Concurso 6ºRedação de - Centro Educacional Charles Darwin - · 6 ºde Redação Concurso. CENTRO...
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Dezembro - Ano 2006Dezembro - Ano 2006
vastaselva
paraler
leva para verressaltapara ser.
estas letras
º6 de
Redação
Concurso
CENTRO EDUCACIONAL CHARLES DARWIN
DEZEMBRO DE 2006
Coletânea de Redações
Os dez vencedores do 6º Concurso de Redação
Certas Palavras
COMENTÁRIOS:
Profº Jorge Nascimento
Professor da UFES de Literatura
Departamento de Línguas e Letras
DIRETORES Adriano Pratti PissarraAlice Zouain F. Simoni
Edson dos SantosFabrício Henrique S. Silva
Helder J. Telles de Sá João Carlos Carvalho dos Santos
Jociel Moreira HemerlyJony Jones M. e Mota
Lucihel Wagner Sarmento CostaMércia Maria Pimentel Lemos
Ricardo Gonçalves de AssisRoberto Daróz
Silvio Pantaleão
COORDENAÇÃO Ana Paula Gomes de Oliveira
Roberto Colombi Gava
EDITORAÇÃO E DIAGRAMAÇÃO
Eloá Simões Souza Ribeiro
REDAÇÃO
R. Desemb. Vicente Caetano, 116Mata da Praia - Vitória - E.S.
Tel.: (27) 3225-9699
EDITADO POR Centro Educacional Charles Darwin
CNPJ: 36.049.104/0001-38Tiragem: 2000 exemplares
Expediente
Quando se pede a alguém que disserte por escrito sobre um determinado
tema, espera-se um texto em que sejam expostos e analisados, de forma
coerente, alguns dos aspectos e argumentos envolvidos na questão
tematizada. Não há escrita sem leitura, sem reflexão, sem a adoção de um ponto
de vista e, pode-se mesmo dizer, sem um desejo, por parte de quem escreve, de se
manifestar a respeito de um determinado tema.(Reprodução parcial do trecho que faz parte do fascículo Vestibular Unicamp:
Redação. Disponível em http://www.convest.unicamp.br/vest99/redacao/item3.html)
SELECIONAR, JULGAR, CLASSIFICAR. Como ser coerente e
prático ao lidar com atos de escrita de sujeitos-aprendizes aprisionados por
coletâneas, números de linhas, temáticas, regras pré-estabelecidas, tamanhos
de letra?
Porém, apesar do processo de massificação a que estão submetidos os
pretendentes a uma vaga na Universidade, o que notei, na leitura e seleção dos
textos, foi como as visões pessoais interagem com as especificidades condicio-
nantes na tentativa de produzir um texto autoral. A tal processo poder-se-ia
juntar o ideal de ser producente dentro das próprias condições dadas.
Professor Dr. Jorge Nascimento(Graduação, Mestrado e Doutorado pela UFRJ)
Professor da UFES de Literatura
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Concurso de Redação - Certas Palavras 2006Concurso de Redação - Certas Palavras 2006
Escrita e criação, sociedade e lugar-comum
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Sabe-se que as amarras temáticas, contextuais, de estrutura e também as
formais vão interferir na produção de um texto que é submetido a uma tipologia
– a redação de Vestibular -, além da consciência de que há “coisas” que devem
ser evitadas dentro da produção padronizada pedida – um texto dissertativo.
Dentro do cerceamento natural provindo deste tipo de exercício criativo –
e escrever deveria sê-lo -, surgem textos que, apesar de uma pseudo-
homogeneização, buscam “marcar” a escritura através da personalização, o
que não é tarefa fácil.
Assim sendo, buscou-se nos textos apresentados, além daquilo que se
espera de uma redação para Vestibular: coesão, coerência, adequação ao tema,
etc., perceber como os alunos tentaram ser eles mesmos, dentro das especifici-
dades que margeiam a produção de um texto de natureza especificada
previamente.
Assim, depois de várias leituras, chegou-se às dez redações aqui
apresentadas e comentadas. Dentro dos limites impostos à criatividade, é
notável nos textos, em maior ou menor grau, a busca por expressão pessoal,
ainda que dentro das margens da contextualização e das fórmulas aprendidas.
A escolha dos dez classificados (e a própria ordem de classificação),
pessoal como muitas escolhas na vida, deveu-se ao fato de que, no meu
entender, nos textos escolhidos, o processo comunicativo inerente à escrita deu-
se de forma satisfatória, os elos entre emissores e decodificadores buscaram
solidez e coerência, as normas estruturais foram respeitadas e, além de tudo,
evidenciou-se a busca, através da escrita, de inscrever-se no mundo das idéias e
dos ideais.
Talvez, ideologicamente, o que se nota, através da análise dos procedi-
mentos de construção textual dos alunos, seja parte de um processo que reflete
as relações sociais no mundo contemporâneo. Ou seja, como sermos nós
mesmos, emitirmos opiniões e fazermos julgamentos, num mundo que parece
querer homogeneizar corpos, preconceitos, vestimentas e atitudes? Como ser
criativo e pessoal num mundo em que verdades aceitáveis e falsas essências são
transformadas em territórios protegidos pelas estratégias do lugar-comum?
