conhecendo animais notáveis, mas em risco de extinção

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(1)Maior ser vivo«Hello!» Sou um cogumelo-do-mel. O meu nome científico é «Armillaria ostoyae». Vivo sob o solo da Floresta Nacional de Malheur, no Leste do Estado norte-americano do Oregon. Nasci há 2400 anos como uma partícula minúscula. Era impossível ser observada a olho nu. Mas não parei de crescer entre as raízes das árvores, que parasito. Actualmente, ocupo uma área de 880 hectares, equivalente a 1220 campos de futebol. Sobre a superfície, manifesto-me através de pequenos cogumelos de aparência inocente.Componho-me de 90 por cento de água e de filamentos com membranas de quitina, uma substância do reino animal, e celulose, do reino vegetal. É por isso que os cogumelos somos considerados meio animais, meio plantas.Tenho um irmão europeu. Ocupa 35 hectares no Parque Nacional Engadine, nos Alpes suíços. Tem mil anos.Estima-se que haja milhão e meio de espécies de fungos no mundo. Surgimos há 130 milhões de anos.

(2)Cobra pesadona«Oi!» Sou a anaconda, ou «eunectes murinus» segundo os cientistas. Sou popular graças aos dois filmes que fizeram sobre mim. Todavia, não acreditem em tudo o que viram!Cresço até aos nove metros. Mas impressiono com o meu peso: mais de 400 quilos. Habito em florestas, nas margens de rios, lagos e pântanos na América do Sul. Movo-me mais facilmente na água.Alimento-me de veados, aves e quaisquer animais que se aproximem para beber água. Desarticulo os ossos da mandíbula para engolir presas maiores do que a abertura da boca. Produzo muita saliva para humedecer o corpo do animal, que vai ficando mais fino e comprido à medida que o ingiro. Depois, passo semanas a digerir o que capturei.Sou ovovivípara, ou seja, os ovos com os embriões desenvolvem-se dentro de mim. Nascem entre dez e vinte filhotes, mas a taxa de mortalidade é alta.Os índios de Mato Grosso, no Brasil, envolvem a cintura com a minha pele como remédio contra o reumatismo e doenças dos rins.

(3)Animal velhinhoOlá! Sou a tartaruga-gigante. Vivo nas ilhas Galápagos, arquipélago do Equador, na América do Sul. Os cientistas chamam-me «Testudo elephantopus». Os meus pais conheceram Charles Darwin, em 1835.Fiquem a saber que o animal mais velho do planeta é uma tartaruga da minha espécie, chamada «Harriet». Ela tem 170 anos e vive num jardim zoológico em Queensland, na Austrália. Eu nasci há 150 anos.Somos hoje 15 mil tartarugas-gigantes, muito longe das 250 mil que viviam aqui antes da colonização espanhola no século XVI. A introdução de mamíferos, como cães, gatos, cabras e porcos, que são nossos predadores ou comem erva rasteira, fruta, folhas e cactos como nós, e a caça feita pelos baleeiros que passavam pelas ilhas, piorou as coisas. «Harriet» foi levada por um deles em 1870.Meço 1,80 metros e peso 230 quilos. Tal constituição faz-me lenta. Percorro 250 metros por hora.A Fundação Charles Darwin trabalha pela conservação da minha espécie.

(4)O saltador

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Cri, Cri! Sou o grilo, um insecto saltador. Aliás, sou o campeão no salto em altura. Posso dar um pulo até uma altura quinhentas vezes superior ao meu tamanho. Para isso estou dotado de patas posteriores grandes, fortes e dispostas de forma a servirem de alavanca. E possuo perto de mil músculos.Todavia, há quem me impeça de saltar. Os humanos apreciam o meu som característico e encerram-me em pequenas gaiolas de plástico ou de arame e madeira. Componho esta melodia ao friccionar as asas, fazendo vibrar a membrana que emite o som. Este modo de comunicação serve para atrair as fêmeas. Elas, porém, são mudas.Em liberdade, os grilos-do-campo vivemos em galerias escavadas no solo. As minhas patas da frente são boas escavadoras. Já os grilos-domésticos recolhem-se nos buracos entre os tijolos das casas. É nestas tocas que a fêmea deposita os ovos.Alimento-me de relva e de raízes.

(5)Tartaruga invulgarNão tenham pressa! Sou a matamatá, também chamada tartaruga-folha. Os cientistas baptizaram-me «Chelys fimbriata».Sou a mais bizarra e intrigante espécie de tartaruga. Tenho uma carapaça quadrangular, de cor avermelhada, com 80 centímetros de comprimento. A cabeça é triangular, achatada e termina com uma espécie de tromba. O pescoço é enrugado e dele saem extensões de pele, em forma de membranas.Vivo nos riachos e pântanos do Norte da América do Sul. Caço com muita paciência. Permaneço imóvel durante horas, com o pescoço esticado, as narinas fora da água e à espreita. Graças ao meu colorido, pareço uma pedra onde nascem ervas. Isso atrai os peixes e anfíbios de que me alimento. Quando a vítima se aproxima, projecto a cabeça para a frente e abro a boca. O animal é aspirado junto com a água. Para recolher o pescoço, dobro-o em S para a esquerda.Não sou agressiva, mas também não gosto de ser manuseada.As crias saem dos ovos entre Outubro e Dezembro.

(6)Antílope pigmeuOlá, grandalhões! Chamo-me dik-dik, também conhecido como antílope-pigmeu. Os cientistas chamam-me «Madoqua kirki». Tenho 35 centímetros de altura e pouco mais de meio metro de comprimento.Há em África sete espécies da minha família. Além do tamanho pequeno, temos em comum o focinho comprido e o lábio superior em formato de tromba. As orelhas são muito grandes. Os machos têm pequenos chifres rectos, anelados na base. O topo da cabeça é coroado por uma crista de pêlos compridos e duros. Estamos dotados de uma musculatura poderosa nas patas, para fugir aos predadores a uma velocidade próxima dos 100 quilómetros por hora.Os dik-diks são as sentinelas da mata. Quando se aproxima um intruso, gritamos para alertar os outros animais. Aliás, foi este alarme que deu origem ao nosso nome.Vivemos aos pares ou em pequenos grupos. Alimentamo-nos principalmente de folhas. Sobrevivemos nas regiões mais áridas, pois não temos necessidade de beber água.

(7)Maior ave voadoraVejam-me bem! Chamo-me condor, «Vultur gryphus» para os cientistas. Peso onze quilos. Meço 1,60 metros do bico até à cauda. De ponta a ponta, as asas estendem-se por três metros. Com elas plano em círculos imensos e, sem precisar de as bater, elevo-me até os dez mil metros. Possuo uma visão fabulosa, que até me permite ter hábitos nocturnos.

