Condicionantes Climáticos e Sua Influência Nos Casos de Doenças Respiratórias Em Crianças de 0...
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ
ANA LÍDIA PEREIRA DA COSTA SILVA
CONDICIONANTES CLIMÁTICOS E SUA INFLUÊNCIA
NOS CASOS DE DOENÇAS RESPIRATÓRIAS EM CRIANÇAS DE 0 A
10 ANOS NA CIDADE DE IPORÁ-GO
IPORÁ
2010
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS
UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ
ANA LÍDIA PEREIRA DA COSTA SILVA
CONDICIONANTES CLIMÁTICOS E SUA INFLUÊNCIA NOS CASOS
DE DOENÇAS RESPIRATÓRIAS EM CRIANÇAS DE 0 A 10 ANOS NA
CIDADE DE IPORÁ-GO
Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Geografia da Universidade Estadual de Goiás - UNU de Iporá, como requisito para a obtenção do Título de Licenciada em Geografia.
Orientador: Prof. Ms. Valdir Specian
IPORÁ
2010
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ANA LÍDIA PEREIRA DA COSTA SILVA
CONDICIONANTES CLIMÁTICOS E SUA INFLUÊNCIA
NOS CASOS DE DOENÇAS RESPIRATÓRIAS EM CRIANÇAS DE 0 A
10 ANOS NA CIDADE DE IPORÁ-GO
Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Geografia da Universidade Estadual de Goiás - UNU de Iporá, como requisito para a obtenção do Título de Licenciada em Geografia.
Orientador: Prof. Ms. Valdir Specian
Iporá, 03 de dezembro de 2010.
Banca Examinadora
________________________________________
Prof. Ms. Valdir Specian - UEG
________________________________________
Prof. Ms. Flávio Alves de Sousa - UEG
________________________________________
Prof. Esp.Washington Silva Alves - UEG
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À Deus, que sempre está comigo na caminhada,
guiando meus passos e me reanimando nos
momentos de desespero. À meu amado esposo
Sílvio, pela paciência e carinho com que me tratou
ao longo dos dilemas enfrentados, incentivando-me
nas horas mais difíceis. À minha preciosa filha,
Ana Carolina, por compreender minha ausência em
momentos importantes de sua vida.
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AGRADECIMENTOS
Ao meu Deus, por me guardar em sua presença, sempre re(ordenando) meu
viver, e me concedendo o privilégio de trilhar os seus caminhos.
À meu amado esposo Sílvio, que em tantos momentos difíceis esteve a meu
lado, me dando ânimo e encorajando-me na caminhada. À minha amada filha Ana Carolina,
que suportou meus dilemas com carinho de criança e uma incrível compreensão de amiga,
entendendo que até o presente momento, seu tão sonhado irmãzinho (a) não veio, visto que
eu estava a espera de dias mais tranqüilos.
Aos meus familiares e amigos de curso, que mesmo sem poder interferir em
minhas escolhas e ações, estavam sempre me apoiando nos momentos difíceis.
Ao meu orientador Professor Ms Valdir Specian, que mesmo em meio a tantos
desafios, tem sido prestativo e interessado, sempre me mostrando caminhos melhores a
trilhar na busca por um bom resultado.
Ao Hospital Municipal de Iporá, na pessoa de seu Diretor, Dr. Saulo de Tarso
Mady Menezes, que muito gentilmente me autorizou a buscar dados junto a esse órgão, a
fim de que a presente pesquisa fosse realizada.
Ao Hospital Evangélico de Iporá Ltda., na pessoa da Dra. Luci Maria Camargo,
pelo apoio e autorização da coleta de informações das fichas do setor de pediatria do
hospital, sem a qual a pesquisa seria inviável.
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RESUMO
Este trabalho teve como objetivo compreender o comportamento dos elementos climáticos para a cidade de Iporá-Goiás e entender qual sua interferência na saúde da população infantil, abordando as doenças respiratórias (DR). Para realização do trabalho foi delimitada a faixa-etária das crianças de 0 a 10 anos, e escolhidos dois hospitais da cidade, um o Hospital Municipal de Iporá (HMI) e o Hospital Evangélico de Iporá (HE), prestando respectivamente serviço público e serviço privado, sendo delimitado o ano de 2009 para a realização da pesquisa. Foram escolhidos dois períodos distintos para análise, um compreendendo o trimestre maio/jun./jul. de 2009 (período seco) e nov./dez. de 2009 e janeiro de 2010 (período úmido). A pesquisa campo consistiu na observação de fichas do setor de pediatria do HE, observando as enfermidades prescritas para os períodos citados. No HMI a observação foi feita a partir das fichas do serviço de Pronto Socorro, visto que o fluxo de pacientes atendidos no setor é maior, oferecendo maior quantidade de dados à pesquisa. Outro momento consistiu em entender como se dá o comportamento da atmosfera e como isso interfere na dinâmica climática de Iporá, para isso analisou-se a temperatura máxima e mínima e a umidade relativa do ar, para os trimestres escolhidos. Com as análises feitas chegou-se a conclusão que o período climático e sua dinâmica foram essenciais no desencadeamento das DR’s na população infantil. Deve-se considerar que a cidade e região não se enquadram como cidades industrializadas, contudo, a queima de vegetação para formação de pastagens é prática comum no município, contribuindo assim, para a liberação de gases poluentes na atmosfera, e a elevação dos casos de DR’s.
Palavras chave: Clima. Iporá. Doenças respiratórias (DR). Saúde.
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AMP............................................................................................ Anticiclone Migratório Polar
CIT.................................................................................... Zona de Convergência Intertropical
CPTEC..................................................... Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos
DF..................................................................................................................... Distrito Federal
DR.......................................................................................................... Doenças Respiratórias
ESF.................................................................................... Especialidade em Saúde da Família
FP............................................................................................................ Frente Polar Atlântica
HE............................................................................................................. Hospital Evangélico
HMI.............................................................................................. Hospital Municipal de Iporá
IBGE.................................................................. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INPE........................................................................ Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IRA.......................................................................................... Infecções Respiratórias Agudas
IR.......................................................................................................... Infecções Respiratórias
IVAS.............................................................................. Infecções das Vias Aéreas Superiores
MEA............................................................................................... Massa Equatorial Atlântica
MEC........................................................................................... Massa Equatorial Continental
MPA....................................................................................................... Massa Polar Atlântica
MTA.................................................................................................. Massa Tropical Atlântica
MTC.............................................................................................. Massa Tropical Continental
NOAA…………………………………. National Oceanic and Atmospheric Administration
SUS..................................................................................................... Sistema Único de Saúde
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Temperatura e desmatamentos aumentam a chance de doenças........................... 19
Figura 02 - Mapa de localização do município de Iporá no Estado...................................... 20
Figura 03 - Sistemas Atmosféricos Atuantes na América do Sul.......................................... 22
Figura 04 - Ação das Massas de ar na América do Sul e Brasil – verão............................... 22
Figura 05 - Ação das Massas de ar na América do Sul e Brasil – inverno............................ 23
Figura 06 - Mapa das Regiões Climáticas do Brasil.............................................................. 25
Figura 07 - Focos de Queimada no Brasil (período seco)..................................................... 28
Figura 08 - Focos de Queimada no Brasil (período úmido).................................................. 29
Figura 09 - Temperatura e precipitação do trimestre maio/jun./jul./ 2009............................ 30
Figura 10 - Temperatura e precipitação dos trimestres nov./dez/2009 e jan./2010............... 31
Figura 11 - Média Mensal de Precipitação (déficit/excedente) para Iporá............................ 32
Figura 12 - Média Mensal de Precipitação para Iporá........................................................... 32
Figura 13 - Enfermidades registradas no Hospital Municipal (maio/2009).......................... 34
Figura 14 - Enfermidades registradas no Hospital Municipal (jun./2009)............................ 35
Figura 15 - Enfermidades registradas no Hospital Municipal (jul./2009)............................. 36
Figura 16 - Enfermidades registradas no Hospital Evangélico (maio/2009)......................... 37
Figura 17 - Enfermidades registradas no Hospital Evangélico (jun./2009)........................... 38
Figura 18 - Enfermidades registradas no Hospital Evangélico (jul./2009)........................... 39
Figura 19 - Enfermidades registradas no Hospital Municipal (nov./2009)........................... 41
Figura 20 - Enfermidades registradas no Hospital Municipal (dez./2009)............................ 42
Figura 21 - Enfermidades registradas no Hospital Municipal (jan./2010)............................ 43
Figura 22 - Enfermidades registradas no Hospital Evangélico (nov./2009).......................... 44
Figura 23 - Enfermidades registradas no Hospital Evangélico (dez./2009).......................... 45
Figura 24 - Enfermidades registradas no Hospital Evangélico (jan./2010)........................... 46
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ANEXOS
Anexo I – Tabela da Umidade Relativa do ar em Iporá-Go.................................................. 52
Anexo II – Tabela da Temperatura Máxima para Iporá-Go
no trimestre maio/jun./jul./2009 e nov./dez./2009 e jan./2010........................... 53
Anexo III –Tabela da Temperatura Mínima para Iporá-Go
no trimestre maio/jun./jul./2009 e nov./dez./2009 e jan./2010........................... 54
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................................................................... 10
1 – CLIMA E SAÚDE........................................................................................................... 12
1.1 – Geografia da Saúde....................................................................................................... 12
1.2 - Estudos sobre clima e saúde.......................................................................................... 16
1.3 – Caracterização da Saúde e História de Iporá-GO......................................................... 17
1.3.1 – História de Iporá-GO................................................................................................. 19
1.3.2 - Dinâmica da Circulação Atmosférica......................................................................... 21
2 – MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................ 24
2.1 – Caracterização climática da área de estudo.................................................................. 24
2.2 – Materiais e Métodos..................................................................................................... 26
2.2.1 – Materiais.................................................................................................................... 26
2.2.2 – Métodos..................................................................................................................... 26
3 – RESULTADOS E DISCUSSÕES................................................................................... 30
3.1 – Avaliação das doenças respiratórias para o Período Seco............................................ 33
3.1.1 – Período Seco HMI..................................................................................................... 33
3.1.2 – Período Seco HE........................................................................................................ 36
3.2 - Avaliação das doenças respiratórias para o Período Úmido......................................... 40
3.2.1 – Período Úmido HMI.................................................................................................. 40
3.2. 2 - Período Úmido HE.................................................................................................... 43
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................... 47
REFERÊNCIAS.................................................................................................................... 48
ANEXOS............................................................................................................................... 51
Anexo I – Tabela da umidade relativa do ar para Iporá-GO................................................. 52
Anexo II - Tabela da Temperatura Máxima para Iporá-Go no trimestre maio/jun./jul./2009 e
nov./dez./2009 e jan./2010..................................................................................................... 53
Anexo III – Tabela da Temperatura Mínima para Iporá-Go no trimestre maio/jun./jul./2009 e
nov./dez./2009 e jan./2010..................................................................................................... 54
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INTRODUÇÃO
A sociedade ao longo do tempo tem evoluído sua forma de percepção e atuação
sobre o espaço, diante disso a observação do mundo tem mudado constantemente, surgindo
diversas formas de análise do espaço. Nesse contexto dinâmico em que a geografia está
inserida, perspectivas de análise do espaço que estavam esquecidas pela ciência geográfica,
vão sendo lembradas e reformuladas de acordo com as necessidades contemporâneas, e uma
delas é a Geografia da Saúde que analisa a influência dos fatores ambientais no surgimento
de doenças. Diante dessa corrente de pensamento que ressurge, emerge também o anseio
pela compreensão do espaço a partir de elementos cotidianos para o ser humano, elementos
esses esquecidos pelas pessoas.
