CONHECIMENTO DOS ENFERMEIROS DE ENFERMARIA SOBRE … · as novas diretrizes. Depois de dois anos da...
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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO DO SUL
INSTITUTO INTEGRADO DE SAÚDE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
LAYALA DE SOUZA GOULART
CONHECIMENTO DOS ENFERMEIROS DE ENFERMARIA SOBRE SEPSE
CAMPO GRANDE/MS
2018
LAYALA DE SOUZA GOULART
CONHECIMENTO DOS ENFERMEIROS DE ENFERMARIA SOBRE SEPSE
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao
curso de graduação em Enfermagem, da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul,
como requisito parcial para obtenção do título
de Bacharel em Enfermagem.
Linha de Pesquisa: Biossegurança e controle
de infecção relacionada à assistência a saúde.
Grupo de Estudo e Pesquisa em Enfermagem
Clínica – GEPEC.
Orientador: Prof. Dr. Oleci Pereira Frota
CAMPO GRANDE/MS
2018
FOLHA DE APROVAÇÃO
Layala de Souza Goulart
CONHECIMENTO DOS ENFERMEIROS DE ENFERMARIA SOBRE SEPSE
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Graduação em Enfermagem, da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, como requisito parcial para obtenção do título
de Bacharel em Enfermagem.
Campo Grande/MS____ de __________________ de 2018
Resultado: _______________________________________
Banca Examinadora
___________________________________________________
Prof. Dr. Oleci Pereira Frota
___________________________________________________
Prof. Dr. Marcos Antonio Ferreira Júnior
___________________________________________________
Profa. Dra. Elaine Cristina Fernandes Baez Sarti
Dedico esse trabalho e a realização desse
sonho a minha família, em especial a minha
avó Olandina (in memoriam), por me ensinar
desde a infância sobre o cuidado, por inúmeras
vezes se deslocar de cidade para cuidar de
mim, como forma de apoio aos estudos da sua
filha. E nos seus últimos anos de vida me
ensinar sobre finitude, abnegação, amor e,
especialmente, sobre a essência da minha
profissão, o cuidado em todas as suas
dimensões. Tenho certeza da sua alegria, se
estivesse aqui, em me ver conquistar mais essa
vitória.
AGRADECIMENTOS
À Deus, por sempre proteger e iluminar meu caminho e por nunca me deixar desistir, mesmo
diante das dificuldades.
Aos meus pais, Edilson e Laura, e a minha irmã Pâmela, pelo incentivo incessante, dedicação,
amor e paciência durante toda essa trajetória.
Aos docentes do Curso de Graduação de Enfermagem, por todo conhecimento e
companheirismo compartilhado durante a minha formação.
Ao meu orientador, Oleci Pereira Frota, pelo acolhimento, compreensão, aprendizado,
correções, amizade e confiança.
Aos docentes, Elaine Cristina Fernandes Baez Sarti e Marcos Antonio Ferreira Júnior, pela
disponibilidade em compor a banca de avaliação.
Aos meus amigos, pela motivação, paciência e cumplicidade para alcançar mais essa
conquista.
Aos enfermeiros que se disponibilizaram a participar desta pesquisa.
Agradeço a todos que contribuíram, direta ou indiretamente, para que esse sonho fosse
realizado!
RESUMO
Objetivo: Avaliar o conhecimento de enfermeiros de enfermarias sobre sepse. Métodos:
Estudo descritivo, abordagem quantitativa, realizado de julho a agosto de 2018 com 30
enfermeiros de quatro enfermarias de um hospital universitário de grande porte. Para coleta de
dados, utilizou-se um questionário estruturado composto por dados
sociodemográficos/ocupacionais e teste de conhecimento. Resultados: 16,6% dos
profissionais receberam treinamento em serviço sobre o tema. Na instituição não havia
protocolo de sepse implantado, embora 96,6% dos participantes tenham considerado sua
implantação necessária. Profissionais com idade ≥35 anos apresentaram maior nível de
conhecimento acerca da nova definição de sepse (p=0,042). O conhecimento sobre
ressuscitação volêmica (p= <0,001) e uso de vasopressores (p=0,025) foi maior naqueles com
≥10,5 anos de exercício na profissão. Enfermeiros das unidades clínicas apresentaram maior
nível de conhecimento das disfunções orgânicas causada pela sepse (p=0,025). Conclusão:
Os enfermeiros não apresentam conhecimento satisfatório sobre identificação, tratamento e
gerenciamento clínico da sepse. Existe a necessidade de maiores incentivos profissionais,
institucionais e políticos, visando às implementações da educação permanente e do protocolo
de sepse.
Palavras-chave: Enfermagem; cuidados críticos; infecção hospitalar.
ABSTRACT
Objective: To evaluate nurses' knowledge about sepsis. Methods: Descriptive study,
quantitative approach, carried out from July to August of 2018 with 30 nurses from four
wards of a large university hospital. For data collection, a structured questionnaire composed
of sociodemographic / occupational data and knowledge test was used. Results16.6% of the
professionals received in-service training on the subject. In the institution there was no
protocol of sepsis implanted, although 96.6% of the participants considered their implantation
necessary. Professionals aged ≥35 years had a higher level of knowledge about the new
definition of sepsis (p = 0.042). The knowledge about volume resuscitation (p = 0.001) and
use of vasopressors (p = 0.025) was higher in those with ≥10.5 years of exercise in the
profession. Nurses from the clinical units had a higher level of knowledge of the organic
dysfunctions caused by sepsis (p = 0.025). Conclusion: Nurses do not present satisfactory
knowledge about identification, treatment and clinical management of sepsis. There is a need
for greater professional, institutional and political incentives, aimed at implementing
permanent education and the sepsis protocol.
