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Projecto de Investigação Estudos de Produção Literária Transmontano-Duriense Número do Projecto: POCI/V.5/A049/2005 (Medida V.5 - Acção V.5.1) Concelho de Boticas

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Projecto de InvestigaçãoEstudos de Produção Literária Transmontano-DurienseNúmero do Projecto: POCI/V.5/A049/2005 (Medida V.5 - Acção V.5.1)

Concelho de Boticas

Com excepção da freguesia de Sapiãos, a fonte utilizada na recolha de dados foi http://www.cm-boticas.espigueiro.pt

Boticas é uma vila portuguesa no Distrito de Vila Real, Região Norte e

subregião do Alto Trás-os-Montes, com cerca de 1 100 habitantes.

É sede de um município com 322,41 km² de área e 5 935 habitantes (2006),

subdividido em 16 freguesias. O município é limitado a oeste e noroeste pelo município

de Montalegre, a leste por Chaves, a sueste por Vila Pouca de Aguiar, a sul por Ribeira

de Pena e a sudoeste por Cabeceiras de Basto. O concelho foi criado em 1836 por

desmembramento de Montalegre.

As freguesias de Boticas são as seguintes: Alturas do Barroso; Ardãos; Beça;

Bobadela; Boticas; Cerdedo; Codessoso; Covas do Barroso; Curros; Dornelas; Fiães do

Tâmega; Granja; Pinho; São Salvador de Viveiro; Sapiãos; Vilar.

O concelho de Boticas está situado na parte noroeste de Portugal, província de

Trás-os-Montes, Distrito de Vila Real. Criado no âmbito da reforma administrativa de

1836, o actual concelho de Boticas corresponde a uma parte da antiga terra do Barroso à

qual deu o nome, pois é na sua área geográfica que existe a serra do Barroso e as

povoações de Alturas do Barroso e Covas do Barroso, divisão administrativa e

territorial que até então incorporava também o actual concelho de Montalegre e o

extinto concelho de Ruivães, este hoje parte do concelho de Vieira do Minho. A Vila de

Boticas, então já lugar central, é, desde a criação do Concelho, a sede do Município.

O concelho de Boticas é limitado a Norte pelo concelho de Montalegre, a

nascente pelo concelho de Chaves, a Sul pelo Concelho de Vila Pouca de Aguiar e a

poente pelos Concelhos de Montalegre e Cabeceiras de Basto. A sua área é de 314,88

Km2, tendo cerca de 10 mil habitantes em 3.986 fogos distribuídos por 16 freguesias e

num total de 52 povoações.

Boticas assenta essencialmente numa vasta superfície planáltica, onde a serra do

Barroso ou Alturas, se orienta a NE e SW em 1279m, no seu ponto mais alto. No

entanto, o desnível entre as cotas extremas, 1279m e 225m em Fiães do Tâmega, junto

ao rio Tâmega, é bastante considerável (1054m), pelo que é possível dentro do concelho

conjugar vários tipos de paisagem, que vão desde a alta montanha granítica pobre em

vegetação e rica em grandes penedias, passando pelos verdes vales cobertos por prados

de lameiro. Oferece também áreas consideráveis de bosque onde as espécies dominantes

autóctones são o carvalho roble e o carvalho negral nas zonas de maior altitude e o

vidoeiro nas zonas de menor altitude, nas linhas de água é frequente o aparecimento do

amieiro e salgueiro. Para além da paisagem própria do relevo do concelho, é ainda

possível uma vasta e alargada visão para as serras de Cenábria, Larouco, Gerês,

Cabreira e Marão, Oferecendo assim uma rara imensidão de horizonte, por vezes

entrecortado pelas águas da barragem do Alto Rabagão.

Estas serras que cercam e dominam a região impuseram-lhe sérios

condicionalismos de acessibilidade e comunicação, hoje ultrapassados. Boticas

encontra-se por rede viária, sensivelmente à mesma distância de Madrid e Lisboa e

perto de grandes cidades como Orense, Vigo, Santiago de Compostela, Vila Real, Braga

e Porto. Também no que diz respeito a água o concelho é rico e atrai um número

considerável de pescadores, sendo atravessado pelos rios Beça, Covas, Terva e Tâmega,

além de um enorme número de ribeiras e corgas.

