Concreto Auto Adensavel Materiais

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  • 8/11/2019 Concreto Auto Adensavel Materiais

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    UNIVERSIDADE DA AMAZNIA

    Mariana Domingues von Paumgartten

    CONCRETO AUTO-ADENSVEL COM MATERIAIS

    ENCONTRADOS NA REGIO DE BELM

    BELM2010

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    Mariana Domingues von Paumgartten

    CONCRETO AUTO-ADENSVEL COM MATERIAIS

    ENCONTRADOS NA REGIO DE BELM

    BELM2010

    Trabalho de Concluso decurso apresentado Universidade da Amazniapara obteno do grau debacharel em EngenhariaCivil.Orientador: Prof. MSc. JosZacarias Rodrigues da SilvaJunior.

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    Mariana Domingues von Paumgartten

    CONCRETO AUTO-ADENSVEL COM MATERIAIS

    ENCONTRADOS NA REGIO DE BELM

    Banca Examinadora:

    ______________________________________

    Prof MSc. Jos Zacarias Rodrigues da Silva Junior

    ______________________________________

    Prof MSc. Wandemyr Mata dos Santos Filho

    ______________________________________

    Eng Ruy Klautau de Mendona

    Apresentado em: ___/___/___

    Conceito: ________________

    BELM2010

    Trabalho de Concluso decurso apresentado Universidade da Amaznia

    para obteno do grau debacharel em EngenhariaCivil.Orientador: Prof. MSc. JosZacarias Rodrigues da SilvaJunior.

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    AGRADECIMENTOS

    Agradeo ao meu orientador, Prof MSc. Jos Zacarias Rodrigues da SilvaJunior, pela sua dedicao, pela pacincia e pelos conhecimentos transmitidos no

    s ao longo da elaborao da dissertao, mas ao longo dos dois anos que

    trabalhamos juntos.

    Ao Coordenador do Curso de Engenharia Civil da UNAMA, Prof Dr. Selnio

    Feio da Silva, pelo seu grande apoio em todos os momentos que eu precisei.

    A todos os meus professores do Curso de Engenharia Civil, pelos relevantes

    conhecimentos transmitidos ao longo dos 5 anos de vida acadmica.s empresas MC Bauchemie e Metacaulim do Brasil pelos materiais doados

    para a execuo do trabalho.

    Ao meu grupo de trabalhos acadmicos, Alexandre, Anselmo, Andr, Flavinho

    e Murilo, pelas madrugadas acordados tentando terminar trabalhos e pelas viagens

    do IBRACON.

    Aos colegas de turma, pelo dia-dia de aulas que muitas vezes eram muito

    cansativos, mas que valeram pena.Aos funcionrios da secretaria do CCET, Andr, Dbora, Rioma e Paulo,

    pelos galhos quebrados e pelos lanches da tarde.

    Aos meus pais, que tanto se esforaram para que isto estivesse acontecendo

    e pelas palavras de incentivo. minha irm Gabriela, pela convivncia nem sempre

    harmoniosa, mas que esteve sempre ao meu lado. Ao meu noivo Danillo, pelo amor,

    carinho, amizade e companheirismo sempre presentes.

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    As histrias tm comeo meio e fim.

    Na vida, cada fim um novo comeo.

    Walt Disney

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    4. PROGRAMA EXPERIMENTAL ............................................................................ 52

    4.1 MTODO DE DOSAGEM ................................................................................... 52

    4.2 MTODO DE ENSAIO ........................................................................................ 53

    5. DISCUSSO DOS RESULTADOS ....................................................................... 63

    6. CONSIDERAES FINAIS .................................................................................. 64

    6.1 RECOMENDAES ........................................................................................... 65

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ......................................................................... 66

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Ponte Akashi-Kaikyo ............................................................................................ 17

    Figura 2Comportamento dos fluidos Binghamanianos e Newtonianos ............................... 20

    Figura 3Curvas de fluxo de um CCV e um CAA ................................................................ 21

    Figura 4Bloco de ancoragem da ponte Akashi-Kaikyo ....................................................... 23

    Figura 5Parede para simulaes de terremotos ................................................................. 24

    Figura 6Laje do metr de So Paulo ................................................................................. 24

    Figura 7Ponte sobre o Rio Guam onde foi utilizado o CAA nas suas estacas submersas 25Figura 8Vigas do elevado Daniel Berg onde foi utilizado o CAA ........................................ 26

    Figura 9Edifcio Reserva Ibiapaba da construtora Gafisa onde se utilizou CAA nas paredes

    armadas............................................................................................................................... 26

    Figura 10 Relao entre a forma do agregado mido e a resistncia ao cisalhamento ...... 29

    Figura 11 Molcula de um Policarboxilato ........................................................................... 36

    Figura 12 Ao do policarboxilato sobre as partculas de cimento ...................................... 37

    Figura 13 Manuteno da trabalhabilidade devido ao efeito estreo ................................... 37

    Figura 14Aparato para ensaio de slump flow ..................................................................... 40Figura 15Anlise do aspecto visual do espalhamento ........................................................ 40

    Figura 16Aparato para execuo de ensaio Caixa-L .......................................................... 42

    Figura 17Aparato para ensaio de Caixa-U ......................................................................... 43

    Figura 18 Fatores que influenciam na resistncia do concreto ............................................ 45

    Figura 19 Cone de Abrams e chapa utilizada no experimento ............................................ 53

    Figura 20 Espalhamento obtido no experimento ................................................................. 54

    Figura 21 Colocao do CAA no compartimento vertical .................................................... 55

    Figura 22 CAA aps a abertura da comporta ...................................................................... 55

    Figura 23 CAA aps a abertura da comporta ...................................................................... 56

    Figura 24 Medio das alturas R1 e R2 .............................................................................. 57

    Figura 25 Prensa hidrulica da marca EMIC ....................................................................... 59

    Figuras 26 Corpos-de-prova sendo submetidos ao ensaio de absoro por capilaridade ... 61

    Figura 27 Corpos-de-prova sendo submetidos ao ensaio de absoro por capilaridade ..... 61

    Figuras 28 Aparelho de ensaio do mdulo de deformao ................................................. 62

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1Caractersticas do cimento CPII F 32.................................................................... 28

    Tabela 2Caracterizao do agregado mido ...................................................................... 31

    Tabela 3Caracterizao do agregado grado ..................................................................... 32

    Tabela 4Classificao das adies ..................................................................................... 33

    Tabela 5Caractersticas fsico-qumicas do Metacaulim ..................................................... 35

    Tabela 6Dados tcnicos MC- Powerflow 2143-5 ................................................................ 37

    Tabela 7Ensaios para avaliao da trabalhabilidade do CAA ............................................. 39

    Tabela 8Ensaios de resistncia compresso axial........................................................... 46

    Tabela 9Ensaios de trao por compresso diametral ....................................................... 46

    Tabela 10Custo execuo CCV ......................................................................................... 49

    Tabela 11Custo execuo CAA .......................................................................................... 50

    Tabela 12Comparao de custos globais entre CVV e CAA .............................................. 51

    Tabela 13Consumo dos materiais utilizados no trabalho .................................................... 51

    Tabela 14 Custo unitrio dos materiais utilizados no trabalho comparados com o CCV

    proposto por Souza et. al ..................................................................................................... 52

    Tabela 15Dosagens estabelecidas para o experimento ..................................................... 53Tabela 16Classes de espalhamento ................................................................................... 57

    Tabela 17 Classes de viscosidade plstica ......................................................................... 57

    Tabela 18Classes de habilidade passante ......................................................................... 58

    Tabela 19Valores aceitveis para o ensaio de Caixa-U ...................................................... 58

    Tabela 20Resultados obtidos atravs de ensaios no estado fresco .................................... 58

    Tabela 21Resultados obtidos atravs de ensaios de compresso e trao ........................ 59

    Tabela 22Resultados obtidos atravs de ensaio de absoro de gua por capilaridade .... 62

    Tabela 23Resultados do ensaio de mdulo de deformao ............................................... 63

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    LISTA DE SMBOLOS

    CAACAACAACAA Concreto auto-adensvelCCV Concreto convencional vibrado

    ffffcccc Resistncia compresso

    fffftttt Resistncia trao

    cmcmcmcm Centmetro

    mmmm Metro cbico

    mmmmmmmm Milmetro

    MPaMPaMPaMPa Megapascal

    MMMM Metro

    KgKgKgKg Quilograma

    CPCPCPCP Cimento Portland

    CCCC3333AAAA Aluminato triclcico

    CP IICP IICP IICP II Cimento Portland Composto

    A.P.I.A.P.I.A.P.I.A.P.I. Adies predominantemente inertes

    A.P.RA.P.RA.P.RA.P.R Adies predominantemente reativas

    a/ca/ca/ca/c Relao gua/cimento

    T500T500T500T500 Tempo para o concreto alcanar um dimetro de 50 cm

    H2/H1H2/H1H2/H1H2/H1 Relao final entre as alturas do concreto no final do trecho horizontal e a

    altura do concreto remanescente do trecho vertical da caixa

    R1R1R1R1----R2R2R2R2 Diferena final entre as alturas do concreto no compartimento esquerdo e

    direito da caixa

    Tenso de cisalhamento

    GPaGPaGPaGPa Gigapascal

    SPSPSPSP Superplastificante

    MCMCMCMC Metacaulim

    Viscosidade

    Taxa de cisalhamento

    tftftftf Tonelada fora

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    RESUMO

    O concreto auto-adensvel uma das evolues dos concretos

    convencionais que se mostra como sendo uma tecnologia que possui caractersticas

    nunca alcanadas com o concreto convencional, que constitudo somente por

    aglomerante, agregado e gua. Trata-se de um concreto que tm como fundamento

    a utilizao de aditivos e adies minerais, que iro faz-lo alcanar suas trs

    principais propriedades: coeso, habilidade passante e resistncia segregao.