Por meio de algumas observações feitas em um ambiente hospitalar e também
por meio de relatos familiares, percebeu-se que as DR’s têm ocorrido em todos os períodos
do ano, contudo é notado que em alguns meses, a procura por atendimento médico referente
a tal enfermidade, tem seu número elevado. Esses meses são caracterizados como meses
secos e vão de maio a setembro, tendo como característica as escassas precipitações,
mudanças bruscas de temperatura, aumento da pressão atmosférica e a baixa umidade do ar,
favorecendo assim, a propagação de agentes nocivos à saúde, como poeiras e material
particulado, sendo esses oriundos da queima incompleta de combustíveis e das indústrias.
(MARTINS; SALES, p.02, 2006).
A proposta do trabalho foi analisar o índice de DR em crianças de 0 a 10 anos de
idade e avaliar em que medida a sazonalidade e os condicionantes climáticos contribuem na
incidência dos casos, na cidade de Iporá-GO. Essa faixa-etária foi delimitada devido a
disponibilidade de dados de prontuários do setor de pediatria de um hospital da rede
particular de saúde, o Hospital Evangélico (HE) e também do Hospital Municipal de Iporá
(HMI), a fim de correlacionar os dados entre a saúde pública e a privada.
Foram delimitados períodos climáticos específicos, sendo selecionados três
meses secos e três meses úmidos, compreendendo o trimestre maio/jun./jul./2009 e
nov./dez.2009 e jan./2010 respectivamente, observando-se a sazonalidade das doenças para
esses períodos.
A pesquisa é relevante, visto que auxiliará a população a compreender melhor os
elementos que a cercam, sendo necessária também a fim de tomarem-se medidas preventivas
que amenizem os efeitos dessa interação na saúde da população. De acordo com Bakonyi
(2004) os grupos mais susceptíveis a tal enfermidade são as crianças e idosos, que sentem o
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reflexo da poluição atmosférica mesmo quando os níveis de poluentes não são considerados
nocivos à saúde, existindo uma estreita relação entre a morbidade e a mortalidade por DR na
população.
Para a compreensão dos elementos que envolvem a dinâmica atmosférica e sua
possível interferência na saúde da população infantil, foi elaborado um objetivo geral e cinco
objetivos específicos, quais sejam:
Objetivo Geral:
•Analise do índice de DR’s em crianças de 0 a 10 anos de idade e avaliação da sazonalidade
dos condicionantes climáticos e sua contribuição na incidência dos casos.
Objetivos Específicos:
• Analise da sazonalidade das DR’s e sua correlação com os tipos de tempo e a dinâmica
climática da cidade de Iporá.
•Avaliação a interferência do clima na saúde da população infantil.
•Detecção se a emissão de poluentes na atmosfera foi um fator facilitador do surgimento de
doenças na saúde da população infantil.
•Detecção os índices de DR em crianças apresentando a classificação climática aplicada à
região de Iporá.
•Coleta de dados de diferentes períodos climáticos junto a estações meteorológicas e
correlacioná-los com a pesquisa em campo, reunindo material que subsidie o trabalho
monográfico.
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1 - CLIMA E SAÚDE
O presente trabalho abordará alguns conceitos relacionados a Geografia Médica,
para uma melhor compreensão das questões aqui levantadas e elementos necessários à
análise da influência dos condicionantes climáticos na qualidade de vida da população
infantil no município de Iporá-GO.
A partir de dados coletados junto a estabelecimentos de saúde e a compreensão
da dinâmica atmosférica, o trabalho busca compreender como a geografia e a saúde humana
estão co-relacionadas.
1.1 - Geografia da saúde
A humanidade no decorrer de sua existência tem buscado meios de se adaptar ao
local em que vive, nesse contexto a natureza exerce papel fundamental já que fornece os
produtos necessários à adaptação do ser humano. Na busca por melhores condições, a ação
antrópica desempenha papel fundamental na transformação do meio ambiente. Ao falarmos
da atuação do homem estamos também nos referindo às conseqüências advindas dessas
ações, já que para Freitas & Porto (2006, p. 17), para se criar, existe a dialética do construir
desconstruindo, onde não há possibilidade de desenvolvimento, sem que alguma das partes
saia no prejuízo, assim:
A degradação ambiental significa uma ameaça aos sistemas de suporte à vida, que se referem aos serviços dos ecossistemas dos quais derivam a variabilidade da vida de todos os seres e sistemas vivos, incluindo para os humanos. Os ecossistemas oferecem inúmeros benefícios para os humanos, como serviços de provisão de água, alimentos, combustíveis e recursos genéticos; serviços de regulação do clima, dos ciclos das águas e das doenças; serviços de suporte, como formação dos solos e ciclos de nutrientes, vitais para a produção de alimentos [...]. Assim, a relação saúde e ambiente, em um amplo sentido, não é apenas um assunto da “moda”: ele ocupará a agenda de várias gerações do futuro. (FREITAS; PORTO, p.15, 2006)
Um fator de suma importância para desencadear o crescimento da degradação
foi o advento da Revolução Industrial iniciado na Europa no Século XVIII, causando o
reordenamento dos territórios e a conseqüente reconfiguração do comércio mundial,
ampliando o processo produtivo e a degradação dos recursos naturais. Para Amorin &
Castilho (2005, p. 02) ocorreram significativas mudanças no sistema econômico, social e
político, tendo a industrialização proporcionado o crescimento das cidades, resultando em
diferentes problemas sociais, modificando assim o ambiente natural. Desse modo os
problemas ambientais como a poluição atmosférica, começaram a ser preocupantes
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tornando-se uma questão de saúde pública, problema esse inquietante mesmo em locais onde
a taxa de crescimento populacional não era considerada elevada. (BAKONYI, 2004, p. 696)
É relevante mencionar que com o acelerado desenvolvimento industrial e o
conseqüente inchaço das cidades, processo originado na Inglaterra, da início a precarização
da população carente, sendo a mais susceptível aos problemas sociais oriundos desse
processo. Desse modo, Freitas & Porto (2006) afirmam:
[...] com o rápido desenvolvimento das cidades e a nítida precarização das condições de vida dos povos urbanos, surge a necessidade da criação de meios para que a sociedade fosse mais atendida em suas necessidades básicas, assim: “o rápido processo de industrialização e urbanização tinha como conseqüência a deterioração das condições de saúde da população e estava a exigir novos meios de prevenção das doenças e proteção da saúde, o que incluía ações coordenadas do governo para uma reforma sanitária.” [...]. (FREITAS; PORTO, p.45, 2006)
Na busca pela sobrevivência, ressurge uma forma de análise do espaço que a
tempos foi deixada de lado, que é a Geografia Médica ou também chamada de Geografia
da Saúde que desempenha importante papel na análise dos fatores que, sob influência das
ações antrópicas e observando o efeito disso ao meio ambiente, serve como suporte à
compreensão e espacialização dos problemas relacionados à saúde. De acordo com Lacaz &
Siqueira Jr. (1972):
O papel do meio físico no determinismo das doenças [...] revive hoje em dia na Geografia médica ou Medicina geográfica, estudando as peculiaridades regionais de numerosas doenças, sua distribuição e prevalência na superfície da Terra e as modificações que nelas possam advir por influência dos mais variados fatores geográficos e humanos. (LACAZ; SIQUEIRA JR. p.02, 1972).
Para Barros (2006, p. 20), a Geografia Médica teria surgido nos primórdios da
civilização tendo seu início pautado na célebre obra de Hipócrates, datada de 480 a.C., “Dos
ares, das águas e dos lugares”, onde analisa a influência dos fatores ambientais no
surgimento de doenças.
Para Neto & Souza (2008, p.118) Hipócrates atribuía aos quatro elementos
naturais, a terra, a água, o fogo e o ar (seco, úmido, quente e frio) a responsabilidade pelo
desencadeamento das doenças, já que o desequilíbrio dos mesmos elementos resultava em
processos dinâmicos distintos. Esses autores mencionam também o meio técnico-científico-
informacional como agravante nos processos influenciados pelo clima, já que a sociedade,
através de suas ações tem contribuído para a degradação do meio ambiente, observando-se
uma grande impossibilidade de reverter os danos causados à natureza, desse modo:
Dentre as principais causas das enfermidades da sociedade urbana está a questão da qualidade socioambiental. Sem minimizar os aspectos endógenos, os fatores externos ao corpo humano estão no cerne de muitas das moléstias, responsáveis pelo agravamento da saúde da população urbana. Além disso, o processo
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adaptativo do homem à cidade, ao longo da história, implicou-se no aumento de casos de doenças crônicas, à medida que as condições do ambiente, de forma cumulativa, degradaram-se. (NETO; SOUZA, 2008, p.118).
