Construa o Seu Amplficador Contra Baixo

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(Construa o seu) Amplificador Valvulado Vox 50 Antes de construir um amplificador deve-se responder à pergunta: qual é a vantagem de um amplificador valvulado em relação ao transistorizado? A resposta é simples: fidelidade. A fidelidade da resposta do amplificador indica o quanto ele modifica o sinal de entrada ao amplificar este sinal. Um bom amplificador apresenta uma boa fidelidade, ou seja, ele reproduz exatamente aquilo que recebe como entrada. Você deve estar imaginando então que os amplificadores valvulados possuem mais fidelidade do que os transistorizados, não? Nada disso. Os transistorizados são "HiFi", ou seja, apresentam alta fidelidade. Porém os amplificadores valvulados introduzem harmônicos no som original, e com isso distorcem o som. Esta distorção é, contudo, agradável e até mesmo desejável. O som fica mais rico, mas menos fiel. Quanto melhor for um amplificador valvulado, mais harmônicos ele irá introduzir e menos fiel ele será. Os amplificadores transistorizados, por sua vez, são mais baratos, mais compactos e com maior fidelidade. Não pense, entretanto, que as válvulas deixaram de ser fabricadas depois da invenção do transistor. Nunca foram produzidas tantas válvulas como atualmente!

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Projeto faça você mesmo (DIY) um genérico cabeçote GK.

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(Construa o seu)Amplificador Valvulado

Vox 50        Antes de construir um amplificador deve-se responder à pergunta: qual é a vantagem de um amplificador valvulado em relação ao transistorizado?  A resposta é simples: fidelidade. A fidelidade da resposta do amplificador indica o quanto ele modifica o sinal de entrada ao amplificar este sinal. Um bom amplificador apresenta uma boa fidelidade, ou seja, ele reproduz exatamente aquilo que recebe como entrada. Você deve estar imaginando então que os amplificadores valvulados possuem mais fidelidade do que os transistorizados, não? Nada disso. Os transistorizados são "HiFi", ou seja, apresentam alta fidelidade. Porém os amplificadores valvulados introduzem harmônicos no som original, e com isso distorcem o som. Esta distorção é, contudo, agradável e até mesmo desejável. O som fica mais rico, mas menos fiel. Quanto melhor for um amplificador valvulado, mais harmônicos ele irá introduzir e menos fiel ele será. Os amplificadores transistorizados, por sua vez, são mais baratos, mais compactos e com maior fidelidade. Não pense, entretanto, que as válvulas deixaram de ser fabricadas depois da invenção do transistor. Nunca foram produzidas tantas válvulas como atualmente!

        DIY é um acrônimo, em inglês, de "Do It Yourself", que em português fica "faça você mesmo". Embora seja bastante trabalhoso produzir um amplificador valvulado, de forma alguma deve ser considerado impossível. Tentarei passar todo o processo de confecção deste amplificador, com dicas sobre os pontos mais importantes e indicadores para páginas que forneçam mais informações, ilustrações e projetos. Pode-se separar o amplificador em 5 partes: eletrônica, chassi, testes, caixa (ou gabinete) e o painel. São ainda apresentados os custos e as ferramentas necessárias na construção.

O circuito eletrônico

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        Montar um circuito eletrônico para um amplificador não é difícil, mas exige um pouco de conhecimento de eletrônica, como saber distinguir uma resistência de uma capacitor, e ser capaz de avaliar ou medir os seus valores. Se você se enquadra nesta exigência, vamos em frente.

