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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica Conciliação medicamentosa na pediatria: Uma revisão bibliográfica Stephany Mayumi Araki Trabalho de Conclusão do Curso de Farmácia-Bioquímica da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo. Orientador: Dr. Altamir Sousa Co-orientadora: Sandra Cristina Brassica São Paulo 2020

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

FACULDADE DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

Curso de Graduação em Farmácia-Bioquímica

Conciliação medicamentosa na pediatria: Uma revisão

bibliográfica

Stephany Mayumi Araki

Trabalho de Conclusão do Curso de

Farmácia-Bioquímica da Faculdade de

Ciências Farmacêuticas da

Universidade de São Paulo.

Orientador: Dr. Altamir Sousa

Co-orientadora: Sandra Cristina

Brassica

São Paulo

2020

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SUMÁRIO

LISTA DE ABREVIATURAS

RESUMO

1 INTRODUÇÃO 1

2 OBJETIVOS 4

3 MATERIAL E MÉTODOS 5

4 RESULTADOS 5

5 DISCUSSÃO 7

5.1 Importância da conciliação medicamentosa na pediatria 7

5.2 Realização do processo de conciliação medicamentosa 10

5.3 Profissionais envolvidos na conciliação medicamentosa 14

5.4 Fatores que geram discrepâncias 15

5.5 Fontes e qualidade das informações obtidas 18

5.6 Desafios da conciliação medicamentosa na pediatria 19

5.7 Exemplos de métodos de implementação e aprimoramento da conciliação

medicamentosa na pediatria 22

6 CONCLUSÃO 27

7 BIBLIOGRAFIA 28

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LISTA DE ABREVIATURAS

FDA – Food and Drug Administration

MHMP – Melhor História Medicamentosa Possível

WHO – World Health Organization

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ARAKI, S. M. Conciliação medicamentosa na pediatria: Uma revisão

bibliográfica. 2020. no. f. Trabalho de Conclusão de Curso de Farmácia-

Bioquímica – Faculdade de Ciências Farmacêuticas – Universidade de São

Paulo, São Paulo, 2020.

Palavras-chave: Medicamentos; Reconciliação; Pediatria; Crianças;

RESUMO

INTRODUÇÃO: A iatrogenia, definida como os danos resultantes do uso inadequado de

medicamentos ou erros na prática médica, ainda é um grande problema para os sistemas

de saúde provocando cerca de 7.000 casos de mortes anualmente. Todavia, a situação é

mais alarmante no caso de pacientes pediátricos, pois são três vezes mais susceptíveis a

erros de medicação em comparação aos adultos, exigindo atenção redobrada. Logo, a

conciliação medicamentosa pode atuar como uma poderosa ferramenta para reduzir os

riscos de erros de medicação e garantir maior segurança e qualidade de atendimento aos

pacientes. OBJETIVOS: Neste trabalho de revisão da literatura visamos conhecer e

compreender a situação atual e verificar as perspectivas de como a conciliação

medicamentosa de pacientes pediátricos pode contribuir para a melhoria da qualidade e

segurança do atendimento nos serviços de saúde. MATERIAIS E MÉTODOS: A avaliação

da contribuição da conciliação medicamentosa na saúde individual e pública foi realizada

por meio de um levantamento bibliográfico minucioso nos bancos de dados PubMED, Web

Of Science, e Scopus, selecionando artigos utilizando os descritores “Medication

Reconciliation”, “Pediatric” e “Children”, e os operadores booleanos AND e OR,

considerando principalmente as publicações dos últimos 10 anos. Os artigos classificados

como relevantes e elegíveis foram aqueles disponíveis na íntegra e em língua inglesa,

envolvendo o processo de conciliação medicamentosa voltado para pacientes pediátricos.

RESULTADOS: Do total de 373 artigos encontrados, após a retirada de duplicatas e leitura

dos títulos e resumos, restaram 56 artigos que foram considerados para leitura integral. Após

esta triagem, foram selecionados 36 artigos que preencheram os requisitos de inclusão, uma

vez que se encontram disponíveis na íntegra e envolvem o processo de conciliação

medicamentosa voltado para pacientes pediátricos. CONCLUSÃO: Verificou-se que

pacientes pediátricos realmente têm maior chance de sofrerem erros de medicação e a

conciliação medicamentosa pode ser utilizada como uma ferramenta importante para a

redução desta taxa. Porém, é importante atentar para a qualidade das informações

coletadas, sempre procurando verificar a qualidade e veracidade dos dados, pois

informações incorretas podem colocar em risco a segurança dos pacientes.

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ABSTRACT

INTRODUCTION: Iatrogenesis, defined as the potential harm and illness caused by

inadequate use of medicines, or as consequence of errors related to medical procedures, is

responsible for approximately 7.000 deaths annually, being of great concern for the health

care systems around the globe. However, the situation is even more threatening for

paediatric patients, since this group is three times more susceptible to medication errors in

comparison to adults, requiring more attention from the healthcare professionals. Therefore,

medication reconciliation is a method that could assist in significantly reducing the

occurrence of such errors, offering to the population a safer and better quality healthcare.

OBJECTIVE: This review article aims to understand the development and actual situation of

the medication reconciliation in paediatric patients, and analyse the potential contribution that

this method can bring to improve the quality and safety of healthcare services. METHODS:

The bibliographic survey was performed in different databases, including PubMED, Web Of

Science and Scopus, utilising the terms “Medication Reconciliation”, “Pediatric” and

“Children” alongside with the Boolean operators AND and OR, considering mostly studies

performed in the last 10 years. The articles deemed as eligible for inclusion in this review

were the ones available in full-text in English fulfilling the requirements for medication

reconciliation process in paediatric patients. Excluded were those reports including

exclusively patients in older age groups. RESULTS: Initially, the search method identified

373 articles, which reduced to 56 after an initial title and abstract screening and duplicates

removal. A full-text screening with the remaining articles resulted in the selection of thirty-six

articles, which were eligible to be included in this review since they met the requirements of

full-text availability in English, describing the implementation of medication reconciliation in

paediatric patients. CONCLUSION: Paediatric patients are more susceptible to experience

medicine related errors, and the implementation of medication reconciliation protocols during

the transitions of care can greatly reduce those events, bringing remarkable benefits for the

population. However, the quality and accuracy of the information collected about the

medication histories are of great importance and must be carefully verified, since erroneous

and unreliable information can induce more errors and threaten further the patient safety.

Keywords: Medicines; Paediatric; Reconciliation; Children;

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1 INTRODUÇÃO

A iatrogenia, definida como danos resultantes do uso inadequado de

medicamentos ou erros na prática médica (TAVARES, 2007), ainda é um grande

problema para os sistemas de saúde. Segundo o relatório do Institute of

Medicine, é estimado que, anualmente, pelo menos 44.000 pessoas vêm a

falecer em hospitais devido a tais ocorrências nos EUA. Além disso, é estimado

que há aproximadamente 7.000 casos de mortes, anualmente, relacionados

apenas aos casos de erros de medicação (KOHN, 2000), os quais são eventos

evitáveis que resultam em dano ao paciente devido ao uso inadequado de

medicamentos (NATIONAL COORDINATING COUNCIL FOR MEDICATION

ERROR REPORTING AND PREVENTION, 2019). Estima-se também que os

erros de medicação são responsáveis por pelo menos uma morte ao dia e

aproximadamente 1,3 milhões de casos de danos ao paciente anualmente nos

EUA (KRIVANEK, 2019).

