CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS€¦ · Alfabetização e Letramento nos anos iniciais do ensino...
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
CONHECIMENTOS
ESPECÍFICOS SUMÁRIO:
1. Alfabetização e Letramento nos anos iniciais do ensino fundamental...........................3
2. Abordagens psicológicas do desenvolvimento e aprendizagem.....................................4
3. Ciclos de aprendizagem, avaliação qualitativa, portfólios de aprendizagem.................5
4. Trabalho pedagógico por meio de projetos.....................................................................6
5. Avaliação nos primeiros anos do Ensino Fundamental..................................................8
6. Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs): ferramentas e recursos de ensino e
aprendizagem..................................................................................................................9
7. Fundamentos da educação: principais teóricos.............................................................10
8. Dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita...................................................12
9. Ensino e aprendizagem de conhecimentos da Matemática...........................................15
10. Aspectos sociais e afetivos da aprendizagem...............................................................25
11. Temas transversais (PCNs): Orientação Sexual na Escola, Ensino e Aprendizagem na
perspectiva da Pluralidade Cultural e Educação Ambiental nos anos iniciais do Ensino
Fundamental..................................................................................................................28
12. Interdisciplinaridade.....................................................................................................29
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
1. ALFABETIZAR LETRANDO NOS ANOS
INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL
A alfabetização e letramento são processos que es-
tão em construção a todo momento na vida de uma cri-
ança ou adulto, isso porque a prática da leitura e escrita
torna-os cada vez mais aptos a esse exercício. Entretanto,
um sujeito alfabetizado nem sempre é um sujeito letrado,
isso porque o ato de alfabetizar é a habilidade de ler e
escrever de maneira coerente, já o letramento está relaci-
onado com a prática da leitura e escrita conforme seu
contexto social. Acontece que nem sempre o hábito de
ler e escrever é incentivado pela escola/educadores e en-
tão formam-se sujeitos apenas alfabetizados, mas não se
constituem como sujeitos que praticam o letramento.
O processo de alfabetizar letrando nos Anos Iniciais
do Ensino Fundamental, evolve mais do que aprender a
ler e escrever porém executar esses processos como uma
prática social, em seu dia a dia, sendo o letramento nesse
sentido o “resultado da ação de ensinar e aprender as
práticas sociais de leitura e escrita” (SOARES, 2003,
p.39).
Um sujeito letrado compreende a importância dessa
prática em seu meio social e tem domínio sob a leitura e
escrita, ou seja, é um sujeito que utiliza a leitura e escrita
como uma prática social. Para que os educandos dos
Anos Iniciais do Ensino Fundamental compreendam a
leitura e a escrita em seu contexto social, é importante
que a escola, os educadores, os pais, a sociedade em ge-
ral faça parte da aquisição desse processo.
Primeiramente observa-se que a sala do primeiro
ano precisa ser um ambiente alfabetizador, organizado
com diversas atividades que os próprios alunos desen-
volvem, além de livros infantis, jornais, revistas, folders,
cartazes, textos e histórias diversificadas. Ferreiro afir-
ma:
Em cada classe de alfabetização deve haver um
“canto ou área de leitura” onde se encontrem não só li-
vros bem editados e ilustrados, como qualquer tipo de
material que contenha a escrita (jornais, revistas, dicio-
nário, folhetos, embalagens e rótulos comerciais, recei-
tas, embalagens de medicamentos etc.) Quanto mais va-
riado esse material, mais adequado para realizar diversas
atividades de exploração, classificação, busca de seme-
lhanças e diferenças e para que o professor, ao lê-los em
voz alta, de informações sobre “o que se pode esperar de
um texto” em função da categorização do objeto que vei-
cula. A variedade de materiais não é só recomendável
(melhor dizendo, indispensável) no meio rural, mas em
qualquer lugar onde se realize uma ação alfabetizadora
(1993, p.33).
É importante, também, que o ambiente do primeiro
ano possa oferecer ludicidade, brinquedos, jogos de mo-
do que a aprendizagem seja significativa. A criança do
primeiro ano depara-se com inúmeras grafias, letras, pa-
lavras e se a alfabetização for proporcionada de maneira
lúdica os instigará a aprender de maneira que a leitura e
escrita seja algo prazeroso para ela. A Professora Paula,
educadora (pré de 4a) diz: “O lúdico é muito importante
como estratégia de trabalho para o desenvolvimento de
conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais na
formação da criança.”
A escola é o principal ambiente que alfabetiza as
crianças, é quem ensina de fato a habilidade de ler e es-
crever, entretanto é na sociedade que alfabetização se
concretiza. Por isso, é importante que as crianças perce-
bam que o ato de ler e escrever não é para a escola, mas
sim para que cada sujeito possa inserir-se na realidade,
como uma garantia de existência na sociedade em que
vivem. Daí a importância de o educador mostrar que a
alfabetização encontra-se nos rádios, na TV, nos jornais,
nas revistas, nas ruas, no local onde vivem, e possibilitar
que outras pessoas falem sobre sua profissão ou contam
uma história, então a alfabetização é extraclasse, não
ocorre somente no espaço escolar, ela engloba todo con-
texto em que estes sujeitos estão inseridos.
Instigados pela curiosidade em aprender a ler e es-
crever não só no contexto na escola, mas sim englobando
todo local que vivem, o educador pode utilizar desta dis-
posição das crianças e utilizar a favor do processo de al-
fabetização e letramento. Isso significa que o educador
precisa levar em conta a cultura, o conhecimento e o
tempo que cada sujeito leva para compreender esses pro-
cessos.
O planejamento do educador precisa estar interliga-
do com o ambiente no qual ele alfabetiza, este que pode
ir se modificando conforme os avanços das crianças. É
muito importante que o planejamento seja organizado
conforme os interesses e necessidades das crianças de
modo que tenha como centralidade o lúdico, despertando
gosto e interesse pela prática da leitura e escrita de modo
que compreendam o uso de ambas em diversos contextos
do cotidiano. Para Carla, educadora (pré de 5a): “funda-
mental que no processo de alfabetização, as crianças sai-
bam as funções sociais e as finalidades da leitura e escri-
ta. Só compreendendo e praticando que a alfabetização
terá sentido”.
Assim, dá-se a possibilidade de alfabetizar letrando,
propondo atividades que envolvam as práticas sociais
das crianças além do contexto escolar, envolvendo a rea-
lidade que cada sujeito vive. Alfabetizar letrando é mais
do que ensinar a ler e escrever, é fazer o uso dessa práti-
ca no dia a dia e buscar alternativas para ampliar a leitura
e a escrita. As crianças aprendem a ler e escrever por
meio do que vivem, conforme a cultura em que está inse-
rido, com quem e como interage com outros sujeitos e é
por meio dessa interação que a leitura e a escrita vão
avançando.
Ler e escrever não são apenas habilidades estabele-
cidas em torno da decodificação; muito mais do que isso,
saber ler e escrever significa apropriar-se das diversas
competências relacionadas à cultura orientada pela pala-
vra escrita, para dessa forma atuar nessa cultura e, por
decorrência, na sociedade como um todo (SCHOLZE;
RÖSING, 2007, p.9).
Portanto, alfabetização e letramento andam juntas
no processo de aquisição da leitura e escrita, partindo do
pressuposto que alfabetizar letrando é trazer pra dentro
da sala de aula a prática da leitura e escrita, conforme a
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realidade de cada sujeito. “Os processos de alfabetização
e letramento escolares envolvem, fundamentalmente, a
apropriação e o uso competente da leitura e da escrita de
textos variados, com significado e relevância social”
(SCHOLZE; RÖSING, 2007, p.38). Assim, a prática da
leitura e escrita é buscada pela criança conforme o inte-
resse e a forma como lhe trará algum significado social,
e é por meio desse interesse que a alfabetização vai se
constituindo e sendo ampliada no decorrer de seu pro-
cesso de alfabetização e letramento.
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2. ABORDAGENS PSICOLÓGICAS DO DE-
SENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM
O ato educativo não é exclusivamente psicológico
ou pedagógico ou sociopolítico; é um momento específi-
co de interação social, configurando uma totalidade para
a qual convergem fatores econômicos para o comple-
mento da ação pedagógica, cujo termo é o desenvolvi-
mento individual e social. É em referência ao evento pe-
dagógico que se buscará a contribuição da psicologia
educacional para explicar as bases da aprendizagem.
Muitos são os autores que vêm discutindo a relação
entre desenvolvimento e aprendizagem, principalmente a
partir das ideias de estudiosos europeus que realizaram
suas pesquisas na primeira metade do século XX.
Vamos nos atentar nos dois psicólogos que mais in-
fluenciaram e influenciam a educação escolar:
PIAGET- acredita que a criança é capaz de se de-
senvolver independente do meio em que vive, toda cri-
ança nasce com o potencial de se desenvolver/aprender,
e a aprendizagem se dá por meio da assimilação e aco-
modação. Ele defende a ideia de que a criança só deixa
de se desenvolver caso apresente algum comprometi-
mento cognitivo que ocasiona dificuldade de aprendiza-
gem. Ainda segundo Piaget, a criança se desenvolve do
individual para o social, por isso sua teoria ser chamada
de interacionista (relação criança e o seu ambiente).
Ele descreve também os quatro estágios do desen-
volvimento da criança: sensório-motor (do nascimento
aos 2 anos de idade- ela progride do estágio do reflexo
para o de tentativa e erro), pré-operacional (dos 2 aos 7
anos- começa a usar símbolos para representar objetos,
lugares e pessoas de forma ilógica), operacional concre-
to (7 aos 11 anos- começa a pensar de maneira lógica e a
entender conceitos concretos) e operacional formal
(acima dos 12 anos- começa a pensar de forma abstrata).
VYGOTSKY discorda de que a construção do co-
nhecimento aconteça do individual para o social. Em seu
entender, a criança já nasce num mundo social e, desde o
nascimento, vai formando uma visão desse mundo por
meio da interação com adultos ou crianças mais experi-
entes. A construção do real é, então, mediada pelo inter-
pessoal antes de ser internalizada pela criança. Dessa
forma, procede-se do social para o individual, ao longo
do desenvolvimento, destacando a influência do meio no
desenvolvimento global da criança.
Para Vygotsky, a finalidade da aprendizagem é a
assimilação consciente do mundo físico mediante a inte-
riorização gradual de atos externos e suas transformações
em ações mentais e as curvas do aprendizado não coinci-
dem com as do desenvolvimento, sendo que, quando a
criança aprende algum conceito, por exemplo, aritmética,
o desenvolvimento dessa operação ou conceito apenas
começou. Não há paralelismo entre a aprendizagem e o
desenvolvimento das funções psicológicas corresponden-
tes. Tal relação é um processo extremamente complexo;
dialético, não-linear, se dá aos saltos, mediante o surgi-
mento de caos.
Ele crê ainda que a aprendizagem dos alunos tenha
relação direta com o ambiente e com o suporte de outros
indivíduos mais experientes. É na zona do desenvolvi-
mento proximal (ZDP) que a interferência desses ou-
tros indivíduos é mais transformadora. Entende-se por
ZDP é relativamente complexa, mas ela compreende a
região de potencialidade para o aprendizado. No caso da
criança, representa uma situação cognitiva em que ela só
consegue resolver determinada tarefa psicointelectual
com auxílio de alguém mais experiente, no caso o pro-
fessor, que tem o papel de interferir na zona de desen-
volvimento proximal dos alunos, provocando avanços
que não ocorreriam espontaneamente.
TEORIA DO DESENVOLVIMENTO DE Henry
WALLON
A criança, para Wallon, é essencialmente emocional
e gradualmente vai constituindo-se em um ser sócio-
cognitivo. O autor estudou a criança contextualizada,
como uma realidade viva e total no conjunto de seus
comportamentos, suas condições de existência.
Wallon argumenta que as trocas relacionais da cri-
ança com os outros são fundamentais para o desenvol-
vimento da pessoa. As crianças nascem imersas em um
mundo cultural e simbólico, no qual ficarão envolvidas
em um "sincretismo subjetivo", por pelo menos três
anos. Durante esse período, de completa indiferenciação
entre a criança e o ambiente humano, sua compreensão
das coisas dependerá dos outros, que darão às suas ações
e movimentos formato e expressão.
Antes do surgimento da linguagem falada, as crian-
ças comunicam-se e constituem-se como sujeitos com
significado, através da ação e interpretação do meio entre
humanos, construindo suas próprias emoções, que é seu
primeiro sistema de comunicação expressiva. Estes pro-
cessos comunicativo-expressivos acontecem em trocas
sociais como a imitação. Imitando, a criança desdobra,
lentamente, a nova capacidade que está a construir (pela
participação do outro ela se diferenciará dos outros) for-
mando sua subjetividade. Pela imitação, a criança ex-
pressa seus desejos de participar e se diferenciar dos ou-
tros constituindo-se em sujeito próprio.
Wallon propõe estágios de desenvolvimento, assim
como Piaget, porém, ele não é adepto da ideia de que a
criança cresce de maneira linear. O desenvolvimento
humano tem momentos de crise, isto é, uma criança ou
um adulto não são capazes de se desenvolver sem confli-
tos. A criança se desenvolve com seus conflitos internos
e, para ele, cada estágio estabelece uma forma específica
de interação com o outro, é um desenvolvimento confli-
tuoso.
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No início do desenvolvimento existe uma preponde-
rância do biológico e após o social adquire maior força.
Assim como Vygotsky, Wallon acredita que o social é
imprescindível. A cultura e a linguagem fornecem ao
pensamento os elementos para evoluir, sofisticar. A parte
cognitiva social é muito flexível, não existindo lineari-
dade no desenvolvimento, sendo este descontínuo e, por
isso, sofre crises, rupturas, conflitos, retrocessos, como
um movimento que tende ao crescimento.
FASES DO DESENVOLVIMENTO PROPOS-
TAS POR WALLON
Estágio impulsivo-emocional (0 a 1 ano)
Estágio sensório-motor e projetivo (1 a 3 anos)
Estágio do personalismo (3 a 6/7 anos)
Estágio categorial (7 a 11 anos)
Estágio da adolescência (12 a 18 anos)
No primeiro ano de vida, a criança interage com o
meio, regida pela afetividade, isto é, o estágio impulsi-
vo-emocional, definido pela simbiose afetiva da criança
em seu meio social. A criança começa a negociar, com
seu mundo sócio-afetivo, os significados próprios, via
expressões tônicas. As emoções intermediam sua relação
com o mundo.
Do estágio sensório-motor ao projetivo (1 a 3
anos), predominam as atividades de investigação, explo-
ração e conhecimento do mundo social e físico. No está-
gio sensório-motor, permanece a subordinação a um sin-
cretismo subjetivo (a lógica da criança ainda não está
presente). Neste estágio predominam as relações cogniti-
vas da criança com o meio. Wallon identifica o sincre-
tismo como sendo a principal característica do pensa-
mento infantil. Os fenômenos típicos do pensamento sin-
crético são: fabulação, contradição, tautologia e elisão.
Na gênese da representação, que emerge da imita-
ção motora-gestual ou motricidade emocional, as ações
da criança não mais precisarão ter origem na ação do ou-
tro, ela vai “desprender-se” do outro, podendo voltar-se
para a imitação de cenas e acontecimentos, tornando-se
habilitada à representação da realidade. Este salto quali-
tativo da passagem do ato imitativo concreto e a repre-
sentação são chamados de simulacro. No simulacro,
que é a imitação em ato, forma-se uma ponte entre for-
mas concretas de significar e representar e níveis semió-
ticos de representação. Essa é a forma pela qual a criança
se desloca da inteligência prática ou das situações para a
inteligência verbal ou representativa.
Dos 3 aos 6 anos, no estágio personalístico, apare-
ce a imitação inteligente, a qual constrói os significados
diferenciados que a criança dá para a própria ação. Nessa
fase, a criança está voltada novamente para si própria.
Para isso, a criança coloca-se em oposição ao outro num
mecanismo de diferenciar-se. A criança, mediada pela
fala e pelo domínio do “meu/minha”, faz com que as
idéias atinjam o sentimento de propriedade das coisas. A
tarefa central é o processo de formação da personalidade.
Aos 6 anos a criança passa ao estágio categorial trazendo
avanços na inteligência. No estágio da adolescência, a
criança volta-se a questões pessoais, morais, predomi-
nando a afetividade. É nesse estágio que se intensifica a
realização das diferenciações necessárias à redução do
sincretismo do pensamento. Esta redução do sincretismo
e o estabelecimento da função categorial dependem do
meio cultural no qual está inserida a criança.
WALLON e a prática educacional – visão de
Izabel Galvão
"O projeto de sua psicogenética é o estudo da pes-
soa completa, considerada em suas relações com o meio
(contextualizada) e em seus diversos domínios (integra-
da). Contrário ao procedimento de se privilegiar um
único aspecto do desenvolvimento da criança, WALLON
o estuda em seus domínios afetivo, cognitivo e motor,
procurando mostrar quais são, nos diferentes momentos
do desenvolvimento, os vínculos entre cada um e suas
implicações com o todo representado pela personalida-
de. Desta opção, resultam quatro temas centrais na sua
teoria: emoção, movimento, inteligência, personalida-
de."
“A serviço da Educação, a psicogenética wallonia-
na oferece subsídios para aprofundar a reflexão sobre a
prática pedagógica, motivando a investigação educacio-
nal. Ao mesmo tempo, impõe exigências sobre esta prá-
tica, cobrando da Escola o atendimento do indivíduo na
integridade dos domínios que o constituem (afetivo, cog-
nitivo e motor)."
"Tendo acesso a material teórico que aborda de
forma integrada, temas como expressividade, emoção,
gestualidade, movimento, representação mental, pensa-
mento discursivo, o professor estará provavelmente me-
lhor preparado para atender a criança em suas diversas
necessidades, assim como impulsionar o seu desenvol-
vimento e favorecer sua aprendizagem. Afinal, a Escola
não deve dissociar a formação da inteligência da forma-
ção da personalidade, pois a inteligência tem ´status´ de
parte no todo constituído pela pessoa e seu desenvolvi-
mento está ligado ao das outras esferas constitutivas
deste todo."
"Esta concepção valoriza o papel do professor.
Como elemento diferenciado, é o responsável pela uni-
dade do grupo, podendo receber as manifestações das
crises infantis com o distanciamento necessário para
não as comprimir nem se submeter a elas. (...) O profes-
sor é valorizado também do ponto de vista do conteúdo.
Não se deve colocar como exclusivo detentor do saber e
único responsável pela sua transmissão, mas tampouco
abdicar deste papel, submetendo-se indiscriminadamen-
te à espontaneidade infantil
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3. CICLOS DE APRENDIZAGEM, AVALIA-
ÇÃO QUALITATIVA, PORTFÓLIOS DE APREN-
DIZAGEM
3.1. CICLOS DE APRENDIZAGEM
Com a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional, em 1996, abriu-se a possibilidade de
estados e municípios organizarem seus sistemas de ensi-
no de forma autônoma. "...séries anuais, períodos semes-
trais, ciclos, grupos não seriados", diz a lei em seu artigo
23.
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Os ciclos organizam o tempo escolar de acordo com
as fases de crescimento do ser humano. Eles podem ser
divididos em etapas referentes à primeira infância (3 a 6
anos), à infância (7 a 9 anos), à pré-adolescência (10 e 11
anos) e à adolescência (12 a 14 anos). Ou ainda em ci-
clos de dois ou quatro anos.
Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em
séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância
regular de períodos de estudos, grupos não-seriados,
com base na idade, na competência e em outros crité-
rios, ou por forma diversa de organização, sempre que o
interesse do processo de aprendizagem assim o reco-
mendar.
3.2. AVALIAÇÃO QUALITATIVA
A avaliação é uma atividade constante na educação,
no sistema escolar e no processo de ensino aprendiza-
gem, mas precisa de critérios e objetivos, é uma proposta
que deverá ter momentos de reflexões sobre a prática pe-
dagógica, o que eu faço ou como poderia fazer.
A avaliação qualitativa é a que visa o caminho da
aprendizagem, em que o aluno evolui, o que construiu
em um determinado tempo, para que o professor possa
dar continuidade no seu trabalho alterando, diversifican-
do ou não o seu fazer pedagógico.
Sant’anna (1995, p.27) afirma que a “avaliação só
será eficiente e eficaz se ocorrer de forma interativa entre
professor e aluno, ambos caminhando na mesma direção,
em busca dos mesmos objetivos”. A avaliação qualitati-
va poderá ser prioridade em nossas ações a partir do
momento em que tivermos clareza dos nossos objetivos
dentro da sociedade. Se nossos objetivos vão na contra-
mão do paradigma atual, então com certeza precisamos
contribuir para a mudança na formação de seres huma-
nos críticos e cidadãos.
3.3. PORTFÓLIOS DE APRENDIZAGEM
De acordo com HERNÁNDEZ, Fernando (2000,
p.166) o portfólio é: ...” um continente de diferentes ti-
pos de documentos (anotações pessoais, experiências de
aula, trabalhos pontuais, controles de aprendizagem, co-
nexões com outros temas fora da escola, representações
visuais, etc) que proporciona evidências do conhecimen-
to que foram sendo construídos, as estratégias utilizadas
para aprender e a disposição de quem o elabora para con-
tinuar aprendendo”.
Portfólios são trabalhos ilustrativos dos alunos. Re-
presentam o seu pensamento, sentimento, a sua maneira
de agir; as suas competências e habilidades e a maneira
como colocou em prática o seu trabalho acadêmico. Essa
ferramenta a serviço da educação tem como finalidade
primordial proporcionar uma visão integral do conheci-
mento formal do educando e sua atuação na aprendiza-
gem das diferentes áreas curriculares, assim como o seu
desenvolvimento no campo comportamental e sua evolu-
ção na área pessoal e educacional.
Os portfólios permitem uma avaliação de coopera-
ção e participação, havendo interação do professor e alu-
no. Ambos escolhem os trabalhos mais expressivos do
educando, através da criticidade e reflexão, estabelecen-
do padrões em busca da qualidade e assertividade. Há
também um processo interdisciplinar com professores de
outras áreas, que opinam em relação ao trabalho do alu-
no, fornecendo opiniões e depoimentos relativos à me-
lhoria e qualidade do ensino/aprendizagem.
Existe uma gama enorme de registros em portfólios,
tais como: desenhos; fotos, artes, exposição de documen-
tos; avaliação acadêmica de desempenho; registro de en-
trevistas; comentários e documentários de eventos musi-
cais, de dança, de canto; lista de livros lidos; registro de
leituras; correspondências; atuações gravadas em vídeo e
áudio, etc.
Os portfólios são registros produzidos em períodos
de aprendizagem, e para isso podemos usar a fotografia
como documento desse momento, não como cristaliza-
ção, mas como comentários abertos, através de uma evo-
lução histórica do acontecimento, completados e avalia-
dos sempre, procurando buscar de maneira metódica e
ordenada a melhor atuação do aluno dentro do seu de-
senvolvimento acadêmico.
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4. TRABALHO PEDAGÓGICO POR MEIO DE
PROJETOS
A ideia de projeto envolve a ANTECIPAÇÃO de
algo desejável que ainda não foi realizado, traz a ideia de
pensar uma realidade que ainda não aconteceu. O pro-
cesso de projetar implica analisar o presente como fonte
de possibilidades futuras (Freire e Prado, 1999). Tal co-
mo vários autores colocam, a origem da palavra “proje-
to” deriva do latim projectus, que significa algo lançado
para frente. A idéia de projeto é própria da atividade hu-
mana, da sua forma de pensar em algo que deseja tornar
real, portanto, o PROJETO É INSEPARÁVEL DO
SENTIDO DA AÇÃO (Almeida, 2002). Neste sentido
Barbier (In: Machado, 2000) salienta:
“(...) o projeto não é uma simples representação do
futuro, do amanhã, do possível, de uma ideia; é o futuro
a fazer, um amanhã a concretizar, um possível a trans-
formar em real, uma ideia a transformar em ato” (p.6).
