CONNELL. a Iminente Revolução Na Teoria Social

3
CONNELL, R. A iminente revolução na teoria social. RBCS, v. 27 (80): 9-20, 2012. O que é teoria? “Teoria é o trabalho que o centro faz.” (p. 9) Teoria implica o Formação de conceitos o Construção de argumentos o Definição e desenvolvimento de métodos (p. 9) Teoria é algo mais amplo, que organiza o processo de produção do conhecimento, tal como sua divisão social de trabalho: o “[...] na maioria dos campos de saber, há uma força de trabalho maior e mais complexa, e uma detalhada divisão social de trabalho relacionada à produção de conhecimento. Há tarefas organizativas e gerenciais nessa divisão do trabalho, as quais são realizadas [...] pela teoria.” (p. 9) Segundo Paulin Hountondji, esta divisão sempre foi de dimensão geopolítica: o Nas periferias globais se coletam os dados, mas a produção é nas metrópoles (imperial center) (p. 9-10) o “Na Austrália ou no Brasil, nós não citamos Foucault, Bourdieu, Giddens, Beck, Habermas etc. porque eles conhecem algo mais profundo e poderoso sobre nossas sociedades. Eles não sabem nada sobre nossas sociedades. Nós os citamos repetidas vezes porque suas ideias e abordagens tornaram-se os paradigmas mais importantes nas instituições de conhecimento da metrópole – e porque nossas instituições de conhecimento são estruturadas para receber instruções da metrópole.” (p. 10) A estrutura geopolítica do pensamento sociológico “A construção de conceitos nas ciências sociais sempre envolve uma reificação da experiência social. Dizer isso não é uma crítica em si; algum tipo de reificação é

description

Fichamento

Transcript of CONNELL. a Iminente Revolução Na Teoria Social

CONNELL, R. A iminente revoluo na teoria social. RBCS, v. 27 (80): 9-20, 2012.

O que teoria?

Teoria o trabalho que o centro faz. (p. 9) Teoria implica Formao de conceitos Construo de argumentos Definio e desenvolvimento de mtodos (p. 9) Teoria algo mais amplo, que organiza o processo de produo do conhecimento, tal como sua diviso social de trabalho: [...] na maioria dos campos de saber, h uma fora de trabalho maior e mais complexa, e uma detalhada diviso social de trabalho relacionada produo de conhecimento. H tarefas organizativas e gerenciais nessa diviso do trabalho, as quais so realizadas [...] pela teoria. (p. 9) Segundo Paulin Hountondji, esta diviso sempre foi de dimenso geopoltica: Nas periferias globais se coletam os dados, mas a produo nas metrpoles (imperial center) (p. 9-10) Na Austrlia ou no Brasil, ns no citamos Foucault, Bourdieu, Giddens, Beck, Habermas etc. porque eles conhecem algo mais profundo e poderoso sobre nossas sociedades. Eles no sabem nada sobre nossas sociedades. Ns os citamos repetidas vezes porque suas ideias e abordagens tornaram-se os paradigmas mais importantes nas instituies de conhecimento da metrpole e porque nossas instituies de conhecimento so estruturadas para receber instrues da metrpole. (p. 10)

A estrutura geopoltica do pensamento sociolgico

A construo de conceitos nas cincias sociais sempre envolve uma reificao da experincia social. Dizer isso no uma crtica em si; algum tipo de reificao necessrio para se ir alm da situao imediata e concreta, para podermos falar sobre outras situaes. Mas colocar isso dessa maneira imediatamente provoca a seguinte questo: que experincia social est sendo reificada, e mais especificamente, experincia social de quem? (p. 10)

O encontro colonial como o ponto crucial para a teoria social

Encontro colonial: No apenas conquista ou controle indireto Constituio da sociedade colonial Transformao de relaes sociais sob o poder colonial Lutas pela descolonizao Instalao de novas relaes de dependncia Lutas para aprofundar ou desafiar a dependncia (p. 11) O pensamento social emergido da experincia do encontro colonial denominado por Connell como Southern Theory (p. 12) Desafios do da teorizao a partir do encontro colonial: 1 escala, extenso e impacto social da violncia mundo afora 2 reelaborao dos enquadramentos de causalidade social e temporalidade A teoria social europeia pressups uma sucesso inteligvel de formas sociais em tempo contnuo A colonizao cria o tempo descontnuo 3 o encontro colonial foi ontoformativo Criou realidades sociais que no existiam anteriormente Estruturas de gnero e de classe so criadas sob condies nicas no mundo colonial, e no simplesmente importadas ou modificadas. Sempre que mencionamos o outro componente das anlises interseccionais atuais raa , estamos diante de uma das mais fundamentais criaes do colonialismo, pois conceitos modernos de raa so precisamente um produto tardio do Imprio. (p. 12) As intelligentsias no mundo colonizado, so diferentes das metropolitanas As instituies acadmicas so menos importantes que os movimentos sociais

Mudando o contedo da teoria

-

Refazendo o processo

Connell define teoria como uma forma de trabalho, de modo a tornar o conhecimento relacionado ao ser social que o produz: Eu defini teoria como uma forma de trabalho intelectual, em especial a parte diretiva do processo de produo na formao de conhecimento. Isso liga a compreenso da teoria ao ser social dos trabalhadores intelectuais que executam esse trabalho, s suas condies industriais e s prticas nos locais de trabalho. (p. 15)

A necessidade de cincias sociais e a urgncia da teoria

Para o neoliberalismo s h uma cincia social que tem como funo pesquisa de mercado e descobrir como gerenciar e controlar os grupos que so falha de mercado Connell v outras possibilidades para as cincias sociais Fazer crticas s estruturas de poder Fazer circular ideias sobre novas possibilidades sociais