Conceitos e premissas do modelo de educação integral … · de 1996), no Plano Nacional de...

45
Conceitos e premissas do modelo de educação integral adotado pela SEED/SE GOVERNO DE SERGIPE SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – DED

Transcript of Conceitos e premissas do modelo de educação integral … · de 1996), no Plano Nacional de...

Conceitos e premissas do

modelo de educação

integral adotado pela

SEED/SE

GOVERNO DE SERGIPE SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – DED

1

ESCOLA

EDUCA

MAIS

Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do voo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o voo. Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em voo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o voo, isso elas não podem fazer, porque o voo já nasce dentro dos pássaros. O voo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.

Rubem Alves

2

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO - DED

SERVIÇO DE ENSINO MÉDIO - SEMED

NÚCLEO DE GESTÃO DAS ESCOLAS DE TEMPO INTEGRAL - NGETI

NOVEMBRO 2016

3

Sumário ARESENTAÇÃO .............................................................................................................................................. 5

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................... 6

2. JUSTIFICATIVA ......................................................................................................................................... 9

3. MARCOS LEGAIS. ................................................................................................................................... 11

3.1. Constituição Federal (1988): ................................................................................................................... 11

• Inciso VII do Art. 206; Inciso II Art. 208: Núcleo animador de um movimento de expansão qualitativa; .................... 11

3.2. Lei de Diretrizes e Bases da Educacional Nacional nº 9.394/96: .................................................................. 11

3.3. Resolução nº 2/CNE de 30 de janeiro de 201: Que define Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio. 12

3.4. Lei Complementar nº 179, de 21 de dezembro de 2009: Que dispõe sobre a implantação, organização e o funcionamento do Programa de Educação em Tempo Integral nas Unidades de Ensino Médio da Rede Pública Estadual.12

3.5. Portaria nº 1.145, 10 de outubro de 2016: Que dispõe sobre o Programa de Fomento à Implementação de Escolas de Tempo Integral. ............................................................................................................................................. 12

3.6. Educação inclusiva como direito de todos os alunos: (Constituição Federal, ênfase nos artigos: 205, 208, 213; LDB 9394/96- Ênfase no capítulo V; Estatuto da Criança e do Adolescente). .................................................................. 12

3.7. Oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas: De forma a atender, pelo menos, 25% dos alunos da educação básica (PNE 2014, Meta 6). ..................................................................................... 12

4. META ......................................................................................................................................................... 12

5. MODELO PEDAGÓGICO. ............................................................................................................................ 12

5.1. Princípios Educativos do Modelo Pedagógico. ........................................................................................... 14

5.1.1. Protagonismo ................................................................................................................................... 15

5.1.2. Os Quatro Pilares da Educação .......................................................................................................... 15

...................................................................................................................................................................... 16

6.1. A Pedagogia da Presença ......................................................................................................................... 17

6.1.2. A Educação Interdimensional ............................................................................................................. 17

7. A CONCEPÇÃO DO CURRÍCULO .............................................................................................................. 18

7.1. Organização do currículo da Escola Educa Mais ....................................................................................... 22

7.2. Parte Diversificada do Currículo ............................................................................................................. 25

7.2.1. Disciplinas Eletivas ........................................................................................................................... 25

7.2.2. Práticas Experimentais ...................................................................................................................... 25

7.2.3. Orientação de Estudo ........................................................................................................................ 26

7.2.4. Práticas e Vivências da Aprendizagem ................................................................................................. 26

7.2.5. Projeto de Vida ................................................................................................................................. 27

7.2.6. Preparação Pós – Médio .................................................................................................................... 29

7.3. Componentes Integradores do Currículo .................................................................................................. 29

7.3.1. Acolhimento ..................................................................................................................................... 29

3.3.2. Práticas e Vivências em Protagonismo ................................................................................................. 29

7.3.3. Clubes de Protagonismo ..................................................................................................................... 30

4

7.3.4.Tutoria ............................................................................................................................................. 31

8. MODELO DE GESTÃO ................................................................................................................................. 31

8.1. PRINCÍPIOS E CONCEITOS DA TGE................................................................................................... 33

8.1.1. Ciclo Virtuoso................................................................................................................................... 34

8.1.2. Comunicação ................................................................................................................................... 35

8.1.3. Educação pelo Trabalho ................................................................................................................ 35

8.1.4. Descentralização ............................................................................................................................. 35

8.1.5. Delegação Planejada ................................................................................................................... 36

8.1.6. Ciclo de melhoria contínua: O Ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act) ......................................................... 37

8.1.7. Operacionalização da TGE ........................................................................................................... 38

8.1.8. Plano de Ação .............................................................................................................................. 40

9. Referência .................................................................................................................................................... 43

5

ARESENTAÇÃO

Os debates sobre os novos métodos de repensar as práticas pedagógicas, as

organizações curriculares e os espaços escolares têm ganhado ênfase especial, uma vez

intermediados pelas políticas públicas de Educação Básica e com a aprovação do Plano

Nacional de Educação 2014-2024 – PNE. Estas novas práticas estão baseadas no alargamento

das oportunidades de aprendizagens, dadas por meio da oferta da Educação Integral e da

Educação em Tempo Integral.

O Programa Escola Educa Mais tem como objetivo a oferta da Educação em Tempo

Integral e será implementado na rede pública estadual de educação de Sergipe a partir de 2017,

vinculado à Secretaria de Estado da Educação (SEED), visando a melhoria da qualidade do

ensino médio da rede pública do Estado, garantindo, assim, a execução de um conjunto de

práticas inovadoras no que tange à organização do currículo, tempo e espaços escolares.

A concepção de Educação Integral e de Educação em Tempo Integral deve ser

permeada pela proposta de reestruturação das aprendizagens significativas e emancipadoras, e

tais direitos estão previstos e assegurados na Constituição Federal de 1988, na Constituição

Estadual de 1989, no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei Nº 8.069, de 13 de julho de

1990), na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei Nº 9.394, de 20 de dezembro

de 1996), no Plano Nacional de Educação (Lei 13.005/15), no Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento da Educação e Valorização dos Profissionais da Educação (Lei Nº

11.494/07) e na Resolução CNE/CEB Nº 7/10.