    Por possuir adensamento prprio, permite que o material tenha propriedades

    reolgicas muito mais fluidas, aumentando sua rea de atuao, j que possvel

    usar tal material para formas mais exticas ou armaduras mais densas. Apesar da

    tecnologia no ser exatamente nova, ainda no h um consenso terico de como

    dosar um CAA, sendo que os traos so desenvolvidos de maneira experimental e

    os mtodos tericos j existentes, ainda no so muito populares, variando de

    pesquisador para pesquisador. Este trabalho prope o estudo de uma dosagem feita

    a partir de materiais encontrados na regio de Belm, caracterizada por possuir um

    agregado natural frivel e no ter difundida a utilizao do CAA.

    Palavras-chave: Auto-adensvel. Coeso. Habilidade passante. Resistncia segregao.

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    ABSTRACT

    The self-compacting concrete is one of the evolutions of the conventionalconcrete which appears to be a technology that possesses characteristics never

    achieved with conventional concrete, which is constituted only by the binder,

    aggregate and water. This is a concrete that are founded on the use of additives and

    mineral addition that is going to make the concrete achieve its three main properties:

    cohesion, passing ability and resistance to segregation. By having its own density,

    allows the material has rheological properties much more fluid, increasing its area of

    operation, since it is possible to use such material to more exotic forms or thickerarmor. Although the technology is not exactly new, there is still no theoretical

    consensus on how to dose a CAA, and the features are designed as experimental

    and theoretical methods already exist, are not yet very popular, ranging from

    researcher to researcher. This work proposes the study of a dosage made from

    materials found in the Belm region, characterized by having a friable natural

    aggregate and not have widespread the utilization of CAA.

    Key-words: Self-compacting. Cohesion. Passing ability. Resistance to segregation.

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    1. INTRODUO

    Nos dias atuais, concretos convencionais de Cimento Portland vm perdendo

    seu espao. Por possurem algumas deficincias, obteve-se a necessidade de

    estudar novos tipos de misturas que melhorassem o desempenho dos concretos.

    Com o advento dos superplastificantes, consegue-se misturas de alta resistncia,

    em torno de 60 a 120 MPa e essa adio tambm melhorou outras propriedades do

    concreto.

    Por reduzir a quantidade da gua, o concreto torna-se menos poroso, assim,

    reduzindo a ocorrncia de patologias e elevando a vida til do mesmo, que

    anteriormente era de 40 a 50 anos, para, 100 a 150 anos. Os concretos especiais

    tm como objetivo melhorar as propriedades do concreto convencional e,

    consequentemente, diminuindo os gastos de energia e mo-de-obra, tornando-os

    viveis economicamente.

    A obteno de concretos que otimizem o processo construtivo vm sendo

    estudada h muitos anos. Problemas com o processo de adensamento do concreto

    convencional em estruturas muito complexas, fizeram com que, no final da dcada

    de 70, pesquisadores da Itlia, Alemanha e Japo desenvolvessem misturas que

    possussem alta trabalhabilidade, ou seja, coeso e fluidez simultaneamente. Desta

    forma, surgiu o concreto auto-adensvel (CAA). (MEHTA e MONTEIRO, 2008)

    Segundo Okamura (1997), o primeiro concreto auto-adensvel foi

    desenvolvido na Universidade de Tquio por Ozawa, em 1988. Devido regio

    sofrer abalos ssmicos, as estruturas utilizadas possuem alta taxa de armadura,

    onde o problema com a adensiblidade seria sanado com a utilizao de um concretofludo.

    1.1 JUSTIFICATIVA E RELEVNCIA DO TEMA

    Uma das principais vantagens do CAA a de se utilizar grande quantidade definos na sua composio, o que proporciona utilizao de resduos industriais

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    como: cinzas de casca de arroz, cinza volante, slica ativa e tambm metacaulim,

    entre outros, na substituio do cimento. Assim, contribuindo para a diminuio do

    impacto ambiental.

    No Brasil, o concreto auto-adensvel ainda no largamente utilizado.

    Segundo Tutikian & Dal Molin (2008), o uso incipiente tem como causa principal, a

    falta de conhecimento sobre o assunto por parte de alguns profissionais. A grande

    variedade de estudos de dosagens experimentais faz com que o CAA no seja

    utilizado.

    Na regio de Belm, h poucas utilizaes desta tecnologia. A regio

    caracterizada por utilizar em suas construes, uma areia natural fina e seixo rolado,

    que proporcionariam uma melhor coeso e trabalhabilidade ao CAA.A importncia do estudo de uma dosagem de concreto auto-adensvel com a

    utilizao dos materiais da regio grande, tendo em vista que, esta tecnologia

    apresenta vantagens econmicas, atendendo as exigncias de mercado e

    oferecendo os benefcios que esta nova tecnologia pode obter.

    1.2 OBJETIVOS

    Este trabalho tem como objetivo principal apresentar uma dosagem de

    concreto auto-adensvel utilizando materiais disponveis na regio metropolitana de

    Belm, visando sua utilizao em elementos estruturais como lajes, vigas e pilares.

    Os objetivos especficos do trabalho so:

    Avaliar algumas propriedades do CAA no estado fresco, atravs deensaios, como: fluidez, coeso e habilidade passante;

    Estudar a melhoria propriedades mecnicas de resistncia compresso

    axial e diametral, resistncia flexo e mdulo de elasticidade;

    Analisar a propriedade de asceno capilar;

    Avaliar a viabilidade econmica da implantao do mtodo para

    estruturas convencionais.

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    1.3 SNTESE DOS CAPTULOS

    O presente trabalho est dividido em 7 captulos. No captulo 1, tem-se a

    introduo da pesquisa e seus objetivos.

    No Captulo 2 apresentada a reviso bibliogrfica contendo o histrico do

    CAA, onde explicada a sua definio, apresentando suas caractersticas,

    vantagens da sua utilizao, propriedades no estado fresco e endurecido, como

    tambm, as caractersticas dos materiais utilizados na dosagem.

    O captulo 3, o programa experimental apresentado, contendo o mtodo de

    dosagem estudado e o mtodo de ensaio utilizado para avaliar as propriedades do

    concreto auto-adensvel.

    No Captulo 4, so analisados os resultados dos ensaios propostos e por

    seguinte, no Captulo 5, avaliada a viabilidade econmica da utilizao do CAA.

    Por fim, no Captulo 6 so apresentadas as concluses do trabalho e no

    Capitulo 7, as referncias bibliogrficas.

    2. CONCRETO AUTO-ADENSVEL

    2.1 HISTRICO

    A partir do ano de 1983, problemas com a durabilidade de estruturas de

    concreto foi um assunto discutido no Japo e desencadeou problemas para a

    sociedade japonesa. Uma tima adensibilidade necessria para obter-se

    estruturas durveis, contudo, a gradual reduo da quantidade de mo-de-obra na

    indstria da construo japonesa levou a queda da qualidade das peas estruturais

    (OKAMURA, 1997).

    Em 1986, o CAA desenvolvido na Universidade de Tquio e tem seuprimeiro prottipo feito por Ozawa em 1988 para sanar o problema do adensamento

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    (GOMES e BARROS, 2009). Em meados da dcada de 90, o CAA surge na Europa

    e desencadeia uma srie de estudos no mundo todo.

    Uma das primeiras utilizaes do concreto auto-adensvel foi nas duas

    ancoragens da ponte Akashi-Kaikyo (Figura 1), no Japo, em 1998. Na poca, ela

    possua o maior vo do mundo (1.991 m), e foram lanados 290.000 m de CAA.

    Figura 1Ponte Akashi-Kaikyo (Geyer, 2006 apud Arajo, 2008).

    Estudos feitos por entidades americanas desde 2008 para a normatizao,

    padronizao e especificaes para o CAA, vem fazendo com que sua aplicao

    seja cada vez maior. Estima-se que j chegue 5.000 m de concreto o volume

    utilizado por dia, em estruturas protendidas na Amrica do Norte (ARAJO, 2008).

    No Brasil, a partir de 1970, o concreto auto-adensvel, com caractersticas

    diferentes, era utilizado somente em concretagens submersas como na Ponte Rio

    Niteri e nas paredes diafragmas da Estao So Bento do metr de So Paulo

    (GEYER; SENA, 2002 apud ARAJO, 2008). A partir de 2004, em cidades como

    Goinia, Belo Horizonte, Florianpolis e Porto Alegre surgiram as primeiras

    aplicaes de CAA em edificaes. Na regio de Belm, antes de 2008, somente

    aplicaes de concretagem submersa com concreto auto-adensvel foram

    utilizadas, na Ponte do Rio Guam e nas bases das torres da linha de transmisso

    da Eletronorte no Rio Guam e Acar, na dcada de 70.

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    2.2 DEFINIO

    Um concreto s pode ser definido como sendo auto-adensvel se possuir trs

    caractersticas: fluidez, habilidade passante e resistncia segregao (EFNARC,

    2002).

    A propriedade dita como fluidez caracterizada pela capacidade que a

    mistura tiver de fluir dentro da frma e preencher todos os espaos. Habilidade

    passante a capacidade que o concreto tem de escoar sobre a forma, passando

    pelas armaduras, sem apresentar obstruo do fluxo ou segregao. E resistncia

    segregao a propriedade que define a capacidade do CAA de se manter coeso

    ao fluir dentro das frmas, passando ou no por obstculos (TUTIKIAN & DAL

    MOLIN, 2008).