Lacaz e Siqueira Jr. (1972, p. 14), mencionam a influência do clima sobre as
doenças e também as atividades desenvolvidas no solo sendo estes, objeto de estudo da
medicina geográfica. Segundo eles alguns dos responsáveis pelo desenvolvimento da
Geografia médica no Brasil são Max Von Pettencofer, o qual defendia a idéia de que o solo
e as águas eram responsáveis pelo aparecimento de cólera; João de Barros Barreto (1884-
1943), pioneiro nos estudos de Climatologia médica, estudou a influência dos elementos
climáticos nos índices de mortalidade que ocorriam em várias cidades brasileiras, bem como
a importância desses elementos na incidência sazonal de doenças transmissíveis. Além da
figura de Carlos Chagas (1879-1934), responsável por grandes descobertas médicas,
abordando moléstias como problemas relacionados a saúde pública, desenvolvendo
importantes estudos sobre as doenças tropicais no país.
Os higienistas resgataram as idéias de Hipócrates, considerando as
peculiaridades do ambiente e adequando-as no planejamento urbano a fim de entenderem os
fatores desencadeantes de certas enfermidades. Nessa perspectiva, tratando de Brasil, foram
criados dois grandes institutos que desenvolveram a Medicina tropical e a Geografia médica
no país: o Instituto Butantã, fundado em 1898 por Vital Brasil e o Instituto Manguinhos,
fundado em 1899. Esses institutos voltaram sua visão para a Geografia médica, em 1899
com uma peste que ameaçava o povo. Logo depois em 1959 foi criado o Instituto de
Medicina Tropical de São Paulo, onde as pesquisas em Geografia médica foram
incentivadas e vários pesquisadores têm mostrando interesse e contribuído para a difusão da
Geografia médica em todo o país. (LACAZ; SIQUEIRA Jr., 1972, p. 18).
Desse modo está hoje definitivamente estabelecido que, para melhor se entender
os mecanismos de uma doença em qualquer população humana se torna necessário encarar o
homem no seu ambiente físico, biológico e socioeconômico, assim Lacaz e Siqueira Jr.
(1972) afirmam que:
O agente etiológico1 é, na verdade, condição imprescindível para a ocorrência de doenças infecciosas, mas a distribuição e a prevalência de tais doenças na superfície da Terra, bem como seu comportamento nas várias comunidades, são influenciadas por fatores mesológicos, econômicos, humanos e sociais, estudados pela geografia médica. (LACAZ; SIQUEIRA JR. 1972, p.19)
1 Agente é o ser que promove a ação; etiologia é um ramo da medicina que pesquisa a origem das doenças.
Nesse sentido agente etiológico é o mecanismo responsável por desencadear determinada enfermidade na população, sendo avaliados os mais diferentes elementos de atuação.
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Ao afirmar que os fatores ambientais estão intimamente ligados às atividades
humanas, Lacaz & Siqueira Jr. (1972, p. 09) comungam dos princípios socráticos em que se
pauta a Geografia médica em todo o mundo, nascendo esta juntamente com a história da
medicina, onde as análises das doenças eram feitas a partir da observação dos fatores
ambientais da região, enfatizando que “na doença e na morte tudo varia de acordo com o
clima e o solo e que as manifestações variadas de vida e morte, de saúde e de moléstia,
constituem o objeto especial da medicina geográfica”. Desse modo:
Na Geografia Médica, o estudo do enfermo é inseparável do seu ambiente, do biótipo onde se desenvolvem os fenômenos de ecologia associada com a comunidade a que ele pertence. Quando se estuda uma doença, principalmente as metaxênicas (doenças que possuem um reservatório na natureza e um vetor biológico no qual se passa uma das fases do ciclo evolutivo do agente infectante), sob o ângulo da Geografia Médica, devemos considerar, ao lado do agente etiológico, do vetor, do reservatório, do hospedeiro intermediário e do homem susceptível, os fatores geográficos representados pelos fatores físicos (clima, relevo, solos, hidrografia, etc.), fatores humanos ou sociais (distribuição e densidade da população, padrão de vida, costumes religiosos e superstições, meios de comunicação) e os fatores biológicos (vidas vegetal e animal, parasitismo humano e animal, doenças predominantes, grupo sangüíneo da população, etc.). (LACAZ; SIQUEIRA JR. 1972, p.01)
Para Neto & Souza (2008), o clima é um fator de extrema importância no
surgimento de doenças em cada lugar, propondo uma observação cuidadosa do ambiente
físico (em que se produziu a enfermidade), o lugar, a estação do ano, o estado da atmosfera e
outras relações. Nesse sentido tratam de uma medicina naturalista, onde sua análise era feita
a partir do ponto de vista climático de determinada região.
Pautada nessa corrente de estudos, está também Ayoade (1986, p. 291) que
mensura a importância do clima no desenvolvimento das diversas atividades humanas,
tratando não só da relação entre clima e ambiente, da influência do homem sobre o meio,
como também da relevância do clima na vida humana, afirmando que:
Alguns extremos climáticos afetam diretamente a saúde humana. Temperaturas
extremamente altas provocam a incidência de choques térmicos, exaustão e cãibras
pelo calor. Temperaturas extremamente baixas, por outro lado, podem causar
doenças [...] e agravar males como artrites, sinusites e enrijecimento de juntas. Os
males relacionados ao calor, como exaustão, choques e cãibras ocorrem nas
latitudes baixas, particularmente durante a estação seca, e freqüentemente ocorrem
na região temperada nos meses quentes de verão. [...]. Na África Ocidental o vento
seco e carregado de pó – harmottan – do Saara está freqüentemente associado com
alta incidência de doenças respiratórias. (AYOADE, 1986 p. 290)
Para o referido autor, o clima é propagador de alguns organismos patogênicos e
seus hospedeiros, considerando a importância das elevadas e baixas temperaturas, causando
alterações no corpo humano deixando-o mais predisposto a infecções, sugerindo que a
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neblina aliada a poluentes está intimamente relacionada a DR e o ar seco torna as vias aéreas
mais suscetíveis a infecções. (AYOADE, 1986, p.291).
1.2 – Estudos Sobre Clima e Saúde
Dentro da Geografia médica existem diferentes correntes de estudo e uma delas
é a Climatologia médica, que segundo Barros (2006), está pautada na Meteorologia,
medindo e registrando os fenômenos atmosféricos e determinando as condições físicas em
que eles se deram. Assim, é de extrema relevância compreender que a dinâmica climática
está intimamente relacionada ao surgimento de algumas enfermidades.
Para Ayoade (1986), a influência do clima na saúde humana dá-se tanto de
maneira direta, quanto indireta, seja de forma maléfica ou benéfica, sendo os extremos
térmicos higrométricos2 intensificadores dos processos inflamatórios e favorecendo o
processo contagioso. Em contrapartida, o ar fresco oferece propriedades terapêuticas.
Ao tratar de DR, Chiesa (2006) aponta como um dos agravantes em nível
mundial, os fatores de ordem ambiental, especialmente os decorrentes da poluição do ar,
como a exposição à fumaça, mudanças bruscas e freqüentes de temperatura e a sociabilidade
precoce da criança em ambiente coletivo antes dos dois anos de idade, frisando que o índice
das infecções respiratórias agudas (IRA’s) tende a aumentar quando a criança vive em um
ambiente urbano, onde os casos aparecem em média entre cinco e oito episódios nos cinco
primeiros anos de vida.
Convém ressaltar que na visão de Chiesa (2006) os IRA’s são problemas
preocupantes principalmente nos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, visto
que não acontecem somente devido a fatores climáticos, mas também relacionados a
organização social em que o indivíduo está inserido, entendendo que as diferentes condições
de vida interferem no modo como a população enfrenta os problemas. Dessa forma julga
necessária uma atitude mais eficaz do Sistema Único de Saúde (SUS), no sentido da
intervenção adequada à população, garantindo o direito universal à saúde e de forma
eficiente. Desse modo:
Dados do Instituto brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que as
doenças respiratórias são responsáveis por aproximadamente 10℅ das mortes entre
menores de um ano no Brasil, com predominância das pneumonias bacterianas
2 Extremos térmicos higrométricos são caracterizados pela amplitude térmica e pela amplitude da umidade
da atmosfera, ou seja, as diferenças entre a temperatura máxima e mínima e a umidade máxima e mínima registradas.
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neste último grupo. [...] em São Paulo [...] as infecções respiratórias são
responsáveis pelo terceiro lugar em morte na população infantil. (CHIESA, p. 312,
2006)
A carência social da população também é enfocada por Sartori et al (2003), já
que para a autora, um meio social precário resulta em uma má alimentação, contribuindo
para a proliferação de várias doenças, sendo as DR’s as que mais atingem essa população,
destacando enfermidades como “alergia (rinite) e outras próprias de mudança de temperatura
(gripe, resfriado e pneumonia).”
Analisando os condicionantes climáticos e a sazonalidade3 dos casos de DR, por
meio de dados coletados junto ao SUS e outros órgãos, Bakonyi (2004, p. 696) destaca que a
poluição atmosférica é um facilitador de possíveis agravos à saúde, mesmo quando os níveis
de poluentes não são considerados maléficos pela legislação, sendo as crianças e os idosos a
faixa-etária mais atingida.
O comportamento da atmosfera e a sazonalidade dos fenômenos climáticos
(temperatura e umidade) são de extrema importância na análise dos casos de DR’s, visto que
fatores como a temperatura, a precipitação e a umidade são intimamente responsáveis por
desencadear tais processos.