Com isto, o Programa Escola Educa Mais tem como foco uma Escola em Tempo

Integral que garanta educação de qualidade, impulsionando o pleno desenvolvimento de todos

os envolvidos. Partindo desta premissa, essa escola, por meio de ambientes flexíveis e de outras

formas de avaliação, busca garantir um espaço mais acessível para o seu público. Para tanto,

esta proposta mostra-se como desafiadora para todos aqueles que atuam na rede pública de

ensino, uma vez que parte do reconhecimento, adoção e readaptação de novas ações:

O Programa apresenta os seguintes objetivos:

Estabelecer políticas públicas de Educação Integral e de Educação em Tempo

Integral, ampliando, desta forma, a jornada escolar;

Desenvolver e ampliar as referências que o estudante tem em relação aos princípios

éticos, morais e sociais presentes na sociedade;

6

Garantir ao educando seu pleno desenvolvimento e domínio dos conhecimentos

e aprendizagens desenvolvidos durante a Educação Básica;

Criar e adotar uma nova concepção de escola, baseada em métodos inovadores

de organização curricular e metodológica;

Contribuir para a diminuição dos índices de abandono e repetência dos

estudantes do ensino médio da rede pública estadual de Sergipe;

Desta forma, o Programa Escola Educa Mais visa traçar novos caminhos para a

melhoria do ensino médio da rede pública estadual, proporcionando medidas

incentivadoras que auxiliarão para a minimização dos índices educacionais insatisfatórios

dos últimos anos

1. INTRODUÇÃO

O termo Educação em Tempo Integral ou Escola de Tempo Integral diz respeito

àquelas escolas e Secretarias de Educação que ampliaram a jornada escolar de seus estudantes,

trazendo ou não novas disciplinas para o currículo escolar. A maioria das unidades de ensino

que adotam esse modelo geralmente implementam a extensão do tempo em turno e contra turno

escolar – durante metade de um dia letivo, os estudantes estudam as disciplinas do currículo

básico, como português e matemática, e o outro período é utilizado para aulas ligadas às artes

ou esporte.

O artigo 36 do parecer número 7 da Resolução do Conselho Nacional de Educação

(2010) aponta que é considerado período integral toda jornada escolar organizada em sete horas

diárias, resultando em carga horária anual de 1.400 horas.

O artigo 37, aponta que além da ampliação do tempo, o alargamento de horas nesses

sistemas de ensino tem como objetivo criar novos espaços e oportunidades, fomentando maior

envolvimento de outros profissionais da escola, dos familiares e demais setores sociais.

Na Resolução, é previsto um currículo integrado para a escola em tempo integral, no

qual o estudante tenha acesso à experimentação científica, cultura, artes, esporte, lazer,

tecnologias de comunicação, direitos humanos, preservação do meio ambiente, saúde, entre

outros componentes, que devem estar articulados às mais diversas áreas do conhecimento,

vivências e práticas socioculturais.

Na perspectiva da Educação Integral, o conceito de tempo integral suscita várias

discussões, uma vez que há algumas correntes dos movimentos sociais ligados à educação que

defendem que apenas a ampliação do tempo de estudo não garante o resultado ambicionado

7

pela Educação Integral no ensino e aprendizagem dos estudantes – resultado este que deseja

garantir o pleno desenvolvimento das crianças e adolescentes.

Em Sergipe, essa modalidade de Ensino Integral é denominada de Centros

Experimentais de Ensino Médio, e se constitui em um diferencial na rede pública de ensino.

Esse modelo de Ensino Integral vem crescendo bastante no Brasil e segue uma tendência

mundial.

Com a necessidade de uma qualificação mais ampla dos jovens, o aumento na carga

horária de trabalho dos pais e a inserção cada vez maior da mulher no mercado de trabalho,

ampliam-se as responsabilidades das instituições de ensino e do Estado na formação dos

alunos.

Hoje, a escola tem assumido uma responsabilidade para a qual parece não estar

preparada, e o professor precisa incluir em seu currículo temas ligados à saúde, à ética e à

cultura, que exigem uma qualificação profissional adequada e diversificada. Por outro lado, a

desvalorização do professor, aliada à degradação das escolas por falta de recursos e políticas

educacionais adequadas, parecem seguir na contramão das novas necessidades sócias-

integradoras que assumem cada vez mais uma posição primordial no quotidiano escolar.

Ana Maria Villela Cavaliere, destaca que as iniciativas que buscam garantir a

permanência das crianças nas escolas, na verdade: “[...] revelam a percepção, por parte da

sociedade, de que existe a necessidade de construção de uma nova identidade para a escola”

(Cavaliere, 2002, p. 250). Essa necessidade de pensar uma nova escola está associada à

demanda cada vez maior da sociedade por um sistema integral de Ensino, que atenda às

necessidades de maior permanência do aluno no regime escolar.

Almeja-se um sistema para além do pioneiro projeto do pedagogo Anísio Teixeira,

concebido para as primeiras escolas em tempo integral no Brasil, na década de 50. O Educador

Anísio Teixeira pôs em prática [...] escolas em que a semente da Educação Integral se fazia presente

através de uma nova organização do currículo, com o aumento das disciplinas e com a incorporação de novos espaços como: jardins e parques recreativos, salas especiais para o ensino de desenho e música, laboratórios, auditórios e a preocupação com a formação para o trabalho, com a incorporação de oficinas de carpintaria e mecânica (Branco, 2012, p. 15)

Essa tentativa de desformalizar parcialmente a educação escolar, vinha carregada do

movimento escolanovista que pretendia que a escola interviesse de maneira ao mesmo tempo

mais profunda e mais abrangente na educação dos indivíduos.

Aníso Texeira, já questionava naquele tempo sobre se a escola estava preparada ou

não para o futuro:

8

[...] devemos, antes do mais, voltar os olhos ao derredor de nós e inquirir: que há de novo no mundo? Vivemos nós hoje como viviam os nossos antepassados?

[...] O homem, assim como está reconstruindo o ambiente material em que vive, quer também reconstruir o ambiente social e moral, à luz dos mesmos processos de julgamento e de experiência: o seu benefício na terra onde vive.

Nessa nova ordem de mudança constante e de permanente revisão, duas cousas ressaltam que alteram profundamente o conceito da velha escola tradicional:

A. Precisamos preparar o homem para indagar e resolver por si os seus problemas;

B. Temos que construir a nossa escola, não como preparação para um futuro conhecido, mas para um futuro rigorosamente imprevisível. (Teixera, 1930)

É possível perceber na citação de Teixeira, que ainda nos dias de hoje essa

preocupação permanece e que a escola continua a reproduzir os mesmos procedimentos do

passado.

É preciso um ensino que estimule a formulação de pergunta “relevante, apropriada e

substantiva”, capaz de estimular o uso de um conhecimento prévio na construção de uma

questão considerada relevante, potencializando a sua capacidade de realizar conexões e

evidenciando a aprendizagem significativa. “[...] é importante destacar que não se trata apenas

de estimular o aluno a perguntar, mas que ele seja capaz de formular uma pergunta

contextualizada, relevante, apropriada e substantiva. ” (Proença, 2016, p. 19)

É imprescindível ouvir o aluno e saber para quem se fala e quais as trocas possíveis

na relação de aprendizagem mútua, na qual ambos - professor e aluno - são aprendizes, como

destaca Heidegger: “Aprender é mais difícil do que ensinar; assim, somente quem pode

aprender verdadeiramente - e somente na medida em que tal consegue – pode verdadeiramente

ensinar”. (Heidegger, 2002, p. 79)

É preciso uma consciência mais alargada por parte dos pensadores e executores da

educação, dos alunos e de toda a comunidade escolar, sobre a importância do questionamento

como chave para o conhecimento. No ambiente de discussão acadêmica sobre educação, tal

premissa já se tornou um clichê. Entretanto, na sala de aula ela ainda é incipiente e por vezes

desprezada.

