainda melhores propriedades do que
a madeira tradicional ou tropical: é mais estável e mais resistente a fungos e agentes xilófagos.
A estrutura celular deste tipo de madeira é feita com uma substância de origem biológica, consti-
tuindo um núcleo sólido dentro da madeira. A madeira Kebony fica deste modo mais densa, logo
mais dura, e menos suscetível à absorção de humidade. O processo é baseado na impregnação
com alcóol furfurílico, produzido através resíduos de culturas agrícolas.
Neste tipo de madeira, o princípio de modificação é o polímero de furano, é de cor castanha que
vai acinzentando com o passar dos anos e aumentando a rigidez.
AplicAção
revestimentos interiores e exteriores em
geral, tais como decking, fachadas, perfis de
sombreamento, pérgulas, passadiços, mari-
na, construção naval, fabrico de mobiliário
urbano, entre outros.
www.banema.pt
Novo tipo de madeira
CArACterístiCAs:
− Madeiranatural–ambientalmenteamiga
– sem lixiviação ou emissão no uso
– sem restrições no descarte
– pode ser usado como lenha
− Elevadadurabilidade
– acima do solo
– em contacto com o solo
– em ambiente marinho
− Materialdimensionalmenteestável
– menor movimento entre juntas
– mais tempo de vida do acabamento
– menor absorção de água
− Poucamanutenção
− Boamaquinabilidade
− Boaaplicabilidadedeacabamento
− Sólidaproteçãolegal–5patentes
Utilizando perfis ligeiros de aço galvanizado como matéria prima, fixos entre si por aparafusamento, permite a criação de estruturas altamente resistentes, com um peso significativamente inferior ao de muitas outras soluções estruturais, com vantagens em diversas áreas.
MATERIAISAtualmente o aço é o material com a melhor combinação das relações resistência/peso e resistência/preço, estamos sem duvida a tirar partido do binómio preço e peso, quando pretendemos resistência. Por esta relação favorável, se emprega tão generalizadamente o aço, quando o fator resistência é determinante.Os perfis produzidos a partir de chapa de aço laminada a frio e galvanizada a quen-te, permitem a escolha de diferentes qualidades de aço estrutural, certificando desta forma as características do material empregue, e garantindo ao projetista as propriedades necessárias a um cálculo seguro e eficaz.Perfis standard de aço estrutural produzidos em Portugal, utilizam geralmente o aço S280GD+Z275, em espessuras entre 1,5 e 3mm, secções entre os 90 e os 250mm, com pesos variando desde os 2,4 aos 8kg/m linear de perfil. A galvanização, ou seja uma proteção à corrosão, derivada de um revestimento de zinco aplicado a quente, permite o emprego de baixas espessuras de chapa de aço, já que não haverá a necessidade de se considerarem sobre-espessuras de corrosão.Empregando perfis de diferentes secções e capacidades resistentes, constroem-se estruturas das mais variadas configurações e complexidade, seja cada perfil a trabalhar sozinho, pela montagem de vigas compostas de vários perfis, ou ainda por meio de treliças.Complementa-se a estrutura leve e flexível, com um revestimento por meio de chapas de OSB também aparafusadas - placas de cerca de 3m2 em lascas de ma-deira prensadas, que farão uma ligação suplementar dos perfis entre si, e assim um travamento estrutural da gaiola metálica.Emprega-se no revestimento de toda a estrutura, em espessuras entre os 11 e os 18mm, nas paredes, telhados e lajes de piso. O OSB é um material também leve, de elevada resistência estrutural, e economicamente muito competitivo.
EStrUtUrA MEtáliCA liGEirA – LIghT STEEL FRAMIng – LSF
PUBli-rEPOrtAGEM
Como acabamento final, o reboco térmico com placas de poliestireno, aglomerado de cortiça ou outro material isolante, fazem um revestimento exterior eficaz e económico.
Fachadas ventiladas, com os mais diversos materiais de acabamento, serão alternativas possíveis para o acabamento exterior das paredes.Nas coberturas, tanto inclinadas como planas, sobre o OSB, aplica-se o isolamento térmico, geralmente o poliestireno como solução mais económica, já que o aglo-merado de cortiça ou o painel de lã mineral de alta densidade, não conseguem infelizmente ser competitivos neste importante aspeto.Complementa-se com uma impermeabilização suplementar à telha cerâmica, geralmente uma membrana permeável ao vapor de água, que permite o “respirar” da casa, fator da maior importância no que se refere à saúde do ambiente interior, e portanto à dos seus habitantes. Segue-se o ripado e a telha.No revestimento interior, as placas de gesso cartonado, outros painéis aparafu-sados, ou até mesmo a madeira, serão alternativas possíveis de acabamento.Como o intervalo entre perfis, tanto nas paredes como nas lajes, são espaços vazios, complementa-se o isolamento térmico exterior, com o enchimento des-te espaço em lã mineral ou outro material isolante. Nas paredes interiores, o mesmo enchimento, associado a diferentes secções de perfis, e espessuras de revestimento, permitem isolamentos acústicos tão exigentes quanto o objetivo pretendido.Porque há que infra estruturar com a passagem de cabos e tubos os interiores das paredes, lajes e tetos, os perfis metálicos vêm já perfurados de fábrica, permi-tindo assim uma rápida e eficiente passagem das infraestruturas através deles, evitando a abertura e fecho de roços, e a consequente criação de desperdícios e trabalhos desnecessários.A fixação da estrutura metálica ao suporte de base, geralmente uma laje ou um muro em betão armado, será feita por meio de bucha metálica, ou varão roscado e bucha química.
A construção metálica em perfis ligeiros de aço galvanizado empregando o método vulgarmente conhecido por light Steel Framing, embora ainda bastante desconhecido do grande público, e esquecido por inúmeros projetistas do nosso país, vai já na segunda década de aplicação tanto na construção como na reconstrução de edifícios em Portugal.
2011 – Lisboa, Chiado Palácio Valada e Azambuja (vista de este)
2011 – Reconstrução na Parede Laje de piso e Cobertura de 20x25m = 500m2 em 4 águas
Estrutura em treliça e vigamento simples,com diferentes secções de perfil
2010 – Hotel em Vila Viçosa Estrutura metálica, antes e depois do revestimento em OSB
2005 – Sesimbra3 fases do reboco térmico.
Em cima – OSB; na esquerda – poliestireno; à direita – reboco armado
2009 – Aldeia de Juso Revestimento em réguas de cimento
e fibra de madeira
MÉTODO COnSTRUTIVOEste método construtivo emprega como princípio a distribuição linear de cargas ao longo de todas as paredes estruturais. Para esse efeito utiliza a repetição, geralmente a cada 60 cm, de elementos pilar-viga suportando cada um destes leves conjuntos, a pouca carga que lhe compete. tal como numa teia, a totalidade da carga será distribuída através das inúmeras ligações entre elementos, sendo a capacidade resistente do conjunto muito significativa. também porque os elemen-tos da estrutura são de baixa espessura e alta flexibilidade, o conjunto revela uma elasticidade muito significativa, capacidade esta que associada a uma muito baixa inércia, lhe permite um comportamento excelente quando sujeito a ações sísmicas.O princípio que orienta este método construtivo não é novo, é o mesmo da Gaiola Pombalina utilizada em lisboa após o terramoto de 1755. Desde aí, os materiais e tecnologias evoluíram, mas o conceito construtivo é o mesmo. Quando numa parede estrutural se pretende rasgar um vão, para uma porta ou janela, há que se criar uma verga sobre o vão aberto e reforçar os pilares laterais que servirão de ombreiras. Operação simples de executar, em que os perfis que serviriam para fechar essa parede, agora movidos para as ombreiras, receberão o esforço suportado pela verga da porta. Sem necessidade de cofragens e tem-pos de secagem, a criação de um vão é realizada com pouco mais trabalho que a execução de uma parede.Sabendo que não há obras sem alterações de última hora, uma modificação, em-bora sendo sempre um transtorno na sequência dos trabalhos, é geralmente feita com menores custos, dado que muito do material que tinha antes sido aplicado a realizar a primeira versão, pode ainda ser empregue na alteração, com um mínimo de desperdício de materiais e criação de entulho.O rigor das medidas é obrigatório na montagem dos perfis já que na aplicação dos revestimentos, as juntas das placas terão de encontrar um perfil onde aparafusar. Se utilizamos placas de gesso cartonado no revestimento interior, e de OSB no exterior, ambas têm 1,2m de largura, e no caso do OSB com 2,4m de comprimento.