Um fator de extrema importância, segundo Telésfero et al (2004) é quanto a
altitude da área de estudo, onde a circulação das correntes de ar, influenciam
consideravelmente na diluição ou concentração dos gases poluentes existentes. Nesse
sentido a avaliação das características climáticas do município de Iporá é importante,
contribuindo na especificidade de dados sobre a dinâmica de desenvolvimento econômico da
cidade.
1.3 - Caracterização da Saúde e História de Iporá-Goiás
Em Iporá existem dois hospitais particulares e apenas um, o HE, presta
atendimento pelo SUS, em casos de internações. Conta com uma unidade pública, o HMI,
com médicos de várias especialidades, possuindo um laboratório de análise clínica, que
realiza diferentes tipos de exames laboratoriais e de imagem. A cidade conta ainda com 08
postos de saúde, chamados de Especialidade em Saúde da Família (ESF), que estão inseridos
3 A sazonalidade é caracterizada pela repetição na ocorrência de certos elementos, ou seja, sempre em
períodos distintos os casos acontecem com a mesma freqüência. Isso se aplica a elementos climáticos, que tem sua influência elevada em períodos distintos.
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em diferentes bairros e no centro, além de 07 clínicas médicas, que prestam serviço em
diferentes áreas. É importante ressaltar que até o início do ano de 2010 a cidade contava com
03 hospitais particulares, contudo, um desses deixou de prestar atendimento ambulatorial,
passando a funcionar apenas como clínica médica e laboratório para coleta de exames. Os
pacientes nele atendidos e que necessitam de internação são encaminhados a um dos
hospitais privados, para dar continuidade ao tratamento.
Tratando da saúde pública de Iporá, temos como exemplo da atuação do clima
sobre a saúde da população, considerando a epidemia de dengue pela qual passou a cidade
no fim do ano de 2009 e início de 2010, doença essa transmitida pelo mosquito aedes
aegypth. O mosquito é encontrado em regiões de clima tropical e subtropical, habitando
preferencialmente em aglomerados urbanos. (CONSOLI; OLIVEIRA, 1994).
Mesmo com o aparato médico da cidade, esta não foi capaz de controlar o
problema que se alastrou por todo o município. Esse período foi marcado por fortes chuvas e
intenso calor, fator esse que aliado a falta de conhecimento de parte da população, contribuiu
para elevar o número de casos da doença, visto que com a falta da limpeza dos quintais e
lotes baldios, a população acabava oferecendo as condições propicias à proliferação do
mosquito.
Diante dessa situação o município buscou formas de solucionar a epidemia,
fazendo um rastreamento das áreas onde mais se tinham casos da doença, assim as
localidades recebiam visitas de agentes epidemiológicos e agentes de saúde, orientando a
população quanto as formas de prevenção, realizando a aplicação de larvicidas e também a
utilização do fumacê. Percebe-se então a estreita relação entre os fenômenos climáticos, a
amplitude e a espacialização dos casos da doença no município.
A epidemia foi sentida em todo o Estado de Goiás, tomando índices alarmantes
e, além de afetar a saúde da população, também mecheu com a economia dos Estados e
municípios, como mostra a Figura 1. (LONGO, p. 10, 2009).
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Figura 1: Temperatura e desmatamento aumentam chance de doenças. (Fonte: Jornal O Popular, 24 de maio de 2010).
1.3.1 – História de Iporá
O município de Iporá teve suas bases históricas no ano de 1748 quando foi
formado o arraial de Pilões, às margens do Rio Claro, onde se instalaram escravos que
vinham sob o comando do governador Gomes Freire de Andrade, das capitanias de MG e
RJ, para trabalharem na exploração de diamante, o povoamento surgido desse movimento
foi chamado de Rio Claro. O arraial cresceu e em 1833 foi elevado à categoria de distrito,
contudo, entrou em decadência devido um surto de febre amarela, que matou e afugentou a
maioria da população. Na década de 1930 as poucas famílias restantes mudam-se para as
margens do Córrego Tamanduá e em 1938, o então distrito de Rio Claro passou a
denominar-se Itajubá, nome de origem Tupi-Guarani, que significa pedra amarela. No ano
de 1943, pelo Decreto-Lei Estadual número 8.305, de 31 de dezembro, passa a ser chamado
de Iporá, que significa águas claras e em 19 de novembro de 1948, é elevado à categoria de
município pela Lei Estadual número 249. (IBGE, 2009).
A economia do município sofre influência do setor agropecuário, contando com
um rebanho de 18.800 cabeças ordenhadas por ano e com uma produção leiteira de 21.200
litros de leite por ano. Um setor de destaque é o comercial, que emprega vários
trabalhadores, já que o comércio é bem diversificado. (SEPLAN, 2008)
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A cidade está a uma altitude média de 600 metros acima do nível do mar e os
pontos mais elevados não ultrapassam os 850 metros. Possui relevo irregular e algumas
serras como o Morro do Macaco, a Serra do Santo Antônio e a Serra do Caiapó. (IBGE,
2010)
O município se situa a 216 km da capital Goiânia e se encontra na região Oeste
do Estado de Goiás, tendo como coordenadas geográficas 16° 26’ 31” de latitude sul e 51°
07’ 04” de longitude oeste, como mostra a Figura 2. Conta com uma área de 1.033 km² e
uma população de 32.045 habitantes. (IBGE, 2009). Os municípios limítrofes são
Amorinópolis, Arenópolis, Diorama, Israelândia, Ivolândia, Jaupaci e Moiporá, contando
com três aglomerados sendo, Cocalândia, Goiaporá e Jacinopólis.
Figura 2: Mapa de localização do município Iporá no Estado de Goiás. Fonte: Adaptado de Alves (2008)
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1.3.2 - Dinâmica da circulação atmosférica
Para a compreensão da dinâmica da circulação atmosférica é necessária a análise
de diferentes elementos constituintes da superfície, desse modo Nimer (1966) afirma que a
atuação das massas de ar sobre a América do Sul, estando todas presentes no Brasil, atuando
de forma direta ou indireta.
Para Monteiro (1963) apud Alves (2008) os sistemas atmosféricos são
controlados pelos centros de ação, existindo na América do Sul cinco centros de ação:
Anticiclones permanentes Semifixos do Atlântico e do Pacífico, Anticiclone dos Açores,
Anticiclone Migratório Polar, a Depressão do Mar de Weddel e a Zona de Baixas Pressões
Equatoriais (Doldrums).
De acordo com Viana (2006) apud Alves (2008, p. 24) os sistemas atmosféricos
atuantes na América do Sul, como mostra a Figura 3, são:
• Massa Tropical Atlântica – (mTa) com origem no anticiclone do Atlântico,
localizado no Oceano Atlântico próximo ao trópico de Capricórnio, exercendo grande
influência no litoral brasileiro. Tendo como características as baixas temperaturas e
umidade, com ventos predominantes de leste-noroeste. Ao entrar no continente, a (mTa)
sofre a continentalização, resultando na Massa Tropical Continentalizada, com temperatura
mais elevada e baixa umidade.
• Massa Tropical Continental – (mTc) formada na depressão do Chaco,
abrangendo uma área limitada, permanecendo em sua região de origem por quase todo o
ano. Por ser quente e seca é responsável pelo aquecimento da região durante o verão.
• Massa Equatorial Continental – (mEc) tem origem nas regiões de baixas
pressões equatoriais, com centro de origem na parte ocidental da Amazônia, que domina a
porção noroeste da Amazônia durante quase todo o ano e tem como característica altas
temperaturas e umidade.
• Massa Equatorial Atlântica – (mEa) é quente e úmida, em alguns períodos do
ano domina a parte litorânea da Amazônia e do Nordeste, tendo como centro de origem o
Oceano Atlântico.
• Massa Polar Atlântica – (mPa) tem como característica as grandes amplitudes
térmicas e os elevados índices de pressão, atuando mais intensamente durante o inverno. A
mPa se desloca rumo a sul-sudeste e produz o avanço dos sistemas frontais, contudo, de
acordo com Monteiro (1973, p. 17) sua atuação é mais sentida ao sul do continente.
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Figura 3: Sistemas atmosféricos atuantes na América do Sul. Fonte: MONTEIRO, 1973.
De acordo com Steinke (2004) apud Alves (2008) a mEc é quente e úmida,
sendo atraída no verão pelos sistemas depressionários do interior do continente, como
mostra a Figura 4, avançando para a região Centro-Oeste, resultando na elevação da
temperatura, no aumento da umidade e das precipitações.
Figura 4:. Ação das massas de ar na América do Sul e Brasil – verão. Fonte: MONTEIRO, 1973.
Desse modo, observa-se que as diferentes massas atuantes na América do Sul,
dão origem aos diferentes tipos de clima de cada região, avaliando também outros elementos
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como, por exemplo, a localização geográfica, o relevo e fatores antrópicos, como a
influência das queimadas.
Já no inverno, a América do Sul sofre influência da (mTa), como observado na
Figura 5, sendo responsável por baixas temperaturas e pouca umidade, além de ser um
período com mínimas precipitações.
Figura 5. Ação das massas de ar na América do Sul e Brasil – inverno. Fonte: MONTEIRO, 1973.
Assim posto, serão abordados no capítulo seguinte, alguns elementos que
caracterizam o clima da cidade de Iporá, bem como os materiais e métodos utilizados para se
chegar aos resultados propostos.
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2 – MATERIAIS E MÉTODOS
No presente capítulo serão apresentadas as características físicas do município
de Iporá, bem como a metodologia utilizada para a coleta dos dados e os materiais e
métodos utilizados para a realização desse trabalho.
2.1 - Caracterização Climática da Área de Estudo
Iporá pertence à região Centro-Oeste do Brasil, sofrendo influência dos sistemas
atmosféricos nela atuantes. Para Monteiro (1963) apud Barros (2006), analisando os
elementos climáticos, constatam que a cidade de Brasília-DF está inserida nas grandes
regiões climáticas da América do Sul, assim pode-se concluir que a cidade de Iporá pertence
a esse domínio climático, por fazer parte da mesma região, onde atua a mTa e pela ação do
anticiclone semifixo do Atlântico Sul, que atua o ano todo na região, no verão torna-se
inferiormente instável pelo aquecimento basal. No inverno o resfriamento basal aumenta a
estabilidade superior, resultando em tempo estável.