Os pacientes pediátricos, em particular, apresentam maior risco de

sofrerem erros de medicação, sendo a prevalência três vezes maior em

comparação com adultos (FARHA et al, 2018).

Durante o processo de transição de cuidado, isto é, durante a admissão,

transferências e alta, são elevadas as chances de ocorrerem erros de

medicação, exigindo maior atenção por parte dos profissionais (HERBST, 2018;

FERNANDES, 2012). Normalmente, estes erros estão relacionados com erros

de comunicação, como informações incompletas ou errôneas, e erros na própria

conciliação medicamentosa. A comunicação efetiva entre os diversos

profissionais da saúde integrando as informações, não somente sobre o quadro

clínico, mas também sobre os medicamentos utilizados, é fundamental para que

se possa oferecer um cuidado ao paciente com maior segurança e eficácia,

sendo indispensável principalmente nos momentos de transição de cuidado

(HERBST, 2018).

A fim de diminuir a incidência de erros nos serviços de saúde é importante

que seja adotada uma cultura de segurança que dê destaque à formação de um

sistema de saúde integrado, sólido e eficiente que ofereça segurança ao

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paciente, com a implementação de ferramentas que possam contribuir para tal

objetivo. Também é necessária uma melhor comunicação entre os diversos

profissionais presentes na equipe multidisciplinar de saúde, bem como entre

esses profissionais e os pais ou responsáveis dos pacientes a fim de atingir o

sucesso do tratamento (MUELLER, 2019). Assim, a conciliação medicamentosa

pode atuar como uma ferramenta para a melhoria da qualidade das informações

relacionadas aos medicamentos disponíveis para a equipe de saúde, permitindo

oferecer uma maior segurança e qualidade do atendimento ao paciente.

De acordo com a Joint Commission International (2006), a conciliação

medicamentosa é um processo formal de criação da mais completa e precisa

lista de medicamentos que o paciente recebe, em comparação com os

medicamentos prescritos no serviço de saúde. Este processo deve ser realizado

em todas as etapas de transição entre os níveis de cuidado à saúde e sempre

que há uma nova prescrição médica, a fim de evitar erros de medicação, como

por exemplo omissões, duplicações, erros de dosagem e interações

medicamentosas.

Estudos indicam que 30% das discrepâncias identificadas nesta faixa

etária possuíam potencial de causar desconforto moderado ou severo ou até

mesmo a piora do quadro clínico do paciente. Além disso, com a implementação

da conciliação medicamentosa, observou-se que houve a redução da taxa de

discrepâncias por paciente, o que indica que pacientes nesta faixa etária também

podem se beneficiar com este processo. (DERSCH-MILLS, 2011)

A conciliação medicamentosa é composta de cinco etapas, as quais

incluem (THE JOINT COMMISSION, 2006):

1) Levantamento da lista de medicamentos atualmente utilizados pelo

paciente;

2) Levantamento da lista de medicamentos prescritos pela equipe de

saúde para o paciente;

3) Comparação dos medicamentos presentes nas duas listas obtidas nas

etapas anteriores e busca por discrepâncias;

4) Realização de decisões clínicas baseadas no processo de

comparação;

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5) Comunicação da nova lista de medicamentos a equipe de saúde e

paciente.

Este processo pode ocorrer de forma pró-ativa (Figura 1) ou retroativa

(Figura 2). Na forma pró-ativa, os dados sobre os medicamentos dos pacientes

são coletados durante o processo de admissão, antes da expedição da

prescrição médica. Já no caso da forma retroativa, os dados são coletados após

a expedição da prescrição médica, assim os medicamentos de uso domiciliar

são comparados posteriormente com a prescrição médica.

Figura 1: Esquema ilustrativo da conciliação medicamentosa pró-ativa.

Fonte: Adaptado de WHO, 2014.

Disponível em: <https://www.who.int/patientsafety/implementation/solutions/high5s/h5s-

sop.pdf> Acesso em 15 de julho de 2019.

Figura 2: Esquema ilustrativo da conciliação medicamentosa retroativa.

Fonte: Adaptado de WHO, 2014.

Disponível em: <https://www.who.int/patientsafety/implementation/solutions/high5s/h5s-

sop.pdf> Acesso em 15 de julho de 2019.

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Vale ressaltar que um dos requisitos para a acreditação de um hospital

pelo Joint Commission International é a realização da conciliação

medicamentosa, a qual é considerada um dos objetivos a serem cumpridos a fim

de melhorar e aumentar a segurança do paciente durante seu tratamento em um

serviço de saúde, estando incluso na lista da National Patient Safety Goals desde

2005. Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) incluiu o processo

de conciliação medicamentosa em sua lista do The High 5s Project como uma

maneira de reduzir os erros de medicação e os eventos adversos a

medicamentos, a fim de oferecer ao paciente maior segurança e redução dos

riscos referentes aos medicamentos. Ademais, o Institute for Healthcare

Improvement (2019) afirma que a prevenção de efeitos adversos e danos devido

a medicamentos é um dos pontos cruciais para aumentar a qualidade do

atendimento e da segurança dos pacientes.

Portanto, é de grande importância o levantamento dos trabalhos mais

recentes e relevantes publicados sobre a conciliação medicamentosa a fim de

analisar a atual situação, possibilitando o desenvolvimento posterior de

propostas inovadoras neste segmento da área farmacêutica que possui potencial

para oferecer melhoria na qualidade e na segurança dos serviços de saúde.

2 OBJETIVOS

O objetivo deste estudo foi conhecer e compreender a situação atual da

conciliação medicamentosa na literatura científica e verificar as perspectivas

desta para pacientes pediátricos em contribuir para a melhoria da qualidade e da

segurança do atendimento nos serviços de saúde, avaliando a sua contribuição

na saúde individual e pública por meio de uma revisão da literatura. Foram

analisados os fatores importantes para a realização de uma conciliação

medicamentosa bem-sucedida, verificando quais as principais características e

desafios na realização deste processo.

Além disso, foi analisada a metodologia empregada nas diferentes

localidades para a realização da conciliação medicamentosa, a fim de verificar

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as melhores estratégias que podem ser empregadas para garantir melhor

segurança, efetividade e custo benefício deste.

3 MATERIAL E MÉTODOS

Foi realizado um levantamento bibliográfico nos bancos de dados

PubMed, Web Of Science, e Scopus, selecionando artigos em inglês utilizando

os descritores “Medication Reconciliation”, “Pediatric” e “Children”, e os

operadores booleanos AND e OR, considerando principalmente as publicações

dos últimos 10 anos. As bibliografias foram criteriosamente selecionadas, sendo

que os artigos classificados como relevantes e elegíveis para inclusão no estudo

foram aqueles que se encontravam disponíveis na íntegra e envolviam o

processo de conciliação medicamentosa voltado para pacientes pediátricos.