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Conheça os vencedores:
Autor: Franco Veronez Ribeiro - 3ºM2
@ Primeiro Lugar Unidade: Jardim da Penha
Autor: Saullo Queiroz Silveira - 3ºI2
@ Segundo Lugar: Unidade: Jardim da Penha
Autor: Yasmim Bolzan Marinho - 2ºB@ Terceiro Lugar
Unidade: Cachoeiro de Itapemirim
Autor: Talita Denadai Moreira - 2ºC@ Quarto Lugar:
Unidade: Vila Velha
Autor: Bianca Passos Arpini - 3ºM1@ Quinto Lugar
Unidade: Campo Grande
Autor: Clara Pacheco Santos - 1ºA@ Sexto Lugar:Unidade: Jardim da Penha
@ Sétimo Lugar Autor: Andressa Barboza Félix - 2ºL
Unidade: Jardim da Penha
@ Oitavo Lugar: Autor: Rodrigo Miranda Vieira - Pré-Vestibular
Unidade: Guarapari
@ Nono Lugar Autor: Marília Sarmento Borges - 2ºM
Unidade: Jardim da Penha
@ Décimo Lugar: Autor: Renan Bittencourt Sarcinelli - 3ºM2
Unidade: Jardim da Penha
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Primeiro Lugar
Aluno: Franco Veronez Ribeiro
Unidade: Jardim da Penha
Série e Turma: 3ºM2
O caos da segurança pública no estado de São Paulo impressiona todo o país:
a sociedade sente-se visivelmente ameaçada e impotente diante das
dimensões que a violência urbana atingiu nessa região. Os ataques
armados a diversas instituições públicas promovidas por grupos criminosos
poderosíssimos refletem a falência do Sistema Penitenciário, o descaso
governamental e o fortalecimento do crime organizado.
A problemática paulista é complexa: a carência de investimentos públicos nos
setores sociais marginalizou uma grande parcela da população. A miséria, a fome e
o desemprego foram, então, precursores da atual violência. Aos poucos, estruturou-
se o Tráfico de Drogas e armas. Grupos criminosos, como o Primeiro Comando da
Capital (PCC), passaram a ter influência e controle sobre regiões socialmente
excluídas. Simultaneamente, a Polícia se corrompeu a ponto de ficar menos potente
que o próprio crime. Além disso, o Sistema Penitenciário tornou-se ineficiente: com
uma deficiente infra-estrutura, o caráter ressocializador cedeu a desrespeitos aos
direitos humanos, como, por exemplo, agressões aos detentos. As rebeliões,
portanto, fizeram-se freqüentes. Somada a esses fatores, a comunicação entre os
presídios por meio de aparelhos celulares agrava ainda mais a situação.
Assim sendo, a simples instalação de bloqueadores de sinal telefônico nas
penitenciárias, ou o melhor armamento da Polícia ou até mesmo a transferência de
presos para presídios de segurança máxima, como proposto pelo governo, não são
suficientes para solucionar os entraves da Segurança Pública paulista e também
nacional. É de caráter emergencial a adoção de políticas de inclusão social,
educação, saúde, moradia e emprego para as comunidades marginalizadas. O
combate aos tráficos de drogas e armas também deve ser privilegiado, uma vez que
desestrutura o crime e desmantela facções criminosas. Além disso, amplos
investimentos devem ser feitos no Sistema Penitenciário, tornando-o mais justo,
humano e de acordo com a Legislação. Somente a partir de tais medidas, será
possível promover a paz em São Paulo e no Brasil.
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Comentário do Professor:
Tratando do tema da violência urbana a partir dos distúrbios promovidos pelo
PCC em São Paulo, a redação de Franco Veronez Ribeiro está bem
estruturada e clara.
No primeiro parágrafo, o autor descreve o quadro caótico em que se encontra a
maior cidade do Brasil, contextualizando o fato à impotência da sociedade.
No segundo parágrafo, o texto desenvolve, centralizado no problema específico
do sistema prisional, um pequeno histórico, buscando as causas que levaram à atual
situação. Devido ao pequeno espaço textual, à falta de repertório ou ao pouco
aproveitamento da coletânea, o texto apresenta uma generalização das causas,
citando a miséria, a fome e o desemprego e omitindo causas externas, como, por
exemplo, o processo de empobrecimento das Nações periféricas e o jogo de interesses
macroeconômicos e o tráfico internacional de drogas e de armas.
No terceiro e último parágrafo, a redação descreve as soluções paliativas e
emergenciais tomadas pelos governantes - como instalação de bloqueadores de sinal
para celulares e transferências de detentos para presídios de segurança máxima - e
aponta para a possibilidade de medidas profundas e urgentes a serem tomadas para a
utópica promoção da paz.
É notável a adequação do vocabulário utilizado no tratamento do tema e a
construção textual através de uma estrutura simples e coesa, além da correção
gramatical e da clareza promovida através do domínio das estruturas lingüísticas.