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Não sou um predador temido. As minhas patas são fortes, mas as unhas são frágeis. Não consigo agarrar nem transportar grandes volumes. Alimento-me de carne de cadáveres, que despedaço com o bico. Posso ficar um mês sem comer ou beber e não perco o vigor.A fêmea deposita um ou dois ovos uma vez por ano num penhasco. Depois, reveza-se comigo para chocá-los durante 50 dias. O filhote depende de nós um ano.Já tive «habitat» desde a Venezuela até à Terra do Fogo. No Império Inca fui considerado uma divindade muito especial. Havia templos em minha homenagem. Hoje corro riso de extinção, principalmente por ser dizimado pelos humanos.

(8)Mamífero estranhoNão vos quero confundir! Sou o ornitorrinco, a quem os cientistas chamam «Ornithorhynchus anatinus». Há quem diga que sou a prova de que Deus tem sentido de humor.O corpo é peludo e tenho sangue quente como todos os mamíferos, mas o meu bico parece-se com o do pato. As quatro patas são achatadas, têm cinco dedos com membrana interdigital e funcionam como barbatanas quando me movo na água. As traseiras têm um sexto elemento, um esporão venenoso. O meu rabo é longo e achatado como o dos castores. Embora passe a maior do tempo na água, cavo uma toca na margem com dois metros de profundidade, como a toupeira. A fêmea põe ovos, choca-os e… depois aleita os filhotes durante quatro meses. As crias não mamam, pois a fêmea não possui tetas. O leite escorre das glândulas mamárias e acumula-se nos pêlos da mãe, que os filhotes lambem.Meço 50 centímetros de comprimento. Alimento-me de girinos, crustáceos, vermes e peixes pequenos.Habito na Austrália e na Tasmânia.

(9)Maior roedorOlá! Sou a capibara. Os cientistas chamam-me «Hydrochoerus hydrochoerus». Tenho metro e meio de altura, 1,30 metros de comprimento e peso 50 quilos.Vivo na América do Sul, junto dos rios e pântanos, em grupo de 30 animais, dominados por um macho. Caminho em fila, com a cabeça assente na anca do que vai à frente. Sento-me como os cães.De manhã descanso. À tarde nado. Tenho patas espalmadas e os dedos estão unidos por uma membrana. Quando mergulho para comer plantas aquáticas posso reter a respiração cinco minutos. À noite como capim. Com os dentes incisivos corto a relva rente ao solo.Fui animal de estimação de tribos índias. Hoje sou caçado, porque a minha carne é saborosa; a pele serve para fabricar luvas isotérmicas e outros produtos industriais; a gordura é usada num óleo cicatrizante; com os pêlos fabrica-se pincéis; e o esterco serve de adubo orgânico.A fêmea cria oito filhotes por ano. Os meus predadores são a onça, o jacaré e a piranha, além do homem.

(10)Maior macacoDeixem-se de macacadas! Sou um gorila, ou «Gorilla gorilla» segundo os cientistas. Tenho dois metros de altura e peso 265 quilos. Sou gigante, forte, imponente. Inspiro medo à vista, mas cativo quem se aproxima.Vivo nas florestas da África Central e Ocidental, em grupos de cinco a 40 indivíduos. Obedeço a um líder. Ninguém luta para chegar ao poder. As fêmeas são mais pequenas e sou muito afectuoso com elas.

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Alimento-me de frutas, folhas, rebentos de bambu e formigas. Consumo 30 quilos de comida por dia. À noite subo às árvores para dormir. É também nelas que construo uma cama para a fêmea grávida. A gestação de uma cria dura nove meses.Tenho sentimentos como amor, orgulho, simpatia, ódio, medo, tristeza, vergonha ou ciúmes. Comunico servindo-me de 22 sons.Sou vítima de caçadores furtivos e corro risco de extinção. Tento amedrontá-los, batendo com as mãos no peito. Mas os humanos atiram a matar. Quando as fêmeas são mortas, os filhotes agarram-se a elas, tornando-se presas fáceis.

(11)Maior carnívoroQue tal a minha figura?! Sou o urso-polar, «Thalarctos maritimus» é o meu nome científico. Meço dois metros de comprimento e peso 700 quilos.Vivo nas ilhas geladas do oceano glacial Árctico. Sou um animal solitário, embora forme grupos de 40 indivíduos em lugares com abundância de alimento. Os laços familiares mantêm-se apenas entre a fêmea e as crias.Sou bom caçador e pescador. Caminho sem problemas sobre a neve e posso nadar 80 quilómetros sem descansar. Paciente e perspicaz, caço focas, renas e raposas-brancas, e pesco bacalhau e salmão.Acasalo na Primavera. No Outono, as fêmeas grávidas escavam uma toca e hibernam. Três filhotes nascem nesse abrigo, durante o Inverno. São amamentados durante três meses e meio.Estou ameaçado de extinção devido ao efeito estufa. O gelo está a derreter e o meu território diminui. Outro factor é a caça de que sou vítima, seja por desporto de milionários norte-americanos, seja para alimento dos esquimós. Restamos 20 mil indivíduos.

(12)Barreira de CoralOlá! Sou um coral. Vivo no maior recife de coral do mundo, com uma extensão aproximada de três mil quilómetros, junto à costa nordeste de Queensland, na Austrália.Embora não pareça, sou um animal. Pertenço à família das medusas e das anémonas-do-mar. Alimento-me dos nutrientes que recebo das algas e dos pólipos – minúsculos animais invertebrados com tentáculos que se alimentam dos minerais presentes na água do mar e se alojam nos meus buraquinhos. Quando o pólipo morre, é integrado no meu esqueleto.Existem cerca de 350 espécies de corais. Unidos, formamos recifes com cores e formas maravilhosas. Fazemos parte do ecossistema mais rico do planeta. Abrigamos 65 por cento das espécies de peixes que há no mundo, além de muitos outros animais e plantas marinhas.Os humanos estão a destruir-me: pescam os peixes que partilham o meu «habitat», partem corais e vendem-nos ilegalmente, alteram a temperatura da Terra, contaminam as minhas águas. Estou ameaçado de morte.

(13)Choques eléctricosEnergia positiva! Sou uma raia-eléctrica. O meu nome é raia-torpedo ou «Torpedo nobiliana» segundo os cientistas. Tenho 1,80 metros de comprimento. O meu corpo é achatado, com o formato de um disco.O meu dorso é castanho-escuro e o ventre é branco. Possuo órgãos eléctricos em ambas as partes, sendo visíveis os da região ventral. Os do dorso têm polaridade positiva e os do ventre têm polaridade negativa.Produzo uma descarga eléctrica até 220 volts graças ao meu grande porte. A descarga é libertada como arma de ataque para caçar. Com ela paraliso as presas e,

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em seguida, devoro-as. Também a uso como meio de defesa quando algo toca na minha pele. Esta potência é bastante perigosa para os humanos.Vivo nas águas temperadas e tropicais dos oceanos. Prefiro as águas rasas, embora possa ser encontrada em profundidades médias. Passo a maior parte do tempo enterrada na lama ou na areia. Sou péssima nadadora.Depois de uma descarga, descanso para recarregar energia.