O processo de seleção dos artigos foi iniciado por uma triagem primária

por meio da leitura dos respectivos títulos, a fim de selecionar todos aqueles que

eram potencialmente relevantes relacionados a realização da conciliação

medicamentosa na ala pediátrica, sendo excluídos aqueles que não estavam

disponíveis em texto integral ou na língua inglesa. Os trabalhos que foram

selecionados na triagem inicial tiveram seus resumos lidos, e aqueles que

abordavam a realização da conciliação medicamentosa na pediatria foram

selecionados para uma leitura integral. Os estudos que não envolviam pacientes

nesta faixa etária foram excluídos.

4 RESULTADOS

Após a realização da pesquisa bibliográfica nos diferentes bancos de

dados disponíveis, foram encontrados no PubMed um total de 84 resultados

empregando as palavras-chave Medication Reconciliation AND Children, sendo

que restaram 77 resultados após selecionar o filtro de 10 anos. No mesmo banco

de dados, após alterar as palavras-chave para Medication Reconciliation AND

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Pediatric, foram encontrados um total de 76 resultados, e com o filtro de 10 anos

restaram 59 resultados.

No caso do banco de dados Scopus, foram obtidos 106 resultados com

as palavras-chave Medication Reconciliation AND Children, sendo reduzidos

para 90 resultados após o filtro de 10 anos. Com as palavras-chave Medication

Reconciliation AND Pediatric, foram obtidos um total de 74 resultados, sendo

que 68 artigos foram publicados nos últimos 10 anos.

Já no banco de dados Web of Science, foram encontrados 41 resultados

utilizando as palavras-chave Medication Reconciliation AND Pediatrics, e com o

filtro de 10 anos foram obtidos 39 resultados. Com as palavras-chave Medication

Reconciliation AND Children foram obtidos 46 resultados, restando 40 trabalhos

após a utilização do filtro de 10 anos.

Após a pesquisa nos diversos bancos de dados citados, foram obtidos

373 trabalhos publicados nos últimos 10 anos. Foram removidos os resultados

duplicados e também os artigos não disponíveis na íntegra ou na língua inglesa,

restando no total 102 artigos a serem considerados.

A Figura 3 ilustra a estratégia utilizada para pesquisa e seleção dos

artigos analisados neste trabalho. Inicialmente, para a seleção dos artigos, foi

feita uma triagem inicial através da leitura dos títulos dos trabalhos, elegendo

aqueles que continham aspectos relevantes. Em seguida, foi realizada a leitura

dos resumos dos trabalhos, e aqueles que foram selecionados foram lidos

integralmente, enquanto eram também filtrados aqueles que possuíam

informações relevantes para este trabalho. O principal motivo da exclusão de

artigos foi a não participação de pacientes pediátricos. Além disso, estudos que

não focavam na realização da conciliação medicamentosa e não apresentavam

informações relacionadas a este processo também foram excluídos. Assim,

foram selecionados 36 artigos que seguiam os critérios de inclusão exigidos.

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Figura 3: Esquema de seleção e análise dos artigos utilizados.

5 DISCUSSÃO

5.1 Importância da conciliação medicamentosa na pediatria

O processo de implementação da conciliação medicamentosa com a

participação do profissional farmacêutico nas etapas de transição de cuidado

pode contribuir para a redução da taxa de erros de medicação, oferecendo maior

segurança ao paciente. Este tipo de processo é válido não apenas no caso de

pacientes adultos, mas especialmente para os pediátricos que correm maiores

riscos de sofrerem de erros de medicação em comparação com adultos devido

as doses baseadas no peso e a falta de formulações adequadas (HERBST,

2018). Além disso, a conciliação medicamentosa também tem o potencial de

trazer um melhor desfecho ao paciente, reduzir erros em pacientes que fazem

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uso de polifarmácia, os quais são mais susceptíveis a apresentarem

discrepâncias, diminuindo assim as readmissões e o custo do tratamento de

saúde (PORTER, 2018; LOUIE, 2018)

Os pacientes pediátricos são um grupo bastante susceptível a apresentar

efeitos adversos relacionados a medicamentos, uma vez que ainda existem

dados insuficientes sobre doses seguras e efetivas para vários medicamentos

utilizados (IBRAHIM, 2015). No caso de crianças com doenças crônicas e

quadros complexos, deve-se ter atenção especial, pois este grupo é mais

susceptível a sofrerem danos caso ocorram erros de medicação (DECOURCEY,

2017; NEUSPIEL, 2013). Pode-se incluir neste grupo pacientes com disfunção

renal ou hepática, uma vez que o sistema renal e hepático são os principais

responsáveis pelo processo de excreção. Assim, caso não sejam administradas

doses adequadas para pacientes que apresentam estes quadros, pode resultar

em eventos adversos relacionados a medicamentos com graves consequências

para a saúde do paciente (WHO, 2019).

Outros fatores que tornam os pacientes pediátricos mais susceptíveis a

erros de medicação são a necessidade de cálculos de dose, uso “off-label” de

medicamentos e as diferenças farmacocinéticas características desta faixa etária

(TJON, 2017). Além disso, a detecção da presença de efeitos adversos a

medicamentos é mais complexa e difícil devido à dificuldade de comunicação

sobre sintomas e outros tipos de informações nesta faixa etária (STONE, 2009).

Inicialmente, acreditava-se que os pacientes pediátricos estariam em

menor risco de sofrerem de erros de medicação em comparação com os adultos

devido ao menor número de medicamentos de uso crônico, porém o estudo de

White et al (2011) verificou que as crianças estavam em maior risco pelo fato de

estarem utilizando medicamentos de alto risco, como a varfarina, insulinas e

benzodiazepínicos. Medicamentos de alto risco são aqueles que podem causar

sérios prejuízos ao paciente quando utilizados incorretamente, uma vez que

apresentam baixo índice terapêutico, ou seja, que pequenas alterações de dose

podem resultar em consequências adversas severas. Citando como exemplo a

varfarina, um anticoagulante, caso a dose administrada seja maior que a dose

necessária, há riscos de causar hemorragia, e caso seja em menor quantidade

que a necessária, pode resultar em trombose. (SHEIKH, 2017). O estudo de

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Alanazi et al (2016) demonstrou que erros envolvendo medicamentos de alto

risco em pacientes pediátricos muitas vezes estavam relacionados com a

ausência de informações ou a presença de dados incorretos sobre o peso da

criança, o que resulta em erros de dosagem, enfatizando o fato de que é

fundamental que sejam coletadas informações precisas sobre o paciente.

A taxa de erros envolvendo este grupo de medicamentos não são as mais

comuns em comparação a outros medicamentos, porém as consequências

perniciosas dos erros envolvendo medicamentos de alto risco são maiores e

causam danos mais graves aos pacientes (WHO, 2019). Consequentemente, é

importante que a conciliação medicamentosa seja realizada de forma correta e

completa durante as transições de cuidado, buscando se atentar também a

presença destes tipos de medicamentos.