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Segundo Lugar
Aluno: Saullo Queiroz Silveira
Unidade: Jardim da Penha
Série e Turma: 3º I2
O voto não deve ser obrigatório. Tal princípio baseia-se em um dos alicerces fundamentais da democracia: a liberdade, que deve manifestar-se inclusive no que diz respeito a exercer ou não o inviolável direito do voto. É notório,
porém, que a população brasileira ainda não está preparada para conviver com tal escolha.
A democracia participativa da Grécia antiga é muito díspar do modelo representativo em vigor na contemporaneidade e que tem seus primórdios na França revolucionária do século XVIII. Porém, a obrigatoriedade vivida na pólis grega ainda perdura em muitos países, em especial nos subdesenvolvidos, a despeito do vislumbrado em nações ditas desenvolvidas. É importante ressaltar que tal realidade está intimamente relacionada ao baixo nível de escolaridade e à falta de consciência política vislumbrada no bloco das nações mais pobres, pois o direito de abster-se do voto poderia causar o desinteresse maciço pelas eleições. Além disso, a desigualdade social poderia conduzir a uma elitização da política, pois a minoria votante seria aquela mais organizada e informada, conforme o afirmado pelo sociólogo, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Emir Sader. Por outro lado, a obrigatoriedade conduz à formação de currais eleitorais conduzidos pelo capital eleitoreiro usado para corromper a população pobre.
O desprestígio da política brasileira devido à corrupção é um agravante para a dificuldade de instituir-se o voto facultativo. Isso se verifica pelo fato de que o número de votos brancos e nulos tem aumentado substancialmente a cada eleição; logo, uma imediata mudança na lei eleitoral poderia minar por completo a participação popular nas eleições. É preciso repensar a ética partidária para com isso aglutinar pessoas de ideologias afins sob uma mesma legenda.
Desse modo, conclui-se que, embora o voto facultativo seja o mais recomendá-vel para uma democracia, o Brasil tem que realizar profundas mudanças sociais, como aumentar a distribuição de renda, a educação e a consciência política antes de implantá-la. Além disso, é preciso moralizar a política brasileira, para recuperar seu prestígio e atrair a população para o voto.
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Comentário do Professor:
Aredação de Saullo Queiroz Silveira tem como temática a polêmica
questão do voto obrigatório e a possibilidade de instituição do voto
facultativo no Brasil. A primeira frase, taxativa, deixa clara a opinião
do autor: O voto não deve ser obrigatório, e continua argumentando que tal opinião é
conseqüente do fato de que deve ser respeitado um dos alicerces fundamentais da
democracia: a liberdade. Porém, antiteticamente, o texto diz que a população
brasileira não está preparada para tal escolha. A partir dessa dualidade, a
argumentação é desenvolvida, com o apoio de dados da história do desenvolvimento
da democracia, citando os gregos e a França revolucionária do s. XVIII.
Assim, o texto desenvolve sua argumentação, costurando dados históricos e
citando a opinião do sociólogo da UERJ Emir Sader. Dessa forma, a redação
apresenta uma variedade argumentativa embasada e muito bem diluída no discurso
do autor, demonstrando um bom aproveitamento da coletânea. O fato de haver
muitos votos brancos e nulos nas eleições é utilizado como dado que reitera a
possibilidade de diminuição de participação política com a possibilidade do fim do
voto obrigatório.
Repleto de referências pertinentes, apesar de um problema de coesão, e um
excesso de informações no espaço de seis linhas no penúltimo parágrafo, o texto
demonstra maturidade e um ótimo aproveitamento das informações colhidas
anteriormente à sua construção.
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Terceiro Lugar
Aluno: Yasmim Bolzan Marinho
Unidade: Cachoeiro de Itapemirim
Série e Turma: 2ºB
DDe acordo com a Carta Magna, a segurança é tida como dever do Estado. Infelizmente, isso se opõe bruscamente à realidade em que hoje se encontra o Brasil, que vive uma crise generalizada no sistema
carcerário. O problema é preocupante em todos os sentidos, tanto para os detentos, quanto para a família ou qualquer outro cidadão comum.
Cronicamente, o objetivo de isolar um praticante de ilícitos criminais é fazer com que ele se regenere, tornando posteriormente possível a reintegração do mesmo na sociedade, sem que ele volte a demonstrar atitudes criminais.
Porém, as condições do sistema penitenciário brasileiro não fazem cumprir seus deveres, uma vez que sua falência é claramente percebida. As celas encontram-se sujas e superlotadas; a ausência de práticas laborativas acentua a inutilidade social sentida pelo detento e a morosidade da justiça gera quebra de expectativas. A mistura de detentos de diversos níveis, transforma os presídios em verdadeiras escolas do crime, em que os mais fracos estão submetidos aos mais fortes; numa indesejável relação com o Evolucionismo de Charles Darwin. Além disso, as baixas remunerações dos funcionários dos cárceres intensifica a corrupção e a impunidade, facilmente identificados em se tratando dos setores de justiça do Brasil.
Detentos utilizando aparelhos celulares, por exemplo, na maioria das vezes, não recebem as punições necessárias. E são em falhas como esta que grandes catástrofes acontecem; ao exemplo do último Dia das Mães, em que São Paulo sofreu, em diferentes focos, atentados de grupos criminosos organizados. Através destes aparelhos — verdadeiras armas disfarçadas —também se ameaçam várias famílias com falsos seqüestros, minuciosamente esquematizados, em que, na maioria das vezes, conseguem obter das vítimas, dinheiro ou cartões de celular, para poderem expandir suas redes de domínio criminal e do tráfico de drogas em todo o país.