        Antes de começar, é necessário um projeto de um amplificador. Existem vários "sites" que disponibilizam projetos já prontos, como: World Tube Audio, Duncan's Amp Pages, AmpTone, Dr. Tube, Schematic Heaven, o excelente Ampage, e vários outros. O World Tube Audio e o Duncan oferecem indicadores para páginas similares. Para este projeto selecionei o Vox50 preparado pelo Joe Piazza  Este amplificador usava 1 válvula ECC82 na entrada, 3 válvulas ECC83 no pré e 2 válvulas EL34 na saída de potência. No circuito feito pelo Piazza, contudo, foram empregadas uma válvula 12AU7, 3 12AX7 no pré e 2 EL34 (potência). Como eu já havia conseguido algumas válvulas 6L6GC (talvez da Sovtek), substituí as EL34 pela 6L6 sem maiores modificações. O primeiro passo foi introduzir  o esquema eletrônico no programa Eagle para gerar uma placa de circuito impresso. Coloquei o circuito amplificador e a fonte de tensão na mesma placa, porém em locais diferentes dela. Decidi também utilizar potenciômetros e jacks fixados à placa, o que criou dificuldades adicionais, como a necessidade de um chassi muito grande (talvez eu corrija isto no próximo amplificador). Já os soquetes das válvulas foram fixados ao chassi com parafusos e ligados à placa por meio de fios e conectores providos de parafusos. O esquema completo, incluindo os componentes não fixados à placa pode ser visto aqui. Os conectores Xnn fazem a interface entre a placa e os componentes que ficam fora dela. Na verdade, como sempre acontece, o circuito final apresentou algumas modificações não relacionadas no esquema. A principal delas é que o transformador de entrada possui três saídas: alta-tensão, tensão para os filamentos e tensão para o "bias", que no esquema é alimentado também pela alta-tensão junto com um conjunto de resistores e capacitores para reduzi-la (R51, R52, C14 e C15). Caso haja uma saída para o ajuste do "bias", ela deve ser ligada ao conector X13-1 e à terra. O "jumper" JP1 faz a seleção da fonte para o bias: a ponte em 1-2 seleciona a alta-tensão, enquanto que em 2-3 ela seleciona a tensão de 50 V de outro enrolamento do secundário (não mostrado no esquema).  Introduzi também um circuito de ajuste individual para o "bias", para que cada válvula possa ser ajustada individualmente. Isto praticamente elimina a necessidade de válvulas "casadas". A chave S4(para "aterrar" uma ou outra fase da alimentação) também foi omitida no circuito final. Uma outra modificação introduzida foram saídas do pré-amplificador (jacks J6 e J7), que são úteis para gravações ou para serem usadas com  outro amplificador de potência. Contudo, caso estas saídas sejam utilizadas, o amplificador não envia o sinal para o módulo de potência interna, isto é, ele fica mudo. O jack J5 (no transformador de áudio - saída), foi substituído no circuito final por um jack RCA, e a resistência R44 não foi utilizada. Cada um

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dos canais possui uma entrada de alta impedância (ligação direta da guitarra) e uma de baixa impedância, para conexão com pedais. Essas entradas não devem ser utilizadas simultaneamente, mas somente a Normal e a Brilliant.

        A lista de componentes para o clone do Vox50 encontra-se aqui. A maior parte dos componentes, inclusive as válvulas, pode ser encontrada na Multi Comercial, na rua dos Timbiras, travessa da Santa Efigênia, em São Paulo. Os 3 transformadores podem ser encomendados na Transformadores Lider, na Rua dos Andradas, paralela à Santa Efigênia. O primário do transformador de entrada é para 120-240V, com 3 secundários: alta-tensão com duas saídas (320 e 340 V ac), uma de 6,3 V ac para o filamento das válvulas, com derivação central para o terra, e uma alimentação de 52 V ac para o circuito de regulagem do "bias".  O "choque" é de 7 Hy (Henry) para 0,3 Ampère. O transformador de áudio tem entradas no primário para a grade (não utilizadas) e saídas de 4 e 16 Ohms, também não utilizadas, além da saída normal de 8 Ohms. Se for possível, opte por um transformador ultra-linear. O núcleo deste transformador é feito com um aço especial que suporta um campo magnético maior sem saturar. Os três transformadores custam entre 400 e 500 reais. 

