Considerações Sobre Autoconceito

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O que você precisa saber sobre si mesmo para conseguir lidar com os desafios da vida.

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    CONSIDERAES SOBRE AUTOCONCEITO, AUTOESTIMA E AUTOIMAGEM.

    O autoconceito constitui-se de 3 componentes:

    a) Cognitivo: so as caractersticas que a pessoa v quando olha para si mesma.

    b) Afetivo: caracterizado pelos afetos, emoes e avaliaes.

    c) Comportamental: o autoconceito influi na forma de se comportar e perceber o mundo.

    O indivduo, por volta dos 5 ou 6 anos, comea a verbalizar seus sentimentos, isto faz com que se torne possvel verificar seus julgamentos de forma mais clara. (Bee, 1977)

    Para a criana pr-escolar, as relaes sociais ocorrem no mbito familiar. medida que a criana comea a movimentar-se e freqentar outros ambientes, inclusive a escola, suas experincias sociais ampliam-se e a criana passa a ter uma compreenso maior dos tipos de relaes interpessoais (Mussen, 1970).

    Diferentes estudos analisam a relao entre o autoconceito e o rendimento dos alunos na escola, porm so poucas as pesquisas realizadas com crianas pequenas devido dificuldade de aplicar provas. Portanto, apesar de no ficar clara a relao causal entre estas duas variveis, conclui-se que existe uma relao positiva entre elas (Snchez & Escribano, 1999).

    Albuquerque e Oliveira (1999) apresentam que auto-estima um dos constituintes do autoconceito mais importantes, sendo entendida como o processo de avaliao que o indivduo faz das suas qualidades ou dos seus desempenhos. De acordo com Virtue (1998), a auto-estima um conjunto de opinies e sentimentos que uma pessoa tem sobre si mesma. Pessoas que gostam de si e respeitam suas prprias vontades so tambm geralmente respeitadas pelos demais.

    A auto-imagem e a auto-estima se transformam em todas as pessoas devido ao processo de crescimento e cada fase da vida acrescenta algo. Porm traumas ou uma auto-estima excessivamente baixa pode impedir que haja progresso do individuo. Para Bee (1977), as crianas com baixa auto-estima so

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    mais ansiosas e menos eficientes em grupo. possvel notar que um indivduo possui baixa auto-estima quando este no tem uma opinio muito favorvel sobre si, no se sente digno de respeito ou de amor e utiliza-se de um dos seguintes recursos por receio de que pelo fato de pensar e sentir-se desta forma seja rejeitado pelas pessoas (Virtue, 1998).

    1- Passividade: a pessoa no se impe e aceita ser manipulada por outras pessoas.

    2- Agressividade passiva: emitir comportamentos contrrios sua vontade.

    3- Agressividade: ameaa as pessoas para conseguir o que deseja.

    Por vezes, a criana possui uma idia do que pode desempenhar e se comporta de forma a confirmar isto. Entretanto, se no consegue, ela se pune devido ao fracasso (Bee, 1977).

    Pessoas so isoladas em nossa sociedade por diferena de raa, posio econmica, aparncia, sexo, idade, etc. Esta discriminao provoca ou refora uma viso pobre de si mesmo e observa-se que pessoas com baixa auto-estima tendem a desenvolver mais facilmente transtornos psicolgicos e fsicos (Snchez & Escribano, 1999).

    A auto-estima est correlacionada com a ocorrncia de depresso, porm no se estabelece uma relao causal, elas apenas se elevam ou se reduzem na mesma proporo (Bee, 1997).

    Segundo o mtodo psicodinmico criado por Eric Berne, chamado Roteiro de Vida ou Script, a criana pode adquirir uma viso no realista acerca de si mesma perante pais e figuras importantes e isto devero ser reavaliadas (Lima, 2003).

    Tambm se pode dizer que um autoconceito positivo contribui para que o indivduo tenha um bom desempenho social, afetivo e intelectual (Snchez & Escribano, 1999). Virtue (1998, p.30) afirma que diversos estudos chegaram concluso de que os indivduos donos de uma elevada auto-estima costumam obter sucesso em seu meio social, exercendo atrao sobre as outras pessoas e conquistando muitos amigos. Para manter uma auto-estima saudvel necessrio cuidar bem de si mesmo.