(14)Borboleta giganteBoa noite! Sou a mariposa imperador. O meu nome científico é «Thysania agrippina». Meço 30 centímetros da extremidade de uma asa à da outra. O meu corpo é branco e acinzentado. As asas têm desenhos geométricos, pintados de preto, cinzento e castanho.Pertenço ao grupo dos insectos chamados sugadores, pois não posso mastigar substâncias sólidas. Alimento-me do néctar das flores, sucos de frutos bem maduros e de seiva. Vivo na Amazónia. Tenho «primas» na Oceânia.O ciclo da minha vida é o seguinte: nasci de um ovo sob a forma de uma larva com apetite voraz. Passados entre dois e dez meses, transformei-me numa crisálida, ou ninfa, e vivi dentro de um casulo. Por fim, libertei-me do casulo e adquiri a forma de insecto adulto, capaz de voar. Antes de morrer, porei os ovos sobre o vegetal que servirá de alimento às novas larvas.Distingo-me das borboletas, porque elas têm hábitos diurnos e nós mariposas somos nocturnas ou crepusculares.

(15)Olho enormeViva! Chamo-me lula-gigante. O meu nome científico é «Architeuthis dux». Sou o maior ser invertebrado do mundo. Ainda ninguém me viu viva, mas já foram capturados exemplares da minha espécie com 18 metros de comprimento nas redes dos pescadores.Tenho olhos enormes: medem 30 centímetros de diâmetro. Com eles e com as ventosas de cinco centímetros dos meus tentáculos, sou um molusco carnívoro aterrador e temível. Os peixes que apanho não conseguem escapar. Os meus únicos inimigos e predadores são os cachalotes.Sou uma personagem das lendas dos marinheiros, desde os viquingues aos modernos, passando pelos portugueses e espanhóis. O escritor francês Júlio Verne apresentou-me como um monstro no livro «Vinte Mil Léguas Submarinas», onde atormentei o capitão Nemo e o seu submarino «Nautilus».No Aquário Vasco da Gama, em Lisboa, está exposta uma lula-gigante capturada por um arrastão em 1972, com oito metros de comprimento e 207 quilos.

(16)Ave mais ágilOlá, aves raras! Sou um falcão-peregrino. Tenho «habitat» em todos os continentes e migro entre eles. Existem mais de 20 subespécies. O «Falco peregrinus brookei» é a que pode ser vista em Portugal.Sou a ave mais veloz em ataques no céu. Faço voos picados a uma velocidade que varia entre 200 e 280 quilómetros por hora. O choque é tão forte que a presa atingida pelas minhas garras morre instantaneamente. Actuo em campo aberto, nas praias e pântanos perto de colónias de aves aquáticas e ribeirinhas, e nas cidades.Na Antiguidade fui usado para a caça de aves pelos imperadores da Pérsia e entre os árabes. Ainda hoje, esta prática, chamada altanaria ou falcoaria, é um desporto caro na Europa. Na Idade Média era animal de estimação de reis e nobres e simbolizava poder e prestígio. No Antigo Egipto fui a imagem do deus Hórus, do qual descenderam os faraós.

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Hoje sou uma espécie rara. Muitos falcões morrem intoxicados ao devorar presas que ingeriram sementes ou insectos tratados com pesticidas.

(17)Salto em comprimentoEm que posso ser útil? Chamo-me pulga. Sou uma das melhores atletas de natureza: a campeã no salto em comprimento. Posso saltar uma área 25 vezes maior do que o meu comprimento. Isto é, com um pulo alcanço uma distância a 10 centímetros.Não possuo asas, mas três pares de patas. As posteriores são mais compridas, fortes, e poderosas. Funcionam como uma mola e dão-me impulsão.Pertenço a uma das mais de duas mil espécies de pulgas que há no mundo. A pulga-do-gato («Ctenocephalides felis felis»), a pulga-do-cão («Ctenocephalides canis»), e a comum nas ratazanas («Xenopsylla cheopis») são as mais vulgares. A última é a mais temida, já que pode transmitir a peste bubónica.Somos parasitas. Alimentamo-nos de sangue de mamíferos e aves. Também chegamos a picar os humanos.A minha mãe pôs uma dúzia de ovos por dia durante 21 dias. Eclodi do ovo como larva, transformei-me em ninfa e cheguei a adulta ao longo de um mês. Agora tenho 100 dias de vida.

(18)Veado ameaçadoComo vai essa saúde? Sou o veado-do-pantanal. Para os cientistas sou o «Blastocerus dichotomus». Tenho 1,20 metros de altura e quase dois metros de comprimento. Peso entre 100 e 150 quilos.Vivo nas zonas pantanosas das florestas do Brasil, Uruguai, Paraguai e Guianas. Os meus cascos dividem-se ao meio e mantêm-se unidos por uma membrana interdigital. Isso evita que me afunde no lodo.Sou ruminante. Alimento-me de capim, juncos e plantas aquáticas. Faço-o de noite, em grupos de cinco ou mais indivíduos.Escondo-me durante o dia. Embora a minha carne não sirva para comer, os humanos caçam-me por causa do couro e dos chifres, com que os índios preparam vários tipos de remédio, desde uma «poção do amor» até uma mistura para facilitar o parto.A fêmea tem um filhote por ano. A gestação dura nove meses.Estou em risco de extinção por causa da destruição do meu «habitat», da caça ilegal e das doenças, como a febre aftosa e brucelose, contagiadas por animais domésticos.

(19)O pequeninoSempre a «bombar»?! Chamo-me musaranho-pigmeu. Para os cientistas sou «Suncus etruscus». Peso cerca de dois gramas e meço apenas oito centímetros do focinho até à cauda. Apesar do tamanho, sou um animal valente e agressivo. O meu metabolismo é tão acelerado que o coração bate, em média, 1200 vezes por minuto.Sou um animal solitário. Vivo em lugares húmidos, nos campos, florestas e vales da Europa mediterrânea e em África. Passo o dia resguardado entre pedras, raízes das árvores ou em pequenas tocas. Saio à noite para caçar insectos, aranhas, vermes e larvas. Possuo 30 dentes afiados. Em poucas horas consumo uma quantidade de alimento superior ao meu peso. No desespero da fome, chego a devorar outro musaranho. Morro se estiver mais de dez horas sem comer.Emito um som semelhante ao piar. Para afastar os inimigos, exalo um cheiro desagradável intenso.Os meus filhotes quando nascem são cegos e não têm qualquer pêlo. Ficam independentes em menos de um mês.

