CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO DAS SOJAS ORGÂNICA E convencional
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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.15, n.1, p.69-79, 2013 69 ISSN 1517-8595
CONDIÇÕES DE ARMAZENAMENTO DAS SOJAS ORGÂNICA E
CONVENCIONAL SOBRE SUAS QUALIDADES QUÍMICA E MICROBIOLÓGICA
Débora Guerino1, Fabiano B. Scheufele2, Salah D. M. Hasan3, Mônica L. Fiorese3
RESUMO
Durante o armazenamento da soja em determinadas condições do ambiente podem proliferar
fungos que em decorrência produzem micotoxinas tais como as aflatoxinas. O objetivo deste
trabalho foi avaliar a ocorrência de fungos e aflatoxina B1 em soja orgânica e convencional
mediante alteração das condições de armazenamento. Utilizou-se de planejamentos estatísticos
para avaliar a influência das seguintes variáveis sobre a composição de cada tipo de soja: tempo
de exposição da soja, presença de embalagem e umidade inicial da soja. A composição das sojas
foi avaliada em termos do seu teor de proteínas, cinzas, umidade final, teor de fungos e presença
de aflatoxina B1. Não foi detectada aflatoxina B1 em ambos os tipos de soja, no entanto, houve
a proliferação de fungos e a diminuição do teor de proteínas durante o tempo de exposição das
duas variedades de soja. O teor de cinzas das sojas não foi influenciado pelas variáveis
estudadas. A utilização da embalagem preveniu o aumento significativo da umidade na soja
orgânica, ao passo que para a soja convencional a ausência de embalagem não afetou a umidade
nos tempos de exposição estudados.
Palavras-chave: Aflatoxina B1, planejamento estatístico de experimentos, fungos,
armazenamento de grãos
STORAGE CONDITIONS OF ORGANIC AND CONVENTIONAL SOYBEAN
ON CHEMICAL AND MICROBIOLOGICAL QUALITY
ABSTRACT
During the soybean storage certain environmental conditions may propitiate fungus
proliferation and consequently produce mycotoxins such as aflatoxins. The aim of this paper
was to evaluate the occurrence of mold and possible toxins (aflatoxin B1) in the organic and
conventional soybean. The evaluation of the influence of the variables (exposure time, presence
of package, and initial moisture) over the soybean composition was carried out through
experimental design. The composition of both soybeans was evaluated in terms of proteins,
ashes, final moisture, mold levels and aflatoxin B1. The aflatoxin was not detected in both
soybean types. However, during the exposure time an increase of the mold levels and a
reduction of the protein occurred in the two varieties of soybean. The ashes levels for both types
of soybean was not influenced by the studied variables. The packaging prevented the significant
increase of the moisture for organic soybean, nevertheless the conventional soybean moisture
was not affected by the presence of package for the studied exposure times.
Keywords: Aflatoxin B1, statistical design of experiments, fungi, grain storage
Protocolo 14-2012-13 de 25/06/2012 1 Graduação em Tecnologia em Alimentos na UTFPR: [email protected] 2 Mestrando em Engenharia Química - PEQ-UNIOESTE - Toledo-PR: [email protected] 3 Professor DEQ/UNIOESTE, Rua da Faculdade, 645, Jd. Santa Maria, CEP: 85903-000, Toledo-PR. Fone: (45) 3379-7036,
70 Condições de armazenamento das sojas orgânica e convencional sobre suas qualidades química e microbiológica Guerino et al.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.15, n.1, p.69-79, 2013
INTRODUÇÃO
Alimentos, de um modo geral, são muito
propensos a contaminações por fungos. Devido
a condições ambientais, é inevitável que os
alimentos tornem-se bolorentos e assim, via de
regra, impróprios para o consumo humano.
Algumas destas transformações, podem ser
desejáveis e mesmo necessária para alguns
alimentos, como ocorre com o odor e o sabor
dos diferentes tipos e variedades de queijos.