É necessário um imediato basta à situação. O atual governo brasileiro admitiu uma falha no sistema educacional do país, o que gera uma maior população desempregada, e conseqüentemente, maior tendência à marginalização.
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Comentário do Professor:
O texto de Yasmim Bolzan Marinho trata da situação do sistema carcerário
brasileiro e seus desdobramentos na violência urbana. O texto inicia-se com
a citação à Carta Magna - nossa Constituição - que diz que a segurança é
dever do Estado, e continua afirmando que , na prática, tal fato não se dá, dada a
crise do sistema prisional.
Trata-se de um texto bem estruturado, obediente às normas e desenvolvido com
acuidade, apresentando argumentos pertinentes, o que demonstra bom
aproveitamento do repertório textual motivador da redação (aproveitamento da
coletânea). Aponta, também, uma série de fatores que levam à inutilidade social do
detento e à superpopulação carcerária, como a ausência de práticas laborativas, e a
morosidade da justiça. Tal enumeração e a descrição dos atos ilícitos cometidos e/ou
sofridos dentro das cadeias são a base argumentativa do terceiro e quarto parágrafos.
No último e conclusivo segmento do texto, a autora utiliza uma frase ufanista e
retórica - É necessário dar um imediato basta à situação - e não apresenta possíveis
propostas para o enfrentamento da situação, limitando-se, mais uma vez, a apontar
as causas do problema, como o fato de o governo (?) - estadual (?), federal (?) -
admitir uma falha no sistema educacional do país (...) que gera uma maior população
desempregada e, conseqüentemente, maior tendência à marginalização.
São notavelmente positivos, no texto, a estruturação e o desenvolvimento
argumentativo, a utilização de expressões convenientes e o uso de um léxico
adequado.
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Obviamente, estas são algumas das causas, surgindo paralelamente um menor investimento nos presídios. Esqueceram-se, entretanto, de mencionar que o grande gerador desse “Efeito dominó” é o próprio Estado, ausente; e de manifestar preocupação, tomando medidas imediatas para ao menos, amenizar tal problema.
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Quarto Lugar
Aluno: Talita Denadai Moreira
Unidade: Vila Velha
Série e Turma: 2ºC
Bacharéis do Crimeindubitável o fato de que o sistema prisional brasileiro encontra-se defasado, ineficaz e com profundos problemas estruturais. São flagrantes as mazelas que viajam no âmbito penitenciário, tais como a superlotação, ociosidade e
má administração. Ante ao degradante cenário a que chegamos, não é de se surpreender que os freqüentes e atemorizantes ataques ocorridos na quarta maior cidade mundial — promovidos pelo PCC —, tenham adquirido dimensões imensuráveis. Isso tudo, no entanto, apenas demonstra a inércia do Estado ante as questões de segurança pública.
O sistema penal do país convive com um paradoxo: como promover a reeducação dos reclusos, visto que, nas prisões, nem mesmo os Direitos Humanos são garantidos? Os detentos vivem em condições desumanas, expostos a todos os tipos de males, tanto de caráter físico, quanto de cunho psicológico. O “maio sangrento” — como ficou conhecida a série de ataques preconizados pelo Primeiro Comando do Capital — é o maior exemplo de como as cúpulas governamentais só começam a se preocupar com este degradante cenário, quando a situação adquire proporções alarmantes e incontroláveis. Afinal, a facção criminosa em questão conseguiu a façanha de fazer da cidade de São Paulo uma frágil refém. A violência com que grupos como esses vêm agindo, é reflexo das péssimas condições a que estão submetidos; é o espelho de uma sociedade igualmente desestruturada e desigual. Diante disso, torna-se perceptível que o sistema penitenciário brasileiro não cumpre e nem é garantia de ressocialização dos detentos, muito pelo contrário. O ambiente a que estão submetidos, apenas fomenta a degradação humana e moral destes indivíduos.
São cada vez mais nítidos o desrespeito às leis e a submissão às regras. Grande parte dos presos desafiam o poder das autoridades, utilizando-se de um intrincado mecanismo de comunicação entre presídios e aliados externos. Isso, porém, constitui-se em verdadeiras armas para a difusão da criminalidade, contrastando-se com a impotência e incapacidade de controle por parte do Poder
É
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1313
Comentário do Professor:
A redação de Talita Denadai Moreira, que tem como título Bacharéis do
crime, também aborda o tema da crise do sistema carcerário, tomando
como ponto de partida os ataques promovidos pelo PCC em São
Paulo. Partindo de um pressuposto básico: a defasagem e ineficácia do modelo de
prisões brasileiras, o texto é desenvolvido sem distanciamento de tal proposição
inicial.
