CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a...

59
III UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CAMPUS DE BOTUCATU FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE MERCADO DOS PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS NA ZONA PERI-URBANA DO MUNICIPO DE BELÉM NO ANO DE 2007 ESTUDANTE: ANA CAROLINA C. VIEIRA ORIENTADOR: MAURO VIANELLO PINTO SUPERVISOR: PAULO AMARAL INSTITUIÇÃO: IMAZON – INSTITUTO DO HOMEM E MEIO AMBIENTE DA AMAZÔNIA Relatório do Estágio Curricular Supervisionado apresentado a Faculdade de Ciências Agronômicas para a obtenção do título de Engenheiro Florestal Botucatu – SP PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Transcript of CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a...

Page 1: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

III

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA

CAMPUS DE BOTUCATU

FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS

CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE MERCADO DOS

PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS NA ZONA PERI-URBANA DO

MUNICIPO DE BELÉM NO ANO DE 2007

ESTUDANTE: ANA CAROLINA C. VIEIRA

ORIENTADOR: MAURO VIANELLO PINTO

SUPERVISOR: PAULO AMARAL

INSTITUIÇÃO: IMAZON – INSTITUTO DO HOMEM E MEIO AMBIENTE DA

AMAZÔNIA

Relatório do Estágio Curricular Supervisionado apresentado a Faculdade de Ciências

Agronômicas para a obtenção do título de Engenheiro Florestal

Botucatu – SP

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 2: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

IV

2007

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

VIEIRA, A.C.C. Consórcio Comunidades & Florestas: Estudo de mercado dos produtos florestais não madeireiros na zona peri-urbana de Belém-Pa no ano de 2007.x f55. Relatório de Estágio Curricular Supervisionado para obtenção do título de Engenheira Florestal, Faculdade de Ciências Agronômicas, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2007.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 3: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

V

Dedicatória Dedico esse trabalho a tod@s @s cantadores(as) e caiporas que cuidam de suas matas... “Só e cantador que traz no peito o cheiro e a cor da sua terra, a marca do sangue dos seus

mortos e a certeza de luta dos seus vivos...” (François Silvestre)

“Toda mata tem caipora para mata vigiar. Veio um caipora de fora para mata definhar.....” (Xangi)

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 4: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

VI

Sumário

1. Introdução.......................................................................................................................... 1

1.1 Objetivos Gerais........................................................................................................... 2

1.2 Objetivos Específicos................................................................................................... 3

2. Descrição da Instituição ..................................................................................................... 5

3. Revisão de Literatura ......................................................................................................... 7

4. Metodologia..................................................................................................................... 18

5. Atividades Complementares............................................................................................. 24

6. Resultados e Discussão .................................................................................................... 26

7. Conclusão ........................................................................................................................ 37

8. Bibliografia...................................................................................................................... 39

9. Anexos ............................................................................................................................ 41

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 5: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

1

1. Introdução

O Bioma Amazônia estende-se por nove países da América do Sul, totalizando uma área

de 6,4 milhões de quilômetros quadrados. Desse total, o Brasil abriga 63%, ou 4 milhões de

quilômetros quadrados. Os 37% restantes (2,4 milhões de quilômetros quadrados) estão

distribuídos entre o Peru (10%), Colômbia (7%), Bolívia (6%), Venezuela (6%), Guiana (3%),

Suriname (2%), Equador (1,5%) e Guiana Francesa (1,5%). A Amazônia Legal inclui os Estados

do Norte (Acre, Amazonas, Amapá, Para, Rondônia, Roraima e Tocantins), Mato Grosso, parte

do Maranhão (a 44 graus de longitude oeste) e uma pequena porção de Goiás (acima de 13 graus

de latitude sul) (Lentini et al, 2005).

A Amazônia Legal possui uma área aproximadamente de 5 milhões de quilômetros

quadrados (59% do Brasil que possui uma área de 8.515 milhões de quilômetros quadrados) e

abriga cerca de 22.484,3 milhões de habitantes. Até 2005, 17 % de sua cobertura florestal haviam

sido desmatadas e possuem 42,1% de sua área protegida (2,1 milhões de quilômetros quadrados)

por terras indígenas, unidades de conservação e terras militares. (Celentano et al, 2007)

O Pará, estado onde está sediado o presente estudo possui uma área de 1.248 milhões de

quilômetros quadrados e abriga 6.856,7 milhões de habitantes. Desses, apenas 61% da população

possuem abastecimento adequado de água e 53% tratamento de esgoto, o que mostra a situação

de precariedade para grande parte da população. Ate o ano de 2005 o Pará tinha cerca de 5.753

milhões de quilômetros quadrados de suas áreas florestais desmatadas. (Celentano et al, 2007)

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 6: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

2

O desenvolvimento desenfreado da região amazônica tem causado uma ampla degradação

e desmatamento das áreas florestais, gerando uma economia de crescimento que resulta em uma

economia não duradoura. O manejo florestal comunitário tem como sentido amplo englobar todas

as atividades do manejo dos recursos florestais com o propósito fundamental de melhorar as

condições sociais, econômicas, emocionais e ambientais das comunidades rurais, a partir de suas

próprias perspectivas (Kenny-Jordam, 1999), apresenta-se como uma alternativa para a busca da

sustentabilidade e controle desse quadro atual. O presente trabalho possui dois objetivos sendo

um geral e um específico realizado no município de Belém do Pará.

A região metropolitana de Belém e considerada um dos principais centros urbanos da

Amazônia legal e possui cerca de 1,8 milhões de habitantes com problemas como favelas

(invasões), saneamento básico precário, transporte público de baixa qualidade, escassez de área

de lazer, violência crescente e alta taxa de mortalidade, segundo Paranaguá et al (2003).

O estudo visa gerar melhoria na situação socioeconômica, incentivando o manejo florestal

comunitário de Produtos Florestais Não Madeireiros - PFNM, melhorias na comercialização

destes, tanto para as comunidades extrativistas como para os comerciantes das regiões de grande

consumo.

1.1 Objetivos Gerais

O Projeto “Conectando as partes: Melhorando a situação fundiária, o manejo da floresta e

comercialização de seus produtos na Amazônia brasileira” com duração de 4 anos, tem como

objetivos globais a conservação da diversidade biológica e as funções ecológicas do ecossistema

florestal tropical amazônico e melhorar o padrão de vida e o bem estar das populações que

dependem da floresta. Para isso o projeto está subdividido em três questões interligadas: 1)

manejo florestal, que está fortemente condicionado pela 2) segurança fundiária, que determina a

inserção dos produtos no 3) mercado.

O presente trabalho se encontra inserido no terceiro componente do projeto, ou seja, o

Mercado que tem como objetivos levantar as possibilidades de comércio e nicho para os produtos

florestais prioritários em mercados local, regional e nacional; coleta de informações de mercado

com metodologias transferíveis de levantamento; monitoramento de mercados de Produtos

Florestais não Madeireiros na coleta e disseminação de dados oficial existentes dos órgãos

federal, estadual e local estabelecendo um sistema de informação de mercado; elaboração,

desenvolvimento e teste de estratégias para capturar um maior valor de mercado para produtos

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 7: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

3

florestais. Sendo possível suprir a carência de informações econômicas por meio das análises do

potencial de mercado para as espécies de árvores de valor madeireiro e não-madeireiro a serem

manejadas pelas comunidades, e possibilitar o acesso a essas informações para que os interesses

dos comunitários sejam compatíveis com os do mercado.

Através do componente 2 foram levantadas as espécies prioritárias a algumas

comunidades do estado do Pará que estão localizadas nos municípios de Gurupa, Porto de Moz e

Marabá. Após o levantamento de 42 espécies de interesse pelas comunidades, foram selecionadas

das espécies de interesse aquelas que possuem maior valor no mercado, tais como, o açaí, a

andiroba, a copaíba, a castanha-do-para, o piquia , o uxi e o bacuri que entrou na lista das

espécies em estudo no ano de 2007.

A formulação de políticas públicas que funcionem com baixo custo e que possam ser

aplicadas a toda região Amazônica também é um dos objetivos do projeto, visando aumentar a

consciência a respeito do uso dos produtos florestais e do seu impacto ambiental.

A insegurança fundiária impede a aprovação de iniciativas de manejo florestal e venda dos

produtos além de reduzir o acesso a créditos. Sem a legalização fundiária não há estímulo para

desenvolver o manejo sustentável e sem informação de produtividade e consumo seria impossível

desenvolver mercados.

1.2 Objetivos Específicos

O “Estudo de mercado de Produtos Florestais não Madeireiros na zona peri-urbana no

município de Belém no ano de 2007” está inserido no componente três (mercado) do projeto

“Conectendo as Partes...” e teve como objetivo identificar a cadeia e o fluxo dos PFNMs no

mercado, caracterizar os atores envolvidos na comercialização dos produtos, levantar a demanda

dos PFNMs no mercado em longo prazo, identificar a procura destes na região e sua oferta no

mercado, a caracterização do mercado consumidor, levantar a existência dos vendedores

informais analisando sua representatividade.

Para obter tais informações foram aplicados questionários destinados aos comerciantes e

consumidores dos PFNMs e também um guia de observação para identificar a venda informal.

Desta forma foram selecionados locais de representativa comercialização dos produtos como

feiras, supermercados, sorveterias, ervanários e entrepostos (portos) onde foram realizadas as

entrevistas como a pesquisa de quarteirões para análise da venda informal.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 8: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

4

A transparência na comercialização dos produtos vai ser imprescindível para capturar um

maior valor de mercado para as comunidades e futura redução da pobreza, melhorando o acesso e

aumentando os benefícios provenientes dos ecossistemas florestais.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 9: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

5

2. Descrição da Instituição

O Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia) fundado em 1990 sediado

em Belém do Pará, é uma instituição de pesquisa, sem fins lucrativos, cuja missão é promover o

desenvolvimento sustentável na Amazônia por meio de estudos, apoio à formulação de políticas

públicas, disseminação de informações e formação profissional. Seus principais objetivos são

desenvolver estudos e pesquisas sobre o uso sustentável dos recursos naturais da região

Amazônica, contribuir para adoção efetiva de uso sustentáveis e qualidade de vida na região

amazônica e promover programas educativos e cursos de capacitação com ênfase no

desenvolvimento sustentável regional.

As atividades de pesquisa do Imazon incluem: diagnóstico sócio-econômico dos usos do

solo na Amazônia; desenvolvimento de métodos para avaliação e monitoramento desses usos;

realização de projetos demonstrativos; análises de políticas públicas de uso do solo; e elaboração

de cenários e modelos de desenvolvimento sustentável para essas atividades econômicas. Para

isso se fundamenta nos princípios de Interdisciplinaridade, busca de soluções, abordagem

empírica e método científico.

Uma das missões do Imazon é formar pesquisadores com capacidade analítica e

experiência de campo, voltados ao entendimento e solução dos problemas ambientais da

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 10: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

6

Amazônia. O trabalho envolve a elaboração de um projeto de pesquisa, coleta e análise dos

dados e apresentação dos resultados em artigos científicos e reuniões profissionais. Mais de 140

profissionais receberam treinamento no Imazon nas áreas de ecologia, engenharia florestal, direito

ambiental, economia rural e mineral, geoprocessamento, planejamento regional e políticas

públicas.

A disseminação dos resultados dos estudos do Imazon é feito por meio de revistas

científicas nacionais e internacionais indexadas, manuais, vídeos, livretos, livros, artigos técnicos

e resumos com recomendações de políticas púbicas. Sendo que, a maioria dos estudos estão

disponíveis gratuitamente na pagina eletrônica da instituição. Na mídia, os resultados são

disseminados em reportagens especiais para jornais e revistas de grande circulação.