O momento da coleta dos dados dos medicamentos dos pacientes

também pode ser uma oportunidade para esclarecimento de eventuais dúvidas

que os pais ou responsáveis tenham sobre os medicamentos que estão sendo

administrados. Durante o estudo de Chan (2015), foi verificado que 20% dos

pacientes entrevistados não estavam utilizando os medicamentos de forma

apropriada, o que leva a erros de medicação e consequências que prejudicam a

saúde do paciente. Por exemplo, os antimicrobianos, caso não sejam

administrados de forma correta, aumentam a chance do desenvolvimento de

microorganismos resistentes, insucesso do tratamento, surgimento de reações

adversas e destruição da microbiota do paciente (MOTA, 2010). Vale ressaltar

também, por exemplo, que medicamentos com baixo índice terapêutico, como

antiepilépticos, podem levar a consequências graves no caso de erros de

dosagem e omissão na prescrição médica (COFFEY, 2009). O método “teach-

back”, no qual o paciente ou o responsável é instruído a repetir o que entendeu

sobre as informações dadas sobre os medicamentos, é uma forma de confirmar

o entendimento e as informações adquiridas, podendo ser utilizado para

melhorar o esclarecimento e o conhecimento dos pacientes e responsáveis

sobre os medicamentos que foram prescritos (MARQUES, 2014).

Após a análise dos dados, pôde-se observar que a segurança do paciente

e a eficiência do sistema como um todo foram melhorados devido à redução de

erros de medicação e readmissões relacionados a medicamentos com a

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implementação da conciliação medicamentosa. Pode-se citar como

consequências do processo de conciliação medicamentosa nos diversos níveis

de cuidado, melhores desfechos, incluindo a redução de efeitos adversos

relacionados a medicamentos e melhora na qualidade do tratamento

medicamentoso (DEFOE, 2019).

5.2 Realização do processo de conciliação medicamentosa

Segundo o WHO (2014), a conciliação medicamentosa é um “processo

formal na qual o profissional de saúde cria uma parceria com o paciente a fim de

garantir que as informações referentes aos medicamentos sejam precisas e

completas durante as transições de cuidado”. Este processo envolve a utilização

de métodos sistemáticos para completar a Melhor História Medicamentosa

Possível (MHMP) do paciente, a qual tem como objetivo obter uma lista completa

e atualizada dos medicamentos administrados cronicamente pelo paciente antes

da admissão no serviço de saúde. No caso da conciliação medicamentosa pró-

ativa, a MHMP é utilizada no momento da prescrição médica e na retroativa é

utilizada em comparação com a prescrição médica a fim de identificar possíveis

discrepâncias. Este processo deve ser realizado em todas as etapas de transição

de cuidado, incluindo admissão, transferências e alta, sempre garantindo que as

informações sejam transmitidas de forma correta entre os profissionais de saúde

(WHO, 2014). A Figura 4 ilustra o processo de conciliação medicamentosa

realizado durante as transições de cuidado e as principais fontes de informações

que podem ser utilizadas para a coleta dos dados referentes aos medicamentos

utilizados na pré-admissão.

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Figura 4: Esquema ilustrativo do processo de conciliação medicamentosa.

Fonte: Adaptado de FERNANDES, 2012.

Disponível em: <https://www.longwoods.com/content/22842/healthcare-

quarterly/medication-reconciliation-in-the-hospital-what-why-where-when-who-and-how->

Acesso em 17 de março de 2020.

A MHMP deve conter dados referentes ao nome do medicamento, dose,

frequência e via de administração. Sempre deve ser realizada a confirmação dos

dados obtidos com o paciente ou familiares, procurando sempre buscar

informações de como o paciente realmente administra os medicamentos, uma

vez que pode divergir da forma que foi prescrita. É recomendado que os dados

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da MHMP sejam completos e as discrepâncias sejam identificadas e resolvidas

em um período de até 24 horas após a admissão do paciente (WHO, 2014).

Durante o processo de coleta de dados, deve-se buscar informações

referentes aos medicamentos utilizados de forma crônica ou frequente pelo

paciente, incluindo (WHO, 2014):

A. Todos os medicamentos prescritos;

B. Todos os medicamentos não prescritos que são utilizados pelo

paciente;

C. Todos os medicamentos utilizados que não necessitam de prescrição

médica;

D. Todos os medicamentos indicados como “se necessário”.

A coleta da MHMP deve ser realizada através de um processo

sistemático, e os dados devem ser confirmados, preferencialmente, com mais de

uma fonte, as quais podem incluir (WHO, 2014):

A. Entrevista com paciente ou familiares;

B. Lista de medicamentos do paciente;

C. Registros de admissões anteriores;

D. Embalagens de medicamentos, com confirmação com paciente ou

familiares de como é realizada a administração do medicamento.

Após completar a MHMP é possível buscar por discrepâncias em

comparação com a prescrição médica, no caso da conciliação medicamentosa

realizada de maneira retroativa. Segundo o WHO (2014), as discrepâncias

podem ser classificadas como discrepâncias intencionais, não intencionais e

intencionais não documentadas. As discrepâncias intencionais são aquelas que

foram realizadas de forma intencional pelo prescritor, sendo clinicamente

relevantes. No caso das discrepâncias intencionais não documentadas, o

profissional optou por adicionar, modificar ou descontinuar um medicamento

prescrito ao paciente, porém as alterações não foram registradas formalmente,

sendo advindas de falhas na documentação dos dados. Este tipo de discrepância

pode gerar confusão, podendo se tornar um erro de medicação se não for

devidamente esclarecido.

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Já as discrepâncias não intencionais são modificações não intencionais

dos medicamentos prescritos ao paciente, possuindo grande potencial de se

tornarem erros de medicação, podendo resultar em efeitos adversos. Este tipo

de discrepância pode ser classificado em omissão, a qual é a ausência de um

medicamento de uso crônico na prescrição médica, ou adição de medicamento

sem motivo aparente. As discrepâncias também podem envolver alterações na

dosagem, frequência e via de administração dos medicamentos (WHO, 2014). A

seguir está apresentado um fluxograma (Figura 5) referente ao processo de

conciliação medicamentosa durante o processo de admissão, incluindo as

etapas de busca e resolução de discrepâncias.

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Figura 5: Fluxograma referente ao processo de conciliação

medicamentosa durante a admissão.

Fonte: Adaptado de WHO, 2014.

Disponível em: <https://www.who.int/patientsafety/implementation/solutions/high5s/h5s-

guide.pdf?ua=1>. Acesso em 16 de março de 2020.

