Conclusão

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Conclusão Este estudo possibilitou avaliar o conhecimento em urgências oftalmológicas dos estudantes da faculdade de Medicina da PUC-Campinas por meio de instrumentos simples de auto-avaliação e questões objetivas, constatando que há deficiências no conhecimento dos estudantes de medicina nesta área. Conseguiu-se, também, através deste estudo levar os estudantes à experimentação de situações possíveis em sua futura prática clínica, despertando-os a importância deste conhecimento para um atendimento adequado aos pacientes com queixas oftalmológicas nos prontos-socorros gerais. Esta pesquisa constituiu parte das atividades da Liga de Oftalmologia da PUC-Campinas, fornecendo subsídios para elaboração e realização de atividades extracurriculares complementares, tais como, aulas, cursos teóricos e simulações práticas. Introdução Estima-se que cerca de 7% dos atendimentos de serviços de pronto-socorro geral sejam relacionados a afecções oculares. 1,2 Embora este número seja significativo, a literatura nacional é carente de informações à respeito das características da qualidade do atendimento em casos de urgências oftalmológicas. E, estas compreendem diversas condições que frequentemente levam à perda visual em crianças e adultos jovens, apresentando uma ampla variedade de mecanismos, complicações e sequelas, necessitando de correta avaliação e conduta adequada. Frequentemente, o primeiro atendimento de uma urgência oftalmológica é realizado em atendimentos de prontos-socorros ou hospitais gerais por médicos não especialistas, responsáveis pela avaliação, diagnóstico e condutas iniciais. Para isto é fundamental que o médico generalista tenha durante a graduação uma formação adequada e completa, que contemple também temas relacionados a urgências em oftalmologia. 8 Deste modo, o conteúdo teórico e a participação do aluno da graduação no atendimento de urgências oftalmológicas e no acompanhamento dos pacientes em subsequentes intervenções pode constituir uma importante ferramenta no desenvolvimento do seu raciocínio clínico. Desta forma, pode-se contextualizar e vivenciar o conhecimento teórico através de sua correlação com o atendimento de urgência, integrando os conhecimentos teórico e empírico contribuindo para uma melhor formação do médico generalista. 7,10 Referências 1. Layaun SEED, Schor P, Rodrigues MLV. Perfil da demanda de um serviço de oftalmologia em uma unidade de emergência. Rev Bras Oftalmol. 1992;51(3):171-3. 2. Sheldrick JH, Vernon SA, Wilson SA, Read SJ. Demand incidence and episode rates of ophthalmic disease in a defined urban population. BJM. 1992;305(6859):933-6. 3. Gonçalves CAP, Gonçalves CRP. Emergências oftalmológicas. Ars Cvrandi. 1992;25(3):67-82. 4. Weyll M, Silveira RC, Fonseca Júnior NL. Trauma ocular aberto: características de casos atendidos no Complexo Hospitalar Padre Bento de Guarulhos. Arq Bras Oftalmol. 2005;68(4):505-10. 5. May DR, Kuhn FP, Mornis RE, Witherspoon CD, Danis RP, Matthews GP, et al. The epidemiology of serious eye injuries from the United States. Eye Injury Registry. Graefe’s Arch Clin Exp Ophthalmol . 2000;238(2):153-7. 6. White MF Jr., Morris R, Feist RM, Witherspoon CD, Helms HA Jr., John GR. Eye injury: prevalence and prognosis by setting. South Med J. 1989;82(2):151-8. 7. Edwards RS. Ophthalmic emergencies in a district general hospital casualty department. Br J Ophthalmol. 1987;71(12):938-42. 8. Ginguerra MA, Ungaro ABS, Villela FF, Kara-José AC, Kara-José N. Aspectos do ensino de graduação em oftalmologia. Arq Bras Oftalmol. 1998;61(5):546-50. 9. Romão E. Traumatologia ocular. Medicina (Ribeirão Preto). 1997;30(1):76-8. 10. Kara-José N, Sampaio MW, Alves MR. Diagnóstico e conduta nos ferimentos perfurantes do globo ocular. An Oftalmol. 