No entanto, o ato de projetar requer ABERTURA
para o desconhecido, para o não-determinado e FLEXI-
BILIDADE para reformular as metas à medida que as
ações projetadas evidenciam novos problemas e dúvidas.
Um dos pressupostos básicos do projeto é a AU-
TORIA – seja individual, em grupo ou coletivamente. A
esse respeito Machado (2000) destaca que não se pode
ter projeto pelos outros. É por esta razão que enfatizamos
que a possibilidade de o professor ter o seu projeto de sa-
la de aula não significa que este deverá ser executado pe-
lo aluno. Cabe ao professor elaborar projetos para viabi-
lizar a criação de situações que propiciem aos alunos de-
senvolverem seus próprios projetos. São níveis de proje-
tos distintos que se articulam nas interações em sala de
aula. Por exemplo, o projeto do professor pode descobrir
estratégias para que os alunos construam seus projetos
tendo em vista discutir sobre uma problemática de seu
cotidiano ou de um assunto relacionado com os estudos
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de certa disciplina, envolvendo o uso de diferentes mí-
dias disponíveis no espaço escolar.
Isto significa que o PROJETO DO PROFESSOR
pode ser constituído pela própria prática pedagógica, a
qual será antecipada (relacionando as referências das ex-
periências anteriores e as novas possibilidades do mo-
mento), colocada em ação, analisada e reformulada. De
certa forma esta situação permite ao professor assumir
uma postura REFLEXIVA e INVESTIGATIVA da sua
ação pedagógica e, portanto, caminhar para reconstruí-la
com objetivo de integrar o uso das mídias numa aborda-
gem interdisciplinar.
Para isto é necessário compreender que no trabalho
por projetos, as pessoas se envolvem para descobrir ou
produzir algo novo, procurando respostas para questões
ou problemas reais. “Não se faz projeto quando se têm
certezas, ou quando se está imobilizado por dúvidas”
(Machado, 2000, p. 7). Isto significa que o projeto parte
de uma problemática e, portanto, quando se conhece, a
priori, todos os passos para solucionar o problema. Esse
processo se constitui num exercício e aplicação do que já
se sabe (Almeida, 2002). Projeto não pode ser confundi-
do com um conjunto de atividades em que o professor
propõe para que os alunos realizem a partir de um tema
dado, resultando numa apresentação de trabalho.
Na pedagogia de projetos é necessário “ter coragem
de romper com as limitações do cotidiano, muitas vezes
auto-impostas” (Almeida e Fonseca Júnior, 2000, p. 22)
e “delinear um percurso possível que pode levar a outros,
não imaginados a priori” (Freire e Prado, 1999, p. 113).
Mas, para isto, é fundamental repensar as potencialida-
des de aprendizagem dos alunos para a investigação de
problemáticas que possam ser significativas para eles e
repensar o papel do professor nesta perspectiva pedagó-
gica, inclusive integrando as diferentes mídias e outros
recursos existentes no contexto da escola.
Aprendendo e “Ensinando” com Projetos
A pedagogia de projetos deve permitir que o aluno
APRENDA-FAZENDO e reconheça a própria AUTO-
RIA naquilo que produz por meio de QUESTÕES DE
INVESTIGAÇÃO que lhe impulsionam a CONTEX-
TUALIZAR CONCEITOS já conhecidos e DESCO-
BRIR outros que emergem durante o desenvolvimento
do projeto. Nesta situação de aprendizagem, o aluno pre-
cisa selecionar informações significativas, tomar deci-
sões, trabalhar em grupo, gerenciar confronto de ideias,
enfim desenvolver COMPETÊNCIAS INTERPESSO-
AIS para aprender de forma colaborativa com seus pares.
A MEDIAÇÃO do professor é fundamental, pois ao
mesmo tempo em que o aluno precisa reconhecer a sua
própria autoria no projeto, ele também precisa sentir a
presença do professor que ouve, questiona e orienta, vi-
sando propiciar a construção de conhecimento do aluno.
A mediação implica a CRIAÇÃO DE SITUAÇÕES DE
APRENDIZAGEM que permitam ao aluno fazer regula-
ções, uma vez que os conteúdos envolvidos no projeto
precisam ser sistematizados para que os alunos possam
formalizar os conhecimentos colocados em ação. O tra-
balho por projeto potencializa a integração de diferentes
áreas de conhecimento, assim como a integração de vá-
rias mídias e recursos, os quais permitem ao aluno ex-
pressar seu pensamento por meio de diferentes lingua-
gens e formas de representação. Do ponto de vista de
aprendizagem no trabalho por projeto, Prado (2001) des-
taca a possibilidade de o aluno recontextualizar aquilo
que aprendeu, bem como estabelecer relações significa-
tivas entre conhecimentos. Nesse processo, o aluno pode
ressignificar os conceitos e as estratégias utilizadas na
solução do problema de investigação que originou o pro-
jeto e, com isso, ampliar o seu universo de aprendiza-
gem.
Em se tratando dos conteúdos, a pedagogia de pro-
jetos é vista pelo seu caráter de potencializar a INTER-
DISCIPLINARIDADE. Isto de fato pode ocorrer, pois o
trabalho com projetos permite romper com as fronteiras
disciplinares, favorecendo o estabelecimento de elos en-
tre as diferentes áreas de conhecimento numa situação
contextualizada da aprendizagem. No entanto, muitas
vezes o professor atribui valor para as práticas interdis-
ciplinares e com isso passa a negar qualquer atividade
disciplinar. Essa visão é equivocada, pois Fazenda
(1994) enfatiza que a interdisciplinaridade se dá sem que
haja perda da identidade das disciplinas. Nesse sentido,
Almeida (2002) corrobora com estas ideias destacando:
“(...) que o projeto rompe com as fronteiras disci-
plinares, tornando-as permeáveis na ação de articular
diferentes áreas de conhecimento, mobilizadas na inves-
tigação de problemáticas e situações da realidade. Isso
não significa abandonar as disciplinas, mas integrá-las
no desenvolvimento das investigações, aprofundando-as
verticalmente em sua própria identidade, ao mesmo
tempo, que estabelecem articulações horizontais numa
relação de reciprocidade entre elas, a qual tem como
pano de fundo a unicidade do conhecimento em constru-
ção” (p.58).
O conhecimento específico – disciplinar – oferece
ao aluno a possibilidade de reconhecer e compreender as
particularidades de um determinado conteúdo, e o co-
nhecimento integrado – interdisciplinar – lhe dá a possi-
bilidade de estabelecer relações significativas entre co-
nhecimentos. Ambos se realimentam e um não existe
sem o outro.
Este mesmo pensamento serve para orientar a IN-
TEGRAÇÃO DAS MÍDIAS, no desenvolvimento de
projetos. Conhecer as especificidades e as implicações
do uso pedagógico de cada mídia disponível no contexto
da escola favorece ao professor criar situações para que o
aluno possa integrá-las de forma significativa e adequada
ao desenvolvimento do seu projeto. Por exemplo, quan-
do o aluno utiliza o computador para digitar um texto, é
importante que o professor conheça o que envolve o uso
deste recurso em termos de ser um meio pedagógico,
mas um meio que pode interferir no processo de o aluno
reorganizar as suas ideias e a maneira de expressá-las.
Da mesma forma em relação a outras mídias que estão
ao alcance do trabalho pedagógico. Estar atento e bus-
cando a compreensão do uso das mídias no processo de
ensino e aprendizagem é fundamental para a sua integra-
ção no trabalho por projetos.
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
***********************************************
5. AVALIAÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS DO
ENSINO FUNDAMENTAL
A avaliação da aprendizagem no ensino fundamen-
tal não deve seguir modelos ou haver mecanismos seleti-
vos nem classificatórios. A escola deve oportunizar ao
aluno uma educação básica de qualidade para que todos
os cidadãos tenham acesso aos conhecimentos necessá-
rios. Dessa forma, a seleção constitui-se como um ato de
violência e a negação de seus direitos.
É comum a atribuição de notas ou menções nas ava-
liações dos alunos. Esta prática muitas vezes tem repre-
sentado um problema e vem se agravando causando re-
cuos no processo ensino-aprendizagem. Pode-se dizer
que através da análise, sobre o processo de avaliação da
aprendizagem dos alunos é possível promover mudanças
de acordo com a realidade, levando sempre em conside-
ração as habilidades e competências de cada um.
Assim, torna-se imprescindível que o projeto educa-
tivo, contemple a prática avaliativa dos professores re-
pensando as alternativas dos autores pesquisados e pos-
tas em prática, resgatando numa dimensão mais consci-
ente a concepção de avaliação no fazer pedagógico em
consonância com a prática avaliativa como meio de rea-
lizar a transformação social, num processo ativo onde o
aluno seja o sujeito dessa transformação.
Sentidos da avaliação
Segundo os pensamentos de Luckesi (2002) A ava-
liação não é um fim, mas um meio, que permite verificar
até que ponto os objetivos estão sendo alcançados, iden-
tificando os alunos que necessitam de atenção individual
e reformular o trabalho com a adoção de procedimentos
que possibilitam somar as deficiências identificadas.
Avaliar o aluno como um todo é uma das represen-
tações mais fortes entre os professores quando tratam da
prática avaliativa. Em busca das mudanças na avaliação,
encontram-se obstáculos, porém, um destes reside na
tradição avaliativa predominante. As representações, va-
lores e a concepção de cada um estão há muito tempo en-
raizada nos educadores e que funcionam como elemento
de resistência nos mesmos à construção de novas práti-
cas pedagógicas.
Ainda, segundo Lückesi (1995, p. 33), “a avaliação
pode ser caracterizada como uma forma de ajuizamento
da qualidade do objeto avaliado, fator que implica uma
tomada de posição a respeito do mesmo, para aceitá-lo
ou transformá-lo”. Na realidade, a avaliação deve estar
voltada ao ensino-aprendizagem como um todo. É neces-
sário acompanhar todo o desenvolvimento do aluno. Não
é necessário medir apenas para dar nota, mas sim, para
verificar o índice da aprendizagem.
Entendemos que, a avaliação desenvolvida de forma
qualitativa proporciona efeitos satisfatórios, o que possi-
bilita a transformação dos indivíduos. Entretanto, para
que as mudanças possam ocorrer é fundamental oferecer
um ensino de qualidade, que a sociedade demanda. A
prática pedagógica deve estar voltada à realidade do alu-
no, de maneira que possibilite o desenvolvimento das
habilidades.
De acordo com Vasconcellos (1998, p. 53), avalia-
ção é um processo abrangente da existência humana, im-
plica uma reflexão crítica sobre a prática, no sentido de
captar os avanços, resistências, dificuldades e possibili-
tando uma tomada de decisão e soluções para superação
dos obstáculos.
Por isso, é importante considerar que há um des-
compasso entre os princípios e conceitos que norteiam as
formações profissionais baseados não só na pedagogia
tradicional, mas em toda a representação cultural alicer-
çada na seleção, estratificação, padronização e o desem-
penho do público que trabalhamos no dia-a-dia.
Em Hoffmann (1993, p.23) é visível a natureza pro-
cessual da avaliação, isto é, “a avaliação continua é vista
como acompanhamento da aprendizagem, identificando
as conquistas, problemas e o desenvolvimento dos alu-
nos”.
Na realidade, a avaliação contínua é uma atuação e
ocupação do professor com a apropriação efetiva do co-
nhecimento e a interação do aluno que é objeto de co-
nhecimento isolado, para assim poder cumprir a função
de beneficiadora do processo ensino-aprendizagem. Po-
demos ainda destacar dois tipos de avaliação segundo
Hoffmann (1993) tais como:
a) avaliação diagnóstica, como um dos meios pelos
quais se podem conhecer os alunos. O que permite
acompanhar a trajetória do educando, descrevendo seus
problemas e potencialidades. A avaliação diagnóstica
envolve a descrição e classificação. Está relacionada a
uma metodologia do diagnóstico. Uma forma de diag-
nosticar é determinar o nível de domínio dos conteúdos
previstos. Outra forma, de avaliar é verificar se os alunos
adquiriram conhecimento e habilidades previstas, a fim
de orientar o ensino-aprendizagem.
Avaliação diagnóstica pretende definir o nível de
aprendizado apresentado por cada aluno no sentido de veri-
ficarem-se pré-requisitos estabelecidos para o programa, o
curso ou período que foram atendidos. De outro modo, a
avaliação diagnóstica analisa, se o aluno apresenta os co-
nhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para pros-
seguir as demais atividades.
b) A avaliação formativa é uma forma que busca iden-
tificar as insuficiências principais na aprendizagem inicial,
necessária à realização de momento privilegiado de apren-
dizagens. Além de providenciar elementos para de maneira
oportuna, orientar a organização do ensino-aprendizagem
em etapas posteriores favorecendo a aquisição de novos co-
nhecimentos.
Esta avaliação deve ser uma avaliação de conteúdo
cumulativo destinado a medir diferentes etapas do progra-
ma.
No caso da avaliação “somática” também conhecida
como “classificatória ou tradicional”, é um processo de des-
crição e julgamento para classificar os alunos ao final de
uma unidade, semestre ou curso, segundo os níveis de apro-
veitamento expressos em notas ou conceitos indicando ao
aluno o que foi adquirido. Embora a avaliação formativa
possa ser empregada como somática e diagnóstica, a ques-
tão fundamental é que a primeira observa o domínio do alu-
no gradativamente e hierarquicamente em cada etapa da ins-
trução.
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
E segundo a avaliação diagnostica contribui para a
formativa, na medida em que facilita a identificação das
dificuldades dos alunos. Desta forma, constitui uma eta-
pa inicial de avaliação formativa. Assim, a avaliação tan-
to formativa como diagnostica, podem contribuir para a
avaliação somática. Isto é, quando o professor durante o
desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem, uti-
liza-se dos recursos da avaliação diagnostica e formativa
empregando-as no final a somática.
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6. TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO (TICS): FERRAMENTAS E RE-
CURSOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM
Muito tem se falado sobre o termo Sociedade do
Conhecimento que remete a uma valorização do saber e
do saber ser em relação ao saber fazer, ou seja, o capital
físico e operacional dá lugar ao capital intelectual, às
competências que o indivíduo adquire por meio da edu-
cação, tais como se relacionar, cooperar, intervir e atuar
de maneira consciente e cidadã no meio em que ocupa.
Uma das grandes características dessa realidade social,
que começou a se formar na Era Pós-Industrial, são as
inovações tecnológicas.
Esse fator influenciou e continua influenciando o
crescimento do acesso à informação. Sendo assim, o de-
safio atual é transformar informação em conhecimento.
Esse desafio se dá, porque com a pluralidade de recursos
e inovações proporcionados pelas tecnologias digitais o
indivíduo encontra-se cercado de aparatos tecnológicos
que causam interesse e, consequentemente, o uso dessas
novidades passa a se intensificar. Emerge, então, a ne-
cessidade de um uso favorável dessas tecnologias à edu-
cação. Conhecidas também como Tecnologias de Infor-
mação e Comunicação (TICs), as tecnologias digitais
podem ser definidas pelas palavras de Masetto (2000, p.
152): Por novas tecnologias em educação, estamos en-
tendendo o uso da informática, do computador, da in-
ternet, do CD-ROM, da hipermídia, da multimídia,
de ferramentas para educação a distância – como
chats, grupos ou listas de discussão, correio eletrônico
etc. – e de outros recursos de linguagens digitais de
que atualmente dispomos e que podem colaborar sig-
nificativamente para tornar o processo de educação
mais eficiente e mais eficaz. A respeito desses recursos,
Lévy (2008) ressalta: Tais tecnologias intelectuais favo-
recem novas formas de acesso à informação, como: na-
vegação hipertextual, caça de informações através de
motores de procura, knowbots, agentes de software, ex-
ploração contextual por mapas dinâmicos de dados, no-
vos estilos de raciocínio e conhecimento, tais como a si-
mulação, uma verdadeira industrialização da experiência
de pensamento, que não pertence nem à dedução lógica,
nem à indução a partir da experiência. (LÉVY, 2008)
Diante da presença dessas tecnologias no dia-a-dia das
pessoas, aluno e professor têm assumido papéis diferen-
tes daqueles antes típicos.
O primeiro tem adotado uma postura ativa em que a
coautoria, o autoditadismo, a pró-atividade e a colabora-
ção são aspectos centrais. Já o segundo, enquanto aquele
que por muito tempo foi visto como o único detentor do
saber, agora, atua como mediador, facilitador, incentiva-
dor e animador do educando no processo de formação.
Novas tecnologias: novos conceitos na educação
Com o surgimento das tecnologias digitais, diversos
conceitos foram introduzidos em diferentes espaços. No
contexto educacional, vários desses já são discutidos e
praticados, alguns têm sido até revistos, tais como in-
formação e conhecimento, ensinar e aprender, transmitir
e mediar, presencial e a distância, virtual e real etc. No
que diz respeito à informação, esta precisa ser entendida
como o simples acesso ou recepção de um determinado
conteúdo, enquanto que o conhecimento envolve um
processo mais significativo, pois indica o domínio teóri-
co e/ou prático do assunto.
Neste sentido pode-se dizer que a informação gera
conhecimento e o conhecimento gera informação. Po-
rém, não são sinônimos e para se gerar conhecimento o
indivíduo precisa contar com uma postura crítica, ativa e
interventora diante da informação, ou seja, incorporá-la,
dar a ela significado e relevância diante do contexto que
ocupa e de seus interesses. Assim como informação e
conhecimento não devem ser associadas como unívocos,
mesmo que se complementem, ensino e aprendizagem
também não. Um está ligado à transmissão realizada pelo
sujeito, enquanto a outra se refere ao resultado que pode
ser alcançado individual ou coletivamente. Masetto
(2000, p. 139-140) explica: O conceito de ensinar está
mais diretamente ligado a um sujeito (que é o professor)
que, por suas ações, transmite conhecimentos e experi-
ências ao aluno que tem por obrigação receber, absorver
e reproduzir as informações recebidas. O conceito de
aprender está ligado mais diretamente ao sujeito (que é o
aprendiz) que, por suas ações, envolvendo ele próprio, os
outros colegas e o professor, busca e adquire informa-
ções, dá significado ao conhecimento, produz reflexões e
conhecimentos próprios, pesquisa, dialoga, debate, de-
senvolve competências pessoais e profissionais, atitudes
éticas, políticas, muda comportamentos, transfere apren-
dizagens, integra conceitos teóricos com realidades prá-
ticas, relaciona e contextualiza experiências, dá sentido
às diferentes práticas da vida cotidiana, desenvolve sua
criticidade e capacidade de considerar e olhar para os fa-
tos e fenômenos sob diversos ângulos, compara posições
e teorias, resolve problemas.
Numa palavra, o aprendiz cresce e desenvolve-se. E
o professor, como fica nesse processo? Desaparece? Ab-
solutamente. Tem oportunidade de realizar seu verdadei-
ro papel: o de mediador entre o aluno e sua aprendiza-
gem, o facilitador, o incentivador e motivador dessa
aprendizagem. (MASETTO, 2000, p. 139-140).
O compromisso do professor é com o desenvolvi-
mento humano para a vida em área profissional e social,
portanto sua mediação deve explorar os recursos presen-
tes nessa realidade para que o indivíduo saiba utilizá-los
de maneira consciente, ética, crítica e progressiva a fim
de exercer efetiva participação em seu meio. Com a pre-
sença do computador e da internet no dia-a-dia social es-
sa realidade do indivíduo passa a sofrer transformações,
assim como o papel de mediador necessário ao educador
passa a ser requisitado em outro espaço: o espaço virtual
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
ou ciberespaço , característico da modalidade EaD que
têm sido utilizada como complemento da educação pre-
sencial e alternativa, tão eficiente quanto a tradicional,
para aqueles que têm o tempo e espaço como obstáculos.
Nessa questão, outro esclarecimento convém ser
prestado no que se refere ao “ser virtual” que não equi-
vale ao “não ser real”. Para esse novo “espaço” Lévy
(1999, p. 92) define como sendo o “(...) espaço de co-
municação aberto pela interconexão mundial dos compu-
tadores e das memórias dos computadores.”. O autor
também ressalta que a característica deste “espaço” é o
caráter virtual da informação,
Educação versus TICs: novas tendências educa-
cionais
A educação já passou por diversas tendências peda-
gógicas em função do contexto social da época em que
ela se dava. Juntamente com essas tendências surgem
novas necessidades e recursos, para tanto, o educador
deve estar aberto e flexível a interpretar essas tendências
para 6 atuar sobre essa realidade desfrutando do que ela
proporciona sem perder o foco na educação. É preciso
articular o contexto social da geração ao que nela está
presente e a ela interessa destacar um recurso, seja ele
qual for, como benéfico para um determinado fim, re-
quer identificar contribuições, facilidades, aceitações e
quaisquer outras características positivas que realmente
comprovam o uso deste recurso como viável para o que
se propõe.
No caso da educação, quem comprova o benefício
do recurso é o aprendiz, através dos avanços que obtém
com a utilização da ferramenta. Quando se fala em avan-
ço na educação, fala-se de contribuições para que o indi-
víduo tenha uma aprendizagem individual e coletiva que
lhe permita viver melhor, ser mais ativo, questionar
mais, intervir mais e atuar mais. As TICs podem ser con-
sideradas ferramentas que têm contribuído com esse
avanço, pois conforme ressalta Vallin (2007), estas per-
mitem: Desfrutar de programas e softwares que atraem a
atenção do aluno provocando a interatividade, participa-
ção e interesse do aprendiz; Exercitar a criatividade atra-
vés da mescla de softwares de texto, apresentação, vídeo,
áudio, imagens e link´s; Instigar a investigação através
da utilização de sites de busca, bibliotecas virtuais e in-
dicações bibliográficas encontradas na internet; Acesso a
informações de ontem e de hoje que passam por frequen-
tes atualizações; Construir e compartilhar conhecimentos
através de enciclopédias on-line, livres e colaborativas;
Possibilidade de criação e modificação ágeis; Facilidade
oferecida por editores de texto que disponibilizam edito-
ração e correção eletrônicas; Cópias, inclusão, exclusão e
reescrita de um texto; Possibilidades de diversas forma-
tações; Impressão de textos e demais produções; Dicio-
nários virtuais que torna a consulta mais prática e contí-
nua; Conteúdos acessados com maior facilidade através
de comandos que permitem especificar palavras ou ex-
pressões; Materiais dinâmicos; Acesso a um determinado
conteúdo através de um clique; Possibilidade de publi-
car, melhorar e incrementar trabalhos; Estruturar apre-
sentações com mapas conceituais, imagens, sons, textos,
vídeos e hiperlink´s; Comunicar, interagir, trocar experi-
ência e exercitar a coletividade através de fóruns de dis-
cussão, salas de bate-papo e listas de discussão; Facili-
dade e agilidade no intercâmbio de informações através
do e-mail. (VALLIN, 2007)
Diante dessas novas opções, cabe ao professor intei-
rar-se dessas novas ferramentas, ou seja, dominar o seu
uso no que diz respeito à fluência tecnológica agregada
ao direcionamento pedagógico do uso desses recursos.
Um profissional que explore ferramentas síncronas e as-
síncronas a favor da interação e troca entre educandos,
fontes de consulta como hipertextos e enciclopédias vir-
tuais, o uso de recursos midiáticos que atraiam a atenção
e facilitem o aprendizado do aluno e etc.
O uso do computador aliado à internet possibilita
habilidades técnicas, bem como o acesso á informação
que pode gerar aprendizagem além de trabalhar o fator
cognitivo, pois o indivíduo tem a possibilidade de inter-
ligar os conhecimentos, experiências e informações de
sua realidade às novas informações obtidas podendo as-
sim alcançar novos conhecimentos e descobrir novas
possibilidades. A utilização das novas tecnologias modi-
fica a concepção do indivíduo em relação ao tempo e ao
espaço, permitindo assim que ele não se limite, mas sim
ouse.
