Conselho Técnico das Profissões de Diagnóstico e ... · Imuno-Hemoterapia Fernando Zorro...

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Conselho Técnico Anatomia Patológica José Ferreira Audiologia Isabel Rosa Cardiopneumologia Lurdes Simões Farmácia Mª João Coelho Fisioterapia Luísa Ventura Imuno-Hemoterapia Fernando Zorro Neurofisiologia Ortoprotesia Conceição Cardoso Ortóptica Sónia Ferreira Patologia Clínica Ana Canas Radiologia Cristina Almeida Saúde Ambiental Pedro Rosa Terapia da Fala António Carvalhal Terapia Ocupacional Alexandra Quintas Comissão Redatorial Ana Silva Bruno Rodrigues Gil Nunes Juliana Teixeira Marta Marques Sérgio Alves Julho 2016 Semestral Vol. 3, Edição 1 Conselho Técnico das Profissões de Diagnóstico e Terapêutica Newsletter Entrevista de interesse aos TDT’s — Coordenador do Fórum das Tecnologias da Saúde O que é o Fórum das Tecnologias da Saúde? O Fórum das Tecnologias da Saúde (FTS) é uma organização, supra associativa, que integra atualmente 15 Associações Profissionais, que se rege por uma carta de princípios e que tem como objetivo a reflexão sobre questões rela- cionadas com as profissões no contexto do sis- tema de saúde. Nos últimos anos tem-se consti- tuído como o motor para criar a Ordem Profis- sional, tendo apresentado o projeto, na Assem- bleia da República, durante a última legislatura. Para que serve uma Ordem Profissional na área da Saúde? A Ordem, de acordo com a Lei 2/2013 de 10 de Janeiro é um instrumento de regula- ção das profissões, uma associação de direito público, em quem o estado delega os poderes de regulação, prosseguindo um interesse público que o estado não possa/ deva assegurar, o que tem sido manifestamente o caso das nossas profissões. É uma associação representativa das profissões que devam ser sujeitas, cumulativamente, ao controlo do respetivo acesso e exercício, à elaboração de normas técnicas e de princípios e regras deontológicos específicos e a um regime disciplinar autónomo, por imperativo de tutela do interesse público prosseguido. A designação de Ordem atribui-se às profissões que, para o exercício das atividades profissões, tenham com habilitação mínima a licenciatura. Em suma por um lado a Ordem serve para defen- der os cidadãos ao ser uma organização que zela pelo cumprimento dos deveres que as profissões têm perante a Sociedade. Em que ponto situação de encontra o projeto da Ordem dos Técnicos de Saúde? Como foi referido anteriormente o FTS entregou, a todos os grupos parlamentares, a proposta de criação da Ordem, durante a última legislatura. No cumprimento da lei, foi produzido um estudo pelo Centro de Direito Biomédico da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, que fundamentou o interesse público. Foi possível fazer um trabalho de divulgação e fundamentação do projeto que culminou com uma abrangente concordância sobre a necessidade de avançar, mas por motivos vários durante a anterior legislatura não foi possível operacionalizar. Importa aqui realçar o reconhecimento, por parte do poder politico, do trabalho desenvolvido pelo FTS.

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Conselho Técnico

Anatomia Patológica

José Ferreira

Audiologia

Isabel Rosa

Cardiopneumologia

Lurdes Simões

Farmácia

Mª João Coelho

Fisioterapia

Luísa Ventura

Imuno-Hemoterapia

Fernando Zorro

Neurofisiologia

Ortoprotesia

Conceição Cardoso

Ortóptica

Sónia Ferreira

Patologia Clínica

Ana Canas

Radiologia

Cristina Almeida

Saúde Ambiental

Pedro Rosa

Terapia da Fala

António Carvalhal

Terapia Ocupacional

Alexandra Quintas

Comissão Redatorial

Ana Silva

Bruno Rodrigues

Gil Nunes

Juliana Teixeira

Marta Marques

Sérgio Alves

Julho 2016 Semestral

Vol. 3, Edição 1

Conselho Técnico das Profissões

de Diagnóstico e Terapêutica

Newsletter

Entrevista de interesse aos TDT’s — Coordenador do Fórum das Tecnologias da Saúde

O que é o Fórum das Tecnologias da Saúde?

O Fórum das Tecnologias da Saúde (FTS) é uma organização, supra associativa, que integra atualmente 15 Associações Profissionais, que se rege por uma carta de princípios e que tem como objetivo a reflexão sobre questões rela-cionadas com as profissões no contexto do sis-tema de saúde. Nos últimos anos tem-se consti-tuído como o motor para criar a Ordem Profis-sional, tendo apresentado o projeto, na Assem-bleia da República, durante a última legislatura.