Todavia, em muitos casos, os fungos podem
causar transformações indesejáveis aos
alimentos, produzindo sabores e odores
desagradáveis, além da decomposição
(Chalfoun et al., 2004).
As aflatoxinas, um grupo de micotoxinas
altamente tóxicas, são metabólitos secundários
produzidos por fungos e causam efeitos
adversos nos seres humanos, animais e na
agricultura resultando em doenças e perdas
econômicas (Sidhu et al., 2009). As
micotoxinas ocorrem com maior frequência em
regiões climáticas quentes úmidas, favorecendo
o crescimento de fungos, mas também é
possível encontrar em zonas temperadas. Os
fatores que influenciam a presença de
micotoxinas incluem condições do ambiente, os
quais podem ser controlados (Zain, 2011).
A aflatoxina B1(AFB1) é a mais potente
das quatro aflatoxinas naturais B1, B2, G1 e G2
que ocorrem em commodities agrícolas
(Leontopoulos et al., 2003; Sidhu et al., 2009).
A aflatoxina B1 (AFB1) foi classificada pela
Agência Internacional de Pesquisa do Câncer
como carcinogênico para seres humanos
(Grupo 1A) (Passone et al., 2010; Garcia et al.,
2012). Além do efeito prejudicial à saúde
humana e animal, as aflatoxinas impactam na
economia da agricultura devido aos danos às
culturas e ao tempo e custos envolvidos em
esforços de monitoramento e descontaminação
(Sidhu et al., 2009).
Espécies aflatoxicogênicas podem
ocorrer em três espécies do gênero Aspergillus,
entretanto a espécie A. flavi possui maior
potencial de produção, contaminando diversas
culturas levando a perdas econômicas elevadas
(Cary et al., 2005). O nível de infecção fúngica
e a identificação das espécies principais são de
grande importância, sendo possível indicar a
qualidade do alimento, além do potencial futuro
da presença de micotoxinas (Suanthie et al.,
2009).
O crescimento fúngico e,
conseqüentemente, a produção de aflaxinas
depende da interação de diversas variáveis
como pH, atividade aquosa, composição do
substrato, tempo de armazenamento, danos por
insetos, porém a temperatura e a umidade são
consideradas as variáveis mais importantes
(Garcia et al., 2012). A presença de embalagem
também pode afetar o crescimento do fungo e a
produção de aflatoxinas (Arrus et al., 2005).
Frente a estas observações, tem-se em
vista a importância do conhecimento da
distribuição da temperatura e umidade e o
comportamento do produto durante o período
de armazenamento na avaliação da ocorrência
do desenvolvimento de fungos em uma massa
de grãos armazenada. Desta forma, o objetivo
geral do presente trabalho foi estudar a
influência das condições de estocagem das
sojas orgânica e convencional sobre as suas
qualidades química (análises de umidade,
proteína e cinzas) e microbiológica (presença
de aflatoxina B1 e teor de fungos).
MATERIAL E MÉTODOS
Planejamento experimental
As sojas orgânica e convencional foram
cedidas por empresa da região oeste do Paraná.
O estudo das condições de armazenamento das
sojas orgânica e convencional foi elaborado
mediante o uso de planejamento estatístico de
experimentos, avaliando-se a influência das
seguintes variáveis sobre a composição de cada
tipo de soja: tempo de exposição da soja,
presença de embalagem e umidade inicial da
soja. A composição de ambas as sojas foi
avaliada nos 3 tempos de exposição em termos
do seu teor de proteínas, cinzas, umidade final,
teor de fungos e aflatoxina B1. A Tabela 1
apresenta as variáveis com seus valores
utilizados nos experimentos, considerando, um
nível inferior codificado como (-1), um nível
superior codificado como (+1) e um ponto
intermediário codificado como zero.