COnSTRUÇÃONa construção de raíz a estrutura metálica será aplicada sobre as fundações em betão armado, numa sequência normal de trabalho, e fixa a estas por bucha metálica ou bucha química e varão roscado.Os elementos enterrados como caves, serão obrigatoriamente executados em betão armado.Quando se pretende uma maior rapidez de execução, é possível uma equipa de serralheiros executar as paredes em painéis, na horizontal, fora do local, enquanto decorre a execução das fundações pelos especialistas do betão. Ganha-se com esta antecipação, pela execução simultânea de duas tarefas que seriam geralmente sequenciais, uma maior rapidez num processo que já de si é mais rápido que o tradicional betão e os seus tempos de preparação e secagem.Esta pré-fabricação tanto permite a construção próxima do local da obra, como a fabricação em armazém ao abrigo dos caprichos do clima.
RECOnSTRUÇÃONa reconstrução, área que ainda vai animando o mercado da construção civil, este sistema construtivo tem marcado positivamente a sua presença, convencendo tanto arquitetos como engenheiros, donos de obra e inquilinos, seja pela resolu-ção de problemas intrínsecos à reconstrução, como pelas soluções simples que permitem uma rentabilização dos trabalhos e grande rapidez dos mesmos, assim como pelo espaço libertado, quando a solução anterior atravancava todo um sótão assim desaproveitado, ou pela introdução de um novo piso de habitação.Na reabilitação de um edifício, um objetivo fulcral da obra passa pela avaliação, análise e correção do estado da estrutura. Se na consolidação da estrutura
existente, o betão armado pode ser uma solução adequada à cintagem do edifício, já na reconstrução e ampliação de elementos como telhados, lajes, paredes, esca-das, a sua utilização, poderá levar a sobrecargas evitáveis numa estrutura já de si fragilizada e que se pretende melhorar.Com a utilização de perfis de aço de baixa espessura, teremos uma estrutura leve, que sobrecarrega muito menos o edifício antigo, permitindo-se assim recuperações mais racionais e económicas.
Quando se trata de reconstrução de edifícios numa cidade, estamos geralmente a intervir nas zonas antigas, onde as ruas são mais estreitas e os acessos complicam as indispensáveis descargas de materiais. também aqui o lSF se revela vantajoso.O transporte e elevação dos materiais empregues, dada a sua leveza, podem ser feitos manualmente, permitindo a sua utilização em locais de difícil acesso. É uma obra seca, dispensando totalmente a utilização de água. Quase isenta de desper-dícios, é muito mais limpa e rápida que a construção tradicional.À s vantagens constru-tivas, há que associar o resultado da utilização de materiais específicos para as funções requeridas pelo indispensável con-forto térmico e acústico, num ambiente isento de humidades indesejadas.Arquitetos conhecedores deste método têm uma maior liberdade para a uti-lização da sua imaginação. O lSF, que por desconhe-cimento, nem sempre é uma das solução conside-radas no conjunto das hipóteses levantadas pela generalidade dos projetistas, apresenta-se cada vez mais, como a melhor alternativa, gerando uma aceitação crescente nos conhecedores desta solução.Com uma divulgação crescente, associado a um maior número de trabalhos realizados e soluções encontradas, o mercado da reabilitação está a ganhar o conhecimento e experiência, geradores da necessária confiança no sistema. A crescente procura de soluções para a recuperação dos edifícios, e a necessidade de utilização de meios e materiais mais eficientes, levará obrigatoriamente a uma utilização mais generalizada deste método, se não em toda a construção, pelo menos na reabilitação estrutural.
www.dosmontes.com
2006 – Algarve – Construção em painéis pré montados
2007 – Lisboa – AmoreirasReconversão de um sótão sem aproveitamento, em dois dúplex anexos ao ultimo andar
– área ganha com a subida de 60cm nos beirados e cumeeira = 2 x 200m2
2010 – Lisboa – Rua da PadariaReconstrução das lajes do último piso, cobertura e terraço
2011– Lisboa – ChiadoPalácio Valada e Azambuja – vista de sudoeste
betão estrutural
A utilização cada vez mais generalizada de
programas de cálculo automático na análise e
dimensionamento de estruturas de engenha-
ria civil, em geral, e de betão estrutural, em
particular, tem sido um dos fatores que nos
últimos anos mais tem contribuído para a evo-
lução da atividade do projetista de estruturas.
Desde o lançamento no mercado de vários pro-
gramas de cálculo automático de estruturas
porticadas na passada década de 80 e com a
vulgarização da aplicação destas ferramentas
na análise e dimensionamento dos elementos
lineares constituintes (designadamente vigas
e pilares), não mais este segmento de mercado
deixou de crescer e evoluir.
A subsequente aparição de programas de
cálculo baseados em técnicas numéricas mais
poderosas, nomeadamente o método dos ele-
mentos finitos, e em modelos mais refinados
que tinham em conta a resposta não linear dos
materiais e das estruturas, permitiu evoluir
para a análise computacional de estruturas
mais complexas. Infelizmente, a quantidade
de informação que resulta destas análises
computacionais impede por vezes a utilização
destas ferramentas de forma eficiente no
dimensionamento das estruturas.
Nas estruturas laminares de betão armado
esta dificuldade ocorre mais frequentemen-
te. No caso de lajes, de paredes e de cascas,
desde as mais simples às mais complexas, os
programas atuais que correntemente utilizam
o método dos elementos finitos permitem
obter de forma eficiente a distribuição dos
esforços (ou das tensões) ao longo da estru-
tura em análise. No entanto, vários desses
programas não fornecem informação para o
respetivo dimensionamento, designadamente
as quantidades de armadura para verificar a
segurança aos estados limites regulamen-
tares. Assim, a obtenção de uma solução de
armaduras para este tipo de estruturas re-
presenta muitas vezes uma tarefa árdua uma
vez que a quantidade de informação recolhida
da análise estrutural (esforços ou tensões) é
frequentemente elevada. A aplicação de me-
38_39
todologias apropriadas para o cálculo das armaduras é por isso de grande importância de forma
a tornar este processo eficiente.
Tendo como objetivo apoiar a tarefa de calcular as armaduras em elementos de betão que se en-
contram submetidos a esforços de membrana (ou seja, esforços desenvolvidos no próprio plano
do elemento), o Eurocódigo 2 fornece no seu anexo F [1] uma metodologia simples para o cálculo
das armaduras tracionadas. Considerando os esforços de membrana num elemento plano de uma
parede definidos segundo um sistema de eixos ortogonal x e y (vulgarmente representados por
Nx, N
y e N
xy, conforme ilustrado na Figura 1) e as dimensões da estrutura, é possível determinar
as tensões ortogonais no próprio plano, σx, σ
y e τ
xy e, aplicando a metodologia proposta no Euro-
código 2, obter as quantidades de armadura a colocar segundo as direções x e y.
