Concepções de organização curricular

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Concepções de organização curricular Currículo Tradicional Segundo a teoria de Durkhein a educação é socializadora das novas gerações, a educação de cima para baixo, a educação tem a função de transmitir as tradições culturais e as regras sociais, contribuindo para adaptação do indivíduo à sociedade. O homem é um ser social (se relaciona à sociedade) e um ser individual (vida pessoal). Esta pedagogia ganha forma nos moldes curriculares tradicionais. A estrutura deste currículo é bastante familiar em nossas escolas. Ele organiza as disciplinas e seus respectivos conteúdos de maneira fragmentada, promovendo uma educação linear onde não há articulação de temas, o conhecimento é meramente transmitido sem nenhuma preocupação com a contextualização. O maior comprometimento da escola é a formação intelectual e moral de seus alunos. Os conteúdos são os conhecimentos e valores sociais acumulados pelas gerações adultas e são transmitidas como verdades absolutas. Essa transmissão acontece de forma oral e predomina a metodologia da repetição e memorização características forte de um ensino livresco e enciclopédico. O aluno é visto como um sujeito passivo e domesticado, armazenador de informações. O professor é o detentor do saber e a autoridade máxima deste ambiente. A critica a esta tipologia curricular esta no fato de alimentar a alienação, desvalorizar a construção do conhecimento e promover uma educação insuficiente e sem valor. Este currículo é vivo e atuante em nossas escolas. Na descrição apresentada incluem-se as escolas tradicionais religiosas ou leiga que adotam uma orientação classico- humanista ou uma orientação humanocientífica. Currículo racional tecnológico (tecnicista) É um currículo voltado para a transmissão de conteúdos e desenvolvimento de habilidades a serviço do sistema de produção. Cuja finalidade é promover a eficiência na aprendizagem com menor custo voltada para a aquisição de habilidades, técnicas, atitudes e conhecimentos específicos, úteis e necessários para que o individuo se integre na máquina do sistema social. Ele é elaborado por

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Concepções de organização curricular

Currículo TradicionalSegundo a teoria de Durkhein a educação é socializadora das novas gerações, a educação de cima para baixo, a educação tem a função de transmitir as tradições culturais e as regras sociais, contribuindo para adaptação do indivíduo à sociedade. O homem é um ser social (se relaciona à sociedade) e um ser individual (vida pessoal).Esta pedagogia ganha forma nos moldes curriculares tradicionais. A estrutura deste currículo é bastante familiar em nossas escolas. Ele organiza as disciplinas e seus respectivos conteúdos de maneira fragmentada, promovendo uma educação linear onde não há articulação de temas, o conhecimento é meramente transmitido sem nenhuma preocupação com a contextualização.O maior comprometimento da escola é a formação intelectual e moral de seus alunos. Os conteúdos são os conhecimentos e valores sociais acumulados pelas gerações adultas e são transmitidas como verdades absolutas. Essa transmissão acontece de forma oral e predomina a metodologia da repetição e memorização características forte de um ensino livresco e enciclopédico. O aluno é visto como um sujeito passivo e domesticado, armazenador de informações. O professor é o detentor do saber e a autoridade máxima deste ambiente.A critica a esta tipologia curricular esta no fato de alimentar a alienação, desvalorizar a construção do conhecimento e promover uma educação insuficiente e sem valor. Este currículo é vivo e atuante em nossas escolas. Na descrição apresentada incluem-se as escolas tradicionais religiosas ou leiga que adotam uma orientação classico-humanista ou uma orientação humanocientífica.

Currículo racional tecnológico (tecnicista)É um currículo voltado para a transmissão de conteúdos e desenvolvimento de habilidades a serviço do sistema de produção. Cuja finalidade é promover a eficiência na aprendizagem com menor custo voltada para a aquisição de habilidades, técnicas, atitudes e conhecimentos específicos, úteis e necessários para que o individuo se integre na máquina do sistema social. Ele é elaborado por especialista e executado pelo professor que assume a função de técnico, porque somente executa ordem.O professor administra as condições de transmissão da matéria, conforme um sistema instrucional eficiente e efetivo em termos de resultados da aprendizagem; o aluno recebe, aprende e fixa as informações. O professor é apenas um elo de ligação entre a verdade cientifica e o aluno cabendo-lhe empregar o sistema instrucional previsto. O aluno é um individuo responsivo, não participa da elaboração do programa educacional.Ambos são espectadores frente a verdade objetiva.Sua metodologia é voltada para a introdução de técnicas refinadas de transmissão como os computadores e mídias. Atualmente uma

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derivação dessa concepção é o currículo por competências, em que a organização curricular resulta de objetivos assentados em habilidades e destrezas a serem dominadas pelos alunos no percurso de sua formação. A critica a esta tipologia curricular esta na super valorização do saber fazer sem acentuar os saberes no âmbito das atitudes e dos processos cognitivos.

Currículo Escolonovista (ou progressivista)O enfoque está na idéia de currículo centrado no aluno e no provimento de experiências de aprendizagem como forma de ligar a escola com a vida e adaptar os alunos ao meio. Por isso enfatiza-se as necessidades e interesses dos alunos, na atividade, no ritmo de cada um. O professor assume a posição de facilitador da aprendizagem, os conteúdos vem da experiência dos alunos. Não há posição de destaque, busca-se a solidariedade e a vivencia democrática, tal qual deva ser a vida em sociedade.Esse modelo curricular compreende a educação como um processo interno de desenvolvimento, de continua adequação ao meio, colocando os conteúdos escolares como instrumentos para o desenvolvimento de processos mentais, não como verdades estabelecidas, mas como conceitos experimentados e construídos.Sua metodologia garante aos alunos a experimentação, a idéia de aprender-fazendo, através de desafios, experiências e situações problemas. Portanto o seu currículo é flexível, aponta dos conteúdos mínimos mas se abre para intervenções e adaptações, tudo depende do interesse do aluno, o professor só precisa ter a sensibilidade de perceber a curiosidade e direcionar a aprendizagem.Muitos têm sido os seguidores desta concepção curricular, entretanto, as maiores dificuldades encontradas na sua execução está no fato de seu custeio ser alto e porque choca com o currículo tradicional que é o marco curricular em nossas escolas.