Foram realizados dois planejamentos
fatoriais do tipo completo 23 independentes
para cada tipo de soja, com oito ensaios (níveis
–1 e +1), e mais uma triplicata no ponto central
(0), totalizando onze experimentos em cada
planejamento. Os resultados obtidos foram
avaliados estatisticamente para o planejamento
experimental empregando o programa Statistica
8.0, sendo gerada a tabela de efeitos para
Condições de armazenamento das sojas orgânica e convencional sobre suas qualidades química e microbiológica Guerino et al. 71
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.15, n.1, p.69-79, 2013
avaliar a influência das variáveis sobre a
resposta, considerando o nível de significância
de 5%. É considerada significativa a influência
de determinada variável caso seu p-valor
calculado seja menor do que 0,05 (p < 0,05). O
planejamento experimental utilizado para três
variáveis gera um modelo de regressão linear
(reta) do tipo Y = a + b1X1 + b2X2 + b3X3 +
b12X1.X2 + b13X1.X3 + b23X2.X3, onde X1, X2 e
X3 são as variáveis tempo de exposição da soja,
presença de embalagem e umidade inicial da
soja, respectivamente; Y a resposta (que pode
ser teor de proteínas, cinzas, umidade final ou
teor de fungos); a = intercepto da reta; b1, b2 e
b3 os coeficientes de X1, X2 e X3 e b12, b13 e b23
os coeficientes de interação entre duas
variáveis. A análise de variância (ANOVA)
testa a validade do modelo matemático obtido,
através do teste F e do cálculo do coeficiente de
determinação do modelo (R2). Modelos obtidos
com baixos valores de R2 são desconsiderados
para fins de otimização, servindo apenas para
atestar a influência das variáveis sobre a
resposta (Bruns et al., 2010).
Inicialmente, as sojas foram umedecidas
para atingir as umidades pré-estabelecidas no
planejamento experimental (14, 17, e 20%),
pois as amostras coletadas para o experimento
apresentaram teores baixos de umidade (<
10%). Não houve controle de temperatura para
nenhum dos ensaios (temperatura ambiente).
Tabela 1. Especificação dos níveis das
variáveis usadas no planejamento fatorial
completo 23.
Variável Nível
-1 0 +1
t - tempo de exposição (dias) 40 80 120
E - embalagem (N = não; S =
sim) N 1:1 S
Ui - umidade inicial da soja (%) 14 17 20
Métodos analíticos
Para a determinação de proteína foi
utilizado o método Kjeldahl (A.O.A.C., 1984),
que determina a matéria nitrogenada total da
amostra, por meio de uma digestão da amostra
seguida por uma titulação, quantificando o teor
de proteína. A determinação de cinzas foi
realizada conforme metodologia preconizada
pelo Instituto Adolfo Lutz (2008), baseado na
determinação da perda de peso do material
submetido à queima em forno mufla à
temperatura de 550ºC até a obtenção de cinzas
brancas. A determinação de umidade foi
realizadas pelo Determinador Universal
(Humidity meter da marca Universal – Modelo
VDU).
A verificação do grau de infecção
fúngica interna do grão foi determinada
colocando-se a amostra, 10 grãos de soja, no
meio Dichloran Glycerol (DG-18) Agar Base
(ACUMEDIA 7592A), em placa de Petri, com
cinco repetições por variedade de soja. O
período de incubação foi de 5 dias à 25º C. Em
seguida, fez-se a contagem dos fungos que se
desenvolveram nos grãos.
Para a determinação de Aflatoxina, foi
utilizado o kit Veratox da Neogen Corporation.
Este sistema é baseado em imunoensaios
antígeno-anticorpo. O procedimento de
extração e ensaio foram feitos segundo as
instruções do fabricante. Este sistema,
entretanto, expressa resultados em nível
qualitativo, indicando somente a presença ou
ausência da micotoxina.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Planejamentos fatoriais 23 foram
realizados independentemente para as sojas
orgânica e convencional, avaliando-se a
influência das variáveis: umidade inicial da
soja, tempo de armazenamento e utilização de
embalagem sobre as respostas: teor de
proteínas, cinzas, umidade final, teor de fungos
e presença de aflatoxina B1.