Com base nos Livros de Linhagens (Livro Velho 3), Título XXX.º, página 107;

na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, página 313 do 4º volume; no Armorial

Lusitano, página 88; e no Historial do Apelido de Família do CAPB, o apelido

"Barroso", de raiz toponímica, teve a sua origem nas Terras de Barroso, em Trás-os-

Montes.

O primeiro que o usou, e que provinha da antiga linhagem dos Guedeões,

retirou-o de uma torre no lugar de "Sipiões", naquela região, da qual foi Senhor. Foi ele

D. Egas Gomes Barroso, filho de D. Gomes Mendes Guedeão e de sua mulher D.

Chamôa Mendes de Sousa, ambos tratados no Nobilário do Conde D. Pedro, filho de D.

Dinis, onde se vê ainda ser neto de D. Gueda, o Velho. Foi D. Egas rico-homem dos

Reis D. Sancho II e D. Afonso III, tendo ido em 1247, durante o reinado deste último

soberano, ao cerco de Sevilha, em auxílio do Rei D. Fernando, o Santo, de Castela. Dos

dois filhos de D. Egas vêm duas distintas linhagens: a dos Bastos, descendentes de seu

filho segundo, D. Gomes Viegas de Basto, e os Barroso, provenientes do casamento do

primogénito Gonçalo Viegas Barroso com D. Maria Fernandes de Lima. Destes ficou

vasta geração, a qual manteve o uso do apelido, muitas vezes até por linha feminina.

Fixando-se na região de Braga e Barcelos vieram a ser Senhores e administradores de

bons Vínculos e Morgados, como os das Quintas da Falperra, do Eixidio, de Oleiros, ou

de S. Jorge, que tinha Capela em S. Francisco, no Porto. As armas usadas por esta

família são: de vermelho, cinco leões de púrpura, armados e linguados de ouro, cada um

carregado de três ou de duas faixas também de ouro. As armas e a bandeira do concelho

de Boticas, são, de acordo com o parecer da Associação dos Arqueólogos Portugueses,

de prata, com uma abelha de negro realçada a ouro, acompanhada de quatro espigas de

trigo verde, cruzadas em ponta e atadas de vermelho. Coroa mural de quatro torres.

Bandeira azul.

Património e Arqueologia no concelho

O Guerreiro consiste num monólito antropomórfico esculpido, erecto e em

posição de parada. Foi encontrado, juntamente com outro exemplar semelhante,

provavelmente no sec. XVIII (tendo sido posteriormente encontradas, já no século XX,

mais duas estátuas acéfalas) no grande castro do Lesenho, a altitude de 1075 metros, em

Campos, Freguesia de S. Salvador de Viveiro e Concelho de Boticas, considerado o

mais importante castro lusitano em Portugal e já classificado como imóvel de interesse

público (D.R. n.º 29/90 de 17 de Julho).

Este Guerreiro apresenta-se vestido com "sagum" (saio exuberantemente

decorado com motivos geométricos de círculos concêntricos encadeados e

axadrezados), com decote em V e manga curta, cingido por um cinturão com quatro

nervuras paralelas. A cabeça é proporcionada, exibindo um cabelo curto e deixando

livres as orelhas, barba e bigode.

Ostenta as seguintes armas: "caetra" redonda e plana (típico escudo redondo),

com umbo, com decorações do tipo "labirinto", que segura na mão esquerda com

correias cruzadas no antebraço, e na mão direita empunha um punhal triangular curto,

com pomo discoidal, introduzido numa bainha com o conto de perfil circular e linhas

transversais de possíveis travessas. Usa no pescoço um torque (peça de ourivesaria

típica nos guerreiros da época), com aro aberto e em cada braço, uma "víria" de três

toros (espécie de pulseira).