        A qualidade do alto-falante é fundamental na sonoridade do amplificador. Recomendo um alto-falante Eminence Legend. Ele pode ser comprado na Torau, também na Santa Efigênia. Eu selecionei o modelo GB128, de 75W, a um custo de 169 reais. Dependendo do local de compra, os componentes eletrônicos (potenciômetros, resistores, conectores, jacks e capacitores) devem ficar entre 50 a 100 reais, exceto as válvulas. Elas podem ser encontradas em algumas lojas da Santa Efigênia (como a Valvulândia e a Multi Comercial), também pela internet e até no Mercado Livre. Prepare-se para pagar entre 30 a 80 reais cada válvula 12AX7 ou 12AU7 - o preço depende da marca - e até 160 reais pelas duas válvulas 6L6. Os soquetes das válvulas também não são baratos e variam de 5 a 15 reais cada. Se puder comprar no exterior, terá mais opções a um preço melhor. Há uma infinidade de lojas que vendem pela internet e enviam para o Brasil. Veja, por exemplo, o Tube Depot e o Dr. Tube. Os preços variam de 10 dólares a 40 dólares cada pentodo 6L6. As válvulas que usei vieram da Rússia (eu conheço alguns russos) a preços módicos.

        A placa de circuito impresso pode ser feita a partir de um fotolito que contenha as ligações. Há várias firmas que fazem placas em pequena quantidade sob encomenda, mas em geral o preço não é muito acessível. Há também sites que ensinam como fazer sua própria placa de circuito impresso, como a Handmades (veja o projeto de amplificador Hi-Octane nesta página). Nem sempre funciona, mas é uma alternativa a mais. Eu optei por uma placa de duas faces (inferior e superior), o que eleva ainda mais o custo dela, mas eu consegui alguém que fizesse para mim na "faixa". O layout das placas já

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corrigidas estão disponíveis aqui: topo e fundo, no formato PDF.

        Para montar os componentes na placa, será necessário um bom ferro de solda (com ponta fina), solda (a melhor é Best), alicates de corte e de ponta fina, lupa e bastante paciência. Eu tentei usar o máximo possível componentes facilmente encontrados no mercado nacional, e com isso espero que o esquema de componentes na placa ajuste-se aos seus. As ilhas nomeadas TPnn no diagrama são pontos de teste para verificação de tensões, mas podem também servir de pontos de "entrada" de sinal para testes. Os JPnn são "jumpers". É conveniente montar os resistores R48 e R49 sobre soquetes, porque pode ser necessário alterá-los caso o ajuste do "bias" seja insuficiente para atingir a tensão adequada.

Os testes        Uma vez montada a placa do amplificador, pode-se, caso se queira, efetuar alguns testes para eliminar possíveis problemas ou erros cometidos na montagem. Para os testes, é necessário um multímetro e um circuito para verificação do sinal. Para gerar o sinal a ser amplificado, a própria guitarra pode servir. Uma vez que estes testes necessitam que todos os componentes (soquetes, transformadores, chaves, etc.) estejam conectados à placa, é mais conveniente efetuar estes testes após a montagem da placa no chassi. Neste caso, será necessário desmontar a placa sempre que for preciso efetuar uma modificação ou substituição. Eu optei por esta solução, caso contrário teria que efetuar as ligações duas vezes: nos testes e na montagem final.         O primeiro teste é o estático. Deve-se conectar todos os transformadores e todos os soquetes das válvulas nos conectores apropriados. Para saber quais são os conectores, examine no diagrama esquemático as conexões Xnn e relacione com os mesmos conectores no diagrama de montagem da placa. Ligue o amplificador, mas sem nenhuma válvula. Devido às altas tensões, pode acontecer de um capacitor eletrolítico estourar, e, por isso, afaste-se da eletrônica ao ligá-lo. As tensões geradas pelo transformador são bastante altas, e, portanto, deve-se tomar muito cuidado com choques elétricos. Manuseie a placa com cuidado, e nunca toque em nenhuma parte com as mãos se estiver alimentada com tensão da rede - use apenas as pontas de prova do

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multímetro. Após efetuar um teste desligue em seguida a tensão e espere os capacitores descarregarem antes de tocar na placa. Se a chave de Stand-by tiver uma lâmpada de neón, como aquela que utilizei, então espere que a lâmpada apague. Estas lâmpadas possuem um resistor em série para controle da tensão, embutido na própria chave. Eu tive que aumentar este resistor para reduzir a tensão, pois a lâmpada estava esquentando demais.