Soja orgânica
Na Tabela 2 apresentam-se as variáveis,
em sua forma codificada, do planejamento
fatorial completo 2³ e os resultados obtidos
para a soja orgânica em termos de proteína,
cinzas, umidade, teor de fungos e aflatoxina
B1. No caso da variável embalagem, nos
ensaios 9, 10 e 11 (ponto central), iniciou-se o
ensaio sem o uso da embalagem e colocou-se a
embalagem após 80 dias, de forma a
caracterizar um ponto intermediário para a
variável.
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Tabela 2. Matriz do planejamento fatorial 23 com as variáveis codificadas e resultados obtidos de
proteína, cinzas, umidade, teor de fungos e aflatoxina B1, para a soja orgânica.
Ensaio Tempo
(t)
Embalagem
(E)
Umidade
inicial (Ui)
Proteína
(%)
Cinzas
(%)
Umidade
(%)
Teor de
fungos (%)
Aflatoxina
B1
1 - 1 - 1 -1 30,06 4,64 9,5 65 ausência
2 + 1 - 1 -1 27,24 4,60 9,6 81 ausência
3 - 1 + 1 -1 29,19 4,86 9,2 60 ausência
4 + 1 + 1 -1 27,74 4,78 9,3 74 ausência
5 -1 -1 +1 29,48 4,82 9,5 78 ausência
6 +1 -1 +1 26,82 3,99 9,7 90 ausência
7 -1 +1 +1 29,28 4,41 9,3 77 ausência
8 +1 +1 +1 26,95 4,33 9,5 90 ausência
9 0 0 0 27,63 5,63 9,5 69 ausência
10 0 0 0 27,15 4,41 9,4 68 ausência
11 0 0 0 28,10 4,74 9,4 76 ausência
Observando-se a Tabela 2, é possível
notar a ausência total de aflatoxina B1 em
todas os ensaios. Apesar da ausência da
micotoxina nota-se que ocorreu a proliferação
de fungos em todos os ensaios estudados.
A disponibilidade de água é um fator
limitante para os fungos, no caso de cereais
uma umidade de no mínimo 15% deve ser
mantida para que os fungos sobrevivam, desta
maneira o teor de umidade indica um limite
máximo para proteger os grãos contra a
produção de micotoxinas no período pós-
colheita (Schrödter, 2004).
Arrus et al. (2005) estudando a produção
de aflatoxina por Aspergillus flavus em
castanha-do-pará obtiveram concentrações
máximas de aflatoxina para 97% de umidade
relativa e temperaturas entre 25 e 30oC,
verificaram que estas variáveis são as que
possuem maior influência sobre a produção
desta micotoxina.
Avaliação da influência dos parâmetros sobre
o teor de proteína
A Tabela 3 apresenta os resultados
obtidos pelo programa Statistica 8.0 para os
efeitos principais e de interação de duas
variáveis sobre a resposta obtida de proteína.
Os valores em negrito e itálico evidenciam as
variáveis que são significativas no intervalo de
confiança de 95% (p-valor menor que 0,05).
Neste caso, pode-se afirmar que o
tempo influiu negativamente sobre o conteúdo
de proteína, ou seja, aumentando-se o tempo o
teor de proteína decai, esta diminuição da
proteína com o tempo deve-se, possivelmente,
ao consumo pelo micro-organismo. As demais
variáveis não foram significativas para este
intervalo de confiança.
Tabela 3. Estimativa dos efeitos sobre o teor
de proteína obtida para o planejamento fatorial
23, para a soja orgânica.
Variável Efeito Erro p Coef
t -2,315 0,463 0,007 -1,158
E -0,110 0,463 0,824 -0,055
Ui -0,425 0,463 0,410 -0,212
t x E 0,425 0,463 0,410 0,213
t x Ui -0,180 0,463 0,717 -0,090
E x Ui 0,075 0,463 0,879 0,038
Intercepto 28,149 0,197 0,000 28,149
Assim sendo, pode-se utilizar a
seguinte equação matemática (modelo linear),
obtida mediante o uso dos coeficientes
descritos na última coluna da Tabela 3, para
descrever de forma aproximada o teor de
proteína (%) da soja orgânica em função do
tempo, considerando a variável tempo na sua
forma codificada (com coeficiente de
correlação R2 de 87, 08%):
t1,15828,149(%)Proteína (01)
Avaliação da influência dos parâmetros sobre
o teor de cinzas
A estatística do planejamento
experimental mostrou que as variáveis
estudadas não exerceram influência sobre o
teor de cinzas no intervalo de confiança de
95%.