Após a apresentação feita no primeiro parágrafo, a autora, nos dois parágrafos
subseqüentes, descreve as causas da falência do sistema, enumerando uma série de
fatos diários e degradantes ocorridos nas prisões brasileiras. Embora sem apontar
possíveis soluções para os problemas descritos, a argumentação da autora — ainda
que a partir de argumentos pouco específicos que demonstram uma certa ingenuidade
ou pouco aproveitamento das informações da coletânea — aponta saídas possíveis
para a construção de uma sociedade mais justa e pacífica. Se, a nível argumentativo,
o texto deixe a desejar, e apesar da utilização de uma retórica que, às vezes, tende ao
clichê (como por exemplo, As prisões tornaram-se potentes barris de pólvora), por
outra parte, o texto desenvolve com clareza e pessoalidade o tema proposto.
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Público. As prisões tornaram-se potentes barris de pólvora, prestes a detonar. É inegável, portanto, que os cárceres ao invés de formarem pessoas aptas à convivência externa, vêm formando verdadeiros bacharéis no crime.
Dessa forma, urge a necessidade de que haja uma verdadeira reforma penal em todo o país. Ante a essa indignante situação, é indiscutível a urgência em serem efetivadas medidas a longo prazo aliados às medidas emergenciais. A triagem dos presos, a fim de separá-los dos reclusos de alta periculosidade, o aumento da pena para os presidiários que utilizarem celular, dentre muitas outras, são de inegável relevância para que iniciemos a construção de uma sociedade mais justa e pacífica.
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Quinto Lugar
Aluno: Bianca Passos Arpini
Unidade: Campo Grande
Série e Turma: 3ºM1
O século XX fora marcado pelos grandes conflitos mundiais: guerras, disputas imperialistas, corridas armamentistas, ocasionados por fatores ideológicos, políticos, culturais, étnicos e religiosos. Agora, em pleno século XXI,
vivencia-se a “Era do Medo”, em que a violência não se encontra mais restrita aos campos de guerra; o clima de insegurança habita entre a população. É nesse contexto da banalização da violência em que o Brasil se enquadra.
Ônibus queimados. Rebeliões em presídios. Seqüestros relâmpagos. Esses são alguns dos fatos que mais tem sido noticiados ultimamente no País. Entre os motivos dessa situação, podem ser destacados a desigualdade social, a exclusão e o descaso governamental. O Estado, muitas vezes, é falho, e nega aos cidadãos direitos básicos, tais como saúde, alimentação e educação. Isso acaba levando a um quadro de pobreza, fome, desemprego e miséria, que, por sua vez, pode conduzir um indivíduo a inserir-se no mundo da criminalidade. Além disso, observa-se a crise no sistema penitenciário brasileiro: cadeias superlotadas, em condições insalubres e inóspitas, bem como o tratamento desumano a que os presídios são submetidos, como torturas, espancamen-tos, humilhações; o que acaba gerando um ambiente propício a brigas e rebeliões. Com isso, o Sistema não consegue atingir sua real meta, que é a de ressocialização do preso e, ao contrário do esperado, contribui para a ampliação da violência.
Vale ressaltar também a maior facilidade com que os crimes têm sido organiza-dos e executados dentro das prisões, sendo utilizado para isso, sobretudo, o fator tecnológico, como o celular, por exemplo.
Diante de tais evidências, torna-se explícito que o País necessita de reformas a níveis social e político. No que se refere ao primeiro aspecto, urge maiores investimento na área educacional, visando oferecer a todos iguais oportunidades, para assim, sanar as disparidades sociais. Quanto ao último ponto, pode-se dizer que este não é realizável sem o primeiro, pois, por meio da educação, formar-se-ão cidadãos conscientes, possuidores de espírito crítico e que, possivelmente, lutarão por seus direitos e paralelamente a isso, o Estado deve aplicar medidas paliativas, como o aumento do policiamento e o bloqueio de celulares em presídios para controlar a violência.
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Comentário do Professor:
A redação de Bianca Passos Arpini trata do tema da violência urbana.
No primeiro parágrafo introduz, através de um pequeno inventário, a
violência em nível mundial no séc. XX - o que demonstra leitura atenta
e bom aproveitamento da coletânea -, a autora situa a argumentação, partindo do
macro para o micro, ou seja, partindo de questões gerais para questões específicas.
Embora apresente de forma excessivamente simplista as causas da violência na
sociedade brasileira, o texto se desenvolve de forma orgânica e clara, continuando o
processo de "focalização" do tema, isto é, fala da pobreza e da negação dos direitos
básicos como possíveis portas de entrada no mundo da criminalidade e o conseqüente
ingresso no péssimo sistema prisional.
No terceiro e quarto parágrafos, os dois últimos, o texto confirma as falhas dos
sistemas de segurança dos próprios presídios, dando como exemplo a utilização dos
celulares. No último parágrafo, encerrando a pertinente argumentação, a autora
conclui, apontando como possíveis saídas do atual estado caótico da segurança
pública, reformas sociais e políticas e investimentos na área educacional.
Como ponto positivo fundamental do texto, notamos a utilização de uma série
de informações de forma coerente, o que permitiu a fluidez e a clareza no desenvolvi-
mento da argumentação apresentada.