É preciso, com urgência, pensar em projeto mais abrangente que responda os desafios

educacionais da atual complexidade da vida urbana e das novas demandas sociais.

No ano de 2009 foi implantado na Rede Pública Estadual de Ensino, por meio da Lei

Complementar Nº 179, de 21 de dezembro de 2009, os Centros Experimentais de Ensino Médio

(CEEM), em 03 colégios localizados na cidade de Aracaju/SE, a saber: Colégio Estadual

9

Atheneu Sergipense -C.E.A.S./DEA/SEED, Colégio Estadual Ministro Marco Maciel

C.E.M.M.M./DEA/SEED e Colégio Estadual Vitória de Santa Maria C.E.V.S.M./DEA/SEED.

Posteriormente, o Decreto Nº 29.157, de 25 de março de 2013, regulamentou-se a

organização e seu funcionamento, estabelecendo um modelo de gestão, com gratificações e

com carga horária de trabalho diferenciados em relação às demais Unidades de Ensino da Rede

Pública Estadual.

Diante deste cenário, o Programa Escola Educa Mais caracteriza-se como mais uma

proposta de política pública de Educação Integral, que busca apresentar um novo paradigma

para as escolas da rede pública estadual, por meio de reformulações associadas ao currículo,

tempo e espaços escolares, almejando assim, a valorização da atividade educativa. Desta forma,

o Programa garante a oferta de diversas práticas escolares articuladas a um novo desenho de

escola e na execução do projeto de vida dos educandos.

2. JUSTIFICATIVA As formas como as políticas e os projetos socioeducativos veem e tratam

as questões sociais, os educandos, e até os educadores, em pouco têm ajudado, e, muitas vezes, até têm empobrecido tais políticas e projetos e suas possibilidades de intervenção. Diante do agravamento das condições sociais de vida dos professores e dos educandos, torna-se nuclear aos currículos de formação dedicar tempo e análises aprofundadas sobre as questões sociais, econômicas, políticas e culturais que tanto afetam seu fazer profissional. (Arroyo, 2012, p. 13)

A implantação do ensino Integral no modelo da Escola Educa Mais, se justifica na

medida em que atende os compromissos assumidos no Plano de Metas Compromisso Todos

pela Educação, por meio do Decreto Nº 6.094, de 24 de abril de 2007, do Plano de

Desenvolvimento da Educação (PDE) bem como a atual portaria Nº 1.145, de 19 de outubro

de 2016, que institui o Programa de Fomento a Implantação de Escolas em Tempo Integral,

criada pela Medida Provisória Nº 746, 22 de setembro de 2016, o Governo de Sergipe, por

meio da Secretaria de Estado da Educação mantém o compromisso de ofertar uma educação

baseada na melhoria e na qualidade do ensino médio, nas Unidades de Ensino da Rede Pública

Estadual, seguindo as tendências e orientações abalizadas pelo Ministério da Educação e

Cultura/MEC, bem como, pelos organismos internacionais que propõem um ensino médio

diversificado, centrado na iniciação científica e na preparação para o trabalho.

Nesse contexto, o artigo 12 da Resolução CEB1/CNE2 Nº 417, de 13 de julho de 2010, preconiza que:

1 CEB – Câmara de Educação Básica. 2 17 CNE – Conselho Nacional de Educação.

10

Cabe aos sistemas educacionais, em geral, definir o programa de escolas de tempo parcial diurno (matutino ou vespertino), tempo parcial noturno, e tempo integral (turno e contra-turno ou turno único com jornada escolar de 7 horas, no mínimo, durante todo período letivo), tendo em vista a amplitude do papel socioeducativo atribuído ao conjunto orgânico da Educação Básica, o que requer outra organização e gestão do trabalho pedagógico. ”§1º Deve-se ampliar a jornada escolar, em único ou diferentes espaços educativos, nos quais a permanência do estudante vincula-se tanto à quantidade e qualidade do tempo diário de escolarização quanto à diversidade de atividades de aprendizagem. §2º A jornada em tempo integral com qualidade implica a necessidade da incorporação efetiva e orgânica, no currículo, de atividades e estudos pedagogicamente planejados e acompanhados.

Sendo assim, o Governo de Sergipe mantém sua missão em ofertar uma educação de

qualidade baseada na equidade e no compromisso social, especialmente um Ensino Médio com

currículo diversificado, centrado na formação em iniciação científica e na preparação para o

trabalho, ampliando o tempo de permanência na escola e espaços educacionais e culturais.

O cenário do Ensino Médio em Sergipe alerta para a necessidade de intervenções que

venham sanar problemas que tem se agravado com o passar dos anos. E o Programa Escola

Educa Mais vem com o propósito de efetivar novas práticas em âmbito educacional que visam

contribuir para a minimização destes problemas. Dentre os mais urgentes, destacamos:

Altos índices de evasão;

Baixa aprovação, e em consequência, alto índice de repetência;

Alto risco de vulnerabilidade social;

Limitadas concepções sobre moral e cultura;

Baixo interesse com relação ao futuro;

Instabilidade familiar.

O panorama do Ensino Médio no Brasil e em Sergipe é preocupante, as avaliações

externas contestam isto. Os altos índices de abandono e repetência são alarmantes, razões que

merecem destaque e urgência de reformulações e implementações de políticas públicas, sendo

o Programa Escola Educa Mais um exemplo de iniciativa efetiva.

Conforme dados do Inep/MEC, no ano de 2013, dos 75 municípios sergipanos, 35

apresentaram taxa de aprovação inferior a 72,9%. Tais índices de reprovação e abandono estão

ligados diretamente à distorção idade-série, portanto, precisamos de possibilidades que

garantam a permanência e a oferta de uma educação de qualidade, visando a melhoria dos

nossos atuais indicadores.

Ainda com base nos dados de 2013 fornecidos pelo Inep/MEC, 29,7% dos alunos da

rede pública sergipana ficaram estacionados no Ensino Médio, portanto, uma das principais

razões da evasão. Esta taxa de retenção dos alunos no Ensino Médio pode ser considerada como

11

um reflexo do pouco aprendizado adquirido no Ensino Fundamental, implicando assim, no

abandono e repetência nos anos/séries subsequentes.

Portanto, as nossas justificativas estão pautadas na emergência de diminuição dessas

taxas, sendo necessário maior efetividade pedagógica e um repensar da estrutura curricular e

metodológica, por meio da ampliação da jornada escolar de forma integral.