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O mais altoTudo bem aí em baixo?! Sou a girafa. Os cientistas chamam-me «Giraffa camelopardalis». Tenho seis metros de altura. O pescoço mede metade. Peso 1200 quilos.Os ossos do pescoço e das pernas alongaram-se ao longo da evolução da espécie, com dois benefícios: posso alimentar-me das folhas altas e tenras das acácias e mimosas; e vigio melhor o leão, a chita, a hiena e os cães selvagens, meus predadores. Disponho de visão e olfacto muito apurados. Para me defender dou coices ou corro a grande velocidade.Também me trouxe desvantagens. Para beber água devo abrir muito as pernas e baixar o pescoço. Fico indefesa. Por isso, o grupo de vinte elementos organiza-se para que um adulto fique de guarda enquanto os outros bebem ou descansam.Antigamente habitava toda a África. A crescente aridez dos terrenos e a caça intensiva limitaram-me às savanas com vegetação pouco densa do centro deste continente.A gestação de uma cria dura 420 dias. No parto, a mãe mantém-se de pé. O filhote cai dois metros.

(21)Peixe de água doce«Glup»! Chamo-me arapaima, «Arapaima gigas» nos catálogos dos cientistas. Tenho três metros de comprimento e peso 200 quilos. O meu corpo é comprido e cilíndrico. A cabeça é achatada e as mandíbulas sobressaem.Não sou esquisito quando se trata de comer. Gosto de tudo e tenho um apetite voraz. Peixes, pequenos moluscos como os caramujos, tartarugas, cobras, gafanhotos, plantas, seixos, areia, lodo e até carvão fazem parte da minha dieta.Vivo nos rios do norte da América do Sul. Nado nas águas rasas e subo de tempos a tempos à superfície para engolir ar, que filtro através das guelras. Possuo também uma bexiga natatória que uso como pulmão para o oxigénio do ar na época seca. Neste período acasalo e atravesso terra firme à procura de água em ambientes calmos para que a fêmea deposite os ovos. Os filhotes nascem por altura das enchentes.Sou um fóssil vivo. A minha espécie existe sem modificações há mais de 100 milhões de anos.

(22)Macaco mais pequenoOi! Chamo-me sagui-leãozinho, «Cebuella pygmaea» para os cientistas.Tenho onze centímetros de comprimento – o tamanho de uma escova de dentes – e peso à volta de 140 gramas. Habito nas áreas de floresta pluvial da Amazónia. Sou tão pequeno que alguns índios me deixam no cabelo para que cate piolhos e outros bichinhos.Vivo em grupos de 15 indivíduos, comandados por um casal. A liderança é disputada com lutas violentas. Os machos não mudam de parceira. A fêmea dá a luz a duas crias em cada parto, após cinco meses de gestação. Os filhotes são criados pelo casal. Aos machos cabe a tarefa de proteger a família e defender o grupo. Comunico através de 14 sons distintos, onde é fácil perceber o uso de consoantes.Sou muito ágil e tenho movimentos rápidos. Alimento-me de frutas e insectos, ovos e vegetais.Estou em risco de extinção por causa da destruição do meu «habitat» e do tráfico e comércio a que sou sujeito pelos humanos.

(23)O mais fecundo

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Estão finos?! Sou o rato. O género «Rattus» abrange 56 espécies. As nossas famílias são numerosas. Vivemos, em média, ano e meio. A fêmea pode ser mãe seis ou oito vezes por ano. Em cada ninhada nascem, em média, oito filhotes. Casei em Janeiro do ano passado. Em Dezembro já tinha 180 mil descendentes, entre filhos, netos, bisnetos. No espaço de uma década, a família contará 48 triliões (48 seguido de 12 zeros) de membros. Antes de morrer, terei dado origem a dez gerações.Duas espécies são as mais famosas. O «Rattus norvegicus» é a ratazana. O macho adulto pesa 500 gramas. Alimenta-se de lixo abandonado nas ruas, terrenos baldios e em esgotos.O «Mus musculus» é o pequeno rato caseiro. Faz os ninhos no interior de gavetas, armários, dispensas, etc.Somos responsáveis por transmitir doenças ao homem e aos animais, como a leptospirose, a raiva ou a peste, e provocar prejuízos, por roer fios de electricidade, destroçar roupas, comer cereais.

(24)Extremo mau feitioAlgum problema?! Chamo-me casuar, «Casuarius casuarius» para os cientistas. Meço metro e meio e peso cerca de 60 quilos. Vivo em florestas tropicais e savanas no Norte da Austrália, na Nova Guiné e ilhas adjacentes, só ou em grupos pequenos.A cabeça e o pescoço são azuis, com dobras de gordura vermelhas no pescoço. Tenho na testa uma crista óssea de aspecto estranho e aparentemente sem utilidade.Escondo-me de dia nos arbustos. Saio à noite para comer. Alimento-me de frutos, insectos e aranhas.Tenho acessos de raiva à menor adversidade. Ataco os inimigos com o bico, que é afiado, e com as garras dos dedos do lado de dentro, as quais chegam a medir 20 centímetros. Corro com rapidez, atravesso facilmente as moitas mais espessas, parto os ramos com as asas, graças às penas muito resistentes, salto até um metro de altura e nado com ligeireza.As fêmeas põem entre três e seis ovos grandes, de cor verde-escura. O macho choca-os durante sete semanas. Depois, o casal cuida dos filhotes.

(25)Transporta venenoNão me toques! Apresento-me: vespa-do-mar, «Chironex fleckeri» para os cientistas, «serial killer» para os banhistas. Sou uma espécie de medusa. Vivo no oceano pacífico na costa da Austrália. Prefiro águas com fundo arenoso, como as das praias. Flutuo calmamente ao sabor das ondas.Tenho um corpo gelatinoso e transparente, nem sempre perceptível. Os meus tentáculos medem cinco metros. Cada tentáculo tem milhares de pequenas «flechas» venenosas. Transporto veneno suficiente para matar 65 homens.Sou carnívora. Alimento-me de pequenos crustáceos, larvas, moluscos e pequenos peixes.Por vezes acabo por tocar ou envolver os banhistas. Um encontro casual deixa queimaduras profundas na pele. Mas o «abraço» pode matar a pessoa em cinco minutos. Uma das minhas toxinas apodrece a pele. Outra, a hemolisina, entra na corrente sanguínea e paralisa o coração e os pulmões.Nos últimos cem anos matei perto de 70 banhistas, o dobro das mortes causadas por tubarões.