O Guerreiro Calaico ou Castrejo é o expoente máximo da Arqueologia Nacional

e representa a imagem da Divindade e o carácter guerreiro das civilizações castrejas que

habitaram a nossa região.

As quatro estátuas de Guerreiros Calaicos ou Castrejos que apareceram no

imponente Castro do Lesenho encontram-se actualmente em Lisboa, no Museu

Nacional de Arqueologia e Etnologia; as duas que se encontraram em melhor estado de

conservação são um verdadeiro "ex-libris" do referido Museu.

Alturas do Barroso tem32,68 km² de área e 444 habitantes (2001).

Casas em Vilarinho Seco

Pormenor da igreja de Santa Maria Madalena

Igreja Paroquial Santa Maria Madalena: Igreja de planta simples, composta

apenas por uma nave e sacristia.

A fachada principal é constituída por portal de forma rectangular encimado por

óculo redondo sobrepujado por campanário com dois rasgos sineiros coroados por dois

pináculos e uma cruz. Interiormente a sua riqueza ornamental é soberba. É Barroca a

porta da Sacristia em castanho com grandes almofadas pintadas. O espaço envolvente

da igreja, o adro, serviu durante muitos anos de cemitério, encontrando-se o piso todo

lajeado com tampas de sepulturas com datas, cruzes e outros sinais.

Ardãos tem 22,41 km² de área e 311 habitantes (2001).

Igreja de Ardãos Cruzeiro de Ardãos

Fonte de Mergulho

Como monumento mais imponente desta freguesia destaca-se, além da Igreja

paroquial de Ardãos, a magnifica Capela de Santo António, capela com galilé, portal

principal de arco perfeito, encimado por inscrições e data de 1584. O altar-mor possui

um retábulo de talha dourada renascença e duas míssulas de granito de cada lado.

Beça tem 30,01 km² de área e 1 031 habitantes (2001).

Capela de Carvalhelhos Castro de Carvalhelhos

A imponência arquitectónica desta freguesia fica bem demonstrada quando nos

deparamos com a Igreja Paroquial de Beça - São Bartolomeu, Igreja Românica,

podendo enquadrar-se a sua construção no século XIII ou XIV. Fica fora da povoação,

junto do cemitério. Tem uma área coberta de 132 metros quadrados. O chão está lajeado

com 49 tampas de sepulturas. A cornija é ornada de modilhões simples. A fachada tem

na portada um esplêndido arco romano que está encimado por uma torre sineira para

dois sinos e, a coroá-la, uma cruz Grega adornada a toda a volta.

É a família portuguesa deste nome um ramo dos Baeza de Espanha, pelo que se

trata de uma designação com raízes toponímicas.

No tempo do Rei D. Fernando I fixou-se em Portugal Juan Alfonso de Baeza,

que daquele soberano recebeu as vilas de Alter do Chão e do Vimieiro. Juan, depois

João Afonso, casou aqui e teve descendência, que começou por aportuguesar o nome

em Baeça e depois em Beça, também comummente grafado em Bessa.

Bobadela tem 14,78 km² de área e 354 habitantes (2001).

A freguesia é constituída pelos lugares de Bobadela e Nogueira.

Antigamente era chamada Bobadela do Barroso, e o seu pároco detinha o título

de reitor, e era apresentado pela mitra e comenda da Ordem de Cristo da Vila de

Montalegre.

Arte sacra da igreja de Bobadela Casa Senhorial Bobadela

Boticas tem 13,78 km² de área e 1 065 habitantes (2001).

Igreja Paroquial Boticas Casa Brasonada

Antigos Paços do Concelho

Cerdedo é marcadamente uma freguesia das terras do Barroso, com 23,96

km² de área e 176 habitantes (2001).

Casario Tradicional Assento de Lavoura

Capela Senhora do Monte

Codessoso tem 8,45 km² de área e 168 habitantes (2001).

Castro de Codessoso

O monte do Castro fica cerca de 1km a NW das casas da aldeia de Codessoso.