Condições de armazenamento das sojas orgânica e convencional sobre suas qualidades química e microbiológica Guerino et al. 73
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.15, n.1, p.69-79, 2013
Avaliação da influência dos parâmetros sobre
o teor de umidade
Analogamente para o teor de umidade
obteve-se a tabela de efeitos, conforme a
Tabela 4, considerando-se os efeitos principais
e a interação de duas variáveis.
Tabela 4. Estimativa dos efeitos sobre o teor
de umidade obtida para o planejamento
fatorial 23, para a soja orgânica.
Variável Efeito Erro p Coef
t 0,150 0,030 0,008 0,075
E -0,250 0,030 0,001 -0,125
Ui 0,100 0,030 0,029 0,050
t x E 0,000 0,030 1,000 0,000
t x Ui 0,050 0,030 0,173 0,025
E x Ui 0,050 0,030 0,173 0,025
Intercepto 9,445 0,013 0,000 9,445
Observando-se a Tabela 4, verifica-se
que as três variáveis independentes: o uso da
embalagem, o tempo e a umidade inicial foram
variáveis significativas sobre o teor da
umidade, ao passo que as interações entre as
variáveis não influenciaram o teor de umidade
da soja orgânica.
A partir dos coeficientes da tabela de
efeitos, elaborou-se o seguinte modelo linear
na forma codificada, que pode descrever o teor
de umidade (%) para a soja orgânica em
função do uso da embalagem, do tempo de
exposição e da umidade inicial da soja, com
coeficiente de correlação R2 de 96,49%:
iU0,050E0,125t0,0759,445(%)Umidade
(02)
A utilização da embalagem causa uma
diminuição no conteúdo de umidade, ao passo
que o tempo e a umidade inicial proporcionam
um aumento no teor de umidade, no intervalo
de confiança de 95%. Observa-se que, no caso
da soja orgânica, a utilização de embalagem
previne o aumento da umidade no grão,
tornando o ambiente menos propício para o
desenvolvimento de micro-organismos.
Avaliação da influência dos parâmetros sobre
o teor de fungos
A Tabela 5 apresenta a estimativa dos
efeitos sobre o teor de fungos, para os efeitos
principais e interações de duas variáveis.
Tabela 5. Estimativa dos efeitos sobre o teor
de fungos obtida para o planejamento fatorial
23, para a soja orgânica.
Variável Efeito Erro p Coef
t 13,750 3,782 0,022 6,875
E -3,250 3,782 0,439 -1,625
Ui 13,750 3,782 0,022 6,875
t x E -0,250 3,782 0,950 -0,125
t x Ui -1,250 3,782 0,758 -0,625
E x Ui 2,750 3,782 0,507 1,375
Intercepto 75,273 1,613 0,000 75,273
Observou-se que apenas o tempo de
exposição e a umidade inicial da soja
influenciaram de maneira positiva, ou seja,
aumentando-se o tempo e a umidade inicial
ocorre uma maior incidência de fungos na soja
orgânica, no intervalo de confiança de 95%. O
comportamento do teor de fungos (%) na soja
orgânica em função do tempo de exposição e
da umidade inicial pode ser representado pela
seguinte equação matemática na forma
codificada, com coeficiente de correlação R2
de 87,43%:
iUtFungosdeTeor 875,6875,6273,75(%)
(03)
Com o intuito de estabelecer a validação
das equações (01), (02) e (03), através da
análise de variância, realizou-se o teste F para
cada uma das regressões obtidas.