(26)O mais forteComo estão essas forças?! Sou um escaravelho-hércules, da família dos escaravelhos-rinoceronte. Meço apenas 12 centímetros, mas sou o animal mais forte da Terra. Posso erguer objectos com peso 850 vezes superiores ao meu. Para ter este

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dom, um adolescente com 50 quilos devia erguer algo que pesasse 42 toneladas. Um elefante africano, exaltado pela sua força extrema, pode transportar volumes de duas toneladas, mas isso é apenas 25 por cento superior à sua massa corporal.Possuo dois chifres na extremidade da cabeça, que uso apenas para disputar uma fêmea ou dominar um território. O duelo entre machos ocorre em cima de um ramo e requer força e agilidade. Perde o que for levantado pelo oponente e lançado ao chão.Alimento-me de matéria orgânica em decomposição. Apesar da minha aparência assustadora, não mordo, não pico nem sou venenoso.Nasci com a forma de larva. Precisei de dois anos de metamorfoses para me desenvolver por completo.

(27)O mais velozEntão, sempre a abrir?! Sou a chita, também conhecida por guepardo, leopardo-caçador ou onça-africana. Os cientistas baptizaram-me «Acinoyx jubatus». Sou o animal mais veloz em distâncias curtas. Atinjo uma velocidade próxima dos 110 quilómetros por hora.A minha especialidade é atacar sozinho de surpresa animais ágeis como a gazela, o antílope, a zebra ou a avestruz.Sou o único felino que não consegue encolher por completo as suas garras. Elas garantem uma maior aderência ao solo enquanto corro, acelero e altero a rota no terreno.Tenho «habitat» na savana em África, na península arábica do Médio Oriente e no Sudoeste da Ásia. Os meus inimigos são os humanos, os leões, as hienas e os cães selvagens.Os humanos domesticam-me com facilidade. Os sultões da Índia tinham centenas de chitas que usavam como cães de caça. Porém, não me reproduzo bem em cativeiro. Por isso, a minha espécie há muito que já desapareceu na Ásia e restam cerca de 12 mil em África.

(28)Mergulhos no abismoEstou um pouco carrancudo! Chamo-me elefante-marinho, porque o meu focinho alonga-se em forma de tromba. Meço cinco metros e peso cinco toneladas. As fêmeas são mais pequenas, leves e ágeis. A elas pertence um recorde no mundo animal: fazem o mergulho mais fundo. Elas descem até aos 1220 metros em busca de alimento. E gastam apenas 17 minutos para lá chegar.Há duas espécies de elefantes-marinhos. Nós, os do Sul, vivemos na Antárctida. Os humanos caçaram-nos quase até à extinção para usarem a nossa gordura. Os do Norte são apenas 500 exemplares. Vivem numa ilha do México e são protegidos pelo governo. Alguns dos nossos migraram até à Austrália.Passo a maior parte do tempo no mar. Subo a terra duas vezes, para mudar a pele e para o acasalamento.A gestação dura onze meses. A fêmea permanece com o filhote apenas 20 dias, sujeita a jejum. Volta ao mar e alimenta-se de lulas, polvos e peixe. Os filhotes permanecem na praia mais 50 dias sem se alimentar até entrar na água.

(29)Morcego pequeninoBoa noite! Chamo-me morcego-nariz-de-porco, «Craseonycteris tonglongyai» para os cientistas. Meço apenas três centímetros e peso, no máximo, dois gramas. Sou um mamífero vertebrado, com o corpo coberto de pêlos, capaz de voar porque as minhas mãos se transformaram em asas ao longo da evolução da minha espécie. Vivo em cavernas, na Tailândia.

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Tenho hábitos nocturnos. Não sou vampiro. Alimento-me de insectos. De dia descanso, pendurado pelas garras dos pés. Este repouso acentua-se no Inverno, altura em que a fêmea está em gestação de uma ou duas crias. O filhote nasce cego e sem pêlos. A mãe recolhe-o numa espécie de bolsa que forma dobrando ao meio as asas.As minhas fezes são um excelente adubo, que os humanos podem aproveitar.Além de controlar as pragas de insectos, ajudo as florestas, pois também transporto o pólen de flor em flor.

(30)Três em umEstou um pouco envergonhado… Chamo-me orictéropo. Para os cientistas sou o «Oricteropos». Tenho focinho de porco, orelhas de mula e cavo tocas debaixo da terra como uma toupeira! Os Sul-Africanos chamam-me porco-da-terra. Meço 1,60 metros de comprimento. Peso cerca de 80 quilos.Vivo na África Central e Meridional, em regiões com solos arenosos ou argilosos.Sou um animal solitário. Durmo durante o dia na toca. À noite saio para me alimentar. As formigas são o meu prato favorito. Destruo os ninhos com as garras compridas e afiadas das mãos, que são fortes. Apanho os insectos com a língua, a qual é pegajosa. Engulo centenas em cada refeição.Caminho e corro devagar. Sou um animal tímido e cauteloso. Os meus sentidos da audição e do olfacto estão muito desenvolvidos. Ao menor sinal de perigo, paro, apoio-me na cauda e, se necessário, cavo rapidamente um esconderijo.A fêmea dá a luz um filhote por ano.

(31) Maior réptilTenho uma pele curtida! Sou um crocodilo de água salgada. Os cientistas chamam-me «Crocodylus porosus». Meço sete metros de comprimento e peso 1200 quilos. Habito nas zonas costeiras dos oceanos Pacífico e Índico, e também em rios e estuários da Ásia e Oceânia.A minha cabeça é enorme. Os maxilares têm até 68 dentes afilados e são movidos por músculos poderosos. Esmago numa única dentada o crânio de um boi adulto. Alimento-me de todos os animais que consiga apanhar. Consumo-os no fundo do rio.Reproduzo-me na estação húmida. Atraio as fêmeas através de sons. Elas depositam entre 40 e 60 ovos em ninhos construídos em terra com lama e ramos. Permanecem perto deles, apesar de não terem parte activa na incubação, e desenterram os ovos quando ouvem o som das crias. Levam-nas para a água e tomam conta delas até nadarem sozinhas.O meu couro é considerado valioso e há humanos que me criam nas suas quintas para a extrair. A minha espécie foi extinta no Sri Lanka e na Tailândia.

(32)Maior peixePaz! Chamo-me tubarão-baleia, «Rhincodon typus» para os cientistas. Tenho 13 metros de comprimento e dez toneladas de peso. As fêmeas chegam aos 15 metros e 13 toneladas. Sou um gigante do mar pacífico, manso, amistoso e dócil.A minha cabeça é larga e plana. Os olhos são pequenos. O focinho é arredondado e a boca, que tem metro e meio de largura, fica na frente e não por baixo, como na maioria dos tubarões. Tenho duas barbatanas dorsais atrás e outras duas peitorais nos lados. No rabo, a barbatana de cima é maior do que a de baixo.Sou uma criatura solitária. Vivo nas águas temperadas perto da linha do equador. Nado a quatro quilómetros por hora, com a boca aberta, sugando cerca de cinco mil litros de água por hora. Uso as guelras em forma de pente como peneiras para filtrar plâncton, peixes pequenos e lulas. O que não atravessa as guelras é comido.