Durante os 16 anos o Imazon publicou 33 livros, 11 livretos, 98 artigos em revistas

científicas nacionais e indexadas, 30 capítulos de livros , 20 série Amazônia, 9 estados da

Amazônia, 5 Boletins de transparência florestal, 5 Teses, 5 Dissertações, 32 entre artigos e

resumos em simpósios e congressos, 36 outras publicações.

Para o êxito em suas atividades o Imazon conta com o apoio de 57 funcionários entre

pesquisadores, técnicos, estagiários, pesquisadores associados, pesquisadores visitantes,

colaboradores, além da administração com 27 funcionários. Inseridos nos diferentes programas de

atuação como Monitoramento da Paisagem, Cenários de Ocupação, Política e Economia

Florestal, Cidades Sustentáveis, Floresta e Comunidade (no qual está inserido o presente trabalho)

e Ecologia e Manejo Florestal.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 11: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

7

3. Revisão de Literatura

3.1 Considerações para o entendimento de mercado

Segundo Varian (2000) o mercado é o conjunto de atores envolvidos em diversos

processos de troca. A troca é voluntária e, portanto, só ocorre se for benéfica para ambas as

partes. Quando se trata do mercado em termos mais amplos, não se considera as transações

individualmente, apenas o seu resultado.

Uma cadeia de produção possui atores econômicos que buscam obter o máximo de lucro

em suas atividades para se defender contra as forças de concorrência ou transformá-las em seu

favor. Para definir a cadeia de produção deve-se considerar as relações comerciais diretas entre

clientes e fornecedores, as relações comerciais indiretas entre o fluxo de compra e venda dos

clientes e fornecedores e as relações tecnológicas como elemento de base da construção da

cadeia. Após a identificação da cadeia de produção o comerciante pode conseguir vantagens

competitivas através de estratégias que devem permitir a influência na dinâmica concorrencial da

cadeia (Batalha, 2001).

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 12: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

8

Para uma análise de mercado deve-se considerar o tamanho atual e potencial do mercado,

crescimento de mercado, lucratividade de mercado, estrutura de custos, sistemas de distribuição,

tendências e desenvolvimentos, fatores chave de sucesso (Batalha, 2001).

3.2 Entendimento sobre Pesquisa de marketing

A pesquisa de marketing é a identificação, coleta, análise e disseminação de informações

de forma sistemática e objetiva e seu uso visando melhorar a tomada de decisões relacionadas à

identificação de problemas (e oportunidades) em marketing. A pesquisa identifica informações

necessárias para os atores envolvidos nas comercializações, concebe o método para a coleta

destas informações, gerencia e implementa o processo de coleta de dados, analisa os resultados e

comunica as conclusões e suas implicações (Malhotra, 2001).

3.3 Considerações importantes

3.3.1 Feiras: lugar público onde se expõem e vendem mercadorias; grande mercado que se

realiza com determinada periodicidade.( http://www.priberam.pt).

3.3.2 Venda Informal: a limitada oferta de trabalho leva a população a buscar alternativas

econômicas como o comércio informal de venda de alimentos. A venda de alimentos nas ruas é

uma característica de estilo de vida dos países com alto índice de desempregados, baixos salários,

oportunidades de emprego limitadas e rápida urbanização, como a maior parte da população de

Ouagadougou, Burkina Faso, África, tomam seu café da manhã, almoçam e jantam em bancas

ambulantes de alimentos. Na atualidade, essa prática encontra-se estabelecida nas mais distintas

regiões do País, com o comércio de produtos industrializados e manufaturados, destacando-se

preparações típicas. Como exemplos da culinária regional e local, que ocupam as ruas das

grandes cidades brasileiras, cita-se o tacacá paranaense, a tapioca potiguar, o queijo de coalho

pernambucano, o acarajé baiano, o espetinho carioca e o cachorro quente paulista.

(http://www.pg.cefetpr.br/hotel/epege/2o_epege/Artigos).

3.4 Considerações sobre o mercado municipal de Belém - Ver o Peso

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 13: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

9

Em 1688, por solicitação da Câmara de Belém, uma Provisão-Régia cria o Ver-o-Peso:

"...por ser conveniente ao serviço de V. Magte. para que se não embarquem sem despacho as

drogas que saem daquela Conquista, e se concedeu aos Officiaes da Câmara da ditta Capitania o

rendimento do dito Ver-o-Peso para os usos necessários della e bem público das Cidade". Criado

com objetivos fiscais, foi a partir de então que o porto do Piri passou a se chamar o "lugar de Ver-

o-Peso" (entrando para a "economia formal"), nome que a tradição oral, há quase 400 anos soube

preservar. Local de grande rebuliço popular, o conjunto do porto e mercado e feira do Ver-o-Peso

adquiriu, para sempre, um lugar definitivo no espaço social, econômico e simbólico da cidade de

Belém.(http://www.ver-o-peso.fot.br/veropeso.htm).

É a mais movimentada feira livre de Belém. Situado à beira do rio, símbolo cultural e

turístico da cidade, um dos cartões postais mais conhecidos do Estado do Pará e até da Região

Amazônica, é lugar onde se encontra uma amostra do universo de variedade da cultura. No Ver-o-

Peso, as cores, cheiros e sabores se misturam, exibindo uma paisagem variada e original. No

ancoradouro simples aportam pitorescos barcos de pesca e canoas que desembarcam diversos

tipos de produtos, desde peças artesanais de cerâmica, a ervas originárias da Amazônia, utilizadas

para finalidades diversas. Existem ervas para curar doenças, ervas com perfumes, raízes

aromáticas, dentes de jacaré que, segundo a crença local, protegem as pessoas, patas de coelho

para atrair felicidade, colares de contas da floresta, etc.

A Feira do Açaí, que faz parte do complexo do Ver-o-Peso, além da venda do açaí que

vem das ilhas próximas, dispõe de bares onde os freqüentadores desfrutam da tranqüilidade de

poder experimentar bebidas e comidas típicas ao sabor da brisa que sopra da Baía do Guajará. Faz

parte ainda do complexo Ver-o-Peso, as Praças do Relógio, do Pescador, dos Velames, o Solar da

Beira e os Mercados Municipal e de Ferro. Este último, todo em ferro da Inglaterra, foi

desmontado e trazido para Belém, onde foi montado novamente. O intenso movimento dos barcos

e o vaivém das pessoas emprestam um belíssimo colorido à paisagem, já bastante atraente pela

variedade de produtos expostos a venda. (www.citybrazil.com.br/pa/belem/turismo.htm).

A feira abastece a capital com cerca de 30% de produtos hortifrutigranjeiros e de açaí e

outros 40% com o pescado, todos praticamente vindos da região das ilhas. O Ver-o-Peso emprega

quatro mil trabalhadores diretos e outros 50 mil indiretos (Secon).

3.5 Manejo florestal Comunitário

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 14: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

10

Segundo Kenny-Jordam (1999), manejo florestal comunitário tem como sentido amplo

englobar todas as atividades do manejo dos recursos florestais com o propósito fundamental de

melhorar as condições sociais, econômicas, emocionais e ambientais das comunidades rurais, a

partir de suas próprias perspectivas. Sendo um conjunto de procedimentos técnicos,

administrativos e gerencial para produzir madeira e produtos não madeireiros com o mínimo de

dano (Amaral, 2007).

Para o sucesso da implementação do manejo comunitário devem ser analisados os

seguintes fatores: definição fundiária, organização social, créditos, assistência técnica e mercado

(Amaral, 2005).

O manejo florestal comunitário deve competir com a atividade ilegal, precisam atender as

exigências de padronização, qualidade, volume e freqüência na oferta dos produtos a serem

comercializados e necessitam conhecer a estrutura da cadeia de comercialização de maneira a

conseguirem melhores preços para seus produtos ( Amaral, 2005).

O manejo florestal comunitário é uma oportunidade para conciliar o uso dos recursos

florestais e o desenvolvimento sustentável das comunidades da Amazônia. Os benefícios

ambientais, sociais econômicos gerados pelo manejo oferecem para as comunidades e pequenos

produtores florestais uma nova forma de se relacionar com a floresta, a partir do uso da Reserva

Legal da propriedade. Sendo uma atividade econômica com base na produção de produtos

madeireiros e não-madeireiros, que pode assegurar um suprimento contínuo de madeira, frutos da

mata, óleos e resinas para uso doméstico e comercial. Dessa forma a opção por esse tipo de

manejo permite que as comunidades e pequenos produtores florestais tenham floresta para sempre

(Amaral, 2007).

3.6 Considerações sobre os produtos de interesse

3.6.1 Açaí (Euterpe oleraceae)

O açaí é nativo do Pará e ocorre também no Amapá, Amazonas, Maranhão, Guianas e

Venezuela. Naturalmente os açaizais densos aparecem em áreas de várzea e igapó, mas crescem

melhor em áreas abertas com abundância de sol para o desenvolvimento dos frutos e nos solos

bem drenados.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 15: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

11

O açaizeiro pode alcançar mais de 25 metros de altura com 9 a 16 cm de diâmetro do

tronco formando touceiras de vários estipes. A maior abundância de frutos ocorre entre julho e

dezembro, na estação seca.

Em 2000, no Brasil foram comercializadas mais de 121 mil toneladas do fruto, gerando

quase 6.000 milhões de reais. Segundo dados do Dieese/PA, em fevereiro de 2004, um litro de

açaí custou em Belém R$ 4,30 o vinho médio (popular).

O palmito de açaí também gera renda. Em 1996, mais de 86 toneladas foram produzidas

gerando um valor superior a 13 milhões de dólares. Mas a maior parte do palmito de açaí e

extraída de maneira predatória.

O fruto de açaí produz o “vinho” muito consumido com farinha na Amazônia, polpa

congelada, sorvete, “chopp”, picolé, açaí em pó, geléia, bolo, mingau, corante e bombons.

O palmito pode ser consumido fresco ou enlatado e seu estipe (tronco) também pode ser

utilizado em construções rurais como ripas e caibros.

A palha do açaizal é utilizada em casas, na fabricação de cestos, tapetes, abanadores,

peconha, como adubo e ração animal, e o coaratá (que cobre o cacho) também serve como

brinquedo e como rede para bebês. O cacho também pode ser usado como adubo, vassoura de

quintal, e, queimado, serve como repelente.

O caroço serve como adubo e, quando seco pode ser utilizado na fabricação de bijuteria.

A raiz é utilizada como chá no combate a verminoses e o sumo do palmito do açaizeiro

batido e espremido ajuda a estancar o sangue no caso de acidentes.

Durante os dias de pico cerca de 10 a 20 mil rasas de açaí chegam ao Porto do Açaí. O

Pará e o maior produtor de “vinho” de açaí; somente em 1997 produziu mais de 1 milhão de

litros. Um açaizeiro produz cerca de quatro a oito cachos por ano. Cada cacho pesa quatro quilos

de fruto e uma touceira produz cerca de 120 quilos por safra. Em açaizais manejados com capina

e poda a produção por hectare pode atingir de 12000 quilos por ano, na terra firme, e até 15000

quilos na várzea.

Os estipes de açaí podem ser colhidos várias vezes, porém, acaba diminuindo a quantidade

de produção de frutos através de colheitas excessivas. O corte de troncos velhos e mais altos para

retiradas de frutos e o corte dos palmitos tenros facilita o manejo deixando os troncos médios

produtivos e não-produtivos e a palhada para ser utilizada como adubo.