Embora omitindo qualquer referência direta à aplicação de uma metodologia para o cálculo de
armaduras em elementos de laje e de casca, o procedimento anteriormente indicado pode ser
adotado se os esforços de flexão forem substituídos por esforços de membrana equivalentes
aplicados em diferentes níveis do elemento em estudo. Um dos métodos usados para substituir
os esforços de flexão, ou os esforços combinados de membrana e flexão, consiste no modelo
das três camadas [2]. Este modelo assume que a espessura do elemento da estrutura laminar
é dividida em três camadas, sendo os esforços resultantes da ação aplicada equilibrados
pelos esforços resistentes que as camadas de betão e as armaduras mobilizam (Figura 2). As
DIMENSIONAMENTO EXPEDITO DE ESTRUTURAS LAMINARES DE BETÃO PELO EUROCÓDIGO 2
António Abel Henriques, Prof. Associado na FEUP, Investigador no LABEST
> Figura 1: Contribuição da armadura e do betão para suportar os esforços num elemento plano.
> Figura 2: Modelo das três camadas (adaptado de [3]).
a) Esforços de Membrana b) Contribuição da armadura c) Contribuição do betão
38_cm
camadas exteriores fornecem a resistência
para os efeitos no plano devido aos esforços
de flexão e membrana e a camada interior
assegura a transmissão de corte entre as
camadas exteriores.
Desta forma, a aplicação da metodologia pro-
posta no Eurocódigo 2 às camadas exteriores
do elemento permite calcular as respetivas
quantidades de armadura. Atendendo à sim-
plicidade desta metodologia, é possível
implementar um procedimento automático
e incorporá-lo como uma ferramenta de pós-
processamento de um programa de análise
estrutural, funcionando de forma integrada
como um meio auxiliar de dimensionamento.
A integração desse módulo pode ser feito
internamente ao programa caso haja acesso
ao respetivo código, ou funcionando externa-
mente depois de recolher os resultados dos
esforços obtidos na estrutura laminar (ver
exemplo na Figura 3).
A utilização destes procedimentos permitem
libertar o projetista de tarefas monótonas
e morosas, dando-lhe a possibilidade de
obter soluções de dimensionamento mais
eficientes.
REFERÊNCIAS
[1] CEN, EN 1992-1-1 – Eurocódigo 2: Projeto de estrutu-
ras de betão – Parte 1-1: Regras gerais e regras para
edifícios, Instituto Português da Qualidade, 2010.
[2] fib - Federation Internationale du Béton, “Model Code
2010 - First complete draft, Volume 2”, bulletin 56,
Lausanne, 2010.
[3] Lourenço P.B., Figueiras J.A., “Automatic design of rein-
forcement in concrete plates and vaults”, Engineering
Computations, Vol. 10, No. 6, p. 519-541, 1993.
[4] Pereira A.C.P., “Dimensionamento de estruturas de
betão sujeitas a esforços de membrana associados
com esforços de flexão de acordo com o Eurocódigo
2”, Tese de Mestrado, Faculdade de Engenharia da
Universidade do Porto, 2010.
> Figura 3: Dimensionamento de uma cúpula esférica [4].
a) Fxx
[KN/m] b) Fyy
[KN/m] c) Armadura Superior, direção X [cm2/m] d) Armadura Inferior, direção X [cm2/m]
C M Y CM MY CY CMY K
PUB
40_cm
40_41
Em Portugal, o uso de paredes de alvenaria
tem-se limitado à construção de paredes de
vedação e divisórias não estruturais. As uni-
dades de alvenaria mais comuns aplicadas nas
paredes divisórias são os blocos cerâmicos
de furação horizontal, ainda que se registe a
utilização crescente de soluções mais leves
em gesso cartonado. Existem outras soluções
menos usadas como os blocos de betão celu-
lar autoclavado (por exemplo blocos Ytong e
Celcom) ou blocos de gesso (PLASTEC GRG,
MULTIGIPS). Os blocos de gesso geralmente
apresentam forma retangular com encaixes
macho-fêmea e diferentes espessuras, ver
Figura 1.
Atualmente, o setor da construção civil re-
presenta um elevado impacto no consumo
de energia, quer ao nível da produção dos
materiais de construção quer ao nível dos
gastos de energia para aquecimento e arrefe-
cimento no interior de edifícios de habitação e
edifícios públicos (40% do consumo de energia
total anual). Em termos de emissões de CO2, a
construção civil contribui com 30% das emis-
sões de CO2 para a atmosfera. Deste modo,
existe a necessidade de encontrar soluções
construtivas que conduzam a uma constru-
ção mais sustentável, que em parte pode ser
alcançada com novos materiais que sejam
mais eficientes do ponto de vista económico
e ambiental. Uma possibilidade de obtenção de
materiais ambientalmente mais sustentáveis
consiste na adoção de materiais considerados
como subprodutos e resíduos de diferentes
indústrias, que podem ser adequados por
exemplo para incorporação em blocos de pare-
des divisórias. Dado que as paredes divisórias
não têm requisitos mecânicos específicos
(paredes não estruturais), o material utiliza-
do nos blocos pode apresentar resistência
mecânica mais baixa. Existem vários estudos
sobre a incorporação de materiais reciclados e
de subprodutos como o regranulado negro de
cortiça em argamassas e betão, que funcionam
como agregados ou materiais alternativos ao
cimento, reduzindo assim a quantidade de
PAREDES DIvISóRIAS – UMA PROPOSTA InOvADORA E ECOEFICIEnTE
Graça Vasconcelos, Isise, DEC, Universidade do Minho
alvenaria e construções antigas
cimento necessária e o impacto em termos de
emissões de CO2.
no contexto de conseguir soluções constru-
tivas mais sustentáveis, no âmbito de um
projeto de investigação nacional (SipdECO
- Desenvolvimento de soluções inovadoras
ecoeficientes para paredes divisórias), pro-
jeto SI&DT em copromoção financiado pela
Agência de Inovação no âmbito do Quadro
de Referência Estratégico nacional (QREn),
tem vindo a ser desenvolvida uma solução
de paredes divisórias usando blocos de ma-
terial compósito resultante da combinação
de diferentes materiais considerados como
subprodutos industrias, nomeadamente
regranulado de cortiça, gesso FGD produzido
numa central termoelétrica como resultado
da dessulfuração de gases de combustão e
fibras têxteis resultantes da reciclagem de
pneus usados, ver Figura 2.
A definição da geometria do sistema constru-
tivo de paredes teve por base os seguintes
> Figura 1:Exemplos de soluções de blocos para paredes divisórias; (a) blocos de betão celular autoclavado; (b) blocos
de gesso.
(a) (b)
objetivos: (1) obtenção de um bloco leve que
conduza a um maior rendimento de trabalho;
(2) simplificação da tecnologia de construção
no sentido de se executar a parede com auxílio
de peças de encaixe; (3) facilitar a incorpora-
ção das instalações (elétricas, comunicações,
águas), que geralmente requer a abertura de
roços, de forma a diminuir os desperdícios
de material.
O bloco tem forma retangular e é constituído
por duas metades, que unidas por um mate-
rial adesivo à base de gesso, formam o bloco
final com furação vertical e horizontal, de
modo a possibilitar a construção por fases
e a integração eficiente das infraestruturas,
ver Figura 3a. Cada metade do bloco consiste
numa associação de duas partes com formas
distintas: uma parte exterior de forma retan-
gular com espessura constante (Figura 3b)
e uma parte interior de espessura variável e
constituída por formas curvilíneas côncavas
e convexas para definição da furação vertical
> Figura 2: Materiais constituintes do material compósito; (a) gesso FGD; (b) regranulado de cortiça; (c) fibras têxteis.
(a) (b) (c)
cm_41
e horizontal (Figura 3c).