Key words: Nursing; critical care; hospital infection
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Alterações microvasculares ocasionada pela sepse. ................................................ 12 Figura 2 - Itens do escore Sequential Organ Failure Assessment (SOFA) .............................. 14 Figura 3 - Percentual de acerto das questões respondidas pelos enfermeiros. Campo Grande,
MS, Brasil, 2018 ....................................................................................................................... 20
Tabela 2 - Treinamento e percepção sobre protocolo sepse. Campo Grande, MS, Brasil, 2018
.................................................................................................................................................. 20
Quadro 1 - Teste de conhecimento teórico sobre identificação, tratamento e gerenciamento da
sepse. Campo Grande, MS, Brasil, 2018. ................................................................................. 16
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CC-I – Clínica Cirúrgica I
CC-II – Clínica Cirúrgica II
CM – Clínica Médica
DIP – Doenças Infecciosas e Parasitárias
DP – Desvio Padrão
FiO2 – Fração inspiratória de Oxigênio
ILAS – Instituto Latino Americano de Sepse
PaO2 – Pressão parcial de Oxigênio
PAM – Pressão Arterial Média
qSOFA - Quick Sequential Organ Failure Assessment
SIRS - Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica
SOFA - Sequential Organ Failure Assessment
SpO2 – Saturação periférica de Oxigênio
SPSS – Statistical Package for the Social Sciences
SSC - Surviving Sepsis Campaign
UTI – Unidade de Terapia Intensiva
Sumário
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 10
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................................. 11
3 MÉTODOS................................................................................................................................. 16
4 RESULTADOS .......................................................................................................................... 19
5 DISCUSSÃO .............................................................................................................................. 21
6 CONCLUSÕES .......................................................................................................................... 24
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 24
7 APÊNDICE ................................................................................................................................ 28
7.1 Apêndice A: Instrumento para coleta de dados ......................................................... 28
7.2 Apêndice B: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ...................................... 30
8 ANEXOS .................................................................................................................................... 32
8.1 Anexo A: Carta de anuência do HUMAP/UFMS ...................................................... 32
8.2 Anexo B: Parecer comitê de ética em pesquisa ......................................................... 36
10
1. INTRODUÇÃO
Redefinida como disfunção orgânica ameaçadora à vida secundária à resposta
desregulada do organismo à infecção (SINGER et al., 2016), a sepse acomete anualmente
cerca de 30 milhões de pessoas em todo mundo. A mortalidade global é de 25 a 30%, sendo
quase o dobro (40 a 50%) em países subdesenvolvidos e em pacientes com complicações
(DUGANI; VEILLARD; KISSOON, 2017). No Brasil, os números têm aumentado
consideravelmente. No período de 2006 a 2015, a incidência, a mortalidade, a letalidade e a
letalidade de pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) aumentaram
50,5%, 85%, 46,3% e 64,5% respectivamente (NEIRA; HAMACHER; JAPIASSÚ, 2018).
Isso coloca a sepse como um importante problema de saúde pública da atualidade e evidencia
a necessidade da implementação de estratégias de enfrentamento eficientes.
No âmbito hospitalar, dados da literatura apontam que 93% dos pacientes adquirem
sepse fora da UTI (BARROS; MAIA; MONTEIRO, 2016) e 43,3% dos pacientes já são
admitidos com disfunção orgânica indicativa de sepse (BARRETO et al., 2016). Isso ressalta
a necessidade da equipe multiprofissional do pronto socorro e das unidades de internação
estar apta para diagnosticar precocemente a sepse, principalmente os profissionais de
enfermagem que estão mais próximo do paciente diuturnamente. Tal necessidade oportuniza o
tratamento, diminui as taxas de morbimortalidade, diminui o tempo de internação, o
sofrimento do paciente e seus familiares e os custos do sistema de saúde (ESTEBAN et al.,
2007; BARROS; MAIA; MONTEIRO, 2016; BARRETO et al., 2016).
Entretanto, estudos nacionais (PENINCK; MACHADO, 2012; GARRIDO et al. 2017)
e internacionais (ROBSON; BEAVIS; SPITTLE, 2007; JEFFERY; MUTSCH; KNAPP,
2014) evidenciam conhecimento deficitário de enfermeiros sobre sepse. Sabe-se que o nível
de conhecimento aquém do esperado pode se iniciar desde a formação, como revelou estudo
que avaliou o conhecimento dos concluintes de enfermagem sobre sepse (SANTOS; ALVES;
STABILE, 2012). Neste estudo, 64% dos acadêmicos pesquisados avaliaram como “pouco” o
quanto o curso lhes ofereceu de informações sobre os sinais e sintomas da sepse, e 39%
desconheciam a definição de sepse. Na prática assistencial, uma auditoria (ROBSON;
BEAVIS; SPITTLE, 2007) conduzida no Reino Unido com enfermeiros de unidades de
internação revelou pobre conhecimento sobre sinais e sintomas de sepse e alguns aspectos de
seu manejo inicial, evidenciando uma situação crítica e, portanto, digna de investimentos.
Apesar de existirem estudos sobre o conhecimento de enfermeiros sobre sepse
(PENINCK; MACHADO, 2012; GARRIDO et al. 2017; ROBSON; BEAVIS; SPITTLE,
11
2007, 2007; JEFFERY; MUTSCH; KNAPP, 2014), destaca-se que esses foram baseados em
definições, métodos diagnósticos e bundles de tratamento e manejo não mais condizentes com
as novas diretrizes. Depois de dois anos da redefinição da sepse (SINGER et al., 2016) e da
substituição dos pacotes de 3 e 6 horas pelo bundle de 1 hora da Surviving Sepsis Campaign
(SSC) (LEVY; EVANS; RHODES, 2018), ainda não são encontrados estudos que avaliaram
se o conhecimento dos enfermeiros é condizente com essas atualizações. Assim, o objetivo
deste estudo foi avaliar o conhecimento dos enfermeiros de unidades de internação hospitalar
sobre sepse.
2. REVISÃO DE LITERATURA
Desta forma, com as novas definições, os critérios da Síndrome da Resposta
Inflamatória Sistêmica (SIRS) passam a não ser mais requeridos para o diagnóstico de sepse.
Além disso, a classificação “sepse grave” foi extinta, simplificando a nomenclatura, sendo
que o uso da palavra “sepse” passa a ser utilizada aos pacientes já com disfunção orgânica
(ILAS, 2016).
Choque séptico passa a ser definido como alterações circulatórias, celulares e
metabólicas apresentada por pacientes com sepse, com hipotensão persistente e lactato ≥ 2
mmol/L, com necessidade de administração de vasopressores para manter a pressão arterial
média ≥ 65 mmHg, após ressuscitação volêmica adequada (30 mL/Kg) (CARNEIRO;
PÓVOA; GOMES, 2017; ILAS, 2016).
A fisiopatologia da sepse está baseada nas reações do hospedeiro a um agente
infeccioso. Neste contexto, ocorre os mecanismos inflamatórios, com ativação de ocitocinas,
produção de óxido nítrico, radicais livres de oxigênio e expressão de moléculas de adesão ao
endotélio. Isso acarreta, alterações importantes dos processos de coagulação e fibrinólise
(Figura 1). Todas essas ações são mecanismos fisiológicos para combater a agressão
ocasionada pelo agente infecioso e restringi-lo ao local onde se encontra. Também ocorre uma
reação de contra regulação do organismo com a resposta anti-inflamatória. O equilíbrio entre
essas duas respostas é fundamental para a recuperação do paciente, pois o desequilíbrio é
responsável por fenômenos que culminam na disfunção orgânica (VIANA, MACHADO,
SOUZA, 2017).