3. MARCOS LEGAIS.

3.1. Constituição Federal (1988): • Art. 205: Educação como direito, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu

preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho;

• Art. 3º: Concepção de ser humano e sociedade;

• Inciso VII do Art. 206; Inciso II Art. 208: Núcleo animador de um movimento de expansão qualitativa;

3.2. Lei de Diretrizes e Bases da Educacional Nacional nº 9.394/96: • Caput do Art. 1º: Formação de jovens autônomos, solidários e competentes;

• Art. 1º, § 2º: A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do trabalho e à prática

social;

• Art. 2º: Concepção de ser humano e de sociedade;

• Inciso III do Art. 3º; Art. 15, Inciso I; Art. 61: Fonte de inovação pedagógica em

conteúdo, método e gestão, produção de material didático, tecnologia e

aperfeiçoamento docente;

• Inciso IX do Art. 3º: Núcleo animador de um movimento de expansão qualitativa;

• Parágrafo Único do Art. 25: Regime de tempo integral para educadores e estudantes;

• Art.35 e seus incisos que estabelece o Ensino Médio como etapa final da educação

básica e suas finalidades:

I. A consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino

fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos;

II. A preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar

aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições

de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;

III. O aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética

e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico;

12

IV. A compreensão dos fundamentos científicos tecnológicos dos processos produtivos,

relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina.

3.3. Resolução nº 2/CNE de 30 de janeiro de 201: Que define Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio.

3.4. Lei Complementar nº 179, de 21 de dezembro de 2009: Que dispõe sobre a implantação, organização e o funcionamento do Programa de Educação em Tempo Integral nas Unidades de Ensino Médio da Rede Pública Estadual.

3.5. Portaria nº 1.145, 10 de outubro de 2016: Que dispõe sobre o Programa de Fomento à Implementação de Escolas de Tempo Integral.

3.6. Educação inclusiva como direito de todos os alunos: (Constituição Federal, ênfase nos artigos: 205, 208, 213; LDB 9394/96- Ênfase no capítulo V; Estatuto da Criança e do Adolescente).

3.7. Oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% das escolas públicas: De forma a atender, pelo menos, 25% dos alunos da educação básica (PNE 2014, Meta 6).

4. META Em conformidade com a META 06 do Plano Estadual de Educação de 2015, que prevê

a oferta gradual de educação em tempo integral, para no mínimo, 50% das escolas públicas, de

forma a atender, pelo menos, 25% dos (as) alunos (as) da Educação Básica, o Governo do

Estado Sergipe por meio da Secretaria de Estado da Educação, elabora o programa Escola

Educa Mais, com o objetivo de implementar o Ensino Médio em Tempo Integral em 38 escolas

da rede pública estadual do Estado de Sergipe, até o ano de 2018.

5. MODELO PEDAGÓGICO. A Escola Educa Mais, tem como foco a formação integral do educando para

construção do seu Projeto de Vida.

O Modelo Pedagógico com base em três eixos: Formação acadêmica de excelência,

Formação para vida e Formação para o desenvolvimento das competências do século XXI.

Sem predominância de uma sobre a outra, juntas elas devem prover as condições necessárias

para que o educando possa se posicionar de forma autônoma, solidária e competente.

13

O Modelo Pedagógico é o sistema que opera um currículo integrado entre as

diretrizes e os parâmetros nacionais e/ou locais e as inovações concebidas fundamentadas na

diversificação e no enriquecimento necessários para apoiar o estudante na elaboração do seu

Projeto de Vida, essência da Escola Educa Mais e no qual reside toda a centralidade do

currículo desenvolvido.

O sistema é fundamentado em quatro Princípios Educativos: o Protagonismo, os

Quatro Pilares da Educação, a Pedagogia da Presença e a Educação Interdimensional.

O Programa Escola Educa Mais opera por meio de uma estratégia fundamental que

se caracteriza pela ampliação do tempo de permanência de toda a comunidade escolar, equipes

de gestão, professores, corpo técnico-administrativo e os estudantes. Mesmo sendo uma

estratégia essencial, a modificação do tempo de permanência de todos na escola é um

mecanismo para viabilizar o programa, entretanto sabe-se que não basta a ampliação do tempo

de permanência, como afirma a Meta 6 do Plano estadual de educação-PEE.

Educação em Tempo Integral vai além da ampliação do tempo de

permanência na escola. O currículo e o Projeto Político Pedagógico precisam ser (re) construídos coletivamente, observando-se a dualidade tempo–espaços, respeitando os limites, possibilidades e os sujeitos desses espaços; a prática educativa precisa ser repensada e cabe aos sistemas educacionais garantirem a infraestrutura adequada para o funcionamento do tempo integral. (PEE/SE-Forum Estadual de Educação de Sergipe , 2015, p. 61)

Pensar a educação integral está muito além da ampliação do tempo de permanência,

se trata de uma grande mudança de paradigma. Esse é um aspecto importante em que é preciso

compreender que o ponto de partida dessa nova escola é a concepção dos princípios e premissas

do programa que se materializam na prática pedagógica por meio de um currículo e estratégias

diferenciadas que foram definidas para operacionalização do tempo integral.

14

OS TRÊS EIXOS FORMATIVOS DO ESTUDANTE

Fonte: Instituto de Corresponsabilidade pela Educação, 2016

5.1. Princípios Educativos do Modelo Pedagógico. Como ilustra a figura abaixo, o sistema que caracteriza o Modelo Pedagógico está

fundamentado em quatro princípios educativos:

15

Esses princípios servem para o alinhamento conceitual dos referenciais filosóficos às

perspectivas de formação do jovem idealizado ao final da Educação Básica: autônomo,

solidário e competente, capaz de desenvolver uma visão do seu próprio futuro e transformá-lo

em realidade para responder aos contextos e desafios, limites e possibilidades trazidos pelo

novo século e atuar sobre eles.

5.1.1. Protagonismo Os conceitos de Protagonismo referem-se à formação de um sujeito ativo, capaz de

tomar decisões e fazer escolhas embasadas no conhecimento, na reflexão, na consideração de

si próprio e do coletivo. Essa formação depende de uma ação pedagógica constante, que

permita ao educando o desenvolvimento de habilidades e competências que vão muito além da

memorização ou do treinamento de respostas corretas.

Na perspectiva do Protagonismo, tratar o jovem como solução do problema significa

extrapolar os modelos então adotados e considerar uma concepção mais ampla do ser humano

que abrange o próprio desenvolvimento do seu potencial. Ser protagonista é ser capaz de se

colocar como sujeito construtor do seu Projeto de Vida e de se ver como elemento que contribui

para a solução dos desafios individuais e coletivos.

5.1.2. Os Quatro Pilares da Educação No início da década de 1990, a Comissão Internacional sobre a Educação para o

Século XXI da UNESCO criou uma agenda de debates relacionando educação e sociedade que

tinha em vista concepções e práticas pedagógicas frente ao nascimento do novo século, e que

prenunciava a intensificação da oferta e meios para circulação de conhecimentos,

armazenamento de informações e comunicação.