O bloco possui em todo o perímetro encaixes
tipo macho-fêmea biselados, sendo contínu-
os na junta vertical e descontínuos na junta
horizontal, para facilitar a passagem das in-
fraestruturas. Este tipo de encaixe destina-se
a facilitar a colocação em obra, aumentando
a eficiência do processo construtivo, que é
constituído por três fases, nomeadamente:
(1) colocação e assentamento do primeiro
paramento até uma altura adequada à colo-
cação das instalações; (2) colocação das in-
fraestruturas; (3) colocação e assentamento
do segundo paramento e ligação ao primeiro
paramento através da aplicação do material li-
gante no perímetro interior e de peças polimé-
ricas que facilitam o alinhamento da parede.
na Figura 4 ilustra-se a sequência do processo
construtivo de uma parede de 4.0m de compri-
mento e 2.70m de altura (10.8m2) construída
numa célula de teste onde se avaliou o desem-
penho térmico e acústico.
A caracterização da solução do ponto de vista
mecânico revelou que a resistência à com-
pressão é aproximadamente 20% inferior ao
valor apresentado pela solução corrente de
alvenaria de tijolo de furação horizontal mas
apresenta uma ductilidade e uma capacidade
de deformação claramente superiores. Em
termos de resistência à f lexão os valores
são comparáveis com a solução tradicional.
A validação mecânica da solução passou
também pela realização de ensaios de com-
pressão excêntrica e ensaios de impacto de
acordo com a diretriz europeia para aprovação
técnica de paredes divisórias (ETAG, 1998)
numa parede de dimensões correntes (Figura
5). Os resultados obtidos demonstram que a
parede apresenta uma resistência ao impacto
adequada a diferentes classes de uso e uma
resistência à compressão excêntrica que
ultrapassa os valores de referência apresen-
tados pela ETAG (1998).
REFERÊNCIAS
– ETAG 003, Guideline for European technical
approval for internal partition kits for use as
non-loadbearing walls, 1998.
> Figura 4: Processo de construção; (a) ligação dos blocos ao nível da junta vertical; (b) assentamento da primeira fiada do
primeiro pano; (c) colocação das peças poliméricas auxiliares; (d) e (e) assentamento do segundo paramento de paredes;
(f) aspeto final da parede divisória.
> Figura 3: Detalhes da solução de bloco para paredes divisórias; (a) aspeto da parte exterior de metade do bloco;
(b) aspeto da parte exterior de metade do bloco; (c) geometria bloco inteiro; (d) aspeto do bloco após produção.
> Figura 5: Ensaios de caracterização mecânica; (a) compressão excêntrica; (b) impacto.
(a) (b) (c) (d)
(a) (b) (c)
(d) (e) (f)
(a) (b)
42_cm
42_43
Nesta coluna Térmica1 já aqui se abordou o
tema, sempre atual, da reabilitação térmica e
energética dos edifícios de habitação. Nessa
oportunidade associou-se essa reabilitação
ao domínio mais vasto, e premente, da reabi-
litação construtiva requerida por um número
significativo de edifícios, quer “antigos”, quer
mais recentes e, precocemente, degradados.
A contínua degradação do parque imobiliário
residencial traduz-se por uma parte significa-
tiva desse parque apresentar anomalias que
põem em causa as respetivas condições de
habitabilidade. Este facto, e a rápida evolução
da situação económica e social do País conti-
nuam a evidenciar a importância e a prioridade
a dar à renovação urbana, à qual se associa a
renovação térmica e energética.
É assumido que o f inanciamento da reno-
vação térmica e energética deveria passar
pela participação financeira dos particulares
(leia-se, proprietários, uma vez que da parte
dos arrendatários não é de esperar grande
envolvimento). Todavia, há que admitir que
sem a existência de benefícios, incentivos e
investimentos públicos tal contribuição não
terá expressão. A fraca capacidade de (mais)
endividamento, o reduzido capital disponível
para aquele fim, e, na realidade, o duvidoso
retorno do investimento efetuado em muitas
QUE FUTURO PARA A REABILITAÇÃO TÉRMICA E ENERGÉTICA DOS EDIFÍCIOS DE HABITAÇÃO?
Carlos Pina dos Santos, Eng.º Civil, Investigador Principal do LNEC
térmica
intervenções de reabilitação térmica e energé-
tica dos edifícios, são fatores determinantes,
pelo menos a médio prazo.
Face às dificuldades económicas que o País
atravessa alguns dos benefícios e incentivos
existentes, foram suprimidos2 ou irão ser
reduzidos. De notar que esta situação não é
exclusiva de Portugal, observando-se noutros
estados-membros uma redução, maior ou
menor, em situações semelhantes (embora
ainda com incentivos realmente motivadores).
Por outro lado, com uma recente Proposta de
Lei o Governo pretende3 que a reabilitação
urbana constitua uma área estratégica e
fundamental para, por um lado, requalificar e
revitalizar as cidades, e, por outro lado, incen-
tivar as atividades económicas associadas a
este setor. Os objetivos prosseguidos com a
presente Proposta de Lei serão, no curto prazo,
objeto de uma nova intervenção legislativa,
no sentido da dinamização do mercado de
arrendamento, atendendo à estreita conexão
do desenvolvimento deste mercado com o
incentivo à reabilitação.
Numa outra perspetiva assiste-se a uma
pressão, como é natural, de diversos agen-
tes que procuram promover e justif icar a
necessidade de introdução de medidas e de
soluções técnicas na reabilitação térmica
dos edifícios, as quais, em muitos casos, se
podem considerar desajustadas às realidades
construtiva, climática, social e económica do
País. Pode-se mesmo dizer que existe uma ig-
norância sistemática da especificidade dessa
realidade. Também não é incorreto prever que
algumas dessas soluções iriam (irão) conduzir,
quer a acréscimos indesejados de consumo de
energia, quer à criação de ambientes interiores
mais desconfortáveis ou com pior qualidade
ambiental4.
Há que reconhecer que a Certificação Energéti-
ca em vigor abrangeu um número significativo
(algumas centenas de milhar, segundo dado
da ADENE) de frações autónomas. Todavia,
em muitos casos, a metodologia adotada e
as medidas de melhoria preconizadas podem
considerar-se desajustadas à realidade já
assinalada.
Com a revisão em curso da regulamentação tér-
mica e energética (RCCTE e SCE), e a previsível
publicação a breve prazo, e posterior adaptação,
da metodologia comparativa para a determina-
ção dos níveis ótimos de rentabilidade dos re-
quisitos de desempenho energético aplicáveis
a edifícios e a componentes5 é de prever que se
venham a reforçar as exigências impostas aos
requisitos térmicos e energéticos aplicáveis
aos edifícios de habitação novos e existentes.
Os dados estatísticos disponíveis (embora,
em geral, desatualizados) e a recente publi-
cação do Inquérito ao Consumo de Energia no
Setor Doméstico6 podem contribuir para uma
reflexão ponderada sobre o tema. Sugere-se,
por exemplo, que se analisem os dados es-
tatísticos relativos a consumos energéticos
do setor residencial, e se comparem com os
valores (necessidades nominais) obtidos a
partir da leitura atenta dos certificados ener-
géticos. E com base nessa leitura seja feita
uma análise consciente e dela se retirem as
devidas conclusões.
Alguns estudos independentes e isentos
realizados por diversas instituições, nomea-
damente pelo LNEC, revelam, do mesmo modo,
uma realidade bem diferente, entre os valores
nominais ou de referência e a prática possível,
ou desejada pelos utentes dos edifícios de
habitação.
Repetindo o que já foi escrito nesta coluna – e
não sendo possível num espaço tão limitado
desenvolver uma análise detalhada e profunda
do tema – há que criar critérios, de natureza
técnica, económica e social, de avaliação e de
análise que justifiquem, de forma isenta, a via-
bilidade e os benefícios efetivos das medidas
a implementar e a incentivar.