A comunicação passa a ser mais contínua e sensori-
al, porque, além das palavras a hipermídia passa a ser um
novo meio de levar informação com potencial de conhe-
cimento. Porém, não bastam recursos que possibilitem
novas formas de fazer se não houver profissionais com-
petentes para orientar o aprendiz a realizar um bom uso
do recurso. O educador capaz de lidar com essa nova
tendência deve, acima de tudo, ter em mente que o pro-
fessor não é mais o único detentor do conhecimento e
sua missão não é mais transmitir, mas sim, mediar, cola-
borar e atuar como parceiro.
O fato de as tecnologias de informação e comunica-
ção ter propiciado o afloramento dessa realidade é que
com a sua facilidade de levar propostas educacionais pa-
ra diferentes espaços, bem como fazer uso de diferentes
recursos didático-pedagógicos, o verdadeiro ofício do
professor se faz necessário, o de mediador. A simples re-
cepção de informação torna-se, se é que algum dia não
foi, obsoleta. Novas posturas devem ser assumidas.
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7. FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO: PRIN-
CIPAIS TEÓRICOS
Campo de estudo da Pedagogia que inclui História,
Filosofia, Sociologia e Psicologia da educação e outras
áreas do saber, que fundamentam a essência da educação
e o processo educativo.
Analisa a multideterminação do fenômeno educati-
vo, com ênfase nos processos escolares. Examina as ma-
trizes do pensamento moderno que contribuem para a re-
flexão sobre a prática educacional, a partir da identifica-
ção das diferentes tendências pedagógicas que confor-
mam o debate sobre o papel da escola na atualidade.
Analisa a função social da escola brasileira, na formação
dos ideais de democracia, cidadania e respeito à diversi-
dade culturais.
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
Eixos estruturadores da Educação Nacional:
1) Aprender a conhecer (fornece as bases para
continuar aprendendo)
2) Aprender a fazer (aplicação da teoria à prática)
3) Aprender a viver (desenvolve o saber viver jun-
to na diversidade)
4) Aprender a ser (pressupõe autonomia do cida-
dão crítico e participativo.)
7.1. RELAÇÃO EDUCAÇÃO E SOCIEDADE:
dimensão filosófica, sociocultural e pedagógica.
O que é EDUCAÇÃO? Processo globalizado que
usa a formação integral da pessoa, para o atendimento a
aspirações de natureza pessoal e social. E é um instru-
mento de transformação ou manutenção da estrutura
social.
Se a educação é transformadora, ela vem atender os
preceitos da educação progressista, que busca uma mu-
dança de atitude do homem e este com a sociedade. Po-
rém, se a educação é para manter a estrutura social que
ela está, ela visa atender a educação tradicional. Isto é,
não tem nenhuma intenção de mudar a sociedade, é im-
portante que fique como está sem nenhuma mudança e
isto para favorecer as diferenças sociais.
Esta relação ocorre da seguinte forma:
A prática educativa sofre influências diretas da for-
ma da estrutura social de um povo, através das dimen-
sões filosóficas, socioculturais e pedagógicas inseridas
em seu contexto.
Através da ação educativa o meio social exerce in-
fluências sobre os indivíduos e estes, ao assimilarem e
recriarem essas influências tornam-se capazes de estabe-
lecer uma relação ativa e transformadora em relação ao
meio social. Tais influências se manifestam através de
conhecimentos, experiências, valores, crenças, modos de
agir, técnicas e costumes acumulados por muitas gera-
ções e indivíduos e grupos, transmitidos, assimilados e
recriados pelas novas gerações.
Estas influências ocorrem de forma não-
intencional e intencional.
a) Influência não-intencional: são situações e ex-
periências casuais, espontâneas, não-organizadas, embo-
ra influam na formação humana. Ex.: as formas econô-
micas e políticas de organização da sociedade, das rela-
ções humanas na família, no trabalho, nos grupos de
convivência, dentre outros.
b) Influência intencional: refere-se a influências
em que há nítidas intenções e objetivos definidos consci-
entemente, como é o caso da educação escolar, os sindi-
catos, partidos políticos, igrejas, etc.
7.2. A EDUCAÇÃO ESCOLAR OU A PRÁTI-
CA EDUCATIVA É SUBORDINADA À SOCIEDA-
DE CAPITALISTA
O processo educativo, onde quer que se dê, é sem-
pre contextualizado social e politicamente; há uma su-
bordinação à sociedade que lhe faz exigências, determina
objetivo e lhe provê condições e meios de ação.
A estrutura social brasileira dividida em classes e
grupos sociais com interesses distintos e antagônicos re-
percute tanto na organização econômica e política quanto
na prática educativa. (Fruto do Capitalismo)
A desigualdade entre os homens, que na origem é
uma desigualdade econômica no seio das relações entre
as classes sociais, determina não apenas as condições
materiais de vida e de trabalho dos indivíduos, mas tam-
bém a diferenciação no acesso à cultura espiritual, à edu-
cação. A classe dominante detém todo o poder e o coloca
a serviço de seus interesses, deixando à classe trabalha-
dora com tudo que é deficiente, inclusive a educação es-
colar.
O sistema educativo, incluído as escolas, igrejas,
agências de formação profissional, os meios de comuni-
cação de massa, é um meio privilegiado para o repasse
da ideologia dominante.
Este contexto cabe a formação profissional e ética
do professor, pois cabe-lhe escolher qual concepção de
vida e de sociedade deve ser trazida à consideração dos
alunos e quais conteúdos e métodos lhes propiciam o
domínio dos conhecimentos e a capacidade de raciocínio
necessários à compreensão da realidade social e à ativi-
dade na profissão, na política, nos movimentos sociais.
7.3. A PRÁTICA EDUCATIVA NO CONTEX-
TO ATUAL
A educação é um fenômeno social, sendo parte in-
tegrante das relações sociais, econômicas políticas e cul-
turais de uma determinada sociedade e é norteada pela
ideologia que essas relações impõem.
A organização social está estruturada sob os pata-
mares da desigualdade, tanto social como cultural, e a
responsabilidade por esse tipo de desorganização ou de
organização em que vivemos é da má distribuição de re-
cursos econômicos entre a população.
Essas desigualdades determinam não só as condi-
ções materiais de vida e trabalhos dos indivíduos, mas
também a diferenciação que temos no acesso à cultura e
à educação plena.
A classe social dominante que é composta por uma
minoria privilegiada que economicamente retém os mei-
os de produção material, cultural e de difusão, colocan-
do-os a serviço de seus próprios interesses, disseminan-
do, assim, nas escolas, igrejas, unidades de formação
profissional e meios de comunicação em massa, sua ide-
ologia.
É neste aspecto, que a prática educativa deve focar
sua ação, atuando como agente de formação de cidadãos,
com direitos iguais e, portanto, com uma educação de
qualidade.
Uma educação séria, bem fundamentada, voltada
para o interesse da população em geral, e não apenas de
uma minoria, é o melhor agente gerador de mudanças
que pode haver em uma sociedade. Ficando a cargo do
educador a responsabilidade de formação de um cidadão
crítico, ativo e participante, que estará apto a lutar pelas
modificações sociais que se fizerem necessárias.
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
Como vimos, é muito grande a responsabilidade so-
cial da escola e dos professores, cabendo-lhes escolher
qual concepção de vida e de sociedade irão apresentar
aos seus alunos, qual tipo de conteúdo e com qual méto-
do de ensino irão trabalhar.
7.4. PRINCIPAIS TEÓRICOS SOBRE EDU-
CAÇÃO E SOCIEDADE
Os filósofos sempre buscaram uma explicação para
a relação entre educação e sociedade e vice-versa. Na an-
tiguidade se situam Platão e Sócrates, ambos davam
muito valor à busca constante do conhecimento.
Émile Durkheim, Kant, Talcott Parson, Passe-
ron, Bourdieu e Gramsci (a escola reproduz a cultura
social).
Dewey, Mannheim e Paulo Freire (a escola pro-
move mudanças sociais)
Bases Neo-Marxistas Critico-Reprodutivistas:
Os autores abaixo deram base à Pedagogia Progres-
sista e a partir dos posicionamentos destes a educação
passa a ter uma visão crítica do contexto social.
1) Teoria da Reprodução Cultural (rejeitaram as
ideias da “Escola como Espelho da Sociedade” e repro-
duz a cultura dominante através da relação de poder –
Jean-Claude PASSERON e Pierre BOURDIEU).
2) Teoria da Reprodução Social (a escola como
AIE – Aparelho Ideológico do Estado Na sociedade ca-
pitalista as relações tanto usam a “força” quanto “a ideo-
logia” –Louis ALTHUSSER e Antônio GRAMSCI).
3) Teoria do Currículo Oculto (há no contexto
educacional um Currículo Explícito (do Sistema de En-
sino) e um outro implícito, oculto nas normas, valores e
atitudes subjacentes ao aluno – Henry GIROUX)
4) Teoria da “Desescolarização da sociedade” -
Há uma necessidade que se acabe com as escolas, defen-
de Ivan ILLICH em sua obra “Sociedade sem Escolas”
7.5. O DESENVOLVIMENTO DOS FUNDA-
MENTOS DA EDUCAÇÃO
O ato de ensinar e aprender são seculares. Comuni-
dades primitivas tinham suas formas de ensino. Ex.: ritu-
al de iniciação.
Na antiguidade clássica (gregos e romanos) e os
medievais desenvolveram a ação pedagógica de forma
não-estruturada, ou seja, não tinham uma didática.
No século XVII, o pastor protestante João
Amós Comenius foi o primeiro educador a
formular a ideia da difusão Dos conhecimentos
a todos e criar princípios e regras do ensino e
escreveu a DIDACTA MAGNA.
Comenius (Comênio) já afirmava “Não se deve
ensinar nada que a criança não compreen-
der.” Criou a Didática Teológica “A finalidade
da educação é conduzir os homens a Deus”.
O filósofo Rousseau, no século XVIII, propôs
uma concepção nova de ensino e ele defendia:
“São os interesses e necessidades imediatas
do aluno que determinam a organização do
estudo e seu desenvolvimento.”
Henrique Pestalozzi colocou em prática as
ideias de Rousseau.
Johann Friedrich Herbart, século XVIII ins-
pirou a Pedagogia Conservadora Reprodutivista
“o professor é um arquiteto da mente. Ele deve
comandar a mente dos alunos, introduzindo
ideias corretas”.
John Dewey reagiu contra a concepção Herbar-
tiana. Foi defensor da Escola Nova e afirmava
“A escola não é uma preparação para a vida,
ela é a própria vida. Ela incentiva à trans-
formação”.
O grande defensor desta corrente no Brasil foi Aní-
sio Teixeira nos anos 30.
As ideias pedagógicas de Comênio, Rousseau, Pes-
talozzi e Herbart formaram as concepções pedagógicas
conhecidas como: Pedagogia Tradicional e Pedagogia
Renovada.
Modernamente classificamos as concepções em:
LIBERAL e PROGRESSISTA
1) LIBERAL (ora conservadora ora liberação to-
tal): * Tradicional (Reprodutivista) *Renovada ou Es-
cola Nova ou Escolanovista e Progressivista (o aluno é
o centro) * Tecnicista (base Skinneana – com módulos
instrucionais). Esta Tendência tem a visão de manter o
“status quo” da sociedade.
2) PROGRESSISTA (Concepções crítica da edu-
cação – propõe a transformação do homem:
*Libertadora ou Emancipatória (Paulo Freire – dis-
cussão da realidade social), *Libertária e Crítico-Social
dos Conteúdos (os conteúdos serem significativos para
a criticidade dos aprendizes.) Esta Tendência visa a mu-
dar o “status quo” da sociedade).
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8. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NA
LEITURA E NA ESCRITA
A criança com dificuldade de aprendizagem na lei-
tura e na escrita tem menos habilidade que as outras cri-
anças para usar o significado e a gramática de um texto.
Nunes (1992) mostra que as crianças disléxicas são
as que têm dificuldade na aprendizagem da leitura e da
escrita e essas dificuldades são maiores do que se espera-
ria a partir do seu nível intelectual. Essas crianças, embo-
ra com as mesmas condições que as outras crianças para
aprender a ler, recebendo motivação adequada, apoios
satisfatórios dos pais e capacidades intelectuais normais
ou até mesmo acima do normal, avançam na alfabetiza-
ção de forma mais lenta do que seus colegas da mesma
idade e da mesma condição intelectual.
As crianças que possuem dificuldades de aprendi-
zagem na leitura e na escrita aprendem conforme os ou-
tros alunos, mas com lentidão, portanto, todas as crian-
ças aprendem a ler e escrever basicamente da mesma
forma, mas alguns vencem as dificuldades dessa apren-
dizagem com maior facilidade do que outras.
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
“Para a criança, independentemente de ser disléxica
ou não, a aprendizagem é muito importante, pois com a
repetição combinada em números suficientes de vezes,
ela aprenderá a pensar no objeto ao ver a palavra impres-
sa (leitura). Tempos depois, o objeto, um retrato do obje-
to, a palavra às palavras, reagindo aos estímulos simultâ-
neos, a criança chegará a pensar no objeto ao ver a pala-
vra” (NUNES, 1992).
A renovação da prática pedagógica, nos últimos
anos refere-se, exatamente às tentativas de tornar a leitu-
ra e a escrita mais significativa na escola. Observa-se
que a leitura e a escrita são duas habilidades complexas e
imprescindíveis para a aquisição das demais habilidades
escolares e para o conhecimento.
Segundo Martins (2003), “a dislexia é uma dificul-
dade específica de leitura. É um transtorno inesperado
que professores e pais observam no desempenho leitor
da criança. Os sintomas da dislexia podem ser observa-
dos no ato de ler, de escrever ou de soletrar”.
A característica mais marcante da criança que pos-
sui dificuldade de aprendizagem é a acumulação e per-
sistência de seus erros ao ler e escrever. Os problemas
mais comuns, de acordo com Condermarin (1986), são
os seguintes:
Confusão entre letras, sílabas ou palavras
com diferenças sutis de grafia: a-o; c-o; e-c;
f-t; h-n; v-u; etc.
Confusão entre letras, sílabas ou palavras
com grafia similar, mas com diferente orien-
tação no espaço: b-d; b-p; b-q; d-p; n-u; w-
m; a-e.
Confusão entre letras que possuem um pon-
to de articulação comum e cujos sons são
acusticamente próximos: d-t; j-x; c-g; m-b-
p;v-f.
Inversões parciais ou totais de sílabas ou pa-
lavras: me-em; sol-los; som-mos; sal-las;
pal-pla.
Substituição de palavras por outras de estru-
tura mais ou menos similar ou criação de
palavras, porém com diferentes significa-
dos: soltou/salvou; era/ficava.
Contaminações de sons.
Adições ou omissões de sons, sílabas ou pa-
lavras: famoso substituído por fama; casa
por casaco.
Repetições de sílabas, palavras ou frases.
Pular uma linha, retroceder para linha ante-
rior e perder a linha ao ler.
Excessivas fixações do olho na linha.
Soletração defeituosa: reconhecer letras iso-
ladamente, porém sem poder organizar a pa-
lavra como um todo, ou então ler a palavra
sílaba por sílaba, ou ainda ler o texto “pala-
vra por palavra”.
Problemas de compreensão.
Leitura e escrita em espelho em casos ex-
cepcionais.
Ilegibilidade.
Ao escrever, a criança ocupa toda a largura
da página.
Escreve palavras com todas as letras iguais,
exemplo: BATATA/AAA.
Palavras diferentes são escritas da mesma
maneira, exemplo: SUCO/UO.
Os nomes próprios são escritos pela metade,
exemplo: ANA- AA.
Existem também outras perturbações da aprendiza-
gem, as mais comuns são (Condermarin,1986):
Alterações na memória: algumas crianças
apresentam dificuldades para lembrança
imediata de fatos passados, não conseguem
lembrar palavras ou sons que escutam, têm
dificuldade em memorizar visualmente ob-
jetos, palavras ou letras.
Alterações na memória de séries e sequên-
cias: tais como os dias da semana, os meses
do ano, o alfabeto e as horas.
Orientações direita-esquerda: as crianças
são incapazes de orientar-se com proprieda-
de no espaço e aprender a noção de direita e
esquerda. Não conseguem situar a direita e a
esquerda em seu próprio corpo ou quando
olham outra pessoa.
Linguagem escrita: quando a criança não
consegue ler com facilidade, tampouco con-
segue utilizar com propriedade os símbolos
gráficos da expressão escrita. Quando es-
creve, revela sinais de confusões, inversões,
adições, omissões e substituições.
Dificuldades em matemática: não consegue
entender a formulação do problema. Sendo
assim, difícil ler, invertem números ou en-
tão sua sequência.
Segundo Davis (2004), há habilidades que todos os
disléxicos compartilham:
São capazes de utilizar seu dom mental para
alterar ou criar percepções (a habilidade pri-
mária);
São altamente conscientes do meio ambiente;
São mais curiosos que a média;
Pensam principalmente intuitivos e capazes de
muitos insights;
Pensam e percebem de forma multimendisio-
nal (utilizando todos os sentidos);
Podem vivenciar o pensamento como realida-
de;
São capazes de criar imagens muito vívidas.
Se tais habilidades não forem minadas pelos pais e
professores, rotulando a criança como incapaz de desen-
volvê-las, elas poderão ter uma inteligência acima do
normal e criatividade extraordinária, e não se tornarão
incapazes para o aprendizado. Assim, tem-se que todas
as crianças devem receber orientações idênticas, para
que não haja discriminação em sala de aula. O que pode
ocorrer é que as crianças com dificuldades podem neces-
sitar de um pouco mais de tempo e atenção.
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
O PAPEL DO PROFESSOR DIANTE DA DI-
FICULDADE DA CRIANÇA NA APRENDIZAGEM
DA LEITURA E DA ESCRITA
As crianças não aprendem facilmente por si mes-
mas. Aprendem reflexivamente porque alguma pessoa as
coloca em situação de refletir. Consequentemente, o
educador é o ator principal ativo da aprendizagem de
seus alunos (MARUNY, 2000), ou seja, o educador au-
xilia os educandos com e sem dificuldade na leitura e na
escrita, trabalhar a partir do pensamento de cada uma,
considerando, com clareza, o que cada um pode aprender
em cada caso, ou seja, realizar atividades que trabalhem
tanto com os que já sabem ler e escrever, bem como os
outros. E também, comunicar à escola o problema en-
contrado e os sinais observados, para que todos possam
trabalhar para o melhor desenvolvimento da criança.
O objetivo do professor não deve ser que todos
aprendam igualmente; isso é muito difícil de alcançar. O
objetivo deve ser que todos possam trabalhar reflexiva-
mente e construir o pensamento coletivamente, sem que
ninguém seja marginalizado ou deixado de lado.
Os professores devem auxiliar as crianças com difi-
culdades de aprendizagens nas tarefas da escola, fazendo
a divisão dos trabalhos longos em pequenas partes, para
ajudá-las a rever os conteúdos de ensino; usar enigmas
para que elas descrevam o objeto; tomar cuidado como o
material escrito: letras claras, uso de desenhos, diagra-
mas e menos uso de palavras escritas. O uso do dicioná-
rio deve ser ensinado e, quando possível, ilustrado; bem
como o uso de material colorido e grande para o apren-
dizado da letra. Enfim, o professor e a família devem es-
tar informados, familiarizados e sensibilizados para
apoiar e ajudar a criança durante o processo de aprendi-
zagem.
Toda atividade deve dar chance à iniciativa do alu-
no. É importante que o educando sinta que pode sugerir
o que vai escrever ou ler e como vai fazê-lo. Todavia,
nem tudo pode ser sugerido. O educador deve marcar os
limites da tarefa, mas é preferível que a tarefa tenha um
certo nível de abertura, de flexibilidade, que permita uma
resposta personalizada.
Segundo Maruny (2000): “Ler também serve para
controlar e lembrar do que escrevemos. Quando pergun-
tamos à criança o que é que ela queria escrever, pedi-
mos-lhe que leia seu escrito. A própria criança pode pre-
cisar ler o que já escreveu para avançar, tal como nós
adultos fazemos ao repassar nossos textos enquanto es-
crevemos. Esta atividade traz informação decisiva para a
criança.”
Ler para aprender é fundamental para qualquer
componente curricular da escola. Por meio dessa capaci-
dade, a leitura envolve a atividade de ler para compreen-
der, determinando que o aluno aprenda a concentrar-se
na seleção de informações relevantes no texto, utilizando
táticas de aprendizagem. As crianças com dificuldades
de aprendizagem precisam de mais horas de ensino. O
ideal é que o professor planeje as aulas para que os mé-
todos de ensino sejam adequados, em razão dos obstácu-
los encontrados pelas crianças em sua aprendizagem. É
essencial que o professor saiba diagnosticar e avaliar as
falhas de escrita cometidas por seus alunos, aproveitan-
do-as como etapas de saber já atingido e ainda a atingir.
Ele só deve propor ao aluno tarefas compatíveis com a
etapa de conhecimento atingido.
O método da escola pode dificultar a aprendizagem
de uma criança. Por isso o professor deve ter capacidade
de identificar o melhor método para a criança optando
por modificação metodológica dentro da sala de aula,
dando chance para que o aluno escolha o que vai ler ou
escrever, mas colocando limites na tarefa. Desta manei-
ra, estará motivando e estimulando o aluno, para que
cresça em seu aprendizado.
De acordo com Maruny (2000), dar uma oportuni-
dade para que as crianças pensem significa partir de suas
ideias, reconhecer sua lógica mostrar-lhes suas limita-
ções, trazer-lhes informações novas que as ajudem a
pensar mais e melhor. Com isso, a ideia que os professo-
res têm sobre como as crianças aprendem é muito impor-
tante. Não se trata de as encher de informações soltas,
mas trabalhá-los, com empenho, reconstrução pessoal,
debate, discussão e interação.
O ideal é que o professor trabalhe com atividades
lúdicas e que consiga fazer com que os alunos pensem.
Os professores precisam entender a lógica do pensamen-
to infantil e, a partir disso, compreender a criança.
“Aprender é ampliar as fronteiras do pensamento.
Ensinar não é apenas transmitir informações a um ouvin-
te. É ajudá-lo a transformar suas ideias. Para isso, é pre-
ciso conhecê-lo, escutá-lo atentamente, compreender seu
ponto de vista e escolher a ajuda certa de que necessita
para avançar: nem mais, nem menos. MARUNY
(2000)”.
O docente desempenha um papel importante na
identificação das dificuldades de aprendizado. Aquela
criança que não adquire conhecimentos num ritmo seme-
lhante ao dos colegas deve ser acompanhada de perto.
Após alguns meses de trabalho dentro da sala de aula
sem um progresso na aprendizagem, o aluno merece um
cuidado especial e deverá ser encaminhado à orientação
pedagógica da escola que já deve estar ciente do caso.
Quando o professor detectar que o aluno tem difi-
culdade de leitura e escrita deve buscar orientar os pais,
para que juntos procurem soluções para resolver tais
problemas, bem como encaminhar o aluno para profissi-
onais capacitados na área da dislexia. A partir do mo-
mento em que é identificado o problema de rendimento
escolar ou sintomas isolados, que podem ser percebidos
na escola ou mesmo em casa, deve-se procurar ajuda es-
pecializada.
O diagnóstico da dislexia deve ser realizado por
uma equipe multidisciplinar formada por psicólogo, fo-
noaudiólogo e psicopedagogo clínico, que devem iniciar
uma minuciosa investigação, juntamente com os pais e
professores.
Sugestões para auxiliar a criança com dificuldades
de aprendizagem na leitura e na escrita, segundo Domin-
gues e Marchesan (2004) são:
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
Divida trabalhos longos em pequenas par-
tes;
Conteúdos de ensino devem ser revistos
sempre;
Use enigmas para descrever objetos;
Seu conhecimento só deve ser avaliado por
respostas orais;
Cuidado com o material escrito: cabeçalho,
letra claras, uso de desenhos e diagramas e
menos uso de palavras escritas;
Uso da letra script ou bastão em cores dife-
rentes o que melhor auxilia a velocidade
ou memorização da forma ortográfica da
palavra;
Solicitar que repita, sempre que possível, à
ordem ou conteúdo com suas próprias pa-
lavras; isso ajuda na memorização;
Regras escritas devem ser dadas com mui-
ta fixação e separadamente;
Nunca expô-lo a leitura em voz alta diante
de outros;
Use material colorido e grande para o
aprendizado das letras;
O uso do dicionário deve ser bem ensina-
do. Quando possível, ilustrado.