Para que serve uma Ordem Profissional na área da Saúde?

A Ordem, de acordo com a Lei 2/2013 de 10 de Janeiro é um instrumento de regula-ção das profissões, uma associação de direito público, em quem o estado delega os poderes de regulação, prosseguindo um interesse público que o estado não possa/deva assegurar, o que tem sido manifestamente o caso das nossas profissões. É uma associação representativa das profissões que devam ser sujeitas, cumulativamente, ao controlo do respetivo acesso e exercício, à elaboração de normas técnicas e de princípios e regras deontológicos específicos e a um regime disciplinar autónomo, por imperativo de tutela do interesse público prosseguido. A designação de Ordem atribui-se às profissões que, para o exercício das atividades profissões, tenham com habilitação mínima a licenciatura. Em suma por um lado a Ordem serve para defen-der os cidadãos ao ser uma organização que zela pelo cumprimento dos deveres que as profissões têm perante a Sociedade.

Em que ponto situação de encontra o projeto da Ordem dos Técnicos de Saúde?

Como foi referido anteriormente o FTS entregou, a todos os grupos parlamentares, a proposta de criação da Ordem, durante a última legislatura. No cumprimento da lei, foi produzido um estudo pelo Centro de Direito Biomédico da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, que fundamentou o interesse público. Foi possível fazer um trabalho de divulgação e fundamentação do projeto que culminou com

uma abrangente concordância sobre a necessidade de avançar, mas por motivos

vários durante a anterior legislatura não foi possível operacionalizar. Importa aqui realçar o reconhecimento, por parte do poder politico, do trabalho desenvolvido pelo FTS.

Curiosidade — Do Provador de Urina ao Técnico Análises Clínicas e Saúde Pública (ACSP)

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Na atual legislatura o FTS deu início ao contacto com os diferentes partidos, com a Comissão Parlamentar do Trabalho e Segurança Social, com a Comissão Parlamentar de Saúde, com o Ministério da Saúde e com a Administração Central do Sistema de Saúde.

Consideramos, após os contactos já estabelecidos e das reflexões produzidas, que existe um momento político muito favorável ao avanço do projeto, a que estamos a dar máxima prioridade.

Realça-se que este é um processo das profissões e dos profissionais e não somente da Associações Profis-sionais.

Como vai funcionar a regulação da profissão numa Ordem que representa várias profissões?

Da mesma forma que noutra Ordem qualquer. Ou antes, esperamos que funcione melhor. O modelo pre-conizado é no nosso entendimento um modelo que promove uma reflexão integrada e da qual surgirão decisões mais ponderadas e relevantes para o sistema. A Ordem organiza-se de acordo as estruturas pre-conizadas na Lei e baseia a sua organização interna em Colégios de Profissão. Competirá a estes Colégios definir as regras de acesso a cada profissão, as regras deontológicas, o desenvolvimento das profissões, bem como garantir o cumprimento dos deveres perante a Sociedade.

Quem irá beneficiar mais com a criação da Ordem de Técnicos de Saúde?

O cidadão, por passar a haver uma organização que terá capacidade de intervenção sobre o exercício ile-gal e inqualificado com usurpação de funções, protegendo também os jovens profissionais. As profissões que podem ver ataques blindados alguns ataques. A existência de uma organização com outro poder que não existe hoje, trazendo uma maior capacidade de intervenção e colocando em paridade as nossas pro-fissões como outras profissões da saúde. Passa a existir um interlocutor nas políticas de saúde. Por último o sistema de saúde poderá beneficiar de um modelo de organização arrojado, que rompe com a tradição de poderes demasiado centrados sobre si próprio e menos preocupados com uma visão integrada e parti-lhada, colocando definitivamente o cidadão no centro do sistema e das decisões.

João José Joaquim Coordenador do Fórum das Tecnologias da Saúde

No livro que escreveu sobre Os Intelectuais na Idade Média, Jacques le Goff assinala a existência, na Europa do século XIV, de

... cirurgiões de veste comprida, que possuem os graus de bacharel ou licenciado, ... [e] barbeiros, que fazem o mesmo papel e se dedicam à pequena cirurgia, vendem unguentos e tisanas, sangram, curam feridas e corcundas, e abrem abces-sos.

Não era só a igreja que impedia os médicos de estudarem nos cadáveres. Os próprios médicos não estavam interessa-dos. Trata-se de uma divisão antiga. No juramento de Hipó-crates (460 - 377 a.C.) afirmava-se:

Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirma-do; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam.