5.3 Profissionais envolvidos na conciliação medicamentosa

A conciliação medicamentosa pode ser realizada por diversos

profissionais da saúde, incluindo enfermeiros e médicos, porém estudos

demonstram que o profissional mais qualificado para a realização deste

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processo é o farmacêutico, pois trata-se de um procedimento complexo que

exige expertise (COFFEY, 2009; DERSCH-MILLS, 2011; STONE, 2009). Além

disso, o farmacêutico, por estar mais familiarizado com a manutenção da terapia

medicamentosa dos pacientes, é capaz de obter uma MHMP mais completa,

com um maior número de medicamentos se comparado com outros profissionais

da saúde (HEATH, 2015). Foi observado também que farmacêuticos foram

capazes de encontrar discrepâncias que não puderam ser detectadas por outros

profissionais (LAKE, 2019).

O farmacêutico também pode contribuir com conhecimentos profundos

sobre regimes de tratamento e outras intervenções, pode revisar os

medicamentos com os pacientes, auxiliar na manutenção de efeitos adversos e

discrepâncias, além de identificar interações medicamentosas, o que pode ser

de grande valia para o processo da conciliação medicamentosa (DEFOE, 2019;

LOUIE, 2018).

É sempre importante destacar que, independentemente do profissional

que irá realizar a conciliação medicamentosa do paciente, este deve ser

devidamente treinado para que consiga obter de forma adequada e precisa as

informações referentes aos medicamentos que o paciente faz uso em domicílio

(SILVESTRE, 2017). Além disso, os profissionais devem ser conscientes e

responsáveis ao conduzir o processo da conciliação medicamentosa, sempre

confirmando os dados obtidos em caso de dúvidas, a fim de não registrar

informações errôneas (WHO, 2014).

5.4 Fatores que geram discrepâncias

Pode-se citar alguns fatores que estariam relacionados com o surgimento

de discrepâncias, como o número de medicamentos, a qualidade e veracidade

das informações obtidas para a formulação da Melhor História Medicamentosa

Possível, e a falta de comunicação entre os profissionais de saúde durante as

transições de cuidado, as quais envolvem a admissão, transferência e alta do

paciente. A falta de documentação e investigação dos medicamentos utilizados

pelos pacientes são alguns fatores que geram discrepâncias e

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16

consequentemente erros de medicação, muitas vezes causados pela falta de

treinamento dos profissionais envolvidos (SILVESTRE, 2017)

Heath et al (2015) também reforçam o fato de que as discrepâncias

podem ser ocasionadas por informações incompletas do histórico de

medicamentos de uso domiciliar do paciente. Segundo o Institute for Healthcare

Improvement (2006), a má comunicação e os dados errôneos informados

durante a admissão do paciente nos serviços de saúde e nas transições de

cuidado são responsáveis por aproximadamente 50% dos erros de medicação e

20% dos efeitos adversos a medicamentos em hospitais.

O grande número de medicamentos de uso contínuo é um fator que pode

desencadear um maior número de discrepâncias (BONAUDO, 2018), uma vez

que pode gerar confusão, com dados errôneos sendo coletados durante o

registro do Melhor Histórico Medicamentoso Possível. Os erros podem ser

relacionados a dose, frequência de administração, formas farmacêuticas,

concentração, e mesmo ao número de medicamentos que pode interferir devido

ao fator de esquecimento do responsável por prover as informações. Assim, este

fator pode levar ao aumento do risco de erros de medicação, sendo que a cada

medicamento incluído na prescrição, esta probabilidade aumenta em 6%

(IBRAHIM, 2015), exercendo maior influência na possibilidade de haver uma

discrepância do que a própria complexidade do quadro do paciente (CHAN,

2015). Por tal, é possível considerar que o número de medicamentos pode ser

um fator levado em consideração para o levantamento de pacientes que podem

se beneficiar com a conciliação medicamentosa pró-ativa (CONDREN, 2019)

Porém, como foi citado anteriormente, vale ressaltar também que além do

número de medicamentos presentes, o tipo de medicamento prescrito também

é um fator que gera erros de medicação. No caso de pacientes que utilizam

medicamentos de alto risco, isto é, medicamentos que apresentam estreito

índice terapêutico, deve-se ter uma atenção maior, uma vez que erros

envolvendo este tipo de medicamento pode levar a consequências perniciosas

graves devido ao fato de que o organismo ainda não está totalmente

desenvolvido, tornando os pacientes pediátricos mais vulneráveis (WHITE, 2011;

WHO, 2019). Assim, é importante que se atente ao fato de identificar esses tipos

de medicamentos na lista de medicamentos de uso crônico do paciente.

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17

É relevante considerar também que a conciliação medicamentosa deve

ser realizada com a coleta de informações de qualidade, uma vez que este

processo, caso não seja realizado com o devido cuidado, pode desencadear

erros de medicação os quais colocam em risco a segurança do paciente. O

treinamento adequado dos profissionais de saúde em relação ao processo de

conciliação medicamentosa é imprescindível para a obtenção de informações

mais completas e com qualidade adequada (BONAUDO, 2018; SILVESTRE,

2017).

Além de obter informações adequadas, é fundamental que haja uma boa

comunicação entre os profissionais de saúde durante as transições de cuidado,

para que não sejam gerados erros ao longo destes processos, e para que o

tratamento medicamentoso do paciente seja continuado de forma apropriada,

auxiliando também na melhora da aderência do paciente ao tratamento

medicamentoso. Pode-se citar também que a boa comunicação entre os

profissionais durante as transições de cuidado contribuem para a redução da

taxa de readmissões e retornos para os cuidados de emergência, resultando na

redução de custos e gastos com serviços de saúde (BONAUDO, 2018; HUYNH,

2016; SILVESTRE, 2017). É importante que a informação esteja no local em que

é requisitada, o que ressalta a necessidade de boa comunicação entre as várias

áreas e um sistema otimizado de transmissão de informações (CHAN, 2015;

CONDREN, 2019).

A realização de verificações dos medicamentos prescritos ao paciente em

cada etapa da transição de cuidado pode ser um método empregado para

diminuir os erros de medicação, uma vez que é possível verificar, por exemplo,

os medicamentos que devem ser descontinuados, e a presença dos

medicamentos de uso crônico na prescrição médica (HERBST, 2018). Ademais,

é importante que o processo de admissão e alta do paciente sejam realizados

de forma correta, sendo que a implementação de um sistema informatizado que

possa armazenar os dados e facilitar a admissão e alta dos pacientes em futuras

internações, pode auxiliar na redução de discrepâncias (BONAUDO, 2018).

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18

5.5 Fontes e qualidade das informações obtidas

A conciliação medicamentosa pode ser realizada com informações

oriundas de diversas fontes, incluindo entrevista com os pais ou responsáveis,

consulta em bancos de dados, fichas de admissão e alta, dentre outros. O estudo

realizado por Dersch-Mills (2011) apontou que a entrevista com os pais ou

responsáveis sobre os medicamentos de uso contínuo foi a fonte mais completa

de informações. Vale ressaltar que a utilização de mais de uma fonte de

informação para confirmação dos dados é ideal e garante melhor qualidade das

informações obtidas durante a coleta da MHMP (CHAN, 2015; CONROY, 2015),

lembrando que a qualidade das informações é a peça chave para a garantia da

segurança do paciente (BÉDARD, 2011).

