Prof. Heldio Carneiro Concreto de Cimento Portland Aula II Materiais de Construção I.
CONCRETO COMPONENTES BÁSICOS · PDF fileO principal componente de base do concreto...
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O principal componente de base do concreto é o seu aglomerante; o cimento.
O cimento é um material seco, finamente puverizado, que por si só não é um
aglomerante (no estado seco o pó é inerte), mas desenvolve propriedades
aglomerantes como resultado da reação química da hidratação.
O cimento hidráulico é chamado de hidráulico porque é ativado apenas na presença
da água, quando inicia sua reações físico-química, e após a etapa da hidratação, este
cimento fica estável no ambiente aquoso, ou seja, ele passa a ser resistente à água
após seu período de cura ( lembrar dos aquedutos de Roma, que resistem à água a
2.500 anos). Hoje em dia, o uso do concreto para barragens e revestimentos de
canais de água é algo comum de se encontrar em quase todos os lugares do mundo.
Segundo Metha, no ano de 2007, o consumo mundial total do concreto foi estimado
em 3 bilhões de toneladas, ou seja, mais ou menos 1 tonelada para cada ser humano
vivo. O único material mais consumido pelo homem do que o concreto é a água.
Em muitos países, a proporção do consumo do concreto sobre o aço é de 10 para 1.
O cimento hidráulico mais comumente usado para fazer concreto é o cimento
Portland.
CONCRETO – COMPONENTES BÁSICOS
COMPOSIÇÕES COM O AGLOMERANTE CIMENTO
Pasta ≠ Argamassa ≠ Concreto ?
Pasta = Aglomerante (cimento) + água
Argamassa = areia + Aglomerante (cimento) + água
Proporções = (3 a 9) (1) (o mínimo para a trabalhabilidade)
Traço = relação de proporções entre os materiais.
Concreto = Aglomerante (cimento) + água + agregados (areia e brita e outros
agregados)
Aglomerante: é um material ativado na presença da água, em geral pulverulento
(pó), que promove a ligação entre os grãos do material inerte (agregado).
aditivos - são os materiais adicionados que não sejam os agregados, cimento ou
água. São adicionados ao concreto imediatamente antes ou durante a mistura dos
componentes para conferir diversas características desejadas.
Aglomerante (cimento) Agregado miúdo (areia) < 4,75 mm
Agregado graúdo > 4,75mm (pedra/ brita) Pasta (cimento e água)
Concreto simples (argamassa e brita) Argamassa (pasta e areia)
HIDRATAÇÃO
primeiras reações químicas da cura, entre os minerais do cimento e a água.
Qdo o cimento é disperso em água, o sulfato de cálcio e os compostos de cálcio
formados a alta temperatura começam a entrar em reação e logo começam a aparecer
os cristais conhecidos como etringita.
CONCRETO – ETAPAS DA CURA
Os cristais fruto da fase de hidratação do cimento se desenvolvem ao redor das
superfícies dos agregados. Estas superfícies dos agregados, em contato com a pasta de
cimento, são conhecidas como a zona de transição (transição entre agregado e pasta).
Os cristais presentes na zona de transição, nas primeiras horas da cura, ainda estão
cheios de água e frágeis. Por este motivo, a zona de transição é a mais frágil nas
primeiras horas da cura. À medida que o nível de umidade vai baixando na zona de
transição, também os cristais vão se endurecendo e equiparando sua resistência à
resistência alcançada na pasta de concreto.
Os concretos, aos 28 dias de cura atingem sua resistência e dureza pretendida. No
entanto, um concreto vai cada vez mais, ao longo do tempo, adquirindo mais resistência
e dureza, aproximando suas características cada vez mais às caracetrísticas da rocha,
ao longo de sua vida útil.
Zonas:
A – pasta de concreto;
B – agregados;
C- zona de transição (em
amarelo)
Abaixo, detalhe de fratura
no concreto pela zona de
transição:
PEGA
É o processo inicial de cura do concreto. O início da pega é a partir
de 3hs do lançamento da mistura e o fim da pega é a partir de 8 hs, qdo já posso pisar
em cima, pois o concreto já estará minimamente resistente.