        Feito o teste estático, meça as tensões em todos os terminais dos soquetes das válvulas, e assegure que todos os terminais referentes aos filamentos recebam alimentação adequada, entre 5,4 e 6,3 V. As tensões nos anodos devem ser elevadas e nos catodos são baixas. A tabela a seguir ilustra as tensões que encontrei:

Pino V1- 12AU7 V2 - 12AX71 430 V DC 430 V DC2 0 V DC 0 V DC3 0 V DC 0 V DC4 3,4 AC 3,4 AC5 3,3 AC 3,3 AC6 435 V DC 440 V DC7 0 V DC 447 V DC8 0 V DC 0 V DC9 2,6 V DC 2,6 V DC

        Deve-se, em seguida, efetuar o ajuste do "bias" das válvulas 6L6 (há, na página da Duncan's Amp, uma descrição completa do processo de ajuste do bias). Para isso:

1. Assegure-se que a válvula V4 esteja removida2. Conecte o alto-falante ou, melhor ainda, faça uma junção de duas

lâmpadas de lanterna automotivas em série, de forma a conseguir uma resistência ao redor de 8 Ohms, e conecte as lâmpadas no secundário (saída) do transformador de áudio. Assim, caso haja um "clique" muito forte nas válvulas de saída o alto-falante não será danificado. Por outro lado, caso a resistência R44 tenha sido instalada, então as lâmpadas não são necessárias.

3. Remova (caso haja), as capas de ligação dos jumpers JP2 e JP3.4. Ajuste o multímetro para medir tensões abaixo de 100 mV DC, e meça

a tensão entre os terminais de JP2.5. Ajuste o trimpot R57 até que a leitura do multímetro indique uma

tensão de 50 mV, que corresponde a uma corrente de 0,05 A (50 mA)

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de "bias" da válvula. Isto ocorre porque as resistências R54 e R55 são de 1 Ohm.

6. Meça a tensão do anodo da válvula V5 (pino 3), que deve estar por volta de 440 V.

7. Ajuste novamente o trimpot, caso necessário, para que o produto desta tensão pela corrente.fique entre 18 e 23 W (por exemplo, 440 V * 0,05 mA = 22 W) Deixe com uma potência menor (18 W) para ter uma vida mais longa das válvulas ou deixe maior (23 W) caso queira mais potência no amplificador. Nunca ultrapasse 23 W. Esta potência pode variar de acordo com o fabricante da válvula, por isso é sempre aconselhável verificar o catálogo do fabricante.

8. Repita o procedimento para o ajuste de V6, com o jumper JP3 e o trimpot R58.

9. Recoloque os jumpers JP2 e JP3 e as válvulas restantes.

        O próximo passo é testar todo o amplificador. Conecte então todas as válvulas e também o alto-falante. Deixe todos os potenciômetros de volume e tonalidade na posição mínima. Ligue o amplificador, mas deixe (sempre) esquentar um ou dois minutos antes de ligar a alta-tensão (chave de Stand-by). Conecte a guitarra na entrada de baixa impedância (J2) e aumente o volume aos poucos. Se tudo funcionar corretamente, então parabéns: você já tem um ótimo amplificador. Contudo, pode ser que ele não funcione, ou que apresente muito ruído, ou ainda que funcione parcialmente. Neste caso siga em frente com os testes. Há duas formas diferentes de teste: direto ou reverso. No método direto, testam-se os estágios, válvula após válvula, da entrada de sinal até o transformador de saída. No teste reverso faz-se o contrário, isto é, inicia-se pela saída em direção à entrada. Se o seu problema for muito ruído (mas ainda assim o amplificador funciona), é melhor fazer o teste reverso e tentar encontrar o estágio onde ocorre a fonte de ruído. Se o problema for não funcionamento, o teste direto é então mais indicado.