Nesse sentido, e considerando a situação atu-
al, julgamos que as prioridades se deveriam,
na realidade, centrar nos seguintes aspetos:
– apoio ao desenvolvimento do conhecimento
técnico científico orientados para realidade
nacional neste domínio;
– acréscimo da capacidade técnica (desem-
penho térmico e energético, patologia da
construção) dos profissionais envolvidos;
– apoio a medidas de reabilitação térmica e
energética orientadas para a especificidade
da realidade nacional;
– promoção dos conhecimentos e da mudança
de comportamentos dos utentes.
Deste modo os benefícios seriam, certamente,
maiores do que os resultantes de opções que
se traduzem por exigências e imposições
irrealistas e incomportáveis.
PUB
1 Construção Magazine nº 42 – março/abril 2011,
p. 38-39.2 Foram entretanto revogados os estímulos diretos
aos contribuintes (deduções à coleta do IRS) pre-
vistos na Portaria nº 303/2010 de 8 de junho.3 Presidência do Conselho de Ministros. Comunicado
do Conselho de Ministros de 29 de setembro de
2011.4 Relembrando, ainda, que (como é habitual) se
assiste, quer à conceção e aplicação deficientes de
diversas soluções (com as previsíveis consequên-
cias), quer à adoção de outras cujo desempenho
não corresponde, minimamente, ao invocado. 5 Cuja publicação a Diretiva 2002/91/CE DO PARLA-
MENTO EUROPEU E DO CONSELHO de 16 de dezembro
de 2002 relativa ao desempenho energético dos
edifícios previa para junho do presente ano. 6 Instituto Nacional de Estatística, I.P. (INE); Dire-
ção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) – Inquérito
ao Consumo de Energia no Setor Doméstico 2010.
Lisboa: INE/DGEG, 2011.
44_cm
44
A urgência de implementação de medidas
com vista a um desenvolvimento sustentável
é justificada, essencialmente, por quatro
fatores: crescimento rápido da população
mundial, urbanização do planeta, enorme
expansão do consumo, e finalmente, escolha
de tecnologias baseadas nos critérios de
curto prazo e metas restritas, i.e., não con-
siderando a totalidade das consequências.
A taxa de crescimento dos referidos fatores
encontra-se desajustada à capacidade de
reposição e absorção do planeta.
Por construção sustentável entende-se a
implementação dos objetivos de desenvol-
vimento sustentável na indústria de cons-
trução. Desde os meados da década de 90, o
tema da construção sustentável tem vindo a
assumir um papel de crescente relevância nas
economias modernas, captando a atenção de
diversos investigadores e profissionais da
área. Neste contexto, Portugal não foi exce-
ção, tornando-se num dos pioneiros no que
concerne ao estudo de fatores associados
à construção sustentável, oferecendo um
Fatores sociais e macro ecoNómicos
Said Jalali, Dec - U.minho
sustentabilidade
três parâmetros devam merecer especial
atenção, a questão ambiental tem sido mais
enfatizada nas investigações. a razão para
tal, prende-se com a novidade de inclusão
do meio ambiente no discurso e prática da
indústria de construção. a questão económi-
ca geralmente resume-se em considerar os
custos envolvidos das construções. contudo,
na conjuntura atual, marcada pelas elevadas
taxas de desemprego e desequilíbrios da
balança de pagamento do país, encontrar so-
luções sustentáveis exige a harmonização dos
fatores sociais e macro económicos, tornando
o processo bem mais complexo.
a interação de investigadores de outras áreas
do saber, nomeadamente ciências económica
e social, apresenta-se como o caminho mais
indicado no rumo à construção sustentável,
a fim de serem consideradas todas as suas
dimensões. a interação e comunicação mais
efetiva entre diversos investigadores, apre-
senta-se com um elemento imprescindível
para um avanço mais decisivo e com resul-
tados mais efetivos no âmbito da construção
sustentável.
curso específico nessa área, quando apenas
três universidades na mundo ofereciam tais
cursos-
sendo construção sustentável um assunto
que abarca todas as atividades da indústria de
construção, é de prever que as investigações
levadas a cabo nesse âmbito apresentem-
se como um espectro alargado do tema,
abrangendo as vertentes mais importantes
na indústria de construção. contudo, só po-
dem ser reconhecidos resultados práticos e
duradouros destes estudos, mediante uma
abordagem holística e integral, a qual impli-
ca a interação de todos os intervenientes:
os donos de obra, projetistas, fabricantes
dos materiais, construtores, utilizadores e
naturalmente os investigadores. No caso es-
pecífico de Portugal, de acordo com o volume
de trabalhos de investigação e casos de apli-
cação que tem surgindo, existe a indicação de
que o país se encontra caminho correto, rumo
a sustentabilidade na construção.
É do conhecimento geral que a sustentabilida-
de deve harmonizar parâmetros ambientais,
económicos e sociais. embora todos estes
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cm_45
notícias45_47
Decorreu de 25 a 28 de outubro, em Valência,
duas das feiras mais importantes no setor da
madeira de Espanha: FIMMA (Feira Internacio-
nal de Máquinas e Ferramentas para Madeira)
e Maderalia (Feira Internacional de Fornecedo-
res do setor da Madeira para Móveis).
As feiras que já contam com 35 edições, conti-
nuam a apostar na difusão dos produtos e tec-
nologias mais inovadoras no setor da madeira a
nível internacional. Não ficando indiferentes à
atual situação económica, a organização criou
condições especiais para facilitar a vinda de
empresas com os menores custos possíveis.
Estiveram presentes cerca de 900 empresas,
vindas de 23 países diferentes.
Dentro das empresas que marcaram presen-
ça nestas feiras destacam-se a Rothoblaas,
Comercial Cecilio, Biesse Ibérica, Kronospan,
entre outras. O balanço feito pelos expositores
foi positivo.
As feiras contaram também com entrega de
prémios, certificados de responsabilidade
social corporativa e conferências dentro dos
temas da inovação e novas tecnologias.
em espanha
fimma-maderalia
http://fimma-maderalia.feriavalencia.com
© FERIA VAlENCIA
A SISAF – Sociedade Industrial de Segurança
Anti-Fogo conseguiu obter a certificação, se-
gundo a NP EN ISO 9001:2008, do seu Sistema
de Gestão da Qualidade. “Esta certificação é o
reconhecimento do propósito da empresa em
prestar um serviço de excelência orientado
para os seus clientes, não prescindindo do
cumprimento das leis e normas aplicáveis e
dos compromissos assumidos com os seus
sistema de gestão da qualidade sisaf obtém certificação
nada com as paredes, independentemente da
direção de abertura das folhas e a possibilida-
de de poder ser revestida com os mesmos ma-
teriais utilizados no revestimento de paredes.
Neste momento, a SISAF marca presença nos
mercados Espanhol e Angolano, sendo o seu
desafio atual a consolidação dessa presença
e a entrada no mercado Brasileiro.
www.sisaf.pt
colaboradores e fornecedores”, refere em
comunicado.
Além da certificação, a SISAF está também a
apostar na inovação e internacionalização.
Em termos de inovação, a SISAF acaba de
certificar, em conformidade com o referencial
normativo europeu, a COMPlAN, uma porta
corta-fogo com molas e dobradiças ocultas.
Neste caso, é inovadora, a aplicação compla-
Uma união que promete inovações em produtos, pretendendo assim mudar o mundo das tintas
na arquitetura de construção, renovação e decoração dos espaços, foi o acordado entre a Dyrup
Iberia e a Faculdade de Arquitetura da Universidade Técnica de lisboa.
Neste âmbito, será construído um laboratório denominado SUSTENTA e que contará com uma
equipa multifuncional de ambas as organizações de forma a desenvolver, em esforço técnico-
cientifico, as futuras tintas sustentáveis para o planeta.