CURA ÚMIDA
Um mínimo de 7 dias de cura úmida é geralmente recomendado para concretos de
cimento comum. A cura úmida deve ser o método preferencial quando for importante
controlar a fissuração devido à retração por perda de umidade, pois durante a cura
úmida mantém-se o concreto protegido da secagem rápida, através dos recursos:
- regar a superfície do concreto com água;
- proteger a superfície com plásticos, para evitar a evaporação da água.
CURA
O termo cura do concreto envolve uma combinação de condições que
promovem a hidratação do concreto, como tempo, temperatura, umidade, consideradas
imediatamente depois do lançamento de uma mistura de concreto na forma até o prazo
de 28 dias, quando o concreto deve atingir a resistência mínima pretendida.
O concreto, apesar de não ser tão duro nem tão resistente qto ao aço, é bastante
utilizado por 4 razões principais;
1. sua excelente resistência à água - usado como aqueduto desde os
romanos;
2. possue alta capacidade plástica de se moldar na forma e tamanho
necessários aos mais diferentes projetos – ex pesquisar na internet as
imagens das estruturas de Nervi. Esta alta capacidade plástica se dá pelo fato
do concreto fresco apresentar consistência plástica, que favorece o fluxo do
material para o interior das formas;
3. seu baixo custo e a alta disponibilidade de seus componentes;
4. sua característica de aceitar qualquer condição de composição, alterando-se:
traço, agregados, aditivos, etc, ou seja, pode-se criar várias composições de
pastas de concreto diferentes. Não existe a receita de concreto ideal. Existe a
composição mais adequada para cada aplicação necessária, a ser discutida
com o engenheiro responsável pelo dimensionamento do concreto.
UTILIZAÇÃO
Outras boas características do concreto dizem respeito à sua manutenção,
resistência ao fogo e resistência ao carregamento cíclico:
• MANUTENÇÃO – o concreto não corrói, não precisa de tratamento superficial
e sua resistência aumenta com o tempo, necessitando de muito menos
manutenção se comparado ao aço;
• O concreto apresenta elevada RESISTÊNCIA AO FOGO. No entanto é
necessário o recobrimento adequado das armaduras ou dos cabos, para proteger
o aço das deformações em função do aquecimento excessivo;
• RESISTÊNCIA AO CARREGAMENTO CÍCLICO, também chamada de
RESISTÊNCIA À FADIGA. Por regras de dimensionamento de concreto as
tensões no concreto são limitadas a cerca de 50% da tensão máxima, e com isso
o concretos não sofrem riscos de exposição à fadiga. O que isto quer dizer? Quer
dizer que o concreto nunca é dimensionado com proporções delgadas que
possam fazer o concreto sofrer esforços repetitivos de elasticidade que o
levariam à ruptura. Para entender o que é a ruptura por fadiga lembre-se dos
movimentos repetitivos feitos em um clipes. Após algumas repetições o aço do
clipes entra em fadiga e rompe-se.
aqueduto romano que ia das Lagoas de Salomão para Jerusalém
EXEMPLOS DE LONGEVIDADE
DO CONCRETO
Os aquedutos romanos tinham que percorrer longas distâncias mantendo
declividades constantes para provocar o curso normal da água. Para isto os trajetos
dos aquedutos costumavam ser retos, perfurando montanhas com os dutos de
concreto ou atravessando os vales com a construção dos arcos feitos em pedra
(unidas pela pasta de concreto).
Declividade constante no percurso da água Dutos de concreto
Arcos em pedra e concreto
Durante a construção dos arcos, os romanos escoravam a forma de arco com
estruturas de madeira que só eram retiradas após a colocação da pedra final,
denominada “pedra chave”, também conhecida como a “pedra fundamental”. Esta pedra
trava a estrutura, que a partir do fechamento desta forma de arco torna-se estável e
passa a distribuir as cargas estruturais atuantes para seus pontos de apoio laterais.
Arcos do aqueduto romano - francês “Pont du Gard”
Outro exemplo do sistema de abastecimento e saneamento hidráulico do império
romano era o sistema de esgôto criado, batizado de “cloaca máxima”, que
também foi construído com arcos de pedra e concreto.
O Panteão atravessou os séculos e chegou à atualidade em bom estado de
conservação. O local, cujo diâmetro da planta baixa (45m) é igual à altura da cúpula,
erguido para servir de morada dos deuses, representa um dos marcos da engenharia
e arquitetura romanas. Permaneceu por 18 séculos como o maior vão aberto em
concreto. Observe-se o tamanho das pessoas em relação à altura.