12
Figura 1 - Alterações microvasculares ocasionada pela sepse.
Fonte: GOTTS; MATTHAY, 2016.
De forma geral, tem-se alterações celulares e circulatórias, entre as alterações
circulatórias tem-se a vasodilatação e o aumento da permeabilidade capilar, contribuindo para
a hipovolemia e hipotensão. Na microcirculação, ocorre heterogeneidade de fluxo com
redução de densidade capilar, trombose e alterações de viscosidade e composição de células
sanguíneas (VIANA; MACHADO; SOUZA, 2017).
Alguns fatores podem explicar o surgimento da disfunção microvascular observadas
na sepse, como o desequilíbrio de produção e liberação de substâncias vasoconstrictoras e
vasodilatadoras, levando a um menor fluxo microvascular. Normalmente o endotélio funciona
como uma barreira anti-adesiva para os componentes sanguíneos, o que é alterado na sepse,
pois a presença de endotoxinas provoca um efeito pró-adesivo e pró-trombótico entre
hemácias, leucócitos e plaquetas ao endotélio vascular, o que justifica a alteração no fluxo
capilar, e a atuação de radicais livres de oxigênio também leva a maior adesão de leucócitos,
plaquetas e hemácias ao endotélio vascular (PENNA et al., 2011).
Todos esses fenômenos contribuem para diminuição da oferta tecidual de oxigênio e,
assim, para o desequilíbrio entre oferta e consumo, que ocasiona aumento de metabolismo
anaeróbio e, por consequência, hiperlactatemia. Além disso, fazem parte dos mecanismos
geradores de disfunção os fenômenos celulares de apoptose e hipoxemia citopática, quando há
13
dificuldade na utilização de oxigênio pelas mitocôndrias (VIANA, MACHADO, SOUZA,
2017).
A qualidade de vida dos pacientes que sobrevivem a um episódio de sepse também é
afetada, diminuindo de forma considerável, mesmo após longos períodos pós alta,
independente da escala de avaliação utilizada e o pais de origem. Assim, a necessidade de
acompanhamento e assistência a esses pacientes por longo período após alta hospitalar
(SILVEIRA et al., 2015).
Dados epidemiológicos da sepse em 7 países desenvolvidos revelam que a incidência é
de 436 casos por 100.000 habitantes por ano, a mortalidade de 43%, com estimativa global de
50,9 milhões de casos de sepse e potencial de morte anual de 5,3 milhões (FLEISCHMANN
et al., 2016). Estima-se que esses números em países subdesenvolvidos são ainda maiores,
especialmente devido aos escassos recursos para o diagnóstico e tratamento.
No Brasil, os dados epidemiológicos publicados por recente estudo (NEIRA;
HAMACHER; JAPIASSÚ, 2018) são alarmantes. De 2006 a 2015, a incidência anual de
sepse cresceu de 31,5 para 47,4 casos/100.000 pessoas, sendo que 29,1% das dessas
hospitalizações necessitaram de admissão na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). A taxa de
letalidade em hospitais públicos (55,5%) esteve maior que em hospitais privados (37%). Em
relação ao tempo de internação hospitalar, a média foi de nove dias e para as internações na
UTI foi de oito dias, o tempo de hospitalização também foi maior em hospitais públicos (10,3
dias) quando comparado aos hospitais privados (7,6 dias). A média de custos por
hospitalização esteve por volta de US$ 624,0 e nas hospitalizações que houve necessidade de
cuidados intensivos o custo médio subiu para US$ 1,708.1 dólares (NEIRA; HAMACHER;
JAPIASSÚ, 2018). Além disso, deve-se levar em consideração um problema comum da
sepse: a subnotificação, haja vista que os óbitos podem ser atribuídos às doenças de base e
não propriamente a sepse (ILAS, 2016).
Com a nova definição centrada na disfunção orgânica, o diagnóstico de sepse sofreu
alterações. O sepsis 3 (SINGER et al., 2016) recomenda a utilização de dois escores: o
Sequential Organ Failure Assessment (SOFA) e o Quick Sequential Organ Failure
Assessment (qSOFA). Quando o paciente acumula ≥ 2 pontos no SOFA ele é diagnosticado
com sepse e alteração em ≥ 2 dos critérios do qSOFA determina-se o maior risco de morte
para o paciente com sepse. Os itens que compõe o qSOFA são: (i) rebaixamento de nível de
consciência; (ii) frequência respiratória ≥22 irpm; e (iii) pressão arterial sistólica ≤ 100
mmHg. Já as variáveis do SOFA incluem: relação PaO2/FiO2, pontuação da Escala de Coma
14
de Glasgow, pressão arterial média, administração de vasopressores (considerando o tipo e
dose infundida), creatinina sérica ou débito urinário, bilirrubina sérica e contagem de
plaquetas. Conforme a figura 2, os escores de cada um desses itens varia segundo os
resultados apresentados.
Figura 2 - Itens do escore Sequential Organ Failure Assessment (SOFA)
Fonte: SINGER et al., 2016.
No entanto, apesar do Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS, 2017) adotar a
nova definição do Sepsis 3, mantém os critérios clínicos utilizados anteriormente, que inclui:
hiperlactatemia, hipotensão, oligúria (≤0,5mL/Kg/h) ou elevação da creatinina (>2mg/dL),
relação PaO2/FiO2 < 300 ou necessidade de O2 para manter SpO2 > 90%, contagem de
plaquetas < 100.000/mm³ ou redução de 50% no número de plaquetas em relação ao maior
valor registrado nos últimos 3 dias, acidose metabólica inexplicável (déficit de bases ≤
5,0mEq/L), rebaixamento do nível de consciência, agitação, delirium e aumento significativo
de bilirrubinas (>2X o valor de referência).
A opção por permanecer com os critérios anteriores é justificada pelas diversas críticas
publicadas, baseadas no risco dos critérios de disfunção orgânica selecionarem uma
população muito grave, reduzirem a sensibilidade e aumentarem a especificidade para o
diagnóstico. Por exemplo, se considerar estritamente a variação de SOFA para definir
disfunção, pacientes com hipotensão e rebaixamento de nível de consciência não
preencheriam o critério de sepse pois teriam apenas 1 ponto no SOFA, o mesmo ocorre para
pacientes com hiperlactatemia. (ILAS, 2016).
15
Para utilização fora da UTI, como escore de avaliação do risco de mortalidade, a nova
recomendação é de utilização do qSOFA. Ao avaliar a associação do qSOFA e o desfecho de
pacientes admitidos na emergência, encontra-se associação entre o escore e a mortalidade,
admissão na UTI e dias de internação, útil para a predição do desfecho dos pacientes
(SINGER et al., 2017).