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1616
Sexto Lugar
Aluno: Clara Pacheco Santos
Unidade: Jardim da Penha
Série e Turma: 1ºA
No último Dia das Mães, muitas paulistanas homenageadas pela data estavam velando os corpos de seus filhos, policiais e civis que tiveram a infelicidade de serem alvos de um dos problemas que assolam o país: a
violência urbana.Naquele fim de semana, houve uma quantidade enorme de rebeliões nos
presídios, ataques a edificações policiais e mortes. A maior cidade brasileira parou devido à ação do PCC (Primeiro Comando da Capital), revoltado com a decisão tomada por autoridades de isolar 8 presos, dentre eles o principal líder do PCC, Marcos Camacho.
Porém, essa não era a única insatisfação nas cadeias. Nossos presos vivem em condições subumanas, amontoados em celas superlotadas, vítimas de violência e da ausência de ocupações, fazendo com que os presídios tornem-se verdadeiras “escolas do crime”.
Escolas essas que são ajudadas pela baixa fiscalização nos presídios o que faz com que presos tenham livre acesso a celulares, permitindo aos chefes da máfia total controle de suas favelas, além da armação de golpes e assassinatos. Tudo isso dentro dos presídios, através de um aparelho que não deveria entrar nem funcionar no local.
A revolta também nos mostrou a ignorância do vice-governador de São Paulo, que se recusou a pedir auxílio às forças nacionais, alegando ter controle da situação. Esse erro de julgamento fez com que o terror das rebeliões se alastrasse por mais de uma semana, aumentando o número de mortos e permitindo o desencadeamento de rebeliões em presídios de outros estados brasileiros.
O ocorrido fez os brasileiros verem a má estruturação de nosso sistema carcerário, que se encontra falido.
São necessárias reformas urgentes, que já começaram como bloqueio do sinal dos celulares nos presídios. Ainda não é o bastante. É preciso ter condições de vida decente nos presídios, que se tenha uma melhor fiscalização e que se dê ocupações e educação aos presos. Só assim, poderemos começar a combater a violência que aumenta cada vez mais nesse país, o nosso Brasil.
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Comentário do Professor:
Apresentando inicialmente um estilo pessoal, fazendo uma indicação
cronológica - No último Dia das Mães (...) — a redação de Clara
Pacheco Santos faz um recorte contrastante entre a data festiva e o
violento caos urbano que se instaurou na cidade de São Paulo quando dos ataques
organizados pelo PCC.
Dando como motivação a superlotação e as péssimas condições de segurança
dos presídios, como a entrada e utilização de telefones celulares, além da incompetên-
cia administrativa e política do vice-governador de estado de São Paulo, que não
aceitou ajuda do governo federal, o texto continua, em seu estilo descritivo, a
demonstrar o estado de caos urbano fruto da ausência de políticas públicas de
segurança eficazes.
A conclusão, no último parágrafo, é, apesar do bom desenvolvimento da
argumentação, extremamente simplista. E só é apresentada levando em consideração
o sistema prisional. As questões sociais e históricas, que são a base do problema, não
foram abordadas. Nota-se também, no texto apresentado, a utilização de diversas
expressões que podem ser consideradas como lugares-comuns quando se trata de
temas correlatos, como a nominação das cadeias como "escolas do crime".
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1818
Sétimo Lugar
Aluno: Andressa Barboza Félix
Unidade: Jardim da Penha
Série e Turma: 2ºL
Acrise no sistema penitenciário brasileiro atingiu níveis alarmantes,
espalhando terror e maximizando a violência em todos os âmbitos
sociais. Além disso, facções criminosas demonstram dominar a situação
e utilizam novas armas e artifícios para fazer a população refém.
Durante os últimos meses, os habitantes da cidade de São Paulo sofreram
com os abusos de poder provenientes do crime organizado, ataques comandados
pelo Primeiro Comando da Capital – PCC –, o que espantou toda a sociedade
brasileira, que solicita uma posição imediata do Poder Público perante esse estado
caótico. Além do mais, os prisioneiros detêm uma ferramenta de uma utilidade
imensurável para a realização de crimes dentro e fora das instituições carcerárias: o
celular. Infelizmente, estas não possuem mecanismos de bloqueio efetivos que
impeçam a comunicação entre os criminosos.
Ninguém desconhece tais circunstâncias, porém não surpreende que um
grupo de delinqüentes aprisionados em pequenas celas lotadas, vivendo em
condições desumanas — sem higiene, saúde e alimentação, direitos básicos de todo
ser humano — organizem rebeliões e atentados como forma de protesto, devido à
necessidade de melhorias urgentes nos presídios.
Sendo assim, compreende-se que a situação na qual o País situa-se é,
indubitavelmente, aterrorizante e inaceitável, deixando os brasileiros aprisionados
numa esfera de medo e aguardando a retomada do controle do Estado pelos
gestores públicos e, enfim, pelos cidadãos do Brasil.