Teste direto

        Antes de verificar qual pode ser o defeito, é conveniente construir um circuito "casador" de impedâncias para este teste, como indicado na figura abaixo. É necessário também um outro amplificador auxiliar qualquer (e que esteja funcionando), que pode ser inclusive um microsystem, desde que tenha uma entrada de áudio, guitarra ou microfone.

        Faça uma ponta de prova conectada à entrada do circuito acima. Construa também um cabo que seja capaz de conectar a entrada do amplificador auxiliar em uma das saídas A, B, C, D ou E do casador de

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impedâncias. Remova, a seguir, todas as válvulas, conecte apenas a V1 - 12AU7 e ligue ambos os amplificadores (inclusive a chave Stand-by). É claro que ambos os amplificadores e também o casador de impedância devem ter terra comum. Injete um sinal (com a guitarra, por exemplo), na entrada do amplificador valvulado e com a ponta de prova teste o TP10, se a guitarra estiver conectada no jack Normal, ou TP11, se estiver no Brilliant. Na verdade, é conveniente testar os dois. O cabo do amplificador auxiliar deve estar conectado ao terminal A do circuito casador de impedância. Neste caso o amplificador auxiliar deve mostrar o som da guitarra de forma audível. Conecte, a seguir, o cabo ao terminal B e teste os pontos TP8 (Normal) e TP9 (Brilliant). Novamente deve-se ouvir o som no amplificador auxiliar. Caso não seja ouvido som algum, verifique as ligações, os resistores R1, R2, R3, R4, R7 e R8, e também o estado da válvula V1. Tente também aumentar o ganho por meio da ligação do cabo auxiliar no terminal A. Não prossiga com a análise dos estágios subseqüentes de amplificação enquanto este estágio não estiver correto.

        Caso o sinal de amplificação de V1 esteja de acordo com o esperado, desligue o amplificador e insira as válvulas V2 e V3 nos soquetes. Religue o amplificador. A ponta de teste deve agora ser conectada a TP14 ouTP15, enquanto que o cabo deve ser conectado ao terminal C. Coloque os potenciômetros de volume R11 e R12 na metade do curso. Caso o sinal audível esteja fraco conecte o cabo ao terminal B ou A. Verifique, também, se os potenciômetros de volume funcionam adequadamente. Continue com o teste, agora com as válvulas V2B e V3B. Os pontos de teste são agora TP16 e TP17. Verifique a ação dos potenciômetros de "Treble" e "Bass" de ambos os canais.

        Caso estes testes sejam satisfatórios, desligue novamente o computador e conecte a válvula V4. Religue e faça os testes com a ponta de prova ligada ao conector X14-2 ou X14-3. Use o terminal D ou C. Finalmente, caso tenha sido bem sucedido, conecte as válvulas de potência V5 e V6 (6L6) - não se esqueça de desligar o amplificador durante a conexão e também de conectar o alto-falante ou as lâmpadas na saída do transformador de áudio. A ponta de prova deve verificar o sinal nas conexões X13-2 e X13-3.

        É importante repetir que os testes são efetuados em seqüência, e somente após um teste ser bem sucedido passa-se ao próximo. É também desnecessário dizer que um conhecimento mínimo de eletrônica é necessário para identificar quando e porque a amplificação num determinado estágio não corresponde ao esperado.

Teste reverso

       Para este teste será necessário igualmente um casador de impedância e um

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amplificador auxiliar. O casador é ligeiramente diferente do anterior, mas usa os mesmos componentes, como ilustra a figura abaixo. Conecte o alto-falante no transformador de saída. Injete um som (da própria guitarra, um cassete ou um CD) na entrada do amplificador auxiliar e conecte a saída amplificada deste na entrada do casador de impedância. Como no teste anterior, os amplificadores devem ser aterrados juntos com o casador de impedância. A ponta de prova, neste caso, em série com o capacitor de 0.22 µF, será conectada a um dos terminais A, B, ..., E. Remova então todas as válvulas, ligue ambos os amplificadores (incluindo a chave Stand-by) e conecte, com a ponta de prova, o terminal A com os pinos 3 das válvulas V5 e V6 (um de cada vez). Em ambos os casos, você deverá escutar um som de baixa amplitude (volume baixo) no alto-falante. Caso funcione siga adiante, porém caso haja ruído ou ausência de som procure descobrir a causa.