Após a identificação de disfunção orgânica indicativa de sepse, inicia-se os bundles de
tratamento. Construído baseado no SSC o protocolo de gerenciamento de sepse do ILAS
(2017) estava divido em dois pacotes: o de 3h e o de 6 horas. O primeiro compreende a coleta
de exames laboratoriais, lactato arterial, hemocultura de dois sítios diferentes antes da
administração de antibiótico, prescrição e administração de antibiótico de amplo espectro e
início da ressuscitação volêmica (30mL/kg de cristaloide) para os pacientes com hipotensão
ou sinais de hipoperfusão. O pacote de 6 horas, por sua vez, é composto por reavaliação do
estado volêmico para a continuidade da reposição volêmica, uso de vasopressores nos casos
de hipotensão após ressuscitação, transfusão de hemoderivados para pacientes com sinais de
hipoperfusão e hemoglobina abaixo de 7 mg/dL e monitorização invasiva para pacientes que
evoluírem para choque séptico.
No entanto, neste ano o SSC publicou atualização no pacote de tratamento de sepse,
em que foram extintos os pacotes de 3 e 6 horas e criado o chamado bundle de 1 hora. Este
bundle incluí coleta de hemocultura de dois sítios distintos, administração de antibiótico de
amplo espectro, coleta de lacto arterial, administração de fluídos nas situações indicadas, uso
de vasopressores conforme condição clínica do paciente após ressuscitação, coleta de segunda
amostra para lactato (com limite para coleta de até 4 horas) e reavaliação do estado volêmico
e sinais de perfusão dos pacientes em choque. O ILAS (2018) publicou o seu posicionamento
acerca do bundle de 1 hora, aderindo ao mesmo com algumas ressalvas dentre elas estão: o
início da reposição volêmica ao início da hipotensão, ou seja, não está condicionado há
abertura do protocolo; o uso de vasopressor deve ser estabelecido conforme as condições
clínicas do paciente a reposição volêmica inicial e não ao tempo do pacote; e o foco excessivo
nas primeiras horas e a extinção do pacote de 6 horas que seria o seguimento de cuidado ao
paciente séptico.
Diante destas recomendações, é fundamental o diagnóstico precoce de sepse.
Semelhantemente ao politraumatismo, infarto agudo do miocárdio e o acidente vascular
cerebral, o manejo apropriado nas horas iniciais após o desenvolvimento da sepse tem
implicações significativas no prognóstico e em outros indicadores associados (RHODES et
al., 2017).
16
Também levando em consideração os estudos (ESTEBAN et al., 2007; BARRETO et
al., 2016) que apontam que os pacientes desde a admissão apresentam possíveis sinais e
sintomas preditivos de sepse. Sendo imprescindível que os enfermeiros tenham conhecimento
para a identificação precoce e início em tempo do tratamento, com objetivo de diminuir os
riscos de morbidade e mortalidade ocasionados pela sepse.
No entanto, apesar da importância do reconhecimento e tratamento precoce da sepse,
tanto para a diminuição da mortalidade quanto para melhoria da qualidade de vida dos
sobreviventes, a literatura regista conhecimento deficitário por parte dos profissionais de
saúde, tornando o reconhecimento e início do tratamento tardio (ROBSON; BEAVIS;
SPITTLE, 2007; ASSUNÇÃO et al., 2010; PENINCK., MACHADO, 2012).
3. MÉTODOS
Trata-se de um estudo descritivo, abordagem quantitativa, em quatro enfermarias -
Doenças Infecciosas e Parasitárias (DIP), Clínicas Cirúrgicas I (CC-I) e Clínica Cirúrgica II
(CC-II) e Clínica Médica (CM) -, as quais prestam cuidados a paciente adultos de um hospital
universitário de grande porte de Mato Grosso do Sul. A população do estudo foi constituída
por 35 enfermeiros, assistenciais e responsáveis técnicos. Foram incluídos todos os
enfermeiros lotados nos setores investigados, que aceitaram voluntariamente participar do
estudo, com pelo menos seis meses de atuação profissional em enfermaria. Foram excluídos
três enfermeiros por tempo de experiência inferior a seis meses em enfermaria, um por licença
médica e uma por licença maternidade. Desta forma, a amostra foi constituída por 30
enfermeiros.
A coleta de dados foi realizada entre julho a agosto de 2018. Por tanto, utilizou-se
um questionário estruturado composto por itens referentes aos dados
sociodemográficos/ocupacionais e teste de conhecimento teórico sobre identificação,
tratamento e gerenciamento da sepse. Este foi elaborado com base no protocolo de
gerenciamento de sepse do Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS, 2017) e na
atualização da SSC (RHODES et al., 2017), ambos utilizados como parâmetros para definição
de acertos ou erros.
Quadro 1 - Teste de conhecimento teórico sobre identificação, tratamento e gerenciamento da
sepse. Campo Grande, MS, Brasil, 2018.
Questões
IDENTIFICAÇÃO
1. Atualmente, segundo Sepsis-3, qual a definição de sepse?
17
A) Infecção que evoluiu com hipotensão não corrigida com reposição volêmica, de forma independente de
alterações de lactato;
B) Infecção suspeita ou confirmada, sem disfunção orgânica, de forma independente da presença de sinais de
Síndrome da resposta inflamatória sistêmica;
C) Presença de disfunção orgânica ameaçadora à vida secundária à resposta desregulada do organismo à
infecção;
D) Infecção suspeita ou confirmada sem disfunção orgânica;
E) Infecção caracteriza pela presença de ao menos dois dos seguintes critérios clínicos: 1) temperatura corporal >
38 °C ou <36 °C; 2) frequência respiratória > 20 incursões respiratórias/minuto ou uma pressão parcial de CO2 no
sangue arterial < 32mmHg; 3) frequência cardíaca > 90 batimentos cardíacos/minuto; 4) aumento ou redução
significativos do número de células brancas (leucócitos) no sangue periférico (>12.000 ou <4.000 células/mm3), ou
presença de mais 10% leucócitos jovens (bastões).
2. Das alternativas a baixo, qual contém apenas disfunções orgânicas potencialmente causadas pela sepse?
(Marque uma única alternativa)
A) Hiperemia, hipotensão, oligúria e plaquetas < 100.000/mm³ ou redução de 50% no número de plaquetas em
relação ao maior valor registrado nos últimos 3 dias.
B) Rebaixamento do nível de consciência, hipotensão, hiperlactatemia e relação PaO2/FiO2 < 300.
C) Aumento significativo de bilirrubina, hipolactatemia, alteração do nível de consciência e hipotensão.