A retirada das flores do açaizeiro quando ainda estão novas possibilita a produção de fruto

na entressafra mudando a época do pico de frutificação, possibilitando dessa maneira a produção

durante o ano inteiro.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 16: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

12

3.6.2 Andiroba (Carapa guianensis)

A Andirobeira ocorre em toda a bacia Amazônica, América Central e África preferindo as

várzeas nas margens dos rios, mas podendo ser encontrada em terra firme.

A árvore de Andiroba possui médio a grande porte, tronco reto que pode atingir 30 metros

de altura e raízes em forma de tábuas chamadas de sapopemas.

No leste do Pará a Andiroba floresce entre agosto e outubro e frutificam entre janeiro e

abril podendo ocorrer variações na produção em diferentes regiões.

O óleo extraído das sementes pode ser usado como repelente de insetos, cicatrização e

recuperação da pele e, ainda como remédio para baques, inchaços, reumatismo, vermes e para

cicatrizar cordão umbilical.

A madeira é resistente ao ataque de insetos e turus, de ótima qualidade utilizada para

cavaco e na construção civil. A casca que pode se desprender facilmente da árvore e possui uso

medicinal como chás contra febre, vermes, combatendo bactérias e no tratamento de tumores. O

pó da casca cura feridas servindo como cicatrizante para afecções da pele.

O período entre a germinação e a produção pode ser estimada em 10 anos. A produção de

uma árvore varia de 25 a 200 quilos de sementes, cada quilo contém cerca de 55 sementes e cada

fruto produz cerca de 12 a 16 sementes.

No Pará, o comércio da Andiroba é bom, em 2004, no mercado de Belém 1 litro de óleo

de Andiroba foi vendido por R$ 15 e um quilo de casca por R$ 5. Enquanto que nas comunidades

o quilo da semente é vendido por R$ 0,20.

As indústrias extraem o óleo quebrando as sementes em pedaços pequenos que são

aquecidos e prensados com um rendimento que varia de oito a 12 litros para cada 40 quilos de

semente. As comunidades acabam tendo um rendimento menor porque extraem o óleo sem a

prensa com uma produção que pode variar de um a seis litros por 40 quilos de semente.

A andiroba se desenvolve tanto em pleno sol como na sombra, favorecendo o seu plantio

em áreas degradadas e sistemas agroflorestais.

3.6.3 Bacuri (Platonia insignis)

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 17: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

13

O bacurzeiro uma árvore natural do Estado do Pará, sendo o estuário do rio Amazonas a

área de maior concentração da espécie, com ocorrência mais acentuada na Região do Salgado e

na Ilha do Marajó.

Ocorre naturalmente na capoeira e em áreas degradadas e arenosas, indiferente aos tipos

de solos, sejam eles pobres ou argilosos. Ocasionalmente é encontrado na floresta alta.

A árvore tem tronco reto com látex amarelo e galhos opostos em posição de V aberto.

Floresce de junho a agosto e o seu fruto aparece nos mercados de Belém entre janeiro e abril. A

safra desta fruta varia em diferentes regiões, prolongando o seu fornecimento no mercado.

O bacurizeiro produz uma média de 400 frutos podendo produzir até 2.000 frutos, mas

muitas árvores não produzem frutos todos os anos, sendo a densidade desta de 0,5 a 1,5 árvores

por hectare.

Seu fruto pode ser consumido in natura, polpa, suco, creme, sorvete, geléia, doce, pudim,

tortas, iogurte, picolé, “chopp” e licor. A madeira é de excelente qualidade, utilizada na

fabricação de móveis, construções civil e naval. No interior do Pará, a madeira é usada para fazer

cavaco.

O óleo do bacuri é usado para fazer sabão, curar doenças de pele e fazer remédio

cicatrizante para ferimentos de animais. O látex amarelo da árvore, em algumas regiões é

utilizado para o tratamento de eczemas, vírus da herpes e outros problemas de pele, sendo esta

uma espécie de usos múltiplos (fruto, madeira, látex).

O Bacuri é uma das frutas mais populares nos Ceasas de São Luiz, Teresina e Belém,

visto que, no ano de 2004 foram comercializadas cerca de 491 mil frutos nas 10 principais feiras

de Belém, sendo que 178 mil foram comercializados só na feira Ver-o-Peso. O comercio dos

frutos movimentou uma renda anual de mais de R$ 220 mil, tendo um alto valor econômico no

mercado.

Um bacurizeiro nas florestas de algumas comunidades do Para foi vendido a R$ 2,00 a

tora e na mesma época 10 frutos renderam os mesmos dois reais. Sendo que a madeira somente

pode ser vendida uma vez e os frutos todos os anos produtivos da arvore.

As arvores crescem bem em solos pobres, com melhor produção em áreas abertas com

muito sol. Quando plantados devem ser mantidos a uma distancia de 4 a8 metros entre si, a capina

deve ser feita a cada 2 anos e após 10 anos a árvore já está produtiva.

3.6.4 Castanha-do-Pará (Bertholletia excelsa)

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 18: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

14

No Brasil a castanheira só ocorre na Amazônia em áreas altas de terra firme podendo

ocorrer também em outros países amazônicos como Bolívia e Peru. No Acre a castanheira

aparece somente no leste do estado.

No Pará as flores aparecem entre setembro e fevereiro e os frutos amadurecem e caem

entre janeiro e abril.

A castanha pode ser comida fresca, descascada, em bombons, sorvetes, doces, farinha e

leite para temperar comida. Produtos como sabonetes, cremes e xampu são fabricados a partir do

óleo da castanha e o ouriço é utilizado como artesanato, brinquedos, carvão, pilãozinho, tigela

para coletar seringa e até mesmo como remédio. O chá da casca da castanheira também pode ser

usado como remédio para diarréia. A madeira foi muito utilizada para estacas e construção,

porém atualmente é ilegal a derrubada de castanheiras silvestres.

O chá do ouriço da castanha é um ótimo remédio para hepatite, anemia e problemas

intestinais, e pode ser obtido através do ouriço limpo e após duas a três horas de descanso na água

obtendo uma cor de sangue.

Estudos recentes mostraram que a castanha-do-brasil (castanha-do-pará) contém selênio,

um mineral que pode prevenir o câncer e combater certos vírus, além de fornecer energia e

reduzir a chance de pegar doenças. As pessoas que consomem selênio ficam mais simpáticas e

confiantes podendo resolver problemas como ansiedade, cansaço, depressão e perda de memória.

As recomendações para o consumo são de duas castanhas por dia logo depois de descascadas.

Após a germinação a espécie se torna produtiva entre 5 a 12 anos. Uma castanheira

produz em média 29 ouriços por ano e uma árvore produz cerca de 470 castanhas. Cada ouriço

possui em média 16 castanhas e cada uma pode pesar sete gramas.

Quase toda a produção de castanha e exportada e movimenta entre 18 e 65 milhoes de

dólares por ano. Mas mais que isso e a coleta, beneficiamento e venda local pois o comercio

domestico gera dinheiro e empregos para as populações Amazônicas. O extrativista em 2004

vendia uma lata de castanha (11 kg) por R$ 9,50, já as industrializadas chegavam a custar R$ 4,50

por 250 gramas. Em 2004, nas feiras de Belem, o litro era vendido por R$ 1,00.

O plantio de castanhais deve ser realizado próximo a uma floresta para que a castanheira

possa ser polinizada e produzir frutos. O plantio deve ser realizado em dias chuvosos e as mudas

devem ter suas folhas da parte de baixo cortadas, deixando apenas as quatro ou cinco folhas mais

altas, assim a planta perde menos água quando o sol está muito forte.

3.6.5 Copaíba (Copaifera sp)

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 19: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

15

As árvores de copaíba podem ser encontradas em todos os trópicos, mas com maior

incidência no Brasil, onde 16 espécies têm ampla distribuição. Ocorre na floresta de terra firme,

nas margens dos lagos e igarapés e nas matas do cerrado do Brasil central.

As árvores podem atingir cerca de 36 metros de altura, 140 cm de diâmetro, ou rodo de até

três metros.

A copaibeira floresce na estação chuvosa entre janeiro e abril e frutifica de maio a

setembro.

No ano de 2004 o litro do olho de copaíba era vendido em ervanários por R$ 25,00 nas

feiras rendiam até R$ 75,00 pois cada 20 ml custava R$ 1,50. Em 2000 o Brasil comercializou

408 toneladas de óleo de copaíba que gerou cerca de um milhão de reais. Devido ao

desmatamento no estado do Pará o fornecimento de óleo estava cada vez mais restrito, vindo de

localidades mais distantes como Manaus.

O óleo de copaíba é metabolizado no centro do tronco por canais secretores na medula da

árvore e possui função medicinal como antibiótico e antiinflamatório. A extração do óleo é

realizada com a utilização de trado que perfura a árvore até o centro do caule (20 a 50 cm de

profundidade no tronco, conforme a grossura da árvore). É utilizado como cicatrizante de feridas

e úlceras e também contra dermatose, psoríase e infecções na garganta. As pessoas devem tomar

duas gotas de óleo de copaíba pingado em uma colher de sopa de mel de abelha duas vezes ao dia

como remédio para dor de garganta.

O uso industrial do óleo de copaíba como fixador na fabricação de verniz, perfume, tintas

e na revelação de fotografias também é realizado. A sua utilização na produção de sabonetes,

cremes, xampus e usos farmacêuticos em linhas de produtos naturais são de extrema importância.

A madeira extraída serve para a construção civil e fabricação de tábuas servindo como

repelente de insetos, principalmente cupins, e o chá da casca também pode ser utilizado como

antiinflamatório como substituto do óleo.

A produção de óleo inicia-se quando a espécie atingir mais de 40 cm de diâmetro. A

produtividade pode variar de acordo com o tipo de solo e ao longo do tempo podendo chegar de

100 mililitros a 60 litros por ano e por árvore, sendo que algumas árvores podem não produzir.

A copaíba cresce preferencialmente em meia sombra no estágio das mudas e em seguida

no sol para se desenvolver e prefere não ser plantada com outras espécies.

3.6.6 Piquiá (Caryocar villosum)

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 20: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

16

O piquiá ocorre em toda a Amazônia, com maior concentração na terra firme da região do

estuário.

A árvore de piquiá pode atingir até 50 metros de altura, tronco de até 2,5 metros de

diâmetro ou rodo superior a cinco metros.

O piquiazeiro produz flores durante a estação seca entre os meses de agosto até outubro e

os frutos estão desenvolvidos no período de fevereiro até abril.

A madeira é de alta qualidade, compacta e pesada, muito utilizada nas construções civil e

naval e de grande importância para armação do fundo interno das embarcações. É muito usada

também na fabricação de canoas, curral e portões; pois é resistente à água e evita rachaduras.

Em 2004 o comercio do fruto movimentou uma renda de 120 mil reais. Era vendido a R$

1,00 a unidade em supermercados e a R$ 0,50 em feiras na região de Belém.

O fruto é consumido depois de cozido em água e sal e o óleo pode ser usado em frituras.

A casca do fruto é rica em tanino e substitui a noz de galha na preparação de tinta para escrever,

para tingir rede de dormir e fio. A casca também pode ser utilizada para fazer sabão.

A produção acontece depois de 10 a 15 anos. Em média a produção chega a 350 frutos por

árvore variando muito de ano pra ano, podendo não haver produção.

As mudas de piquiá não crescem bem na sombra, portanto no caso de usar essas árvores

para o enriquecimento das florestas, são necessárias grandes clareiras para receber maior

quantidade de sol.

3.6.7 Uxi (Endopleura uchi)

O uxi é originário da Amazônia brasileira, ocorre frequentemente no estuário do Pará e

regiões como Bragantina, Guamá e Capim, parte ocidental do Marajó e nas regiões dos Furos. É

uma espécie tipicamente silvestre da mata alta de terra firme. A árvore pode atingir de 25 a 30

metros de altura, um metro de diâmetro ou três metros de rodo.