No século XIX ainda o 'mestre' atravessava a enfermaria sem tocar nos doentes, recorreria, ao exame feito por algum ajudante ou discípulo.

Em 1628, William Harvey, ao publicar Exercitatio Anatomica de Motu Cordis et Sanguinis, onde estudava e descrevia com exactidão a anatomia e a fisiologia do aparelho circulatório e da circulação sanguínea, escreveu:

I profess to learn and teach anatomy not from books but from dissections; not from the tenets of philoso-phers but from the fabric of Nature.

A humildade de Galileu era cultivada por um grupo dentro da medicina: os "barbeiros" de Jacques le Goff. Vinda da Antiguidade, a teoria dos humores atribuía a doença a uma perturbação do equilíbrio daqueles (sangue, fleuma, bílis amarela e bílis negra). A urina era um compósito dos humores e, nessa medida, "contava" a história daquilo que acontecia no interior invisível do doente. Com quase nenhuns meios a que recorrer, os "práticos" faziam o que podiam: a urina era agitada, aquecida, cheirada e provada.

Não havendo quase mais nada com que tentar perceber a doença, o exagero era inevitável. Em alguns textos da Idade Média descrevem-se vinte tons diferentes da urina humana, cada um com um significado particular. A associação entre diabetes e a excreção de grandes quantidades de urina (ou poliúria) foi feita na Antiguidade. Mil anos antes de Harvey, em 600 a.C., um médico indiano registou que a urina dos diabé-ticos era doce. Outros anotaram que tinha "um sabor semelhante ao mel". Esta descrição continua válida nos nossos dias, ainda que o "teste do sabor" já se não pratique.

Hoje a prática médica baseia-se na "evidência", isto é, confia mais nas observações e nos resultados do que em teorias subtis e vagas.

O provador de urinas, que tocava nas imundícies dos doentes e as avaliava e media, humilde e observa-

dor, foi um precursor da medicina moderna.

Marta Marques Comissão Redatorial da NCT

Referências bibliográficas: Redação Diabeticool. Disponível em: <http://www.diabeticool.com/a-historia-do-diabetes-parte-1-da-antiguidade-ao-seculo-xix/> Luís Teixeira, O laboratório clínico em polaroids. Disponível em: <http://oprovadordeurinas.blogspot.pt/p/o-provador-de-urinas.html>

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A introdução do Acesso Livre ao Conhecimento é o verdadei-ro marco do início do século XXI.

Graças ao avanço das tecnologias de informação e de comu-nicação científica, a partir de 2002 assistiu-se a um aumento significativo de repositórios institucionais, permitindo o aces-so livre e gratuito à produção científica, tanto no que respei-ta à publicação de artigos em revistas, sujeitas ou não ao processo de “peer review” (revisão por pares), como a disser-tações, palestras, teses, relatórios técnicos, entre outros.

A nível internacional desenvolveram-se várias iniciativas e projetos de promoção do Acesso Livre (Open Acess) à literatura científica.

As Bibliotecas do CHLC quiseram fazer parte deste conjunto de iniciativas e em 2011 criaram o Repositório do Centro Hospitalar de Lisboa Central (http://repositorio.chlc.min-saude.pt/). Este repositório visa pro-mover em formato digital a divulgação científica produzida pelos seus profissionais. Tem como objetivos recolher, centralizar, preservar e disponibilizar em livre acesso todo o conhecimento produzido, de modo a dar maior visibilidade e impacto à investigação desenvolvida em termos institucionais.

Todos os profissionais podem enviar os seus diversos trabalhos (artigos, posters, comunicações, relató-rios) para uma das Bibliotecas para que sejam incluídos no Repositório Digital. Deste modo, podemos aumentar a visibilidade da instituição e dos que nela trabalham, servindo como indicador da sua qualida-de e da relevância científica, económica e social das suas atividades, aumentar o impacto do output inte-lectual do CHLC e preservar a sua memória intelectual.

A implementação e o sucesso deste Repositório Institucional Digital depende de todos nós, por isso a cola-boração de todos os serviços na recolha da documentação (inclusive a que não se encontra em formato digital) é muito importante. É uma mais-valia que deve ser aproveitada ao máximo!

Curiosidades…

Ana Quininha Responsável das Bibliotecas Hospital S. José/Maternidade Dr. Alfredo da Costa

Assuntos transversais e gerais do CHLC — O Repositório Científico do Centro Hos-pitalar de Lisboa Central

Nota: Dados visualizados em 25/07/2016.