D) Oligúria, hematoma, hipotensão e plaquetas < 100.000/mm³ ou redução de 50% no número de plaquetas em
relação ao maior valor registrado nos últimos 3 dias.
E) Todas as alternativas estão corretas.
3. Das alternativas a baixo, qual apresenta corretamente os três componentes do Escore qSOFA?
A) Escala de coma de Gasgow <15, frequência respiratoria ≥ 22 ipm e pressão arterial sistólica < 100 mmHg.
B) Rebaixamento de nível de consciência, oligúria e azotemia.
C) Pressão arterial sistólica < 100 mmHg, hiperlactatemia e trombocitopenia.
D) Pressão arterial sistólica < 90 mmHg, acidose metabólica e hiperbilirrubinemina.
E) Escala de coma de Gasgow <15, hiperlactatemia e frequência respiratoria ≥ 22 ipm.
TRATAMENTO
4. Um paciente de 70 kg – diagnosticado com sepse, hipotenso e com sinais de hipoperfusão – recebeu
ressuscitação volêmica de 1.400 ml de SF 0,9%. O volume infundido esta de acordo com as diretrizes de
reposição volêmica imediata?
( ) Sim ( x ) Não ( ) Não sei
5. Está indicado o uso de vasopressores para pacientes que permaneçam com pressão arterial média ≤ 75
mmHg (durante ou após a infusão de volume), sendo a noradrenalina a droga de primeira escolha.
( ) Sim ( x ) Não ( ) Não sei
6. O tempo recomendado para início da terapia antimicrobiana intravenosa é de até uma hora após o
reconhecimento da sepse e choque séptico?
( x ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
7. Coloides proteicos, albumina e soro albuminado são contraindicados como fluidos de ressuscitação
inicial.
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
GERENCIAMENTO
8. A coleta de hemocultura, de dois sítios diferentes, deve ser realizada em todos os pacientes viáveis, com
suspeita de sepse?
( x ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
9. O uso de bicarbonato nos casos de acidose lática em pacientes com pH>7,15 está contraindicado?
( x ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
10. Marque a alternativa que contém os parâmetros perfusionais que podem ser reavaliados após a
ressuscitação volêmica.
A) Nível de consciência, presença de diurese, temperatura e variação de distensibilidade de veia cava.
18
B) Mensuração de saturação venosa central, frequência respiratória, tempo de enchimento capilar e presença de
diurese.
C) Variação de pressão de pulso, variação de distensibilidade de veia cava, nível de lactato e nível de consciência.
D) Tempo de enchimento capilar, elevação de creatinina, elevação de pressão arterial e saturação de O2
E) Todas as alternativas estão corretas
Fonte: Autores.
Com a finalidade de verificar a objetividade, pertinência e clareza dos itens, o
instrumento foi submetido à apreciação por cinco juízes com conhecimento técnico-científico
acerca do assunto: um com experiência em validação de escalas, dois pesquisadores sobre a
temática e dois especialistas em terapia intensiva. Foram realizados vários ajustes, com base
nos pareceres e discussão entre os autores. O teste piloto não revelou necessidade de
alterações no instrumento.
Na versão final (Quadro 1), o componente teste de conhecimento foi constituído por
10 questões. Alternativas grafadas em negrito ou assinaladas com “x” correspondem ao
gabarito. Foi considerado acerto quando alternativa correta era assinalada e não assinalar
alternativa falsa. Realizou-se análise de quais alternativas verdadeiras foram mais lembradas e
mais desconhecidas, bem como as falsas equivocadamente marcadas como corretas. Para
efeito de compilação, questões assinaladas como “não sei” foram consideradas erradas.
Os dados foram coletados in loco, durante horário normal de atividades, em sala
específica, sendo vedada a consulta em qualquer fonte de informação, com observação direta
do pesquisador. Não houve limitação de tempo para o completo preenchimento do
questionário.
Os dados obtidos foram compilados, analisados e comparados com os conhecimentos
existentes sobre os assuntos (ILAS, 2017; SINGER et al., 2016). Como parâmetro para
determinar o nível de conhecimento teórico dos participantes, conforme utilizado em estudo
semelhante (FROTA et al., 2013), será classificado segundo o seguinte diagrama de
pontuação: ≥59 pontos “conhecimento péssimo”, de 60 a 69 “ruim”, de 70 a 79 “regular”, de
80 a 89 “bom”, de 90 a 99 “muito bom” e 100 pontos classificado como “conhecimento
excelente”. Os dados foram armazenados no Software Microsoft Excel e analisados
estatisticamente pelo Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 25.0. A
estatística descritiva de distribuições absolutas, percentuais, médias e desvio padrão foi
empregada. Na comparação do perfil sociodemográfico com percentual de acerto das questões
de sepse, aplicou-se o teste estatístico Qui-Quadrado ou exato de Fischer. Adotou-se nível de
significância de 5%, correspondente a p<0,05.
19
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul sob o parecer nº 2.685.746 e atendeu as normas
nacionais e internacionais de ética em pesquisa.
4. RESULTADOS
O estudo foi realizado com 30 enfermeiros, sendo 24 (80%) assistenciais e seis (24%)
responsáveis técnicos e chefes de unidade. Predominou o sexo feminino (76,7%) e a idade
média de 35 anos ± 5,5. Dos participantes, 6,7% apresentaram formação e experiência como
técnico de enfermagem. Em relação a maior titulação teve maior percentual de especialização
(70%), seguido de mestrado (16,7%), graduação (10%) e doutorado (3,3%). Os anos de
experiência na profissão teve média de 10,5 anos ± 4,2 e tempo de exercício em unidade de
internação foi em média 3,7 anos ± 3,8. E o turno de trabalho predominante foi o diurno
(60%) seguido do noturno (40%). Nove (30%) participantes estavam lotados na CC-I, nove
(30%) na CM, seis (20%) na CC-II e seis (20%) na DIP. A maioria (70%) dos enfermeiros
apresentaram como titulação máxima a especialização. Quanto ao tempo de exercício na
profissão, 17 profissionais (56,6%) tinham até 10,5 anos, e o tempo de exercício em unidade
de internação revelou que 23 (76,6%) apresentaram até 3,75 anos de experiência (Tabela 1).
Em relação à educação permanente, conhecimento, necessidade e motivação para
instituir um protocolo de sepse (Tabela 2), apenas 16,6% dos profissionais receberam
treinamentos em serviço sobre o tema e 10% conhecem algum protocolo clínico de
gerenciamento de sepse. Dos respondentes, 96,6% avaliaram como necessária a implantação
de um protocolo para o gerenciamento da sepse nas unidades de internação e 73,3% sentem-se
motivados a implantar o protocolo na sua unidade.