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As crias nascem após uma gestação de três anos. O recém-nascido mede 60 centímetros.

(33)Cérebro pequenoOlá, mandriões! Sou a preguiça. Os cientistas chamam-me «Bradypus tridatylus». Pareço uma macaca muito peluda, mas sou demasiado pachorrenta para fazer macacadas.Passo a maior parte do dia a dormir nas árvores, pendurada num galho pelos quatro pés. Movo-me lentamente. A respiração, a digestão, a reacção aos perigos, tudo em mim é lento. Não tenho dentes. O meu caminhar é desajeitado. Mas nado muito bem. Vejo e ouço mal. Oriento-me pelo olfacto.Meço cerca de 75 centímetros e peso à volta de cinco quilos. O meu cérebro é diminuto. Tem o tamanho de uma azeitona.Vivo em pequenos grupos nas florestas tropicais húmidas da América Central e do Sul. Alimento-me de folhas, frutos e rebentos. O orvalho é a minha bebida.São meus predadores aves de rapina de grande porte, como o gavião-de-penacho, felinos como o jaguar e algumas serpentes. Os humanos caçam-me e vendem-me.O período de gestação de uma cria dura entre 120 e 180 dias.

(34)Maior ÁguiaOlá! Sou a águia-real, também conhecida como «Harpia harpyja». Sou a rainha das montanhas.Tenho 97 centímetros de altura e dois metros de envergadura das asas. Peso nove quilos.Vivo nas florestas tropicais da América Central e do Sul e em lugares rochosos na Europa. Em Portugal posso ser observada no Parque Natural do Douro Internacional e no Parque Natural da Peneda-Gerês.Voo com rápidas batidas de asa ou plano em círculos, a grande altura.Sou veloz e possante nas minhas investidas. Caço macacos, preguiças, aves, pequenos roedores e até carneiros. As minas pernas são curtas e grossas. Os dedos são fortes e têm garras enormes. Consigo transportar as presas de grande porte para o ninho.A fêmea choca dois ovos uma vez por ano. A incubação dura 30 dias. Nasce um filhote.A destruição do meu «habitat», o envenenamento das minhas presas, a pilhagem dos meus ovos, a caça sem escrúpulos, tudo obra dos humanos, são as principais razões de eu correr risco de extinção.

(35)Tetravó das árvoresCá estou! Chamo-me ginkgo biloba. Sou um fóssil vivo no reino vegetal. A minha espécie surgiu há 180 milhões de anos, na época jurássica. Sobreviveu por ser mais resistente e se revelar indigesta, desde logo, até para o dinossauro mais faminto.Um dos nossos trunfos é ter sido das primeiras árvores a perder as folhas no Inverno. Com isso economizamos energia na estação fria.Sou cultivada como árvore ornamental em jardins urbanos e em avenidas, por suportar bem a poluição. Um exemplo notável de resistência vem da cidade japonesa Nagasáqui. A minha espécie foi a única que sobreviveu à bomba atómica e brotou na Primavera seguinte.Sou popular no Oriente. Os monges da religião xintoísta, do Japão, cultivam-me como árvore sagrada junto aos seus templos. Somos plantadas aos pares, uma masculina e uma feminina, para simbolizar a harmonia, o Yin e o Yang. Também sou usada há quatro mil anos na medicina chinesa, para activar a circulação do sangue.

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(36)Maior cacho de floresOi! Chamo-me talipot. Sou uma palmeira. Habito no Brasil. Demoro, em média, 60 anos para dar flor. Mas vale a pena. Formo um cacho com sete metros de altura, o qual alberga mil milhões de flores. É o maior do mundo.As flores desabrocham e deixam cair as sementes num período de dois anos. Termina assim a minha missão, e morro.Também as minhas folhas são gigantes. Uma só é suficiente para tapar um carro. Todavia, há outras palmeiras com folha muito grande. É o caso da palmeira-ráfia, que vive nas ilhas de Mascarenhas – receberam o nome em honra de Pedro Mascarenhas, navegador, diplomata e mais tarde vice-rei da Índia, que, por volta de 1512, comandou um grupo de navios portugueses e as avistou –, no oceano Índico, e da palmeira-bambu da Amazónia, que se encontra na América do Sul e em África. As suas folhas medem 20 metros e o pecíolo que as liga à árvore tem quatro metros.

(37)Pequeno e ágilBeijocas! Chamo-me beija-flor-abelha. Vivo em Cuba, na América Central. Pertenço a uma das trezentas espécies de beija-flor. Podes encontrar-nos nas florestas tropicais, desertos, montanhas e planícies do continente americano. Meço cinco centímetros de comprimento. Metade é bico e cauda. Peso seis gramas.Sou muito ágil. Bato as asas cem vezes por segundo. Voo para a frente, para trás, para os lados, para cima e para baixo e até pairo no mesmo sítio, porque tenho ossos curtos e flexíveis e mexo as asas em qualquer direcção.Visito cerca de 1500 flores por dia, de que retiro néctar com a língua que mede o dobro do bico longo e fino. Também ingiro pequenos insectos e açúcar de frutas suculentas. Como 15 vezes por hora.Sou independente. Só me junto à fêmea para acasalar. Ela é que constrói o ninho, choca os ovos, pequenos como a ervilha, e protege os dois filhotes, que caberiam dentro de uma colher de chá.O nosso futuro depende da preservação da flora terrestre.

(38)Cobra compridaComo vão esses ossos!? Chamo-me pitão-das-rochas. Sou da família dos pitões, as maiores cobras do mundo. Posso crescer até os dez metros. Moro nas selvas do Sudeste da Ásia. Subo às árvores, ajudado pela minha cauda. Também costumo descer até aos rios. Nado muito bem! Saio à noite para procurar alimentos.Há outras espécies de pitão. O pitão-da-austrália, também chamado serpente-de-tapete, alcança os seis metros de comprimento e é capaz de engolir pequenos cangurus. Não é venenoso. Na África Ocidental e Central habita o pitão-de-seba. No Sudão comem a sua carne, ornamentam a casa com a sua pele e com a sua gordura curam certas doenças. Outro «parente» enorme é o pitão-tigrino, da Ásia.Alimento-me de roedores e aves, mas também sou capaz de engolir antílopes ou porcos pequenos. A presa é esmagada e engolida inteira. A digestão demora vários dias. Neste período durmo profundamente. Os humanos aproveitam isso para me capturar.Em cada ninhada ponho entre dez e 100 ovos.

(39)O barulhentoDesculpem o alarido! Chamam-me macaco-barbudo, devido aos pêlos do queixo, mas o meu nome vulgar é bugio ou guariba. Para os cientistas sou «Alouatta seniculus».