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    Estudos comprovam que, uma criana com alta auto-estima, provavelmente est inserida em um ambiente familiar favorvel, em que seus pais, tambm com um ndice alto de estima, incentivam a criana a ter opinies e tem maior aceitao e atitudes positivas em relao a seus filhos, tendo como base limites claros estabelecidos e inseridos em uma atmosfera amorosa. (Bee, 1977)

    Verifica-se que a criana vivencia a discrepncia entre o que ela gostaria de ser e aquilo que ela pensa ser. Se a discrepncia baixa a auto-estima, provavelmente, ser alta ou pode ocorrer o processo inverso, aumento da discrepncia e queda da auto-estima. Entretanto, os padres variam, pois algumas crianas podem, por exemplo, valorizar as atividades fsicas enquanto outras se dedicam a atividades acadmicas. (Bee, 1997)

    Pais e companheiros, ao dar apoio a seus filhos, no podem estar vinculando sua atitude a excelentes performances da criana em determinadas reas como, conseguir boas notas na escola, ser um atleta em destaque, pois se isto ocorrer distanciar a criana de sua realidade. (Bee, 1997)

    Albuquerque e Oliveira (1999) referem que as percepes so formadas pelas avaliaes e reforos de pessoas significativas, pelas auto-atribuies que o indivduo realiza, pelo seu comportamento e pela experincia e interpretaes do ambiente onde se insere. Acrescenta que o indivduo objeto da sua prpria observao e hierarquiza as vrias auto-imagens acerca de si e, portanto as que tm maior significado so aquelas a quem d mais importncia.

    H considervel queda da auto-estima no incio da adolescncia, este dado parece estar associado mudana de escola ou de graus. (Bee, 1997)

    Outro constituinte do autoconceito a auto-eficcia que se refere autopercepo em que o indivduo se auto-avalia como eficaz e confiante na sua capacidade para enfrentar o meio ambiente (Albuquerque & Oliveira, 1999).

    Em suma, o autoconceito compreendido como o conjunto de percepes que o indivduo tem de si prprio e se torna cada vez mais especfico e diferenciado medida que a idade avana (Albuquerque & Oliveira, 1999).

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    Apenas recentemente comeou-se a estudar a relao do autoconceito com a doena e, mais raramente, com a sade. Estudos comprovam que os doentes com perturbaes emocionais tendem a ter um autoconceito pobre. A probabilidade para desenvolver sintomas devido ao stress menor quanto melhor o autoconceito do indivduo. Em um estudo realizado em 94 mes de crianas deficientes, com idades entre os 24 e 63 anos, foi verificado que a auto-estima era a varivel principal na predio dostress (Albuquerque & Oliveira, 1999).

    MAS, O QUE AUTO-ESTIMA?

    Ter a auto-estima elevada pode fazer a diferena na vida de uma

    pessoa. Essa a afirmao que vemos em palestras, vdeos, livros e programas de televiso onde o bem-estar, a qualidade de vida e

    os relacionamentos interpessoais so enfocados. Mas o que se torna difcil de entender e quase sempre no explicitado : O que

    exatamente isso que chamamos auto-estima? O que determina uma baixa auto-estima? O que posso fazer para ter uma boa ou

    elevada auto-estima?

    Essas questes no so de fcil resposta, mas vamos tentar

    abord-las ao longo deste texto.

    O que auto-estima? Alguns autores e a maioria dos leigos diz:

    gostar de si mesmo, valorizar-se! Outros diro: ter uma opinio positiva de si mesmo, ter uma boa imagem de si. H quem defenda:

    ser confiante, acreditar em si e em sua capacidade. E se pedimos para explicarem melhor estas afirmaes e fazerem uma

    diferenciao entre amor-prprio, auto-conceito, auto-imagem, auto-confiana e auto-estima, parece difcil. Mas, vamos tentar facilitar

    isso tudo, at porque as afirmaes acima no esto erradas ao definir auto-estima, mostram-se, talvez, incompletas. Acredito ser

    uma definio mais adequada apresentarmos auto-estima como a opinio acerca de si (auto-conceito), somada ao valor ou sentimento

    que se tem de si mesmo (amor prprio, auto-valorizao), adicionado a todos os demais comportamentos e pensamentos que

    demonstrem a confiana, segurana e valor que o indivduo d a si (auto-confiana), nas relaes e interaes com outras pessoas e

    com o mundo. Ento, no estamos falando apenas de um sentimento que temos por ns mesmos. Mais que isso, estamos

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    falando de pensamentos e comportamentos que temos

    relacionados a ns mesmos.

    O que determina uma baixa auto-estima? O que fizemos ou

    fazemos para que o sentimento e as atitudes que temos conosco tornem-se to negativos ou to baixos, diminuindo-nos?