É importante que o professor conheça cada um de
seus alunos e esteja atento às dificuldades de cada um,
para que essas não se transformem num problema. Deve
escutar, muito atentamente, seus alunos; deve estar aten-
to a seus gestos, às suas atitudes, a seu comportamento, à
suas mensagens mentais: ideias, conhecimentos, hipóte-
ses, procedimentos e que metodologia e tática utilizam
para aprender, para escrever, para ler e quais devem
aprender para avançar; precisa modificar e adaptar suas
propostas de trabalho; ajudar no que for necessário; dar o
“empurrão” adequado. Isso requer um treinamento espe-
cífico para a tarefa de aceitar a contribuição do aluno;
organizar a sala de aula; trabalhar em equipe; planejar
atividades e dicas de como estudar para provas.
Especialmente os professores, ao lidar com crianças
com dificuldades, adquirem algo novo. Por um lado,
maior tranquilidade: entendem o que acontece na mente
da criança frente à escrita e estão certos de que a criança
está dando tudo de si. E, além disso, está claro o que se
deve trabalhar com cada aluno: o que ele é capaz de fa-
zer e também qual será o próximo passo em sua aprendi-
zagem. Uma criança que não preste atenção ao som da
palavra deverá concentrar-se na palavra e comprovar que
o que está escrito tem a ver com o som da palavra. É
questão de tempo. Uma criança que atribui vogais a cada
sílaba deve perceber que há mais sons do que as vogais:
que as palavras se escrevem com mais letras. É questão
de trabalhar isso e dar-lhe tempo. (MARUNY, 2000).
REFERÊNCIAS
1. Associação Brasileira de Dislexia. Disponível em:
1. Associação Brasileira de Dislexia. Disponível em:
<http//site.www.dislexia.com.br. Acesso em: 2000.
2. BESSA, Fátima; AFONSO, Rosa. Dislexia – qual é o papel dos pais?.
Disponível em: <http://www. Batina.com/magnata/dislex.htm>. Acesso
em: março 2004.
3. CAFALANGE, Selene. Dislexia...Ou Distúrbio da Leitura e da Escri-
ta?.Disponível em: <http//www.eduk.com.br. Acesso em: 18 abril 2004.
4. CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Lingüística. 10. ed. São Pau-
lo: Scipione, 1997.
5. CONDERMARIN, Mabel. Dislexia: Manual de leitura corretiva. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1986.
6. CONSTITUIÇÂO: República Federativa do Brasil. Brasília: Senado
Federal, Centro Gráfico, 1998.
7. DAVIS, Ronalde D. (Ronald Dell), 1942- O Dom da dislexia: por que
algumas das pessoas nais brilhante não conseguem ler e como podem /
Ronalde D. Davis com Eldon M. Braun; tradução de Ana Lima e Gracia
Badaró Massad. – Rio de Janeiro: Rocco, 2004.
8. DOMINGUES, Wanderley M.; MARCHESAN, Ceny. Dislexia: indi-
cadores preditivos para as faixas pré-escolar e escolar. Disponível em:
<http://www. caripsicologia.com.br/artigo30.htm>. Acesso em: 29 abril
2004.
9. FERREIRO, Emilia. O processo de construção da escrita e da leitura.
Disponível em: <http//centrorefeducacional.pro.br/contribu.html>. Aces-
so em: out. 2004.
***********************************************
9. ENSINO E APRENDIZAGEM DE CONHE-
CIMENTOS DA MATEMÁTICA
9.1. CAMINHOS PARA “FAZER MATEMÁ-
TICA” NA SALA DE AULA
É consensual a ideia de que não existe um caminho
que possa ser identificado como único e melhor para o
ensino de qualquer disciplina, em particular, da Matemá-
tica. No entanto, conhecer diversas possibilidades de tra-
balho em sala de aula é fundamental para que o professor
construa sua prática. Dentre elas, destacam-se a História
da Matemática, as tecnologias da comunicação e os jo-
gos como recursos que podem fornecer os contextos dos
problemas, como também os instrumentos para a cons-
trução das estratégias de resolução.
a) O recurso à História da Matemática
A História da Matemática pode oferecer uma im-
portante contribuição ao processo de ensino e aprendiza-
gem dessa área do conhecimento. Ao revelar a Matemá-
tica como uma criação humana, ao mostrar necessidades
e preocupações de diferentes culturas, em diferentes
momentos históricos, ao estabelecer comparações entre
os conceitos e processos matemáticos do passado e do
presente, o professor cria condições para que o aluno de-
senvolva atitudes e valores mais favoráveis diante desse
conhecimento.
Além disso, conceitos abordados em conexão com
sua história constituem veículos de informação cultural,
sociológica e antropológica de grande valor formativo. A
História da Matemática é, nesse sentido, um instrumento
de resgate da própria identidade cultural.
Ao verificar o alto nível de abstração matemática de
algumas culturas antigas, o aluno poderá compreender
que o avanço tecnológico de hoje não seria possível sem
a herança cultural de gerações passadas. Desse modo, se-
rá possível entender as razões que levam alguns povos a
respeitar e conviver com práticas antigas de calcular,
como o uso do ábaco, ao lado dos computadores de últi-
ma geração.
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
Em muitas situações, o recurso à História da Mate-
mática pode esclarecer ideias matemáticas que estão
sendo construídas pelo aluno, especialmente para dar
respostas a alguns “porquês” e, desse modo, contribuir
para a constituição de um olhar mais crítico sobre os ob-
jetos de conhecimento.
Assim, a própria história dos conceitos pode sugerir
caminhos de abordagem deles, bem como os objetivos
que se pretendem alcançar com eles. Por exemplo, isso
fica evidente quando se percebe que a ampliação dos
campos numéricos historicamente está associada à reso-
lução de situações-problema que envolvem medidas.
Entretanto, essa abordagem não deve ser entendida
simplesmente que o professor deva situar no tempo e no
espaço cada item do programa de Matemática ou contar
sempre em suas aulas trechos da história da Matemática,
mas que a encare como um recurso didático com muitas
possibilidades para desenvolver diversos conceitos, sem
reduzi-la a fatos, datas e nomes a serem memorizados.
b) O recurso às tecnologias da comunicação
As tecnologias, em suas diferentes formas e usos,
constituem um dos principais agentes de transformação
da sociedade, pelas modificações que exercem nos meios
de produção e por suas consequências no cotidiano das
pessoas (Para uma visão mais ampla e profunda sobre
este assunto, consultar a quinta parte da Introdução aos
Parâmetros Curriculares Nacionais).
Estudiosos do tema mostram que escrita, leitura, vi-
são, audição, criação e aprendizagem são influenciados,
cada vez mais, pelos recursos da informática. Nesse ce-
nário, insere-se mais um desafio para a escola, ou seja, o
de como incorporar ao seu trabalho, tradicionalmente
apoiado na oralidade e na escrita, novas formas de co-
municar e conhecer.
Por outro lado, também é fato que as calculadoras,
computadores e outros elementos tecnológicos estão ca-
da vez mais presentes nas diferentes atividades da popu-
lação.
O uso desses recursos traz significativas contribui-
ções para se repensar sobre o processo de ensino e
aprendizagem de Matemática à medida que:
relativiza a importância do cálculo mecânico e
da simples manipulação simbólica, uma vez
que por meio de instrumentos esses cálculos
podem ser realizados de modo mais rápido e
eficiente;
evidencia para os alunos a importância do papel
da linguagem gráfica e de novas formas de re-
presentação, permitindo novas estratégias de
abordagem de variados problemas;
possibilita o desenvolvimento, nos alunos, de
um crescente interesse pela realização de proje-
tos e atividades de investigação e exploração
como parte fundamental de sua aprendizagem;
permite que os alunos construam uma visão
mais completa da verdadeira natureza da ativi-
dade matemática e desenvolvam atitudes posi-
tivas diante de seu estudo.
Embora os computadores ainda não estejam am-
plamente disponíveis para a maioria das escolas, eles já
começam a integrar muitas experiências educacionais,
prevendo-se sua utilização em maior escala a curto pra-
zo.
Eles podem ser usados nas aulas de Matemática
com várias finalidades:
como fonte de informação, poderoso recurso
para alimentar o processo de ensino e aprendi-
zagem;
como auxiliar no processo de construção de co-
nhecimento;
como meio para desenvolver autonomia pelo
uso de softwares que possibilitem pensar, refle-
tir e criar soluções;
como ferramenta para realizar determinadas
atividades – uso de planilhas eletrônicas, pro-
cessadores de texto, banco de dados etc.
Além disso, tudo indica que pode ser um grande
aliado do desenvolvimento cognitivo dos alunos, princi-
palmente na medida em que possibilita o desenvolvi-
mento de um trabalho que se adapta a distintos ritmos de
aprendizagem e permite que o aluno aprenda com seus
erros.
Por outro lado, o bom uso que se possa fazer do
computador na sala de aula também depende da escolha
de softwares, em função dos objetivos que se pretende
atingir e da concepção de conhecimento e de aprendiza-
gem que orienta o processo.
As experiências escolares com o computador tam-
bém têm mostrado que seu uso efetivo pode levar ao es-
tabelecimento de uma nova relação professor-aluno,
marcada por uma maior proximidade, interação e colabo-
ração. Isso define uma nova visão do professor, que lon-
ge de considerar-se um profissional pronto, ao final de
sua formação acadêmica, tem de continuar em formação
permanente ao longo de sua vida profissional.
Portanto, longe da ideia de que o computador viria
substituir o professor, seu uso vem, sobretudo, reforçar o
papel do professor na preparação, condução e avaliação
do processo de ensino e aprendizagem.
Quanto ao uso da calculadora, constata-se que ela é
um recurso útil para verificação de resultados, correção
de erros, podendo ser um valioso instrumento de autoa-
valiação. A calculadora favorece a busca e percepção de
regularidades matemáticas e o desenvolvimento de estra-
tégias de resolução de situações-problema pois ela esti-
mula a descoberta de estratégias e a investigação de hi-
póteses, uma vez que os alunos ganham tempo na execu-
ção dos cálculos. Assim elas podem ser utilizadas como
eficiente recurso para promover a aprendizagem de pro-
cessos cognitivos.
Como exemplo de uma situação exploratória e de
investigação que se tornaria imprópria sem o uso de cal-
culadora, poder-se-ia imaginar um aluno sendo desafiado
a descobrir e a interpretar os resultados que obtém quan-
do divide um número sucessivamente por dois (se come-
çar pelo 1, obterá 0,5; 0,25; 0,125; 0,0625; 0,03125;
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
0,015625). Usando a calculadora, podem colocar sua
atenção no que está acontecendo com os resultados,
compará-los, levantar hipóteses e estabelecer relações
entre eles, construindo significado para esses números.
Além disso, ela possibilita trabalhar com valores da
vida cotidiana cujos cálculos são mais complexos, como
conferir os rendimentos na caderneta de poupança, cujo
índice é um número com quatro casas decimais.
No mundo atual, saber fazer cálculos com lápis e
papel é uma competência de importância relativa e que
deve conviver com outras modalidades de cálculo, como
o cálculo mental, as estimativas e o cálculo produzido
pelas calculadoras, portanto, não se pode privar as pes-
soas de um conhecimento que é útil em suas vidas.
A utilização de recursos como o computador e a
calculadora pode contribuir para que o processo de ensi-
no e aprendizagem de Matemática se torne uma ativida-
de experimental mais rica, sem riscos de impedir o de-
senvolvimento do pensamento, desde que os alunos se-
jam encorajados a desenvolver seus processos metacog-
nitivos e sua capacidade crítica e o professor veja reco-
nhecido e valorizado o papel fundamental que só ele po-
de desempenhar na criação, condução e aperfeiçoamento
das situações de aprendizagem.
Em Matemática existem recursos que funcionam
como ferramentas de visualização, ou seja, imagens que
por si mesmas permitem compreensão ou demonstração
de uma relação, regularidade ou propriedade. Um exem-
plo bastante conhecido é a representação do teorema de
Pitágoras, mediante figuras que permitem “ver” a relação
entre o quadrado da hipotenusa e a soma dos quadrados
dos catetos.
Outro aspecto a ser considerado é o fato de que hoje
a computação gráfica é um recurso bastante estimulador
para compreensão e análise do comportamento de gráfi-
cos de funções como as alterações que estes sofrem
quando ocorrem mudanças nos parâmetros de suas equa-
ções. Assim, a visualização e a leitura de informações
gráficas em Matemática são aspectos importantes, pois
auxiliam a compreensão de conceitos e o desenvolvi-
mento de capacidades de expressões gráficas.
A disponibilidade de modernos recursos para pro-
duzir imagens impõe a necessidade de atualização das
imagens matemáticas, de acordo com as tendências tec-
nológicas e artísticas, incorporando a cor, os gráficos, a
fotografia, assim como a importância de ensinar os alu-
nos a fazer uso desses recursos.
Também a atual tecnologia de produção de vídeos
educativos permite que conceitos, figuras, relações, grá-
ficos sejam apresentados de forma atrativa e dinâmica.
Nos vídeos, o ritmo e a cor são fatores estéticos impor-
tantes para captar o interesse do observador. Além disso,
esse tipo de recurso possibilita uma observação mais
completa e detalhada na medida em que permite parar a
imagem, voltar, antecipar.
Mesmo o rádio, que à primeira vista parece limitado
como meio para a aprendizagem, pode ser um importante
recurso para fazer chegar a diferentes localidades, pro-
gramas educativos para formação de professores e alu-
nos, além de ser um veículo de acesso à informação.
Assim, o que se propõe hoje é que o ensino de Ma-
temática possa aproveitar ao máximo os recursos tecno-
lógicos, tanto pela sua receptividade social como para
melhorar a linguagem expressiva e comunicativa dos
alunos.
É esperado que nas aulas de Matemática se possa
oferecer uma educação tecnológica, que não signifique
apenas uma formação especializada, mas, antes, uma
sensibilização para o conhecimento dos recursos da tec-
nologia, pela aprendizagem de alguns conteúdos sobre
sua estrutura, funcionamento e linguagem e pelo reco-
nhecimento das diferentes aplicações da informática, em
particular nas situações de aprendizagem, e valorização
da forma como ela vem sendo incorporada nas práticas
sociais.
c) Do recurso aos jogos
Os jogos constituem uma forma interessante de
propor problemas, pois permitem que estes sejam apre-
sentados de modo atrativo e favorecem a criatividade na
elaboração de estratégias de resolução e busca de solu-
ções. Propiciam a simulação de situações problema que
exigem soluções vivas e imediatas, o que estimula o pla-
nejamento das ações; possibilitam a construção de uma
atitude positiva perante os erros, uma vez que as situa-
ções sucedem-se rapidamente e podem ser corrigidas de
forma natural, no decorrer da ação, sem deixar marcas
negativas.
Na situação de jogo, muitas vezes, o critério de cer-
to ou errado é decidido pelo grupo. Assim, a prática do
debate permite o exercício da argumentação e a organi-
zação do pensamento.
Os jogos podem contribuir para um trabalho de
formação de atitudes ─ enfrentar desafios, lançar-se à
busca de soluções, desenvolvimento da crítica, da intui-
ção, da criação de estratégias e da possibilidade de alte-
rá-las quando o resultado não é satisfatório ─ necessárias
para aprendizagem da Matemática.
Nos jogos de estratégia (busca de procedimentos
para ganhar) parte-se da realização de exemplos práticos
(e não da repetição de modelos de procedimentos criados
por outros) que levam ao desenvolvimento de habilida-
des específicas para a resolução de problemas e os mo-
dos típicos do pensamento matemático.
As atividades de jogos permitem ao professor anali-
sar e avaliar os seguintes aspectos:
compreensão: facilidade para entender o pro-
cesso do jogo assim como o autocontrole e o
respeito a si próprio;
facilidade: possibilidade de construir uma estra-
tégia vencedora;
possibilidade de descrição: capacidade de co-
municar o procedimento seguido e da maneira
de atuar;
estratégia utilizada: capacidade de comparar
com as previsões ou hipóteses.
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
A participação em jogos de grupo também represen-
ta uma conquista cognitiva, emocional, moral e social
para o estudante e um estímulo para o desenvolvimento
de sua competência matemática.
Além de ser um objeto sociocultural em que a Ma-
temática está presente, o jogo é uma atividade natural no
desenvolvimento dos processos psicológicos básicos;
supõe um “fazer sem obrigação externa e imposta”, em-
bora demande exigências, normas e controle.
9.2. AVALIAÇÃO EM MATEMÁTICA
Mudanças na definição de objetivos para o ensino
fundamental, na maneira de conceber a aprendizagem, na
interpretação e na abordagem dos conteúdos matemáti-
cos implicam repensar sobre as finalidades da avaliação,
sobre o que e como se avalia, num trabalho que inclui
uma variedade de situações de aprendizagem, como a re-
solução de problemas, o uso de recursos tecnológicos,
entre outros.
Nesse sentido, é preciso repensar certas ideias que
predominam sobre o significado da avaliação em Mate-
mática, ou seja, as que concebem como prioritário avali-
ar apenas se os alunos memorizam as regras e esquemas,
não verificando a compreensão dos conceitos, o desen-
volvimento de atitudes e procedimentos e a criatividade
nas soluções, que, por sua vez, se refletem nas possibili-
dades de enfrentar situações-problema e resolvê-las. Ou-
tra ideia dominante é a que atribui exclusivamente ao de-
sempenho do aluno as causas das dificuldades nas avali-
ações.
Na atual perspectiva de um currículo de Matemática
para o ensino fundamental, novas funções são indicadas
à avaliação, na qual se destacam uma dimensão social e
uma dimensão pedagógica.
No primeiro caso, atribui-se à avaliação a função de
fornecer aos estudantes informações sobre o desenvol-
vimento das capacidades e competências que são exigi-
das socialmente, bem como auxiliar os professores a
identificar quais objetivos foram atingidos, com vistas a
reconhecer a capacidade matemática dos alunos, para
que possam inserir-se no mercado de trabalho e partici-
par da vida sociocultural.
No segundo caso, cabe à avaliação fornecer aos pro-
fessores as informações sobre como está ocorrendo a
aprendizagem: os conhecimentos adquiridos, os raciocí-
nios desenvolvidos, as crenças, hábitos e valores incor-
porados, o domínio de certas estratégias, para que ele
possa propor revisões e reelaborações de conceitos e
procedimentos ainda parcialmente consolidados.
Assim, é fundamental que os resultados expressos
pelos instrumentos de avaliação, sejam eles provas, tra-
balhos, registros das atitudes dos alunos, forneçam ao
professor informações sobre as competências de cada
aluno em resolver problemas, em utilizar a linguagem
matemática adequadamente para comunicar suas ideias,
em desenvolver raciocínios e análises e em integrar to-
dos esses aspectos no seu conhecimento matemático.
As formas de avaliação devem contemplar também
as explicações, justificativas e argumentações orais, uma
vez que estas revelam aspectos do raciocínio que muitas
vezes não ficam evidentes nas avaliações escritas.
Se os conteúdos estão dimensionados em conceitos,
procedimentos e atitudes, cada uma dessas dimensões
pode ser avaliada por meio de diferentes estratégias. A
avaliação de conceitos acontece por meio de atividades
voltadas à compreensão de definições, ao estabelecimen-
to de relações, ao reconhecimento de hierarquias, ao es-
tabelecimento de critérios para fazer classificações e
também à resolução de situações de aplicação envolven-
do conceitos. A avaliação de procedimentos implica re-
conhecer como eles são construídos e utilizados. A ava-
liação de atitudes pode ser feita por meio da observação
do professor e pela realização de autoavaliações.
O grau de complexidade a ser avaliado é definido
por critérios traduzidos em afirmações que precisem o
tipo de aprendizagem desejados. Por exemplo, numa si-
tuação de aprendizagem em que se avalia a capacidade
de resolver problemas abertos, os critérios relevantes po-
dem ser o planejamento correto da situação, a originali-
dade na resolução e a variedade de estratégias utilizadas.
É fundamental que na seleção desses critérios se
contemple uma visão de Matemática como uma constru-
ção significativa, se reconheçam para cada conteúdo as
possibilidades de conexões, se fomente um conhecimen-
to flexível com várias possibilidades de aplicações, se
inclua a valorização do progresso do aluno, tomando ele
próprio como o referencial de análise, e não exclusiva-
mente sua posição em relação à média de seu grupo clas-
se.
Nesse sentido, a observação do trabalho individual
do aluno permite a análise de erros. Na aprendizagem
escolar o erro é inevitável e, muitas vezes, pode ser in-
terpretado como um caminho para buscar o acerto.
Quando o aluno ainda não sabe como acertar, faz tentati-
vas, à sua maneira, construindo uma lógica própria para
encontrar a solução. Ao procurar identificar, mediante a
observação e o diálogo, como o aluno está pensando, o
professor obtém as pistas do que ele não estar compreen-
dendo e pode planejar a intervenção adequada para auxi-
liar o aluno a refazer o caminho.
Na tentativa de mudar os rumos do que habitual-
mente acontece nas avaliações em Matemática, alguns
professores têm procurado elaborar instrumentos para
registrar observações sobre os alunos. Um exemplo são
as fichas para o mapeamento do desenvolvimento de ati-
tudes, que incluem questões como: Procura resolver pro-
blemas por seus próprios meios? Faz perguntas? Usa es-
tratégias criativas ou apenas as convencionais? Justifica
as respostas obtidas? Comunica suas respostas com cla-
reza? Participa dos trabalhos em grupo? Ajuda os outros
na resolução de problemas? Contesta pontos que não
compreende ou com os quais não concorda? Ao levantar
indícios sobre o desempenho dos alunos, o professor de-
ve ter claro o que pretende obter e que uso fará desses
indícios.
Embora a avaliação esteja intimamente relacionada
aos objetivos visados, estes nem sempre se realizam ple-
namente para todos os alunos. Por isso, constroem-se cri-
térios de avaliação com a função de indicarem as expec-
tativas de aprendizagem possíveis de serem desenvolvi-
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
das pelos alunos ao final de cada ciclo, com respeito às
capacidades indicadas. A determinação desses critérios
deve ser flexível e levar em conta a progressão de de-
sempenho de cada aluno, as características particulares
da classe em que o aluno se encontra e as condições em
que o processo de ensino e aprendizagem se concretiza.
9.3. SÍNTESE DOS PRINCÍPIOS NORTEA-
DORES
Os Parâmetros Curriculares Nacionais para a área
de Matemática no ensino fundamental estão pautados por
princípios decorrentes de estudos, pesquisas, práticas e
debates desenvolvidos nos últimos anos, cujo objetivo
principal é o de adequar o trabalho escolar a uma nova
realidade, marcada pela crescente presença dessa área do
conhecimento em diversos campos da atividade humana.
São eles:
a Matemática é importante na medida em que a
sociedade necessita e se utiliza, cada vez mais,
de conhecimentos científicos e recursos tecno-
lógicos, que por sua vez são essenciais para a
inserção das pessoas como cidadãos no mundo
do trabalho, da cultura e das relações sociais;
a Matemática pode e deve estar ao alcance de
todos e a garantia de sua aprendizagem deve ser
meta prioritária do trabalho docente;
a atividade matemática escolar não é “olhar pa-
ra coisas prontas e definitivas”, mas a constru-
ção e a apropriação de um conhecimento pelo
aluno, que se servirá dele para compreender e
transformar sua realidade;
o ensino de Matemática deve garantir o desen-
volvimento de capacidades como: observação,
estabelecimento de relações, comunicação (di-
ferentes linguagens), argumentação e validação
de processos e o estímulo às formas de raciocí-
nio como intuição, indução, dedução, analogia,
estimativa;
o ensino-aprendizagem de Matemática tem co-
mo ponto de partida a resolução de problemas;
no ensino da Matemática, destacam-se dois as-
pectos básicos: um consiste em relacionar ob-
servações do mundo real com representações
(esquemas, tabelas, figuras, escritas numéricas);
outro consiste em relacionar essas representa-
ções com princípios e conceitos matemáticos.