       Desligue o amplificador, espere os capacitores descarregarem e conecte agora as duas válvulas de potência 6L6. Ligue o amplificador novamente. e conecte, com a ponta de prova, o terminal B (ou A) com os conectores X14-2 e X14-3. Não se preocupe se o volume ficou muito baixo no alto-falante - isto realmente não importa - mas o nível de ruído deve ser baixo. Se o teste foi bem sucedido, então sabemos que o estágio de potência está funcionando. Vamos passar agora ao teste do pré-amplificador.

       Siga os procedimentos de desligar, conectar e ligar novamente nos próximos passos. Insira agora uma válvula 12AX7 no soquete de V4, e conecte com a ponta de teste o terminal C com os pontos TP16 e TP17. Se o volume no alto-falante for muito alto, conecte a ponta de teste no terminal D; caso contrário ligue-a no terminal B. Novamente, se não houver som tente trocar a válvula, ou então verifique as ligações. Como sempre, o ruído deve ser baixo. Insira as duas válvulas 12AX-7 nos soquetes de V2 e V3,  e injete o sinal nos pontos TP14 e TP15, e depois em TP12 e TP13. Não se esqueça que os dois últimos são afetados pelo potenciômetro de volume do amplificador. Se der tudo certo, então insira a última válvula, 12AU7, no soquete V1 e injete o sinal da ponta de prova conectada ao terminal E nos pontos TP10 e TP11. Espero que agora esteja tudo funcionando, caso contrário... Bem, caso contrário reveja o que pode ter saído de errado.       

Chassi        Grande parte dos fabricantes de amplificadores utiliza chassi em chapa de aço galvanizada. Para um serviço manual, a chapa de alumínio é mais fácil

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de ser trabalhada, além de ser esteticamente mais bonita e ter durabilidade praticamente eterna. O inconveniente é o preço, mas as vantagens compensam. Eu decidi comprar uma chapa inteira (135 reais) de alumínio de 1,5 mm de espessura, com 2 m por 1 m. Utilizei cerca de 1/8 da chapa, mas aproveitei mais 1/8 para fazer alguns pedais de efeito. Tenho, portanto, material ainda suficiente para mais amplificadores (ufa!). Embora o alumínio seja de fácil manuseio, ainda assim requer ferramentas especiais para um bom acabamento, e isto não é fácil de se conseguir. É fundamental uma guilhotina para corte, uma dobradeira mecânica de chapa e uma furadeira de bancada. Fiz os furos com brocas de diversos diâmetros, mas tive que alargar os furos dos soquetes das válvulas com uma fresa limadora de micro-retífica, pois é praticamente impossível encontrar brocas de 20 a 25 mm. Aliás, esta fresa, mostrada na imagem abaixo, ajudou também a alargar os cortes retangulares para acomodação das chaves elétricas. Usei também um conjunto de limas de ferramenteiro (pequenas) para acertar os cortes retangulares. Faça todos os furos necessários antes de dobrar a chapa, exceto os furos dos parafusos de montagem que ficam na placa inferior (os furos da placa superior podem ser feitos). Os furos de montagem da placa inferior serão feitos somente após a junção das partes, com marcação pelo furo superior, o que garante um bom alinhamento mesmo se as dobras não forem perfeitas.