1982;1(1):38-40. Métodos Estudo de delineamento transversal no qual participaram 70 estudantes do primeiro ano e 49 do último ano de graduação. Os alunos responderam a um questionário estruturado e padronizado, divido em duas partes: 1) auto- avaliação, na qual os alunos classificaram os seus conhecimentos sobre urgências oftalmológicas em bom, regular e insuficiente em cada um dos temas (queimaduras químicas, trauma ocular, perfurações oculares, fraturas de órbita, glaucoma agudo e infecções ocular e orbitária) e 2) 10 questões de múltipla escolha abordando situações de urgência e emergência nas quais foi avaliado a conduta escolhida pelos alunos, atribuindo-os uma nota (escala de 0 a 10) de acordo com a quantidade de questões respondidas corretamente. Os dados coletados foram tabulados no Microsoft Excel® e obteve-se as médias das notas do primeiro ano e do último ano de graduação e os percentuais de acertos em cada questão de múltipla escolha. Também foram obtidos os percentuais das respostas (bom, regular e insuficiente) de cada tema da auto-avaliação e a média desses percentuais. AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE URGÊNCIAS OFTAMOLÓGICAS EM ESTUDANTES DA FACULDADE DE MEDICINA DA PUC-CAMPINAS Carolina Rached 1 , Tiago Oliveira 1 , Camila Sousa 1 , Isabela Escudeiro 1 , Lilian Mori 1 , Fernanda Ferreira 1 , Juliana Xavier 1 , Renan Figueiredo 1 , Beatriz Milioni 1 , Mônica Alves de Paula 2 . Objetivos Estudar e avaliar o conhecimento sobre urgências oftalmológicas dos alunos do primeiro e último anos de graduação da faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, fornecendo subsídios para traçar estratégias de ensino mais efetivas e realização de atividades extracurriculares com os alunos da graduação. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 55.7 42.8 64.2 7.1 50 45.7 87.1 57.1 77.1 61.4 54.8 93.8 55.1 81.6 12.2 51 75.5 93.8 48.9 55.1 59.1 62.6 Figura 1. Percentual de acertos por tema e a média do percentual de acerto de cada grupo. Primeiro ano Último ano Questões % O percentual de acerto dos estudantes do último ano (62,6%) de graduação nas questões de múltipla escolha foi maior em relação ao do primeiro ano (54,8%). As questões referentes aos temas “queimadura química”, “conjuntivite bacteriana”, “perfurações” e “glaucoma agudo” tiveram maior percentual de acerto entre os estudantes do último ano e, no primeiro ano, destacaram-se os temas “conjuntivite bacteriana” e “celulite orbitária”. A questão “corpo estranho” apresentou os menores percentuais de acerto (7,1% e 12,2%) entre os estudantes. 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 0 5 10 15 20 25 30 1.4 5.7 17.1 25.7 27.1 14.2 8.5 4 10.2 20.4 22.4 18.3 14.2 8.1 2 Figura 2. Percentual da frequência das notas de cada grupo. Primeiro ano Último ano Notas % Resultados Os estudantes do primeiro ano, em sua maioria (83,1%), julgaram o seu conhecimento em urgências oftalmológicas, na auto-avaliação, como insuficiente e a maioria (43,2%) do último ano como regular. O último ano julgou consideravelmente melhor o seu conhecimento em relação ao primeiro ano em todos os temas. A média das notas obtidas pelos estudantes do último ano foi igual a 6,2, maior que a média do primeiro ano, que foi igual a 5,4. Deste modo, o último ano obteve maiores notas em relação ao primeiro ano nas questões de múltipla escolha, apesar da nota 6 ser a mais prevalente em ambos os grupos. 1 Docente da disciplina de Oftalmologia da faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas e médica assistente do serviço de Oftalmologia do Hospital e Maternidade Celso Pierro. 2 Acadêmicos da faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas e membros da Liga de Oftalmologia. Tabela 1. Percentual e média das respostas dos temas da auto-avaliação em cada grupo. Primeiro ano Último ano Temas Bom Regular Insuficient e Bom Regular Insuficient e Queimaduras químicas 2,86 10,00 87,14 36,73 32,65 30,61 Trauma ocular 1,43 12,86 85,71 36,73 44,90 18,37 Perfurações oculares 1,43 11,43 87,14 34,69 44,90 20,41 Fratura de órbitas 2,86 5,71 91,43 10,20 38,78 51,02 Glaucoma agudo 1,43 21,43 77,14 18,37 42,86 38,78 Infecções oculares 5,71 24,29 70,00 22,45 55,10 22,45 Médias 2,6 14,2 83,1 26,5 43,2 30,2