O uxizeiro floresce entre outubro e novembro e chega a frutificar entre fevereiro e maio,

mas em algumas áreas próximas a Belém como Boa vista, Viseu e Mosqueiro, algumas árvores

podem produzir na entressafra, nos meses de julho a agosto.

O valor econômico para o fruto nas feiras de Belém no ano de 2004 era de R$0,10 a

unidade na safra, na entressafra o kg da polpa custava R$ 4,00 e o fruto R$ 2,00 por doze

unidades. Mas a aceitação do produto no mercado vem crescendo sendo encontrado em

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 21: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

17

supermercados e sorveterias, valorizando mais o produto. Já o preço para as mudas da espécie que

são de difícil acesso pode render R$ 15,00.

O fruto pode ser consumido in natura e através de produtos como o picolé, sorvete de

massa, “vinho”, suco e óleo. A madeira é extraída para a indústria madeireira e utilizada nas

marcenarias. O chá da casca é consumido para combater o colesterol, diabetes, reumatismo e

artrite.

O óleo é utilizado na alimentação e como remédio no tratamento de sinusite e prisão de

ventre. As sementes são utilizadas como artesanato, defumação e amuletos. O caroço possui um

pozinho que antigamente era utilizado para cobrir manchas na pele e aliviar coceiras. A fumaça

das sementes quebradas e acesas dentro de uma lata pode espantar carapanã e espíritos maus.

O uxi é uma excelente fonte de calorias e vitaminas C e do complexo B, além de

apresentar fibras, ferro e minerais como o potássio, cálcio, magnésio, fósforo e sódio. O óleo de

uxi é rico em fitoesteróis que em alimentos reduz o nível de colesterol no sangue.

A produção em plantios começa com sete a 10 anos de desenvolvimento e pode variar

muito de ano para ano. Uma árvore de uxi pode produzir em média 1000 frutos por ano.

Algumas práticas para aumentar a densidade e melhorar a produção incluem o

enriquecimento de plantio, corte de vegetação que compete por luz e nutrientes, fogo para

controlar formigas no tronco e galhos, além de limpeza do solo a cada seis meses para ajudar na

coleta dos frutos e adubar os uxizeiros. Quando a árvore fica velha e diminui a produção é

retirada para abrir espaço e sol para as outras árvores.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 22: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

18

4. Metodologia

Para o desenvolvimento do “Estudo de mercado de Produtos Florestais não Madeireiros

na zona peri-urbana no município de Belém no ano de 2007” foi feito um curso de economia e

treinamento de estudo de mercado incluindo dois dias de campo, sendo um na Feira Ver-o-Peso e

outro na Feira 25 de setembro para identificação dos produtos, aplicação de questionários testes e

elaboração de uma cartilha de resultados preliminares da pesquisa realizada no ano de 2006 para

as subseqüentes entrevistas com comerciantes e consumidores nas feiras, portos (entrepostos),

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 23: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

19

supermercados, sorveterias e ervanários; levantamento da venda informal, em quadras escolhidas

aleatoriamente nos bairros de localização das feiras pesquisadas; o levantamento de preços e

compras realizados nas feiras.

Um estudo de mercado visa caracterizar o mercado; identificando a demanda e a oferta de

determinado produto, os concorrentes e novas oportunidades de negócios (Variam, 2000).

A pesquisa de marketing é a identificação, coleta, análise e disseminação de informações

de forma sistemática e objetiva e seu uso visando melhorar a tomada de decisões relacionadas à

identificação de problemas (e oportunidades) em marketing. A pesquisa identifica informações

necessárias para os atores envolvidos nas comercializações; o método possibilita a coleta destas

informações, gerencia e implementa o processo de coleta de dados, analisa os resultados e

comunica as conclusões e suas implicações (Malhotra, 2000).

O método de coleta de dados utilizado, denominado survey, apresenta um questionário

estruturado de uma amostra da população e é destinado a obter informações específicas dos

entrevistados. Baseia-se no interrogatório dos participantes e é direto, ou seja, o objetivo é

conhecido pelo respondente. O questionário é estruturado visando certa padronização no processo

de coleta de dados, apresentando questões em ordem predeterminada e simples de ser aplicado

permitindo a coleta de dados de forma confiável (respostas limitadas). Porém, o método apresenta

como desvantagem a hesitação ou incapacidade dos informantes em responder as questões dos

pesquisadores. O método de survey pode ser classificado em entrevistas telefônicas, entrevistas

pessoais nas residências, entrevistas pessoais nos locais de compras e entrevistas postais

(Malhotra, 2001).

4.1 Feiras

A segmentação do mercado foi realizado no ano de 2006, especificamente das feiras, foi

realizada através de técnicas de amostragem estratificadas com a divisão dos estabelecimentos

por tamanho de acordo com o levantamento de número de bancas por produto de interesse em

cada feira. O total de feiras foi dividido em quatro classes de diversidade de PFNMs ofertados. As

feiras que possuíam menos de oito PFNMs de interesse foram descartadas representando a quarta

classe de tamanho, na terceira classe foram sorteadas seis feiras (15,0%), na segunda classe foram

sorteadas duas feiras (18,0%) e na primeira classe não houve sorteio, pois é a classe onde se

insere a feira do Ver-o-Peso, a maior feira que comercializa grande diversidade de produtos

florestais não-madeireiros de Belém (Ilustração 1).

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 24: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

20

Figura 1: Amostragem da feiras.

Fonte: Imazon 2006

4.1.1 Comerciantes

No ano de 2006 a quantidade de comerciantes entrevistados de cada feira amostrada foi

realizada através de técnicas de amostragem sistemática, 50,0% dos comerciantes foram

entrevistados, um sim e um não, passando para o próximo quando o anterior recusa a entrevista.

No ano de 2007 repetimos as entrevistas (Anexo 1) com os mesmos já entrevistados, através de

uma lista com nome e contato dos mesmos. Caso este não se encontrasse mais na atividade, ou

não fosse identificado após duas visitas e uma ligação seria substituído por outro comerciante que

trabalhasse com a venda de pelo menos 1 produto de interesse. Para a aproximação dos

entrevistados foi utilizada a cartilha de resultados preliminares do ano de 2006 ( ver Anexo 2).

4.1.2 Consumidores

Os questionários para a entrevista de consumidores visam a realização da pesquisa de

marketing através da caracterização do consumidor, dos produtos, da quantidade de consumo, etc.

(ver Anexo 3). Para isso foi realizada através de amostragem sistemática dos consumidores que

estão passando no momento; a cada três consumidores que estão passando, um é entrevistado.

Para adaptar a grande recusa de consumidores para serem entrevistados, no presente ano

Feiras em Belém

010

203040

5060

7080

1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35 37 39 41 43

Feira

Núm

ero

de b

anca

s co

m

PFN

M d

e in

tere

sse

Feiras descartadas

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 25: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

21

utilizamos o critério de disponibilidade do consumidor para a realização da entrevista com a meta

de 30 questionários por feira.

4.1.3 Levantamento de Preços

Para a constatação da oferta e da dinâmica de preços dos PFNM foi realizada a pesquisa

em treze localidades ao longo do período de fevereiro a maio. Foram levantados os preços dos

produtos pesquisados em pelo menos três bancas distintas. Foram realizados em média quatro

levantamentos por mês.

4.1.4 Compras

Foram realizadas vinte compras entre o período de fevereiro a maio, para a constatação da

variação de preços e oferta do produto. Os produtos selecionados para compra foram a andiroba

(100 ml do óleo), bacuri (3 unidades), uxi (6 unidades), piquiá (3 unidades) e a castanha-do-pará

(1 litro). O açaí e a copaíba não foram selecionados devido ao alto valor destes para o mercado

consumidor.

Para a efetuação das compras, os produtos deveriam ser vendidos nas unidades

estabelecidas com o menor preço e maior qualidade.

4.2 Portos

No ano de 2006 foram levantados os principais portos de chegada dos PFNMs e

selecionados 50% dos comerciantes. No ano atual foram pesquisados os mesmos locais, com a

tentativa de entrevistar os mesmos comerciantes do ano anterior através da lista de nomes e

contatos destes. Se após duas tentativas e uma ligação (quando existia a informação)

continuássemos sem a localização dos comerciantes, eles seriam substituídos pelo próximo

comerciante disposto a dar entrevista. Para a aproximação foi utilizada a cartinha de resultados

preliminares do ano de 2006.

4.3 Supermercados, ervanários e sorveterias

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 26: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

22

O levantamento foi realizado através da consulta à lista telefônica e a outras fontes para

identificar empresas do ramo. Foram contatadas por telefone vinte empresas que representam

10,0% das empresas listadas. A identificação de redes de supermercados e suas lojas (quatro

maiores redes), principais sorveterias e ervanários também foi realizada no ano de 2006.

Para adequação ao presente ano foi feito uma listagem dos locais entrevistados

anteriormente e o contato com esses através do telefone para sua respectiva confirmação de

localidade. Se não fosse o mesmo número de contato era feita a tentativa de localização através da

lista telefônica e se através deste método ainda não fosse encontrado, seria substituído por outra

empresa de representatividade.

Os comerciantes entrevistados nas localidades ou eram os proprietários ou os responsáveis

pelo setor de horti-fruti.

Somente nos supermercados e em uma das sorveterias foi realizada entrevistas com

consumidores. Para estes mantendo a metodologia utilizada nas feiras, de acordo com a aceitação

do consumidor.

4.4 Levantamento de vendedores informais

Para a seleção dos bairros onde foram realizadas as pesquisas, foi utilizada uma

amostragem não probabilística, que confia no julgamento pessoal do pesquisador e não na chance

de selecionar os elementos amostrais (Pancklunp, 2002). Sendo assim, os bairros selecionados

foram os mesmos das localizações das feiras, para facilitar a logística da realização da pesquisa.

Para a seleção das quadras foi utilizada a amostragem probabilística, que é um processo de

amostragem, em que cada elemento da população tem uma chance fixa de ser incluída na

amostra, ou seja, as unidades amostrais são escolhidas por acaso. Sendo assim o ponto de partida

para a unidade amostral (quadra) seriam as feiras, dessas nos direcionávamos para a direção

norte, sorteando o número de 1 a 4, o número sorteado seria a quadra a ser pesquisada, nos

dirigindo até essas. Além de serem coletadas as informações da localização da quadra.

Para a seleção dos vendedores informais foi utilizada uma amostragem por cotas, que é

uma técnica de amostragem não probabilística, que consiste em uma amostra por julgamento em

dois estágios. O primeiro estágio consiste em desenvolver cotas de controle e elementos da

população e no segundo estágio selecionam–se elementos da amostra por conveniência ou no

julgamento. Em geral as cotas são atribuídas de modo que a proporção dos elementos da amostra

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 27: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

23

que possuem as características de controle seja a mesma que a proporção de elementos da

população com essas características (Pancklump, 2002). Assim os vendedores informais

levantados seriam todos os que vendessem pelo menos um dos PFNM pesquisados.