Considerando-se um intervalo de confiança de
95% e comparando-se o Ftabelado com o Fcalculado
para cada uma das respostas, verificou-se que
apenas a umidade e o teor de fungos possuíam
um valor maior que o tabelado, indicando que
as Equações (02) e (03) são válidas e podemos
construir as superfícies de resposta que
representam o sistema.
A Figura 1 apresenta as superfícies de
resposta, em termos das variáveis codificadas,
obtidas para o processo considerando o teor de
umidade como resposta, de acordo com a
Equação (02). Observa-se que o teor de
umidade aumenta com o tempo e com a
umidade inicial, ao passo que diminui com a
utilização da embalagem.
A Figura 2 mostra a superfície de
resposta obtida para o teor de fungos,
74 Condições de armazenamento das sojas orgânica e convencional sobre suas qualidades química e microbiológica Guerino et al.
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conforme a Equação (03). Pode-se notar que o
teor de fungos é diretamente proporcional com
o tempo e com a umidade inicial da soja.
Figura 1. Superfície de resposta para a umidade em função do uso da embalagem e do tempo de
exposição (A) e em função da embalagem e da umidade inicial (B), para o planejamento fatorial 23 da
soja orgânica
Figura 2. Superfície de resposta para o teor de fungos em função do tempo de exposição e da
umidade inicial para o planejamento fatorial 23 da soja orgânica
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A. flavus pode se desenvolver e produzir
micotoxinas na faixa de atividade aquosa de 0,73
a 0,85, respectivamente (Magan & Aldred, 2007).
Estes valores correspondem a 8-12% e 17-19%
em termos de teor de umidade (Giorni et al.,
2008).
No estudo da produção de ocratoxina A
por Aspergillus carbonarius, Bellí et al. (2007)
concluíram que a colonização por esse fungo em
uva aumentava para altos valores de umidade
relativa.
A superfície de resposta do teor de fungos
da soja orgânica deste planejamento experimental
(Figura 2) indica que a redução da umidade da
soja orgânica dificulta o desenvolvimento do
micro-organismo, concordando com as
conclusões propostas pelos autores citados.
A Figura 3 mostra os fungos formados na
soja orgânica após 1, 2, 3, 4 e 5 dias de
incubação, respectivamente, nota-se um aumento
considerável na população do microorganismo
com o tempo.
Figura 3. Crescimento fúngico na soja orgânica para: (a) 1 dia, (b) 2 dias, (c) 3 dias, (d) 4 dias e (e) 5 dias
de incubação
Soja Convencional
A Tabela 6 mostra os resultados obtidos
para a soja convencional em termos de proteína,
cinzas, umidade, teor de fungos e aflatoxina B1
para cada combinação de variáveis segundo o
planejamento 23, em sua forma codificada.
Assim como para a soja orgânica, foi
constatada ausência total de aflatoxina B1 apesar
do desenvolvimento do microorganismo nos
grãos em todos os ensaios. Um dos fatores que
pode ter inibido o desenvolvimento desta
micotoxina é a umidade, que para ambas as sojas
foi abaixo de 10%, teor que não apresenta riscos
de produção deste metabólito.
Tabela 6. Matriz do planejamento fatorial 23 com as variáveis codificadas e resultados obtidos de
proteína, cinzas, umidade, teor de fungos e aflatoxina B1, para a soja convencional.
Ensaio t E Ui Proteína
(%)
Cinzas
(%)
Umidade
(%)
Teor de fungos
(%)
Aflatoxina
B1
1 - 1 - 1 -1 26,71 4,78 9,5 58 ausência
2 + 1 - 1 -1 24,98 4,75 9,5 72 ausência
3 - 1 + 1 -1 27,25 4,19 9,5 66 ausência
4 + 1 + 1 -1 25,18 4,81 9,5 80 ausência
5 -1 -1 +1 28,46 4,88 9,1 64 ausência
6 +1 -1 +1 26,00 4,78 9,6 80 ausência
7 -1 +1 +1 26,99 4,88 9,4 71 ausência
8 +1 +1 +1 25,20 4,84 9,8 86 ausência
9 0 0 0 27,05 4,99 9,4 66 ausência
10 0 0 0 26,04 4,88 9,4 65 ausência
11 0 0 0 27,24 5,08 9,4 72 ausência
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Avaliação da influência dos parâmetros sobre o
teor de proteína
A Tabela 7 apresenta os resultados dos
efeitos sobre o teor de proteína para a soja
convencional.