O relatório da Comissão, intitulado Educação: Um tesouro a descobrir, de 1996,

trouxe com força a reflexão e a discussão em torno da busca contínua “de concepções e práticas

educacionais que revelem a todos o valor do aprendizado ao longo da vida e possibilitem a

emergência de todos os talentos, individuais e coletivos”.

Para responder à visão e ao desafio do relatório, a comissão propõe que a educação

deve se organizar em torno de quatro pilares do conhecimento. Nenhum pilar se sobrepõe a

outro e deve ser objeto de igual atenção por parte do processo estruturado de educação. Só

assim ela será uma experiência a ser concretizada ao longo da vida, em todas as suas dimensões,

tanto no plano pessoal como no social.

16

6. OS QUATRO PILARES DA EDUCAÇÃO

Fonte: Instituto de Corresponsabilidade pela Educação, 2016

Aprender A Ser - É dispor de um conjunto de competências pessoais que possibilitem

ao indivíduo relacionar-se melhor consigo mesmo enquanto condição para relacionar-se

com os outros e com as suas circunstâncias naturais, sociais, econômicas, políticas e

culturais, bem como para relacionar-se com a dimensão transcendental – de natureza

religiosa ou não – que alimenta de sentido e significado a sua existência

Aprender A Fazer - O fazer deixou de ser puramente instrumental. Nesse sentido,

valoriza-se a competência pessoal que torna o indivíduo apto a enfrentar novas situações e

não apenas a restrita qualificação profissional. Ou seja, qualidades humanas que se

manifestam nas relações interpessoais e que são mantidas no trabalho passam a ser mais

apreciadas.

Aprender A Conviver - Desenvolver a compreensão e aceitação progressiva de si próprio

e do outro e a percepção da interdependência entre os seres humanos no sentido do

convívio, do trato, da realização de projetos comuns e da preparação para aprender a gerir

conflitos no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da convivência

pacífica é a aprendizagem de que trata este pilar.

Aprender A Conhecer - Esta aprendizagem vai além do domínio do conhecimento, ou seja,

não se limita à aquisição de um acervo de saberes propriamente ditos. Ela se estende ao

domínio da própria forma como se adquire o conhecimento e das diversas maneiras de cada

um lidar com ele, por meio do acesso ou da sua produção. Para Jacques Delors (1998, p. 92)

“aprender a conhecer supõe, antes de tudo, aprender a aprender, exercitando a atenção, a

memória e o pensamento.

17

6.1. A Pedagogia da Presença Esse princípio está presente nas ações de toda a equipe escolar por meio de atitudes

participativas e afirmativas, ultrapassando as fronteiras da sala de aula e materializa-se se por

meio do estabelecimento de vínculos, como: consideração, afeto, respeito e reciprocidade entre

os estudantes e os educadores.

A essência da Pedagogia da Presença é a reciprocidade. O objetivo central é a

mudança da forma de o educando se relacionar consigo mesmo e com os outros, no processo

de Aprender a Ser, Aprender a Conviver, Aprender a Conhecer e Aprender a Fazer, conforme

vimos nos Quatro Pilares da Educação.

O educador incorpora atitudes básicas que lhe permitem exercer uma influência

construtiva, criativa e solidária na vida do educando. Este, por influência dessa relação com o

educador, amplia e desenvolve autoconhecimento, autoestima, autoconceito e autoconfiança,

o que possibilita o aprimoramento de competências para relações interpessoais e exercício de

cidadania, elementos fundamentais para sua formação e construção do seu Projeto de Vida.

Na prática, a presença pedagógica se traduz em compartilhamento de tempo,

experiências e exemplos. No ato de educar, educando e educador se tornam visíveis,

perceptíveis, e se fazem presentes em seu meio, em seu tempo e em suas histórias, enquanto

indivíduos e enquanto membros de suas gerações.

6.1.2. A Educação Interdimensional

A perspectiva apontada pela UNESCO, em seu Relatório sobre a Educação para o

Século XXI destaca a necessidade de conceber e tratar a educação na sua dimensão mais ampla: “[...] a educação deve contribuir para o desenvolvimento total da pessoa –

espírito, corpo, inteligência, sensibilidade, sentido estético, responsabilidade pessoal e espiritualidade.

Todo ser humano deve ser preparado, em especial pela educação que recebe na juventude, para elaborar pensamentos autônomos e críticos, bem como para formular seus próprios juízos de valor, de modo que possa decidir, por si mesmo, como agir nas diferentes circunstâncias da vida”. (UNESCO, 1990)

Nessa perspectiva, é necessário pensar numa educação que transcenda o domínio da

racionalidade (logos) e incorpore os domínios da emoção (pathos), da corporeidade (eros) e da

espiritualidade (mytho).

18

7. A CONCEPÇÃO DO CURRÍCULO

A noção de currículo pode ser pensada e tratada na dimensão das redes coletivas de

fazeres e saberes dos sujeitos que praticam o cotidiano. O currículo se faz pelo conhecimento

e, inseparadamente, está envolvido naquilo que somos, naquilo que nos tornamos: nos nossos

processos identitários, na nossa subjetividade. Ou seja, o currículo é também uma questão de

identidade. (Ferraço, 2005)

O currículo funciona como um elo entre a teoria educacional e a prática pedagógica.

Estabelece a relação entre as competências de aprendizagem e as competências de ensino com

a finalidade de integrar indivíduo e sociedade. Nessa perspectiva, extrapola o espaço da sala

de aula e até mesmo da escola em busca de ambientes educacionais flexíveis, que contribuam

com o processo de ensinar e de aprender de todos os educandos e que dessa maneira realize a

missão projetada no Plano de Ação da escola.

O currículo deve partir da seleção de quais aspectos do crescimento pessoal do

educando a educação escolar tratará de promover. Deve prever como organizar e ordenar

temporalmente as intenções educativas, a fim de estabelecer boas sequências de aprendizagem.

Como componente central e vital do Projeto Pedagógico, o currículo, é a ferramenta

para o desenho das práticas educacionais no âmbito da escola. Estando a política curricular

orientada para a realização do direito de aprender e desenvolver-se, o currículo de cada

escola deverá expressar a articulação de todos os elementos que o constitui, de forma a

garantir que os direitos expressos no conjunto dos instrumentos legais e normativos possam

traduzir-se em práticas educativas.

A construção do Projeto de Vida, para a qual confluem todas as ações do Modelo,

requer que os conteúdos trabalhados sejam significativos, não só do ponto de vista do sujeito

que aprende, mas, especialmente, do ponto de vista das expectativas e das necessidades da

sociedade.

Os conteúdos das disciplinas não podem ser considerados unicamente como meios de

se atingir as intenções educativas. As intenções são alcançadas quando objetivos gerais e

conteúdos formam um conjunto, no qual as relações estabelecidas são de interdependência

entre os dois aspectos.