Possui o Castro dois fossos. O segundo fosso é separado do primeiro por um combro

relativamente estreito. Uns 20m acima do segundo fosso, há uns restos de parede que

parecem restos de muralha. O matagal espesso não permite averiguar com segurança se

esta muralheta se estende a toda à roda do cabeço, como tudo leva a crer. Acima uns

12m há restos de outra parede que pode ser parte da segunda muralheta que tanto quanto

o matagal permite ver, corre paralela à muralha anterior. Foi encontrada cerâmica

indígena, tégula, escórias e vestígios do trabalho da fundição do ferro. Pensa-se que este

castro foi romanizado.

Igreja Nossa Sr.ª da Guadalupe

Habitat Romano Santa Barbara

Cf. http://codessoso.jfreguesia.com

Covas do Barroso tem 29,67 km² de área e 348 habitantes (2001).

Castro de Poio O Castro de Poio fica no termo da freguesia de Covas do

Barroso. Encontra-se localizado a uns 400m a jusante da ponte nova que atravessa o rio

pela estrada de Covas ao Couto de Dornelas. O cabeço de pedra de xisto em que assenta

o castro é uma espécie de promontório arredondado, rodeado pelo rio do Couto de

Dornelas por três lados, norte, poente e sul. Um grosso istmo liga-o pelo NE ao monte

adjunto. O castro tem três muralhas. A primeira, no fundo da ladeira, fica a uns 10 a 12

metros acima da margem esquerda do rio; tem 1,70m de largura; parte do fosso do lado

N, abraça a base do promontório e vai desembocar no fosso sensivelmente à mesma

distância do rio. A segunda muralha também com 1,70m de largura, na linha nordeste

sudoeste fica 30m acima da anterior e segue em arco de ferradura, mais ou menos

paralelo à primeira muralha num comprimento de 150 a 200 metros. Começa e acaba

como a anterior, pelas duas portas no fosso. A terceira muralha na linha NE-SO fica

50m acima da segunda. Mais acima da plaina do topo do monte, esta terceira muralha

estreita a 1m de largura onde se distinguem três anéis de pedras amontoadas que devem

corresponder a outras tantas casas circulares.

Capela N.ª Sr.ª da Saúde Cruzeiro Covas do Barroso

Forno Comunitário

Curros tem 12,08 km² de área e 87 habitantes (2001).

Igreja de Stª Maria Madalena

Cruzeiro de Curros: Cruzeiro em granito com larga base onde assenta fuste circular encimado por esfera granítica, coroada por uma cruz.

Dornelas ou Couto de Dornelas tem 36,64 km² de área e 413 habitantes

(2001). Compreende sete povoações, Antigo, Casal, Espertina, Gestosa, Lousas, Vila

Grande e Vila Pequena.

Capela de Santo Antão Pelourinho de Dornelas

O Couto de Dornelas, criado em 1127, teve a sua origem num nobre cavaleiro

chamado Ay Ayres que, tendo raptado da corte de D. Afonso Henriques uma Dama,

com ela veio viver para estas terras. Como eram despovoadas, fez cá a sua residência e

capela. Este nobre tinha privilégio real e por isso todos os que se acoutassem à sua

capela, não poderiam ser presos nem punidos pela justiça do rei. Deste modo, juntou-se-

lhe muita gente a quem ele mandou que cultivassem todas as terras à volta da sua

capela. Desta forma povoaram-se as sete aldeias da freguesia: Vila Grande, Vila

Pequena, Antigo, Espertina, Gestosa, Lousas e Casal.

Esta região era, e é, rica em mel, nesta actividade eram utilizadas “Dornas” de

pedra (ainda se pode ver uma no adro da igreja matriz em Vila Grande) e por este

motivo e pelo anterior é que lhe foi dado o nome de COUTO DORNELAS.

Embora no início do século XIX tenha sido extinta a figura de Couto ou

coutado, a freguesia continua a ser mais conhecida como Couto do que propriamente

como Dornelas. Os actuais residentes nem admitem que lhe seja retirado o prefixo

Couto à freguesia de Dornelas, mantendo-se assim o nome até aos dias de hoje,

COUTO DE DORNELAS.