Como executaram tal cúpula apenas com um concreto
que não era armado?
- As cúpulas, proporcionalmente estáveis, assim como
os arcos, conseguem transferir as cargas estruturais
atuantes para as bases laterais;
-As peças moldadas inferiores eram mais espessas. À
medida que subiam, as espessuras das peças
moldadas iam diminuindo para adquirir mais leveza;
- os moldes criavam espaços quadrados ocos,
simulando nervuras, que além de decorarem o teto da
cúpula a deixava mais leve;
- o ponto central, de maior instabilidade da cúpula, não
recebia concreto, mas uma abertura de 9 metros de
diâmetro, que ilumina o espaço.
O concreto pode ser classificado em 3 amplas categorias, com base em sua massa
específica:
• concreto de densidade normal - com areia natural e pedregulhos ou agregados
britados, com massa específica na ordem de 2.400 kg/m3. É o mais comumente
usado para fins estruturais.
• concreto leve - para aplicações aonde é desejado uma relação mais alta entre
resistência e peso. É possível reduzir a densidade do concreto pelo uso de agregados
naturais ou processados termicamente com menor densidade de massa. No conjunto
o concreto leve fica com massa menor do que 1800 kg/m3
• concreto pesado - usado em blindagem contra radiação. Produzido com agregados
de alta densidade e geralmente possue massa específica maior do que 3200 kg/m3
CLASSIFICAÇÕES
O concreto classificado em função da resistência à compressão:
• concreto de baixa resistência - menos de 20 Mpa;
• concreto de resistência moderada - de 20 Mpa a 40 Mpa - usado para a maioria
das obras estruturais;
• concreto de alta resistência - maior de 40 Mpa - usado para aplicações especiais
CONCRETO ARMADO
O concreto armado pode ter surgido da necessidade de se aliar as qualidades do
concreto (resistência à compressão e durabilidade) com as do aço (resistências à
tração), com as vantagens de poder assumir qualquer forma, com rapidez e
facilidade, conferindo a necessária resistência à tração ao concreto e proporcionando
a necessária proteção do aço contra a corrosão.
O concreto é um material que apresenta alta resistência às tensões de
compressão, porém, apresenta baixa resistência à tração (cerca de 10 % da sua
resistência à compressão).
Assim sendo, é necessário juntar ao concreto um material com alta resistência à
tração, com o objetivo deste material, disposto convenientemente, resistir às tensões
de tração atuantes.
Com esse material composto (concreto e armadura – barras de aço), surge então o
chamado “concreto armado”, onde as barras da armadura absorvem as tensões
de tração e o concreto absorve as tensões de compressão.
CONCRETO ARMADO
O conceito de concreto armado envolve ainda o fenômeno da aderência, que é
essencial e deve obrigatoriamente existir entre o concreto e a armadura, pois não
basta apenas juntar os dois materiais para se ter o concreto armado.
Para a existência do concreto armado é imprescindível que haja real solidariedade
entre ambos o concreto e o aço, e que o trabalho seja realizado de forma conjunta.
Em resumo, pode-se definir o concreto armado como “a união do concreto simples
e de um material resistente à tração (envolvido pelo concreto) de tal modo que
ambos resistam solidariamente aos esforços solicitantes”.
Concreto armado = concreto simples (pasta + agregados + água) + armadura + aderência.
MEIOS DE ADERÊNCIA
Pode-se citar três tipos de
aderência no concreto armado:
Adesão: é a “colagem” natural
entre o concreto e o aço;
Atrito: é a resistência ao
escorregamento após a ruptura
da adesão, sendo provocado pela
rugosidade superficial natural das
barras;
Mecânica: é provocada pelas
modificações feitas na superfície
das barras de aços de elevada
resistência (mossas ou
saliências).
Rem Koolhaas
Casa da Musica
Portugal
2005
RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO + RESISTÊNCIA À
TRAÇÃO
O trabalho conjunto, solidário entre o concreto e a armadura fica bem caracterizado
na análise de uma viga de concreto simples (sem armadura), que rompe
bruscamente tão logo surge a primeira fissura, após a tensão de tração atuante
alcançar e superar a resistência do concreto à tração.
Entretanto, colocando-se uma armadura convenientemente posicionada na região
das tensões de tração, eleva-se significativamente a capacidade resistente da viga.