Nesse processo, a comunicação tem grande im-
portância e deve ser estimulada, levando-se o
aluno a “falar” e a “escrever” sobre Matemáti-
ca, a trabalhar com representações gráficas, de-
senhos, construções, a aprender como organizar
e tratar dados;
a aprendizagem em Matemática está ligada à
compreensão, isto é, à atribuição e apreensão de
significado; apreender o significado de um ob-
jeto ou acontecimento pressupõe identificar su-
as relações com outros objetos e acontecimen-
tos. Assim, o tratamento dos conteúdos em
compartimentos estanques e numa rígida suces-
são linear deve dar lugar a uma abordagem em
que as conexões sejam favorecidas e destaca-
das. O significado da Matemática para o aluno
resulta das conexões que ele estabelece entre
ela e as demais áreas, entre ela e os Temas
Transversais, entre ela e o cotidiano e das co-
nexões que ele estabelece entre os diferentes
temas matemáticos;
a seleção e organização de conteúdos deve le-
var em conta sua relevância social e sua contri-
buição para o desenvolvimento intelectual do
aluno e não deve ter como critério apenas a ló-
gica interna da Matemática;
o conhecimento matemático é historicamente
construído e, portanto, está em permanente evo-
lução. Assim, o ensino de Matemática precisa
incorporar essa perspectiva, possibilitando ao
aluno reconhecer as contribuições que ela ofe-
rece para compreender as informações e posici-
onar-se criticamente diante delas;
recursos didáticos como livros, vídeos, televi-
são, rádio, calculadoras, computadores, jogos e
outros materiais têm um papel importante no
processo de ensino e aprendizagem. Contudo,
eles precisam estar integrados a situações que
levem ao exercício da análise e da reflexão;
a avaliação é parte do processo de ensino e
aprendizagem. Ela incide sobre uma grande va-
riedade de aspectos relativos ao desempenho
dos alunos, como aquisição de conceitos, domí-
nio de procedimentos e desenvolvimento de ati-
tudes. Mas também devem ser avaliados aspec-
tos como seleção e dimensionamento dos con-
teúdos, práticas pedagógicas, condições em que
se processam o trabalho escolar e as próprias
formas de avaliação.
9.4. OBJETIVOS GERAIS PARA O ENSINO
FUNDAMENTAL
As finalidades do ensino de Matemática visando à
construção da cidadania indicam como objetivos do en-
sino fundamental levar o aluno a:
identificar os conhecimentos matemáticos como
meios para compreender e transformar o mundo
à sua volta e perceber o caráter de jogo intelec-
tual, característico da Matemática, como aspec-
to que estimula o interesse, a curiosidade, o es-
pírito de investigação e o desenvolvimento da
capacidade para resolver problemas;
fazer observações sistemáticas de aspectos
quantitativos e qualitativos da realidade, estabe-
lecendo inter-relações entre eles, utilizando o
conhecimento matemático (aritmético, geomé-
trico, métrico, algébrico, estatístico, combinató-
rio, probabilístico);
selecionar, organizar e produzir informações re-
levantes, para interpretá-las e avaliá-las criti-
camente;
resolver situações-problema, sabendo validar
estratégias e resultados, desenvolvendo formas
de raciocínio e processos, como intuição, indu-
ção, dedução, analogia, estimativa, e utilizando
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
conceitos e procedimentos matemáticos, bem
como instrumentos tecnológicos disponíveis;
comunicar-se matematicamente, ou seja, des-
crever, representar e apresentar resultados com
precisão e argumentar sobre suas conjecturas,
fazendo uso da linguagem oral e estabelecendo
relações entre ela e diferentes representações
matemáticas;
estabelecer conexões entre temas matemáticos
de diferentes campos e entre esses temas e co-
nhecimentos de outras áreas curriculares;
sentir-se seguro da própria capacidade de cons-
truir conhecimentos matemáticos, desenvolven-
do a autoestima e a perseverança na busca de
soluções;
interagir com seus pares de forma cooperativa,
trabalhando coletivamente na busca de soluções
para problemas propostos, identificando aspec-
tos consensuais ou não na discussão de um as-
sunto, respeitando o modo de pensar dos cole-
gas e aprendendo com eles.
9.5. O ENSINO-APRENDIZAGEM-
AVALIAÇÃO DE MATEMÁTICA ATRAVÉS DA
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
Uma das grandes dificuldades dos alunos em apren-
der Matemática está em saber resolver problemas, acre-
ditamos que a metodologia de trabalho adotada é uma
oportunidade de modificar o desenvolvimento habitual
das aulas de matemática e, tem por objetivo desenvolver
processos de pensamento matemático, assim como moti-
var e tornar significativa a introdução de um determina-
do conceito matemático.
Nesta metodologia, o problema é o ponto de partida
e, os professores, através da resolução de problemas, de-
vem fazer conexões entre os diferentes ramos da mate-
mática gerando novos conceitos e novos conteúdos.
Para Van de Walle (2001) a resolução de problemas
deve ser o foco do currículo de Matemática, deve ser vis-
ta como a principal estratégia de ensino. Além disso, ele
chama a atenção para que o trabalho de ensinar comece
sempre onde estão os alunos, ao contrário da forma usual
em que o ensino começa onde estão os professores, igno-
rando-se o que os alunos trazem consigo para a sala de
aula. Nesse sentido, a aprendizagem será uma conse-
quência do processo de resolução de problemas.
Os PCN, focalizam a resolução de problemas como
um ponto de partida da atividade matemática. Conceitos,
ideias e métodos matemáticos devem ser abordados me-
diante a exploração de problemas.
Nossa metodologia tem por meta ajudar os alunos a
se tornarem investigadores diante de uma situação desa-
fiadora, um problema, de forma a compreender e questi-
onar os conceitos de que irão necessitar. O papel do pro-
fessor muda de “comunicador de conhecimento” para o
de observador, organizador, consultor, mediador, contro-
lador, incentivador da aprendizagem. Sendo assim, exi-
ge-se bastante do professor, “... o professor terá que en-
frentar situações inesperadas em sala de aula e, em al-
gumas oportunidades, deverá alterar aquilo que tinha
planejado, ainda mais, terá que estar atento às dificul-
dades apresentadas pelos alunos...” (Rodrigues, 1992,
p.29).
É importante que o professor tenha conhecimento
desta metodologia, pois ela visa a um trabalho centrado
no aluno onde ele participa da construção do conheci-
mento sob a orientação e a supervisão do professor que,
somente no final desse processo de construção, formali-
zará as ideias construídas, utilizando notação e termino-
logia corretas.
Onuchic e Allevato explicam ainda que [...] ensinar
matemática através da resolução de problemas é uma
abordagem consistente com as recomendações do
NCTM e dos PCN, pois conceitos e habilidades matemá-
ticos são aprendidos no contexto da resolução de pro-
blemas. (ONUCHIC e ALLEVATO, 2004, p.222).
Nessa mesma linha afirmam Callejo e Vila que “[...]
os problemas são utilizados para ajudar os alunos a te-
rem consciência de que seus conhecimentos são insufici-
entes para responder às questões que lhes são propostas e
despertar-lhes, assim, a motivação para incorporar novos
conhecimentos reestruturando os que já têm”. (CALLE-
JO e VILA, 2004, p.170).
Além disso, eles ainda ressaltam que para se traba-
lhar com essa metodologia de ensino é necessária uma
formação contínua e permanente da equipe dos professo-
res de matemática da escola e de um trabalho em equipe.
Cabe ao professor orientar o trabalho, dialogar com os
alunos, facilitando-lhes informações, fazer perguntas,
etc...
Entendemos que a expressão “ensino-
aprendizagem” tem um significado muito importante
nessa metodologia de trabalho em sala de aula, pois esta
expressão é um processo que acontece simultaneamente,
tendo o aluno como co-construtor do conhecimento e, a
“avaliação” deve estar integrada ao ensino para melhorar
a aprendizagem, bem como, centrada nos processos de
resolução de problemas, mais que nos resultados e nos
progressos dos alunos.
Segundo Kilpatrick e Silver (2000) quando a avalia-
ção está associada com e integrada ao ensino, ela se tor-
na uma excelente oportunidade para o professor aprender
sobre o que seus alunos entendem e o que eles podem fa-
zer. E é fundamental que o aluno, nesse contexto, faça
sua autoavaliação no intuito de guiar e aumentar sua
aprendizagem.
9.6. AS TECNOLOGIAS E O ENSINO
É fato que o ensino precisa ser melhorado e as tec-
nologias são uma proposta para que isso ocorra.
As novas tecnologias fazem parte da vida dos alu-
nos, estão presentes em seu cotidiano, seja nas atividades
de rotina como ir ao banco, ao supermercado, os próprios
meios de comunicação que estão cada vez mais digitali-
zados, portanto, a escola não pode e não deve ignorá-las,
pois a tendência é de que a sociedade se informatize cada
vez mais e assim faz-se necessário aprender a conviver e
manipular estes recursos.
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
Atualmente as tecnologias estão ao alcance tanto
das crianças como dos adolescentes que aprendem a ma-
nipular as mesmas direta ou indiretamente, independente
de classe social. O acesso a estes meios torna-se cada vez
mais fácil, pois vivemos em uma sociedade informatiza-
da e temos necessidades de utilizar esses recursos para
realizar algumas tarefas do dia-a-dia.
Quando falamos em formas de ensino, é comum
ouvir reclamações dos alunos quanto a métodos de ensi-
no dos professores, que as aulas são sempre monótonas,
o professor fala, o aluno ouve e não passa disso, não há
uma ligação entre os conteúdos trabalhados e a realidade
vivenciada pelos alunos, dificultando assim a aprendiza-
gem de certos conteúdos que poderiam ser melhor com-
preendidos, se relacionados a atividades do dia-a-dia dos
alunos.
Uma das maneiras de tornarmos as aulas de Mate-
mática mais atraentes é utilizarmos recursos tecnológicos
como auxílio, pois através deles podemos desenvolver
inúmeras atividades que possibilitem ao aluno pesquisar,
observar, raciocinar e desenvolver principalmente méto-
dos próprios de trabalhar com situações envolvendo a
Matemática.
As tecnologias são pontes que abrem a sala de aula
para o mundo, que representam, medeiam o nosso co-
nhecimento do mundo. São diferentes formas de repre-
sentação da realidade, de forma mais abstrata ou concre-
ta, mais estática ou dinâmica, mais linear ou paralela,
mas todas elas, combinadas, integradas, possibilitam
uma melhor apreensão da realidade e o desenvolvimento
de todas as potencialidades do educando, dos diferentes
tipos de inteligência, habilidades e atitudes (MORAN,
2006, p. 2).
São várias as questões que surgem, quando falamos
em métodos que devem ser adotados pela escola e pelos
professores para inserir as tecnologias no ambiente de
aprendizagem. O professor tem a necessidade de se
adaptar a todas essas mudanças que ocorreram e vem
ocorrendo atualmente, ele precisa aprender a trabalhar
com situações que muitas vezes não fazem parte de sua
formação acadêmica e também precisa estar sempre bem
informado e atualizado para que possa atender à deman-
da de alunos que vivem nesta era tecnológica.
Diante de todas essas transformações o professor
precisa inovar os métodos de ensino e buscar novas for-
mas de explorar as tecnologias que estão ao seu alcance,
utilizando os saberes cotidianos dos alunos como um
meio de explorar os conteúdos matemáticos presentes em
seu dia-a-dia, auxiliando-os assim na compreensão de
sua realidade.
Muitos professores preferem manter-se na zona de
conforto, mantendo os tradicionais métodos de ensino
(quadro e giz) ou porque possuem receio de enfrentar o
“diferente” e de tomar a iniciativa de criar novos méto-
dos de ensino ou por preferirem manter-se acomodados.
Os professores sentem dificuldade de manipular es-
sas novas tecnologias que existem, pois sentem medo de
revelar essa dificuldade diante dos alunos, os mesmos
sabem que algumas mudanças são necessárias, mas não
sabem como fazê-las e não se sentem preparados para
enfrentar o “diferente”. Pois isso é um novo desafio, on-
de estes precisam buscar novas alternativas para inserir
essas “tecnologias” como uma forma de auxílio no pro-
cesso educacional, afinal eles têm em suas mãos instru-
mentos importantes que devem ser utilizados de maneira
que venham a propiciar um ensino inovador (MORAN,
2007).
Cabe ao professor ter a consciência de que a socie-
dade está evoluindo e dessa forma ele precisa acompa-
nhar esse processo, procurando se adaptar e estar prepa-
rado para mudar.
Os métodos tradicionais de ensino são importantes e
têm seu valor significativo.
Quando falamos em inserir as tecnologias no ambi-
ente escolar, não significa querer substituir os métodos
tradicionais de ensino e quanto menos substituir o papel
do professor e, sim, estas deveriam ser inseridas com a
finalidade de auxiliar o professor na execução de suas
aulas, tornando-as mais interessantes e criativas, o pro-
fessor torna-se mediador deste processo incentivando a
pesquisa, a dedução de conceitos, a exploração de méto-
dos próprios de resolução e participando assim no pro-
cesso de construção do conhecimento do aluno.
Ao fazer uso das tecnologias, é necessário que os
professores tenham clareza de como explorar correta-
mente os recursos tecnológicos e qual é mais eficiente
para desenvolver determinadas atividades, pois as tecno-
logias são ferramentas e precisam ser aplicadas, conside-
rando cada situação em particular, para que assim seja
possível que os professores atinjam os objetivos almeja-
dos.
A preparação do professor é fundamental para que a
educação dê o salto de qualidade e deixe de ser baseada
na transmissão de informações para incorporar também
aspectos da construção do conhecimento do aluno, usan-
do para isso as tecnologias digitais que estão cada vez
mais presentes em nossa sociedade (VALENTE, 2005, p.
30).
O professor precisa estar preparado para inserir as
tecnologias no ambiente escolar, é necessário ter uma
formação adequada para poder orientar e desafiar o alu-
no para as atividades desenvolvidas, utilizando os recur-
sos tecnológicos que contribuam para a aquisição de no-
vos conhecimentos. O professor tem o papel de servir
como mediador deste processo, ele precisa criar situa-
ções que promovam a aprendizagem, utilizando como
auxílio os recursos disponíveis atualmente. Sabemos que
o professor não pode ser substituído pelas tecnologias,
estas devem ser utilizadas apenas como forma de auxílio
em sua prática docente.
Atualmente o ensino apresenta várias deficiências, a
inserção das tecnologias é uma forma de auxiliar na me-
lhoria das mesmas, no entanto não podemos pensar que
elas são a solução para todos os problemas. Sua aplica-
ção deve estar sempre baseada em objetivos previamente
estabelecidos, de modo que ocorra a integração com os
conteúdos trabalhados, viabilizando assim a aprendiza-
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
gem e também requer um planejamento das atividades
que serão realizadas, pois os recursos tecnológicos não
devem ser introduzidos em sala de aula simplesmente
para tornar a aula diferente, mas sim, para trazer infor-
mação, conhecimento e principalmente auxiliar no pro-
cesso de ensino-aprendizagem dos educandos.
9.7. TECNOLOGIAS NO ENSINO DA MATE-
MÁTICA
A disciplina de Matemática não é bem aceita pelos
alunos, pois é vista como uma disciplina que apresenta
muitas dificuldades, talvez falte apresentar aos alunos
aplicações da Matemática, fazer com que eles percebam
que ela está inserida em nosso dia-a-dia, e que é de gran-
de importância em nossas vidas.
Segundo Monique Ravanello,
os alunos brasileiros estão entre os piores do mun-
do em matemática, segundo dados do Pisa (sigla em in-
glês para Programa Internacional de Avaliação de Alu-
nos),. As preocupações com a deficiência vão além das
paredes do Ministério da Educação. O Ministério da Ci-
ência e Tecnologia também está atento. Isso porque, se-
gundo especialistas, não há como desvincular o aprendi-
zado da matemática das possibilidades de desenvolvi-
mento do país (2008, p. 4).
O Programa Internacional de Avaliação de Alu-
nos (PISA) é realizado a cada três anos, com propósito
de avaliar o desempenho escolar de diversos países em
três quesitos principais: matemática, ciências e leitura.
Na última edição, realizada em 2015, foram 70 os países
analisados, entre eles, o Brasil. A divulgação do resulta-
do saiu no terceiro trimestre de 2016, sem boas notícias
para o país tupiniquim – estamos entre os dez últimos
do ranking em ciências (63º) e matemática (65º); em lei-
tura, a modesta 59ª posição. No total, 841 escolas brasi-
leiras e 23.141 dos nossos alunos foram avaliados. Os
dados apontam que o Brasil está muito aquém das gran-
des potências educacionais, como Cingapura, China e
Finlândia. Como fazer para virar o jogo?
- Esse é um dado alarmante. Sem educação de qua-
lidade, deixamos de aproveitar nossas potencialidades
como país, e os talentos individuais do brasileiro - co-
menta Bruno Elias, presidente da Eleva, segunda maior
rede de ensino privado do Brasil.
A prova PISA avalia estudantes de escolas públicas
e particulares. Nas escolas privadas da rede Eleva, gran-
des avanços são feitos diariamente em termos de meto-
dologia de ensino, sob o seguinte prisma:
- Se o mundo mudou e os alunos mudaram, a edu-
cação não pode parar no tempo. Ela precisa acompanhar
o passo e também acompanhar as mudanças ao redor –
explica Bruno Elias.
Como podemos perceber, os dados revelam um
quadro preocupante e porque não dizer alarmante sobre o
desempenho dos alunos na disciplina de matemática e
mostram que esta continua sendo uma das matérias em
que os alunos possuem inúmeras dificuldades.
São dados alarmantes que nos fazem refletir sobre
quais as possíveis causas desses baixos índices, e aí sur-
gem inúmeras questões quanto à formação dos professo-
res, currículos desatualizados, falta de preparo dos pro-
fessores para trabalhar com situações que envolvem a re-
alidade de seus alunos e também a falta de recursos didá-
ticos, entre outros fatores.
Diante deste quadro, é necessário e urgente que os
professores busquem alternativas para melhorar a situa-
ção do ensino da Matemática, pois, segundo os Parâme-
tros Curriculares Nacionais - PCNs (1997),
[...] a Matemática é componente importante na
construção da cidadania, na medida em que a sociedade
utiliza, cada vez mais, de conhecimentos científicos e re-
cursos tecnológicos, dos quais os cidadãos devem se
apropriar. A aprendizagem em Matemática está ligada à
compreensão, isto é, à apreensão do significado; apren-
der o significado de um objeto ou acontecimento pressu-
põe vê-lo em suas relações com outros objetos e aconte-
cimentos. Recursos didáticos como jogos, livros, vídeos,
calculadora, computadores e outros materiais têm um
papel importante no processo de ensino aprendizagem.
Contudo, eles precisam estar integrados a situações que
levem ao exercício da análise e da reflexão, em última
instância, a base da atividade matemática (p. 10).
A Matemática não pode ser vista somente como um
conjunto de técnicas ou regras a serem seguidas, nem
como algo pronto, e sim, ela deve instigar o aluno na
busca de respostas, na criação de métodos próprios, deve
promover a criatividade, o desenvolvimento do raciocí-
nio e cabe ao professor essa função de criar situações
onde os alunos desenvolvam essas habilidades, onde eles
possam aplicar a teoria, os conceitos matemáticos na
construção do conhecimento, tornando-se assim ativos
no processo de construção da aprendizagem significati-
va, pois quando o aluno vivencia determinada situação,
ele absorve os conteúdos com maior facilidade, pois a
aplicação da teoria está implícita na situação-problema
que cabe a ele resolver.
A Matemática está perante velhos problemas e no-
vos desafios. As insuficiências hoje apontadas já foram
identificadas há muito. [...] Se a Matemática souber
"dar a volta", vencendo os desafios que lhe são propos-
tos, ela deixará de ser a disciplina onde se faz o Ensino
da Matemática - com toda a carga depreciativa aliada a
uma transmissão unívoca de conhecimentos – para ser a
disciplina onde se faz Educação Matemática (VASCON-
CELOS, 2000, p.29).
A inserção das tecnologias existentes seria uma
proposta para auxiliar nessas mudanças que se fazem ne-
cessárias ao ensino da Matemática, gostaríamos de des-
tacar algumas que podem contribuir para o ensino-
aprendizagem da Matemática, tais como as calculadoras,
o computador, a Internet e o vídeo/ DVD. Cada uma des-
sas ferramentas tem sua importância significativa neste
processo e deve ser explorada, tendo sempre um plane-
jamento específico, de acordo com a situação a ser apli-
cada.
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
9.7.1. CALCULADORAS
As calculadoras de quatro operações já são utiliza-
das há mais de trinta anos, e desde então estão se tornan-
do cada vez mais sofisticadas. A evolução deu-se a partir
das calculadoras elementares, essas permitiam fazer os
cálculos aritméticos simples, depois surgiram as calcula-
doras científicas que permitiram realizar operações mais
trabalhosas, que demoravam um certo tempo para serem
desenvolvidas manualmente, como, por exemplo, os lo-
garitmos.
Apesar de as calculadoras serem um dos primeiros
recursos tecnológicos existentes, nem sempre elas são
utilizadas pelos professores, pois eles acreditam que seu
uso faz com que os alunos fiquem dependentes da mes-
ma para realizar atividades envolvendo cálculos simples.
Porém, é preciso ter clareza de que a calculadora não
precisa ser um recurso a ser usado todos os dias, e sim,
deve ser utilizado de acordo com o conteúdo a ser traba-
lhado e com uma proposta de trabalho estruturada para
este propósito. Ela é um dos recursos existentes, mas não
é o único, por isso pode ser explorada em algumas ativi-
dades e em outras atividades talvez seja interessante uti-
lizar outros tipos de recursos.
É preciso quebrar esse preconceito que existe em
relação ao uso das calculadoras, afinal elas servem para
facilitar o desenvolvimento de determinados conteúdos
matemáticos, mas não significa que o aluno deve ser de-
pendente da calculadora e sim, que a utilize em algumas
atividades onde o uso desta ferramenta agiliza situações
em que os cálculos desenvolvidos manualmente levariam
uma quantidade de tempo maior.
Nas séries iniciais do Ensino Fundamental onde es-
tão sendo desenvolvidos importantes conteúdos matemá-
ticos e muitos deles terão uma sequência nas séries se-
guintes, talvez fosse interessante o uso da calculadora
como recurso para verificação dos resultados obtidos, as-
sim é possível criar situações em que o aluno possa ques-
tionar os resultados e também validá-los.
As calculadoras devem ser utilizadas nas aulas de
Matemática, pois elas podem auxiliar e agilizar alguns
cálculos, como, por exemplo, potenciação, porcentagem,
entre outros, facilitando dessa forma o ensino-
aprendizagem de alguns conteúdos matemáticos e prepa-
rando os alunos para a vida, pois as pessoas, em diversas
situações do cotidiano e até mesmo em suas profissões,
precisam saber usar a calculadora.
Silva (1982 apud GIRARDI, 2004, p. 1) afirma que
os benefícios ou malefícios do uso da calculadora em sa-
la de aula é um assunto complexo. Por um lado, obser-
vamos que alguns indivíduos fazem uso excessivo desse
instrumento, sem ao menos conseguir realizar operações
matemáticas mais simples, sem o uso da calculadora.
Por outro, o uso da máquina pode liberar o indivíduo de
aspectos “mais mecânicos” envolvidos na realização de
determinados conteúdos matemáticos.