Para Barros (2006), existe a distinção entre dois períodos climáticos bem
distintos na região Centro-Oeste, afirmando que:
a região Centro-Oeste permite a distinção de dois períodos: um seco e outro chuvoso, (...) pode-se dizer que o período compreendido entre os meses de abril a setembro possui as seguintes características: intensa insolação, pouca nebulosidade, forte evaporação, baixos teores de umidade no ar, pluviosidade reduzida e grande amplitude térmica (...) de outubro a março: a insolação reduz, a nebulosidade aumenta, a evaporação diminui, baixos teores de umidade no ar, pluviosidade reduzida e grande amplitude térmica. (BARROS 2006).
Atua também na região a mEc, que é quente e possui elevada umidade, no verão
avança para noroeste, sudeste ou sul-sudeste, por influência dos sistemas depressionários do
interior do continente, chegando até a região Centro-Oeste, provocando elevação das
temperaturas, aumento da precipitação e da umidade. (BARROS, 2006)
Já no inverno, o Anticlonte Migratório Polar (AMP) provoca queda de
temperatura, ocorrendo forte evaporação, muita insolação, pouca nebulosidade e grande
amplitude térmica, caracterizando o inverno como período de estiagem. Como o AMP
sucede à passagem de frentes frias na Cordilheira dos Andes, produz uma advecção do ar
frontal, passando a região a receber ventos de nordeste a noroeste, elevando as temperaturas,
ficando o céu coberto de nuvens de convecção dinâmica com a possibilidade de chuva.
(NIMER 1979 apud BARROS 2006).
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Para Alves (2008), a classificação de Koppen para a região apresenta três climas
distintos: Cwa (temperaturas moderadas com verões quentes e chuvosos), Aw (temperaturas
elevadas, chuva no verão e seca no inverno) e Am (temperaturas elevadas com alto índice
pluviométrico), considerando que o tipo Aw prevalece em todo o Estado de Goiás. Desse
modo então se percebe os dois extremos climáticos em nossa região, um período seco e
outro chuvoso bem característicos.
Para Barros (2006) o tipo climático predominante em Goiás (Aw), “apresenta
temperatura para o mês mais frio em torno de 18° e está situado, geralmente em áreas com
cotas altimétricas abaixo de 1.000 metros”.
De acordo com Alves (2008, p. 30), pela classificação de Koopen, o clima de
Iporá é Tropical Semi-Úmido como mostra a Figura 6, em que mostra a área de abrangência
dos diferentes climas predominantes no Brasil. Já na classificação de Thornthwaite, utilizada
por Alves & Specian (2008), o clima da cidade é primeiro Úmido com moderado déficit de
água no inverno e grande excesso no verão, com pluviosidade média de 1617 mm e
temperatura média anual de 25,9ºC.
Figura 6: Mapa das regiões climáticas do Brasil. Fonte: IBGE 2010
Ao analisar a atuação das massas de ar Nimer (1966), afirma que se deve ater a
análise de todos os fenômenos naturais, não podendo nenhum deles ser compreendidos
isoladamente, avaliando todas as suas particularidades e as condições que o cercam,
podendo assim ser melhor compreendido e justificado em seus diferentes aspectos, já que os
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dados trabalhados isoladamente (genéricos) podem produzir distorções da realidade,
incorrendo em danos à análise.
2.2 – Materiais e Métodos
Para a realização da pesquisa foi necessário o uso de uma série de materiais,
sendo utilizados, cada um em seu momento oportuno, contribuindo para concretizar a
pesquisa.
2.2.1 – Materiais
• Dados das fichas do setor de emergência do HMI;
• Dados das fichas do setor de pediatria do HE;
• Software Excel da Microssoft;
• Imagens de Satélite (NOAA), CPTEC/INPE;
• Dados sobre umidade e temperatura (CPTEC/INPE), referentes ao período seco
(maio/jun/jul/2009) e período úmido (nov/dez/2009 e jan/2010);
2.2.2 – Métodos
Para compreender e avaliar a real influência do meio ambiente na saúde da
população infantil, o presente trabalho orienta-se na proposta de Barros (2006), que
investiga a relação entre os tipos de tempo e a incidência dos casos de DR no DF, avaliando
em que medida os elementos climáticos podem refletir na saúde do ser humano.
Monteiro (1971), em sua definição de ritmo climático, como sendo a expressão
da sucessão dos estados atmosféricos, mensura que os desvios dos padrões habituais podem
causar distorções na análise dos elementos, tornando relevante reconhecer que o ritmo é
essencial na compreensão dos diferentes elementos que podem influenciar na vida da
população.
Foram avaliados prontuários do setor de pediatria do HMI e do HE, ambos da
cidade de Iporá. Os dados foram analisados e correlacionados com o período climático e as
condições do tempo para o município. Também se realizou coleta de dados junto ao CPTEC/
INPE, referentes a umidade do ar e temperatura. Desse modo, foram analisados os
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procedimentos referentes a consultas hospitalares feitas em crianças de 0 a 10 anos de idade,
sendo delimitado o período de maio a julho de 2009 e de novembro de 2009 a dezembro de
2010.
Deve-se ressaltar que no HE, a pesquisa foi realizada atráves da análise da
agenda de apenas um médico pediatra4. Outro fator delimitante foi que o hospital conta com
dois profissionais nessa área, se a coleta fosse feita observando as fichas dos pacientes dos
dois médicos, a pesquisa se tornaria extensa, correndo o risco de desvio de foco.
Ao abordar os métodos utilizados, torna-se relevante mencionar que as doenças
relatadas no trabalho serão analisadas apenas quantitativamente, não entrando em detalhes
quanto a seu desenvolvimento ou possíveis tratamentos. Desse modo, as enfermidades foram
selecionadas em grupos, sendo um grupo, as DR’s5, um segundo grupo as alergias cutâneas6
e em terçeiro plano, agrupou-se todos os demais casos de enfermidades, a fim de que o foco
da pesquisa não fosse desviado
O primeiro momento consistiu em observar as anotações do controle de
atendimentos diários e a partir daí, delimitar a idade do paciente de acordo com o interesse
da pesquisa. Feito isso, partiu-se para a coleta dos dados, analisando as fichas
individualmente, tendo sido observadas um total de 825.
No HMI a metodologia inicial foi diferente. Respeitando a faixa etária
delimitada, foram analisadas as fichas das crianças atendidas no pronto socorro do hospital,
sendo analisadas um total de 1809. Outro momento foi a tabulação dos dados e a
conseqüente confecção de gráficos, feitos pelo software Excel da Microsoft.
O segundo passo foi compreender qual a dinâmica de atuação dos elementos
climáticos pra cidade, observando a temperatura e a umidade. Deve-se ressaltar a dinâmica
econômica da cidade que, por ser de pequeno porte e apresentar sua economia baseada na
agropecuária, é nítida a relevância das queimadas de pastagens, não se enquadrando no nível
de cidades industrializadas, com grande quantidade de poluentes lançados na atmosfera.
Analisando as imagens do satélite National Oceanic Atmospheric
Administration (NOAA) para a região, conforme mostram as Figuras 07 e 08, observa-se
que os meses considerados secos são os que mais concentram focos de queimada, se
4 O controle dos atendimentos é feito por meio do agendamento prévio, constando na agenda do médico
pediatra todo o fluxo de pacientes atendidos diariamente. 5 Estão caracterizadas como DR todas as doenças do trato respiratório como gripe (coriza e obstrução nasal),
pneumonia, tosse e bronquite. 6 Alergias cutâneas são aquelas em que a manifestação alérgica se dá exclusivamente na pele do ser humano
sendo por isso, mencionada separadamente das DR’s.
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comparados aos meses úmidos, com menor proporção de focos, processo que sofre queda no
período chuvoso, quando é favorecido pelo anseio de capim abundante para o gado.
Desse modo, a sazonalidade dos elementos climáticos, juntamente com a relação
da distribuição dos casos de DR em crianças de 0 a 10 anos de idade, fornecem os materiais
necessários ao estudo, que é compreender em que medida os condicionantes climáticos
podem contribuir no surgimento dos casos de doenças respiratórias.
Imagem 07: Focos de queima para o trimestre maio/jun./jul. 2009. Fonte: CPTEC/INPE, 2010.
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Imagem 08: Focos de queima para os trimestres nov./dez 2009 e jan. 2010. Fonte: CPTEC/INPE, 2010
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3 – RESULTADOS E DISCUSSÕES
Nesse capítulo serão apresentados os resultados da pesquisa realizada em dois
hospitais da cidade de Iporá-Go, o HMI e o HE. Com a análise dos tipos de enfermidades e
as condições do tempo em que elas se deram, saberemos como os condicionantes climáticos
influenciaram na saúde da população infantil.
Em um primeiro momento, avaliam-se as condições de temperatura para a região
Centro-Oeste, onde está inserida a cidade de Iporá. No trimestre maio/jun/jul/2009 é
registrado uma média de 19ºC a 22ºC, a precipitação apenas 25mm a 50 mm, como
observado na Figura 09.
Imagem 09: Temperatura e precipitação registradas para o trimestre maio/jun./jul./ 2009. Fonte:
CPTEC/INPE, 2010.
O período úmido, correspondente ao trimestre nov./dez./2009 e jan./2010, as
temperaturas variam de 21ºC a 25ºC, contudo nesse período, observa-se que as precipitações
ocorrem totalizando uma média de 700 a 800 mm, para todo o trimestre, sendo bem
distribuidos no período, como mostra a Figura 10.
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Imagem 10: Temperatura e precipitação registradas para os trimestres nov./dez./2009 e jan./2010. Fonte: CPTEC/INPE, 2010.
É importante considerar que o município de Iporá, de acordo com Alves &
Specian (2008) por ser de clima primeiramente úmido, registra períodos de moderado déficit
de precipitação no inverno e grande excedente no verão, como mostra a Figura 11,
apresentando uma pluviosidade média anual de 1617 mm, para o período de 1974-2005.