“Este protocolo foi há alguns meses atrás idealizado e acordado connosco entre o então Reitor,
Prof. Fernando Ramôa Ribeiro, assessorado e impulsionado pela Profª. Conceição Mello Triguei-
ros, razão pela qual a atual reitoria em união com o Conselho de Administração da Dyrup Iberia
resolvem assiná-lo em sua homenagem, a título póstumo”, refere Nuno Ferreira Pires, Diretor de
Marketing Ibérico da Dyrup.
www.dyrup.pt
ligação universidades-empresas
dyrup e faculdade de arquitetura unem-se a favor da construção sustentável
notícias
46_cm
A peça é uma espécie de onda em madeira. Trata-se de uma espiral tridimensional, feita por Cowley
Timberwork, contando com a engenharia da Arup. O monumento tem grande impacto na entrada
histórica do famoso museu localizado em Cromwell Road. Apoiado em si mesmo, atinge uma altura
de 12 metros e permite que os visitantes tenham uma experiência artística envolvente quando
entram para o museu. A espiral estende-se também para a rua, tendo sido uma das maiores
atrações durante o Festival de Design de londres.
David Venables, Diretor Europeu da AEHC e impulsionador deste projeto, acredita que “agora
é a hora de carvalho vermelho” - uma abundante e exuberante madeira americana que está
subutilizada. O dirigente refere que apesar deste tipo madeira ser abundante, ainda tem de
posicionar-se como uma madeira de eleição para arquitetos e designers. Contudo, David Venables
acredita que isto está a mudar. “Estamos confiantes de que o alto nível e a visibilidade deste
projeto marcam um ponto de viragem, modificando perceções e demonstrando as propriedades
únicas e características estéticas desta madeira”.
Amanda levete do Al_A refere que o que mais a agradou neste material foi a aparência e a cor
do carvalho vermelho. “Os tons quentes de carvalho vermelho fornecem o contraste necessário
com o arco de pedra de cor clara na entrada, um efeito que teria sido difícil de conseguir com uma
madeira mais clara”, afirma.
www.ahec.org
onda de madeira em carvalho vermelho americano
© DENNIS GIlBERT, VIEW PICTURES lTD.
A Urban Match lançou uma inovadora base
de dados online que inclui todos os edifí-
cios devolutos, semidevolutos ou estado
de degradação visível na zona ocidental
de lisboa. Mais de 1300 edifícios fazem
parte desta lista que está disponível a
mediadores e promotores imobiliários.
Esta ferramenta incide, no total, sobre 22
zonas entre o Restelo e a Baixa e permite
que os interessados obtenham informa-
ção detalhada sobre cada edifício.
De acordo com esta empresa júnior, a
aplicação online conta com um avançado
motor de busca que filtra as pesquisas
específicas. Por outro lado, todos os edi-
fícios são georeferenciados e podem ser
base dados de edifícios para reabilitar em lisboa ocidental
visualizados de forma interativa num mapa.
“Cada um é acompanhado de informação
complementar relevante, que inclui dados
dos proprietários e observações sobre a real
situação de mercado do edifício. São anexa-
dos pelo menos uma fotografia da fachada
assim como plantas de classificação e con-
dicionantes do Plano Diretor Municipal”,
explicam os responsáveis da Urban Match
em comunicado.
As informações relativas aos edifícios
for am levantadas por um equipa es-
pecializada e tendo por base critérios
convencionados. “São incluídos todos os
edifícios devolutos, com baixa taxa de ocu-
pação, em estado de degradação visível,
com baixo aproveitamento do índice de
construção ou disponíveis para venda por
inteiro”, é referido.
Todos os dados, imagens dos edifícios e
contactos dos proprietários são também
disponibilizados na base de dados online.
www.urban-match.com
Para celebrar o Festival de Design de Londres, a American Hardwood Export Council (AHEC)
decidiu encomendar uma peça de arte, desenhada pelo gabinete de arquitetura AL_A, toda feita
em Carvalho Vermelho Americano e que adorna a entrada da museu Victoria and Albert.
cm_47
A Doka foi responsável pelo projeto de cofragens de uma grande obra que incluía a execução de
9 viadutos na ligação da A12 ao Alto da Guerra. O subempreiteiro era a empresa Danigon que
adjudicou a solução de cofragens à Doka. Os sistemas Staxo 100 e Top50 foram os escolhidos
para esta obra.
Foram fornecidos mais de 7.000m2 de cofragem Top 50 e Framax Xlife para a execução de ta-
buleiros, encontros e pilares, mais de 17.500m3 de cimbre Staxo 100 e D2 em escoramento e
mais de 10.500m3 de Staxo 100, Sl1 e Perfis em gabarits e salva-taludes, para a execução de
um total de 9 viadutos.
Este projeto contou com algumas especificidades, já que em duas das obras (PI5 e PS34A) tinham
de garantir que o fluxo de trânsito se continuaria a processar de forma normal no decorrer de toda
a obra, sendo que a PS34A foi realizada no acesso à Autoestrada A12, com 4 faixas de rodagem a
funcionar. “O cliente necessitava de uma solução facilmente adaptável, fácil de manusear, rentável
e resistente em virtude da necessidade de uma elevada rotatividade do equipamento entre as
várias obras”, refere a Doka em comunicado.
Os prazos iniciais para a conclusão da obra foram cumpridos, sendo executada em tempo recorde.
www.doka.pt
em portugal
doka ganha mega projeto
A flexibilidade e elevada capacidade de adaptação do sistema Top 50, o perfeito acabamento do betão, e a alta rotatividade do Staxo 100 e D2 foram a solução ideal para a construção dos diversos tabuleiros.
Investigadores do Departamento de Engenha-
ria Civil da Universidade de Coimbra chegaram
à conclusão que se fossem utilizados pavimen-
tos mais grossos em Portugal, acabaria por ser
mais económico a longo prazo.
Através deste sistema de análise económica
de estruturas de pavimentos rodoviários,
denominado OPTIPAV (Otimização de PAVimen-
tos), são levados em conta fatores como os
custos de construção, de conservação e para
os utentes e o valor residual da estrada no seu
fim de vida (40 anos).
Os responsáveis pela criação do OPTIPAV,
João Santos e Adelino Ferreira, explicam que
no Manual de Conceção de Pavimentos para
a Rede Rodoviária Nacional é estabelecido
um prazo de 20 para o ciclo de vida de pavi-
mentos flexíveis, contudo, é importante uma
análise económica para um período de cerca
de 40 anos.
uc desenvolve sistema de análise económica de pavimentos rodoviários
A par tir deste estudo económico pode-se
concluir que, “embora os custos de cons-
trução sejam mais elevados, a utilização de
pavimentos de maior capacidade estrutural
fica muito mais barata a longo prazo, porque
implica menos intervenções de conservação
e representa também uma poupança para
os utentes”.
Segundo o investigador, nos Estados Unidos
da América começam a estar em destaque os
chamados “pavimentos perpétuos”, em que
a reparação implica apenas a remoção dos
primeiros centímetros em que o pavimento
apresenta degradações.
“O que está por baixo da camada de desgaste,
como tem muita capacidade estrutural devido
à sua espessura e à qualidade dos materiais
utilizados, está sempre impecável e não pre-
cisa ser removido”.
www.dec.uc.pt
“O problema é que este tipo de análise econó-
mica nunca foi efetuada em Portugal”, afirmou
Adelino Ferreira, acreditando que esta ferra-
menta facilita e promove essa análise, permi-
tindo a escolha de “estruturas de pavimentos
rodoviários mais económicas a médio/longo
prazo para as estradas portuguesas”.
48_cm
48_49 mercado
Os Painéis Ultravent da Knauf Insulation de Lã Mineral Natural com ECOSE® Technology
representam mais uma aposta da empresa no isolamente de fachadas. Esta nova gama
incorpora uma tecnologia inovadora aplicada à fabricação de resinas sem formaldeídos e
fenóis. Estes painéis são recomendados para uso no isolamento de fachadas ventiladas.