Tabela 7. Estimativa dos efeitos sobre o teor de
proteína obtida para o planejamento fatorial 23,
para a soja convencional.
Variável Efeito Erro p Coef
t -2,013 0,413 0,008 -1,006
E -0,382 0,413 0,407 -0,191
Ui 0,632 0,413 0,200 0,316
t x E 0,083 0,413 0,851 0,041
t x Ui -0,113 0,413 0,799 -0,056
E x Ui -0,753 0,413 0,142 -0,376
Intercepto 26,464 0,176 0,000 26,464
Através da estimativa de efeitos sobre o
teor de proteína para a soja convencional,
verificou-se que a variável tempo de exposição
da soja exerceu uma influência negativa no teor
de proteína, ou seja, aumentando-se o tempo de
exposição da soja, diminui-se o teor de proteína
(%), no intervalo de confiança de 95%, a
exemplo da soja orgânica.
A equação matemática que descreve o teor
de proteína na soja convencional em função do
tempo de exposição, considerando a variável
tempo na sua forma codificada (com coeficiente
de correlação R2 de 88,37%), é dada por:
t1,00626,464(%)Proteína (04)
Avaliação da influência dos parâmetros sobre o
teor de cinzas
De maneira análoga, a soja convencional
se comportou como a orgânica no que se refere
ao teor de cinzas. Nenhuma das variáveis
estudadas afetou o teor de cinzas do substrato.
Avaliação da influência dos parâmetros sobre o
teor de umidade
A Tabela 8 apresenta os resultados dos
efeitos sobre o teor de umidade para a soja
convencional.
Tabela 8. Estimativa dos efeitos sobre o teor de
umidade obtida para o planejamento fatorial 23,
para a soja convencional.
Variável Efeito Erro p Coef
t 0,225 0,047 0,009 0,113
E 0,125 0,047 0,058 0,063
Ui -0,025 0,047 0,626 -0,012
t x E -0,025 0,047 0,626 -0,013
t x Ui 0,225 0,047 0,009 0,113
E x Ui 0,125 0,047 0,058 0,063
Intercepto 9,464 0,020 0,000 9,464
Segundo a estimativa de efeitos para o teor
de umidade, na Tabela 8, é possível verificar que
a variável tempo de exposição da soja causa
influência positiva na umidade, ou seja,
aumentando-se o tempo de exposição da soja
ocorre uma elevação nos níveis de umidade,
dentro do intervalo de confiança de 95%. Houve
ainda uma interação sinérgica entre o tempo e a
umidade inicial. Diferentemente da soja orgânica,
a utilização de embalagem não afeta o teor de
umidade para a soja convencional.
A seguinte equação matemática (modelo
linear) na sua forma codificada, representa a
dependência do teor de umidade (%) da soja
convencional pelo tempo de exposição e pela
umidade inicial (com coeficiente de correlação
R2 de 93,71%):
UTempo0,113Tempo0,1139,464(%)Umidade
(05)
Avaliação da influência dos parâmetros sobre o
teor de fungos
A Tabela 9 mostra os resultados dos
efeitos dos parâmetros estudados no
planejamento sobre o teor de fungos da soja
convencional. No que se refere ao teor de fungos
a estimativa de efeitos indicou que apenas a
variável tempo de exposição exerceu influência
para a soja convencional, ao contrário da
orgânica, a qual se mostrou também suscetível a
umidade inicial. Um aumento no tempo de
exposição causou a elevação do teor de fungos na
Condições de armazenamento das sojas orgânica e convencional sobre suas qualidades química e microbiológica Guerino et al. 77
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.15, n.1, p.69-79, 2013
soja convencional, no intervalo de confiança de
95%.