20
Tabela 1 - Treinamento e percepção sobre protocolo sepse. Campo Grande, MS, Brasil, 2018
Indicação n (30) %
Recebeu treinamentos em serviço sobre sepse 5 16,7
Conhece algum protocolo clínico de gerenciamento de sepse 3 10,0
Conhece o protocolo clínico de gerenciamento de sepse do ILAS* 3 10,0
Leu o protocolo clínico de gerenciado de sepse do ILAS* 5 16,7
Julga necessário implantar um protocolo para o gerenciamento da sepse 29 96,7
Se sente motivado a implantar um protocolo de gerenciamento da sepse na
sua unidade de trabalho
22 73,3
*Instituto Latino Americano de Sepse
Quanto ao desempenho no questionário, a questão 8 foi a que apresentou maior
percentual de acerto (90%) com nível de conhecimento classificado como “muito bom”. As
demais apresentaram 50% ou menos de acerto, classificadas como “conhecimento pobre”
(Gráfico 1).
Figura 3 - Percentual de acerto das questões respondidas pelos enfermeiros. Campo Grande,
MS, Brasil, 2018
As alternativas assinaladas como corretas de forma equivocada nas questões foram:
questão 1 alternativa “E”; questão 2 alternativa “E”; questão 3 alternativa “E”; questão 4
alternativa “Não sei”; questão 5 alternativa “Sim”; questão 6 alternativa “Não”; questão 7
alternativa “Sim”; questão 9 alternativa “Não” e questão 10 alternativa “E”.
Da análise estatística, só houve associação significativa entre: o número de acerto na
questão 1 e idade ≥35 anos (p =0,042); a questão 4 e 5 com o tempo de exercício na profissão
0
20
40
60
80
100
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
3040 43,3
33,323,3
50
10
90
23,3 26,7
Acert
o (
%)
Questão
Pobre
Muito bom
21
(p= 0,001 e p = 0,025 respectivamente), cujos profissionais com tempo de exercício na
profissão ≥10,5 anos apresentaram maior percentual de acerto nas respectivas questões
mencionadas; e a questão 2 com a unidade de trabalho (p=0,025), cujos profissionais da CM e
DIP apresentaram maior percentual de acerto na questão mencionada.
5. DISCUSSÃO
O conhecimento dos enfermeiros de enfermaria apresentou-se aquém do necessário
para identificar precocemente e gerenciar a sepse. Uma das prováveis justificativas pode ser a
insuficiente realização de educação permanente, visto que pequena parcela (16,7%) dos
participantes recebeu esta intervenção. Isso denota a urgente necessidade de investimentos
nesse público.
Intervenções educacionais com os enfermeiros impactam positivamente no nível de
conhecimento, na prática e na gestão do cuidado. Estudo realizado com 87 enfermeiros norte-
americanos revelou melhorias na capacidade de identificação precoce (65,8% para 87,3%;
p<0.0001), competência para cuidar de pacientes com sepse (62,4% para 86,6%; p<0.0001) e
mobilização da equipe para início precoce do tratamento (66,3% para 85,6%; p<0.0001), após
realização de um programa educacional multimodal de competência auto avaliada sobre sepse
(DELANEY et al., 2015). Em hospitais privados brasileiros, a implementação de um
programa de educação, baseado no bundle da SSC, proporcionou a melhoria de conformidade
de cada item ao longo do tempo e a conformidade total dos itens teve associação com a
redução da mortalidade, de 55% para 26%, e consequente redução do custo hospitalar
(NORITOMI et al., 2014).
Apesar dos efeitos positivos proporcionados pela educação permanente amplamente
divulgados na literatura (DELANEY et al., 2015; NORITOMI et al., 2014;
BHATTACHARJEE; EDELSON; CHURPEK,2017), ressalta-se que estes tendem a
desaparecer ao longo do tempo (FROTA, et al., 2016). Assim, é importante que estas ações
sejam executadas periodicamente, além de investimentos em feedback de resultados e
melhoria constante das ações, bundle e protocolos (FROTA, et al., 2016). Nesta direção, cabe
destacar que o hospital não adotava protocolo de identificação precoce e gerenciamento de
sepse e que poucos enfermeiros (10%) conheciam algum protocolo de sepse, o que no geral
compromete a qualidade da assistência e manejo dos pacientes com sepse na instituição.
Estudo sobre a implantação de protocolo sepse demonstra resultado virtuoso sobre
indicadores assistenciais e gerenciais. Ao analisar o impacto do protocolo sepse iniciado por
enfermeiros, as conformidades com o bundle da SSC antes e após implementação do
22
protocolo de sepse e os preditores de mortalidade hospitalar. Após a implantação do
protocolo, houve melhorias significativas na mensuração dos níveis séricos de lactato
(p=0,003), na redução dos tempos levados da identificação da sepse à colheita da hemocultura
(p=0,045) e ao início da administração do antibiótico (p=0,021), mesmo não estando ainda
dentro do tempo recomendado pelo bundle (BRUCE et al., 2015).
Outro estudo (GYANG et. al., 2016) avaliou o desempenho de um instrumento de
triagem à beira leito para sepse, dirigido por enfermeiros em unidade de cuidados
intermediários, cujos resultados revelam maior significância na proporção de pacientes que
realizaram antibioticoterapia (p= 0,006), hemocultura (p= 0,002) e mensuração de lactato (p=
0,018), após triagem positiva para sepse. No entanto, não houve diferença significativa sobre
o tempo de internação e a taxa de mortalidade entre os grupos. Desta forma, é necessário que
os profissionais de enfermagem sejam capazes de reconhecer a sepse desde a admissão e
realizar o gerenciamento na unidade de internação, pois, as unidades não intensivas,
possivelmente, recebem pacientes com os primeiros sinais e sintomas de sepse e que na
maioria das vezes permanecem na enfermaria para o tratamento.
Neste estudo, o conhecimento dos participantes com ≥10 anos de exercício
profissional foi maior em relação às temáticas, ressuscitação volêmica (p=0,001) e indicação
para o uso de drogas vasoativas (p=0,025) quando comparado àqueles com <10 anos. Esse
achado pode ser explicado pela maior experiência de enfermeiros com mais tempo de
exercício profissional no cuidado de pacientes chocados, nas mais diversas causas, que
requerem cuidados semelhantes nessas temáticas e não necessariamente conhecimento
específico sobre tratamento e manejo da sepse. De qualquer forma, cabe ressaltar que o
conhecimento dos participantes nessas duas questões (4 e 5) esteve bem aquém do esperado,
33,3% e 23,3% respectivamente.