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ConclusãoEste estudo possibilitou avaliar o conhecimento em urgências oftalmológicas dos estudantes da faculdade de Medicina da PUC-Campinas por meio de instrumentos simples de auto-avaliação e questões objetivas, constatando que há deficiências no conhecimento dos estudantes de medicina nesta área. Conseguiu-se, também, através deste estudo levar os estudantes à experimentação de situações possíveis em sua futura prática clínica, despertando-os a importância deste conhecimento para um atendimento adequado aos pacientes com queixas oftalmológicas nos prontos-socorros gerais. Esta pesquisa constituiu parte das atividades da Liga de Oftalmologia da PUC-Campinas, fornecendo subsídios para elaboração e realização de atividades extracurriculares complementares, tais como, aulas, cursos teóricos e simulações práticas.

IntroduçãoEstima-se que cerca de 7% dos atendimentos de serviços de pronto-socorro geral sejam relacionados a afecções oculares.1,2 Embora este número seja significativo, a literatura nacional é carente de informações à respeito das características da qualidade do atendimento em casos de urgências oftalmológicas. E, estas compreendem diversas condições que frequentemente levam à perda visual em crianças e adultos jovens, apresentando uma ampla variedade de mecanismos, complicações e sequelas, necessitando de correta avaliação e conduta adequada. Frequentemente, o primeiro atendimento de uma urgência oftalmológica é realizado em atendimentos de prontos-socorros ou hospitais gerais por médicos não especialistas, responsáveis pela avaliação, diagnóstico e condutas iniciais. Para isto é fundamental que o médico generalista tenha durante a graduação uma formação adequada e completa, que contemple também temas relacionados a urgências em oftalmologia.8 Deste modo, o conteúdo teórico e a participação do aluno da graduação no atendimento de urgências oftalmológicas e no acompanhamento dos pacientes em subsequentes intervenções pode constituir uma importante ferramenta no desenvolvimento do seu raciocínio clínico. Desta forma, pode-se contextualizar e vivenciar o conhecimento teórico através de sua correlação com o atendimento de urgência, integrando os conhecimentos teórico e empírico contribuindo para uma melhor formação do médico generalista.7,10

Referências1. Layaun SEED, Schor P, Rodrigues MLV. Perfil da demanda de um serviço de oftalmologia em uma unidade de emergência. Rev Bras Oftalmol. 1992;51(3):171-3. 2. Sheldrick JH, Vernon SA, Wilson SA, Read SJ. Demand

incidence and episode rates of ophthalmic disease in a defined urban population. BJM. 1992;305(6859):933-6. 3. Gonçalves CAP, Gonçalves CRP. Emergências oftalmológicas. Ars Cvrandi. 1992;25(3):67-82. 4. Weyll M, Silveira RC, Fonseca Júnior NL. Trauma ocular aberto: características de casos atendidos no Complexo Hospitalar Padre Bento de Guarulhos. Arq Bras Oftalmol. 2005;68(4):505-10. 5. May DR, Kuhn FP, Mornis RE, Witherspoon CD, Danis RP, Matthews GP, et al. The epidemiology of serious eye injuries from the United States. Eye Injury Registry. Graefe’s Arch Clin Exp Ophthalmol. 2000;238(2):153-7. 6. White MF Jr., Morris R, Feist RM, Witherspoon CD, Helms HA Jr., John GR. Eye injury: prevalence and prognosis by setting. South Med J. 1989;82(2):151-8. 7. Edwards RS. Ophthalmic emergencies in a district general hospital casualty department. Br J Ophthalmol. 1987;71(12):938-42. 8. Ginguerra MA, Ungaro ABS, Villela FF, Kara-José AC, Kara-José N. Aspectos do ensino de graduação em oftalmologia. Arq Bras Oftalmol. 1998;61(5):546-50. 9. Romão E. Traumatologia ocular. Medicina (Ribeirão Preto). 1997;30(1):76-8. 10. Kara-José N, Sampaio MW, Alves MR. Diagnóstico e conduta nos ferimentos perfurantes do globo ocular. An Oftalmol. 1982;1(1):38-40.