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Entrevista a um TDT do CHLC — O Técnico de Radiologia na abordagem ao paciente de "Via Verde AVC" (TC e Angiografia)

O paciente de "via verde" requer uma atenção urgente, especializada e multidisciplinar. Quais são os procedimentos que são realizados neste tipo de paciente na sala de Tomografia Computorizada (TC)?

Quando temos conhecimento da vinda de um paciente para a sala de TC no contexto de via verde AVC, inicia-se um processo de gestão de tempo que inclui o momento previsível de chegada desse paciente e que pode ser imediato, a reorganização da realização de todos os outros exames de TC a pacientes vindos do internamento, urgência, emergência e ainda externos ou de consulta.

Com a chegada do paciente de via verde AVC, iniciam-se as condições de acolhimento, de forma célere e

eficaz.

Equipamento de TC disponível, conhecimento do protocolo de aquisição de exame que assegure uma efi-

ciente resposta imagiológica e de intervenção de manuseamento do injetor automático para administra-

ção de contraste iodado intravenoso (IV), em segurança.

Depois temos que conciliar todos os procedimentos com a interposição de pelo menos dois tripulantes que transportam o paciente, o neurologista que tem que obter uma informação fidedigna do tempo de instalação deste quadro (inferior a 4h), avaliar os sinais vitais e quantificar sumariamente o exame neuro-lógico através da escala de NIHSS (National Institute of Health Stroke Scale); o enfermeiro da unidade de AVC que acompanha esta avaliação e viabiliza um acesso venoso cubital (18G), faz colheita de sangue para avaliação analítica e mantem a permeabilidade do vaso que ao Técnico de Radiologia é fundamental para a administração de contraste iodado.

O neurorradiologista, que interage com o Neurologista neste processo e que interpreta as imagens de TC de crânio sem contraste e da Angio-TC dos vasos supra aórticos e o Assistente Operacional da sala de TC que colabora na mobilização e estabilização do paciente. Todos com funções de resposta imediata que têm que atuar em simultâneo.

Ao técnico de Radiologia, cabe o papel essencial de assegurar ao mesmo tempo o conforto do paciente na mesa de exame e a sua simetria, transmitir segurança, manter um diálogo sempre que possível, para con-firmar o nome e a idade e assegurar que não existam impedimento à administração de contraste iodado. Depois adapta o prolongamento do injetor ao acesso IV e dar início ao exame de TC.

A expectativa é grande e os olhares cruzam-se entre o paciente e a imagem.

A TC de crânio é feita com cortes contíguos, transversais em modo axial, pretendendo ter uma primeira análise de exclusão de AVC hemorrágico. Confirmada a clinica e na presença direta ou indireta do AVC isquémico em fase aguda, segue-se a Angio-TC com a intenção de uma boa avaliação da morfologia e cali-bre dos vasos e a quantificação de um eventual grau de estenose, através do preenchimento arterial do produto de contraste iodado não iónico na quantidade de 75ml e um fluxo de 4 ml/s, com controlo da técnica de smart prep para início da aquisição de imagem.

O resultado destes exames permitem a tomada de decisões terapêuticas rápidas para que sejam minora-dos os eventuais défices no paciente e se encontre e trate de imediato a causa que conduziu a este qua-dro, sempre que clinicamente possível.

Por fim e depois da atuação da equipa multidisciplinar, será feito o encaminhamento do paciente.

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O Técnico de Radiologia tem um papel importante na abordagem do paciente de "via verde". Quais são os fatores e competências mais essenciais que este deve ter na realização de exames de TC neste con-texto? Para além de tudo o que já foi dito, é muito importante que a imagem de TC tenha uma boa acuidade diagnóstica. Para isso é essencial ter conhecimentos que ultrapassam os fatores técnicos de um protocolo de TC de crânio e de Angio-TC dos vasos supra aórticos.

O acidente vascular cerebral isquémico (AVCI) está relacionado com a oclusão de um vaso sanguíneo que interrompe o fluxo de sangue a uma região específica intracerebral, conduzindo à disfunção cerebral cor-respondente à região lesada.

O AVCI, pode ser lacunar, trombótico ou embólico.

Não referindo exaustivamente toda a informação que é passível ser dada através da TC de crânio sem con-traste, saliento contudo que neste contexto a TC tem uma boa sensibilidade e especificidade na avaliação de sinais precoces de isquémica cerebral relativamente a outros possíveis diagnósticos.

Neste âmbito, a TC permite distinguir de forma efetiva o AVC isquémico e o AVC hemorrágico, evidencia o sinal da artéria hiperdensa uma vez que os coágulos que conduzem a uma obstrução da artéria têm maior absorção em TC do que o sangue em circulação, sendo mais frequente na artéria cerebral média (ACM) e o edema cerebral difuso que é visivel em TC pelo apagamento dos sulcos corticais.