Segundo o estudo de Dersch-Mills, a frequência e a dose dos

medicamentos se apresentaram como os dados que mais faltavam durante a

coleta de dados, sendo que somente 33% das fichas continham tais tipos de

informações e apenas 50% dos entrevistados conseguiam informar o nome dos

medicamentos utilizados pelo paciente. A obtenção de pelo menos o nome dos

medicamentos que estão sendo utilizados é válida, mesmo com a falta de outros

dados, pois serve como uma pista para a investigação de possíveis erros

envolvendo omissões de medicamentos e interações medicamentosas. Porém,

vale ressaltar que a obtenção de informações referentes a dose e a frequência

dos medicamentos é de suma importância, uma vez que frequentemente erros

relacionados a estes fatores são potencialmente prejudiciais para a segurança

do paciente (DERSCH-MILLS, 2011). A incompletude das informações obtidas

foi independente do tipo de meio de comunicação utilizado, sendo que

infelizmente 80% dos pais ou responsáveis não foram capazes de oferecer

informações completas, visto que na maioria das vezes faltavam os dados de

dose e frequência (RILEY-LAWLESS, 2009).

No estudo realizado por Riley-Lawless (2009), é interessante citar que os

familiares dos pacientes acreditavam estar fornecendo informações completas

sobre os medicamentos, sendo que na verdade faltavam vários dados. Isso pode

ser devido ao fato de que durante a passagem pelo serviço de saúde anterior,

não foram informados corretamente sobre como administrar os medicamentos.

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19

Muitas vezes as informações são transmitidas de forma rápida e superficial, não

considerando se o paciente entendeu as instruções que lhes foram fornecidas

(MARQUES, 2014). A falta de dados de dose e frequência dos medicamentos

podem resultar em erros potencialmente prejudiciais para o paciente, e o fato

dos medicamentos estarem disponíveis em diferentes formas farmacêuticas e

concentrações, pode contribuir ainda mais com a probabilidade de ocorrer erros

desta natureza. (RILEY-LAWLESS, 2009)

Durante a realização da conciliação medicamentosa é importante também

atentar-se a presença de medicamentos isentos de prescrição médica,

fitoterápicos e suplementos, os quais são normalmente omitidos pelos pacientes

ou familiares por serem considerados inofensivos, contribuindo para o histórico

medicamentoso incompleto e podendo também causar efeitos adversos e

interações medicamentosas indesejáveis (DERSCH-MILLS, 2011). Além disso,

estes tipos de medicamentos estão altamente relacionados com as

discrepâncias encontradas no estudo de Heath et al (2015), contribuindo com

37,1% do total de discrepâncias. Por exemplo, no caso de pacientes oncológicos,

a conciliação medicamentosa pode revelar a utilização de diversas substâncias

que não são aprovadas pelo FDA, incluindo vitaminas, suplementos de ervas,

agentes homeopáticos, probióticos e cannabis (PORTER, 2018), os quais

podem vir a causar algum tipo de efeito adverso pela interação com os

medicamentos que estão sendo administrados ao paciente.

Portanto, é imprescindível que não somente as informações referentes

aos medicamentos de uso domiciliar do paciente sejam coletadas, mas também

que estas informações tenham qualidade e veracidade, a fim de não se tornarem

fonte de erros de medicação, comprometendo ainda mais o tratamento

medicamentoso.

5.6 Desafios da conciliação medicamentosa na pediatria

A conciliação medicamentosa, apesar de se tratar de uma iniciativa

bastante conhecida, ainda é pouco implementada nos serviços de saúde por

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20

existirem dúvidas em relação à qual seria o melhor método para a realização

desta, uma vez que se trata de um processo complexo (DERSCH-MILLS, 2011).

A complexidade deste processo está relacionada ao fato de que depende

de diversas variáveis, muitas vezes imprevisíveis, envolvendo o paciente e seu

círculo familiar, tempo para a coleta de informações, barreiras de linguagem, o

grau de severidade do quadro do paciente, e conhecimento do paciente e

familiares sobre os nomes dos medicamentos utilizados. (DAUPIN, 2016)

A pediatria apresenta um desafio para a realização da conciliação

medicamentosa devido à complexidade das doses dos medicamentos, muitas

vezes relacionadas ao peso dos pacientes, a variedade de formulações e

apresentações disponíveis para um mesmo fármaco, e a necessidade da

presença de um terceiro, como pais ou responsáveis pelo paciente, para a

obtenção do histórico de medicamentos (HRON, 2015; WHO, 2019). Nos casos

em que a pessoa responsável pela administração de medicamentos ao paciente

não esteja presente, não é possível realizar a coleta de dados, dificultando a

conclusão do processo (HRON, 2015). Além disso, a variedade de

concentrações e unidades de medida dos medicamentos confundem os pais ou

responsáveis que administram os medicamentos para as crianças, resultando

em erros não intencionais no momento de informar os dados para os

profissionais de saúde (CHAN, 2015).

As dificuldades de transmissão de dados, como o atraso e a incompletude

da propagação das informações durante as transições de cuidado, também

prejudicam a conclusão da conciliação medicamentosa (CONDREN, 2019).

Os pais ou responsáveis têm papel importante no sucesso do tratamento

medicamentoso dos pacientes pediátricos, sendo imprescindível sua

participação no processo para a administração correta dos medicamentos, uma

vez que este grupo é dependente de adultos que os auxiliem (NEUSPIEL, 2013).

No estudo de Urban et al (2016) foi demonstrado que a maioria dos erros de

medicação não intencionais que ocorrem em domicílio foram decorrentes da

ingestão de doses maiores que as prescritas e ingestão de medicamentos de

outras pessoas pelos pacientes pediátricos. Esses erros abrangem 60% do total

de erros registrados no estudo citado, sendo que as causas principais são os

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21

erros gerados por pais ou familiares que administram os medicamentos para as

crianças. Assim, é relevante que os pais e responsáveis estejam cientes dos

medicamentos e suas respectivas doses para que assim se evitem possíveis

erros de medicação. Envolver os pacientes e pais ou responsáveis no processo

do tratamento medicamentoso aumenta o conhecimento destes em relação aos

medicamentos que estão sendo administrados e também melhora a adesão ao

tratamento medicamentoso (IBRAHIM, 2015). No estudo de Trivedi et al (2019),

os pais se mostraram bastante satisfeitos por estarem participando ativamente

do tratamento farmacológico de suas crianças através da conciliação

medicamentosa, pois se sentiam empoderados e prestativos, o que é um

resultado bastante positivo.

Além disso, é importante educar os pacientes e pais ou responsáveis para

trazerem os medicamentos utilizados em domicílio ou as prescrições médicas

durante o processo de admissão, para que sejam transmitidas informações

atualizadas sobre os medicamentos. É relevante destacar também que em caso

de dúvidas ou possíveis erros nos medicamentos, os pacientes não se sintam

intimidados em informar a equipe multiprofissional que o está acompanhando.

Verificar se o paciente entendeu as informações sobre os medicamentos de uso

domiciliar durante o processo de alta também é de grande importância, uma vez

que posteriormente esses dados podem ser coletados em uma próxima

admissão no serviço de saúde (WHO, 2014).