Dessa forma, conteúdos conceituais são selecionados e aprendidos para que se

construa a competência acadêmica, necessária a qualquer atuação consciente, seja no âmbito

pessoal, no social ou no profissional. O conhecimento permite a ampliação das possibilidades

de análise das situações e, consequentemente, das possibilidades de escolha.

19

Cabe destacar que a trajetória educacional dos estudantes a ser projetada no currículo

deverá ter como perspectiva a construção de conhecimentos e a apropriação de saberes, por

meio de experiências que dialogam, de um lado, com os conhecimentos escolares e, de outro,

com as vivências dos estudantes para que eles possam apropriar-se dos significados e

ressignificar suas atitudes.

A existência de Disciplinas Eletivas e das Práticas e Vivências em Protagonismo no

currículo permite ao aluno observar suas preferências e tendências, experimentá-las e

descobrir-se, em um processo, em médio prazo, que solidifica sua capacidade de escolha. A

criança e o jovem são pessoas em pleno desenvolvimento, cuja curiosidade necessita conhecer

e experimentar para compreender o mundo em que estão inseridos. A possibilidade de vivenciar

escolhas, concluir se foram adequadas ou não, favorece o processo de autorregulação e o do

Aprender a Aprender.

Essa é a dimensão na qual o currículo na Escola Educa Mais deverá atuar. Para tanto,

ele deve ser:

Contemporâneo, suficientemente amplo e flexível;

Sequencialmente estruturado, organizado e equilibrado;

Integrador das experiências, oportunidades e atividades de forma contínua,

consistente e coerente para permitir ao educando persegui-las continuamente

por meio de uma dinâmica processual e estrategicamente organizada;

Organizado em torno de um eixo cujos conhecimentos, valores, atitudes e

habilidades façam sentido na formação de um adolescente/jovem autônomo,

solidário e competente;

Formulado de maneira que pressuponha e requeira a participação ativa dos

educandos em diversas etapas do seu desenvolvimento promovendo ações de

autêntico Protagonismo.

Uma referência epistemológica que leva a uma abordagem e a uma investigação

de problemas que vão além dos recortes disciplinares e que ajudam a

compreender o mundo na sua complexidade;

Uma matriz a partir da qual o professor atuará não apenas transmitindo

conhecimentos, informações, dados e ideias aos educandos, mas estará

comprometido em provocar neles a capacidade de pensamento reflexivo,

investigativo, curioso, em que o desejo de aprender se revele uma constante para

educadores e educandos.

20

No Programa Escola Educa Mais, a materialização do currículo se dá por meio de

procedimentos teórico-metodológicos que favorecem a vivência de atividades dinâmicas,

contextualizadas e significativas nos diversos campos das ciências, das artes, das linguagens e

da cultura corporal e, exercendo o papel de agente articulador entre o mundo acadêmico, as

práticas sociais e a realização dos Projetos de Vida dos estudantes.

De acordo com as Diretrizes Curriculares do Ensino Médio (DCNEM), a organização

curricular do ensino médio contempla uma Base Nacional Comum composta pelas quatro

áreas do conhecimento:

I - Linguagens;

II - Matemática;

III - Ciências da Natureza;

IV - Ciências Humanas.

O currículo, também, consta com uma parte diversificada que deve estar articulada

como um todo integrado, de modo a garantir a aprendizagem e o desenvolvimento dos

estudantes, a partir dos conhecimentos, saberes, experiências, vivências e atitudes, necessários

para a formação integral, nos diversos contextos em que se inserem as escolas brasileiras (Art.

7º, DCNEM).

De acordo com a legislação nacional e específica, e também pela sua abrangência,

uma ou mais áreas de conhecimentos deverão abordar temas, tais como: o estudo da História e

Cultura Afro-Brasileira e Indígena; Educação Alimentar e Nutricional; Educação Ambiental;

Educação para o Trânsito; Educação em Direitos Humanos, entre outros (Art. 9º e 10º,

DCNEM). Contudo, a critério dos sistemas de ensino e das unidades escolares, outros

componentes curriculares podem ser incluídos em seus projetos político-pedagógicos, podendo

ser tratados como disciplina ou outro formato, de forma integrada.

O currículo, em qualquer de suas modalidades, deve garantir ações que promovam a

Educação Tecnológica Básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes,

considerando o processo histórico de transformação da sociedade e da cultura, e a aplicação da

Língua Portuguesa como instrumento de comunicação, de acesso ao conhecimento e de

exercício da cidadania, visto que, uma das metas do ensino médio é contribuir para a formação

humana integral dos estudantes.

21

Os estabelecimentos de ensino em seu projeto político pedagógico não podem deixar

de ter presente, na seleção dos conhecimentos, metodologias e formas de avaliação, os

seguintes pressupostos educacionais e pedagógicos:

I - as dimensões do trabalho, da ciência, da tecnologia e da cultura como eixo

integrador entre os conhecimentos de distintas naturezas, contextualizando-os

em sua dimensão histórica e em relação ao contexto social contemporâneo;

II - O trabalho como princípio educativo, para a compreensão do processo

histórico de produção científica e tecnológica, desenvolvida e apropriada

socialmente para a transformação das condições naturais da vida e a ampliação

das capacidades, das potencialidades e dos sentidos humanos;

III - A pesquisa como princípio pedagógico, possibilitando que o estudante possa

ser protagonista na investigação e na busca de respostas em um processo

autônomo de (re) construção de conhecimentos;

IV - Os direitos humanos como princípio norteador, desenvolvendo-se sua

educação de forma integrada, permeando todo o currículo, para promover o

respeito a esses direitos e à convivência humana;

V - A sustentabilidade socioambiental como meta universal, desenvolvida como

prática educativa integrada, contínua e permanente, e baseada na compreensão do

necessário equilíbrio e respeito nas relações do ser humano com seu ambiente

(BRASIL, 2012ª, Art.13, DCNEM, p. 04).

No modelo do Programa Escola Educa Mais estão presentes as inovações pedagógicas

(Parte Diversificada) que, integradas a Base Nacional Comum Curricular, favorecem o pleno

desenvolvimento do estudante. A composição da Parte Diversificada do currículo leva sempre

em consideração a identidade local apresentada em cada sistema educacional.

Logo, o que muda na organização curricular de uma escola em Tempo Integral é sua

possibilidade integradora de articulação entre conteúdos, metodologia e gestão, associados com

o trabalho, a cultura, a ciência e a tecnologia, tendo como eixo principal a construção de um

Projeto de Vida para os estudantes com o direito de desenvolverem suas potencialidades.

Na jornada escolar, o horário de funcionamento das unidades escolares de Educação

em Tempo Integral será de 7h30min às 17h. A proposta é de 45 aulas por semana distribuídas

em Base Nacional Comum, Parte Diversificada e Disciplinas Eletivas.

22

Compreenderá essa jornada estudantil os seguintes aspectos:

Acolhimento;

Nove (9) aulas diárias de 50 (cinquenta) minutos cada, organizadas,

preferencialmente, de forma geminada;

Intervalo de uma 1h20min para almoço;

Dois (2) intervalos de 20min cada para recreio.