Contudo, ao analisar dados recentes, observa-se que o ano de 2009 foi um ano atípico,
registrando elevados indíces de precipitação, contrariando a média histórica. Com valores
máximos registrados de 30 mm dia 07 de maio, 50 mm dia 26, já para junho 50 mm dia 14 e
entre o dia 18 e 26 registrou-se em média 13,2 mm diários. No mês de julho houve somente
um registro, sendo dia 21, às 18:00 horas, o equivalente a 25 mm. (CPTEC/INPE, 2010)
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Figura 11: Média mensal de precipitação (deficit/excedente) para Iporá-GO – 1974/2005. Fonte: ALVES; SPECIAN, 2008.
Considerando os dados observados, fica evidente que de acordo com a média
histórica, o período proposto no trabalho (seco), realmente sofre com o déficit de
precipitação, sendo o contrário verdadeiro para os meses úmidos, com excedente hídrico,
como pode-se acompanhar pela Figura 12, variando de 120 mm em outubro a 320 mm em
janeiro. Os meses compreendidos entre outubro a abril, são os que apresentam maiores
indíces de precipitação, já os meses de maio a setembro, sofrem com o déficit, fator que
aliado às práticas de queima de vegetação para fins diversos, contribui para elevar as
temperaturas e diminuir a umidade relativa do ar na região.
0
50
100
150
200
250
300
350
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
mm
Figura 12: Média mensal de precipitação para o município de Iporá-GO – 1974/2005 . Fonte: ALVES; SPECIAN, 2008.
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3.1 - Avaliação das Doenças Respiratórias para Hospital Municipal de Iporá
Os dados provenientes da pesquisa campo foram analisados separadamente, ou
seja, para cada hospital de coleta, será feita sua análise específica, levantando questões
específicas.
3.1.1 - Período seco (HMI)
• Mês de Maio (2009) - no HMI de Iporá, foram observadas 1809 fichas de
pacientes atendidos no serviço de emergência, sendo atendidos por mês em média 301,5
pacientes para os trimestres maio/junho/julho de 2009 e novembro/dezembro de 2009 e
janeiro de 2010.
Em maio de 2009 os casos mais registrados foram de DR, onde as maiores
oscilações ocorreram nos dias 03 a 08, nos dias 10 a 14, com um pico maior no dia 18, com
acréscimo dia 26 e 27. É nítido que as DR’s ocorreram nos período de maior oscilação entre
a temperatura máxima e a mínima, evidenciando que as mudanças bruscas de temperatura
contribuem para a elevação dos casos.
Os casos registrados para maio no HMI foram num total de 314, onde 136
estavam relacionados à DR, correspondendo a 43,31% dos casos, enquanto o restante,
56,69% ficou por conta das diversas outras enfermidades atendidas no mês. Essa proporção
é muito grande, visto que esse total representa apenas um grupo de enfermidade.
É importante mencionar que o trimestre maio/junho/julho são caracterizados
como meses secos, com escassa precipitação, contudo o ano de 2009 foi atípico. A umidade
relativa do ar para maio foi bem elevada, oscilou entre 50% a 100%, para o dia 03 foi
registrada foi de 58% e já dia 05 foi de 100%, evidenciando uma grande disparidade no
número de atendimentos médicos devido a DR. Do dia 10 a 15 a umidade oscilou de 62% a
75%, e para 19 de maio a umidade do ar esteve em 81% e já para os dias 27 e 28 esteve
entre 60% e 68%, também intercalados entre temperaturas máximas e mínimas,
evidenciando a interação dos elementos naturais na análise da distribuição das doenças.
Foram registradas para o período temperaturas mínimas de 15°C e máximas em
torno dos 34°C. A Figura 13 faz uma relação entre as DR e outras enfermidades assim, tem-
se uma maior proporção desses casos em comparação a outros problemas de saúde, mesmo
aqueles relacionados a mudanças do tempo, como é o caso de algumas alergias.
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Figura 13: Enfermidades registradas para o (HMI) em maio/2009 e o registro dos valores de temperatura
máxima e mínima para a mesma. Fonte: CPTEC/INPE, 2010; SILVA, A. L. P. C., 2010.
• Mês de Junho (2009) - de acordo com a Figura 14, no mês de junho a
temperatura mínima foi de 8,5°C, já a temperatura máxima foi a 34°C. Analisando os casos
de DR, no dia 04 observou-se um pico de 07 casos e a umidade para o dia era de 45%, já a
temperatura oscilou de 9,5°C a 25,5°C. Outros dois picos ocorreram nos dias 22, 06 casos e
dia 29, tendo 07 casos registrados, observando que para os dois dias a temperatura oscilou
entre 14ºC e 33,5ºC, e 17ºC e 33ºC respectivamente.
Ocorreu no dia 17 de junho uma drástica queda no número de DR, dia em que a
umidade do ar estava em 100%. Nesse dia a temperatura mínima foi de 17°C e a máxima de
21,5°C, verificando uma súbita oscilação na temperatura máxima do dia anterior, que esteve
em 34°C.
De todos os casos registrados de consultas, 275 ao todo, 100 delas foram
referentes a algum problema respiratório, correspondendo a 36,36%, onde as demais
enfermidades chegam a 55,56% somadas.
Para os dias 04, 11 e 29 foram registrados 07 casos, 06 no dia 22, já no dia 15
houve um pico, com 10 casos registrados, apresentando para o dia temperatura mínima de
14,5°C e máxima de 32,5°C, como observado na Figura 14.
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Figura 14: Enfermidades registradas para o (HMI) em junho/2009 e o registro dos valores de temperatura máxima e mínima para a mesma. Fonte: CPTEC/INPE, 2010; SILVA, A. L. P. C., 2010.
• Mês de Julho (2009) - no que se refere ao mês de julho, os maiores picos de
DR se deram entre o dia 01 ao dia 09, de 18 a 20, 21 a 24 e novamente dia 27, 29 e 30.
Desse total, verifica-se que no dia 22 de julho houve o maior pico registrado para o mês,
apresentando 10 casos. O pico do dia 22 é marcado por temperatura mínima de 16,5ºC e
máxima de 33,5°C.
Nesse mês foram atendidos 297 pacientes, dos quais 120 estavam com queixas
de problemas respiratórios, restando num geral 177 pacientes, dos quais apresentavam
diferentes enfermidades. A proporção para os casos de DR no mês foi de 40,40%, enquanto
os demais casos ficaram com um total de 59,60%.
Esse trimestre evidencia elevados números de atendimentos por DR, se
comparadas a outras enfermidades, como observado nos gráficos 11, 12 e 13, sendo meses
secos, onde ocorrem temperaturas mais amenas e com precipitação considerável, se
comparada aos anos anteriores. Observa-se uma maior concentração de casos de DR, como
mostra a Figura 15, considerando como fatores primordiais a compreensão da amplitude
térmica apresentada em um período muito curto, além de outros fatores, como a liberação de
gases poluentes na atmosfera.
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Figura 15: Enfermidades registradas para o (HMI) em julho/2009 e o registro dos valores de temperatura
máxima e mínima para a mesma. Fonte: CPTEC/INPE, 2010; SILVA, A. L. P. C., 2010.
Grande parte dos focos de queimadas ocorreram no trimestre em questão, isso
aliado as práticas de queima para formação de pastagens, ou como forma de limpar a terra
preparando-a para o plantio, práticas comuns na região Centro-Oeste e em especial Goiás.
3.1.2 – Período Seco (HE)
• Mês de Maio (2009) - no mês de maio para o HE foram analisadas 825 fichas,
dessas foram evidenciados vários tipos de enfermidades, as quais estrão descritas como
alergias e (outras) a fim de comparação entre os casos de DR. Nos dias 04 e 05 de maio
foram registrados 05 e 06 casos respectivamente, observando-se que para o dia 05 a
temperatura mínima registrada foi de 17°C a máxima 32°C. Para o dia 08 foram registrados
07 casos sendo a mínima 15,5ºC e a máxima 33ºC, diferença considerável, que pode
contribuir para o aumento das DR, pois como mencionam Martins e Sales (2006), as
mudanças bruscas de temperatura favorecem a propagação de agentes nocivos à saúde
humana, contribuindo assim para o aumento das DR.
Para os dias 11 e 14 o número foi de 04 casos, observando-se que os eventos
acompanharam em igual escala, as baixas temperaturas. No dia 20 registrou-se 05 casos e
para o dia 22 foram 04, nos respectivos dias a umidade do ar esteve em 42% como expresso
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no anexo 1, enquanto a variação entre a temperatura máxima e a mínima foi de 14,5°C para
20/05 em 22/05 esteve em 14,5ºC a 31,5°C, variando respectivamente, ficando evidente a
contribuição da amplitude térmica na elevação dos casos de DR, o mesmo processo
ocorrendo no dia 28, onde foram registrados 06 casos.
No HE para o mês registrou-se um total de 144 casos, onde 64 deles eram
referentes a DR, totalizando 44,44%, sendo o restante caracterizado pelas diferentes outras
enfermidades, num total de 55,56%. Observa-se pela Figura 16 a distribuição dos casos de
DR’s ao longo do mês.
Figura 16: Enfermidades registradas para o (HE) em maio/2009 e o registro dos valores de temperatura máxima e mínima para a mesma. Fonte: CPTEC/INPE, 2010, 2010; SILVA, A. L. P. C., 2010.
• Mês de Junho (2009) – para o mês no HE foram registrados quatro picos bem
evidentes, variando de 05 a 08 casos de DR, o primeiro, dia 04 registrou temperatura mínima
de 9,5°C e máxima de 25,5°C, o segundo dia 05, por uma amplitude térmica de 16,5°C da
mínima para a máxima registradas. O período seguinte , com 05 casos registrados para o dia
20, correspondem igualmente a períodos com amplitude térmica elevada, no dia 17 com
diferença de 3,5°C entre a temperatura máxima e mínima. Para os dias 22 a 25 a variação foi
de 04 a 06 registros, onde a temperatura mínima variou de 12°C a 15°C e a máxima de
31°C a 33,5°C, com amplitudes bem elevadas.