A Igreja Paroquial de Dornelas foi construída em cantaria de granito, de

fundação antiga muito alterada no século XVIII. Possui valioso retábulo do altar-mor

em talha dourada Barroca. No adro da igreja encontra-se uma dorna em granito,

destinada a medir cera como forma de pagamento do imposto ao arcebispado de Braga

Fiães do Tâmega tem 14,76 km² de área e 167 habitantes (2001).

Capela de Fiães do Tâmega Igreja de Veral

Capela de Fiães do Tâmega - Pequena capela de planta rectangular, com torre

sineira alongando a fachada do edifício. Portal de forma rectangular. Interiormente

possui várias imagens pintadas no retábulo do altar-mor.

Igreja de Veral - Igreja de planta rectangular com torre sineira separada. Portal

de forma rectangular encimado por óculo redondo e inscrições onde consta a data de

1855, ano da possível fundação do edifício. Interiormente possui pintado no tecto a

imagem de S. Martinho.

Granja tem 8,79 km² de área e 266 habitantes (2001).

Igreja Paroquial da Granja Convento da Granja

Castro do Cabeço - O Castro do Cabeço fica em termo da freguesia da Granja,

que dista apenas 2km da sede do concelho. O monte cónico ou cabeço onde assenta o

Castro fica a escassos 300 m da estrada nacional n.º103, km 146, entre Sapiãos e o Alto

do Fontão. É propriedade da Junta de Freguesia. O castro possui duas linhas de

muralhas. Encontra-se a primeira muralha separada da segunda muralha por um espaço

de cerca de 15m, e esta está separada do fosso do reduto por cerca de 21m. Existem

neste castro vários vestígios de casas circulares com pavimento lajeado, tégula, mós,

bronzes e imbrices.

Pinho tem 22,56 km² de área e 478 habitantes (2001).

Santuário do Senhor do Monte

São Salvador de Viveiro tem 18,83 km² de área e 345 habitantes (2001).

Castro Lezenho Capela do Senhor do Mundo

A 16km de Boticas, na freguesia de São Salvador de Viveiro, e a cerca de 700m

da aldeia de Campos, o Castro do Lezenho é um monte cónico e pedregoso cuja altura

se pode calcular em 50 a 60 metros.

O Lezenho tem três linhas de muralhas, sendo a cimeira a melhor definida pelos

alinhamentos de pedras em montão caótico, a entestar em penedos. A segunda e terceira

muralhas, na sua maior parte em ruínas, são também assinaladas pelas fiadas de

montões de pedras. A maior parte das muralhas têm dois metros de largura. Além da

porta aberta na muralha fundeira, que pode considerar-se a entrada principal, há mais

duas portas. Uma no topo norte da terceira muralha, a outra no lado poente da primeira

muralha. O Castro do Lezenho notabiliza-se pelo facto de nele se terem encontrado,

talvez no século XVIII, quatro estátuas de Guerreiros Calaicos.

Sapiãos tem 21,11 km² de área e 526 habitantes (2001).

Sapiãos dista da sede do concelho 3 km, 8 km de Carvalhelhos, 18 de Chaves e

15km do centro da serra do Barroso, também situada no concelho de Boticas.

A sua origem data dos primeiros séculos conforme deduzimos dos testemunhos

encontrados nos castros, já em muito mau estado e nas sepulturas antropomórficas ainda

existentes.

O Dr. João Baptista Martins, intelectual e estudioso prestigiado da história do

concelho de Boticas, no artigo «Notícias de Chaves» e transcrito no Ecos de Boticas e m

15 de Outubro de 1997, escreveu “Conforme demos a conhecer, na freguesia de Sapiãos

havia sepulturas antropomórficas, uma nas Seixas, junto do lameiro do Sr. António

Joaquim de Moura e outra nas Pássaros junto ao caminho, esta cavada na rocha e

reduzida a metade por virtude de obras levadas a efeito na referida via”.