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Sou o animal mais barulhento do mundo. O meu grito é ouvido a 16 quilómetros, graças ao osso hióide muito desenvolvido – situa-se entre a laringe e a base da língua –, o qual funciona como uma caixa de ressonância. Todavia, a minha voz de tenor assemelha-se ao ruído de muitas rodas sem lubrificação.Vivo em grupo na floresta da América Central e do Sul. Emito sons com diferentes significados: uivo, latido ou gemidos para indicar perigo, um filhote perdido, um companheiro ferido ou avisar os vizinhos dos limites do território. Quando há hostilidades, vence o que grita mais alto.Corro o risco de extinção porque os humanos destroem o meu «habitat» e a minha carne e pele são muito apreciadas pelos índios e fazendeiros.

(40)Adrenalina aquáticaVou fazer-me à vela! Sou o agulhão-vela, a quem os cientistas chamam «Istiophorus albicans». Sou o peixe que nada mais rápido. Habitualmente, movo-me devagar junto à superfície, expondo a grande barbatana dorsal erecta. Ela parece-se a uma vela e serve para repelir os predadores. Se quero nadar depressa, a dorsal dobra-se para trás e fica encostada ao corpo. Alcanço, então, uma velocidade de 115 quilómetros por hora. Esta proeza é extraordinária, uma vez que a água é 750 vezes mais densa do que o ar, e isso exige de mim uma força excepcional, pois meço três metros e peso 90 quilos. Outra defesa é o bico com a forma de espada.Habito nas águas tropicais e temperadas do Atlântico. Ocasionalmente, junto-me a um cardume de três a 30 indivíduos na época do acasalamento e para procurar alimento. Alimento-me de peixes, como dourados, atum ou peixe voador, e de lulas, polvos e crustáceos.Sou cobiçado na pesca desportiva. Quando sou pescado, resisto com grandes saltos.

(41)Maior antílopeSou fabuloso! Sou o elande, ou «Taurotragus oryx». Meço 1,65 metros de altura e peso 900 quilos. Pareço um touro, mas sou um antílope. Tenho chifres oblíquos e em espiral. Com eles aproximo os galhos mais altos das árvores e arbustos onde encontro as folhas de que gosto, além do capim. Também são uma arma de defesa muito eficaz.Habito na savana da África Central e Meridional, no Senegal, Sudão, Quénia e Tanzânia, por exemplo.Vivo em manadas de oito a dez indivíduos. O grupo é constituído por um macho, várias fêmeas e os filhotes. A gestação dura perto de 270 dias. O filhote nasce durante a estação das chuvas.Os leões e os humanos são os meus principais predadores. Quando ameaçado, dou saltos de dois metros e corro a 40 quilómetros por hora. Tenho as unhas dos cascos cruzadas e faço «clic, clic» ao andar.No Leste da Europa estão a domesticar a minha espécie, para se servirem do leite e da nossa carne.Vem conhecer-me no Badoca Safari Park, em Grândola, no Alentejo.

(42)Maior mamíferoJá viram o meu porte?! Sou a baleia-azul, também chamada «Balaenoptera sp» pela comunidade científica. Tenho 30 metros de comprimento e peso 160 toneladas. Os machos são cinco metros mais pequenos.O meu corpo é liso, alongado. Tenho duas pequenas barbatanas dorsais triangulares. O rabo parece diminuto para o meu tamanho. Nado a uma velocidade próxima dos 15 quilómetros por hora. Mas se estiver a fugir da orca, o meu principal predador, atinjo os 30 quilómetros horários.

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No Verão migro para as águas frias junto dos Pólos, ricas em peixes e camarões pequenos e plâncton. Consumo oito toneladas deste alimento por dia. No Inverno regresso às águas tropicais ou temperadas onde acasalo. As crias nascem após 12 meses de gestação. Durante oito meses mamam 380 litros de leite por dia.Fui caçada por baleeiros durante séculos. De mim aproveita-se tudo: carne, óleo, barbatanas e ossos. Éramos mais de 250 mil no século XVIII. Hoje restamos 1500. O Japão e a Noruega são os meus piores inimigos.

(43)Maior tartarugaOlá! Sou uma tartaruga-de-couro, da família das tartaruga-marinha. Os cientistas chamam-me «Dermochelys choriacea». Tenho mais de dois metros de comprimento e peso 600 quilos. Sou carnívora. Alimento-me de moluscos e crustáceos.Habito nas águas tropicais. O acasalamento ocorre no mar. Três ou cinco vezes por ano deposito entre 60 e 120 ovos de cada vez na mesma praia. Os filhotes nascem cinco semanas depois, incubados pelo calor do Sol. Todavia, apenas um ou dois chega a adulto. Os ovos e embriões são estéreis ou são comidos por caranguejos, lagartos e humanos. Os filhotes servem de alimento a mamíferos, aves, peixes e lulas. Tartarugas jovens são devoradas por tubarões e orcas ou caem nas redes de pesca.Estou em vias de extinção. A poluição dos oceanos, a ingestão de sacos plásticos confundidos com medusas, a chacina para retirar a carapaça, a pele ou o óleo, são outros factores que contribuíram para que das 115 mil fêmeas existentes em 1982 restem 20 mil.

(44) Maior CágadoOi! Sou a tartaruga-da-amazónia, mas devia ser tratada por cágado, pois vivo em água doce. Para os cientistas sou «Podocnemis expansa». Tenho 80 centímetros de comprimento e 60 de largura. Peso 60 quilos.Habito no rio Amazonas e nos seus afluentes no Norte do Brasil, nas Guianas, na Venezuela e na Colômbia. Alimento-me de peixes, vegetais e, sobretudo, fruta.Uma fêmea deposita cerca de 80 ovos na areia das margens dos rios. Mas os humanos roubam muitos deles. Passados 50 dias da desova nascem as tartaruguinhas. As patas, embora potentes, são curtas. Lentas ao caminhar, a maioria é devorada por abutres urubus e jacarés enquanto corre para o rio ou é capturada pelos índios. Na água, muitas outras são vítimas de piranhas e peixes grandes.Com o óleo retirado das tartarugas adultas, os humanos abastecem as lamparinas e fazem cosméticos. Usam a carapaça como bacia. Com a pele fazem tambores e tabaco.Felizmente, tanto o Brasil como a Venezuela trabalham para a minha conservação.