7.1. Organização do currículo da Escola Educa Mais

O conjunto de inovações que compõe o modelo do programa são:

Acolhimento aos estudantes,

Acolhimento às equipes escolares e às famílias,

Avaliação Diagnóstica/Nivelamento,

Disciplinas eletivas,

Salas temáticas,

Ênfase nas práticas experimentais,

Tecnologia de gestão educacional,

Tutoria,

Aulas de projeto de vida,

Práticas e vivências em protagonismo,

Aulas de estudo orientado

Preparação pós médio.

23

ORGANIZAÇÃO DO CURRÍCULO

•Linguagens: Língua Portuguesa, Educação Física e Arte•Ciências da Natureza: Física, Química e Biologia•Ciências Humanas: História, Geografia, Filosofia eSociologia

•Matemática

Base Nacional Comum Curricular

•Disciplinas Eletivas•Prática Experimentais•Orientação de Estudo•Práticas e Vivências da Aprendizagem•Projeto de Vida•Preparação Pós Médio•Língua Estrangeira: Inglês•Língua Estrangeira: Espanhol

Parte Diversificada

•Acolhimento•Práticas e Vivências em Protagonismo•Clubes de Protagonismo•Tutoria

Componentes Integradores

24

QUADRO DA MATRIZ CURRICULAR DA ESCOLA EDUCA MAIS

MATRIZ CURRICULAR

BA

SE N

AC

ION

AL C

OM

UM

ÁREAS DE CONHECIMENTO

COMPONENTES CURRICULARES

CH

SEMANAL/ANOS

CH ANUAL/ANOS

CH ENSINO MÉDIO

1º 2º 3º 1º 2º 3º TOTAL

LINGUAGEM, CÓDIGOS E

SUAS TECNOLOGIAS

Língua Portuguesa

6 6 6 240 240 240 720

Língua Estrangeira: Inglês

2 2 2 80 80 80 240

Língua Estrangeira: Espanhol

1 1 1 40 40 40 120

Educação Física 2 2 2 80 80 80 240 Arte 1 1 1 40 40 40 120

MATEMÁTICA E SUAS

TECNOLOGIAS

Matemática 6 6 6 240 240 240 720

CIÊNCIAS DA NATUREZA E

SUAS TECNOLOGIAS

Física 3 3 3 120 120 120 360 Química 3 3 3 120 120 120 360 Biologia 3 3 3 120 120 120 360

CIÊNCIAS HUMANAS E

SUAS TECNOLOGIAS

História 2 2 2 80 80 80 240 Geografia 2 2 2 80 80 80 240

Sociologia 1 1 1 40 40 40 120 Filosofia 1 1 1 40 40 40 120

TOTAL DA BASE NACIONAL COMUM 33 33 33 1320 1320 1320 3960

PAR

TE F

LEXÍ

VEL

Disciplinas Eletivas

2 2 2 80 80 80 240

Práticas Experimentais

2 2 2 80 80 80 240

Orientação de Estudo

4 4 4 160 160 160 480

Práticas e Vivências da Aprendizagem

2 2 2 80 80 80 240

Projeto de Vida 2 2 0 80 80 0 160 Preparação Pós-Médio

0 0 2 0 0 80 80

TOTAL DA PARTE FLEXÍVEL 12 12 12 480 480 480 1440 TOTAL DE CARGA HORÁRIA 45 45 45 1800 1800 1800 5400

25

ORGANIZAÇÃO DO TEMPO ESCOLAR

Regime de Funcionamento Seriado/Semestral

Duração Ano Letivo Mínimo de 200 dias letivos

Duração do Tempo de Aula 50 minutos

Carga Horária dos Estudantes 45 aulas semanais

9 aulas diárias

Carga Horária dos Profissionais 40 horas semanais

As metodologias do modelo pedagógico são executadas, no currículo, por meio de

procedimentos teórico-metodológicos que favorecem a experimentação de atividades

dinâmicas, contextualizadas e significativas, nos diversos campos das ciências, das artes, das

linguagens e da cultura corporal.

7.2. Parte Diversificada do Currículo

7.2.1. Disciplinas Eletivas São disciplinas temáticas, oferecidas semestralmente e propostas pelos professores

e/ou pelos estudantes que objetivam diversificar, aprofundar e/ou enriquecer os conteúdos e

temas trabalhados nas disciplinas da Base Nacional Comum do currículo.

As Disciplinas Eletivas são escolhidas pelos estudantes, a partir do interesse

demonstrado na apresentação dos temas pelos professores. O diálogo que se pretende entre as

Eletivas e o Projeto de Vida está na possibilidade de enriquecimento e diversificação do

repertório de conhecimento e vivências. Essas disciplinas são executadas semanalmente, em

duas horas de aulas sequenciadas e são oferecidas a cada semestre a partir de uma lista de temas

propostos pelos professores e/ou pelos estudantes.

Através da sua oferta, objetiva-se que o estudante aprofunde conceitos ao longo do

Ensino Médio, diversifique e amplie o seu repertório de conhecimentos. Sempre numa

perspectiva ampla, considerando as diversas áreas da produção humana.

7.2.2. Práticas Experimentais

As práticas experimentais envolvem as áreas de conhecimento de Ciências da

Natureza e Matemática. São realizadas no laboratório durante duas aulas semanais em sistema

de rodízio entre as disciplinas de Química, Física, Biologia e Matemática. Elas oportunizam

para os estudantes a associação com as teorias aprendidas em sala de aula, a resolução de

26

situações-problema do cotidiano e a construção de conhecimentos e reflexão sobre diversos

aspectos e suas inter-relações.

7.2.3. Orientação de Estudo A Orientação de Estudo é uma metodologia que objetiva oferecer um tempo

qualificado destinado à realização de atividades pertinentes aos diversos estudos. Inicialmente

orientado por um professor, o estudante aprende métodos, técnicas e procedimentos para

organizar, planejar e executar os seus processos de estudo visando ao autodidatismo, à

autonomia, à capacidade de auto-organização e de responsabilidade pessoal.

A integração do estudo orientado surgiu da necessidade de ensinar os estudantes a

estudar por meio de técnicas de estudo e da importância de criar uma rotina na escola que

contribuísse para a melhoria da aprendizagem. Quando o educando estuda, está criando outras

oportunidades de aprender, desenvolvendo novas habilidades e praticando o exercício do

“aprender a aprender”, fundamental para o cultivo do desejo de continuar a aprender ao longo

da sua vida.

Por meio da Orientação de Estudo, incentiva-se também a cooperação, socialização e

solidariedade entre os estudantes. Como o ambiente de estudo, a sala de aula, é comum a todos,

isso possibilita a troca de conhecimento e experiências. Portanto, são desenvolvidas não apenas

competências cognitivas, mas também competências socioemocionais.