O uso das calculadoras em sala de aula permite criar
situações onde os alunos desenvolvem estratégias de re-
solução, interpretação de resultados, percepção dos con-
ceitos matemáticos aplicados nas situações vivenciadas,
também desenvolvem a pesquisa, a discussão de resulta-
dos, enfim, esses recursos oferecem inúmeras contribui-
ções importantes para o ensino da Matemática, mas é
preciso que haja sempre um bom planejamento das aulas
para que a aprendizagem ocorra.
As calculadoras que já fazem parte da vida corrente
são hoje instrumentos fundamentais para o desenvolvi-
mento de aptidões ligadas ao cálculo, assim como meios
facilitadores e incentivadores do espírito de pesquisa.
Com toda essa tecnologia ao dispor, o mais importante é
saber quando o uso dessa ferramenta é recomendado,
porque ajuda e, quando a calculadora em nada contribui,
deve ser evitada (BOLFE; DEINANI; MOLOSSI, 2002,
p. 1).
É de extrema importância que os educadores te-
nham consciência do uso desta ferramenta, ela pode e
deve ser utilizada em algumas situações que irão contri-
buir de maneira significativa para a aprendizagem de
seus educandos, caso contrário, a melhor forma é explo-
rar outros recursos para desenvolver suas aulas e não in-
serir a calculadora simplesmente pelo fato de ter este re-
curso disponível, mas sim, utilizá-la sempre baseando-se
em objetivos e visando à aprendizagem significativa dos
conteúdos matemáticos que estão sendo explorados em
sala de aula.
9.7.2. COMPUTADOR
O computador é um recurso que, se explorado de
maneira correta, poderá contribuir muito no desenvolvi-
mento de aulas interessantes, atrativas e diferentes, pois
o mesmo pode proporcionar a verificação de determina-
dos conteúdos matemáticos de diferentes formas, podem
ser utilizados softwares matemáticos, jogos matemáticos,
outros programas que exploram a programação, o desen-
volvimento de planilhas de cálculo, de gráficos, de tabe-
las, entre outras coisas.
Em relação ao uso do computador, Brandão (1995,
p. 91) diz que,
sozinho o computador não pode resolver todos os
problemas antigos e complexos que norteiam o processo
ensino-aprendizagem, mas pode ser um elemento impor-
tante na reestruturação da educação escolar para a qual
é oportuno que sejam canalizados os resultados da pes-
quisa didática, as experiências de professores e os re-
cursos que oferece. O abandono de formas e instrumen-
tos tradicionais ainda válidos para a ação didática não
pode ser uma constante, quando se analisa a introdução
de novas tecnologias na educação.
Atualmente o uso do computador faz parte das tare-
fas diárias de muitas pessoas, o mesmo é utilizado para
trabalhar, estudar, desenvolver inúmeras tarefas que faci-
litam nossa vida. Precisamos ter clareza quanto às for-
mas de como explorar o computador, este não deve ser
visto como um recurso milagroso ou que vem para subs-
tituir o papel do professor, muito pelo contrário, este re-
curso poderá ajudar muito no ensino, porém cabe aos
professores estarem preparados para enfrentar esse desa-
fio, que é desenvolver aulas utilizando os computadores
como auxílio no processo de ensino-aprendizagem.
O computador pode ser explorado na realização de
diversas tarefas, uma delas é utilizando diferentes sof-
twares matemáticos que desenvolvam o raciocínio e a
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
criatividade do aluno, estes devem promover situações
que despertem a curiosidade e prendam a atenção do
aluno, mesmo durante a realização das atividades pro-
postas.
É importante destacar que existem diversos softwa-
res disponíveis gratuitamente na Internet, mas nem todos
são “bons”, é preciso fazer uma pesquisa e verificar qual
destes irá auxiliar o professor a atingir seus objetivos,
afinal não devemos utilizar um software nas aulas apenas
para tornar a aula diferente, é necessário pesquisar e ana-
lisar quais softwares matemáticos vão ao encontro da
proposta do uso do computador em sala de aula.
Os softwares livres ou gratuitos são importantes,
pois as escolas podem ter acesso e usufruir deste recurso
no desenvolvimento de aulas nos laboratórios de infor-
mática, com eles é possível copiar, modificar, redistribu-
ir, independente da gratuidade. Já os softwares gratuitos
não implicam no pagamento de licenças, na maioria dos
casos, esses softwares são liberados para uso doméstico.
Atualmente um grande número de escolas já tem
acesso aos computadores, porém, é preciso que os pro-
fessores percam esse medo com relação ao uso dos
mesmos, não devemos adquirir as máquinas e depois
deixá-las em salas fechadas com medo de que os alunos
as danifiquem, é preciso que haja muitas mudanças e es-
tas precisam partir dos professores que devem ter cora-
gem de mudar e adquirir segurança ao trabalhar com este
recurso e não demonstrar medo diante do “diferente”,
pois só assim estes recursos poderão ser explorados e
utilizados pelos alunos no processo de construção do co-
nhecimento.
9.7.3 INTERNET
Atualmente um dos meios tecnológicos mais utili-
zados por ser rápido e prático é a Internet, a qual possibi-
lita obter informações instantâneas sobre qualquer assun-
to em qualquer hora e em qualquer lugar, tornando-se as-
sim um meio de comunicação muito útil e de fácil aces-
so.
Nas escolas, a Internet é um meio de fazer com que
os alunos pesquisem e desenvolvam atividades e apren-
dam a buscar novas formas de adquirir conhecimentos
matemáticos.
A questão é verificar as formas como o professor
pode utilizar a Internet em sala de aula. Devido à facili-
dade de acesso a trabalhos prontos que os alunos encon-
tram na rede é indispensável que o professor seja criativo
na hora de planejar as atividades que irá solicitar aos
alunos, para que estes possam pesquisar e desenvolver
seus trabalhos e não simplesmente fazer uma cópia dos
materiais que estão disponíveis na Internet.
Segundo Moran (2004), antes o professor só se pre-
ocupava com o aluno em sala de aula. Agora, continua se
preocupando com o aluno no laboratório (organizando a
pesquisa), na Internet (atividades a distância) e no acom-
panhamento das práticas, dos projetos, das experiências
que ligam o aluno à realidade, à sua profissão (ponto en-
tre a teoria e a prática).
Agora o professor precisa saber como orientar todas
essas atividades, precisa aprender a flexibilizar o tempo
de estada em sala de aula e incrementar esses outros
meios de aprendizagem que estão disponíveis atualmen-
te.
Um projetor multimídia com acesso à Internet per-
mite que professores e alunos mostrem simulações virtu-
ais, vídeos, jogos, materiais em CD, DVD, páginas WEB
ao vivo. Serve como apoio ao professor, mas também
para a visualização de trabalhos dos alunos, de pesqui-
sas, de atividades realizadas no ambiente virtual de
aprendizagem (um fórum previamente realizado, por
exemplo). Podem ser mostrados jornais on-line, com no-
tícias relacionadas com o assunto que está sendo tratado
em classe. Os alunos podem contribuir com suas pró-
prias pesquisas on-line. Há um campo de possibilidades
didáticas até agora pouco desenvolvidas, mesmo nas sa-
las que detêm esses equipamentos. (Moran, 2004, p. 5).
O papel do professor ao utilizar esse recurso é esti-
mular, provocar o aluno no desenvolvimento de novas
experiências, e não se manter acomodado, acreditando
que simplesmente levando os alunos a um laboratório
com acesso à Internet, ele está tornando as aulas diferen-
tes e cumprindo com seu papel, essa tarefa de inserir as
novas tecnologias é mais complexa do que se imagina, é
necessário organização, planejamento, uma metodologia
adequada com aulas expositivas, explicativas e dialoga-
das e uma avaliação das atividades desenvolvidas nesse
espaço de aprendizagem.
É importante que o professor esteja capacitado para
ministrar essas aulas em laboratórios equipados com os
computadores e acesso à Internet, pois, irão surgir inú-
meros questionamentos, dúvidas, e o professor precisa
prever tudo isso para que consiga promover atividades
que auxiliem no processo de ensino-aprendizagem.
9.7.4. VÍDEO/DVD
Uma outra opção de uso de tecnologias é o vídeo ou
o DVD, que podem ser explorados para tornar as aulas
mais interessantes, promover a interdisciplinaridade, o
diálogo e a discussão sobre assuntos diversos.
Moran (1995) define vídeo como sendo toda men-
sagem audiovisual registrada em fita, desde gravações de
TV e filmes de videocassete a mensagens produzidas por
câmeras de vídeo.
Segundo Moran (1995), utilizar o vídeo como “tapa
buraco”, ou seja, colocar vídeo quando há um problema
inesperado, como ausência do professor, usar este expe-
diente eventualmente, pode ser útil, mas se for feito com
frequência, desvaloriza o uso do vídeo e o associa, na
cabeça do aluno, a não ter aula.
Muitas vezes, ao exibir um vídeo sem muita ligação
com a matéria, o aluno percebe que o vídeo é usado co-
mo forma de camuflar a aula, pode concordar na hora,
mas discorda do seu mau uso.
Também é preciso que o professor tome cuidado
com o uso exagerado do vídeo, este diminui sua eficácia
e empobrece as aulas.
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
Os vídeos que apresentam conceitos problemáticos
podem ser usados para descobri-los junto com os alunos
e questioná-los. Não é satisfatório didaticamente exibir o
vídeo sem discuti-lo, sem integrá-lo com o assunto de
aula, sem voltar e mostrar alguns momentos mais impor-
tantes.
O vídeo e o DVD podem ser utilizados de diversas
maneiras, como, por exemplo: para iniciar uma aula, ser-
vindo portanto como motivação, como informação do
conteúdo, sendo utilizado no decorrer da aula, demons-
tração (ilustração) de experiências que seriam impossí-
veis de serem realizadas em sala de aula; criação de pro-
jetos onde os alunos poderiam produzir um vídeo e dis-
cuti-lo este em sala de aula, ou como integração para fi-
nalizar uma aula.
9.8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O ensino de Matemática apresenta inúmeras defici-
ências e essas precisam ser melhoradas. Partindo dessa
necessidade é importante que mudanças ocorram. Cabe
aos professores repensar suas práticas e ter atitude para
iniciar essas mudanças. É preciso sair da “zona de con-
forto” e enfrentar o medo do “novo”, tornar as aulas mais
criativas, dinâmicas, despertar o interesse dos alunos em
aprender Matemática.
O uso das tecnologias em sala de aula é uma forma
de proporcionar um ambiente de aprendizagem diferente,
onde os alunos podem desenvolver atividades, explorar
diferentes formas de resolução de problemas, discutir
com os colegas os possíveis resultados, enfim, permite
que os alunos vivenciem experiências e apliquem a teo-
ria, os conceitos matemáticos.
***********************************************
10. ASPECTOS SOCIAIS E AFETIVOS DA
APRENDIZAGEM
10.1 INTRODUÇÃO
A afetividade é um tema que vem sendo muito de-
batido, tanto nos meios educacionais quanto fora dele.
No universo escolar, há um consenso entre educadores
com base nas principais teorias do desenvolvimento so-
bre a importância da qualidade das primeiras relações
afetivas da criança. A afetividade implica diretamente no
desenvolvimento emocional e afetivo, na socialização,
nas interações humanas e, sobretudo, na aprendizagem.
Para Piaget (apud OLIVEIRA, 1992), é nas vivên-
cias que a criança realiza com outras pessoas que ela su-
pera a fase do egocentrismo, constrói a noção do eu e do
outro como referência. A afetividade é considerada a
energia que move as ações humanas, ou seja, sem afeti-
vidade não há interesse nem motivação.
Vygotsky (1998), por sua vez, afirma que o ser hu-
mano se constrói nas suas relações e trocas com o outro e
que é a qualidade dessas experiências interpessoais e de
relacionamento que determinam o seu desenvolvimento,
inclusive afetivo, enquanto Wallon (apud LA TAILLE,
1992, p. 90) sustenta que, “no início da vida, afetividade
e inteligência estão sincreticamente misturadas, com
predomínio da primeira”.
Partindo do pressuposto de que a afetividade é um
composto fundamental das relações interpessoais que
também norteia a vida na escola, acresce em relevância
uma pesquisa teórica que facilite a compreensão, por
exemplo, da relação entre a afetividade e a aprendizagem
no âmbito da relação professor–aluno para a construção
do conhecimento, para o desenvolvimento da inteligên-
cia emocional e para o processo de avaliação da aprendi-
zagem.
10.2. PRESSUPOSTOS TEÓRICOS DA AFE-
TIVIDADE
O afeto se refere a qualquer espécie de sentimento
ou emoção associada a ideias ou a complexos de ideias.
Assim, nas escolas, os alunos experimentam diversos
afetos, desde o prazer em conseguir realizar uma ativida-
de à raiva de discutir com os colegas (COSTA; SOUZA,
2006).
Conforme Vygotsky (2003), em psicologia, os afe-
tos se classificam em positivos e negativos. Os afetos
positivos estão relacionados a emoções positivas de alta
energia, como o entusiasmo e a excitação, e de baixa
energia, como a calma e a tranquilidade.
Os afetos negativos, por sua vez, estão ligados às
emoções negativas, como a ansiedade, a raiva, a culpa e
a tristeza. Embora a psicologia tradicional trate cognição
e afetividade de modo separado, as emoções e os senti-
mentos dos alunos não se dissociam no processo ensino-
aprendizagem, já que podem favorecer ou não o desen-
volvimento cognitivo.
O desenvolvimento afetivo depende, dentre outros
fatores, da qualidade dos estímulos do ambiente para que
satisfaçam as necessidades básicas de afeto, apego, desa-
pego, segurança, disciplina e comunicação, pois é nessas
situações que a criança estabelece vínculos com outras
pessoas. A relação mãe-bebê é extremamente importante
porque é a mãe quem cria as primeiras situações emoci-
onais que influenciarão o desenvolvimento da criança.
10.2. WALLON E A TEORIA DAS EMOÇÕES
Wallon (1989), um dos principais teóricos do de-
senvolvimento humano, atribui, em sua teoria, grande
importância à emoção e à afetividade, elaborando con-
ceitos a partir do ato motor, da afetividade e da inteli-
gência. As interações são uma via natural para o desen-
volvimento e para a manifestação das emoções. No en-
tanto, Wallon (apud GALVÃO, 2003, p. 61) diferencia
emoção e afetividade:
As emoções, assim como os sentimentos e os dese-
jos, são manifestações da vida afetiva. Na linguagem
comum costuma-se substituir emoção por afetividade,
tratando os termos como sinônimos. Todavia, não o são.
A afetividade é um conceito mais abrangente no qual se
inserem várias manifestações.
Para Wallon (apud GALVÃO, 2003), o movimento
é a base do pensamento e as emoções é que dão origem à
afetividade. O autor dá o exemplo de um bebê que ainda
não desenvolveu a linguagem e que utiliza seu corpo por
meio de contorções, espasmos e outras manifestações
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
emocionais para mobilizar os adultos à sua volta pelo
contágio afetivo. De acordo com Galvão (2003, p. 74),
“Pela capacidade de modelar o próprio corpo, a emoção
permite a organização de um primeiro modo de consci-
ência dos estados mentais e de uma primeira percepção
das realidades externas”.
No caso dos adultos, Wallon (apud GALVÃO,
2003) dá importância à subjetividade dos estados afeti-
vos vividos por quem experimenta uma determinada
emoção. E uma vez que a vida emocional se apresenta,
na teoria de Wallon, como uma condição para a existên-
cia de relações interpessoais, para este teórico, as emo-
ções também fazem parte da atividade representativa e,
portanto, da vida intelectual. Isto significa que Wallon
não separa o aspecto cognitivo do afetivo. Sendo assim,
pode-se interpretar que o ato motor é a base do pensa-
mento e a emoção também é fonte de conhecimento.
Paralelamente ao impacto que as conquistas feitas
no plano cognitivo têm sobre a vida afetiva, a dinâmica
emocional terá sempre um impacto sobre a vida intelec-
tual. [...] É graças à coesão social provocada pela emo-
ção que a criança tem acesso à linguagem, instrumento
fundamental da atividade intelectual. (GALVÃO, 2003,
p. 76).
Para Wallon (1989), a cognitivação da emoção não
elimina as manifestações corporais, haja vista que, no
plano da inteligência, o pensamento se faz acompanhar
por gestos em que se exerce muito mais a expressão do
indivíduo. Um conceito de sua teoria que tem implicação
na prática pedagógica é que a emoção estabelece uma re-
lação imediata dos indivíduos entre si, independente de
toda relação intelectual.
A propagação ‘epidérmica’ das emoções, ao provo-
car um estado de comunhão e de uníssono, dilui as fron-
teiras entre os indivíduos, podendo levar a esforços e in-
tenções em torno de um objetivo comum. Permitiria, as-
sim, relações de solidariedade quando a cooperação não
fosse possível por deficiência de meios intelectuais ou
por falta de consenso conceitual, contribuindo, portanto,
para a constituição de um grupo e para as realizações
coletivas (WALLON, 1989, p. 162).
Colocando em evidência esse caráter unificador das
emoções, no âmbito da prática pedagógica, acredita-se
que fortalecer a afetividade na relação professor e aluno
favorece a autoestima, o diálogo e a socialização. Há que
se considerar, também, que a afetividade é importante no
processo de avaliação afastando o risco de eventuais an-
tipatias entre professor e aluno. Se, para Wallon, a emo-
ção e a inteligência são indissociáveis e potencializadas
pela socialização, priorizar a afetividade nas interações
ocorridas no ambiente escolar contribui para dinamizar o
trabalho educativo.
10.3. A AFETIVIDADE NA PERSPECTIVA DE
VYGOTSKY
Para Vygotsky (2003), só se pode compreender
adequadamente o pensamento humano quando se com-
preende a sua base afetiva. Muito próximo das conclu-
sões da teoria de Wallon, acredita que pensamento e afe-
to são indissociáveis.
Quem separa o pensamento do afeto nega de ante-
mão a possibilidade de estudar a influência inversa do
pensamento no plano afetivo. [...] A vida emocional está
conectada a outros processos psicológicos e ao desen-
volvimento da consciência de um modo geral.
(VYGOTSKY apud ARANTES, 2003, p. 18-19).
Pelos pressupostos da teoria histórico-cultural, o
homem é produto do desenvolvimento de processos físi-
cos e mentais, cognitivos e afetivos, internos e externos.
No que se refere às emoções, conforme o homem apri-
mora o controle sobre si mesmo, mudanças qualitativas
ocorrem no campo emocional.
“São os desejos, necessidades, emoções, motiva-
ções, interesses, impulsos e inclinações do indivíduo que
dão origem ao pensamento e este, por sua vez, exerce in-
fluência sobre o aspecto afetivo-volitivo” (REGO, 1997,
p.122), ou seja, cognição e afeto não são dissociados no
ser humano: se inter-relacionam e exercem influências
recíprocas ao longo do seu desenvolvimento.
Numa interpretação feita por Arantes (2003) acerca
da importância da afetividade segundo a teoria de
Vygotsky, o ser humano, da mesma forma que aprende a
agir, a pensar e a falar, por meio do legado de sua cultura
e da interação com os outros, aprende a sentir. “O longo
aprendizado sobre emoções e afetos se inicia nas primei-
ras horas de vida de uma criança e se prolonga por toda
sua existência” (ARANTES, 2003, p.23).
Diante dos pressupostos teóricos expostos, reafir-
ma-se a importância da afetividade na só na relação pro-
fessor-aluno, mas também como estratégia pedagógica.
Um professor que é afetivo com seus alunos estabelece
uma relação de segurança evita bloqueios afetivos e cog-
nitivos, favorece o trabalho socializado e ajuda o aluno a
superar erros e a aprender com eles. Ademais, na pers-
pectiva sociointeracionista, a criança aprende com os
membros mais experientes de sua cultura. Assim sendo,
se o professor for afetivo com seus alunos, a criança
aprenderá a sê-lo.
10.4. A AFETIVIDADE NA PERSPECTIVA DE
PIAGET
Para Piaget (apud SALTINI, 1999), o desenvolvi-
mento afetivo está ligado intrinsecamente e ocorre para-
lelo ao desenvolvimento moral: a criança vai superando
a fase do egocentrismo, se apercebe da importância das
interações com as outras pessoas e desenvolve a percep-
ção do eu e do outro como referência. Ainda no estágio
sensório-motor, o sorriso infantil correspondido por um
sorriso adulto torna-se, para a criança, um instrumento
de contágio e de diferenciação entre pessoas e objetos. A
descentração afetiva ocorre quando a criança é capaz de
distinguir objetos e pessoas fora dela mesma, com a su-
peração do egocentrismo, momento em que desenvolve
condições afetivas de amar as pessoas e manifestar esti-
ma pelos objetos.
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
Conforme Piaget e Inhelder (1990), a formação da
consciência e dos sentimentos morais infantis é resultado
da relação afetiva da criança com os pais, o que chama à
atenção para a qualidade das interações afetivas no am-
biente familiar. Isso porque é na família que a criança es-
tabelece os primeiros contatos e experimenta as primei-
ras vivências afetivas e aprendizagens que vão lhe ser-
vindo de referência para orientar as relações com as ou-
tras pessoas.
A afetividade, a princípio centrada nos complexos
familiais, amplia sua escala à proporção da multiplica-
ção das relações sociais, e os sentimentos morais [...]
evoluem no sentido de um respeito mútuo e de sua reci-
procidade, cujos efeitos de descentração em nossa soci-
edade são mais profundos e duráveis (PIAGET;
INHELDER, 1990, p. 109).
Endossando a afirmação na obra conjunta citada,
Piaget (1975) reafirma que é pelas interações familiares
que a criança forma seus primeiros juízos morais e de
valor, tanto ao ser coagida e repreendida pelos pais,
quanto ao receber estímulos positivos formadores dos
primeiros afetos.
O desenvolvimento cognitivo, afetivo e social se dá
de forma interdependente, e qualquer desequilíbrio pode
comprometer o conjunto. Na primeira infância, quando a
criança busca satisfação orgânica e psicológica por meio
das relações com as pessoas e com o meio, está se socia-
lizando pela afetividade, também decisiva em cada etapa
de desenvolvimento proposta por Piaget (apud LIMA,
1980).
No estágio sensório-motor do desenvolvimento
cognitivo, a criança passa por um momento de transição
do eu para o social: na afetividade, a criança passa do es-
tado de não-diferenciação entre o eu e os construtos físi-
cos e humanos para um estágio de reconhecer que exis-
tem trocas entre ela (o eu diferenciado) e o outro. Para
Piaget (1975), nessa fase de desenvolvimento, existe
muito mais troca afetiva e contágios para a criança do
que efetivamente diferenciação das pessoas e coisas, o
que torna ainda mais importante as interações.
O estágio pré-operatório marca outra etapa da evo-
lução afetivo-social da criança: a mobilidade mental, o
jogo simbólico e a linguagem favorecem novas intera-
ções e afetos, valorização pessoal e independência em re-
lação ao objeto afetivo designado pela criança. Se nesse
nível de evolução a condição é pré-cooperativa por causa
do egocentrismo, no estágio das operações concretas, a
criança passa a ter uma personalidade individualizada
que constitui novas relações interindividuais que promo-
vem novas trocas afetivas e cognitivas equilibradas.
No último estágio de desenvolvimento, do pensa-
mento formal, que corresponde à adolescência, o pensa-
mento já está formado e se amplia com as interações afe-
tivas, a mudança social e a construção de novos valores,
entre outros.
10.5. AFETIVIDADE, MOTIVAÇÃO E
APRENDIZAGEM
Entre as características da afetividade no período
escolar, destacam-se a potencialização das funções neu-
rossensório-motoras e cerebrais responsáveis pela sensa-
ção, percepção e emoção.
Porém, essas funções ainda estão confusas para a
criança por ser uma fase de desenvolvimento, o que tor-
na particularmente importante a intervenção do professor
para ajudar os alunos a discriminar entre o seu eu e sua
experiência. Pode-se dizer, ainda, que a qualidade da afe-
tividade na relação professor e aluno é determinante para
o processo ensino-aprendizagem e para o desenvolvi-
mento do aluno.