    Segundo Tutikian & Dal Molin (2008), a caracterstica de habilidade de

    preencher as frmas sem o surgimento de bolhas de ar ou falhas de concretagem,

    seja um CAA ou no, um dos principais fatores que influenciam na qualidade final

    do concreto endurecido. O concreto auto-adensvel no pode depender de vibrao

    externa para cumprir seu papel. O uso de qualquer tipo de vibrao estritamenteproibida no CAA. Seu nico meio de adensar atravs do seu prprio peso, pela

    ao da fora da gravidade.

    Uma ressalva se faz na propriedade de resistncia segregao. Quando o

    concreto escoa dentro da frma atravessando obstculos, no deve segregar. Pode-

    se observar que, uma mistura pode estar aparentemente coesa e quando lanada

    apresentar segregao. Portanto, se faz justo a utilizao dos ensaios no estado

    fresco para se constatar que no apresentada nenhuma segregao.

    2.3 REOLOGIA

    Segundo Barros e Gomes (2009), a cincia que estuda o fluxo (deformao

    irrecupervel no tempo) de materiais chamada de reologia, e inclui os estudos de

    deformao do concreto fresco, manuseio e lanamento.

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    Os fluidos podem ser divididos em dois grandes grupos: Newtonianos e No-

    Newtonianos. Os fluidos Newtonianos se definem atravs de um grfico (tenso de

    cisalhamento x taxa de cisalhamento) de uma reta, onde o incio na origem e a

    curva subiria com uma inclinao constante. Qualquer ponto desta reta define os

    valores para tenso de cisalhamento () e taxa de cisalhamento (). A razo entre

    os valores de e , obtem-se o valor da viscosidade (). Entre os fluidos

    Newtonianos podemos citar alguns gases, a gua pura, solventes, entre outros

    (ALENCAR, 2008).

    Segundo Alencar (2008), quando se trata de fluidos No-Newtonianos, no

    podemos afirmar que existe uma viscosidade constante. Dentre esses fluidos,

    podemos classific-los como: dependentes e independentes do tempo. Os primeirostem suas propriedades variadas de acordo com a tenso de cisalhamento e com o

    tempo de aplicao dessa tenso. Os materiais No-Newtonianos independentes do

    tempo so subdivididos em dois grupos: sem e com tenso inicial. Os sem tenso

    inicial no precisam de nenhuma tenso de cisalhamento para escoar. Ao contrrio,

    os com tenso inicial, o fluxo do material s ocorre aps a aplicao de uma tenso

    mnima de escoamento.

    O CAA classificado como um material que apresenta comportamentoBinghamaniano, onde se comporta como um slido ideal at que a tenso tangencial

    aplicada ultrapasse a tenso de escoamento. Aps esse instante, o concreto

    comea a se comportar como um fluido que possui uma relao linear entre a

    tenso aplicada e a velocidade de deformao (ALENCAR, 2008). A figura 2 mostra

    o comportamento de um fluido Newtoniano e Binghamaniano.

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    Figura 2Comportamento dos fluidos Binghamanianos e Newtonianos (adaptado de

    ALENCAR, 2008).

    Segundo Barros e Gomes (2009), os estudos reolgicos tem permitido

    compreender o comportamento do CAA, favorecendo uma dosagem mais racional

    desse concreto especial. Fava & Fornasier apud Alencar (2008), esclarecem que as

    constantes reolgicas de tenso de escoamento e a viscosidade plstica devem

    cumprir duas condicionantes fundamentais para que um CAA tenha uma adequada

    autocompactabilidade:

    1) Um valor muito baixo ou nulo de , faz com que o concreto se comporte

    aproximadamente como um fluido Newtoniano. Tal condio implica que o

    CAA dever ter uma elevada fluidez.

    2) Um valor moderado para , de forma a promover uma adequada

    resistncia segregao. Esse ponto fundamental, j que uma

    viscosidade muito baixa pode prejudicar a estabilidade da mistura,

    enquanto uma elevada viscosidade pode levar bloqueios dos agregados

    em contato com as armaduras e deficincia no acabamento superficial do

    concreto.

    A figura 3 mostra um comparativo entre as curvas de fluxo do CCV e do CAA,

    evidenciando as condicionantes citadas acima.

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    Figura 3Curvas de fluxo de um CCV e um CAA (ALENCAR, 2008).

    2.4 VANTAGENS E APLICAO

    O concreto auto-adensvel foi desenvolvido no final da dcada de 80 para

    melhorar a durabilidade das estruturas. Desde ento, foram feitas investigaes e o

    CAA vem sendo utilizado em estruturas, principalmente por grandes empresas de

    construo japonesas (OKAMURA e OUCHI, 2003). Aps inmeras pesquisas de

    vrios pases que estudaram sua adensibilidade e suas vantagens, chega-se a

    concluso que o CAA (EFNARC, ARAJO e CAVALCANTI, 2006):

    acelera a construo; reduz mo-de-obra no canteiro, assim, reduzindo o custo de aplicao

    por m;

    melhora o acabamento final da estrutura;

    melhora a durabilidade da estrutura;

    fcil de adensar;

    permite uso de vrias formas e tamanhos;

    permite concretagens em peas com sees reduzidas; elimina o barulho de vibrao;

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    torna o local de trabalho mais seguro;

    permite bombeamento em grandes distncias;

    permite o uso de grandes volumes de aditivos minerais provenientes de

    resduos industriais, contribuindo para a diminuio do impacto ambiental;

    reduz o custo final da obra comparado com o ccv.

    O CAA pode ser utilizado de vrias formas, tanto moldado in loco como na

    indstria de pr-moldados, pode ser dosado no canteiro ou em centrais e tambm

    pode ser lanado com bombas de concreto, gruas ou simplesmente espalhado.

    Portanto, o CAA to verstil quanto o CCV. (TUTIKIAN & DAL MOLIN, 2008)

    Segundo Okamura e Ouchi (2003), no Japo, apenas 0,1% dos concretos

    usinados so auto-adensveis. Apesar de vrios pases como Japo e pases

    europeus j existam aplicaes do CAA, ele ainda pouco utilizado. Dentre as

    aplicaes com concreto auto-adensvel pelo mundo, podemos citar:

    Segundo Tutikian e Dal Molin (2008), na Frana, o CAA foi usado na

    Chamarande, em 1998. As peas concretadas eram longas paredes com 2,30

    metros de altura, 16 centmetros de espessura e 30 metros de comprimento. O teor

    me argamassa do trao foi de 61,50%.

    A ponte Akashi Kaikyo, com vo de 1.991 metros, teve em sua execuo autilizao do CAA nas duas ancoragens (Figura 4). O concreto foi bombeado em

    tubos de 200 metros de comprimento. A economia de tempo foi da ordem de 20%,

    tendo seu tempo de execuo reduzido de 2,5 anos para 2 anos. (TUTIKIAN & DAL

    MOLIN, 2008).

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    Figura 4Bloco de ancoragem da ponte Akashi-Kaikyo (Geyer, 2006 apud Arajo, 2008).

    No Chile, em um tnel de aproximadamente 6.000 metros de extenso com

    diferentes dimetros e com profundidade de 9 metros utilizou-se o CAA. O tnel

    possui Fck de projeto igual a 30 MPa, a/c menor que 0,55 e consumo de cimentomenor que 320 kg/m de concreto (SCIARAFFIA, 2003 apud CAVALCANTI, 2006).

    Outro exemplo de aplicao do CAA ocorreu na cidade de Ilinois nos Estados

    Unidos. A Universidade local desenvolveu um projeto que consiste em uma parede

    densamente armada em forma de L que seria indestrutvel para simulao de

    diversos terremotos (Figura 5). A estrutura possua vrios tubos horizontais para

    futuras medies e os mesmos no poderiam de mover, portanto, o uso da vibrao

    foi descartado. Utilizou-se o CAA e depois da desfrma, observou-se que a paredeno necessitava de reparos e que os tubos no haviam sido danificados. (TUTIKIAN

    e DAL MOLIN, apud GRACE, 2005).

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    Figura 5Parede para simulaes de terremotos (TUTIKIAN & DAL MOLIN apud GRACE,

    2005).

    No Brasil, destacam-se algumas aplicaes do CAA descritas no artigo da

    Revista Tchne (2008).

    Na obra do Residencial Pateo So Paulo, da construtora BKO, pde ser

    verificado que o tempo de lanamento foi reduzido pela metade utilizando o mesmo

    nmero de trabalhadores. O mesmo aconteceu na ampliao do Shopping

    Flamboyant, em Goinia. Outra aplicao do CAA foi no Metr de So Paulo com

    uma laje de 8.000 m de volume (Figura 6), foram utilizados 600 m nas regies de

    engaste da laje com as paredes dos poos.

    Figura 6Laje do metr de So Paulo (TECHNE, 2008).

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    Em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul, a Mosmann Incorporaes utilizou o

    CAA na execuo da estrutura de um edifcio residencial. Verificou-se que ao todo,

    os funcionrios tiveram 162 horas livres por andar, que foram usadas para acelerar

    outros tipos de servios.

    2.5 OBRAS DE BELM

    Abaixo ilustra-se nas figuras 7, 8 e 9 obras da regio de Belm que utilizaram

    como tecnologia o concreto auto-adensvel:

    Figura 7Ponte sobre o Rio Guam onde foi utilizado o CAA nas suas estacas submersas

    (CONSTRUBASE, 2010).