A questão 2, cujo foco eram os sinais de disfunção orgânica resultantes da sepse,
apresentou maior percentual de acertos nas enfermarias clínicas (DIP e CM agrupadas) (p=
0,025), quando comparadas com as enfermarias cirúrgicas. Isso pode estar associado às
maiores incidências de sepse e disfunção orgânica nos pacientes internados nestas unidades,
conforme demonstrado por estudo que avaliou o desempenho de instrumento de triagem beira
leito de sepse envolvendo essas duas origens de pacientes (GYANG et. al., 2016).
Além disso, as diferentes características entre essas unidades, como motivo de
internação, finalidade terapêutica, o tempo de internação, complexidade clínica dos pacientes
e presença de infecções prévias. Assim, somada a maior incidência, os profissionais de
23
enfermarias clínicas tem mais experiência prática, em relação as disfunções orgânicas,
decorrentes de infecções e por consequência da sepse.
Na questão 1, com foco na definição de sepse segundo o Sepsis-3, teve a alternativa
mais assinalada de forma equivocada a que apresentou o maior número de opções e que
contempla os critérios para definição de SIRS. E mesmo a questão apresentando a definição
anterior de sepse, ela não foi a mais assinalada, o que confirma a desatualização dos
profissionais em relação as definições de sepse.
Nas questões 2 e 10, que abordavam as disfunções orgânicas e os parâmetros
perfusionais, respectivamente. A alternativa mais assinalada foi a afirmativa de que todas as
alternativas estavam corretas, sendo que as alternativas apresentavam situações totalmente
contrarias a pergunta, o que evidencia a falta de conhecimento dos profissionais ou
desatenção no preenchimento do questionário.
Na questão 3, com foco nos componentes do qSOFA, a alternativa mais assinalada foi
a que apresentava dois componentes corretos mais a hiperlactatemia, que tornava a alternativa
incorreta. O qSOFA como um instrumento de avaliação rápida de disfunção orgânica a beira
leito, aborda parâmetros clínicos que possam ser avaliados nesta condição. No entanto, a
obtenção de lactato sérico necessita de realização de exame laboratorial, não sendo possível
tal avaliação de forma rápida e beira leito, como é a proposta do instrumento.
Na questão 4, centrada no volume correto para ressuscitação volêmica, a alternativa
mais assinalada foi a “Não sei”, assim pode ocorrer erros na quantidade de fluídos
administrados ao paciente com sepse, por falta de conhecimento do volume correto. Em que a
quantidade adequada de fluídos deve ser de 30mL/kg (ILAS, 2017)
Na questão 5, com foco na indicação do uso de vasopressores, sendo que seu uso está
condicionado ao valor de Pressão Arterial Média (PAM), em que o valor da mesma torna a
afirmação negativa. No entanto, a maioria assinalou a firmação como positiva, o que
caracteriza o desconhecimento dos profissionais sobre os parâmetros indicados para início da
terapia com vasopressores no paciente com sepse. Segundo o ILAS (2017) PAM abaixo de 65
mmHg por tempo superior a 30-40 minutos.
Na questão 7, centrada nos fluídos indicados para ressuscitação volêmica, foi
assinalada de forma equivocada como correta a contraindicação de coloides proteicos,
albumina e soro albuminado.
Na questão 9, com foco na contraindicação no uso de bicabornato na acidose lática, foi
assinalada como “Não” de forma equivocada. A utilização de bicarbonato esta contraindicado,
pois o tratamento para essa acidose é o restabelecimento da perfusão adequada (ILAS, 2017).
24
Esse estudo apresenta limitações, cuja a principal se refere a utilização de um
instrumento de coleta de dados construído e validado pelos autores, que não foi aplicado em
investigações anteriores. A replicação desse estudo em outras realidades tende a minimizar
essa limitação. Além disso, o fato de ter sido aplicado com profissionais de um único hospital
público de ensino, que não adotava protocolo de manejo de sepse, o que limita a
generalização dos achados.
6. CONCLUSÕES
Os enfermeiros não apresentaram conhecimento suficiente para identificar
precocemente e gerenciar a sepse. Evidenciou-se a necessidade da implantação de um
protocolo de sepse na instituição, acompanhado por programas de sensibilização e
capacitação da equipe multiprofissional a fim de desenvolver competências, habilidades e
atitudes no enfrentamento desse grave problema de saúde pública.
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28
7. APÊNDICE
7.1 Apêndice A: Instrumento para coleta de dados
CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA E OCUPACIONAL
Profissão:
A) Enfermeiro (com formação e experiência como téc./aux. de enfermagem)
B) Enfermeiro
Sexo: ( ) M ( ) F Idade:_______ anos
Maior Titulação
A) ( ) Graduação B) ( ) Especialização. Se sim, em que? _________________ C) ( ) Mestrado D) ( )
Doutorado
Unidade de trabalho
A) CC-I B) CC-II C) CM D) DIP
Tempo de exercício na profissão: _____ anos.
Turno de trabalho: ( ) Matutino ( )Vespertino ( )Noturno
Recebeu treinamentos em serviço sobre sepse: ( ) Não ( ) Sim. Se sim, quantas vezes:____
Você conhece algum protocolo clínico de gerenciado de sepse? ( ) Não ( ) Sim
Se sim, qual?
Você conhece o protocolo clínico de gerenciado de sepse do Instituto Latino Americano de Sepse (ILAS)?
( ) Não ( ) Sim
Você já leu o protocolo clínico de gerenciado de sepse do ILAS?
( ) Não ( ) Sim
Você julga necessário a implantação de um protocolo para o gerenciamento da sepse?
( ) Não ( ) Sim
Você se sente motivado a implantar esse protocolo na sua unidade de trabalho?
( ) Não ( ) Sim
Se não, por quê?
A) Dimensionamento insuficiente do pessoal de enfermagem
B) Condições inadequadas do serviço
C) Burocracia
D) Descrença no protocolo
E) Outro _________________________________________________________________________
IDENTIFICAÇÃO
1. Atualmente, segundo Sepsis-3, qual a definição de sepse?
A) Infecção que evoluiu com hipotensão não corrigida com reposição volêmica, de forma independente de
alterações de lactato;
B) Infecção suspeita ou confirmada, sem disfunção orgânica, de forma independente da presença de sinais
de Síndrome da resposta inflamatória sistêmica;
C) Presença de disfunção orgânica ameaçadora à vida secundária à resposta desregulada do organismo à
infecção;
D) Infecção suspeita ou confirmada sem disfunção orgânica;
E) Infecção caracteriza pela presença de ao menos dois dos seguintes critérios clínicos: 1) temperatura
corporal > 38 °C ou <36 °C; 2) frequência respiratória > 20 incursões respiratórias/minuto ou uma pressão
29
parcial de CO2 no sangue arterial < 32mmHg; 3) frequência cardíaca > 90 batimentos cardíacos/minuto; 4)
aumento ou redução significativos do número de células brancas (leucócitos) no sangue periférico
(>12.000 ou <4.000 células/mm3), ou presença de mais 10% leucócitos jovens (bastões).