Após ser feita a localização das quadras, iniciava-se a busca dos vendedores informais

andando ao redor do quarteirão (fazendo a identificação destes). Na identificação dos vendedores

informais, foi realizado o levantamento dos preços de venda, contribuição do produto para a

renda, local de compra, embalagem do produto e o numero de funcionários, isso quando

encontrávamos os vendedores presentes. Senão era feita uma tentativa com os vizinhos e através

de placas de informações do produto vendido (ver Anexo 4). Foram realizadas no total da

pesquisa nove quadras.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 28: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

24

5. Atividades Complementares

Neste item encontra-se a listagem das palestras e reuniões que nos deram embasamento

empírico para o desenvolvimento da pesquisa bem como para análise dos dados:

Elaboração da Cartilha de Resultados referente à pesquisa realizada no ano de 2006 (ver

Anexo 2);

15/02/07: “Benefícios dos PFNMs para os belemenses: estudo de mercado do consórcio

comunidades e florestas” ( Erin Sills – CIFOR/ Embrapa);

23/02/07: “Sistema de controle de produtos florestais - DOP e SISFLORA”( André

Monteiro- IMAZON);

28/02/07: “Relatório de pesquisa sobre as políticas do banco mundial: Expansão Agrícola,

redução da pobreza e meio ambiente nas florestas tropicais” (Kenneth M. Chomitz - Conselheiro

Sênior Banco Mundial);

8/03/07: “Consórcio comunidades e Floresta: Ecologia e manejo (Marina Londres -

Imazon);

9/03/07: “A Pegada Ecológica do Imazon”. (Danielle Celentano, Francy Nava, Daniel

Santos - Imazon);

15/03/07: “A Amazônia e os objetivos do milênio” (Danielle celentano- Imazon);

23/03/07: Agenda da primeira reunião extraordinária do conselho diretor do Imazon;

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 29: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

25

30/03/07: “Metodologia para os planos de manejo de Unidades de Conservação da

Amazônia” (Amintas Jr. e Carlos Souza Jr. - Imazon);

05/04/07: “Avanços e desafios da situação fundiária na Amazônia Brasileira” ( Brenda

Brito - Imazon);

03/05/07: Apresentação “Estudo de mercado de produtos florestais não madeireiros em

Belém no ano de 2007.” CIFOR/Embrapa – Belém/Pa ( Ana Carolina C. Vieira/FCA-UNESP e

Helga Yamaki/ FCA-UNESP)

04/05/07: Apresentação “Estudo de mercado de produtos florestais não madeireiros em

Belém no ano de 2007.” Imazon- Belém/Pa (Ana Carolina C. Vieira/FCA-UNESP e Helga

Yamaki/ FCA-UNESP)

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 30: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

26

6. Resultados e Discussão

O levantamento de mercado dos Produtos Florestais não Madeireiros realizado no ano de

2007, no município de Belém, pelo Projeto “Conectando as Partes: Melhorando a situação

fundiária, o manejo da floresta e a comercialização de seus produtos na Amazônia brasileira”,

teve como resultado 771 entrevistas sendo 653 de consumidores e 118 de comerciantes; o

levantamento da venda informal dos PFNMs realizado em nove quadras localizadas nas

proximidades das feiras; levantamento de preços e compras realizadas em todas as feiras

pesquisadas. Ainda é importante ressaltar que os gráficos e tabelas que virão a seguir são

resultados preliminares das análises dos dados levantados e esses continuarão em processo de

análise após a publicação deste.

6.1 Resultados da pesquisa feita com os comerciantes

6.1.1 Caracterização dos Fornecedores e seus locais de compra dos PFNMs

O ator que se mostra presente no fornecimento de todos os PFNMs pesquisados com um

alto valor porcentual é o atravessador. Para o açaí ele é responsável por 37,8% do fornecimento,

para andiroba 52,4%, para o Bacuri 80%, para a Castanha do Pará com 75%, para a Copaíba

46,7%, para o piquiá 45,5% e para o uxi 27,8%, o que revela a grande significância dessa classe

na cadeia de mercado dos PFNMs. Os produtores estão presentes na venda do Açaí com 42%, da

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 31: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

27

copaiba com 46%, do piquiá com 54% e do uxi com 61% (dados em porcentual foram gerados na

pesquisa em 2007).

Fornecedores PFNM

02,5

57,510

12,515

17,520

Açaí Andiroba Castanha Copaíba Piquiá Uxi Bacuri

PFNM

Núm

ero

de F

orne

cedo

res

2006 2007

Figura 2: Numero de Fornecedores por Comerciante no ano de 2006 e 2007. Fonte: Imazon (2006).

O Açaí continua tendo uma maior variedade de fornecedores por comerciante ao ser

comparado com os outros produtos, mas houve uma diminuição desse número no ano de 2007.

Essa diminuição pode ter ocorrido devido ao fato que muitos comerciantes entrevistados no ano

de 2006 foram substituídos por outros no ano de 2007. A copaíba mantém-se com o número mais

restrito de fornecedores, mas houve um aumento na variedade de escolha desses pelos

comerciantes do ano de 2006 para 2007. O Bacuri não foi pesquisado no ano de 2006, entrando

no ano de 2007 devido a uma alta demanda do mercado e o interesse das comunidades

envolvidas, apresenta uma média de quatro fornecedores por comerciante entrevistado.

Tabela 1: Classe consumidora por local de venda.

Local Consumidor final % Atravessador %

Feira 89,5 10,5

Portos 22,9 77,1

Ervanários 50 50

Supermercados 100 0

Sorveterias 33,3 66,6

Fonte: dados da pesquisa.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 32: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

28

Na cadeia de mercado dos produtos têm-se como a última categoria de venda dos locais

selecionados para a pesquisa as feiras e os supermercados, já que a compra dos PFNM é feita para

o autoconsumo, sendo eles responsáveis para o abastecimento da população. Já os portos,

ervanários e sorveterias mostram-se como entrepostos onde os produtos vendidos ainda serão

destinados a revenda para depois chegar às casas das famílias. Para isso os atravessadores na

cadeia de mercado são os atores responsáveis pelo intermédio entre o produtor extrativista (no

caso dos PFNMs) e o consumidor final, e quanto maior o número de atravessadores na cadeia de

mercado o produto vai agregando mais valor, aumentando o preço de compra.

6.1.2 Procura dos PFNMs pelo mercado consumidor na região de Belém

Dos comerciantes entrevistados o produto que é comercializado num período maior de

tempo entre os entrevistados é a Copaíba (25 anos), o que pode ser explicado pelos seus valores

medicinais, como pelo tempo em que se mostra enraizada na cultura local do estado do Pará. Com

base nos anos de experiência os consumidores nos revelaram dados relacionados à procura pelos

PFNMs. Esses em grande maioria aumentaram ou mantiveram-se constante, não apresentando

diminuição significativa da procura em nenhum dos produtos (Tabela 2). O que substancia a

importância do estímulo da utilização múltipla da floresta pelas comunidades extrativistas tanto

para melhoria de suas condições socioeconômicas, para manutenção desses produtos no mercado,

como para a economia da classe de comerciantes.

Tabela 2: Procura dos PFNMs segundo os comerciantes.

Fonte: dados da pesquisa.

Os motivos que se mostram de grande importância para o aumento da procura dos PFNMs

são: a divulgação que vem sido feita dos produtos, o aumento e o valor que o produto vem

ganhando no mercado internacional aumentando muito o consumo pelas empresas exportadoras, a

oferta dos produtos e seus valores culturais (Figura 3). Essa popularização em nível nacional e

Local Consumidor

final % Atravessador

% Feira 89,5 10,5 Portos 22,9 77,1 Ervanários 50 50 Supermercados 100 0 Sorveterias 33,3 66,6

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 33: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

29

internacional de alguns produtos florestais não madeireiros pode vir a ser um estímulo às

populações ribeirinhas a fazerem planos de manejo para o uso múltiplo da floresta e o açaí se

mostra cada vez mais uma alternativa econômica promissora tendo um grande potencial para

substituição do extrativismo do palmito. A seguir seguem alguns depoimentos de revendedores

de açaí que foram entrevistados.

Figura 3: Motivos do aumento da procura dos PFNMs no mercado.

“.....Antes a gente tirava açaí e punha na pedra pra vender e não tinha quem comprasse,

principalmente na época que tem muito, na safra! Agora não sobra mais nada tudo que se tira

chega na pedra e acaba, ninguém perde mercadoria eles compram até o que está estragado....”

(Depoimento dado por um revendedor de açaí no Porto do Açaí)

"...A produção aumentou com a plantação, e as fábricas de exportação compram todo

açaí que sobra ou que estraga...". (Depoimento dado por um revendedor de açaí no Porto do

Açaí)

Em contrapartida já existem pessoas sofrendo as conseqüências negativas da

exportação tanto para revenda, como para o consumo, a oferta do produto não está crescendo

junto ao aumento da demanda, encarecendo o produto e diminuindo a quantidade do produto no

mercado local. O depoimento dado pelo revendedor “Bilhar” no Porto do Açaí e por um

consumidor, ilustra essas conseqüências:

Divulgação 39%

Oferta do Produto 33%

Cultural 17%

Exportação 11%

Aumento da Procura dos PFNMs

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 34: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

30

“....As exportadoras estão indo buscar os produtos nos ribeirinhos chegando menos

produto para revenda....” (Depoimento dado por um revendedor de açaí no Porto do Açaí)

“.... Até os Japoneses tão tentando patentear o açaí, ainda bem que ganhamos essa, mas

a exportação compra todo o açaí que fica cada vez mais caro, nos que somos paraenses comemos

açaí que nem vocês comem arroz com feijão lá no sul, mas aqui é açaí com farinha e peixe, faz

parte da cultura e agora não tá tendo mais condição de comprar açaí, não nesse preço ...”

(Depoimento dado por um consumidor entrevistado na Feira da 8 de maio)

6.1.3 Comercialização dos PFNMs

Apenas 22% dos comerciantes entrevistados expressaram dificuldades na comercialização

dos produtos florestais não madeireiros. E como revela a ilustração, a safra é a principal

dificuldade sendo mencionada para todos os produtos em foco, isso porque o produto fica por

pouco tempo disponível no mercado; em segundo, a variação de preços que ocorre dentro do

período de safra e o alto valor no período da entressafra quando encontrado (Figura 4).

Figura 4 :Principais dificuldades em se trabalhar com os PFNMs ditas pelos comerciantes.

0 5 10 15 20 25 30

Safra Variação de preço

Alto custo de investimento

Alto custo de transporte Condições de trabalho

%

Causas

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 35: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

31

6.2 Resultado da pesquisa feita com os consumidores

6.2.1 Caracterização dos consumidores

A maioria dos consumidores entrevistados (65%) já estiveram em contato com a floresta

pelo menos uma vez. Em contrapartida 5 de 11 produtos mais consumidos como da floresta são

provenientes do cultivo convencional e não de extrativismo ou manejo florestal, mostrando que a

população não consegue associar diretamente a importância dos recursos florestais em seu dia a

dia (Dados da pesquisa em 2007).

As entrevistas foram realizadas com todos os nichos sociais de Belém, o que dá à

pesquisa uma maior amplitude da aceitação dos PFNMs pelas diferentes classes, além de

aumentar a credibilidade. Mostra também que os produtos florestais não madeireiros fazem parte

da base alimentar de todos os segmentos sociais, que pode ser explicado pelo valor cultural em

consumir os produtos regionais (Figura 5).

Renda dos Consumidores

26

26,5

27

27,5

28

28,5

29

29,5

0 - 500 500 - 1500 1500 - 3000 3000 - mais

Faixa Salarial

% %

Figura 5: Revela o perfil financeiro dos consumidores entrevistados

6.2.2 Aceitação dos PFNMs no mercado

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 36: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

32

Tabela 3: Conhecimento e a Aceitação do mercado consumidor para os produtos florestais

não madeireiros certificados.

Conhecem % Preferência ao Selo Verde ( % )

Sim Não

Não

Sabem

Sim 21,8 76,2 11.28 12,52

Não 78,20

Fonte: Dados da pesquisa 2007

Conforme a tabela a grande maioria da população não tem conhecimento sobre a

certificação florestal, mas se os produtos não madeireiros fossem facilmente encontrados nos

locais de venda teriam uma boa aceitação, mostrando a preocupação dos entrevistados com a

preservação dos patrimônios naturais do Brasil. Mas foram levantados alguns questionamentos

que se tornariam decisivos na hora da escolha pelo produto certificado, como o valor desses

produtos em relação aos não certificados e a credibilidade da certificadora como indicam os

comentários feitos por vários consumidores entrevistados.