MétodosEstudo de delineamento transversal no qual participaram 70 estudantes do primeiro ano e 49 do último ano de graduação. Os alunos responderam a um questionário estruturado e padronizado, divido em duas partes: 1) auto-avaliação, na qual os alunos classificaram os seus conhecimentos sobre urgências oftalmológicas em bom, regular e insuficiente em cada um dos temas (queimaduras químicas, trauma ocular, perfurações oculares, fraturas de órbita, glaucoma agudo e infecções ocular e orbitária) e 2) 10 questões de múltipla escolha abordando situações de urgência e emergência nas quais foi avaliado a conduta escolhida pelos alunos, atribuindo-os uma nota (escala de 0 a 10) de acordo com a quantidade de questões respondidas corretamente.Os dados coletados foram tabulados no Microsoft Excel® e obteve-se as médias das notas do primeiro ano e do último ano de graduação e os percentuais de acertos em cada questão de múltipla escolha. Também foram obtidos os percentuais das respostas (bom, regular e insuficiente) de cada tema da auto-avaliação e a média desses percentuais.

AVALIAÇÃO DO CONHECIMENTO SOBRE URGÊNCIAS OFTAMOLÓGICAS EM ESTUDANTES DA FACULDADE

DE MEDICINA DA PUC-CAMPINAS

Carolina Rached1, Tiago Oliveira1, Camila Sousa1, Isabela Escudeiro1, Lilian Mori1, Fernanda Ferreira1, Juliana Xavier1, Renan Figueiredo1, Beatriz Milioni1, Mônica Alves de Paula2.

ObjetivosEstudar e avaliar o conhecimento sobre urgências oftalmológicas dos alunos do primeiro e último anos de graduação da faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, fornecendo subsídios para traçar estratégias de ensino mais efetivas e realização de atividades extracurriculares com os alunos da graduação.

Queimadura químicaTrauma

Perfurações

Corpo estranho

Fratura de órbita

Glaucoma agudo

Conjuntivite bateriana

Úlcera de córnea

Celulite orbitária

UveíteMédia

0

10

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48.955.1

59.162.6

Figura 1. Percentual de acertos por tema e a média do percentual de acerto de cada grupo.

Primeiro anoÚltimo ano

Questões

%

O percentual de acerto dos estudantes do último ano (62,6%) de graduação nas questões de múltipla escolha foi maior em relação ao do primeiro ano (54,8%). As questões referentes aos temas “queimadura química”, “conjuntivite bacteriana”, “perfurações” e “glaucoma agudo” tiveram maior percentual de acerto entre os estudantes do último ano e, no primeiro ano, destacaram-se os temas “conjuntivite bacteriana” e “celulite orbitária”. A questão “corpo estranho” apresentou os menores percentuais de acerto (7,1% e 12,2%) entre os estudantes.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 100

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20.4

22.4

18.3

14.2

8.1

2

Figura 2. Percentual da frequência das notas de cada grupo.

Primeiro anoÚltimo ano

Notas

%

ResultadosOs estudantes do primeiro ano, em sua maioria (83,1%), julgaram o seu conhecimento em urgências oftalmológicas, na auto-avaliação, como insuficiente e a maioria (43,2%) do último ano como regular. O último ano julgou consideravelmente melhor o seu conhecimento em relação ao primeiro ano em todos os temas.

A média das notas obtidas pelos estudantes do último ano foi igual a 6,2, maior que a média do primeiro ano, que foi igual a 5,4. Deste modo, o último ano obteve maiores notas em relação ao primeiro ano nas questões de múltipla escolha, apesar da nota 6 ser a mais prevalente em ambos os grupos.

1Docente da disciplina de Oftalmologia da faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas e médica assistente do serviço de Oftalmologia do Hospital e Maternidade Celso Pierro.2Acadêmicos da faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas e membros da Liga de Oftalmologia.

Tabela 1. Percentual e média das respostas dos temas da auto-avaliação em cada grupo.

  Primeiro ano Último ano

Temas Bom Regular Insuficiente Bom Regular Insuficiente

Queimaduras químicas 2,86 10,00 87,14 36,73 32,65 30,61

Trauma ocular 1,43 12,86 85,71 36,73 44,90 18,37

Perfurações oculares 1,43 11,43 87,14 34,69 44,90 20,41

Fratura de órbitas 2,86 5,71 91,43 10,20 38,78 51,02

Glaucoma agudo 1,43 21,43 77,14 18,37 42,86 38,78

Infecções oculares 5,71 24,29 70,00 22,45 55,10 22,45

Médias 2,6 14,2 83,1 26,5 43,2 30,2