Para Costa e Souza (2006), o trabalho pedagógico
voltado ao desenvolvimento da afetividade no processo
educacional considera três aspectos: o emocional, o cog-
nitivo e o comportamental.
Como são processos interdependentes, implicam na
capacidade da criança quanto à identificação e expressão
de sentimentos, ao adiamento de satisfações, ao controle
de impulsos e à redução de tensões.
A criança também precisa saber distinguir senti-
mento e ação, ler e interpretar indícios sociais, bem co-
mo compreender a expectativa dos outros, usar as etapas
para resolver problemas, criar expectativas realistas so-
bre si e compreender normas de comportamento.
O período escolar coincide com a fase em que a cri-
ança está desenvolvendo outras formas de comunicação
que não a oral, como os gestos e expressão facial, além
de estar trabalhando, a partir da interação com os outros,
as emoções e suas influências negativas e positivas, e
manifestando suas ideias e pensamentos.
A afetividade no processo educativo é importante
para que a criança manipule a realidade e estimule a fun-
ção simbólica. Afetividade está ligada à autoestima e às
formas de relacionamento entre aluno e aluno e profes-
sor-aluno.
Um professor que não seja afetivo com seus alunos
fabricará uma distância perigosa, criará bloqueios com
os alunos e deixará de estar criando um ambiente rico em
afetividade (COSTA; SOUZA, 2006, p. 12).
No que se refere à motivação para a aprendizagem,
é oportuno diferenciar dois conceitos: motivação e incen-
tivo. Conforme Sabbi (1999), a motivação é algo desper-
tado interna e subjetivamente em cada pessoa, sendo
que, para que isso aconteça, são necessários estímulos. A
qualidade dos estímulos, no caso dos alunos, determinará
se eles se sentirão motivados ou não. Nesse sentido, a
afetividade pode ser compreendida como um estímulo
porque “[...] a afetividade gera motivação. Se existe mo-
tivação, a criança realiza tarefas mais complexas” (SA-
BBI, 1999, p.16).
Sendo assim, um professor afetivo com seus alunos,
que busca a aproximação e realiza sua tarefa de media-
dor entre eles e o conhecimento, atuará na zona de de-
senvolvimento proximal, isto é, na distância entre o nível
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
de conhecimento real e aquele que os alunos poderão
construir com a sua ajuda. A afetividade passa, então, a
ser um estímulo que gerará a motivação para aprender.
No entanto, cabe ressaltar que a motivação para a apren-
dizagem depende das estratégias didáticas, da qualidade
das intervenções do professor e também do modo como
planeja e utiliza certos recursos em suas aulas, como:
metodologia de projetos, aulas-passeio, dramatização,
lúdico, entre outros.
No que tange às implicações da afetividade no pro-
cesso de avaliação, a mesma é considerada componente
importante, aliado às técnicas empregadas para a avalia-
ção mediadora. Isso quer dizer que é importante que o
professor não se referencie apenas nas notas de provas,
testes e exames para avaliar o aluno, conforme afirmação
de Libâneo (1991, p.161):
[...] é preciso educar o olhar para a observação do
aluno com a finalidade de conhecer um pouco mais dele
além do que se permite intuir em sala de aula. Por
exemplo, observar o comportamento no recreio, se brin-
ca, se socializa com outras crianças, se é introspectivo,
tímido ou agitado a maior parte do tempo. Esses traços
de comportamento podem revelar aspectos importantes
a serem considerados pelo professor.
Dentre os aspectos importantes a serem revelados,
com base em Libâneo (1991), destacam-se os afetivos e
as próprias vivências da criança que auxiliam na com-
preensão de variáveis socioafetivas ligadas à aprendiza-
gem.
Há que se considerar, ainda, que a avaliação está as-
sociada a impressões e experiências negativas para a cri-
ança e que podem ser desmistificadas quando o professor
utilizar a afetividade como recurso na prática educativa.
Isso inclui auto-avaliar-se para obter indicativos sobre
aspectos tanto da maneira como ensina os alunos, quanto
da forma como valoriza a própria afetividade para facili-
tar a aprendizagem dos alunos.
REFERÊNCIAS
ARANTES, V. A. Afetividade na escola: alternativas teóricas e práticas.
São Paulo: Atlas, 2003.
COSTA, Keyla Soares da; SOUZA, Keila Melo de. O aspecto sócio-
afetivo no processo ensino-aprendizagem na visão de Piaget,
Vygotsky e Wallon. Disponível em:<
http:/www.educacaoonline.pro.br/art_o_aspecto_socioafetivo.
asp?f_id_artigo=549>. Acesso em: 26 jul. 2006.
GALVÃO, I. Henry Wallon: uma concepção dialética do desenvolvi-
mento infantil. Petrópolis: Vozes, 2003. (Coleção Educação e Conheci-
mento)
LA TAILLE, Y. Piaget, Vygotsky e Wallon: teorias psicogenéticas em
discussão. São Paulo: Summus, 1992.
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1991.
LIMA, L. O. Piaget para principiantes. São Paulo: Summus, 1980.
OLIVEIRA. M. K. de. O Problema da afetividade em Vygotsky. In: LA
TAILLE, Y. Piaget, Vygotsky e Wallon: teorias psicogenéticas em dis-
cussão. São Paulo: Summus, 1992.
PIAGET, J. A construção do real na criança. 2.ed. Rio de Janeiro:
Zahar, 1975.
PIAGET, J.; INHELDER, B. A psicologia da criança. 11. ed. Rio de Ja-
neiro: Bertrand Brasil, 1990.
REGO, T. C. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação.
3. ed. Petrópolis: Vozes, 1997.
***********************************************
11. TEMAS TRANSVERSAIS (PCNS): ORI-
ENTAÇÃO SEXUAL NA ESCOLA, ENSINO E
APRENDIZAGEM NA PERSPECTIVA DA PLU-
RALIDADE CULTURAL E EDUCAÇÃO AMBI-
ENTAL NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUN-
DAMENTAL
Os temas transversais são constituídos pelos Parâ-
metros Curriculares Nacionais (PCNs) e compreendem
seis áreas:
Ética (Respeito Mútuo, Justiça, Diálogo,
Solidariedade),
Orientação Sexual (Corpo: Matriz da sexu-
alidade, relações de gênero, prevenções das
doenças sexualmente Transmissíveis),
Meio Ambiente (Os ciclos da natureza, so-
ciedade e meio ambiente, manejo e conser-
vação ambiental)
Saúde (autocuidado, vida coletiva)
Pluralidade Cultural (Pluralidade Cultural
e a Vida das Crianças no Brasil, constitui-
ção da pluralidade cultural no Brasil, o Ser
Humano como agente social e produtor de
cultura, Pluralidade Cultural e Cidadania)
Trabalho e Consumo (Relações de Traba-
lho; Trabalho, Consumo, Meio Ambiente e
Saúde; Consumo, Meios de Comunicação
de Massas, Publicidade e Vendas; Direitos
Humanos, Cidadania).
Também podem trabalhar temas locais como: Tra-
balho, Orientação para o Trânsito, etc.
Os temas transversais expressam conceitos e valo-
res básicos à democracia e à cidadania e obedecem a
questões importantes e urgentes para a sociedade con-
temporânea. A ética, o meio ambiente, a saúde, o traba-
lho e o consumo, a orientação sexual e a pluralidade cul-
tural não são disciplinas autônomas, mas temas que per-
meiam todas as áreas do conhecimento, e estão sendo in-
tensamente vividos pela sociedade, pelas comunidades,
pelas famílias, pelos alunos e educadores em seu cotidia-
no.
Os Temas Transversais caracterizam-se por um
conjunto de assuntos que aparecem transversalizados em
áreas determinadas do currículo, que se constituem na
necessidade de um trabalho mais significativo e expres-
sivo de temáticas sociais na escola. Alguns critérios uti-
lizados para a sua constituição se relacionam à urgência
social, a abrangência nacional, à possibilidade de ensino
e aprendizagem na Educação Básica e no favorecimento
à compreensão do ensino/aprendizagem, assim como da
realidade e da participação social. São temas que envol-
vem um aprender sobre a realidade, na realidade e da re-
alidade, preocupando-se também em interferir na reali-
dade para transformá-la.
Os temas transversais atuam como eixo unificador,
em torno do qual organizam-se as disciplinas, devendo
ser trabalhados de modo coordenado e não como um as-
sunto descontextualizado nas aulas. O que importa é que
os alunos possam construir significados e conferir senti-
do àquilo que aprendem. Quando enfocamos o tema
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
transversal Trabalho e Consumo, poderemos enfatizar a
informação das relações de trabalho em várias épocas e a
sua dimensão histórica, assim como comparar diversas
modalidades de trabalho, como o comunitário, a escravi-
dão, a exploração, o trabalho livre, o assalariado. Pode-
remos também analisar a influência da publicidade na
vida das pessoas, enfocando a Industria Cultural. Refletir
como a propaganda dissemina atitudes de vida, padrões
de beleza e condutas que manifestam valores e expecta-
tivas. Analisar criticamente o anseio de consumo e a au-
têntica necessidade de adquirir produtos e serviços.
O papel da escola ao trabalhar Temas transversais é
facilitar, fomentar e integrar as ações de modo contex-
tualizado, através da interdisciplinaridade e transversali-
dade, buscando não fragmentar em blocos rígidos os co-
nhecimentos, para que a Educação realmente constitua o
meio de transformação social.
Referências: PCN
***********************************************
12. INTERDISCIPLINARIDADE
A interdisciplinaridade não tem a pretensão de criar
novas disciplinas ou saberes, mas de utilizar os conhe-
cimentos de várias disciplinas para resolver um problema
concreto ou compreender um determinado fenômeno sob
diferentes pontos de vista. Em suma, ela tem uma função
instrumental. Trata-se de recorrer a um saber diretamente
útil e utilizável para responder às questões e aos proble-
mas sociais contemporâneos.
A interdisciplinaridade deve ser compreendida a
partir de uma abordagem relacional, em que se propõe
que, por meio da prática escolar, sejam estabelecidas in-
terconexões e passagens entre conhecimentos através de
relações de complementaridade, convergência ou diver-
gência.
A integração dos diferentes conhecimentos pode
criar as condições necessárias para uma aprendizagem
motivadora, na medida em que ofereça maior liberdade
aos professores e alunos para a seleção de conteúdos
mais diretamente relacionados aos assuntos ou proble-
mas que dizem respeito à vida da comunidade. O distan-
ciamento entre os conteúdos programáticos e a experiên-
cia dos alunos certamente responde pelo desinteresse e
até pela deserção que constatamos em nossas escolas.
Conhecimentos selecionados “a priori” tendem a se per-
petuar nos rituais escolares, sem passar pela crítica e re-
flexão dos professores, tornando-se, desta forma, um
acervo de conhecimentos quase sempre esquecidos ou
que não se consegue aplicar, por se desconhecer suas re-
lações com o real.
A aprendizagem significativa pressupõe a existência
de um referencial que permita aos alunos identificar com
as questões propostas. Essa postura visa a gerar a capa-
cidade de compreender e intervir na realidade, numa
perspectiva autônoma e desalienante.
É importante enfatizar que a interdisciplinaridade
supõe um eixo integrador que pode ser o objeto de co-
nhecimento, um projeto de investigação, um plano de in-
tervenção. Nesse sentido, ela deve partir da necessidade
sentida pelas escolas, professores e alunos de explicar,
compreender, intervir, mudar, prever, algo que desafia
uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais um
olhar, talvez vários.
***********************************************
EXERCÍCIOS
Para as questões de 01 a 41, marque uma única al-
ternativa correta conforme pede seu comando.
01. (FGV - 2019 - Prefeitura de Salvador - BA -
Professor Infantil ao 5º Ano). Relacione os tipos de gê-
neros textuais listados a seguir aos seus respectivos
exemplos.
1. Literários ficcionais.
2. Textos de ações institucionais.
3. Textos do patrimônio oral.
( ) Trava-línguas, parlendas, quadrinhas, adivinhas e
provérbios.
( ) Requerimentos, formulários, ofícios, currículos e
avisos.
( ) Contos, lendas, fábulas, crônicas, obras teatrais e
novelas.
Assinale a opção que mostra a relação correta, se-
gundo a ordem apresentada.
A) 1 – 3 – 2.
B) 2 – 1 – 3.
C) 3 – 2 – 1.
D) 1 – 2 – 3.
E) 3 – 1 – 2.
02. (FGV - 2019 - Prefeitura de Salvador - BA -
Professor Infantil ao 5º Ano). Com relação à alfabeti-
zação e ao letramento, analise as afirmativas a seguir.
I. Alfabetização consiste no processo de aprendiza-
gem do sistema de representação dos sons da fala.
II. Letramento consiste na aprendizagem das funções
sociais da língua escrita.
III. Letramento se refere ao desenvolvimento de habili-
dades de uso da tecnologia da escrita.
Está correto o que se afirma em
A) I, somente.
B) II, somente.
C) I e II, somente.
D) II e III, somente.
E) I, II e III.
03. (FGV - 2019 - Prefeitura de Salvador - BA -
Professor Infantil ao 5º Ano). A imagem abaixo é da
escrita de uma criança do 1º ano do ensino fundamental
para a palavra “CADERNO”. Assinale
a opção que indica a hipótese de escrita em que a criança
está.
A) Pré-silábica.
B) Silábica.
C) Silábico-alfabética.
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
D) Alfabética.
E) Pós-alfabética.
04. (FADESP - 2018 - IF-PA - Educação - Peda-
gogia). Estudos recentes definem letramento como
A) a fase compreendida pelo desenvolvimento da ora-
lidade da criança.
B) um conjunto de técnicas de desenvolvimento da es-
crita na educação infantil.
C) um conjunto de práticas sociais de sujeitos que
usam a escrita enquanto sistema simbólico e en-
quanto tecnologia de interação com o mundo.
D) um conjunto de práticas específicas da escola que
dá a condição de alfabetizado.
E) um conjunto de técnicas de domínio da linguagem
oral e escrita.
05. (VUNESP - 2018 - Prefeitura de Garça - SP -
Professor de Educação Básica I). A prática pedagógica
dos professores do ciclo de alfabetização de uma escola
municipal está fundamentada nos estudos e resultados
das pesquisas de Ferreiro (2010). Considerando essa
concepção, esses docentes agem corretamente quando
A) aguardam que a criança apresente maturidade sufi-
ciente para a leitura e a escrita, para ensinar os alu-
nos a escrever e a ler.
B) oferecem oportunidades às crianças de exercitarem
a coordenação motora, a discriminação visual e au-
ditiva, antes de ensinar a leitura e a escrita.
C) organizam atividades para que as crianças dese-
nhem, pintem, recortem e colem, para depois ensi-
nar de forma sistematizada a leitura e a escrita.
D) fazem ditados diários para as crianças e dão ativi-
dades de cópias para o ensino da escrita, para de-
pois introduzir a leitura oral e silenciosa de textos.
E) permitem às crianças experimentar escrever livre-
mente e transformam a sala de aula em um ambien-
te rico de escritas diversas.
06. (CISCOPAR - 2015 - CISCOPAR - Pedago-
go). Sobre o processo de letramento e alfabetização na
perspectiva da Pedagogia Histórico-Crítica, é INCOR-
RETO afirmar:
A) A apropriação da linguagem escrita pressupõe uma
interação do sujeito da aprendizagem com seu obje-
to.
B) Antes do período de escolarização, as crianças já
participam de inúmeras práticas letradas.
C) Um escritor competente deve saber selecionar o gê-
nero apropriado a seus objetivos e à circunstância
em que realizará seu discurso.
D) A escola deve atribuir uma significação para a es-
crita da criança.
E) A alfabetização das crianças deve ser realizada por
meio de memorização de sílabas e palavras.
07. (CETAP - 2015 - Prefeitura de Ananindeua -
PA - Professor de Educação Infantil). Dentre os con-
ceitos a seguir, assinale a alternativa que apresenta o
conceito de letramento (SOARES, 2004):
A) Significa o domínio de uma técnica, ou seja, da me-
cânica da língua escrita.
B) Em seu sentido restrito, refere-se ao processo de
aquisição do código escrito.
C) Trata-se da aprendizagem das habilidades de leitura
e de escrita, especificamente.
D) Habilidade de codificar a língua oral em escrita e de
decodificara língua escrita em oral.
E) Designa o estado ou a condição de domínio das prá-
ticas sociais de uso da língua escrita.
08. (FCC - 2011 - SME - SP - Coordenador Pe-
dagógico). Emília Ferreiro, ao se referir à intervenção
adequada à natureza do processo de aprendizagem da
língua escrita, indica a
A) necessidade imperiosa de escolha do método a ser
utilizado como produtor de conhecimento sobre a
língua escrita na escola e que o mesmo seja indutor
das práticas dos docentes.
B) eficácia da reflexão epistemológica na identificação
dos processos de ensino-aprendizagem da escrita e
da leitura na escola para a compreensão das práti-
cas.
C) necessidade de perguntar-se sobre as práticas atra-
vés das quais a criança é introduzida na língua es-
crita e como se apresenta este objeto no contexto
escolar.
D) não intervenção do professor nas fases iniciais da
alfabetização para que o processo de construção co-
letiva das hipóteses seja estimulado e, então, gerar
conhecimento.
E) necessidade de exercitar a dissociação entre o ensi-
no da leitura e da escrita enquanto aprendizagem de
duas técnicas operatórias diferentes, porém interde-
pendentes.
09. (IBADE - 2016 - SEDUC-RO - Professor
Classe C - Séries Iniciais). Alfabetização e letramento
se somam, e para atender à mudança ocorrida no proces-
so de ensino e aprendizagem da língua escrita, a Escola
Ativa baseia esse conhecimento em torno de cinco eixos.
Um deles tem como princípio básico o fato de que cada
“som” é representado por uma “letra”. Esse aprendizado
é decisivo no processo de alfabetização, e se realiza
quando o educando entende que o princípio que regula a
escrita é a correspondência grafema-fonema. Esse eixo é
denominado:
A) desenvolvimento da oralidade.
B) compreensão e valorização da cultura escrita.
C) apropriação do sistema de escrita.
D) leitura.
E) produção de textos escritos.
10. (BIO-RIO - 2015 - IF-RJ - Psicólogo - Educa-
cional). Dentre as diferentes correntes teóricas do campo
da Psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem
encontram-se as abordagens cognitivistas, com represen-
tantes teóricos como Vygotsky. Para esse teórico, as ati-
vidades cognitivas básicas do indivíduo ocorrem de
acordo com a sua história sociocultural e um dos concei-
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
tos principais do seu modelo é a “zona de desenvolvi-
mento proximal”, que representa a diferença entre:
A) a capacidade da criança em resolver problemas so-
zinha e de resolvê-los com ajuda do outro mais
competente.
B) todas as atividades que a criança consegue desem-
penhar independente de um outro mais competente.
C) todas as funções que a criança consegue desempe-
nhar apenas na presença de um outro mais compe-
tente.
D) etapas do processo que a criança desenvolve seu in-
telecto individualmente sem o outro mais compe-
tente.
E) a capacidade da criança de resolver problemas com
ajuda parcial e a capacidade de resolvê-los com
ajuda total do outro.
11. (FCC - 2014 - TCE-PI - Pedagogo). Embora
haja diferenças marcantes nas teorias de aprendizagem
de Piaget e Vygotsky, há também aspectos a respeito dos
quais o pensamento desses dois autores é bastante seme-
lhante, tais como:
I. ambos são interacionistas: postulam a importância
da relação entre indivíduo e ambiente na construção
dos processos psicológicos.
II. nas duas abordagens, o indivíduo é ativo em seu
próprio processo de desenvolvimento: nem está su-
jeito apenas a mecanismos de maturação, nem sub-
metido passivamente a imposições do ambiente.
III. os dois autores partem do princípio de que o com-
portamento do indivíduo deve ser modelado pelo
paradigma de estímulo e resposta.
IV. um e outro consideram que o aparecimento da ca-
pacidade de representação simbólica, evidenciado
particularmente pela aquisição da linguagem, marca
um salto qualitativo no processo de desenvolvimen-
to humano.
Está correto o que se afirma APENAS em
A) I e IV.
B) II e III.
C) I, II e III.
D) I, II e IV.
E) II, III e IV.
12. (SUGEP/ Pedagogo / UFRPE/ 2018). A orga-
nização escolar em ciclos de aprendizagem tem como
base uma concepção de desenvolvimento e de aprendi-
zagem que se pauta:
A) no respeito às diferenças de ritmo dos alunos, de
constituição dos grupos, levando em conta a idade,
e sobretudo, suas características de natureza cogni-
tiva e sócio-cultural-afetiva.
B) na promoção automática de um ano para o outro,
independentemente da aprendizagem, mas conside-
rando as perdas afetivas e a possível distorção ida-
de/série.
C) na aceleração da aprendizagem, com vistas a equi-
parar a idade/série das crianças que apresentam
atraso nos estudos.
D) na verificação dos aspectos quantitativos sobre os
qualitativos.
E) no processo avaliativo regulador e classificatório.
13. (FCC/ SEE-MG/ Professor de Educação Bá-
sica - Anos Iniciais do Ensino Fundamental/ 2012). Na perspectiva da organização do ensino por Ciclos de
aprendizagem, o caráter assumido pelas práticas avaliati-
vas deve ser
A) classificatório.
B) seletivo.
C) formativo.
D) diagnóstico.
14. (BIO-RIO/ Psicopedagogo – 1/ Prefeitura de
Barra Mansa / RJ/ 2010). A implementação do sistema
de ciclos no currículo escolar veio exigir um maior en-
volvimento de todos os que conduzem o dia-a-dia da es-
cola e sua relação com o processo ensino-aprendizagem
e, em especial, do professor e dos pais.
Entre outras vantagens que a adoção do sistema de
ciclos trouxe, uma se destaca na lógica da avaliação e do
desenvolvimento, a saber:
A) trata-se simplesmente de uma solução pedagógica,
visando a eliminação da seriação;
B) os tempos e espaços da escola são postos a serviço
de novas relações de poder entre o aluno e o profes-
sor;
C) a eliminação da avaliação, possibilitando o acesso
automático do aluno em todas os anos escolares do
ensino fundamental;
D) atende à lógica política somente, na eliminação e re-
tenção de alunos reprovados nos anos do ensino
fundamental;
E) desqualifica o papel do professor de reprovar seus
alunos, considerado-os incapazes de terem acesso
ao ano escolar seguinte.
15. (IBFC/ Prof. de Ed. Básica - Nível I - Grau A
- Anos iniciais do ensino fund. / SEE-MG/ 2015 ). A
respeito da implantação dos ciclos de aprendizagens,
analise as seguintes afirmações:
I. Com frequência, a implantação dos ciclos não é
acompanhada de medidas que favoreçam o trabalho
coletivo do professor, que possibilitem o desenvol-
vimento de estratégias de supervisão e acompanha-
mento dos professores, bem como de apoio a seu
trabalho.
II. Muitas vezes, os ciclos são implantados apenas co-
mo uma solução para diminuição das taxas de re-
provação, sem uma preocupação efetiva com a
aprendizagem.
III. Problemas atribuídos aos ciclos em sua implemen-
tação muda o modo de organização escolar, criando
mecanismos para diagnosticar individualmente os
problemas de ensino-aprendizagem.
IV. A organização em ciclos, por ampliar o tempo dos
aprendizados, pode conduzir a uma diluição ou uma
procrastinação de metas e objetivos a serem atingi-
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
dos gradativamente ao longo do processo de escola-
rização.
Assinale a alternativa correta:
A) I, II e III apenas
B) I, III e IV apenas
C) I, II e IV apenas
D) I e IV apenas
16. (FUNIVERSA - 2016 - IF-AP – Pedagogo). A
discussão sobre pedagogia de projetos não é nova. Ela
surgiu com John Dewey e outros representantes da cha-
mada pedagogia ativa. Já com este autor, a discussão es-
tava embasada em uma concepção de que a educação é
um processo de vida e não uma preparação para a vida
futura. A respeito desse tema, assinale a alternativa cor-
reta.