Fatores como limitações relacionadas a barreiras linguísticas e nível de

educação podem levar a dificuldades no entendimento das informações

relacionadas aos medicamentos prescritos, sendo fundamental oferecer maior

auxílio nestes casos, procurando sempre verificar se as informações foram

corretamente captadas e assimiladas pelo paciente ou responsável (WHO,

2019). No caso de problemas relacionados a barreiras linguísticas, Trivedi et al

(2019) sugere o uso de figuras ilustrativas que auxiliem na identificação dos

medicamentos utilizados pelos pacientes no momento da coleta dos dados.

Pôde-se observar que as figuras ajudam os pais ou responsáveis a lembrarem

dos medicamentos utilizados pelos filhos, sendo que poderia auxiliar na

comunicação mesmo que os pais não estivessem em um país da sua língua

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22

nativa, permitindo assim a obtenção dos dados sobre os medicamentos

administrados em domicílio.

Durante o estudo de Riley-Lawless (2009) foram coletadas algumas

sugestões dos familiares para melhorar o processo da conciliação

medicamentosa, sendo elas a distribuição de informativos impressos com

instruções sobre os medicamentos para pacientes pré-cirúrgicos, envio de

comunicados e lembretes para trazer os medicamentos e prescrições médicas,

informar os familiares sobre os motivos de estar sendo requeridas tais

informações, requerimento de listas de medicamentos antes da admissão, e uso

de cartões de lembretes coloridos. Além dos pacientes, é importante também

informar os profissionais de saúde sobre a importância da conciliação

medicamentosa através de treinamentos e informativos, pois muitas vezes esse

processo pode não ser realizado pela falta de conhecimento sobre o impacto que

este procedimento pode ter para melhorar a segurança e a efetividade do

tratamento medicamentoso do paciente (ALMIDANI, 2015).

5.7 Exemplos de métodos de implementação e

aprimoramento da conciliação medicamentosa na pediatria

A conciliação medicamentosa já é um processo bastante conhecido,

porém ainda existem dúvidas sobre qual seria o melhor método para a realização

deste. Assim, existem vários estudos envolvendo o desenvolvimento de métodos

para a otimização deste procedimento e foi realizada uma seleção de alguns

artigos focados principalmente na ala pediátrica para serem citados no presente

trabalho a fim de ilustrar algumas técnicas que podem ser utilizadas.

Huynh et al (2013) realizou uma pesquisa com hospitais do Reino Unido

questionando sobre como era realizado o procedimento de conciliação

medicamentosa nestes centros de serviços de saúde. Foi questionado se no

procedimento padrão constava a necessidade de realizar a conciliação

medicamentosa na admissão do paciente, sendo positivo para 83% dos

estabelecimentos pesquisados, e destes 42% incluíam também crianças.

Sessenta e sete por cento dos estabelecimentos realizavam a conciliação

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23

medicamentosa na pediatria, sendo que 9% não faziam, 16% não tinham isso

definido como procedimento padrão e 8% não responderam. Aqueles que

preferiram não responder alegavam que somente realizavam o processo de

conciliação medicamentosa no caso de algumas crianças com quadros mais

complexos. Sobre as fontes de informações utilizadas, 83% responderam que

utilizavam informações provenientes dos pais ou responsáveis, 56% os próprios

medicamentos do paciente, 26% do próprio paciente e 21% do histórico

hospitalar. Oitenta e cinco por cento dos entrevistados responderam que

achavam importante a realização da conciliação medicamentosa para pacientes

com idade abaixo de 16 anos e 2% responderam ser desnecessário. Aqueles

que alegaram ser desnecessário, incluíam como motivos o fato de não

considerarem os pacientes pediátricos prioridade, a realização do processo

exigir muito tempo disponível para ser realizado e por ter outras atividades de

maior prioridade, não restando tempo para realizar a conciliação medicamentosa

na pediatria. Pode-se observar que a maioria concordava que a conciliação

medicamentosa na pediatria era importante, porém menos da metade dos

estabelecimentos tinha como processo padrão a realização deste procedimento.

Um exemplo de estudo realizado para a melhoria do processo da

conciliação medicamentosa no serviço de saúde foi o de Trivedi et al (2019), no

qual inicialmente a taxa de conciliação medicamentosa no departamento de

pediatria variava de 0 a 50%, e o objetivo era atingir 80% dos pacientes.

Inicialmente, foram realizadas reuniões a fim de discutir os principais erros de

prescrição encontrados, explicações sobre o que era a conciliação

medicamentosa, por que é importante e como era realizada. Como não foram

observadas muitas melhorias após esse processo devido ao reduzido número

de profissionais que participaram da reunião, foi seguido para a etapa seguinte

que consistia na disposição de cartazes sobre a conciliação medicamentosa. Os

cartazes instigaram a curiosidade das pessoas sobre o assunto, porém não teve

o mesmo impacto que as reuniões, pois não havia o treinamento face-a-face,

não obtendo sucesso. A próxima intervenção realizada foi entregar às crianças

e pais ou responsáveis um questionário sobre quais tipos de medicamentos os

pacientes estavam utilizando em domicílio. Os pais reportaram estarem bastante

satisfeitos em participar e contribuir para o tratamento medicamentoso do

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24

paciente, e também acharam bastante útil a utilização de figuras ilustrativas dos

medicamentos no questionário, principalmente no caso de pessoas que não

falam a língua nativa. Após a realização desta intervenção, foi observado uma

melhoria de 95% na taxa de completude da conciliação medicamentosa, se

mostrando a intervenção mais efetiva. Em seguida, foi realizada mais uma

reunião e treinamento com os diversos profissionais de saúde presentes sobre

como realizar a conciliação medicamentosa e continuado o processo de entrega

dos questionários aos pacientes. Assim, foi possível ultrapassar o objetivo de

80%, atingindo uma taxa de completude da conciliação medicamentosa de 100%

dos pacientes. Desta forma, este se mostrou um estudo em que a experiência

da implementação da conciliação medicamentosa foi bastante positiva, e foi

possível melhorar os métodos e sua eficácia, atingindo uma escala de 100% de

completude deste procedimento nos pacientes.

Outro estudo que pode ser citado é o do grupo de White (2011), que traçou

estratégias de implementação e melhoria do processo de conciliação

medicamentosa através de um sistema eletrônico para aumentar a taxa de

pacientes que haviam completado este processo. Inicialmente, somente 62%

dos pacientes realizavam a conciliação medicamentosa em 24 horas após a

admissão. Foram empregadas estratégias como a simplificação e padronização

da aplicação da conciliação medicamentosa eletrônica, melhorando a detecção

de erros e disponibilizando as informações de forma mais rápida e eficiente para

os profissionais da saúde, designação de papéis e responsabilidades para cada

profissional, utilização de lembretes para completar a conciliação

medicamentosa gerados automaticamente pelo sistema eletrônico, treinamento

dos profissionais para completar os dados requeridos e maior incentivo à cultura

de segurança entre os profissionais de saúde. Com a utilização dos métodos

empregados durante um período de 9 meses, foi possível melhorar a taxa de

completude da conciliação medicamentosa durante a admissão do paciente a

valores acima de 90%, mesmo sendo um hospital de larga escala, demonstrando

que os métodos foram bastante eficientes.