2. Das alternativas a baixo, qual contém apenas disfunções orgânicas potencialmente causadas pela
sepse? (Marque uma única alternativa)
A) Hiperemia, hipotensão, oligúria e plaquetas < 100.000/mm³ ou redução de 50% no número de
plaquetas em relação ao maior valor registrado nos últimos 3 dias.
B) Rebaixamento do nível de consciência, hipotensão, hiperlactatemia e relação PaO2/FiO2 < 300.
C) Aumento significativo de bilirrubina, hipolactatemia, alteração do nível de consciência e hipotensão.
D) Oligúria, hematoma, hipotensão e plaquetas < 100.000/mm³ ou redução de 50% no número de
plaquetas em relação ao maior valor registrado nos últimos 3 dias.
E) Todas as alternativas estão corretas.
3. Das alternativas a baixo, qual apresenta corretamente os três componentes do Escore qSOFA?
A) Escala de coma de Gasgow <15, frequência respiratoria ≥ 22 ipm e pressão arterial sistólica < 100
mmHg.
B) Rebaixamento de nível de consciência, oligúria e azotemia.
C) Pressão arterial sistólica < 100 mmHg, hiperlactatemia e trombocitopenia.
D) Pressão arterial sistólica < 90 mmHg, acidose metabólica e hiperbilirrubinemina.
E) Escala de coma de Gasgow <15, hiperlactatemia e frequência respiratoria ≥ 22 ipm.
TRATAMENTO
4. Um paciente de 70 kg – diagnosticado com sepse, hipotenso e com sinais de hipoperfusão –
recebeu ressuscitação volêmica de 1.400 ml de SF 0,9%. O volume infundido esta de acordo com as
diretrizes de reposição volêmica imediata?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
5. Está indicado o uso de vasopressores para pacientes que permaneçam com pressão arterial média
≤ 75 mmHg (durante ou após a infusão de volume), sendo a noradrenalina a droga de primeira
escolha.
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
6. O tempo recomendado para início da terapia antimicrobiana intravenosa é de uma hora após o
reconhecimento da sepse e choque séptico?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
7. Coloides proteicos, albumina e soro albuminado são contraindicados como fluidos de
ressuscitação inicial.
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
GERENCIAMENTO
8. A coleta de hemocultura, de dois sítios diferentes, deve ser realizada em todos os pacientes
viáveis, com suspeita de sepse?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
9. O uso de bicarbonato nos casos de acidose lática em pacientes com pH>7,15 está contraindicado?
( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei
10. Marque a alternativa que contém os parâmetros perfusionais que podem ser reavaliados após a
ressuscitação volêmica.
A) Nível de consciência, presença de diurese, temperatura e variação de distensibilidade de veia cava.
B) Mensuração de saturação venosa central, frequência respiratória, tempo de enchimento capilar e
presença de diurese.
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C) Variação de pressão de pulso, variação de distensibilidade de veia cava, nível de lactato e nível de
consciência.
D) Tempo de enchimento capilar, elevação de creatinina, elevação de pressão arterial e saturação de O2
E) Todas as alternativas estão corretas
7.2 Apêndice B: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO - TCLE
Campo Grande-MS, de de 2018
Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa. Você precisa decidir se
quer participar ou não. Por favor, não se apresse em tomar a decisão. Leia
cuidadosamente o que se segue e pergunte ao responsável pelo estudo qualquer dúvida
que você tiver.
Como graduanda do Curso de Graduação de Enfermagem da Universidade
Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), estamos desenvolvendo para o Trabalho de
Conclusão de Curso a pesquisa sobre o tema “Compreensão sobre sepse pelos
enfermeiros de unidades de internação.”, sob responsabilidade do professor doutor
Oleci Pereira Frota.
Este estudo tem como objetivos: avaliar o conhecimento de enfermeiros de unidade
de internação sobre sepse; determinar o perfil sociodemográfico; relacionar o perfil
sociodemográfico com o nível de conhecimento; identificar o conhecimento dos
enfermeiros sobre os sinais e sintomas da sepse; e verificar o conhecimento dos
enfermeiros sobre gerenciamento da sepse.
Para tanto, será utilizado um instrumento de coleta de dados sobre o assunto em
questão, o qual deverá ser aplicado aos profissionais de enfermagem dessa instituição
após seu consentimento. Informamos que sua participação é de inestimável importância,
no entanto se não desejar participar do estudo não sofrerá nenhum dano ou prejuízo e
poderá retirar-se no momento que julgar oportuno.
Gostaríamos de deixar documentado que: sua participação é confidencial e as
informações obtidas serão utilizadas apenas para fins científicos, mantendo o anonimato
do participante, a menos que requerida por lei; o procedimento de coleta de dados não
oferece nenhum risco ao participante; não há previsão de gasto financeiro e/ou
ressarcimento de despesas pelos participantes da pesquisa; se almejar fazer qualquer
questionamento em relação à pesquisa, poderá entrar em contato com o pesquisador pelo
telefone (67) 99224-5336 ou para perguntas sobre seus direitos como participante no
estudo chame o Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da UFMS, no telefone
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(67) 3345-7187, você também poderá receber os resultados dessa pesquisa quando
forem publicados; terão acesso aos arquivos, para processamento dos dados, o
pesquisador e os demais profissionais envolvidos nesse estudo, sem, contudo, violar a
confidencialidade necessária; o pesquisador arquivará o termo de consentimento, e, em
nenhuma conjuntura, ele será apreciado por outra pessoa; a autorização para o
desenvolvimento de todos os passos anteriormente apresentados, será considerada a
partir da assinatura do impresso de consentimento, se concordar, você receberá uma via
assinada deste termo de consentimento.
Por meio dos dados obtidos pretende-se estabelecer o perfil de conhecimento dos
profissionais de enfermagem dos setores investigados a cerca do assunto e, apresentar
os resultados ao serviço de Educação Permanente do NHU.
Declaro que li e entendi este formulário de consentimento e todas as minhas
dúvidas foram esclarecidas e que sou voluntário a tomar parte neste estudo.
Assinatura do Voluntário ___________________________________ Data __________
Assinatura do pesquisador ___________________________________ Data __________
Assinatura do acadêmico ____________________________________ Data __________
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8. ANEXOS
8.1 Anexo A: Carta de anuência do HUMAP/UFMS
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8.2 Anexo B: Parecer comitê de ética em pesquisa
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