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    Figura 8Vigas do elevado Daniel Berg onde foi utilizado o CAA (Acervo do autor, 2010).

    Figura 9Edifcio Reserva Ibiapaba da construtora Gafisa onde se utilizou CAA nas paredes

    armadas (Acervo do autor, 2010).

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    2.6 MATERIAIS DE BELM UTILIZADOS NO TRABALHO

    Os materiais constituintes do CAA so quase os mesmos do concreto

    convencional, que constitudo de aglomerante (cimento), agregados (midos e

    grados) e gua. O concreto auto-adensvel, alm de possuir esses componentes,

    tambm contm em sua mistura adies minerais e aditivos qumicos. A seguir

    sero apresentados os componentes indicados e os encontrados na regio de

    Belm que se mostraram tecnicamente e economicamente viveis.

    2.6.1 Cimento (CPII-F-32)

    Os tipos de cimento utilizados para a confeco do CAA so os mesmos

    usados no CCV. Segundo Tutikian e Dal Molin (2008), como no existe critrios

    cientficos que especifiquem o cimento mais adequado para o CAA, o melhor

    cimento aquele que apresenta e menor variabilidade em termos de resistncia

    compresso.

    Segundo Cavalcanti (2006), deve-se levar em considerao a interao

    cimento-superplastificante, onde as partculas do cimento de C3A e C4AF so

    facilmente adsorvidas pelo superplastificante. No entanto, a proporo destes

    aluminatos deve ser moderada, a fim de melhorar a uniformidade da adsoro.

    A trabalhabilidade e a necessidade de gua da mistura esto diretamente

    ligados a quantidade de C3A e a granulometria do cimento. Em relao reologia do

    cimento, o fator determinante a quantidade de aluminato triclcico (C3A), que,

    quanto menor for sua proporo no cimento, mais fcil ser seu controle reolgico,

    assim como, o concreto ter um enrijecimento mais prolongado (TUTIKIAN e DAL

    MOLIN, 2008). Para se obter um CAA fluido, sem dificuldades de aplicao, o teor

    de C3A deve ser inferior a 10% (EFNARC, 2002).

    O cimento escolhido para a dosagem proposta foi o CPII, por possuir uma

    quantidade de C3A em torno de 8% (METHA e MONTEIRO, 2008). O CPII F 32 um

    cimento Portland com adio de filler de calcrio, classe 32 de acordo com a NBR

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    5732 (ABNT, 1991) e facilmente encontrado na regio de Belm. A caracterizao

    do cimento encontra-se na tabela 1.

    Tabela 1Caractersticas do cimento CPII F 32

    PROPRIEDADES DO CPII F 32Finura (%) 3,29

    Massa especfica (Kg/dm) 3,14

    Tempo de pega (hora)Incio 3Fim 6

    Resistncia compresso(MPa)

    28 dias 33

    2.6.2 Agregados

    Para a confeco do CAA pode-se utilizar tanto areias naturais, quanto as

    industriais. Faz-se uma ressalva para cuidados maiores com a utilizao das areias

    oriundas de processos industriais, pois essas podem possuir descontinuidade na

    sua composio granulomtrica. As areias naturais, por terem sua forma maisarredondada e lisa, so as mais indicadas para a dosagem do concreto auto-

    adensvel. Por possurem essa forma, aumenta a fluidez da pasta para uma mesma

    quantidade de gua. Segundo Okamura e Ouchi (2003), quanto maior o ngulo da

    partcula, maior ser a resistncia ao cisalhamento da argamassa, reduzindo a

    possibilidade de deformao do concreto. A figura10mostra a relao entre a forma

    do agregado mido e a resistncia ao cisalhamento do CAA (TUTIKIAN & DAL

    MOLIN, 2008).

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    Figura 10 Relao entre a forma do agregado mido e a resistncia ao cisalhamento(TUTIKIAN & DAL MOLIN, 2008)

    A finura do cimento tambm est diretamente ligada reologia. Os cimentos

    que possuem superfcies especficas maiores, ou seja, mais finos, tm partculas em

    maior quantidade em contado com a gua, assim, aumentando a freqncia de

    coliso entre elas, reduzindo a tenso de escoamento (TUTIKIAN & DAL MOLIN,

    2008). Segundo Gomes e Barros (2009), o tipo do cimento tem efeito significante na

    tenso de escoamento e em estudos, foi constatado que, cimentos mais finos tm

    sua tenso de escoamento reduzida.

    O CAA, por possuir em sua composio uma quantidade de finos maior, gera

    um alto custo e um alto calor de hidratao, podendo causar problemas de retrao

    do concreto. Para reduzir esse problema, so adicionados fleres ou pozolanas para

    substituir parte do cimento. No entanto, j esto sendo utilizados cimentos a base de

    um composto chamado belita, que nada mais do que uma forma impura de C2S,

    que, quando usado em propores maiores no cimento, torna-o menos reativo e

    reduz o calor de hidratao (GOMES, 2002 apud CAVALCANTI, 2006). Segundo

    Neville (1997), os cimentos mais finos contribuem para um maior ganho de

    resistncia, em funo da velocidade de hidratao do cimento. O consumo de

    cimento do CAA est entre 200 a 450 Kg/m, dependendo do tipo de adies. Deve-

    se ter cuidados adicionais quando o consumo for maior que 500 Kg/m em razo dos

    possveis problemas de retrao (GOMES e BARROS, 2009)

    Segundo Gomes e Barros (2009), os agregados devem atender as exigncias

    da norma iguais as utilizadas para o CCV. Recomenda-se que a granulometria

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    abaixo de 0,125 mm sejam consideradas parte dos finos da dosagem, onde a

    mesma ir contribuir para a melhoria da coeso e aumento da viscosidade.

    Para o agregado grado, o dimetro mximo caracterstico deve ser de

    20mm, porm, dimetros de 40mm j foram utilizados em aplicaes do CAA. O

    volume de agregado mido deve ser, no mximo, de 40% do volume de argamassa

    e o grado deve ser de 50% do volume de slidos (OKAMURA, 1997).

    Ao contrrio das areias, o agregado grado que possui superfcie lisa o

    mais indicado. Agregados porosos e angulares tm melhor aderncia com a pasta

    de cimento, mas por outro lado, a porosidade faz com que ocorra um maior consumo

    de gua. Portanto, recomenda-se que para a dosagem do CAA, o melhor agregado

    aquele que possui fator de forma mais prximo que 1 dada pela equao 1(TUTIKIAN & DAL MOLIN, 2008).

    Equao 1

    Deve-se fazer um rigoroso controle da umidade dos agregados, para a

    obteno de concreto uniforme (EFNARC, 2002). A variao da umidade pode

    aumentar consideravelmente o consumo de gua e, consequentemente afetar aspropriedades mecnicas e a durabilidade do concreto (DOMONE, 2006 apud

    TUTIKIAN e DAL MOLIN, 2008).

    A areia utilizada no trabalho oriunda do municpio de Santa Brbara no

    Par, do tipo quartzoza com gros esfricos e classificada como fina. O

    agregado grado escolhido foi o seixo rolado tipo mdio, por ser encontrado

    facilmente na regio e oriundo do municpio de So Miguel do Guam. A tabela 2 e

    3 mostram a caracterizao dos agregados.

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    Tabela 2Caracterizao do agregado mido.

    AREIA FINA

    Peneiras (mm)

    Massa retida

    (g) % Retida

    % Retida

    acumulada

    Mtodo de

    Ensaio4,8 3,13 0,313 0,313

    NBR NM 248

    2,4 14,21 1,421 1,734

    1,2 38,67 3,867 5,601

    0,6 128,0 12,800 18,401

    0,3 715,09 71,509 89,91

    0,15 41,02 4,102 94,012

    Fundo 59,88 5,988 100

    Total 1000 100 -

    Massa Especfica 2,57 Kg/dm NBR 9776

    Massa Unitria 1,65 Kg/dm NBR NM 7251

    Mdulo de Finura 1,20 NBR NM 248

    Dimetro Mximo 1,2 mm NBR NM 248

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    Tabela 3Caracterizao do agregado grado.

    SEIXO ROLADO

    Peneiras (mm)

    Massa retida

    (g) % Retida

    % Retida

    acumulada

    Mtodo de

    Ensaio25 0 0 0

    NBR NM 248

    19 0 0 0

    12,5 387,34 7,75 7,75

    9,5 1267,60 25,35 33,10

    6,3 1342,29 26,85 59,94

    4,8 751,82 15,04 74,98

    2,4 0 0 74,98

    1,2 0 0 74,98

    0,6 0 0 74,98

    0,3 0 0 74,98

    0,15 0 0 74,98

    Fundo 1250,95 25,02 100

    Total 5000 100 -

    Massa Especfica 1,55 Kg/dm NBR NM 52

    Massa Unitria 1,67 Kg/dm NBR NM 7251

    Mdulo de Finura 4,83 NBR NM 248

    Dimetro Mximo 19 mm NBR NM 248

    2.6.3 Adies Minerais

    Adies minerais so materiais silicosos com granulometria baixa que,

    quando incorporadas ao concreto, resultam em um efeito benfico nas propriedades

    do mesmo e h uma considervel economia de energia e custo (METHA e

    MONTEIRO, 2008).

    Para aumentar a coeso e evitar a segregao do CAA, pode-se usar adiesminerais ou modificadores de viscosidade. A escolha da adio mineral baseada

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    em anlises tcnicas e econmicas, podendo ser diversas, desde que suas

    partculas sejam menores do que as do cimento. Alm de estarem diretamente

    ligadas s propriedades de resistncia segregao, tambm possuem um papel

    importante na durabilidade e resistncia do concreto (TUTIKIAN & DAL MOLIN,

    2008).