Podem ver-se também outras campas, a 200 metros da cruz das almas (onde se faz

uma paragem, quando levam os mortos para o cemitério); a 100 metros da estrada

nacional n.° 103, existem outras, feitas em rocha, com proporções que rondam 1,80 m.

Campas antropomórficas

Campas antropomórficas

Conta a história que estas sepulturas foram criadas há muitos séculos, o que

confere a esta aldeia um passado remoto, em que muitos factos a tornaram naquilo que é

hoje, recordando saberes ancestrais, preservando-os e registando-os para que futuras

gerações possam desfrutar dos saberes de outrora.

Uma coisa é certa, Sapiãos fazia parte do itinerário das Vias Romanas, que

ligavam Bracara Augusta a Aquae Flaviae, passando por Venda Nova, Pisões, Morgade e Sapiãos,

a caminho das termas de Chaves, não existindo já marcas desse passado histórico.

No entanto, documentos mais recentes, mas agora já escritos, datam de 1251 da era

Cristã, aquando da entrega do foral a esta aldeia por D. Afonso III.

Poderá ler-se este foral na íntegra:

Foral de Sapiãos

"Em nome de Deus. Eu Julião Gonçalo, Juiz da terra de Panóia, por mandato

do senhor Rei Afonso de Portugal e de D. Garcia abaixo assinado, faço carta de

povoamento daquela herdade do senhor Rei que está no termo de Sapiães, de quanto aí

tem o senhor Rei Afonso. Dou outra vez a D. João e a vós Pedro Peres e a Columba

vossa esposa os domínios da mesma herdade, para que façais dela foro nomeadamente

ao senhor Rei de Portugal. Pagai anualmente dois morabitinos. Não pagueis nela três

calúnias, se as fizerdes. Se fordes inquiridos pela boca dos homens bons acerca das

apostilhas, não respondais. Não deis luctuosa das casas e nenhum homem entre no vosso

lugar para fazer mal por estas três calúnias já ditas. Pelo furto pague-se o dobro ao seu

dono e a sétima parte é para o palácio.

As duas outras que restam, entregam-se segundo o costume da terra. Pagai o

dito foro pela festa de S. João Baptista a quem o Rei de Portugal mandar. Pagai este

foro da já dita herdade, conforme se regista nesta carta, e nada mais. Que vós e toda a

vossa posteridade tenhais a dita herdade e a povoeis. Que vós, segundo o dito foro, e os

vossos sucessores a tenhais em posse para sempre. Se vier alguém para vos impedir em

alguma coisa e na medida em que vos impedir; pagar-vos-á o dobro, e tem a maldição

de Deus, Amem. E quem tiver a vossa representação para ela consiga os soldos. Os

nossos ouvidos prestem atenção ao pacto que se fez nesta carta a qual foi datada na era

de mil duzentos e oitenta e nove sendo Rei de Portugal, Afonso. Conde de Bolonha no

seu reinado. Arcebispo bracarense, João. O abaixo-assinado doador de Panoia.

D.Garcia. Eu Juliano, juiz da terra por mandato do senhor Rei Afonso. E do abaixo-

assinado D. Garcia cobro esta carta por minhas próprias mãos, no cobro de dois

dinheiros. Foram testemunhas, João testemunha. Conheceu os domínios por mandato

de anos. Além disso, mando-vos que deis anualmente pelo vodo um almude e mil e dois

pães.

E outro almude do vinho no lagar. Não mais do que as testemunhas prescritas. E

esta Carta não estava selada: nem tinha selos. "

Arquivo Nacional da Torre do Tombo

A Freguesia de Sapiãos ontem e hoje

Continuando a fazer história, esta aldeia apresenta mais documentos escritos que datam

do século XVIII, como consta nas “Memórias Paroquiais - Dicionário geográfico” elaborado pelos

párocos em 1758, quando ainda fazia parte da diocese de Braga. Aí pode ler-se:

“FREGUESIA DE SÃO PEDRO DE SAPIÃES, COMARCA DE CHAVES,

ARCEBISPADO DE BRAGA PRIMAZ."