Tabela 9. Estimativa dos efeitos sobre o teor de
fungos obtida para o planejamento fatorial 23,
para a soja convencional.
Variável Efeito Erro p Coef
t 14,750 3,003 0,008 7,375
E 7,250 3,003 0,073 3,625
Ui 6,250 3,003 0,106 3,125
t x E -0,250 3,003 0,938 -0,125
t x Ui 0,750 3,003 0,815 0,375
E x Ui -0,750 3,003 0,815 -0,375
Intercepto 70,909 1,281 0,000 70,909
A equação matemática (modelo linear,
forma codificada), que pode representar o teor de
fungos (%) na soja orgânica em função do tempo
de exposição (com coeficiente de correlação R2
de 89,59%):
t7,37570,909(%)fungosdeTeor (06)
Passone et al. (2010) na detecção e
quantificação de Aspergillus Flavi spp. e
avaliação dos efeitos das condições de
armazenamento do amendoim na produção de
aflatoxinas, concluiram que a redução da
atividade aquosa e o aumento da temperatura
proporcionaram uma redução do crescimento de
fungos, independentemente da metodologia de
quantificação aplicada.
Ao contrário da soja orgânica a
dependência do teor de fungos com a umidade
para a soja convencional não foi significativa,
mostrando que as variedades de soja se
comportam diferentemente para os fatores
estudados. Os resultados obtidos por Passone et
al. (2010) podem ser relacionados apenas ao
comportamento da soja orgânica.
A exemplo da soja orgânica realizou-se a
análise de variância e o teste F de cada uma das
respostas para a soja convencional. Dado o
intervalo de confiança de 95% obteve-se o
mesmo F tabelado, já que os graus de liberdade
da regressão e dos resíduos foram 6 e 4,
respectivamente assim como para a soja orgânica.
Comparando os valores do F tabelado com os
calculados para cada variável verificou-se que
apenas a umidade teve um valor maior, de forma
que apenas a Equação (05) foi validada sendo
possível o estabelecimento da sua superfície de
resposta.
A Figura 4 apresenta a superfície de
resposta obtida para o processo considerando o
conteúdo de umidade como resposta, de acordo
com a Equação (05). Observa-se que o teor de
umidade aumenta com o tempo e com a umidade
inicial devido à interação entre as variáveis.
78 Condições de armazenamento das sojas orgânica e convencional sobre suas qualidades química e microbiológica Guerino et al.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.15, n.1, p.69-79, 2013
Figura 4. Superfície de resposta para a umidade em função do tempo de exposição e da umidade inicial
para o planejamento fatorial 23 da soja convencional
De uma maneira geral, apesar de cada tipo
de soja comportar-se diferentemente frente a
variações nos parâmetros observados podemos
afirmar que umidade e tempo de armazenamento
são fundamentais para manutenção da qualidade
do grão.
Condições de umidade entre 15 e 20% não
são amenas para o crescimento de fungos durante
o armazenamento, porém, o crescimento fúngico
pós-colheita não pode ser completamente
descartado, particularmente se os grãos forem
expostos a condições de umidade altas (Bouras et
al., 2009).
CONCLUSÕES
1. Sob condições de baixa umidade, apesar
do desenvolvimento de micro-organismos, não
verificou-se a produção de aflatoxina B1.
2. O teor de cinzas não foi influenciado
significativamente por nenhum parâmetro
avaliado.
3. Os dois tipos de soja apresentaram
comportamento diferenciado sobre a variação dos
parâmetros avaliados.
4. A umidade e o teor de fungos
apresentaram-se como os fatores mais
importantes a serem considerados durante o
armazenamento de ambas as sojas.
5. A metodologia de planejamento
estatístico foi uma ferramenta importante na
determinação dos fatores significativos sobre as
qualidades químicas e microbiológicas de ambas
sojas.
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