O estudo de Hron (2015) também relata a experiência da implementação

da conciliação medicamentosa eletrônica durante a admissão de pacientes. Com

o método empregado, foi possível aumentar em 83,8% a realização deste

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25

processo, e também permitiu a identificação de erros de medicação durante o

período. Em conjunto com a introdução do novo sistema eletrônico, foi realizado

o treinamento individualizado dos profissionais, instruindo como efetuar a

conciliação medicamentosa e o intuito de implementar tal procedimento. Foi

utilizado também um relatório diário para acompanhar a performance durante as

admissões, demonstrando para quais pacientes a conciliação medicamentosa

foi concluída, possibilitando melhor controle do processo. Após a intervenção,

foi registrada uma redução de 53% no número de discrepâncias não

interceptadas, sendo que o risco de erros de medicação relacionados com

medicamentos conciliados também foi reduzido significativamente. Assim, pode-

se observar que a implementação do sistema de otimização da conciliação

medicamentosa auxiliou na redução de erros de medicação.

Rappaport et al (2009) realizou um estudo retrospectivo após a

implementação da conciliação medicamentosa com a utilização de sistema

eletrônico por um período de 5 anos em um serviço pediátrico

multiespecialidade. O sistema eletrônico introduzido permitiu adicionar e

visualizar os medicamentos de cada paciente, com uma lista de dose,

frequência, data de início do tratamento e se o paciente está recebendo o

medicamento. Os componentes de destaque deste sistema foram a

possibilidade de verificar se foi realizado a conciliação medicamentosa para o

paciente pelo ícone “Reviewed” e a possibilidade de imprimir a lista de

medicamentos de cada paciente presente no banco de dados. Esta lista de

medicamentos posteriormente era entregue aos pacientes ou responsáveis, e

continham informações sobre os medicamentos administrados durante o

tratamento, o nome e contato dos profissionais envolvidos, exames médicos

solicitados e instruções para a continuidade do tratamento medicamentoso após

a alta. Como as listas eram entregues às famílias durante a alta do paciente, isto

motivava os profissionais a oferecerem as informações mais atualizadas

possíveis. Foi observado durante o estudo que muitas vezes os pacientes e seus

familiares ou responsáveis não sabiam os nomes dos medicamentos utilizados

em domicílio. Inicialmente, a taxa de realização da conciliação medicamentosa

era de aproximadamente 30%, e após a realização da intervenção, este valor

aumentou para acima de 80%, um resultado muito expressivo. O treinamento

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26

dos profissionais e os feedbacks regulares foram cruciais para a implementação

e sucesso do projeto.

O grupo de Dewan et al (2015) tinha como objetivo aumentar as taxas de

completude da conciliação medicamentosa na Unidade de Tratamento Intensivo

Pediátrica, as quais inicialmente eram de 70%, através do envio de vídeos por

e-mail para os profissionais, atuando como lembretes. Os vídeos eram

interativos e divertidos, enviados a cada duas semanas por e-mail, sendo sempre

atualizados, e seu conteúdo enfatizava a importância da realização da

conciliação medicamentosa. Após um período de três semanas, foi possível

atingir uma taxa superior a 95% de completude, as quais foram mantidas por

mais de 40 semanas com a continuidade do processo. Inicialmente, os

profissionais não consideravam a conciliação medicamentosa como uma

ferramenta importante. Porém, após a implementação da intervenção, houve

uma mudança de cultura e visão sobre a conciliação medicamentosa, havendo

o reconhecimento de que se trata de um processo bastante relevante para a

segurança do paciente. Assim, a intervenção realizada foi bem-sucedida,

elevando e mantendo as taxas de completude do procedimento.

É interessante também citar o grupo de Almidani et al (2015) que utilizou

métodos como treinamento em grupos multiprofissionais, padronização do

processo de conciliação medicamentosa com definição clara das etapas,

definição do tempo para a realização do processo e a designação das

responsabilidades de cada grupo de profissionais que incluíam médicos,

enfermeiros e farmacêuticos. Além disso, o processo era sempre supervisionado

e acompanhado por profissional treinado que atuava como consultor, verificando

se o procedimento estava sendo realizado de maneira correta e se algum outro

profissional tinha dúvidas. Era também solicitado que os consultores

elaborassem relatórios com feedbacks sobre o projeto. A implementação da

intervenção foi um desafio, pois os profissionais já estavam muito atarefados

com os procedimentos do dia-a-dia da clínica, porém obtiveram sucesso em

adquirir cooperação total do departamento de pediatria. Antes da implementação

da intervenção, a taxa de completude do processo de conciliação

medicamentosa no departamento de pediatria era entre 0 a 15%, e após a

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intervenção este valor chegou a 96%, um resultado excepcional, o que

demonstra o sucesso da estratégia empregada mesmo em condições adversas.

6 CONCLUSÃO

Os pacientes pediátricos têm maior chance de apresentarem erros de

medicação e a conciliação medicamentosa pode ser utilizada como uma

ferramenta importante para a redução desta taxa, porém, é importante que este

processo seja realizado com o devido cuidado a fim de garantir a segurança do

paciente. Para que se realize uma conciliação medicamentosa de sucesso é

importante se atentar para a qualidade das informações obtidas, sempre

procurando verificar a qualidade e veracidade dos dados, pois informações

incorretas podem colocar em risco a segurança dos pacientes.

Pôde-se observar também que a realização da conciliação

medicamentosa em pacientes pediátricos tem significativa relevância, pois este

grupo é bastante susceptível a sofrer de efeitos adversos de medicamentos

causados por erros de medicação. Uma vez que pacientes pediátricos possuem

uma chance três vezes maior de sofrerem de erros de medicação em

comparação com adultos, é necessária atenção redobrada para pacientes desta

faixa etária. Além disso, observou-se também que erros relacionados a omissões

e às doses de medicamentos são bastante comuns e devem ser evitados, uma

vez que colocam em risco a segurança e a eficácia do tratamento

medicamentoso do paciente.

É importante que se desenvolvam métodos eficientes para a obtenção da

Melhor História Medicamentosa Possível, além de garantir que os profissionais

da saúde envolvidos também sejam devidamente treinados para realizar tal

procedimento a fim de obter as melhores informações e resultados possíveis.

Também deve-se levar em consideração que é fundamental a participação ativa

dos pais ou responsáveis neste processo, uma vez que pacientes desta faixa

etária são dependentes de adultos que possam auxiliar na administração correta

dos medicamentos, e também na devida continuidade do tratamento

medicamentoso após o processo de alta.

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Desta forma, se implementada de forma correta e com métodos eficientes,

é possível, através da conciliação medicamentosa, oferecer maior segurança ao

paciente durante as transições de cuidado, sendo este um passo importante para

a redução das taxas de erros na pediatria.

7 BIBLIOGRAFIA

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