(45)Maior terrestreEstou de trombas, e mesmo assim mostro os dentes! Sou um elefante-africano. Os cientistas tratam-me por «Loxodonta africana».Tenho três metros de altura e peso seis toneladas.Os meus segundos dentes incisivos superiores crescem mais que os outros e tornam-se grandes presas de marfim. Uso-os para recolher e transportar alimentos e como arma de defesa. Com a tromba levo o comer e a água à boca, cheiro, comunico, manipulo os objectos e banho-me. Ingiro 300 quilos de alimento, entre erva, folhas, ramos viçosos e frutas, e bebo mais de 100 litros de água, por dia.Cerca de 500 mil elefantes habitamos florestas, savanas, regiões montanhosas e desertos no Quénia, Uganda e Tanzânia. Várias famílias unimo-nos numa manada de 15 elementos. Somos conduzidos pela fêmea mais velha. As crias nascem após uma gestação de dois anos e são protegidas por todos.

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Os humanos destroem o meu «habitat» e caçam-me por causa dos meus dentes de marfim, com que fazem jóias, teclas de piano, bolas de bilhar, entre outros objectos.

(46)Árvore notávelEstou em grande! Sou uma «Sequoia sempervirens» e pertenço à espécie mais notável do reino vegetal. Vivo há 2100 anos. Sou a árvore mais alta da Terra. O meu tronco tem 112 metros de altura. Sou grossa. O tronco tem oito metros de diâmetro. É notável também a espessura da minha casca: 30 centímetros. E peso mais de duas mil toneladas.A semente que me deu vida pesava cerca de cinco miligramas.Podes encontrar-me na Califórnia e em parte do litoral do oceano Pacífico norte-americano. Habito a uma altitude de 900 metros, na zona das neblinas marítimas intensas. Há exemplares da minha espécie mais perto de ti, no Jardim Botânico de Lisboa, por exemplo.A minha madeira é muito apreciada. Do meu tronco poderiam sair 630 mil placas que dariam para fabricar cinco mil milhões de fósforos.

(47)Árvore garrafaViva! Sou o baobá, a árvore gigante de África, também chamada «árvore garrafa», porque posso armazenar mais de cento e vinte mil litros de água no meu caule.Há exemplares da minha espécie que vivem há seis mil anos. Eu tenho três mil.Tenho o tronco mais grosso do mundo, com 10 metros de diâmetro e 30 metros de circunferência. A minha altura é de 20 metros.Sou tratada como árvore sagrada pelos povos de África e da Oceânia, porque, pela minha longa existência, sou chamada «árvore da vida». Também me chamam «árvore mãe», porque tiram água do meu interior e encontram alimento, remédios e matérias-primas em tudo, desde as raízes até aos frutos.Às vezes sou escavada e adoptada como casa, sem que isso me provoque a morte. Também me consagram como um santuário. É frequente ter velas acesas ou comida oferecida junto à minha base.Floresço entre Maio e Agosto, uma única noite, para que os consumidores de néctar nocturnos, como os morcegos, assegurem a polinização.

(48)Fábrica de oxigénioDou ares de importante! Talvez esperasses que me apresentasse como Amazónia. Mas não. Sou a alga! Até há pouco tempo divulgou-se a ideia de que, pelas dimensões da floresta, a região amazónica seria a responsável pela manutenção dos níveis de oxigénio da Terra. Atribuiu-se, inclusivamente, em menor escala, essa virtude aos parques das cidades. Todavia pesquisas recentes descobriram que eu sou a maior fabricante de oxigénio.Há algas azuis, verdes, castanhas, amarelas e vermelhas, mas todas temos clorofila, consumimos dióxido de carbono, fazemos fotossíntese e produzimos oxigénio.Somos tão numerosas que o oxigénio produzido por nós é muito superior ao fabricado pelas florestas. Além disso, as florestas consomem a maior parte do oxigénio que produzem. Nós não. E o excesso é libertado para a atmosfera.Não retiro importância às árvores. Juntos damos vida à Terra. A destruição das florestas, como a poluição dos mares, terá como consequência a morte do planeta.

(49)Lugar hostilEstou desejoso de crescer! Chamo-me deserto. Sou o lugar mais hostil para a vida. Ocupo um quinto dos terrenos do planeta Terra: 31 milhões de quilómetros quadrados.

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Há desertos quentes e desertos frios. Os primeiros são extremamente quentes durante o dia, com temperaturas perto de 50 graus centígrados, e têm noites frias ou quase geladas. A sua paisagem é feita de dunas de areias, montanhas rochosas e alguns oásis. Os desertos frios são paisagens de neve.O maior deserto quente é o Sara, no Norte de África. O Atacama, no Chile, é o mais árido. O australiano ocupa cerca de metade da Oceânia.Sou o «habitat» de plantas com raízes permanentes, que germinam depois de cada chuva, de cactos que armazenam água, de palmeiras e de microflora. Também há animais que se adaptaram às minhas duras condições, como o camelo.Cresço todos os anos, por todo o lado, com a ajuda dos humanos. Eles abatem florestas, exploram em demasia os solos, provocam alterações climáticas.

(50)O maior tatu do mundoOi! Sou o tatu-canastra, também chamado tatu-açu, tatu-carreta e «Priodontes giganteus». Tenho um metro de corpo e 50 centímetros de cauda. Peso 60 quilos.Sou um mamífero couraçado. O meu corpo quase não tem pêlos. É revestido por uma carapaça que dá nas vistas. As minhas patas enormes, com cinco dedos, são armadas com unhas possantes, sobretudo as traseiras, cuja unha central mede 20 centímetros.Vivo em pequenos grupos no Leste da América do Sul, desde a Venezuela e Guianas até à Argentina, junto de riachos e lagoas. Prefiro os lugares longe das povoações.Sou um escavador notável. Faço grandes locas para me abrigar. No solo revolvido encontro a minha alimentação: insectos, larvas, vermes, aranhas e cobras.A fêmea gera uma ou duas crias em cada gestação de quatro meses.Por causa de minha carne saborosa e armadura resistente, sou caçado e encontro-me à beira da extinção. O meu couro é usado para fabricar bolsas. Com as minhas unhas são feitos colares.

(51)Maior primata americanoIsto está negro para mim! Chamo-me muriqui. Também me tratam por mono-carvoeiro, porque a minha cara é preta. O meu nome científico é «Brachyteles arachnoides». Sou o maior primata do continente americano. Meço 63 centímetros de corpo e rabo tem 80 centímetros. Peso 15 quilos. Tenho os membros longos e sirvo-me dos quatro para caminhar. Não tenho o dedo polegar. Utilizo a cauda para me prender aos ramos, enquanto me alimento de folhas, flores e frutas.Estou ameaçado de extinção, por causa da caça ilegal e da destruição do meu «habitat». Subsistem entre 700 e dois mil animais na Mata Atlântica do Sudeste do Brasil.Vivo em grupos até 13 indivíduos, formado por pares de machos e fêmeas com as crias. Cada fêmea dá à luz um filhote. Os machos permanecemos toda a vida nos grupos onde nascemos e não admitimos machos de outros grupos.Sou um animal dócil e pacato. Durante o dia movimento-me apenas durante uma hora e percorro uns 630 metros.