A) Os projetos devem partir, necessariamente, dos alu-
nos para que não sejam uma imposição da escola.
B) O que caracteriza o trabalho com projetos é a ori-
gem do tema, e não o tratamento dado a ele.
C) É uma postura pedagógica, e não apenas uma técni-
ca de ensino, mais atrativa para os alunos.
D) O método de resolução de problemas é impraticável
na adoção da pedagogia de projetos.
E) A pedagogia de projetos está diretamente ligada à
teoria da aprendizagem cognitivista.
17. (Pref. de Ananindeua - PA - Professor de
Educação Infantil/CETAP/2019). Analise as assertivas
sobre pedagogia de projetos e assinale a resposta correta.
I- A classe se ocupa em atividades significativas e
com propósitos definidos.
II- O conhecimento é construído sem relação com o
contexto em que é utilizado.
III- Promove integração e cooperação entre docentes e
discentes em sala de aula.
IV- Intencionalidade e flexibilidade são características
do planejamento de projetos.
A) Estão corretas apenas as assertivas I, II, III
B) Estão corretas apenas as assertivas I, III, IV.
C) Estão corretas apenas as assertivas II, III, IV.
D) Estão corretas todas as assertivas.
18. (FGV - 2013 - CONDER - Pedagogo). A orga-
nização curricular por projetos é valorizada nos docu-
mentos publicados pelo MEC que abordam as relações
entre tecnologia, currículo e projetos.
Com relação aos princípios norteadores dessa práti-
ca, assinale V para a afirmativa verdadeira e F para a fal-
sa.
( ) Na pedagogia de projetos, o aluno aprende no pro-
cesso de produzir, levantar dúvidas, pesquisar e cri-
ar relações que incentivam novas buscas, descober-
tas, compreensões e reconstruções de conhecimen-
to.
( ) O papel do professor é o de transmitir informações
e sua atuação, na organização curricular por proje-
tos, ocupa o centro do processo.
( ) O professor deve considerar, para trabalhar com
projetos, as possibilidades de desenvolvimento de
seus alunos, as dinâmicas sociais do contexto em
que atua e as possibilidades de sua mediação peda-
gógica.
As afirmativas são, respectivamente,
A) V, V e V.
B) V, V e F.
C) V, F e V.
D) V, F e F.
E) F, F e V.
19. (FAFIPA - 2014 - Prefeitura de Pinhais - PR -
Educador Infantil). Sobre o trabalho com a pedagogia
de projetos, analise as assertivas e assinale a alternativa
que aponta a(s) correta(s).
I. Inicia-se com questões problematizadoras, as quais
podem surgir da curiosidade e interesse do grupo
II. Para organizar o projeto, o educador/ professor, por
meio de questionamentos, pode sistematizar o traba-
lho levando os educandos a refletirem, em momen-
tos de roda de conversa, sobre as seguintes ques-
tões: o que sabemos? O que queremos saber? O que
aprendemos.
III. É importante registrar todas as fases do projeto, por
meio de relatórios, fotografias, gravações, portfólio
das produções dos educandos, entre outros.
A) Apenas I.
B) Apenas II.
C) Apenas I e III.
D) I, II, III.
20. (FGV - 2017 - MPE-BA - Analista Técnico -
Pedagogia). “Nos projetos pode existir maior chance de
os alunos receberem diferentes estímulos para desenvol-
verem suas múltiplas inteligências, pois colocam-nos di-
ante de diversas situações, diferentes desafios e solicitam
a resolução de dezenas de situações problema” (NO-
GUEIRA, Nilbo Ribeiro. Pedagogia de projetos: etapas,
papéis e atores. São Paulo: Editora Érica, 2014)
A Pedagogia de Projetos propõe uma reorganização
curricular e metodológica das escolas, na medida em que
a interdisciplinaridade passa a ser o eixo condutor das
ações pedagógicas.
É uma das vantagens da Pedagogia de Projetos fren-
te ao ensino tradicional:
A) a objetividade e o pragmatismo do processo de
aprendizagem dos alunos;
B) a redução do tempo utilizado pelo professor nas ex-
plicações dos projetos;
C) a eficácia de todas as etapas, garantida por meio de
avaliações objetivas;
D) a atuação do professor como mediador e dos alunos
como protagonistas;
E) o estímulo à competitividade no grupo e à produção
individual dos alunos.
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
21. (Pref. de Fortaleza - CE - 2018 - Prefeitura
de Fortaleza - CE - Assistente de Educação). O pro-
cesso de avaliação na Educação Infantil tem por objeti-
vo:
A) a promoção para o acesso ao Ensino Fundamental.
B) o acompanhamento e registro do desenvolvimento
das crianças.
C) inferir nota em relação ao que as crianças conse-
guem ou não fazer.
D) reter a criança na turma.
22. (AMEOSC - 2015 - Prefeitura de São Miguel
D`Oeste - SC - Pedagogo). Assinale a alternativa incor-
reta. O processo de avaliação na Educação Infantil, não
tem como objetivo a promoção ou a classificação dos
alunos. Na Educação Infantil o acompanhamento do de-
senvolvimento da criança, deve garantir:
A) Documentação específica que permita às famílias
conhecer o trabalho da instituição junto às crianças
e os processos de desenvolvimento e aprendizagem
da criança na Educação Infantil.
B) Utilização de múltiplos registros dos trabalhos rea-
lizados pelas crianças como, relatórios e fotografias
dentre outros.
C) A não retenção das crianças na Educação Infantil.
D) Apenas o trabalho com materiais lúdicos, excluindo
os desenhos e a leitura.
23. (FAFIPA - 2014 - Prefeitura de Pinhais - PR -
Educador Infantil). Sobre a avaliação na Educação In-
fantil, podemos afirmar que ela
A) deve ser baseada em julgamentos.
B) avalia-se para quantificar o que foi aprendido.
C) faz parte do processo de aprendizagem e é essencial
conhecer cada criança.
D) considera o “erro" como parte do resultado final.
24. (FDC - 2014 - IF-SE - Técnico em Assuntos
Educacionais). A avaliação na educação infantil caracte-
riza-se por:
A) conceitos classificando as crianças por níveis
B) observação em processo contínuo e cumulativo
C) comportamentos adversos ao convívio social
D) acompanhamento do desenvolvimento sem objetivo
de promoção
25. (IMA - 2015 - Prefeitura de Canavieira - PI -
Professor de Educação Infantil). A respeito da avalia-
ção de aprendizagem no contexto da educação infantil,
indique a única opção verdadeira.
A) Nessa etapa da Educação Básica, a avaliação não
tem o objetivo exclusivo de verificar o rendimento
da criança, mas acompanhar o seu desenvolvimento
em todos os aspectos: cognitivo, afetivo, psicomo-
tor e social. Esse acompanhamento pode ser efetua-
do com o uso de instrumentos como a observação e
os registros individuais da criança, através dos quais
é possível o professor examinar suas dificuldades,
seus avanços e suas conquistas.
B) Segundo a lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional, deve ser realizada mediante o acompa-
nhamento do desenvolvimento da criança, através
de registro sem a preocupação com a promoção pa-
ra o Ensino Fundamental.
C) A avaliação como uma forma de julgar qualidade
do objeto avaliado, para aceitá-lo ou transformá-lo,
isto é, “como um julgamento de valor sobre mani-
festações relevantes da realidade tendo em vista
uma tomada de decisão”. Assim, qualquer atividade
profissional requer o uso da avaliação.
D) As alternativas “A”, “B” e “C” estão corretas.
26. (FGV - 2019 - Prefeitura de Salvador - BA -
Professor - Português). Carla é professora dos anos fi-
nais do ensino fundamental e está desenvolvendo um
projeto de trabalho com Tecnologias de Informação e
Comunicação (TICs) para potencializar o processo edu-
cacional e favorecer o ensino e a aprendizagem.
Assinale a opção que apresenta uma estratégia de
articulação entre as TICs e a Educação.
A) Aulas utilizando o projetor multimídia em sala e
depois disponibilizando as aulas em plataformas on-
line, porque, assim, os alunos não precisam copiar o
conteúdo do quadro.
B) Utilização do laboratório de informática para games
e jogos online.
C) WebQuest, uma ferramenta de demanda na web, is-
to é, uma atividade orientada para a pesquisa por
meio de recursos da Internet, potencializando o
aprendizado do aluno.
D) Aulas de informática, que ensinem os alunos os
processos de edição de textos, imagens e vídeos,
instrumentalizando-os para a inserção no mercado
de trabalho.
E) Vídeo aulas, em que os estudantes poderão assistir a
diferentes conteúdos de seu interesse.
27. (FUNRIO - 2015 - UFRB - Pedagogo). A didá-
tica hoje leva em conta as novas tecnologias eletrônicas
de comunicação e informação (TICs). Inúmeras são as
estratégias didáticas que podem ser utilizadas conside-
rando as TICs, EXCETO:
A) gestão de espaços virtuais de aprendizagem.
B) utilização das redes sociais.
C) aulas de exposição frontal.
D) trabalhos colaborativos em redes.
E) metodologias midiáticas.
28. (CETRO - 2008 - SEE-SP - Supervisor Esco-
lar). No balanço que faz da Educação Escolar Brasileira
do século XX, Mello (2004) afirma que o legado do uso
didático-pedagógico das tecnologias da informação e da
comunicação (TICs) é mais de esperança do que de rea-
lizações. Sua crítica aponta para o fato de que
A) as escolas públicas contam com esse aparato tecno-
lógico, entretanto, a burocracia e a falta de verbas
para sua manutenção acabam por inviabilizar o
acesso de alunos e professores a esses equipamen-
tos.
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
B) enquanto essa tecnologia encontra-se presente em
quase todo o universo de escolas particulares, com
experiências inovadoras sendo divulgadas, as esco-
las públicas carecem de recursos tecnológicos.
C) a mídia de massa e a televisiva estão mais presentes
nos discursos dos políticos, pois ainda não se en-
contra disponível para alunos e professores das es-
colas públicas do país, especialmente nas regiões
norte e nordeste.
D) a aplicação das TICs em processo de formação de
professores teve início justamente nos estados de
São Paulo e do Paraná, onde há maior número de
professores com formação de nível superior.
E) as TICs estão mais presentes nos discursos dos polí-
ticos e nos sonhos dos professores do que no chão
da escola de todos, no que se refere à conexão com
o universo de informações hoje ao alcance dos mais
privilegiados.
29. (FUNRIO - 2016 - IF-BA - Pedagogo). Sobre
os aspectos relacionados ao uso das tecnologias da in-
formação e comunicação (TICs) na prática pedagógica e
a qualidade para o processo ensino-aprendizagem, po-
demos afirmar que
A) o docente necessita ter consciência que é a tecnolo-
gia o meio e a ferramenta do fazer pedagógico, por-
que as TICs são o mais importante centro da ação.
B) as atividades educacionais com apoio tecnológico
diminuem o tempo de planejamento do trabalho do
professor e requerem menor capacidade de criação,
já que muitos programas trazem tudo pronto para
ser usado em sala.
C) a formação docente em nada precisa ser alterada,
pois as tecnologias são instrumentos coadjuvantes à
prática docente (tanto tecnicamente, quanto peda-
gogicamente) e perceba quando integrá-las a sua
prática pedagógica.
D) o emprego das tecnologias da informação e comu-
nicação não impõe mudanças nos métodos de traba-
lho dos professores, gera apenas modificações no
funcionamento das instituições e no sistema educa-
tivo.
E) um melhor desempenho educacional não aconteces-
se com o uso de melhores instrumentos de ensino, é
necessário um professor “bem formado” que os uti-
lize.
30. (FEPESE - 2016 - Prefeitura de Florianópolis
- SC - Professor de Português). O materialismo históri-
co-dialético constitui a base dos fundamentos teóricos da
concepção de aprendizagem conhecida como:
A) Teoria Behaviorista.
B) Teoria Comportamental.
C) Teoria Histórico-Genética.
D) Teoria Histórico-Cultural.
E) Concepção Fenomenológica.
31. (CEPS-UFPA - 2018 - UNIFESSPA - Peda-
gogo). Sobre os fundamentos filosóficos da educação, é
correto afirmar:
A) A filosofia toma como referência lugares, épocas,
povos, sociedades e indivíduos e os modos como
foram organizadas e desenvolvidas as atividades
humanas voltadas à ação de educar.
B) Cabe à filosofia, entre outras coisas, examinar a
concepção de homem que orienta a ação pedagógi-
ca, para que não se eduque a partir da noção abstra-
ta de ‘criança em si’, de ‘homem em si’.
C) Como ciência, tem sua origem vinculada a aconte-
cimentos que marcaram o século XIX, mais especi-
ficamente a Revolução Industrial, que instaura no-
vas formas de organização da vida social a partir da
constituição da sociedade capitalista.
D) Contribui para que as problemáticas educacionais
sejam analisadas a partir de uma reflexão que se
apresenta como conjuntural, de modo que sejam
buscadas ideias prontas, fixas, determinadas por an-
tecedência.
E) Pode ser pensada como a área da educação que bus-
cam analisar as relações entre escola e sociedade.
32. (UFCG - 2014 - Prefeitura de Cabaceiras -
PB - Professor de Educação Básica I - Educação In-
fantil). Em relação aos fundamentos filosóficos, psico-
lógicos, sociológicos e históricos da educação, analise as
afirmações abaixo e marque a alternativa INCORRETA:
A) Rousseau contribuiu de forma determinante para a
constituição da pedagogia moderna ocidental.
B) A corrente empirista contribuiu para a ideia de que
o aluno é um sujeito passivo às estimulações ambi-
entais.
C) A perspectiva construtivista defende a ideia de que
o aluno constrói o seu conhecimento a partir de in-
terações com o meio.
D) Comenius foi considerado o fundador da didática
moderna.
E) Froebel exerceu grande influência na estruturação
das escolas de nível médio, na Europa e na América
Latina.
33. (FUNIVERSA - 2015 - Secretaria da Criança
- DF - Especialista Socioeducativo - Pedagogia). Ao
examinar os fundamentos da educação, não se pode dei-
xar de considerar os conhecimentos elaborados pela filo-
sofia. Com relação a esse assunto, assinale a alternativa
correta.
A) A ação pedagógica prescinde de reflexão filosófica.
B) A compreensão dos valores e dos conceitos que ga-
rantem a ação pedagógica independe da filosofia.
C) A estrutura de uma proposta pedagógica deve ser
puramente pedagógica. Nesse contexto, as pressu-
posições e as proposições filosóficas são elementos
tangenciais.
D) Embora a filosofia forneça sua própria visão acerca
do homem, isso não interfere na ação pedagógica.
E) A filosofia fornece à educação uma reflexão crítica
a respeito da realidade na qual ela está situada.
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
34. (VUNESP - 2019 - Prefeitura de Valinhos -
SP - Professor I). Queiroz e Moita (2007) discorrem so-
bre os fundamentos sociofilosóficos da educação, a im-
portância dos seus estudos na formação docente e expli-
cam que Fundamentos são os princípios básicos, o ali-
cerce para o entendimento das outras disciplinas.
Conforme as autoras, para a prática pedagógica, es-
ses estudos representam
A) o desenvolvimento intelectual para compreender e
identificar as possibilidades de estabelecer relações
entre as diferentes disciplinas.
B) o conhecimento da história antiga para saber a ori-
gem das ciências e do conhecimento científico e
ministrar os conteúdos com segurança.
C) o reconhecimento das semelhanças e diferenças his-
tóricas existentes entre o pensamento dos filósofos
do ocidente e do oriente.
D) a indagação e o olhar crítico sobre a realidade, bus-
cando respostas sobre os porquês dos fenômenos re-
lacionados à educação.
E) a identificação da razão da supremacia do pensa-
mento de determinados pensadores ao longo da his-
tória da humanidade.
35. (FRAMINAS - 2013 - Prefeitura de Itabirito -
MG - Professor de Educação Básica - Nível I). O nú-
mero, de acordo em Piaget (in Kamil), é uma síntese de
relações que a criança elabora entre os objetivos. Assina-
le (V) para as alternativas VERDADEIRAS e (F) para as
FALSAS:
( ) As crianças adquirem o conhecimento lógico-
matemático por um processo de construção.
( ) As crianças adquirem o conhecimento lógico-
matemático por transmissão.
( ) Para o conhecimento lógico-matemático, são gran-
des as vantagens do jogo em grupo, na sala de aula.
( ) O meio ambiente e o nível socioeconômico e cultu-
ral da criança não têm impacto direto quanto ao seu
desenvolvimento lógico-matemático.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência
CORRETA:
A) V, V, V, F
B) V, F, F, F
C) F, F, V, F
D) V, F, V, F
36. (INSTITUTO AOCP - 2013 - IBC - Professor de
Ensino Fundamental). Com relação às principais caracte-
rísticas do conhecimento matemático, assinale a alterna-
tiva INCORRETA.
A) Como as demais ciências, reflete as leis sociais e
serve de poderoso instrumento para o conhecimento
do mundo e domínio da natureza.
B) Há certos traços que a caracterizam: abstração, pre-
cisão, rigor lógico, caráter irrefutável de suas con-
clusões, bem como o extenso campo de suas aplica-
ções.
C) A abstração matemática revela-se no tratamento de
relações quantitativas e de formas espaciais, desta-
cando-as das demais propriedades dos objetos.
D) Para exercer a cidadania, não se faz necessário sa-
ber calcular, medir, raciocinar, argumentar ou tratar
informações estatisticamente.
E) O conhecimento matemático é fruto de um processo
de que fazem parte a imaginação, os contraexem-
plos, as conjecturas, as críticas, os erros e os acer-
tos.
37. (Pref. de Palhoça - SC - 2016 - Prefeitura de
Palhoça - SC - Professor de Anos Iniciais). O conhe-
cimento matemático constitui uma ferramenta de vasta
aplicabilidade e deve ser explorado de forma ampla no
Ensino Fundamental, desenvolvendo no educando a es-
truturação do pensamento, a agilização do raciocínio de-
dutivo e a capacidade de resolver problemas, além de
possibilitar o apoio à construção de conhecimentos em
outras áreas curriculares. Neste sentido, são considerados
objetivos do ensino de Matemática para os anos iniciais
do Ensino Fundamental, EXCETO:
A) Estabelecer relações entre o conhecimento matemá-
tico e o conhecimento de outras áreas curriculares.
B) Resolver situações problema, bem como saber vali-
dar estratégias e resultados, desenvolvendo diferen-
tes formas de raciocínio, além de utilizar recursos
tecnológicos.
C) Desenvolver a capacidade do trabalho individuali-
zado e competitivo.
D) Identificar os conhecimentos matemáticos como
meios de compreensão e transformação da realida-
de.
38. (NC-UFPR - 2019 - Prefeitura de Curitiba -
PR - Profissional do Magistério – Docência II – Ma-
temática). O letramento matemático, conforme consta
na BNCC, é a capacidade individual de formular, em-
pregar e interpretar a Matemática numa variedade de
contextos, incluindo o raciocínio matemático, e utilizar
conceitos, procedimentos, fatos e ferramentas matemáti-
cas para descrever, explicar e predizer fenômenos. Para
tanto, a identificação de códigos escritos, signos, placas
de trânsito e sinalizações de supermercados são tarefas
que começam na Educação Infantil e devem continuar no
Ensino Fundamental em relação ao processo de letra-
mento, cujas brincadeiras e jogos são vistos como medi-
ações relativas a práticas sociais de atribuição de signifi-
cados. Assinale a alternativa que corresponde ao letra-
mento matemático em contexto de jogo.
A) Durante um jogo, que exige registro de pontos de
três jogadores em uma mesma tabela, perguntou-se
como eles descobriram o vencedor. Alguns alunos
produziram sentenças matemáticas para explicar os
processos mentais utilizados para definir o vence-
dor, registrando sinais convencionais, marcas pes-
soais e frases.
B) A professora propõe um jogo, utilizando uma ficha
com desenho de duas galinhas e seus respectivos
ovos. Em duplas, os alunos marcam, conforme de-
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Conhecimentos Específicos – Professor Ensino Fundamental (Anos iniciais)
monstrado pela professora, a quantidade de ovos
que sua galinha botou.
C) A marcação do calendário constitui uma imagem
visual, como um suporte externo, que auxilia na re-
flexão, pois a marcação de datas auxilia a compre-
ensão da noção de tempo e da pontuação em jogos.
D) O docente demonstra uma atividade a ser realizada
pelos alunos, em que devem separar determinada
quantidade de palitos dentro de um envelope. A
maioria dos alunos não conseguiu a mesma quanti-
dade de palitos.
E) Em sala de aula, realizou-se a brincadeira da Feira
do Produtor. Os alunos foram organizados em gru-
pos de vendedores e compradores dos produtos da
feira. Os alunos perceberam, com essa brincadeira,
que a Matemática está presente em seu cotidiano,
sendo também possível estimar suas capacidades de
socialização e percepção do meio.
39. (SEDUC-RJ /Conhecimentos Básicos - Todos
os Cargos/ CEPERJ/ 2013). Uma das questões formati-
vas fundamentais da vida humana, incorporadas pelos
Parâmetros Curriculares Nacionais, é a orientação sexu-
al. Segundo os PCNs, as questões relativas à orientação
sexual devem constituir:
A) uma nova disciplina com horário específico de aulas
na escola
B) uma nova área de conhecimento a ser desenvolvida
em interface com as agências de educação perma-
nente da sociedade
C) uma área de conhecimento específica do ensino
médio e tratada como disciplina
D) um tema específico a ser tratado nas aulas de Biolo-
gia e Sociologia
E) um tema transversal que permeia as diferentes dis-
ciplinas e áreas de conhecimento
40. (Prefeitura de Abaetetuba – PA/ Professor -
Anos Iniciais do Ensino Fundamental/ CETAP/
2016). Marque a alternativa com os temas transversais
previstos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (MEC,
1997).
A) Educação Ambiental, Arte, Cultura, Cidadania e
Ética.
B) Cidadania, Ética, Saúde, Pluralidade Cultural, Tec-
nologia.
C) Tecnologia, Trabalho, Saúde, Meio Ambiente e
Orientação Sexual.
D) Ética, Pluralidade Cultural, Saúde, Meio Ambiente
e Orientação Sexual.
E) História, Artes, Diversidade Étnica, Meio Ambiente
e Orientação Sexual.
41. (SEDUC-SP /Conhecimentos Pedagógicos/
FGV /2013). Os Temas Transversais dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) devem estar presentes no
projeto educativo da escola através de três patamares: (i)
o convívio escolar; (ii) o educador como cidadão e (iii) a
interação entre escola, comunidade e outras instituições.
Com relação ao convívio escolar, assinale a afirma-
tiva correta.
A) A criação de condições necessárias para a aplicação
dos temas transversais é de exclusiva responsabili-
dade da gestão escolar.
B) Os responsáveis pela criação do clima escolar favo-
rável para o convívio e para a aprendizagem são os
professores da equipe de gestão, sem a participação
dos alunos.
C) Os temas transversais devem ser cobrados apenas
nas avaliações.
D) As práticas e ações cotidianas nos diferentes âmbi-
tos e esferas da escola devem valorizar os temas
transversais.
E) As propostas de trabalho com temas transversais
devem ser criadas pelos professores, pois só eles
são capazes de articulá-las com os conteúdos curri-
culares.
GABARITO OFICIAL
01-C
02-E
03-C
04-C
05-E
06-E
07-E
08-C
09-C
10-A
11-D
12-A
13-C
14-B
15-C
16-C
17-B
18-C
19-D
20-D
21-B
22-D
23-C
24-D
25-D
26-C
27-C
28-E
29-E
30-D
31-B
32-E
33-E
34-D
35-D
36-D
37-C
38-A
39-E
40-D
41-D