Estão disponíveis quatro tipos de painéis Ultravent: Ultravent Black – Painel em rolo refor-
çado, hidro-repelente com tecido preto; Ultravent HIDRO (TP-KD 430) – Painel reforçado
hidro-repelente de muito baixa absorção de água; Ultravent P (TP 416) – Painel reforçado
hidro-repelente; Ultravent R (TI 416) – Rolo reforçado hidro-repelente.
Toda a gama conta com um certificado de conformidade, de acordo com a norma EN
13162, assim como o certificado voluntário europeu KEYMARK e o selo ACERMI francês.
Os painéis Ultravent são um produto bio-solúvel e não são perigosos para a saúde, de
acordo com a Diretiva Europeia 97/69/CE que assim atesta.
“A gama Ultravent oferece o melhor desempenho na reação ao fogo (Euroclass A1),
superior a qualquer outra solução de isolamento em fachadas ventiladas”, afirma a
Knauf Insulation.
nova gama de painéis para isolamento em fachadas ventiladas
www.knaufinsulation.pt
soluções de aquecimento a biomassa
A BAXIROCA dispõe de novas soluções de aquecimento e AQS para o setor residencial que são
alimentadas a biomassa. As salamandras a pellets e os recuperadores de calor a lenha estão
equipados com permutador de água ou ventilador de ar e têm uma estética apelativa e moderna.
A biomassa é uma energia alternativa que não tem tanto impacte no meio ambiente. Trata-se
de uma fonte de energia renovável derivada de material biológico natural como, por exemplo, a
madeira – lenha – ou diferentes resíduos procedentes de limpezas florestais – pellets.
Estes equipamentos foram concebidas para serem instaladas no interior da habitação, normal-
mente num dos principais locais da mesma, tais como, a sala de jantar ou de estar, tendo sido
desenvolvidos, também, como um elemento de decoração.
www.baxi.pt
anuário de produtos não-tintas A Robbialac lançou um portfólio completo com todos os seus produtos não-tintas disponíveis
para apoiar os clientes. O Anuário destina-se a clientes, finais ou profissionais, dá a conhecer as
várias novidades e produtos que possui nesta área, permitindo a aquisição de todos os produtos
necessários para um trabalho de pintura num único ponto de venda.
É apresentada uma vasta gama de produtos direcionados para a Preparação de Superfícies,
Isolamento e Proteção, Utensílios de Pintura, Máquinas e Equipamentos Elétricos, entre outros
produtos essenciais para o trabalho de pintura.
“Com o alargamento da área não-tintas nas lojas e o lançamento do Anuário, a Robbialac quis
desenvolver o conceito de “one stop shop”, ou seja, queremos que os nossos clientes ou futuros
clientes tenham acesso a um serviço completo e especializado”, refere Nuno Rosa, Procurement
& Category Manager da Robbialac. www.robbialac.pt
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A Arpa For You, marca representada pela Tecniwood em Portugal, apresentou um variado leque
painéis HPL termolaminado para aplicação em interiores que aliam funcionalidade, tecnologia
e estética.
Dentro do variado leque de soluções, destaca-se a Naturália que é uma solução “amiga do am-
biente” porque é feita de fibras de madeira provenientes das florestas certificadas da Europa.
Além disso, cumpre as normas do Programa para aprovação da Certificação Florestal (PEFC) é
um material 100% reciclável.
“Este material reflete as formas, cores e texturas próprias do ambiente natural, permitindo a
sensação de contacto com a natureza”, afirma a Tecniwood.
Segundo a Tecniwood, cada cor da gama Naturalia – Grano, Duna, Lichene, Marna, Castagna e
Ossidiana – evoca seis calmos e confortáveis ambientes, refletindo paz e aconchego ao espaço.
“O Naturalia possui características únicas que combinam o design com uma enorme versatilidade
nas possíveis aplicações. Em toda a espessura do Naturalia é garantida a mesma cor pelo que o
produto pode ser facilmente trabalhado, não limitando a criatividade”, refere a Tecniwood.
Esta solução permite inúmeras aplicações, podendo ser utilizado em balcões, mobiliário ou
superfícies de apoio. É também particularmente adequado para bancadas de cozinhas graças à
resistência aos riscos e à resistência à humidade. Ao mesmo tempo o produto tem propriedades
que lhe permite o contacto com alimentos com toda a segurança e higiene.
solução de decoração “verde”
www.tecniwood.pt
variador de velocidade para avac
O Vacon 100 HVAC é um variador de velo-
cidade com eficiências muito superiores
aos existentes, ultrapassando valores
de eficiência superiores a 97%. O equipa-
mento comercializado em Portugal pela
ZEBEN, vem estabelecer novos padrões
standards em variadores de velocidade
para climatização como também eleva
os fatores ambientais a um nível superior.
Este variador é destinado a aplicações em
bombas, ventiladores e compressores.
O Vacon 100 HVAC tem uma construção
modular patenteada e elevadas classes de proteção IP, podendo
os variadores ser instalados na parede sem necessidade de
armários adicionais. A Vacon desenvolve,fabrica e comercializa
conversores de frequência de baixa tensão numa gama de potência
de 0,2KW a 5.3MW.
A Vacon destaca, também, os variadores IP54 porque são os
variadores de velocidade mais pequenos do mundo, e têm todos
os componentes integrados: Filtros EMC; Reactâncias; Chopper
de travagem; Proteção de cabos; Proteção contra pó e água; etc.
Opcionalmente podem ser equipados com interruptor geral de
corte em carga.
www.zeben.pt
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38.00 €34.20 €
Mecânica dosSólidos Contínuos
10%
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w.engebook.com
Esta edição do LNEC constitui o quinto relatório
referente à atividade desenvolvida pelo Laboratório
Nacional de Engenharia Civil (LNEC) e pela Faculdade
de Ciências e Tecnologias da Universidade de Coimbra
(FCT/UC) no âmbito do projeto IRUMS – Infraestruturas
Rodoviárias Urbanas Mais Seguras, integrando-se
também num protocolo assinado com a Câmara Mu-
nicipal de Lisboa.
No relatório final é apresentado o resumo e as prin-
cipais conclusões do trabalho desenvolvido no que
diz respeito ao estado da arte sobre medidas de
engenharia de segurança rodoviária em ambiente
urbano e sobre modelos de estimativa da frequência
de acidentes; ao desenvolvimento de modelos de
estimativa de frequência de acidentes nos arrua-
mentos da cidade de Lisboa; e ao desenvolvimento
de uma metodologia capaz de identificar as fragili-
dades da infraestrutura rodoviária em zona urbana
que contribuam para a ocorrência de acidentes e que
possam ser tratadas com o objetivo da redução da
sinistralidade rodoviária.
É ainda sumariada a tarefa de recolha de dados, dada
a sua relevância para a concretização deste projeto.
A u t o r e s : S andr a V ieir a Gomes, João L . Car doso, Car men Car va -
lheir a, Luís P icado S antos . e d i t o r A : L NEC . d A t A d e e d i ç ã o : 2011
ISBN: 978-972-49-2226-3 . PáginAs: 48 . Preço: 13,00 euros . à venda em
www.engebook.com
método para intervenção na infraestrutura rodoviária urbana para melhoria da segurança
Este livro é um manual prático para a utilização do pro-
grama AutoCAD. Com uma nova apresentação gráfica,
o livro está organizado de forma estruturada, prática e
recorrendo a muita ilustração. Escrito por João Santos,
especialista na área que já escreveu mais de 30 livros
sobre CAD, é um documento de consulta muito útil para
quem não sabe trabalhar com o programa.
Baseado na mais recente versão do programa (2012),
o livro apresenta as principais funcionalidades, con-
ceitos e técnicas para o trabalho do dia a dia. Conta
com mais de 60 exercícios práticos, explicados passo
a passo, e também figuras que mostram de forma clara
cada capítulo da matéria.