"Padre Domingos Gonçalves, Reitor da Paróquia Igreja de S. Pedro de Sapiães,

termo da Vila de Montalegre, Comarca de Chaves, Arcebispado de Braga, Primaz, em

virtude de uma ordem do correio que do Reverendo Padre Doutor Bispo Carvalho de

Faria, vigário-geral desta Comarca de Chaves me foi apresentado com o edital dos

interrogatórios juntos para lhes responder; faço certo constar esta freguesia de S.

Pedro de Sapiães de dois lugares, Sapiães um, e Sapelos outro, situados ambos em um

vale.

Conta toda a freguesia de cento e sessenta e cinco Pois nela existem quinhentos e

oitenta e três almas mais ou nos mesmos lugares no termo de Montalegre e sujeita as

do juiz de fora da mesma vila e da Insígnia Casa de Bragança Província de Trás-os-

Montes.

A Paróquia desta freguesia, cujo orago é o Apóstolo São Pedro, está situada na estrada

da veiga que fica entre os ditos dois lugares.

Tem três altares, um na Capela-mor do dito Apóstolo dois colaterais, um da

Senhora do Rosário outro do Santíssimo nome da Cruz. No altar da Senhora do

Rosário, é a irmandade da mesma Senhora.

O Pároco desta Igreja é o Reitor e de colação ordinária por concurso poderá

receber um ano por outro cento e quarenta mil réis de certos e incertos, pouco mais ou

menos; não há conventos beneficiados, hospitais, nem casa de misericórdia nesta

freguesia.

No lugar de Sapiães há três Capelas uma do Senhor onde está o tabernáculo do

Santíssimo Sacramento, fabricada pelos fregueses excepto a armação para a lâmpada

que alumia diante do Sacrário que se dá pelos frutos da Comenda de que é

Comendador o ilustríssimo Senhor Marquez de Marialva; tem a dita Capela três

altares. Um do Senhor; outro de São Caetano e outro das Almas. Nesse há a Irmandade das

mesmas almas instituída autoridade ordinária.

Capela com um altar que é da evocação de Nossa Senhora da Conceição,

administrada pelos herdeiros de Gonçalo Monteiro, deste mesmo lugar e freguesia. Não

há imagens nesta freguesia nem coisas dignas de singular memória.

Na outra Capela da evocação da Senhora dos Anjos e de São Domingos, com um só

altar; administrada pelo Reverendo António Alves Monteiro, Reitor da Igreja de São

Miguel de Bobadela.

Frutos que nesta freguesia se colhem com mais abundância são centeio, milho,

castanhas e algum vinho.

Fica distante da cidade de Braga, capital do Arcebispado, doze léguas e meia e de

Lisboa capital do Reino setenta e duas léguas. Uma do correio de Chaves, distante desta

freguesia, duas léguas e meia. Basta o vigésimo sétimo interrogatório e nesta freguesia

nada mais há que responder; por estar respondido.

No distrito desta freguesia de S. Pedro de Sapiães há ao norte uma serra

chamada Leiranco; fica duas léguas de comprimento em algumas partes e uma de

largo; Confina pelo norte com freguesia de Santa Cristina de Cervos. Nada há nela coisa

aí digna de memória das que se perguntam nos interrogatórios.

Porque há muitos penedos, giestas com algum mato de carqueja e videiras, muito

agreste. Nela se criam alguns coelhos e perdizes.

Pelo distrito desta freguesia de São Pedro de Sapiães corre do nascente para poente um

rio que principia na freguesia de Santa Maria de Calvão desta Comarca de Chaves e se

chama rio Terva. Não corre caudaloso por ser terra plana e pequeno, que no estio quase de

todo seca; e se vai sepultar no rio Tâmega por baixo de Mosteirão, freguesia de Santa

Maria de Curros. Há no dito rio uma grande pedra cantaria na estrada pública que vem

da Província do Minho para a praça de Chaves desta Província de Trás-os-Montes a

qual ponte fica entre Sapiães e Sapelos lugares de que se compõe esta freguesia de Sapiães.