Em junho o HE registrou um total de 150 atendimentos a crianças, desse total 70
casos foram referentes a DR’s, 14 relacionados a algum tipo de alergia e os demais, 66
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distribuidos entre as várias enfermidades. Desse total a proporção foi de 46,66% dos casos
para DR’s, enquanto as demais ficaram somadas com 53,34%.
Observa-se também que outros problemas de saúde são registrados no geral em
menor proporção mesmo sendo caracterizados pelo agrupamento de várias doenças (outros),
as alergias cutâneas se manifestam de maneira menos significativa nesse período, como
mostra a Figura 17, mesmo estando relacionadas a fatores como as mudanças de tempo,
como as baixas temperaturas e pouca umidade.
Figura 17: Enfermidades registradas para o (HE) em junho/2009 e o registro dos valores de temperatura máxima e mínima para a mesma. Fonte: CPTEC/INPE, 2010; SILVA, A. L. P. C., 2010.
• Mês de Julho (2009) – para o mês no HE foram registrados 164 atendimentos
no total, sendo que 71 foram DR’s, um número bem considerável se comparado a outras
enfermidades e às alergias. Os casos estão bem distribuídos ao longo do mês, acompanhando
as baixas temperaturas, ocorrendo três anomalias, dia 20 e 21 e outra dia 27. Para esse
período as DR se deram em momentos de grande amplitude térmica, onde a temperatura
variou de 14°C a 34°C para o dia 20 e 15,5ºC a 34ºC para o dia 21.
Para o HE no mês de julho todos os casos atendidos se tratavam de alguma
enfermidade típica de crianças, como gripes, resfriados, rinites alérgicas, DR’s, viroses entre
outros. Problemas diferenciados como trauma/luxação por exemplo, não tiveram ocorrência,
justificando-se pelo fato de existir no hospital um médico especialista em ortopedia. Esse
fator contrasta com o HMI, visto que na unidade existem vários casos registrados, pois o
médico do setor de emergência atende a todos os casos que chegam no pronto socorro, só a
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partir de uma análise prévia, é que esses casos específicos são encaminhandos para os
profissionais especialistas.
Do total de pacientes atendidos as DR’s representaram 43,29%, já os demais
atendimentos totalizaram 93, sendo 56,71% dos casos. Os casos de alergia somaram em 12
atendimentos no mês, como observado na Figura 18.
Figura 18: Enfermidades registradas para o (HE) em julho/2009 e o registro dos valores de temperatura máxima e mínima para a mesma. Fonte: CPTEC/INPE, 2010; SILVA, A. L. P. C., 2010.
Os registros para o trimestre (maio/jun./jul/2009) foram consideravéis no que diz
respeito a atuação dos elementos climáticos sobre a saúde da população infantil, torna-se
viável a compreensão desse dinamismo também no período chuvoso, que ao trimestre
(nov./dez/2009 e jan./2010).
De acordo com Barros (2006), ocorre para o período pouca insolação, forte
nebulosidade, diminui a evaporação, baixo teor de umidade no ar, grande amplitude térmica
e pluviosidade reduzida.
Considerando a pesquisa realizada no HMI e no HE, ficou claro que as DR
estiveram presentes em todos os meses, ocorrendo principalmente aliada a mudanças bruscas
de temperatura, sendo a mínima para o trimestre foi em junho, resistrando 9,4°C dia 04 e a
máxima registrada de 37°C dia 27 de julho. Os menores registros de DR se deram quando a
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temperatura estava baixa, para os dias 05, 06 foi 21°C e 21,5°C respectivamente, já para o
dia 27 foi 20,5°C.
3.2 – Avaliação das Doenças Respiratórias para o Período Úmido
Faz-se necessária a análise do período úmido, correspondente ao trimestre
nov/dez/2009 e jan/2010 para uma melhor compreensão da distribuição das doenças ao
longo dos períodos delimitados.
3.2.1 – Período Úmido (HMI)
• Mês de Novembro (2009) – foram atendidas no serviço de emergência, no
mês de novembro, um total de 255 crianças de 0 a 10 anos de idade, onde 97 pacientes
foram atendidos por causas relacionadas a DR, totalizando 38,03% e as demais procuras por
consultas por variados motivos somaram 158 pacientes, sendo ao todo 61,97%.
O número de enfermidades totais foi muito elevado, contudo é importante
considerar que a distribuição dos casos ao longo do mês, evidencia que a presença das DR’s
foi elevada, seguida pelas alergias que tiveram menor proporção. As DR se manifestaram
em quatro momentos distintos, em picos que variaram de 07 a 08 casos, já as outras
enfermidades juntas, chegaram ao número de 11 atendimentos ao dia.
A proporção de atendimentos relacionados a DR ainda foi grande como
observado na Figura 19, mesmo sendo novembro um mês úmido, isso pode-se dar pela
transição sentida de um período seco para um úmido, onde a temperatura mínima registrada
foi de 20ºC e a máxima 38,5ºC.
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Figura 19: Enfermidades registradas para o (HE) em novembro/2009 e o registro dos valores de temperatura
máxima e mínima para a mesma. Fonte: CPTEC/INPE, 2010; SILVA, A. L. P. C., 2010.
• Mês de Dezembro (2009) - o mês de dezembro registrou 338 atendimentos,
sendo que 116 destes foram relacionados a DR, e 90 outras enfermidades agrupadas. As
alergias somaram 34 casos. O mês apresentou variação de 01 a 12 casos de DR, sendo o
maior registro dia 16/12, período antecedido por temperaturas amenas pra cidade, em torno
de 20°C a 19°C no mínimo e máximo de 31,5°C a 34,5°C. A umidade foi bem elevada
praticamente todo o mês, tendo seu menor registro no dia 02 de dezembro, com 25%, e para
o restante do mês em média 88%.
Considerando todos os registros de atendimentos para a faixa etária delimitada, o
mês de dezembro apresentou, no HMI um total a de 34,31% para as DR e 65,69% para os
demais problemas, desconsiderando nessa porcentagem a atuação das alergias cutâneas,
como mostra a Figura 20. Desse modo para o referido período, constatou-se que mesmo com
o elevado número de atendimentos referentes as anomalias respiratórias, o montante das
demais enfermidades, acabou resultando em maior procura por atendimento médico para o
mês, evidenciando que para o período a procura se dá em proporção menor, se comparado
aos dados do período seco. Para o mês a temperatura mínima registrada foi de 19ºC e
máxima de 36ºC.
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Figura 20: Enfermidades registradas para o (HE) em julho/2009 e o registro dos valores de temperatura
máxima e mínima para a mesma. Fonte: CPTEC/INPE, 2010; SILVA, A. L. P. C., 2010.
• Mês de Janeiro (2010) - Os registros para o HMI para o mês de janeiro de
2010, foram de 331 atendimentos desses, 114 estavam relacionados a algum tipo de DR, 20
casos relacionados a alergias cutâneas e o restante distribuído entre várias outras
enfermidades. Desse total de 331 atendimentos apenas 34,44% estão relacionados a DR, os
demais casos somam um total de 65,56%.
As DR’s registradas ocorreram em maior número no dia 02, totalizando 10
casos, e apresentando números consideráveis em todo o mês. A umidade variou de 100% a
40%, registrando para o dia 29/01 apenas um atendimento por DR. A temperatura mínima
variou de 19,5°C a 21,5°C e a máxima de 23°C a 36°C, as maiores altas se dando do dia 09
ao dia 22/01.
As DR’s se apresentaram nitidamente nos momentos em que a temperatura
esteve mais amena para o mês, apresentando dois picos bem distintos no início do mês,
sendo 09 e 10 casos para os dias 02 e 04, como mostra a Figura 21.
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Figura 21: Enfermidades registradas para o (HE) em julho/2009 e o registro dos valores de temperatura máxima e mínima para a mesma. Fonte: CPTEC/INPE, 2010; SILVA, A. L. P. C., 2010.
3.2.2 – Período Úmido para o (HE)
• Mês de Novembro (2009) – ao analisar os dados referentes ao HE para o mês
de novembro, evidenciam-se grandes concentrações de DR ao longo do período, casos que
se apresentam entre episódios de elevadas temperaturas. O maior número de casos ocorreu
no dia 13, sendo registrados para o dia, 08 atendimentos.
No dia 13, maior foco, a temperatura mínima foi de 21,5°C e máxima de
34,5°C,com amplitude térmica de 13ºC. O HE registrou para o mês de novembro 202
atendimentos, sendo 72 referentes a DR. correspondendo a um total de 35,64% dos casos e
as demais consultas totalizando 64,36%, distribuidos entre várias enfermidades.
Para o mês as DR se apresentaram em menor proporção se comparado aos
períodos anteriores, ficando evidente a atuação das condições do tempo na incidência dos
casos,contudo se comparado às distribuição das demais enfermidades ao longo do mês, as
DR estão sempre presentes e de forma bem distribuida. Contudo, as outras enfermidades se
apresentam de forma mais acentuada, com maior proporção nos casos, como observado na
figura 22.
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Figura 22: Enfermidades registradas para o (HE) em novembro/2009 e o registro dos valores de temperatura máxima e mínima para a mesma. Fonte: CPTEC/INPE, 2010; SILVA, A. L. P. C., 2010.
• Mês de Dezembro (2009) - quanto aos casos observados no HE para o mês,
foram atendidas 161 crianças, das quais 36 apresentaram algum tipo de DR, 19 apresentaram
alergias e os demais casos distribuídos entre variadas enfermidades. Assim, fazendo uma
comparação, dos casos totais apenas 22,36% estão inseridas nos casos de DR, todas as
demais enfermidades juntas somam 77,64% dos problemas.