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Comentário do Professor:
A redação trata da crise do sistema carcerário e dos distúrbios
promovidos pelo PCC em São Paulo. Estruturado em quatro
parágrafos, o texto parte de um pressuposto que, se demonstra
inicialmente certo "alarmismo" simplista (A crise no sistema prisional brasileiro
atingiu níveis alarmantes, espalhando terror e maximizando a violência em todos os
âmbitos sociais), desenvolve bem a argumentação proposta. Ainda que falte um
aprofundamento maior nas causas históricas do problema, por falta de critério na
utilização da coletânea, o texto, de maneira correta e clara, demonstra boa fluência,
enumerando uma série de irregularidades ocorrentes dentro do sistema prisional, e
aponta como causa fundamental as péssimas condições a que estão submetidos os
cidadãos encarcerados.
Como foi dito, o texto não se aprofunda nas causas sociais e históricas, faz um
recorte pessoal que, apesar da parcialidade e da abordagem extremamente factual,
desenvolvesse de maneira inteligível e clara. Outra falha, a saída proposta (a
retomada do controle do Estado pelos gestores públicos) é superficial e parece colagem
de um chavão repetido pelos discursos da mídia e dos políticos, ou seja, faltou uma
conclusão melhor elaborada.
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2020
Oitavo Lugar
Aluno: Rodrigo Miranda Vieira
Unidade: Guarapari
Série e Turma: Pré-Vestibular
Certamente, a onda de vandalismo e atentados iniciada em São Paulo em maio deste ano, deu a muitos a impressão de que o regime do terror havia se instalado naquele momento. A verdade é que o sistema público de seguran-
ça, em especial o sistema carcerário, constitui setores inócuos, que há muito colocam em risco a vida dos cidadãos. Alguns aspectos dessa questão devem ser esclarecidos para uma análise mais coerente.
É importante salientar que o sistema penitenciário brasileiro possui caráter recuperativo, ou seja, não apenas aflige punições, mas almeja a reinserção do infrator no meio social. Teoricamente, para que isso ocorra, condições mínimas como saúde, trabalho, educação e respeito devem ser asseguradas a esses indivídu-os. Porém, constantemente, organizações que lutam pelos direitos humanos denunciam as péssimas situações de presidiários no cárcere. A superlotação, a falta de infraestrutura e a ausência de políticas que de fato promovam a ressocialização pretendida são exemplos de mazelas que acometem grande parte dos presídios. Como resultado, inúmeras rebeliões eclodem em diversas regiões do país e pouco pode ser feito para controlá-las. Recentemente, jornalistas foram seqüestrados, sendo feitas exigências para que a emissora de televisão divulgasse um comunicado dos revoltosos. Neste, as autoridades eram justamente alertadas sobre as condições carcerárias, seguindo-se novos ataques aos patrimônios público e privado.
Outro fato que intriga toda a população é a facilidade com que grandes líderes, em regime penal, comandam ações criminosas por meio de celulares. Justamente essa facilidade foi tida pelo Estado como principal responsável pelo caos instaurado e uma séria de medidas políticas foram tomadas pra combatê-la. Mas qual seria a melhor forma de proceder? O modo mais viável seria impedir a corrupção de agentes penitenciários, porém, isso é algo impraticável a curto prazo, visto que eles são constantemente ameaçados e tentados por ofertas verdadeiramen-te mais vantajosas que o salário de um servidor público. Desse modo, o bloqueio do sinal dos celulares tornou-se a principal arma adotada, tendo o governo exigido que as operadoras implantassem os devidos bloqueadores. Segundo os especialistas, o
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2121
Comentário do Professor:
A redação de Rodrigo Miranda Vieira trata do tema da violência urbana
e do sistema prisional. Partindo da idéia inicial de que a onda de
atentados em São Paulo é conseqüência de um processo e não um fato
isolado, o autor desenvolve sua argumentação centrando-se pontualmente no fato.
Diríamos que o texto se apresenta de uma forma em que a descrição dos fatos e as
indagações ocupam a maior parte de seu desenvolvimento. Ou seja, apresenta o
problema e possíveis soluções em um mesmo bloco discursivo.
Em nosso entender, o mérito da redação aqui avaliada reside na apresentação
coerente dos argumentos e indagações, que são expostos de forma clara, se bem que
um pouco prolixas. Como ponto negativo, poderíamos apontar a falta de um
"fechamento" – e não somente uma conclusão – para o desenvolvimento argumentati-
vo, pois, somente em quatro linhas, o texto tenta concluir, mas não atinge o objetivo de
encerrar, de forma mais abrangente e coerente, a série de informações e questionamen-
tos apresentados em seu desenvolvimento.
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sistema de bloqueio pretendido é passível de falhas, tendo em visto o grande desenvolvimento tecnológico. O método mais seguro seria a construção de redes de “grades” externas aos presídios. Essa proposta, porém, foi recusada pelas autoridades pelo fato de não atender ao apelo estético das edificações, numa clara confusão de interesses.
Uma reforma no sistema penitenciário e um maior dinamismo no policiamen-to são as bases das melhorias no sistema público de segurança. O problema é que estas são medidas de resultados a longo prazo, que possivelmente não beneficiam um político em seu mandato, daí tanto desinteresse. Enquanto as verdadeiras necessidades da sociedade não forem postas em primeiro plano, não haverá mudanças significativas em relação ao contexto atual.