“... Hoje estamos ouvindo falar cada vez mais e sentindo na pele os problemas que

causam o desmatamento e a preocupação mundial com as florestas aqui do Brasil, agente tem

que começar a conservar o nosso patrimônio florestal e se tivesse esses produtos certificados eu

daria a preferência sim, para contribuir com a conservação do meio ambiente, mas geralmente

esses produtos têm um preço muito mais caro que os outros e acaba que nem todo mundo pode

comprar ficando restrito a uma pequena faixa da população...”( depoimento dado por um

entrevistado)

“...Eu daria preferência sim, mas o problema é o preço e a garantia que a empresa que

fizesse esse selo fosse honesta, porque hoje tem muitas que falam que fazem a preservação e que

não desmatam a floresta mas é só pra ganhar mais dinheiro, e na verdade continuam

desmatando do mesmo jeito. Minha filha o Brasil é assim e a Amazônia virou uma forma de

marketing...”(depoimento dado por um entrevistado)

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 37: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

33

Existe um mercado consumidor amplo para os produtos florestais não madeireiros

considerados prioritários a pesquisa, onde 100% dos entrevistados consomem pelo menos um dos

produtos e 32% consomem todos os produtos. O Açaí e a Castanha do Pará são os produtos de

maior consumo, fazendo parte da dieta para quase todos os paraenses independente de safra. Já o

produto com a menor aceitação no mercado e o Piquiá que foi indicado seu consumo por apenas

45,4% dos entrevistados (Figura 5).

Consumo dos PFNM

0102030405060708090

100

PFNM

% d

e C

onsu

mid

ores Acai

CastanhaBacuiAndirobaUxiCopaibaPiquia

Figura 5: Aceitação do Mercado para os PFNMs pesquisados.

6.2.3 Locais de compra dos PFNMs

Os locais considerados como maiores pontos de consumo dos PFNMs são as Feiras,

Vendedores Informais (casas, ruas, semáforos) e o Mercado Ver-o-Peso no município de Belém,

sendo este o último elo da cadeia de mercado dos produtos, que a partir daí serão utilizados para o

autoconsumo. As feiras se destacam como o principal ponto de consumo dos produtos

pesquisados, e um novo segmento do mercado que tem se mostrado cada vez mais representativo

é a venda informal. Isso comprova a crescente importância desse segmento do comércio para a

população local, tanto para a população consumidora que busca a praticidade e vê na venda

informal uma solução para otimização do seu tempo, como uma alternativa econômica para as

pessoas que se encontram desempregadas.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 38: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

34

Feiras Vend. Inform ais

Ver o Peso Ganha Supermercados Outros0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

%

Locais de Consumo

.

Figura 6: Ranking dos locais de consumo de PFNMs.

6.3 Resultado do Levantamento da Venda Informal de PFNM nos bairros de Belém

Para o levantamento foram pesquisados nove bairros no município de Belém, em seis

(66,6%) desses foram encontrados pontos de venda dos PFNMs, onde este tipo de venda

representa 83,33%. Dado este que reafirma a importância que vem tomando esse comércio na

cadeia de mercado dos PFNMs.

Os produtos florestais não madeireiros encontrados em venda na ordem decrescente foram

Açaí 46,15%, Andiroba 15,38%, Pupunha 7,7%, Mel 7,7%, Castanha 7,7%, Cupuaçu 7,7% e

Bacaba 7,7%. Dos produtos de interesse para a pesquisa, as casas batedoras de açaí representam

86,71%. Verificou-se que o açaí é o produto que possui maior aceitação e disponibilidade no

mercado.

Dos vendedores informais encontrados 88,89% possuem local fixo de trabalho. Com isso

conseguem conquistar fregueses fiéis garantindo a venda do produto, além de criar tradição nos

bairros em que trabalham.

Os locais de compra dos produtos PFNMs mais citados pelos vendedores são os Portos

que é o primeiro local de venda no município de maior consumo local (Figura 6). Reafirma a

discussão feita na Tabela 1 que revela os Portos como local de compra dos PFNMs por

atravessadores.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 39: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

35

Locais de Compra

0 5 10 15 20 25 30 35 40

Porto do Acai

Porto da Palha

Porto de Icoaraci

Busca no interiorLo

cais

%

%

Figura 6: Locais de Compra dos PFNMs pelos Vendedores Informais.

6.4 Pesquisa de Preços

6.4.1 Oferta dos produtos no mercado

Foram realizados treze levantamentos de preços entre feiras e supermercados no período

do mês de fevereiro ao fim de abril, sendo uma média de quatro localidades por mês.

Através dos levantamentos realizados nos supermercados pudemos observar a existência

dos PFNMs industrializados em grande quantidade, principalmente para o açaí, bacuri e castanha.

Estes produtos são revendidos na forma de polpas, compotas, geléias, sabonetes, xampus,

sorvetes, etc. Esses produtos o mercado consumidor pode ter acesso ao longo do ano todo

independente da safra.

Para os produtos in natura no mês de fevereiro, março e abril têm-se no mercado todos os

PFNMs pesquisados em quantidade, exceto o Piquiá e o uxi que não foram encontrados em

nenhuma das localidades; o bacuri que foi encontrado em grande quantidade. Já no mês de março

o uxi aumenta sua oferta no mercado, sendo encontrado nas cinco localidades de pesquisa e o

piquiá teve início de sua oferta em meados de março sendo encontrado apenas em 2 das 5

localidades, podendo ser então considerado o início da safra para o mercado consumidor. No mês

de abril o piquiá é encontrado em grande quantidade em todas as localidades, enquanto que o

bacuri tem reduzida sua oferta no início do mês. O bacuri foi encontrado somente em duas

localidades até o meio do mês; o uxi apresenta alta oferta no início do mês, reduzindo-se a

medida que se aproxima do final do mês. Dados estes que mostram o curto período de grande

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 40: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

36

oferta de alguns PFNMs mesmo no período de safra, e a grande procura pelo mercado

consumidor (conforme a Figura 5) que indica que o bacuri é consumido por 82% dos

entrevistados, o uxi por 65% e o piquiá por 45%.

6.5 Compras

Para a constatação das informações de preço, negociação e oferta no mercado dos

produtos florestais não madeireiros pesquisados foram realizadas vinte compras de produtos,

exceto a copaíba. Estas compras foram feitas pelas pessoas envolvidas no referido trabalho

durante os meses de fevereiro, março e abril.

Constatamos no mês de fevereiro a existência dos produtos, exceto uxi e piquiá. No mês

de março verificou-se a existência de todos os produtos no mercado, enquanto que no mês de

abril a dificuldade se deu na compra do bacuri que já apresentava escassez no mercado

consumidor.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 41: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

37

7. Conclusão

Os produtos florestais não madeireiros têm grande importância socioeconômica para seus

produtores e comerciantes, como também nos valores culturais da região onde se encontram

presentes nas festas religiosas, na culinária tradicional da população e na produção de

fitoterápicos.

Os resultados mostram a existência do amplo e crescente mercado para os produtos

florestais não madeireiros. As inúmeras fábricas de cosméticos, sorveterias, a popularização dos

produtos em nível nacional e internacional e a aceitação pelo mercado consumidor que tem o

PFNMs como parte da dieta alimentar, exprimem o crescimento da demanda dos produtos

oriundos da floresta.

Em contrapartida, o aumento desenfreado da demanda dos PFNMs sem o controle de

políticas públicas pode não ser suprida pelo manejo comunitário o que incentivaria os grandes

proprietários de terra a estarem investindo no cultivo tradicional dos produtos, deixando de ser

uma alternativa de uso sustentável da floresta para mais uma forma de pressão às florestas

naturais. Esta informação pode ser útil para o estabelecimento de políticas públicas e para as

instituições não governamentais elaborarem projetos que incentivem as comunidades a fazerem o

manejo sustentável de suas florestas através do uso múltiplo, de maneira que, resulte na

preservação da floresta “em pé”, na preservação da biodiversidade, como também nas melhorias

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 42: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

38

econômicas e sociais para as comunidades envolvidas e consequentemente o abastecimento da

demanda dos produtos na região de consumo.

Os PFNMs possuem um grande fluxo na cadeia de mercado passando por muitas de

transações o que agrega muito valor entre a saída do produto da mãos dos produtores até chegar

ao consumo familiar. Isso se dá tanto ao número de vezes que o produto passa nas mãos de

diferentes atravessadores como as transformações feitas nos produtos. Está aí a importância das

comunidades terem acesso aos preços de venda dos produtos nos diferentes segmentos do

mercado, aumentando o poder de negociação além de estimular a organização destas para o

transporte e venda dos produtos na região de consumo.

Conclui-se a importância da pesquisa de mercado quando se visa a sustentabilidade para

as comunidades dependentes dos recursos florestais, já que ressalta as características do mercado

para os produtos florestais, as formas de negociação, importância dos produtos no mercado, os

diferentes atores envolvidos na cadeia do mercado, entre outros. Assim, dando as comunidades

um maior poder de negociação, a capacidade de agregar maior valor aos produtos, além de

descobrir alternativas de negociação e abrir novos mercados de compra para os produtos

produzidos pelas comunidades da floresta. O que está inteiramente interligado com o incentivo do

manejo comunitário e uso múltiplo da floresta.

Destaca-se a atuação do presente projeto no incentivo e capacitação do manejo

comunitário e uso múltiplo da floresta, intervindo diretamente nas comunidades. Além da

capacitação dos agentes comunitários envolvidos na negociação de seus produtos através da

pesquisa de mercado descrita neste, melhorando a renda e a organização social das comunidades

envolvidas, como também promovendo a conservação dos recursos naturais.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 43: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

39

8. Bibliografia

AMARAL, P.; AMARAL, M. Manejo Florestal Comunitário: processos de aprendizagens

na Amazônia brasileira e na América Latina. 2. ed. Belém : IEB: Imazon, 2005. 82p.

AMARAL, P.; VERISSIMO, T.C.; ARAUJO, C.S.; SOUZA, H. Guia para o Manejo

Florestal Comunitário, Belém: Imazon, 2007. 75p.

BATALHA, M. O. (Coord.). Gestão Agroindustrial. GEPAI: Grupo de Estudos e

Pesquisas Agroindustriais. São Paulo: Atlas, 2001. 689 p.

CELENTANO, D.; VERISSIMO, A. A Amazônia e os Objetivos do Milênio. – Belém,

PA: Imazon, 2007.

KENNY-JORDAN, B.C; HERZ,C.; ANAZEO, M.; ANDRADE, M. Construyendo

Cambios. Desarrollo Forestal Comunitário em los Andes. Itália,1999.

LENTINI, M.; PEREIRA, D.; CELENTANO, D.; PEREIRA, R. Fatos Florestais da

Amazônia 2005. Belém: Imazon, 2005. 138 p.

MALHOTRA, N. K. Pesquisa de Marketing: Uma orientação aplicada. 3. ed. Porto

Alegre: Bookman, 2001. 719 p.

PARANAGUÁ, P.; MELO, P.; SOTTA, E. D.; VERÍSSIMO, A. Belém Sustentável.

Belém: Imazon, 2003. 112p.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 44: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

40

SHANLEY, P., Frutíferas e Plantas Úteis na Vida Amazônica. Editores: Patrícia Shanley

e Gabriel Medina. Belém: CIFOR, Imazon, 2005. 304 p.