É adequado a todos os cursos de AutoCAD Fundamental
(Nível 1 ou Básico) e também aos cursos Essential de
ATC, quer da versão 2012, quer de versões anteriores
do AutoCAD e AutoCAD LT.
Autor: João Santos . editorA: FCA . dAtA de edição: 2011 . ISBN: 978-972-722-
720-4 . PáginAs: 344 . Preço: 27,50 euros . à venda em www.fca.pt
autocad
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projeto pessoal
biNasceu em Setúbal em 1974 e licenciou-se em Arquitetura em 2002, tendo
passado pelo curso de matemática aplicada em anos anteriores, esteve
ligado em anos recentes ao ensino universitário da arquitetura em Setúbal.
É membro fundador da Associação Portuguesa de tiro com arco Japonês -
Kyudo, onde exerce funções na direção.
Em 2001, ainda estudante, dá inicio a colaborações em diversas equipas
multidisciplinares orientadas para o projeto de arquitetura, iniciando
em 2007 atividade independente com o seu próprio ateliê, Rosa da Silva
Arquitetos, atuando nos domínios da arquitetura e do design, continuando
as colaborações com outras equipas de projeto numa estrutura flexível e
aberta. Em 2009 inicia colaboração com o Conselho Nacional de Disciplina
da Ordem dos Arquitetos como relator. No âmbito da sua atividade como
arquiteto, participa ativamente em concursos tendo obtido este ano o
Prémio Arquitetar.
sonho de criançaDesde muito cedo, lutar por ter a dimensão ética e moral que via nas
minhas referências familiares.
o seu maior desafioGerir de forma eficaz todos os compromissos, parcerias e projetos de
forma a deixar espaço para o imprevisto.
um arquiteto de referênciaSendo arquiteto de formação são muitas as referências que poderia
enumerar. Português, sem dúvida Álvaro Siza Vieira, influenciou centenas
de arquitetos Portugueses e continua a projetar a imagem de Portugal no
estrangeiro de uma forma que não têm paralelo na nossa cultura atual.
Fora de Portugal Peter Zumthor representa o espírito conceptual, a obra
pensada e referenciada, que falta em muita da arquitetura “moderna” que
vemos todos os dias.
um engenheiro de referênciaGustave Eiffel (1832-1923)
Um dos engenheiros mais virtuosos dos séc. xix e xx , aliou a arte ao
engenho nas construções metálicas e criou símbolos que carregam as
marcas do seu tempo, que vão viver muito para além das nossas vidas
(Estátua da liberdade, Nova York; Torre Eiffel, Paris). Curiosamente,
também viveu em Portugal na altura em que projetou algumas das
emblemáticas obras em ferro de que são exemplos a Ponte D. Maria Pia no
Porto ou o Mercado Municipal de Olhão.
uma obra de referênciaAs termas de Vals, do arquiteto Peter Zumthor, que, para António Rosa
da Silva, revelam o sistema holístico de pensamento do arquiteto, a
ligação com a paisagem, os materiais, o sistema estrutural, etc., todos
contribuindo para uma obra intemporal.
ANTóNiO ROSA DA SilVA Arquiteto
dos projetos mais desafiantes, seleciona
Dada grande parte da atividade do ateliê se concentrar em projetos
de reabilitação, destaca o campo de férias da EDP em Palmela, por
ser uma ampliação e reabilitação de vários edifícios, incluindo dois
edifícios desenhados por Keil do Amaral que envolveu uma grande
diversidade de soluções colaborativas.
uma aposta no futuro Constituir no futuro uma Associação de criadores independentes, do tipo
“think tank”, de âmbito multidisciplinar, que possa reunir talentos e dar
resposta a desafios no âmbito dos concursos nacionais e internacionais de
arquitetura.
hobby favoritoSurf e Tiro com arco Japonês (Kyudo), arte marcial que conta com apenas 15
praticantes em Portugal e poucas centenas na Europa.
52_cm
PCF 2012 Conferência Nacional sobre 2 e 3 fevereiro Coimbra SPM e FCTUC Fraturas de Materiais 2012 Portugal www.dem.uc.pt/pcf2012/
“CoberTUraS de Seminário sobre Coberturas 19 abril Guimarães deC-UMinhoMadeira” de Madeira 2012 Portugal www.civil.uminho.pt/coberturas/
PaiNT exPo Tecnologias industriais de 17 a 20 abril Karlsruhe Fair Fair revestimento 2012 alemanha www.paintexpo.de
TeKTÓNiCa 2012 Feira internacional de Construção 8 a 12 maio Lisboa aiP - FiL e obras Públicas 2012 Portugal www.tektonica.fil.pt
iCNMMCS “Mechanics of Nano, Micro 18 a 20 junho Turim UP e TP and Macro Composite Structures” 2012 itália http://paginas.fe.up.pt/~icnmmcs/
As informações constantes deste calendário poderão sofrer alterações. Para confirmação oficial, contactar a Organização.
eNCoNTro NaCioNaL betão estrutural 24 a 26 outubro Porto FeUPde beTão eSTrUTUraL 2012 Portugal ttp://paginas.fe.up.pt/~be2012/
CoNiNFra 2012 Congresso de infraestruturas 2 a 4 abril São Paulo aNdiT brasil de Transportes 2012 brasil http://andit.org.br/coninfra2012/
calendário de eventos
Vai decorrer de 2 a 4 de abril de
2012, o Congresso de infraes-
truturas de Transportes em São
Paulo, no brasil. ao mesmo tempo
decorrerá também a feira brazil
road expo.
os objetivos do congresso são
fomentar o intercâmbio de conhecimentos e tecnologia aplicada a to-
das as áreas de transportes e sua infraestrutura. Pretendem criar uma
oportunidade única para a troca de informações entre profissionais
de diversos países que atuam na área. estarão em destaques temas
como: rodovias, Vias Urbanas e Ciclovias; aeroportos; Metros e Ferro-
vias; Portos e Hidrovias; dutovias; Logística e intermodalidade. dentro
destes grandes temas serão abordados aspetos mais específicos, como
por exemplo, aplicação de novos materiais, conceção e tecnologias,
projetos, construção e controle de qualidade, meio ambiente, impactos
e sustentabilidade, entre outros.
o congresso é direcionado a engenheiros, técnicos, advogados, psicó-
logos, arquitetos, investigadores, estudantes, profissionais da área e
outros especialistas.
http://andit.org.br/coninfra2012/
coninfra
eventos
Vai decorrer no dia 19 de abril de 2012, em Guimarães, o seminário
“Coberturas de Madeira”, organizado pelo departamento de enge-
nharia Civil da Universidade do Minho. Como o próprio nome indica,
este evento irá centrar-se na utilização das coberturas de madeira
em Portugal, fomentando a discussão sobre o tema e a apresentação
de novas ideias e soluções.
a reflexão sobre aspetos técnicos de desempenho e sustentabilidade
na construção estará em evidência neste seminário. as apresenta-
ções serão focadas nos aspetos principais das soluções tradicionais,
no seu esforço, na inspeção, na monitorização e inovação.
o evento vai contar com a presença de vários especialistas, nacionais
e estrangeiros. dirige-se a engenheiros, arquitetos, industriais do
setor da construção, entre outros interessados.
www.civil.uminho.pt/coberturas/
seminário “coberturas de madeira”
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Figueira da Foz • T (+351) 233 403 050 • www.gyptec.eu
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Soluções de Confiança As placas de gesso Gyptec, produzidas na Figueira da Foz, têm vindo a ser crescentemente selecionadas e aplicadas em inúmeras obras de referência dentro e fora de Portugal. As soluções Gyptec são a escolha acertada desde o projeto à obra, fruto da experiência acumulada, competência técnica e qualidade continuamente testada e certificada por laboratórios internacionais.
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