2222
Nono Lugar
Aluno: Marília Sarmento Borges
Unidade: Jardim da Penha
Série e Turma: 2ºM
O voto é um direito. E, por sê-lo, é optativo, não cabendo a ninguém obrigar
outra pessoa a exercê-lo. Porém, não é isto o que acontece em alguns países
onde o ato de votar é obrigatório para cidadãos entre 18 e 65 anos.
É fato que no Brasil — um exemplo de país que opta por esta forma de execução dos “direitos” — o número de eleitores que se decide pelo voto nulo ou pelo voto branco é assustador, como, por exemplo, em Belo Horizonte, que possuiu nas últimas eleições 23,96% destes.
Com o voto obrigatório, torna-se fácil para políticos de má índole manipular, subornar grande parte da população, que em vários casos, é “recompensada” com algum tipo de subsídio individual, o que não atende às necessidades de um país que se auto-denomina democrático. Sem contar com o fato de que cidadãos distraídos, não-atentos ao que acontece na política estão sujeitos a votar em um candidato que às vezes, não é a melhor opção.
Além de conhecimento profundo sobre em quem irá votar, todos devem pelo menos, ter vontade de fazê-lo. A obrigação do voto é somente mais um auxílio para os políticos manipularem a sociedade, ou melhor, a parte não-informada desta sociedade, o que faz com que o Brasil acate-a e “ande para trás”, por só escolher seu representante num ato obrigado, e não em uma execução do direito de se escolher um país melhor.
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Comentário do Professor:
A redação de Marília Sarmento Borges trata da questão do voto
obrigatório no sistema eleitoral brasileiro, não contém título. Nas
primeiras frases - O voto é um direito. E, por sê-lo, é optativo, não
cabendo a ninguém obrigar outra pessoa a exercê-lo - a autora deixa clara sua opinião,
que será justificada no desenvolvimento do texto. Tal procedimento é válido como
forma argumentativa, porém, no caso, peca-se ao utilizar o pronome indefinido
(ninguém), ou seja, palavra que deve se referir a pessoa, para um fato que se delineia
como uma posição institucional, é uma lei brasileira.
O desenvolvimento discursivo se faz de maneira clara e fluida. O texto se
desenvolve sem maiores percalços, listando fatos negativos que ocorrem no processo
eleitoral, como a compra de votos, e a inconsciência política do eleitorado. É um texto
curto que, apesar de superficial em termos argumentativos (de conteúdos), e da falta
de uma conclusão convincente, apresenta-se bem estruturado formalmente.
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2424
Décimo Lugar
Aluno: Renan Bittencourt Sarcinelli
Unidade: Jardim da Penha
Série e Turma: 3ºM2
Um dos assuntos mais abordados no Brasil em época de eleição é a
questão da obrigatoriedade do voto.
Muitos querem que ele seja obrigatório, principalmente políticos corruptos que se
beneficiam com a manipulação das camadas mais pobres nos períodos eleitorais.
Isso ocorre através da distribuição de cestas básicas, roupas, água potável e até
dinheiro é utilizado para a obtenção de votos.
Sabe-se que a população mais humilde é a grande maioria dos eleitores. Como a maior parte não possui nenhuma instrução política, o voto não é valorizado e é dado ou vendido a qualquer um que prometer melhores condições de vida ou fornecer produtos como os citados anteriormente. Infelizmente, as pessoas que entendem mais de política, que são mais escolarizadas e esclarecidas, são da elite e da classe média geralmente, ou seja, a menor parcela da população.
O voto tem que ser um direito e não uma obrigação. Se todos que votassem o fizessem com consciência, os cargos públicos seriam preenchidos por indivíduos melhores, pois se o voto fosse livre, apenas votariam os que realmente se interessas-sem pela política e a entendessem. Seriam eleitos apenas os candidatos coerentes devido ao fato destes serem escolhidos por pessoas que não são tão fáceis de persuadir e nem de enganar.
A responsabilidade de tudo que acontece de bom ou ruim no governo brasileiro é do povo, que deveria votar com sabedoria e liberdade, e não vender seus votos para qualquer aproveitador disfarçado de político.
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Comentário do Professor:
O texto de Renan Sarcinelli, que trata do assunto da obrigatoriedade do
voto, é bem estruturado, claro e fluido. Embora esteja centrado
fundamentalmente em dois aspectos: os políticos corruptos e a falta de
instrução política por parte das camadas mais humildes da população, deixa clara a
posição do autor: O voto tem que ser um direito e não uma obrigação. Porém,
contraditoriamente, argumentando sobre uma possibilidade utópica - se todos que
votassem o fizessem com consciência - o autor opta por uma saída que poderia ser
considerada elitista: os mais ricos teriam mais consciência e votariam "melhor".
Independentemente da posição assumida pelo autor, se ela é equivocada ou
não, o que importa é que o texto, apesar de não apresentar uma variação argumentati-
va enriquecedora, apresenta-se coeso e bem redigido, não apelando para malabaris-
mos lingüísticos e/ou lexicais.
A conclusão é demasiadamente simplista e genérica — A responsabilidade de
tudo que acontece de bom e de ruim no governo brasileiro é do povo — então parece
incoerente, a partir dessa afirmação a exclusão dos analfabetos políticos da responsa-
bilidade de eleger seus dirigentes.
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