No termo desta freguesia não há moinhos no dito rio; peixe que cria, são algumas

bogas pequenas; e no que se pergunta nos vinte interrogatórios, não tenho mais que

responder por não haver coisa notável no tal rio de que se podia dar notícia.

Por verdade palrei esta que finei com o reverendo António Dias Monteiro vigário da

Real Igreja de Santa Maria de Pinho e Manuel Dias vigário da Paróquia da Igreja da São

Salvador de Eiró. Ambas anexas desta desta matriz de São Pedro de Sapiães e da forma dita a

juro in verbo Sacerdotis.

Sapiães, Março, 9 de 1758.

Domingos Gonçalves de Santa Maria de Pinho – António Dias Monteiro, o vigário de

São Salvador do Eiró – Manuel Dias”

Dicionário Geográfico (Memórias Paroquiais), Vol. 34, doc.77, pág. 649 a 652. Torre do Tombo –

Lisboa)

A actual igreja paroquial é do século XVIII como foi referido no documento e tem,

como padroeiro, S. Pedro. É adornada por quadros que datam do século XVIII e que foram

oferecidos por emigrantes que buscaram riqueza no Brasil.

Igreja paroquial

Altar da igreja

Além desta igreja, existe a Capela da evocação da Senhora dos Anjos e de São

Domingos, Capela mais conhecida por Capela Nova, erigida também no século XVIII, mas que,

actualmente, se encontra encerrada, não sendo utilizada para nenhuma prática religiosa.

Capela Nova

A Capela de São Pedro é uma obra artística que marca o período do românico/gótico que

se viveu nesta aldeia, o que ajuda a vincar o seu carácter secular, e nos leva a crer ter possuído uma

grande percentagem de habitantes, para arquitectarem um tal monumento.

Esta capela foi construída nos finais do século XII, início da transição do românico

para o gótico, como se pode verificar na frontaria do edifício.

Actualmente, esta igreja, que se encontra afastada da povoação, serve de descanso aos que

partem deste mundo, acolhendo-os junto dos seus antecessores que ajudaram a provocar a erosão

na frontaria, devido à quantidade de vezes que tocaram os sinos para chamar os fiéis das

localidades mais próximas à oração.

Todo o seu espólio interior foi vendido ou levado para as outras igrejas do meio da

povoação.

Capela de São Pedro

Em Sapiãos existem três cruzeiros, sendo o mais antigo de 1759 e, por sinal,

todos situados em cruzamentos das ruas ou caminhos e no centro das aldeias, excepto o que

se encontra na antiga via romana, datado de 1793.

Cruzeiros

A fé, a devoção e o reconhecimento pela protecção concedida foram

publicamente manifestadas no monumento construído, desde a Igreja Paroquial até ao

lugar do Calvário, onde foram colocadas as cruzes referentes à Via-sacra.

Estas cruzes encontram-se na encosta de uma colina e esse movimento de

subida, relacionado com as forças positivas, recorda-nos a virtude ascética a que todos

aspiramos, mas que só é concedido àqueles que se mantêm fiéis aos seus anjos e santos.

Calvário

Castro do Muro

Castro do Muro ou Cerca - O Castro fica no termo da freguesia de Sapiãos, e a

nordeste de Sapelos. É um castro de situação baixa, assente na encosta pendente pelo

lado poente sobre o rio Terva, que lhe corre na base, ao fundo da encosta, e a cerca de

100m da muralha fundeira. Para ir ao Castro segue-se o estradão que parte da povoação

de Sapelos e vai para a capela da Nossa Senhora das Neves. A cerca de 2,5km chega-se

ao castro que fica pela esquerda junto ao rio Terva. O castro é elíptico de eixo SW-NE,

com comprimento de 122m e largura máxima de 47m. A muralha cimeira, tem patente e

relativamente conservado o seu paramento interno, mas do lado do fosso a maior parte

do paramento ruiu.

Vilar tem 11,90 km² de área e 238 habitantes (2001).

Igreja da Sª da Guia Capela do Senhor dos Milagres