    Segundo Cavalcanti (2006), as adies podem ser classificadas como

    predominantemente inertes (A.P.I.) ou predominantemente reativas (A.P.R.),

    dependendo da reao com o concreto. As A.P.R. reagem quimicamente com a

    pasta, so exemplos: pozolanas, cinza volante, cinza da casca de arroz, cinzas da

    caldeira da queima do bagao da cana de acar, slica ativa e metacaulim. J as

    A.P.I. reagem fisicamente, proporcionando uma maior compacidade, entre elasesto: fleres de calcrio, quartzo e resduo de serragem de mrmore e granito.

    Segundo EFNARC (2002), os dois tipos de adies podem ser utilizadas para a

    produo do CAA.

    A utilizao de adies minerais traz uma srie de benefcios, como:

    ambiental, quando a adio um resduo industrial, evitando que o mesmo seja

    jogado no meio ambiente; econmico, pois pode ser substitudo pelo cimento,

    reduzindo o custo do m do concreto; e tecnolgico, devido proporcionar melhoriasnas propriedades do CAA no estado fresco e no endurecido. Nas propriedades no

    estado fresco, podemos citar a ausncia de segregao e exsudao. Nas

    propriedades do concreto endurecido, notvel a melhoria das propriedades

    mecnicas, tais como: resistncia, permeabilidade e durabilidade (METHA e

    MALHOTRA, 1996 apud CAVALCANTI, 2006).

    Segundo EFNARC (2005), as adies so classificadas de acordo com sua

    capacidade reativa com a gua, conforme tabela 4.

    Tabela 4Classificao das adies (EFNARC, 2005)

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    A adio mineral utilizada neste trabalho para a produo do CAA o

    metacaulim, que ser comentado com mais detalhes a seguir.

    Metacaulim

    O metacaulim foi desenvolvido originalmente na Europa em meados da

    dcada de 80, com o objetivo de oferecer ao mercado uma adio mineral de alta

    eficcia que, mesmo em quantidade relativamente bem inferiores de outras

    pozolanas, conseguisse proporcionar altssima durabilidade s estruturas e

    aplicaes que utilizam concretos e outros produtos base de Cimento Portland

    (GALLO, 2008).Segundo Helene (2003), o metacaulim constitudo principalmente por

    compostos base de slica (SiO2) e alumina (Al2O3) na fase amorfa, proporcionando

    alta reatividade com o hidrxido de clcio presente no concreto. recomendado

    para uso indiscriminado em concretos de Cimento Portland por possuir

    caractersticas fsicas e qumicas que melhoram as propriedades mecnicas do

    concreto.

    O princpio de ao do metacaulim no concreto pode ser dividido em doistipos, o efeito microfiller e o efeito qumico. O efeito microfiller so os espaos

    vazios ocupados pelas suas partculas, devido ao seu tamanho, assim reduzindo a

    sua porosidade, contribuindo para a reteno da gua utilizada na mistura,

    melhorando a hidratao do cimento e reduzindo fissuras causadas por capilaridade

    e de retrao durante a cura. O efeito qumico a formao de compostos mais

    estveis quimicamente, devido reao poloznica entre o metacaulim e o hidrxido

    de clcio livre presentes na pasta de cimento, aumentando a resistncia mecnicado concreto e sua durabilidade. (GALLO, 2008)

    Segundo (GALLO, 2008) a utilizao de metacaulim na fabricao de

    concretos e argamassas oferece diversos benefcios, que podem se resumidos

    basicamente em trs objetivos primordiais para qualquer obra ou aplicao:

    durabilidade, economia e segurana. Tambm podemos citar outros benefcios

    como: diminuio de fissuras oriundas da retrao por secagem; aumento de

    resistncia qumica cidos e sulfatos; reduo da probabilidade de ocorrncia de

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    corroso das armaduras, aumento da resistncia abraso e eroso de concreto,

    reduo da eflorescncia primria e secundria, e reduo da carbonatao.

    Foi utilizado neste trabalho o Metacaulim HP, fabricado pela Metacaulim do

    Brasil que possui as seguintes caractersticas fsico-qumicas, conforme tabela 5.

    Tabela 5Caractersticas fsico-qumicas do Metacaulim (GALLO,2008).

    PROPRIEDADES METACAULIMSiO2+ Al2O3 90% a 94%Fe2O3 1,0% a 2,5%TiO2 < 1,5%SO3 < 0,1%MgO < 0,5%CaO < 0,5%lcalis solveis < 0,1%Perda ao fogo < 4,0%rea Esp. BET 240.000 a 280.000 cm/gMassa especfica 2,53 a 2,58 Kg/dmMassa Unitria 0,55 Kg/dm

    2.6.4 Aditivo superplastificante

    Segundo Metha e Monteiro (2008), os superplastificantes so tambm

    chamados de aditivos redutores de gua de alta eficincia porque so capazes de

    reduzir de trs a quatro vezes a gua de amassamento de uma determinada mistura

    de concreto comparado aos aditivos redutores de guas normais. Foram

    desenvolvidos na dcada de 70 e j so amplamente utilizados na indstria da

    construo civil. So constitudos de surfactantes aninicos de cadeia longa, de alta

    massa molecular com um grande nmero de hidrocarbonetos. Quando absorvido

    nas partculas de cimento, o surfactante confere forte carga negativa, que ajuda a

    diminuir consideravelmente a tenso superficial da gua e eleva acentuadamente a

    fluidez do sistema.

    Segundo Hartmann apud Tutikian e Dal Molin (2008), os superplastificantes

    podem ser agrupados em quatro categorias, de acordo com a sua composio

    qumica:

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    1. Lignossulfonatos ou lignossulfonatos modificados (LS). Os

    lignossulfonatos geralmente incorporam ar e retardam a pega do

    cimento;

    2. Sais sulfonatos de policondensado de naftaleno e formaldedo,

    usualmente denominados de naftaleno sulfonato ou apenas naftaleno

    (NS). Estes no incorporam ar e praticamente no interferem no tempo

    de pega do cimento;

    3. Sais sulfonatos de policondensado de melamina e formaldedo,

    usualmente denominados de melamina sulfonato ou apenas de

    melamina (MS). A melanina pode apresentar tendncia a retardar a

    pega do cimento e, eventualmente, incorporar pequenas quantidadesde ar;

    4. Policarboxilatos (PC), que no retardam a pega do cimento.

    Segundo Tutikiam e Dal Molin (2008), os superplastificantes so classificados

    como: 1 gerao, que so os lignossulfonatos (LS) por serem redutores de guas

    normais; 2 gerao, que so o naftaleno (NS) e a melamina (MS), que permitem a

    reduo de at 25% da gua na mistura; e os de 3 gerao, que so ospolicarboxilatos (PC), mais aconselhados na produo do CAA, por terem alta

    eficincia e dispersarem as partculas de cimento quando comparados aos aditivos

    tradicionais como mostram as figuras 11,12 e 13.

    Figura 11 Molcula de um Policarboxilato (SILVA JUNIOR e VON PAUMGARTTEN, 2009).

    Figura 12 Ao do policarboxilato sobre as partculas de cimento (SILVA JUNIOR e VON

    PAUMGARTTEN, 2009).

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    Figura 13 Manuteno da trabalhabilidade devido ao efeito estreo (SILVA JUNIOR e VON

    PAUMGARTTEN, 2009).

    A incorporao de superplastificantes em pastas, argamassas e/ou concretos

    provoca alteraes nas propriedades e caractersticas da mistura, tais como:

    hidratao, porosidade, morfologia dos hidratos, evoluo da resistncia, fluidez,

    tempo de pega, retrao, segregao e/ou exsudao, dentre outras. Tais

    caractersticas podem ser influenciadas de forma positiva ou negativa na mistura.

    Para que estes efeitos provocados pela adio do superplastificante sejam

    satisfatrios, deve ser feito um estudo prvio de compatibilidade e uma adequada

    caracterizao dos materiais empregados (RONCERO, 2000 apud CAVALCANTI,

    2006).

    Segundo Rixom e Mailvaganam apud Gomes (2002), com relao aos efeitos

    reolgicos promovidos, os superplastificantes reduzem o valor da tenso de

    escoamento e viscosidade plstica das pastas de cimento. Para altas dosagens

    (0,8%), o valor da tenso de escoamento aproxima-se de zero e o sistema torna-se

    essencialmente Newtoniano.

    O aditivo superplastificante utilizado no trabalho foi o MC-Powerflow 2143-5,

    composto de polmeros policarboxilatos e classificado como um aditivo de 3

    gerao. Tem como caracterstica principal viabilizar longos tempos de

    trabalhabilidade ao concreto sem prejuzo resistncia inicial. Seus dados tcnicos

    so descritos na tabela 6.

    Tabela 6Dados tcnicos MC- Powerflow 2143-5 (MC Bauchemie, 2010).

    CARACTER STICA UNIDADE VALORDensidade g/cm 1,06Dosagem Recomendada % 0,2 a 5,0Teor de Cloretos % < 0,1Teor de lcalis % < 0,1

  • 8/11/2019 Concreto Auto Adensavel Materiais

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    2.6.5 gua

    Segundo Barros (2009), apesar da gua ser o material que exige um controle

    de qualidade menos rigoroso, entre todos os componentes do concreto,

    certamente o parmetro mais importante no controle das propriedades do concreto

    fresco e endurecido. A quantidade de gua em uma mistura depende de vrios

    fatores, tais como: propriedades dos agregados, quantidade de gua necessria

    para hidratao do cimento, quantidade total de partculas finas na mistura, uso de

    adies ou aditivos, e assim por diante.