CASAMENTO PERFEITO
O trabalho conjunto do concreto e do aço é possível porque os
coeficientes de dilatação térmica dos dois materiais são praticamente
iguais.
Outro aspecto positivo neste casamento perfeito é que o concreto protege o
aço da oxidação (corrosão), garantindo a durabilidade do conjunto.
Porém, a proteção da armadura contra a corrosão só é garantida com a
existência de uma espessura de concreto entre a barra de aço e a superfície
externa da peça (denominado recobrimento – MÍNIMO DE 3CM), entre outros
fatores também importantes relativos à durabilidade, como a qualidade do
concreto, por exemplo.
Em contrapartida, o aço garante ao concreto à resistência à tração.
Pier Luigi Nervi – cúpula da Catedral St Mary – California
laje de concreto armado nervurada
Pier Luigi Nervi – cobertura do Hangar da Forca Aérea Italiana
Laje de concreto armado nervurada
SERVIÇOS A EXECUTAR
EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO
- FORMAS - confecção e montagem de formas de madeira popularmente chamadas
em obra de caixarias;
- REDES EMBUTIDAS – conduites e tubulações que ficarão embutidos no concreto
armado devem ser instalados na caixaria antes da concretagem;
- ARMADURAS - corte, dobra, montagem e colocação antes da concretagem –
observar o recobrimento mínimo das ferragens;
- CONCRETO - preparo, aplicação, cura e controle tecnológico de acordo com o
dimensionamento estipulado por engenheiros para cada aplicação a que se destina;
SERVIÇOS A EXECUTAR
EM ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO
- LANÇAMENTO DO CONCRETO NAS FORMAS – após lançar a pasta de concreto
nas formas é necessário garantir que esta pasta preencha todos os espaços da fôrma,
inclusive atrás das ferragens, para evitar patologias de concretagem conhecidas como
“BICHEIRAS”. Utiliza-se o recurso dos vibradores para forçar a distribuição da pasta de
concreto. O processo que se utiliza dos vibradores para espalhar bem o concreto entre
as ferragens é chamado de ADENSAMENTO, e consiste em compactar a pasta de
concreto com o vibrador, diminuindo os espaços de ar no meio da pasta;
Exemplo de “bicheira” em pé de
parede, causada pela falta de um
correto adensamento no
momento de lançamento do
concreto na caixaria.
- RETIRADA E LIMPEZA DAS FORMAS – existe possibilidade de aplicar-se
desmoldantes nas caixarias para facilitar o desmolde após a cura. Também há
formas metálicas reaproveitáveis;
- CONSERTO DE FALHAS DA ESTRUTURA. Após o desmolde deve-se reparar
imediatamente os buracos de falhas de concretagem conhecidos como “bicheiras”
e outras patologias decorrentes da concretagem, como por exemplo falhas formais
em função de caxarias mal reforçadas (o concreto lançado é pesado e violento),
etc
O adensamento do concreto na caixaria
é feito vibrando-se uma haste que faz
com que o concreto se espalhe
corretamente pela fôrma desta caixaria.
A vibração desta haste pode ser manual
ou por intermédio de vibradores elétricos
(que produzem um melhor
adensamento)
CONCRETO PROTENDIDO
Concreto armado é o concreto que normalmente contém barras de aço,
projetado sobre a premissa de que os dois materiais atuam juntos na resistência
às forças de tração, possuindo inclusive os mesmos coeficientes de dilatação.
No concreto protendido, há um pré tensionamento das cordoalhas de aço,
criando tensões nestas cordoalhas de aço que irão oferecer resistências à
cargas atuantes sobre a estrutura de concreto protendido.
Exemplos de aplicação do concreto protendido:
1. Grandes muros de arrimo em concreto protendido;
2. Sistema estrutural do museo Masp;
3. Pontes com sistema estrutural protendido, como as pontes estaiadas, por
exemplo.
CONCRETO PROTENDIDO
Exemplos de aplicação do concreto protendido:
Grandes muros de arrimo em concreto protendido (observar as botoeiras
criadas pelas amarrações das cordoalhas pré-tensionadas);
CONCRETO PROTENDIDO
Exemplos de aplicação do concreto protendido:
Sistema estrutural do museo Masp;
CONCRETO PROTENDIDO
Exemplos de aplicação do concreto protendido:
Pontes com sistema estrutural protendido, como as pontes estaiadas, por
exemplo.