VARIAN, H. R. Microeconomia: Princípios básicos. Rio de Janeiro: Campus, 2000. 756

p.

Sites:

http://www.priberam.pt

http://www.pg.cefetpr.br/hotel/epege/2o_epege/Artigos

http://www.ver-o-peso.fot.br/veropeso.htm

www.citybrazil.com.br/pa/belem/turismo.htm

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 45: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

41

9. Anexos

Anexo I : Questionário aplicado aos comerciantes

Anexo II: Cartilha de resultados da pesquisa realizada no ano de 2006

Anexo III: Questionário destinado aos consumidores

Anexo V: entrevista com vendedores informais

ANEXO I

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 46: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

42

Questionário de comerciantes Número do questionário: ____ Entrevistador: ____________ Local da entrevista: _______________________ Data: _____________ Sou do Imazon, um instituto de pesquisa, e estamos fazendo uma pesquisa sobre o consumo e venda de alguns produtos da floresta aqui (incluir o nome do local). Eu gostaria de saber se você poderia responder algumas perguntas?

1. Qual o nome do dono da banca ou loja? ____________________________ ( ) homem ou ( ) mulher? Qual o nome fantasia? ____________________________________________________________

Endereço da banca ou loja: ______________________________ Telefone: ___________________

O dono da banca ou loja tem telefone celular? ( ) sim ( ) não Pessoa para contato: _________________________________ (é o entrevistado? ( ) sim ( ) não)

Tipo de empresa (supermercado, sorveteria, banca, revendedor etc): ___________________________

Seu cargo: /__/ dono /__/ familiar do dono /__/ gerente /__/ empregado No ano passado, foi entrevistado /__/ a mesma pessoa /__/ alguém da mesma banca, loja ou família. /__/ não foi entrevistado, está substituindo: _____________________ (nome) _______ número:

2. Vocês trabalharam em

Ano passado Qual o subproduto que vende mais? Preço Atual Unidade Açaí Uxi Piquiá Castanha do Pará Bacuri Andiroba Copaíba Amapá Jatobá Pracaxi Pupunha Buriti Cipó titica Pau mulato Marapuama Sucuúba Cumarú 3. Caso não vende mais nenhum destes produtos da floresta, porque deixou de vender?

________________________________________________________________________________

4. Quantos produtos vocês vendem? ______________ 5. De todos estes, quantos são da floresta (mata)? _____________

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 47: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

43

6. Qual o produto que mais deu dinheiro no ano passado (no total)? ____________________ 7. Este produto deu ( ) mais ou ( ) menos da metade da renda total de sua banca ou loja? 8. Há quanto tempo o dono tem esta banca ou loja? ___________ anos 9. Quantas pessoas trabalham com você na banca ou loja? _____________ 10. O dono da banca ou loja tem ( ) caminhão, ( ) carro, ( ) moto, ( ) barco, ( ) nenhum? Perfil do respondente: 1. Quantas horas por dia você trabalha? ____________ ou das ________ ate as ___________

2. Tem mês que trabalha menos horas? ( ) não ( ) sim: quais:________________________

3. Por que você esta nesse negócio? ______________________________________________

4. Seus pais trabalharam neste mesmo negocio? ( ) Sim ( ) Não

5. Você gostaria que seus filhos (ou se tivesse filhos gostaria) trabalhassem nisso? ( ) Sim ( ) Não

6. Você é de Belém? ( )sim ( )não ou outro lugar: __________

7. Até que série você estudou? __________ série

8. Quanto tempo você leva pra chegar da sua casa ate a feira ou loja? ________ (horas:minutos)

9. Você tem casa própria? ( ) Sim ( ) Não

10. E sitio/terra? ( ) Não ( ) Sim: Planta alguma coisa la? ( ) Não ( ) Sim

Cria animais lá? ( ) Não ( ) Sim

11. Quantas pessoas moram na sua casa? ____________

12. Toda a renda destas pessoas vem desta banca ou loja? ( ) Sim

( ) Não: ( ) mais ou ( ) menos da metade?

A pergunta 13 se refere às bancas e revendedores (feiras e portos) 13. Quais são seus custos com:

R$ _______ Segurança por dia, semana, mês, ano

R$ _______ Energia e Água por dia, semana, mês, ano R$ _______ Transporte por dia, semana, mês, ano

R$ _______ Embalagens por dia, semana, mês, ano R$ _______ Taxas e Impostos por dia, semana, mês, ano

R$ _______ Empregados por dia, semana, mês, ano

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 48: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

44

14. Há um custo ou dificuldade extra em trabalhar com produtos da floresta, comparado com os

produtos agrícolas? ( )Não ( )Sim,

explique:_________________________________________

___________________________________________________________________________

___

15. Quanto dinheiro da para ganhar por mês com este negócio? R$____________ por semana ou mês

Obrigada, gostaria de entregar esta informação sobre os resultados da pequisa no ano passado ... Para o produto que mais deu dinheiro no ano passado (da floresta ou outra) e para um dos produtos em negrito que vendeu no ano passado ou atualmente, responder as seguintes questões. As informações devem se referir ao último ano (2006).

Produto: __________________ ( ) mais deu dinheiro ou ( ) produto em negrito aleatório 1. Como vende o produto (in natura, cozido, vinho, óleo, casca, etc) e os sub-produtos?

___________________________________________________________________________ 2. Qual é que mais vende (o que dá mais renda)? ______________________________ O resto das perguntas se referem ao que mais vende (resposta 2)

3. Preço de venda hoje: R$__________ por _______________ (unidade: kg, litro, etc) 4. Embalagem do produto (marcar todas as opções que se aplicam

( ) nenhuma (pular a q6) ( ) saco plástico ( ) rede (amarela) ( ) plástico mecanizado ( ) vidro ( ) garrafas de plástico ( ) paneiro ( ) lata

( ) caixa ( ) outro, qual? _______________ O produto tem rótulo? ( ) Sim ( ) Não – pular para questão 6

Informações no rótulo (datas de fabricação e validade, origem, vantagens, etc): _________ _________________________________________________________________________

5. Você vende o produto do mesmo jeito que comprou? ( ) Sim ( ) Não Caso não, o que faz com ele? ___________________ A que custo?_________________

6. De quem compra o produto? (marcar todas as opções que se aplicam): ( ) produtor ( ) atravessador (feirantes, supermercados, restaurantes, etc) ( ) é produtor

7. Onde você compra a maioria do produto (ou onde você produz)? ( ) CEASA ( ) Ver-o-Peso ( ) Outro: _____________________________________________________________

8. De que município vem o produto? _______________________

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 49: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

45

9. Quem é o responsável por trazer o produto até aqui, você ( ) ou o vendedor ( )? Quanto você paga para esse transporte? R$_________ por _________ (unidade/ veículo)

10. Você compra o produto de quantas pessoas em geral? __________ 11. Porque você compra destas pessoas e não de outros? ______________________________

_________________________________________________________________________

12. Como você verifica a qualidade do produto que esta comprando? ____________________

13. Alguém da sua família trabalha com este produto (sem ser na banca ou loja)? ( ) Não ( ) Sim: quem? ______________________ (grau de parentesco)

14. Como você paga os fornecedores na maioria das vezes?

( ) a vista ( ) consignação (devolve o produto que não vende) ( ) a prazo ( ) entrada + prazo ( ) outro, qual?____________________________________________________________

15. A quantidade do produto oferecida varia durante o ano? ( ) Não ( ) Sim → a. De que mês a que mês tem mais do seu produto (a safra)? __________________ b. Nesses meses de safra, quanto você vende?__________________por dia, semana, mês c. O produto contribui ( )toda, ( ) quase toda, ( ) mais da metade, ( ) metade,

( ) menos da metade, ou ( ) muito pouco da renda de sua banca nesta epoca de safra?

d. Durante o resto do ano, quanto você vende?__________________por dia, semana, mês

e. O produto contribui ( ) mais da metade, ( ) metade, ( ) menos da metade, ( ) muito pouco, ou ( ) nada da renda de sua banca nesta epoca de entressafra?

16. Você armazena o produto (mesmo por alguns dias)? ( ) Não ( ) Sim

Caso sim, geralmente, por quanto tempo? _______________ onde? ______________________

Usa alguma tecnica para conservar ou proteger? ( ) Não ( ) Sim: _________________ Tem que pagar? R$__________ por __________ (quantidade) e _____________ (tempo)

17. Em media, de cada 100 unidades que compra, quantos estragam e não podem ser vendido? ______

18. Qual o preço máximo e mínimo que você pagou ao fornecedor pelo produto em 2006? a) Máximo: R$___________ por ___________(kg, litro, etc) b) Mínimo: R$___________ por ___________(kg, litro, etc)

Varia mais em função da:( )qualidade ( )época: porque? ( ) safra ( ) procura,

explique:________________

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 50: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

46

( ) origem: produto de onde tem maior preço? ___________________

( ) outra? Qual:_________________________ 19. Quem compra o seu produto?

( ) consumidor final: a maioria são de ( ) classe baixa ( ) média ou ( ) alta? ( ) atravessador (feirantes, supermercados, restaurantes, etc)

20. Na média, quanto cada cliente compra por vez? _____________ 21. Quando comprando este produto, o cliente costuma sempre comprar outro produto junto,

como açai e tapioca / jambú com tucupi? ( ) Não ( ) Sim, qual?

22. Você entrega o produto na casa ou na loja do cliente ( ) ou fica por conta do cliente ( )?

Caso entregar, quanto custa esse transporte? R$_________ por _________ (unidade) 23. Há quantos anos você trabalha com este produto? _______________ anos

24. Desde que você trabalha com este produto, sua procura cresceu ou diminuiu? ( ) aumentou ( ) diminuiu ( ) constante

Caso aumentou ou diminuiu, porque você acha que a procura mudou?________________________

________________________________________________________________________________ De 0 (não tem confiança) a 5 (confia muito), qual é seu nivel de confiança nas respostas sobre quantidades compradas e vendidas? _____

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 51: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

47

ANEXO II

Resultados da

Pesquisa de Mercado de Produtos Florestais não Madeireiros

realizada no ano de 2006

Objetivo: Entendimento do mercado para produtos florestais não madeireiros

Quem? 125 vendedores e 715 consumidores responderam ao questionario

Quais produtos? Uxi, Piquiá, Castanha, Copaíba, Andiroba e Açaí

Onde? Feiras, Portos, Ervanários, Sorveterias e Supermercados de Belém

Equipe: Simone C. Bauch, Erin O. Sills, Shana Sampaio Sieber, Francy Rosy Nava, Helga de Oliviera Yamaki, e Ana Carolina C. Vieira.

-Belém 2007-

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 52: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

48

Locais visitados:

Feira do Telegrafo, Feira da 25 de setembro, Feira Ver o Peso, Feira Parque União, Feira do Açaí, Feira de São Brás, Feira da Providencia, Feira da Pedreira, Feira da 8 de maio, Porto da Palha, Porto do Açaí, Porto de Icoaraci, Mercado Vila Mosqueiro, Casa das Ervas Medicinais, Supermercado Formosa, Supermercado Nazaré, Central do Líder, Blaus Sorvetes, Ecos da Amazônia, Moinho Central, Deposito do Yamada, Sorveteria Cairu, Ponto das Ervas e Casa das Ervas.

Após as entrevistas descobrimos que

A maioria dos consumidores conhecem a Andiroba, a Copaíba, o Açaí, a Castanha do Pará e o Uxi . $$$ Sendo que o mais vendido foi o Açaí e o menos vendido foi o Uxi. $$$

Copaiba

Andiroba

Açaí

Uxi

Piquia Castanha

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Número de Fornecedores por Vendedor

Prevendo o Futuro....