    Segundo Cavalcanti (2006), quanto maior a quantidade de gua no concreto,

    menor a tenso limite de escoamento, aumentando sua deformabilidade e

    diminuindo a viscosidade da mistura. No entanto, um elevado teor de gua pode

    provocar segregao. Para garantir a alta fluidez do CAA, sem afetar negativamente

    suas propriedades, parte da gua pode ser substituda por superplastificantes.

    2.7 PROPRIEDADES DO CAA NO ESTADO FRESCO

    Segundo Alencar (2008), vrios autores tm proposto mtodos de ensaio

    para testar as propriedades do CAA. Os primeiros ensaios foram realizados no

    Japo por Okamura na Universidade de Tquio.

    Ao longo dos anos, diferentes mtodos de ensaio foram desenvolvidos para

    caracterizar as propriedades do CAA no estado fresco. Ainda em fase de evoluo,

    tcnicas recentemente desenvolvidas tm sido utilizadas para avaliar estas

    propriedades. Alguns mtodos so mais comumente utilizados, so estes: slump

    flow test, slump flow T500, caixa L (L-box), funil V (V-funnel) e o tubo U (U-pipe)

    (CAVALCANTI, 2006). As propriedades avaliadas so: fluidez, habilidade passante e

    resistncia segregao; e como no so independentes e esto diretamente

    ligadas entre si, alguns mtodos avaliam vrias propriedades ao mesmo tempo

    (ALENCAR, 2008). A tabela 7 mostra quais os ensaios mais indicados paraavaliao de cada propriedade:

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    seguir preenchido com o concreto sem compactao. Aps o preenchimento, o

    molde levantado e o concreto flui livremente. O resultado do ensaio a mdia de

    dois dimetros perpendiculares do crculo formado pela pasta de concreto. Os

    valores aceitos pela maioria doa autores de dimetro mnimo de 600mm e mximo

    de 750mm (TUTIKIAN e DAL MOLIN, 2008).

    Figura 14Aparato para ensaio de slump flow (NBR 15823/10).

    O slump flow possibilita uma avaliao visual se est havendo segregao, ou

    no. Para tal, necessrio verificar se o agregado grado esta distribudohomogeneamente e se est acompanhando a pasta at a sua extremidade, a figura

    15 mostra os dois casos (ALENCAR, 2008).

    Figura 15Anlise do aspecto visual do espalhamento (ALENCAR, 2008).

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    2.7.2 Slump flow T500

    O ensaio de slump flow T500 uma variao do slump flow, no qual consiste

    na medio do tempo que o concreto atinge uma marca de 500 mm de dimetro

    centrada na base de ensaio (ALENCAR, 2008). O teste realizado simultaneamente

    com o slump flow. Assim que o concreto for erguido verticalmente, deve-se acionar o

    cronmetro e marcar o tempo em que o concreto atinge a marca de 500 mm. Se o

    tempo for baixo, significa que o concreto est muito coeso e deve ser corrigido. Os

    limites aceitos so de no mnimo 3 segundo e mximo de 7 segundos (TUTIKIAN &

    DAL MOLIN, 2008).

    2.7.3 Ensaio de Caixa-L (L-box)

    Segundo Fava & Fornasier apud Alencar (2008), o ensaio de caixa-L foi

    desenvolvido na Sucia, diferentemente da maioria do ensaios que foram no Japo.

    Segundo a Norma NBR 15823/2010, o ensaio mede a habilidade passante, sob fluxo

    confinado, atravs da razo entre as alturas H2 e H1 da superfcie do concreto nas

    extremidades posterior e anterior da cmara horizontal, respectivamente, aps

    aberta a grade de separao entre os compartimentos (Figura 16). Como o CAA no

    um fludo totalmente Newtoniano, necessrio um tempo mnimo para a abertura

    da porta, entre 30 a 60 segundos, evitando assim, mascarar resultados na obra, j

    que se a porta for aberta logo aps o concreto ser despejado, seu escoamento ser

    facilitado.

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    Figura 16Aparato para execuo de ensaio Caixa-L (NBR 15823/2010).

    Uma avaliao visual do concreto aps a realizao do ensaio mostra vrias

    informaes. O acmulo do agregado grado nas proximidades das barras de ao

    indica que o concreto est sem a coeso adequada para contornar os obstculos de

    forma homognea (HASTENPFLUG, 2007).Segundo Tvriska apud Filho (2006), o valor aceitvel para a razo de

    bloqueio, H2/H1, normalmente situado entre 0,8 a 0,85, e, valores inferiores como

    0,6, s vezes, mostram valores aceitveis para a estrutura. Entretanto, valores entre

    0,8 e 1,0 so considerados aceitveis, desde que seja verificada a resistncia

    segregao do concreto.

    2.7.4 Ensaio de Caixa-U (U-box)

    O ensaio Caixa-U foi desenvolvido pela Technology Research Centre of the

    Taisei Corporation in Japan e serve para medir a fluidez e a capacidade do concreto

    de passar por obstculos sem segregar. O aparato composto por dois

    compartimentos separados por um porto mvel e barras de ao com dimetro de

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    12,5 mm espaados entre si em 40 mm, conforme figura 17 (TUTIKIAN & DAL

    MOLIN, 2008).

    Figura 17Aparato para ensaio de Caixa-U (TUTIKIAN & DAL MOLIN, 2008).

    Os equipamentos necessrios para execuo do ensaio so uma trena ou

    rgua de no mnimo 60 cm, um balde e uma caixa em formato de U (BARROS,

    2009). So colocados cerca de 16 litros de concreto no estado fresco, colocadossem vibrao ou compactao no compartimento esquerdo da caixa, com o porto

    ainda fechado. Aps a colocao do concreto, o mesmo deve descansar por 1

    minuto e o porto deve ser aberto para o concreto escoar atravs das armaduras

    para o compartimento direito. Assim que o concreto se estabilizar, deve-se medir as

    alturas R1 e R2, altura esquerda e direita respectivamente, e determinar o valor de

    R1-R2 que dever ser de no mximo de 30 mm. Quando mais prxima de zero, mais

    fluida a mistura se encontra (TUTIKIAN & DAL MOLIN, 2008).

    2.8 PROPRIEDADES DO CAA NO ESTADO ENDURECIDO

    Segundo Domone apud Barros (2009), apesar dos diversos trabalhos

    desenvolvidos no incio dos anos 90, relacionados com a obteno e avaliao daspropriedades no estado fresco, so as propriedades no estado endurecido que se

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    apresentam como de importncia primordial para os projetistas estruturais. Gomes et

    al. (2006), cita que como os benefcios do concreto auto-adensvel esto ligados

    diretamente com suas propriedades no estado fresco, suas propriedades no estado

    endurecido tm sido menos discutidas, porm, alguns autores tm constatado que o

    CAA tem alcanado resistncias superiores comparadas ao CCV.

    Cavalcanti (2006), diz que os benefcios do CAA devem ser atribudos

    principalmente s suas propriedades no estado fresco, mas tambm as

    propriedades no estado endurecido devem ser analisadas de forma criteriosa.

    Somente desta forma o CAA pode ser utilizado de forma segura.

    Segundo Tutikian & Dal Molin (2008), a grande diferena entre o CCV e o

    CAA que o primeiro est suscetvel, durante seu processo de concretagem, fatores que possam a vir comprometer a qualidade do produto final, como podemos

    citar a adensibilidade e compactao.

    Neville apud Tutikian & Dal Molin (2008) afirma que a qualidade do concreto

    quase sempre posta prova, especialmente no que diz respeito permeabilidade.

    Alm dos poros da pasta de cimento e dos agregados, o concreto como um todo

    contm vazios causados tanto por adensamento incompleto como por exsudao.

    Esses vazios ocupam cerca de 1 a 10% do seu volume, sendo que misturas comvalores de 10% so as que apresentam mais falhas e resistncias muito baixas.

    As propriedades mais analisadas nos CCV no estado endurecido so:

    resistncia compresso axial e trao, resistncia flexo, mdulo de

    deformao e asceno capilar. Tais propriedades so facilmente determinadas e

    utilizadas regularmente para constatar a qualidade do concreto e sero abordadas a

    seguir.

    2.8.1 Resistncia compresso

    A resistncia compresso do concreto medida em laboratrio por um

    ensaio de compresso uniaxial, definido pela NBR 5739, no qual a carga

    aumentada progressivamente para romper o corpo-de-prova em 2 a 3 minutos. A

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    figura 18 apresenta as inmeras variveis que influenciam na resistncia do

    concreto (METHA e MONTEIRO, 2008).

    Figura 18 Fatores que influenciam na resistncia do concreto (METHA eMONTEIRO, 2008).

    Hastenpflug (2007), afirma que a resistncia compresso do concreto a

    propriedade que normalmente especificada nos projetos estruturais, apesar das

    estruturas de uma edificao serem submetidas a outros tipos de esforos, como

    cisalhamento e trao em mais de duas direes.

    A resistncia depende de dois fatores principais: a relao gua/cimento e ograu de adensamento (HASTENPFLUG, 2007). A relao a/c define a porosidade da

    matriz do concreto. Quanto maior a quantidade de gua presente na pasta, maior

    o distanciamento das partculas do cimento, e, aps a hidratao do mesmo, maior

    ser a quantidade de poros existentes.

    A adensibilidade de extrema importncia, principalmente a dos agregados

    grados e midos. Como controle da granulometria possvel se conseguir uma

    mistura com o volume de vazios bem menor. Com os materiais constituintes mais

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    prximos, possvel se conseguir um concreto mais denso e, conseqentemente,

    mais resistente.