A umidade para o mês foi alta, devido ser um período marcado por constantes
precipitações. A temperatura registrou mínima de 19°C e máxima de 36°C, observando que
houveram dois picos de DR, um para o dia 01 e outro para o dia 22, estando a umidade para
o primeiro pico em 64%, a temperatua mínima 21,5°C e a máxima 27,5°C, para o segundo
apresentando 83%, a temperatura mínima 20°C e a máxima 34°C.
O hospital não teve registros do dia 24/12 ao dia 31/12, devido o recesso de fim
de ano, período em que geralmente os pacientes também deixam de procurar atendimento
médico, o fazendo apenas em casos extremos de urgência ou emergência. As temperaturas
no geral foram elevadas, apresentando mínimas de 19°C e máximas de 36°C. A proporção
das DR’s foi equiparada a das alergias como exposto na Figura 23, que forma a segunda
causa de enfermidades, com 19 casos.
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Figura 23: Enfermidades registradas para o (HE) em dezembro/2009 e o registro dos valores de temperatura máxima e mínima para a mesma. Fonte: CPTEC/INPE, 2010; SILVA, A. L. P. C., 2010.
• Mês de Janeiro (2010) - observando os dados do HE, tem-se um total de 221
atendimentos, dos quais 44 estão entre as DR, seguidos de alergias, com 49 casos e as
diversas outras doenças num total de 128 registros. Desse modo, 19,90% dos atendimentos
foram relacionados a DR e os demais, 80,10% distribuídos entre as diferentes outras
enfermidades para o mês de coleta de dados.
Do dia primeiro de janeiro de 2010 ao dia 07 do mês, não houveram registros de
atendimento. Os casos mais registrados foram para o dia 08, 11 e 12, somando de 05 a 07
atendimentos relacionados a DR’s.
A temperatura mínima registrada foi 19,5°C e a máxima de 37°C, como
observado na Figura 22, estando os maiores indíces de temperatura entre os dias 09 a 21 e 26
a 28. Já a umidade esteve em 82%, 64%, 73%, 100% e 80% respectivamente. As DR’s
estão praticamente na mesma proporção que as alergias, ocupando juntas menos atuação
para o período, sendo as demais enfermidades mais representativas para o mês.
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Figura 24: Enfermidades registradas para o (HE) em janeiro/2010 e o registro dos valores de temperatura máxima e mínima para a mesma. Fonte: CPTEC/INPE, 2010; SILVA, A. L. P. C., 2010.
Considerando a pesquisa realizada nos dois hospitais da cidade de Iporá, o HMI
e o HE, constatou-se que para o trimestre maio/jun/julho/2009 a proporção de atendimentos
de DR foi muito elevada se comparada às demais enfermidades, totalizando 43,89% dos
atendimentos enquanto os demais atendimentos somaram 56,11% dos casos.
Observa-se que para o trimestre nov/dez/2009 e jan/2010 a média de
atendimentos dos dois hospitais foi de 30,78% casos de DR’s, enquanto as demais
enfermidades somaram 69,22% dos pacientes atendidos, evidenciando que alguns extremos
climáticos afetam de forma direta na saúde humana. (AYOADE, 1986 p. 290).
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4- Considerações Finais
A compreensão dos elementos climáticos foi essencial ao analisar o
desencadeamento das enfermidades relacionadas ao trato respiratório, já que a atuação da
temperatura máxima e mínima, sua variação, aliado ao tempo seco ou úmido, propiciaram a
elevação do número de casos. Para os trimestres referidos, os resultados encontrados
serviram para confirmar os questionamentos existentes, mostrando que realmente a atuação
do clima tem influência direta na saúde da população infantil.
Para os três primeiros meses, caracterizados como secos, as temperaturas amenas
e a amplitude térmica muito elevada, contribuiram para elevar o número de atendimentos
hospitalares para as DR’s, entendendo que a proporção dos casos, foi significativamente
grande, se comparada ao número dos demais atendimentos, mesmo sendo estes distribuídos
em vários tipos de enfermidades. Concluiu-se para o período seco um total de 56,11% de
atendimentos a vários enfermidades e para as DR registrou-se o equivalente a 43,89% de
atendimentos.
Avaliando os meses úmidos, entende-se que a proporção de casos de DR foi
menor se comparada ao período seco contudo, foi considerável a atuação das DR na saúde
da população infantil, já que esteve presente em todos os momentos. Para o trimestre foram
registrados um total de 69,22% de atendimentos por motivos diversificados, já a proporção
para as DR foi de 30,78%.
Assim, reconhece-se a atuação direta dos elementos climáticos sobre a
população, entendendo que a atuação da humanidade no meio ambiente causa diversos
danos à natureza, contudo, deve-se compreender que as alterações resultantes desse
processo, são sentidas pelo próprio ser humano, porém, não há um reconheçimento desses
maléficios de modo a promover uma mudança de atitude na população e nas grandes
empresas capitalistas, que são umas das maiores causadoras de danos ao meio ambiente.
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48
REFERÊNCIAS
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51
ANEXOS
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52
ANEXO I
TABELA - UMIDADE RELATIVA DO AR PARA IPORÁ-GO (%)
DIA MAIO./2009 JUN./2009 JUL./2009 NOV./2009 DEZ./2009 JAN./2010 01 58 68 62 73 64 100
02 60 62 48 66 25 100 03 58 61 69 74 100 78
04 71 45 53 71 92 62 05 100 60 38 97 100 63
06 78 60 52 83 100 72 07 55 49 49 58 100 90
08 55 50 52 96 100 95 09 60 72 62 73 75 82
10 70 68 52 71 100 82 11 62 69 54 100 66 100
12 68 78 68 75 59 75 13 62 82 50 75 84 77
14 67 68 52 72 84 69 15 75 52 50 75 80 84
16 85 93 49 62 89 78 17 79 100 43 55 70 83
18 80 80 49 50 85 63 19 81 75 45 60 65 67
20 68 65 42 86 50 62 21 62 62 43 67 100 64
22 61 50 42 83 83 80 23 62 49 50 72 75 100
24 65 52 68 87 59 80 25 68 62 90 61 78 79
26 92 59 56 68 83 73
27 60 78 63 69 100 100 28 68 70 60 61 99 80
29 58 65 42 88 94 40 30 50 51 57 97 91 96
31 68 46 88 83 Quadro 1: Umidade relativa do ar para Iporá-Go. Fonte: CPTEC/INPE, 2010.
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53
ANEXO II
TABELA – TEMPERATURA MÁXIMA PARA IPORÁ-GO (°C)
DIA MAIO./2009 JUN./2009 JUL./2009 NOV./2009 DEZ./2009 JAN./2010 01 34,5 32,5 33,5 35 27,5 31,5
02 33,5 29,5 33,5 31 32 28,5 03 33 27 33,5 32 31 29,5
04 32,5 25,5 33,5 32,5 27,5 33,5 05 32 30,5 33 33 30,5 35,5
06 30,5 34 33 30,5 30,5 36,5 07 33 33,5 33,5 32 23,5 33,5
08 33 33 33 34 23 33,5 09 33 32,5 31 33 28 31
10 34 31,5 32 34,5 32 31 11 34 31 32,5 35,5 31 34
12 34 33,5 32 31 31,5 31,5 13 34 33,5 29 34,5 34,5 34
14 34 29,5 34,5 35 32,5 32,5 15 31,5 32,5 33,5 34 31,5 35
16 30,5 34 35,5 34,5 33,5 34 17 27 21,5 34,5 38,5 33 35
18 32 26,5 33,5 38,5 34 36,5 19 33 31 34 37 33,5 37
20 30,5 33 34 35,5 35 35 21 30,5 32 34 31,5 34,5 36
22 31,5 33,5 33,5 31 34 34,5 23 31,5 31 33,5 34 35,5 31,5
24 32,5 32 35 35,5 33,5 29,5 25 32,5 33,5 33,5 32 36 31,5
26 32 33,5 33 33,5 32 32
27 33,5 34 37 32,5 32 33,5 28 33 34 35,5 33 27 31
29 34 33 35,5 35 29 30,5 30 33 33,5 35,5 35 28 32,5
31 34 36 32,5 34,5 Quadro 2: Temperatura Máxima para Iporá-Go. Fonte: CPTEC/INPE, 2010.
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54
ANEXO III
TABELA – TEMPERATURA MÍNIMA PARA IPORÁ-GO (°C)
DIA MAIO./2009 JUN./2009 JUL./2009 NOV./2009 DEZ./2009 JAN./2010 01 17 17,5 15 21,5 21,5 21,5
02 16 13,5 14,5 21 20,5 21,5 03 15 8,5 13,5 21,5 21 21
04 16 9,5 13,5 22 21 21 05 17 14 14 21 21 21
06 15,5 16,5 14 21,5 21,5 21 07 15 13,5 15,5 21 20,5 21,5
08 15,5 13 16,5 20,5 21 21,5 09 16,5 18 15,5 21,5 21,5 20,5
10 19,5 15,5 15 22 20 19,5 11 19 15,5 17,5 21 21 20,5
12 18,5 17 16 20 20 20 13 17,5 16,5 14 21,5 21,5 21,5
14 17,5 14 17 22,5 21,5 21 15 20 14,5 17,5 23,5 21 21,5
16 20 15,5 17 21 19 21 17 17 17 18 22,5 21,5 21,5
18 17 15 14,5 22 19,5 21 19 18 15 14,5 22 21 22,5
20 16,5 15,5 14 21 20,5 19,5 21 15,5 17,5 15,5 22 20,5 21,5
22 14,5 14 16,5 22 20 20,5 23 14 12 15 22 20,5 20,5
24 16,5 13,5 18,5 21 20,5 20,5 25 17,5 15 15 22 22 22
26 17 17 16 20,5 21 21
27 18 17,5 18 20,5 21,5 22 28 17,5 16,5 17,5 21 21,5 21
29 15 17 15 22,5 21,5 21 30 16 16 15,5 21,5 21,5 21
31 18,5 16 21,5 21,5 21,5 Quadro 3: Temperatura Mínima para Iporá-Go. Fonte: CPTEC/INPE, 2010.
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