Currículo ConstrutivistaA idéia central está em prever atividades que correspondam ao nível de desenvolvimento intelectual dos alunos e organizar situações que estimulem suas capacidades cognitivas e sociais, de modo a possibilitar a construção pessoal do conhecimento através da participação ativa do sujeito (Luckesi, 1990)O professor assume a posição de facilitador deste processo assegurando a integração do aluno com os objetos de aprendizagem. Nesta concepção piagetiana valoriza-se mais a construção do conhecimento pelo próprio aluno do que a influência da cultura e do professor.Sendo assim, o currículo não se formaliza e nem é padronizado, ele cria forma na medida em que a integração sujeito objeto se estabelece.

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Entre diferentes formas de se entender o currículo construtivista há uma vertente que se funde ante a teoria de Vigostsky conhecida como interacionista.É a aprendizagem que resulta da integração sujeito-objeto, mas a ação do sujeito sobre o meio é socialmente mediada, atribuindo-se peso significativo á cultura e às relações sociais. Por exemplo, a linguagem, memória, abstração, a percepção, capacidade de comparar, (funções superiores) são ações resultantes de um processo de internalização de algo socialmente construído. Portanto o papel do meio postula uma origem social das funções superiores isso significa admitir um papel essencial do ensino na promoção do desenvolvimento cognitivo e social dos alunos.

Currículo Sociocrítico (ou histórico-social)       A abordagem do currículo sociocrítico possui algumas correntes distintas, umas que enfatizam as questões políticas do processo de formação e outras a relação pedagógica como mediação da formação política. Neste caso a educação cumpre o seu papel de transmitir a cultura, mas concomitantemente ajuda o aluno no desenvolvimento de suas próprias capacidades de aprender e na sua inserção critica e participativa na sociedade em função da formação cidadão buscar pela transformação social. (Libaneo,2004).A finalidade deste currículo é criar autonomia de pensamento, destacando a importância da responsabilidade social, buscar sempre o interesse do coletivo, compreender a realidade e transformá-la. È uma educação voltada para o social de modo a eliminar as mazelas sociais existentes como a pobreza, a violência, o desemprego, enfim as desigualdades sociais e econômicas através de uma educação politizadora.

Currículo Integrado e GlobalizadoO termo globalizado está associado à característica da estrutura cognitiva e afetiva dos alunos e na maneira singular de como cada um desses atribui significados , constrói e integra os conhecimentos de acordo com a sua experiência de vida.Já o termo interdisciplinar significa relação que se faz entre as disciplinas, a fim de promover uma educação globalizada de forma holística. Geralmente se atribui um tema gerador e as disciplinas se integram investigando cada qual seu conhecimento específico o que no fim se tem uma informação globalizada e contextualizada sobre o tema escolhido.São duas as idéias norteadoras do currículo interdisciplinar:

Sempre se busca a integração do conhecimento experiência que facilitem uma compreensão mais reflexiva e critica da realidade.

Ressalta o lado dos conteúdos culturais, o domínio dos processos necessários ao acesso aos conhecimentos e, simultaneamente, a

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compreensão de como se produzem, se elaboram e se transformam esses conhecimentos, ou seja, o aprender a aprender (Torres Santomé, 1989)

Na prática curricular adota-se um currículo experimental pela qual a escola torna-se um espaço de reconstrução, pelos alunos, das experiências e conhecimentos próprios da comunidade, mediante o método de projetos sempre visando a construção critica dos problemas apontados e a busca de possíveis soluções no âmbito político, social.Incorpora-se nesse modelo, o valor das atividades do próprio sujeito na aprendizagem, a ligação dos conteúdos culturais com a realidade, a vivência cultural dos alunos, a seleção de experiências de aprendizagem que sejam interessantes, a importância dos processos mentais na aprendizagem a saber: observação, comunicação, analise...; a interdisciplinaridade.

Currículo como Produção CulturalO currículo nesse sentido não tem a ver com a organização de matérias cujo conteúdo deve ser absorvido, mas a um terreno de luta e constatação, em que se criará e produzirá cultura.No âmbito ainda cultural, destaca-se a diversidade cultural e o multiculturalismo e a diferença em que se inscrevem novos movimentos sociais e novos sujeitos sociais que assumem sua identidade: mulheres, crianças, negros, homossexuais e outros.Quando se pensa em currículo é preciso começar captando as significações que esses sujeitos fazem de si mesmo e dos outros através da experiência compartilhada, o que na pratica constitui um discurso da diferença voltado para o tema do multiculturalismo e de uma educação e currículo multicultural. O que significa uma mudança da ênfase no social para o cultural.É imperioso que se criem métodos de analise que não partam do pressuposto de que as experiências vividas podem ser automaticamente inferidas a partir de determinações estruturais... Uma política cultural requer o desenvolvimento de uma pedagogia atenta às historias, aos sonhos e às experiências que os alunos trazem para a escola... começando por essas formas subjetivas, os educadores poderão desenvolver uma linguagem e um conjunto de praticas que confirmem, acolham e desafiem formas contraditórias de capital cultural. (Libâneo, 2004)