    De acordo com KLUG et. al. apud CAVALCANTI (2006):

    No existe ainda uma comparao exata entre as propriedades

    mecnicas do concreto convencional com o CAA;

    O CAA apresenta maiores resistncias que o concreto convencional,

    para um mesmo consumo de cimento e a/c;

    A evoluo das resistncias compresso do concreto convencional

    comparada ao CAA com as idades bastante similar;

    A geometria do molde de ensaio influencia na resistncia

    compresso do concreto;

    Os resultados encontrados para resistncia compresso so

    significativamente maiores no concreto auto-adensvel (40% maior),

    quando comparados ao concreto convencional.

    Souza et al. (2008) desenvolveu um trabalho com CA com utilizao de seixo

    rolado e adio de metacaulim. O concreto foi obtido com cimento Portland tipoCPIIZ32, dimetro mximo do agregado grado de 12,5mm, e metacaulim, na

    proporo de 20% do peso do cimento substituindo-o. Foi verificado que o CAA

    apresentou resistncia razovel com relao a/c de 0,54. Para as relaes de 0,66 e

    0,94, o concreto apresentou resistncias relativamente baixas, como mostra a tabela

    8.

    Tabela 8Ensaios de resistncia compresso axial (SOUZA et al., 2008)

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    2.8.2 Resistncia trao por compresso diametral

    Em projetos estruturais de concreto armado, o ao tem a funo de absorver

    os esforos de trao. No concreto, a resistncia a trao de fundamental

    importncia por causa das fissuras, quando o mesmo submetido carga de

    servio (METHA e MONTEIRO, 2004).

    METHA e MONTEITO (2008) dizem que a resistncia a trao para CCVs

    em torno de 10 a 15% da resistncia a compresso. Essa relao est diretamente

    ligada heterogeneidade do concreto. Quanto maior for a resistncia compresso

    do concreto, maiores so as relaes.

    Segundo GOMES et al. (2006), onde foram utilizados dados de resistncia

    obtidos de diversos autores, a relao entre as resistncias variou entre 8,3 e 11%.

    SOUZA et al. (2008), constatou que a resistncia trao aos 28 dias dos

    exemplares de CAA foi semelhante ao do CR, como mostra a tabela 9.

    Tabela 9Ensaios de trao por compresso diametral (SOUZA et al., 2008).

    2.8.3 Mdulo de deformao

    O modulo de deformao para um material sob trao ou compresso dado

    pela declividade da curva (tenso) x e (deformao) do concreto, sob

    carregamento uniaxial. Esse mdulo varia entre 14x10MPa e 40x10MPa para

    concretos convencionais (METHA & MONTEIRO, 2004 apud CAVALCANTI, 2006).

    Segundo BARROS (2009), o CAA possui um maior volume de pastacomparado ao CCV; algumas diferenas devem ser esperadas e o valor do mdulo

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    de deformao do CAA pode ser menor. Porm, isto deve ser adequado pela

    adoo de coeficientes de segurana das normas de estrutura do concreto

    (EFNARC, 2005 apud BARROS, 2009).

    HOLSCHEMACHER e KLUG (2002) citam que aps anlise de estudo de

    vrios autores, puderam verificar que o mdulo de deformao do CAA pode ser

    menor 20% do que o do CCV de mesmo trao e composio. Segundo GOMES et

    al. (2006), h uma controvrsia em relao ao mdulo de deformao do CAA. Ele

    cita que tm constatado que alguns autores registram uma diminuio do valor do

    mdulo de deformao do CAA, comparado com o CCV, entretanto, o trabalho de

    KLUG (2003), e o de PERSSON (2001), no se observa nenhuma diferena nos

    resultados.A caracterstica principal do agregado grado que influencia

    consideravelmente o mdulo de deformao do concreto a porosidade. Isto se d

    pelo fato de que o que determina a rigidez do agregado a sua porosidade.

    Normalmente, quanto maior for a quantidade de agregado grado com alto mdulo

    de deformao na pasta de concreto, maior ser o mdulo de deformao. Isto se

    confirma para concretos que so constitudos de agregados grados de pequena a

    mdia densidade e em menor proporo que os CCVs, com a mesma relao a/c(METHA & MONTEIRO, 1994 apud CAVALCANTI, 2006).

    3. VIABILIDADE ECONMICA DO CAA

    As novas tecnologias vm trazendo uma nova tendncia de tornar os

    processos produtivos mais racionalizados, sustentveis, baratos e mais seguros. Porisso, necessrio que a indstria da construo esteja mais atenta e atualizada, j

    que, essas novas tecnologias podem influenciar na deformao, mdulo de

    elasticidade, rapidez de execuo, tempo de escoramento e outros (TUTIKIAN &

    DAL MOLIN, 2008).

    Segundo Tutikian & Dal Molin (2008), para implantar o CAA nas edificaes

    no necessrio qualquer tipo de investimento inicial, j que esse concreto pode ser

    moldado nas mesmas formas que o CCV, utilizar os mesmo equipamentos (ou atmenos, por no precisar de vibradores) e com os mesmos materiais. Para que o

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    CAA se torne uma opo corriqueira, basta que as empresas comecem a optar por

    ele e que as empresas de servio de concretagem tambm o forneam.

    importante salientar que nenhum tipo de investimento inicial necessrio para as

    concreteiras.

    Etcheverry et al. (2003), afirma que aps pesquisas no Laboratrio de

    Materiais de Portugal (LNEC), observaram que em acompanhamento realizado por

    sua equipe tcnica, a diferena quanto ao custo do sistema com CAA em

    comparao ao sistema convencional da ordem de 12% de acrscimo. Este

    acrscimo analisado sob a tica de durabilidade da estrutura e diminuio do risco

    de formao de ninhos de concretagem ou falhas de vibrao, torna-se uma taxa

    economicamente vivel, sem causar grandes acrscimos nos custos das obras.Em matria publicada na Revista Tcnhe (2008), a construtora Mosmann

    Incorporaes utilizou o CAA na execuo da estrutura do edifcio Parthenon

    Residence em Novo Hamburgo (RS), a partir do quinto pavimento tipo. A edificao

    composta por duas torres justapostas com 11.529,41 m de rea total construda.

    Foram levantados custos de produo e execuo do CCV e do CAA, como

    mo-de-obra, lanamento e outros. A somatria final dos custos do auto-adensvel

    ficou 1,09% maior que o do CCV, mas se mostrou vantajosa quando considerada aprodutividade ganha durante a execuo. As tabelas 10 e 11 mostram os custos das

    execues dos dois mtodos:

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    Tabela 10Custo execuo CCV (TCHNE, N 132, 2008).

    Tabela 11Custo execuo CAA (TCHNE, N 132, 2008).

    Tutikian et al. apud Tutikian & Dal Molin (2008), descrevem uma utilizao

    com CAA em uma indstria de pr-moldados. Foram comparados os custos globais

    entre o CCV e o CAA, abrangendo todas as etapas do processo, desde a

    composio unitria dos insumos at a etapa de reparos. A tabela 12 mostra o

    resultado para a empresa, que utilizava um concreto de Fck 25 MPa. O custo global

    do CAA foi 3% inferior ao do CCV, apesar dos materiais terem apresentado um

    custo de 24% superior.

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    Tabela 12 Comparao de custos globais entre CVV e CAA (TUTIKIAN & DAL MOLIN,

    2008).

    EMPRESA X

    ETAPA

    CCV CAA

    N DEPESSOAS

    CUSTO(R$/m)

    N DEPESSOAS CUSTO (R$/m)

    COMPOSIODO CONCRETO

    0 142,46 0 177,29

    MISTURA DOCONCRETO

    1 3,43 1 3,43

    TRANSPORTE 1 15,49 1 15,49

    APLICAO DODESMOLDANTE 3 10,66 3 10,66

    ADENSAMENTO 5 26,70 2 5,34

    ACABAMENTO 4 7,03 2 1,41

    REPAROS 2 14,55 0 0,00

    TOTAL 216,89 210,19

    Com base no consumo e custo unitrio por m dos materiais utilizados no

    trabalho (tabela 13 e 14), em comparao com um CCV proposto por Souza et. al

    (2008), pode-se dizer que o CAA apresentou um aumento de cerca de 25,9% no

    custo total.

    Tabela 13Consumo dos materiais utilizados no trabalho.

    CONSUMO MATERIAIS (Kg/m)

    TRAO CIMENTO AREIA SEIXO METACAULIM SUPERPLAST.

    1 564,4 750,6 564,4 49,1 5,6

    2 499,5 799,2 564,4 43,4 5,0

    3 446,7 853,2 558,4 38,8 4,47

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    Tabela 14 Custo unitrio dos materiais utilizados no trabalho comparados com o CCV

    proposto por Souza et. al.

    CUSTO UNIT RIO/M

    CONCRETOS CIMENTO AREIA SEIXO MC SP TOTAL(R$)

    CCV (40 MPa) 173,52 9,29 38,64 - - 221,45

    TRAO 1 179,82 14,38 18,62 30,0 56,0 298,82

    4. PROGRAMA EXPERIMENTAL

    Neste captulo sero apresentados os procedimentos adotados para a

    produo do CAA, tais como: mtodo para determinao do trao, os ensaios para

    determinao e avaliao das propriedades do concreto no estado fresco, como

    tambm as propriedades no estado endurecido.

    O trabalho experimental foi desenvolvido no Laboratrio de Materiais de

    Construo da Universidade da Amaznia UNAMA.