        As duas figuras, a seguir, ilustram as faces frontal e posterior do chassi. As demais mostram as chapas já dobradas e montadas. Nota-se, nestas imagens, que inexplicavelmente fiz apenas 3 furos para as válvulas do pré-amplificador, quando o correto seriam 4 furos (fiz o quarto furo posteriormente). O esquema com as medidas e furações já corrigido deste pequeno problema é disponibilizado aqui. Veja que eu adicionei ao chassi duas furações retangulares extras para tomadas de força na parte traseira.

        Terminadas a montagem da placa e o chassi, é hora de integrá-los. É

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necessário um separador relativamente grande para sustentar a placa, uma vez que ela fica praticamente no meio do chassi. Eu usei pequenos perfis de alumínio dobrados em C, com cerca de 45 mm de espaçamento. Estes perfis foram parafusados no chassi e também na placa (vistos na terceira imagem abaixo). Usei pequenos pedaços de borracha de ponta de sugador de solda para isolar a placa com relação aos perfis. Após a fixação da placa e demais componentes (soquetes, chaves, etc.), faça as ligações elétricas usando fios coloridos. Escolha um fio não muito grosso, porque as tensões são elevadas, mas as correntes elétricas são baixas.

      

       Caso ainda não tenha feito, então efetue agora todos os testes. Siga os procedimentos indicados na seção de testes Assim que tiver terminado os testes feche o amplificador, que ficará como indicado nas imagens abaixo. Veja nestas imagens que a quarta válvula, esquecida anteriormente, foi posta entre a segunda e a terceira.

     

A Caixa       A caixa acústica é a última etapa do projeto. Eu só iniciei a sua construção após assegurar-me que o amplificado funcionava conforme desejado. Produzi então um layout para guiar os cortes das várias partes da caixa. É importante usar compensado naval, com espessura entre 16 e 18 mm. (selecionei 16 mm). Quanto mais espesso melhor é a reprodução do som, mas também mais pesado ficará o amplificador. Eu preferi comprar uma chapa inteira de compensado, que custou cerca de 106 reais incluindo os cortes das  peças.principais, as cantoneiras e os rodízios para os pés. O recorte do alto-falante foi feito com uma serra tico-tico elétrica, e o arredondamento dos cantos foi realizado com tupia elétrica portátil. Para montar a caixa utilizei apenas cola branca e bancada de marceneiro para apertar as partes enquanto a cola secava. Os cantos foram arredondados com grosa, e usei massa plástica de funileiro para encobrir pequenos defeitos no compensado.

        A maior parte dos amplificadores para guitarra possuem uma abertura na parte de trás. Na verdade esta abertura não traz benefício algum, e serve somente para que o instrumentista tenha um pouco de retorno de som quando o amplificador estiver à sua frente num palco. De fato, para que não haja interferência destrutiva entre o som frontal e aquele que sai pelo lado oposto do alto-falante, é desejável que a caixa seja selada, e com um grande volume.

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Eu optei por uma caixa com uma pequena abertura que comunica a parte interna com o chassi., que pode ser visto na imagem abaixo. A abertura possui uma base que permite guardar pequenos objetos (cabos, pedais, etc.).

       

       Em virtude do peso dos transformadores e alto-falante, é conveniente fixar algumas cantoneiras de aço na parte interna da caixa, como visto na figura abaixo. Evita-se assim que o tampo descole com o peso excessivo. As únicas partes parafusadas são o painel do alto-falante, o tampo traseiro, e uma nervura de 50 x 620 mm que fica acima do painel do alto-falante (vista nas imagens acima). Usei também um perfil de aço em forma de S (também visto na figura abaixo) para fazer o encaixe do chassi e suportar seu peso. As duas abas laterais na face traseira possuem um pequeno rebaixo para permitir a passagem do chassi, que entra na caixa como se fosse uma gaveta.