Tomando como exemplo o território da ACM, a sua avaliação pode ser feita em regiões intracranianas, através da aplicação da escala de SCORE ASPECTS.

A visualização das imagens em TC é sempre global e é util utilizar a chamada janela do AVC, que corresponde à utilização de 45UH, para avaliação de todos os territórios cerebrais, mas centrando-me na lesão da ACM, o destaque na observação do exame acenta fundamentalmente em 2 imagens na TC de crânio, ao nível do tálamo e dos núcleos da base. Aí procuram-se regiões de hipodensidade precoce. Uma TC normal tem um score de 10. Um score zero, indica isquemia difusa neste território da ACM.

Posteriormente realiza-se a Angio-TC e comprova-se a zona de estenose e o baixo fluxo vascular a uma determinada região cerebral.

A tentativa de minorar os possíveis déficites em qualquer território vascular cerebral, inclui o tratamento através de trombólise desde que seja viável iniciar a infusão IV do rt-PA nas 3/4 horas seguintes ao início dos sintomas e não exista nenhum critério de exclusão, como por exemplo algum evento de hemorragia cerebral.

Depois de analisadas as imagens de Angio-TC e sempre que aplicável, é feito o encaminhamento do

paciente para a Unidade de Angiografia para a realização de terapia intra-arterial em vasos ocluídos atra-

vés da realização de embolectomia mecânica ou realização de angioplastia.

Em todos os pacientes será realizada uma TC de controle em 24 horas para avaliar extensão da hipodensi-

dade da lesão.

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Em alguns casos, o paciente de "via verde" é encaminhada após diagnóstico realizado na sala de TC para consequente intervenção na sala de Angiografia. Quando é que este procedimento é efetuado e em que é que este consiste?

O doente da Via Verde do AVC é encaminhado para a sala de angiografia para repermeabilização do vaso arterial ocluído.

Indicações para a intervenção endovascular:

- Fase aguda do tratamento do AVC isquémico até às 6 horas após o início dos sintomas, em doentes com oclusão dos grandes vasos

- Nos casos em que há contra indicações para a trombólise endovenosa (doente hipocoagulado ou com antecedentes de cirurgia recente)

- AVC ao acordar

- Nos casos de oclusão da artéria basilar a “janela terapêutica” pode ir até às 8/12 horas.

O procedimento é efetuado através de trombectomia mecânica com stentrievers ou trombectomia aspira-tiva. Em casos específicos de disseções ou estenose pré oclusiva, poderá realizar-se angioplastia mecânica com balão e/ou colocação de stent.

A trombectomia mecânica ou aspirativa consiste na remoção do trombo endoluminal que oclui parcial ou totalmente um vaso arterial cervical (artéria carótida ou artéria vertebral) ou um vaso intracraniano. O procedimento é realizado sob fluoroscopia, identificando-se inicialmente o local de oclusão e os vasos colaterais. Na trombectomia mecânica liberta-se o stent que envolve o trombo, sendo este posteriormen-te removido com o trombo. Na trombectomia aspirativa, coloca-se a extremidade distal do cateter na região proximal do trombo e aspira-se, utilizando um sistema de pressão negativa. Ambas as técnicas são eficazes, dependentes do operador e deverão ser escolhidas conforme as características do trombo ou mesmo o material disponível.

No caso de trombos distais pode efetuar-se trombólise intra arterial com rTPA.

O Técnico de Radiologia na sala de angiografia encontra-se inserido numa equipa multidisciplinar em que cada profissional contribui com o seu know-how para o tratamento do paciente. Considera que as competências sociais e relacionais são - para além das competências teóricas e práticas - importantes neste contexto? E que outros fatores são importantes no seu desempenho numa sala de angiografia?

Na sala de angiografia o técnico de radiologia encontra-se inserido numa equipa multidisciplinar composta por médico neurorradiologista, anestesista e enfermeiros em que cada profissional contribui com o seu know how para que o procedimento seja rápido e eficaz. As competências sociais ou soft skills são muito importantes pois é necessário ao mesmo tempo conhecer o seu lugar e trabalhar em equipa. No caso específico da Via Verde do AVC em contexto de prevenção, o técnico de radiologia tem muitas vezes de dar o material necessário para o procedimento (competências técnicas) pois na maior parte das situa-ções o enfermeiro tem de dar apoio ao médico anestesista e isto é feito sem ferir suscetibilidades, ou seja verdadeiro trabalho de equipa.

Paula Madeira TDT Radiologia - TC Margarida Monteiro TDT Radiologia - Angiografia