    4.1 MTODO DE DOSAGEM

    A determinao do trao foi obtida atravs do Mtodo de Powers, que baseado na correlao entre as caractersticas de resistncia e durabilidade do

    concreto e a relao gua/cimento, levando em considerao a trabalhabilidade

    desejada.

    Primeiramente, estimou-se o teor de argamassa de 70% e aps, calculou-se a

    relao gua/cimento e a proporo dos agregados midos e grados. Em seguida,

    determinou-se que o teor de substituio da adio mineral (metacaulim) seria de

    8% em relao ao peso do aglomerante (cimento) e que o teor de superplastificante

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    adotado seria de 1%, atravs de estudos anteriores. A tabela 15 mostra as

    dosagens adotadas:

    Tabela 15Dosagens estabelecidas para o experimento.

    4.2 MTODO DE ENSAIO

    Ensaio Slump flowe T500

    O mtodo de ensaio baseado na norma NBR 15823/10, onde determina a

    fluidez do CAA, em fluxo livre, sob a ao do seu peso prprio, empregando-se o

    Cone de Abrams, como foi descrito no captulo anterior.

    Os equipamentos utilizados para o ensaio foram: cone de Abrams, de acordo

    com a NBR NM 67; uma chapa de acrlico com medidas de 1m x 1m, como mostra a

    figura 19; e um cronmetro.

    Figura 19 Cone de Abrams e chapa utilizadas no experimento.

    TRAO EMMASSA

    CIMENTO(Kg)

    AREIA(Kg)

    SEIXO(Kg)

    METACAULIM(SUBST.)

    (%)

    SUPERPLAST.(%)

    1 1; 1,33; 1,0; 0,40 18,4 26,6 20,0 8 1

    2 1; 1,62; 1,13; 0,45 18,4 32,4 22,6 8 1

    3 1; 1,91; 1,25; 0,50 18,4 38,2 25,0 8 1

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    O ensaio foi executado na seguinte sequncia:

    1) Colocao da chapa de acrlico em uma superfcie plana;

    2) Colocao do Cone de Abrams centralizado na marcao dos 200 mm;

    3) Preenchimento do molde;

    4) Retirada do cone;

    5) Registro do tempo, em segundos, que o concreto atingiu a marcao dos

    500 mm;

    6) Medida de duas perpendiculares do dimetro do espalhamento obtido,

    como mostra a Figura 20.

    Figura 20 Espalhamento obtido no experimento.

    Ensaio Caixa-L

    O mtodo de ensaio tambm baseado na norma NBR 15823/10, onde

    determina a habilidade passante em fluxo confinado do CAA. Os equipamentos

    utilizados no ensaio foram: Caixa-L, de acordo com a NBR 15823/10 e uma trena

    metlica.A sequncia do ensaio foi a seguinte:

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    1) Colocao da Caixa-L em uma superfcie plana;

    2) Preenchimento do compartimento vertical com o CAA, como mostra a

    figura 21;

    3) Contagem de 1 min para a abertura da comporta;

    4) Abertura da comporta, como mostra a figura 22;

    5) Medio das alturas H1 e H2.

    Figura 21 Colocao do CAA no compartimento vertical.

    Figura 22 CAA aps a abertura da comporta.

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    Ensaio Caixa-U

    O ensaio de Caixa-U no possui normatizao brasileira, portanto, foi definidopela norma europia EFNARC (2002). O ensaio avalia a propriedade de fluidez e

    habilidade passante. A seguir, a sequncia do ensaio:

    1) Colocao da Caixa-U em uma superfcie plana;

    2) Preenchimento do compartimento esquerdo com o CAA;

    3) Contagem de 1 min para a abertura da comporta;

    4) Abertura da comporta, como mostra a figura 23;

    5) Medio das altura R1 e R2, como mostra a figura 24.

    Figura 23 CAA aps a abertura da comporta.

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    Figura 24 Medio das alturas R1 e R2.

    Segundo a ABNT NBR 15823/10 e EFNARC (2002), os ensaios precisam

    possuir os parmetros, conforme tabela 16, 17, 18 e 19.

    Tabela 16Classes de espalhamento (ABNT NBR 15823/10).

    Classe Espalhamento (mm) Mtodo de Ensaio

    SF1 550 a 650

    ABNT 15823-2SF2 660 a 750

    SF3 760 a 850

    Tabela 17Classes de viscosidade plstica (ABNT NBR 15823/10).

    Classe T500 (seg) Mtodo de Ensaio

    VS1 2ABNT 15823-2

    VS2 > 2

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    Tabela 18Classes de habilidade passante (ABNT NBR 15823/10).

    Classe Caixa-L (H1/H2) Mtodo de Ensaio

    PL1 0,80, com duas barras de ao

    ABNT 15823-4PL2 0,80, com trs barras de ao

    Tabela 19Valores aceitveis para o ensaio de Caixa-U (EFNARC, 2002).

    Ensaio UnidadeLimites

    Mnimo Mximo

    Caixa-U (R1-R2) mm 0 30

    Os resultados obtidos para os ensaios no estado fresco so mostrados na

    tabela 20:

    Tabela 20Resultados obtidos atravs de ensaios no estado fresco.

    TRAO

    ENSAIOS

    Slump Flow (mm) T500 (seg.) Caixa-L(mm)

    Caixa-U(mm)

    1; 1,33; 1,0; 0,40 800 3,3 10 0

    1; 1,62; 1,13; 0,45 780 4,1 10 5

    1; 1,91; 1,25; 0,50 790 3,9 12 4

    Ensaio de Resistncia Compresso e Trao

    O ensaio de compresso axial (fc) e trao (ft) so baseados na norma NBR

    5739/94 e NBR 7222/94. Para a determinao dos valore de fc e ft, foi utilizada uma

    prensa hidrulica da marca EMIC, com capacidade mxima para 100 tf, como

    mostra a figura 25.

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    Figura 25 Prensa hidrulica da marca EMIC (PAUMGARTTEN et al, 2009).

    Os corpos-de-prova cilndricos com dimenses de 10 cm x 20 cm foram

    desmoldados 24 aps a moldagem, sendo posteriormente levados cmara mida

    e colocados em tanques com gua, passando o tempo das idades de rompimento. O

    procedimento do ensaio ocorreu da seguinte forma:

    Retirada dos corpos-de-prova 3 horas antes do rompimento para

    secagem ao ar livre;

    Rompimento dos corpos-de-prova na prensa com uma velocidade

    constante at a ruptura.

    Os resultados obtidos no ensaio de compresso e trao so mostrados na

    tabela 21:

    Tabela 21Resultados obtidos atravs de ensaios de compresso e trao.

    TRAO IDADE

    ENSAIOS

    Compresso Axial(MPa)

    Trao(MPa)

    1; 1,33; 1,0; 0,407 dias 35,49 3,71

    28 dias 40,10 3,95

    1; 1,62; 1,13; 0,457 dias 31,33 3,65

    28 dias 38,26 3,74

    1; 1,91; 1,25; 0,507 dias 23,83 3,17

    28 dias 32,03 3,57

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    Grfico 1Resultados de compresso e trao aos 07 dias.

    Grfico 2Resultados de compresso e trao aos 28 dias.

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    Ensaio de Absoro de gua por Capilaridade

    Utilizou-se a metodologia na NBR 9779/95, onde os corpos-de-prova foram

    submetidos ao ensaio na idade de 28 dias, como mostram as figuras 26 e 27.

    Figuras 26 e 27 Corpos-de-prova sendo submetidos ao ensaio de absoro por

    capilaridade.

    O ensaio foi realizado da seguinte forma:

    Os corpos-de-prova foram secos em estufa uma temperatura de (105

    +/- 5) C;

    Obteno do peso do corpo-de-prova em gramas;

    Saturao em gua por 1 minuto;

    Obteno do peso do corpo-de-prova aps saturao.

    Os resultados obtidos no ensaio, em g/cm, mostrados na tabela 22.

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    6. CONSIDERAES FINAIS

    Aps a apresentao dos resultados e da discusso dos mesmos, as

    consideraes observadas foram:

    O CAA produzido com os materiais encontrados na regio de Belm

    atendeu os requisitos estabelecidos pela literatura tcnica, assim,

    possuindo as trs propriedades bsicas: fluidez, habilidade passante e

    resistncia segregao;

    O CAA produzido atende s premissas da sustentabilidade, por possuir

    em sua composio o metacaulim, que se caracteriza por ser um

    resduo industrial que seria jogado ao meio ambiente;

    Os materiais encontrados na regio de Belm, como o seixo rolado e a

    areia natural fina podem ser utilizados para a produo do CAA. O

    emprego desses materiais ocasionou uma maior coeso e

    trabalhabilidade, por serem arredondados (seixo) e finos (areia) onde

    pde-se alcanar as propriedades fundamentais;

    O alto teor de argamassa do CAA, de 70%, onerou em 25,9% em

    relao ao CCV. Isto pode ser solucionado diminuindo o teor para 60%

    ou 65%, onde o consumo de aglomerante ser menor e ocorrer um

    ganho tambm nas propriedades no estado endurecido.

    Mesmo em alguns casos possuindo um valor de utilizao maior que o

    CCV, o CAA se apresenta como uma soluo altamente vantajosa.

    Com a eliminao da necessidade de adensamento, reduo de mo-

    de-obra, eliminao do barulho de vibrao, se consegue um aumento

    da qualidade, da segurana e da sade no local de trabalho, alm de

    aumentar consideravelmente a vida til da estrutura, por conta da

    homogeneidade e qualidade final da mesma.

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