       Eu decidi recobrir a caixa com courvin preto texturado. Para evitar emendas, comprei 2,5 m (40 reais, incluindo o "vivo") de courvin, o que permite recobrir mais um amplificador do mesmo tamanho. Em virtude da espessura do courvin e também do tecido ortofônico, deixe um pequeno espaço nas partes a serem parafusadas (2 a 3 mm de cada lado) para que possam encaixar livremente após a colagem do courvin. Eu usei uma plaina de marceneiro para remover material e fazer os encaixes mais precisos nestas partes. Fixei o courvin com cola de contacto (uma lata pequena, de 200 ml, por 4 reais), tomando bastante cuidado nas junções. Mantenha sempre o tecido o mais esticado possível. A nervura acima do painel do alto-falante e o tampo traseiro foram cobertos separadamente. Fixei uma alça de plástico no tampo superior comprada (10 reais na rua dos Andradas, SP). Caso o tecido ortofônico (comprei na Multi Comercial por 40 reais) seja escuro e o painel de madeira seja claro, é conveniente pintar o painel de preto-fosco. 

        Fixe o alto-falante no painel com parafusos antes de aplicar o tecido ortofônico. Remova em seguida o alto-falante. A fixação do tecido ortofônico é realmente uma tarefa difícil. Usei um grampeador de tapeceiro e tive que refazer algumas partes que não ficaram bem esticadas. A fixação do "vivo" é também complicada, pois exige que os grampos estejam com espaçamento pequeno. Antes de iniciar a montagem do tecido ortofônico, verifique (colocando apenas alguns grampos) se o encaixe na caixa é feito livremente ou se engasga. Remova levemente algum material dos lados do painel com uma plaina se houver muita interferência na montagem.

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       A última etapa da caixa é a parafusar o alto-falante no painel já com o tecido ortofônico. Eu colei duas nervuras (vistas na imagem abaixo) no painel do alto-falante para aumentar a rigidez e evitar vibrações. Faça a ligação do alto-falante com solda e cabo coaxial. O painel é parafusado pelo lado interno da caixa, portanto verifique antes os locais mais acessíveis para colocar os parafusos. O painel precisa ser rigidamente preso à caixa para evitar vibrações. Logo, use de 8 a 12 parafusos. 

           

       Inclua também os parafusos entre os gastos, tanto para a caixa (ao redor de 30 parafusos com comprimentos entre 20 e 30 mm) quanto para o chassi. Cerca de 20 reais é o suficiente. O passo final é integrar todo o conjunto, visto nas imagens abaixo. O tampo traseiro foi parafusado com apenas 4 parafusos com anilhas.

        

O Painel       Com o amplificador totalmente terminado, falta ainda fazer o painel frontal, com as legendas alfanuméricas dos botões, jacks e chaves. Bem, eu vou ficar devendo como se faz isto, até mesmo porque eu não tenho o equipamento necessário: pistola de pintura. Recomendo uma visita a CommonSound Kits, que ensina não apenas como fazer vários pedais de efeitos, mas também como pintá-los.

Quanto custa?       O custo total deste amplificador, em 2006, foi de aproximadamente:

Item4 Válvulas do pré-amplificador + soquetes2 Válvulas de potência  + soquetes1 Transformador de entrada1 Transformador de áudio

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1 Choque1 alto-falante Eminence Legend1 placa de circuito impresso + fotolito1 chapa de alumínio1 chapa de compensado naval  de 16 mm0,5 m de Tecido ortofônico2,4 metros de courvin preto + vivo1 alça4 pés de rodízios + cantoneiras + perfil SComponentes diversos (jacks, potenciômetros, resistores. capacitores)Material de consumo (solda, cola branca, cola de contacto, cola quente)Parafusos para metal e madeiraTotal

Ferramentas necessárias:

Eletrônica e testes: multímetro, chaves de fenda, chaves de boca, alicates, pinça, pistola de cola quente, soldador.

Chassi: furadeira de bancada e furadeira portátil, dobradeira de chapa, guilhotina de chapa, paquímetro, riscador, brocas de diversos diâmetros, conjunto de limas, chaves de fenda de chaves de boca.

Caixa: serra circular para madeira, serra tico-tico, tupia, sargentos grandes (até 0,7 m), chaves de fenda, formão, plaina, grosa, tesoura ou estilete.

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Valdemir Carrara

Atualizado em 13/01/2007