A opinião da maioria dos comerciantes é: Açaí : aumentará o consumo (88%); Castanha do Pará: aumentará o consumo (86%); Andiroba: aumentará o consumo (70%);

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 53: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

49

Copaíba: aumentará o consumo(57%).

Mas alguns comerciantes acham que: Uxi: diminuirá o consumo (23%); Piquiá: diminuirá o consumo (32%);

Você sabia que existem diferentes formas de se pagar os produtos ???

Pode ser à prazo (dividido em parcelas) e a vista !

Veja como estão sendo negociados os principais produtos que vem da floresta:

A maioria dos vendedores paga: A minoria dos vendedores paga:

-Açaí: à vista (68%) -Açaí: à prazo(13%) -Castanha do Pará: à prazo (53%) -Castanha: à vista (43%) -Uxi: à vista (70%) -Uxi: à prazo (31%) -Piquiá: à prazo (65%) -Piquiá: à vista (42%) -Andiroba: à vista (70%) -Andiroba: à prazo(30%) -Copaíba: à vista (71%) -Copaíba: à prazo(29%)

OBSERVAÇÕES:

23% das pessoas que vendem açaí também são produtores !

Já a Copaiba é diferente: os vendedores compram principalmente de atrevessadores (79%) e a maioria (64%) gostariam de aumentar o numero de fornecedores. 7% vendem por consignação.

Um dado interessante é que os vendedores de Piquiá trabalham há 19 anos com a fruta já os vendedores de castanha trabalham com ela há apenas 15

anos. Isso mostra que existe uma maior experiência entre os vendedores de Piquiá.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 54: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

50

A pesquisa mostrou que 29% dos consumidores entrevistados se preocupam com o lugar de onde vem os produtos e 71% não se preocupam em saber de onde vem os produtos que eles consomem !!!!!!!

Você vendedor !

Sabe como seus clientes escolhem os produtos ??????

O uxi através da textura e pela aparência; A castanha do pará pela aparência, pelo sabor e a textura; O açaí através da aparência e pelo sabor; A copaíba pelo cheiro, aparência, validade e a confiança do vendedor; A andiroba através do cheiro e aparência. O piquiá pelo gosto e pela textura.

E os preços que seus clientes pagaram o ano passado?!

Você fez parte desse grupo ?!?!?!?!?!?!

-Açaí: R$ 3,80/l -Castanha: R$ 9,60/kg -Uxi: R$ 0,15/unidade -Piquiá: R$ 0,46/unidade -Andiroba: R$ 24,50/l -Copaíba: R$ 33,80/l

Saiba os principais municípios de origem dos produtos :

Castanha: Barcarena, Bujaru, Capitão Poço, Marabá e Moju

Copaíba: Ilha do Marajó, Tomé Açu, Tucuruí e Barcarena

Piquiá: Araçá, Barcarena, Cametá, Ilha do Marajó e Moju

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 55: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

51

Açaí: Barcarena, Acará, Ponta de Pedras, Abaitetuba, Anajás, Mauná e Marajó

Andiroba: Abaitetuba, Acará, Barcarena, Cametá e Ilha do Marajó

Uxi: Mosqueiro, Barcarena, Acará e Moju

Para maiores informações entrar em contato com o IMAZON pelo telefone (91) 3182-4026, falar com Francy Nava. Illustrações do livro Frutíferas e Plantas Úteis na Vida Amazônica, illustrado por Silvia Cordeiro e Miguel Imbiriba. Para informações sobre o livro, entrar em contato com CIFOR, (91) 4009-2677, falar com Trilby MacDonald.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 56: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

52

ANEXO III

Questionário de demanda final –Açaí Número do questionário: ___

Entrevistador: __________________________________ Data: ___________________ Local de entrevista: _____________________________ Hora: ___________________ Sou da universidade e estou fazendo uma pesquisa junto com o Imazon, um instituto de pesquisa, sobre o consumo de alguns produtos da floresta aqui (incluir o nome do local). Você poderia responder algumas perguntas? 1. Qual feira fica mais próxima a sua casa? ______________

Você acha que as condições desta feira tem melhorado nos últimos cinco anos? ( ) sim ( ) não ( ) não conhece 2. Quais produtos você consome que são da floresta?

a. _________________

b. _________________

c. _________________

d. _________________

e. _________________

f. _________________

g. _________________

h. _________________

Se não souberem responder mais de 3, sugerir: “podem ser frutas regionais, madeira, plantas medicinais...” e colocar um * em frente às respostas dadas após esta dica. 3. Você consome ( ) açai, ( ) andiroba, ( ) bacuri, ( ) castanha do Pará,

( ) copaiba, ( ) piquia, ou ( ) uxi? 4. Considerando todos os produtos da floresta que você consome, comprou das seguintes mercados pelo

menos uma vez no ano passado (2006)? Mercado Comprou ano passado

Ver-o-Peso Feira da 8 de maio 25 de setembro Mercado de Mosqueiro Feira da Pedreira Feira de São Brás Parque União Feira da Providência Feira do Telégrafo Feira do Açaí (ver-o-peso) Outras Feiras Portos (palha, açaí, icoaraci) Supermercados Lojas de Ervas Outras lojas ou quitandas De vendedores ambulantes

5. Com que produtos da floresta você gastou mais dinheiro no ano passado (2006)? a. ________________ b. ________________ c. ________________

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 57: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

53

Produto: Açaí Indicou que consome açaí? ( ) Não ( ) Sim - pular para pergunta 7 6. Caso não consome o açaí, você conhece o açaí? ( ) Sim ( ) Não - pular para pergunta 18 7. Sabe qual a origem do açaí? ( ) Não ( ) Sim, de onde vem? __________________________ 8. Para que/ como você consome o açaí (pergunte sobre todas as formas e produtos derivadas, e

indique o que mais consome com **, fazendo o resto das perguntas sobre **)?

____________________________________________________________________________ 9. Tem meses que você compra mais açaí? ( ) Não ( ) Sim, quais: __________________ 10. Nestes meses, com que freqüência você compra açaí? _______ dia/semana/mês/ano 11. E durante o resto do ano, com que freqüência você compra açaí? _______ dia/semana/mês/ano

ou, ( ) não compra 12. Qual a última vez que comprou açaí? _______________ 13. Quanto açaí você comprou da ultima vez? ___________ Unidade _________ 14. A que preço? __________ Unidade ___________ 15. Se você quisesse aqui comprar açaí, mas não tivesse, o que você faria? ( ) iria procurar em outro lugar, qual?____________________ ( ) não compraria, deixaria para outro dia ( ) compraria outro produto, qual? ____________________ 16. Como você escolhe de quem comprar açaí?_______________________ 17. Onde você geralmente compra açaí? ( ) Supermercado ( ) Quitanda ( ) Ver-o-peso ( ) Feira: Qual? ___________________ ( ) Rua (vendedor informal): Qual? ______________________________________ ( ) Ganha da família ou parentes ( ) Outro: Qual? _____________________________________ 18. Você já ouviu falar em “selo verde” ? ( )sim ( )não

Caso sim, “então já sabe que selo verde é ... Caso não, “então, selo verde é ...

uma garantia de que o produto que possui esse “selo verde” contribui para a conservação da Floresta Amazônica.”

19. Se algum açaí fosse indicado para receber o “selo verde,”mesmo se ficasse um pouco mais caro, você daria preferência para o açaí com “selo verde”? (Isto é, se tivesse uma caixa de açaí com selo verde, e outra caixa com açaí sem selo verde.) 1. não daria nenhuma preferência 2. não 3. mais ou menos 4. sim 5. com certeza

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 58: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

54

Perfil do consumidor: 20. Faça de conta que o governo federal deu uma verba de R$100.000,00 para seu município;

em sua opinião, qual deve ser a prioridade de investimentos, primeira, segunda, e terceira:

Educação Unidades de conservação e parques Rede de esgoto e tratamento de água

21. Sexo: Feminino ( ) Masculino ( ) 22. Quantos anos você tem? _________ 23. Você fez ou faz faculdade? ( )sim ( )não 24. Onde você nasceu?__________________________ 25. Você mora em Belém? ( ) Não ( ) Sim: há quanto tempo? _________ anos 26. Em que bairro de Belém você mora? _________________ 27. Você já entrou na floresta?

( ) Não ( ) Sim: quantas vezes? ( ) 1 ( ) algumas ( ) muitas ( ) morei ou trabalhei lá 28. Quantas pessoas moram em sua casa? _________________________ 29. Quantas destas pessoas têm menos de 15 anos de idade?___________ 30. Costumam comer frutas na sua casa ( ) todo dia mesmo, ( ) quase todo dia, ou

( ) outro:___________________________ 31. Qual a faixa de salário, mensal, da sua família, isto é, dos moradores da sua casa?:

( ) 0 a R$500 ( ) R$501 a R$1000 ( ) R$1000 a R$1500 ( ) R$1001 a R$2000 ( ) R$2001 a R$3000 ( ) R$ 3000 a R$4500 ( ) mais de R$4500

32. Alguém da sua família ficou desempregado nos últimos 2 anos? ( ) Não

( ) Sim: ainda esta? ( ) sim: desde quando? _________ ( ) não: por quantos meses? _________

( ) trabalhando informalmente (bico) 33. Alguém da sua família recebeu aumento de salário ou trocou emprego por um melhor nos

últimos 2 anos? ( ) Não ( ) Sim: /__/ mais ou /__/ menos do que o dobro do que ganhava antes?

Muita obrigada. Estamos repetindo esta pesquisa cada ano. Por acaso, você lembra de ter sido entrevistado com este mesmo questionário no ano passado? ( ) sim ( ) não

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com

Page 59: CONSÓRCIO COMUNIDADES & FLORESTAS: ESTUDO DE … · de lazer, violência crescente ... Sem a legalização fundiária não há estímulo para ... ambiental, economia rural e mineral,

55

8.4. Anexo IV Questionário das Quadras Aleatórias Quem: ( ) Carol ( ) Helga ( ) outro: _____________________________________ Data: Hora: Bairro: Desenhe a quadra, com nomes das 4 ruas. Indique cada local de venda de PFNMs com números (1, 2, 3, 4, ...) Sub-produto ou produto (de produto florestal) que mais vende

Tipo Produtos Florestais % Receita Qual? Preço Unidade Como compra? Enc? R$

R$

No. - da mapa Ent? S = sim, falou com alguém que trabalha no lugar, N = não, informações das placas e vizinhos Tipo (1) Supermercado (7)“Loja” de açaí (2) Farmácia (8) Quitanda/ Mercearia (3) Sorveteria (9) Casa de pessoas que vendem esses produtos (chopp, doces, bolos...) (4) Padaria (10) Lanchonete (5) Ambulante (11) Restaurante (6) Ambulante “ fixo” (12) _________________ (13) _________________ (14)___________________ ** No caso de ambulantes, indique com ** se for entre os 4 entrevistados por quadra Todos os produtos florestais que estão vendendo hoje ou que vendeu no último ano % Receita: Porcentagem ou (A) Quase tudo, (B) Mais da metade, (C) Metade, (D) Menos da metade, (E) Quase nada PF que mais vende: Qual: produto e sub-produto, por exemplo, sorvete de açai, creme de bacuri Preço da venda hoje Unidade Como compra? N = em natura, P = polpa, outro? Enc? S = sim, vende só por encomenda, N= não, tem disponível na loja Emprego: número ou (A) 1 pessoa, (B) 2 – 5 pessoas, (C) 6 – 9 pessoas, (D) 10 – 99 pessoas, (E) 100 ou mais.

PDF created with pdfFactory Pro trial version www.pdffactory.com