    Os estudos sobre auto-estima apontam em sua extensa maioria para influncias presentes em nossa infncia (Rosenberg, 1983 e

    Coopersmith, 1967). Coopersmith, que realizou um amplo estudo sobre auto-estima, aponta como fatores importantes na construo

    da auto-estima: a) o valor que a criana percebe dos outros em direo a si, expresso em afeto, elogios e ateno; b) a experincia

    da criana com sucessos ou fracassos; c) a definio individual da criana de sucesso e fracasso, as aspiraes e exigncias que a

    pessoa coloca a si mesma para determinar o que constitui sucesso; e, d) a forma da criana reagir a crticas ou comentrios negativos. (Gobitta & Guzzo, 2002 )

    Podemos de forma mais abrangente apontar situaes que,

    quandopresentes na vida de uma pessoa, so precipitadoras e/ou mantenedoras de uma baixa auto-estima, tais como: crticas,

    rejeies, humilhaes, abandono, desvalorizaes e perdas. Importante frisar que a construo dessa percepo negativa de si

    mesmo resultado de interaes sociais (familiares, escolares, profissionais, entre outras). Nelas a pessoa vivencia situaes onde colocada numa posio de sentir-se inferiorizada e de menor valia.

    Coopersmith(1967) afirma, ainda, que crianas no nascem preocupadas em serem boas ou ms, espertas ou estpidas,

    amveis ou no. Elas desenvolvem estas idias. Elas formam auto-

    imagens baseadas fortemente na forma como so tratadas por pessoas significantes, os pais, professores e amigos, e eu complementaria dizendo que elas tambm passam a

    se comportar, a agir consigo e com as pessoas baseadas nestas experincias.

    Ento, o que algum pode fazer para ter uma boa ou elevada auto-estima?

    Comecemos com orientaes de Coopersmith, para as crianas e os pais:

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    a) experimentar uma total aceitao de seus pensamentos, sentimentos e valores pessoais;

    b) estar inserida num contexto com limites claramente definidos,

    desde que sejam justos e no opressores;

    c) os pais no usarem de autoritarismo e violncia para controlar e

    manipular a criana, bem como no humilhar, nem a ridicularizar; e,

    d)os pais devem apresentar um alto nvel de auto-estima, pois eles

    so exemplos vivos do que a criana precisa aprender. (Gobitta & Guzzo, 2002 )

    Complemento com dicas que servem a todos:

    1) buscar o autoconhecimento, pois ele permite entender e

    identificar o que acontece que te faz sentir-se menos valorizado. Ou seja, quais fatos ocorreram (ou ocorrem) em sua vida que geram

    sentimentos de impotncia, tristeza, ansiedade e/ou menos valia;

    2) A partir desse levantamento do fato ou dos fatos, encontrar

    maneiras alternativas de agir naquela situao, para no ser tomado pelos sentimentos. Um exemplo seria a pessoa descobrir

    seus pontos fracos e saber que ela poder ser criticada por eles, e assim agir sobre eles fazendo cursos, aprendendo com outros ou

    exercitando mais aquela habilidade;

    3) Identificar suas qualidades no apenas os defeitos, isso facilita o

    engajamento em tarefas onde suas caractersticas positivas possam ser realadas, o que nos leva ao prximo item;

    4) Engajar-se em atividades mais prazeirosas ou onde se tem um bom desempenho e se valorizado. Assim, fortalece-se a auto-

    estima, no pela superao de um problema, mas pelo aumento de atividades que produzam coisas boas si e validem o que se e o

    que se faz;

    5) Valorizar a si mesmo e sua individualidade empenhando-se em

    atividades que lhe tragam felicidade, seja cuidar de forma fsica (melhor auto-imagem), danar, ler um bom livro, permitir-se ser

    cuidado, amado e sentir-se especial.

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    Os benefcios para si tanto na vida pessoal, relacionamento

    afetivos, familiares, quanto na vida profissional so grandes. Lembre-se de quem deve ser a pessoa mais especial e importante

    no mundo, voc!

    Palavras-chave: auto-estima, auto-conceito, auto-imagem

    Referncias: Coopersmith, S. (1967). The antecedents of self-esteem.San

    Francisco: Freeman Gobitta, M. and Guzzo, R. S. L. (2002) Estudo inicial do inventrio

    de Auto-Estima (SEI): Forma A. Psicologia Reflexo Critica , vol.15, no.1

    Rosenberg, M. (1979). Conceiving the self. New York: Basic Books.