7.2.4. Práticas e Vivências da Aprendizagem Avaliação é um procedimento fundamental para acompanhar o desenvolvimento de

qualquer projeto. Para saber se as intenções educativas propostas na formulação do currículo

estão sendo atingidas é essencial que o próprio currículo contenha as formas de avaliar antes,

durante e após todo processo percorrido.

Numa perspectiva mais inclusiva, a avaliação ganha outra dimensão: torna-se

processual, contínua ao processo de ensino e de aprendizagem. A avaliação atua para manter o

educando em sua turma com respeito aos processos individuais de aprendizagem de cada um.

Há três modalidades de avaliação que respondem à necessidade de acompanhamento

do projeto pedagógico: inicial, formativa e somativa.

Avaliação inicial: Permite ao professor conhecer o que seus alunos já sabem com a

finalidade de planejamento das intervenções pedagógicas;

27

Avaliação formativa: Remete ao processo de aprendizagem e favorece as decisões

quanto à ajuda pedagógica necessária para que as expectativas de aprendizagem sejam

alcançadas;

Avaliação somativa: Verifica até que ponto as intenções educativas foram favorecidas

pelas intervenções e mede o grau de êxito ou de fracasso do processo educacional.

No sistema de avaliação adotado na Escola Educa Mais o estudante realizará a

verificação da aprendizagem semanalmente em sistema de rodízio de disciplinas. São duas

aulas semanais disponíveis para a verificação da aprendizagem em que cada aula é utilizada

por uma disciplina.

7.2.5. Projeto de Vida Uma educação alinhada com a contemporaneidade compreende que se educa para o

estudante se tornar aquilo que se é, ou seja, uma educação focada na potência de cada indivíduo,

que cuida autonomamente dos próprios atributos, observa a excelência de si e se autorrealiza

“no encontro entre “aquele que é” com “aquele que quer ser”.

O Projeto de Vida é uma das metodologias de êxito do programa oferecidas aos

estudantes no qual reside toda a centralidade do currículo desenvolvido e compõe sua parte

diversificada. Ele envolve uma reflexão cuidadosa de valores, de conhecimentos, de repertórios

culturais e morais que serão necessários para a tomada de decisões nas três dimensões da vida

humana (pessoal, social e produtiva) e, finalmente, do sentido da própria existência quando se

pensa na autorrealização.

Os conceitos de Projeto de Vida se referem à formação de um sujeito ativo, capaz de

tomar decisões e fazer escolhas embasadas no conhecimento, na reflexão, na consideração de

si próprio e do coletivo.

Tendo o jovem como foco do projeto escolar ao final da Educação Básica e a

construção do seu Projeto de Vida, a escola provê três eixos formativos essenciais e considera

o estudante e suas circunstâncias como sendo o alvo a partir do qual e para o qual o Projeto

Escolar se constrói e se estabelece sob a forma das relações, do currículo, das práticas

pedagógicas e da gestão.

Há a necessidade de se incentivar os estudantes e apoiá-los no processo de reflexão

sobre “quem ele sabe que é” e “quem ele gostaria de vir a ser” e ajudá-lo a planejar o caminho

que precisa construir e seguir, para realizar esse “encontro”. Dessa forma, ao final do ensino

médio, cada jovem deverá ter, minimamente, traçado aquilo que deseja construir nas dimensões

pessoal, social e produtiva da vida, ou seja, o projeto da sua vida.

28

As aulas de Projeto de Vida se estruturam a partir de três eixos essenciais:

1º ano: dedica-se ao eixo “O autoconhecimento, eu no mundo”, ao reconhecimento

da importância dos valores, à existência de competências fundamentais que se

relacionam e se integram.

2º ano: dedica-se ao eixo “O Futuro: os planos e as decisões”. Nessa etapa, os

jovens documentam suas reflexões e tomadas de decisões no Guia Prático para a

Elaboração do Projeto de vida.

3º ano: dedica-se ao Acompanhamento do seu Projeto de Vida. Os estudantes não

recebem aulas estruturadas, mas se dedicam inteiramente à vida escolar e ao

acompanhamento do seu Projeto de Vida, suas metas e objetivos estabelecidos no ano

anterior.

Fonte: Instituto de Corresponsabilidade pela Educação, 2016

29

Um projeto é a representação daquilo que é diante daquilo que potencialmente será. E

Projeto de Vida na Escola Educa Mais é uma espécie de “primeiro projeto para uma vida toda”.

É uma tarefa para a vida inteira, certamente a mais sofisticada e elaborada narrativa de si, que

se inicia nesta escola.

7.2.6. Preparação Pós – Médio Disciplina ofertada apenas no último ano de ensino médio. Tem o objetivo de

preparar os estudantes para a vivência após o ensino médio seja para o ingresso no ensino

superior ou no mercado de trabalho.

7.3. Componentes Integradores do Currículo

7.3.1. Acolhimento

É uma metodologia desenvolvida pelo programa que objetiva apresentar as bases do

projeto escolar para diferentes públicos: estudantes, equipe escolar, pais ou responsáveis e

comunidade escolar.

O Acolhimento é a estratégia por meio da qual são apresentadas aos novos estudantes

as bases do projeto escolar, para que eles percebam de que maneira essa estrutura se colocará

à disposição da construção do seu Projeto de Vida.

Para a escola, o Acolhimento tem grande importância, pois é por meio dele que toda

a equipe escolar tem contato com os primeiros registros dos sonhos dos estudantes,

apresentados ao final das atividades. É por meio da sistematização desses registros que a escola

traça as suas principais metas de trabalho para o ano letivo, fazendo com que o projeto escolar

esteja alinhado com os projetos de vida dos estudantes.

É esperado que as famílias se preocupem com o acolhimento a ser realizado nessa

nova fase escolar. É preciso que a equipe escolar se planeje para esse momento, para que todos,

família e estudantes, sintam-se acolhidos e compreendam a proposta do projeto escolar.

3.3.2. Práticas e Vivências em Protagonismo O Protagonismo foi evocado na concepção do Modelo Pedagógico pelo seu

alinhamento quanto à formação do jovem idealizado ao final da Educação Básica. Ele se

apresenta como princípio educativo, mas, também, é tratado como metodologia, que na escola

se materializa por meio de um conjunto de práticas e vivências.

30

Os educadores passam a chamar de Protagonismo os processos, movimentos e

dinamismos sociais e educativos, nos quais os adolescentes e jovens, apoiados ou não pelos

seus educadores, assumem o papel principal das ações que executam. Os adolescentes passam

a atuar como parte da solução e, não, do problema, no enfrentamento de situações reais, na

escola, na comunidade e na vida social mais ampla.

Na perspectiva do Protagonismo, tratar o jovem como solução do problema significa

extrapolar os modelos então adotados e considerar uma concepção mais ampla do ser humano

que abrange o próprio desenvolvimento do seu potencial.

O Protagonismo possibilita ao educando o exercício de práticas e vivências de

situações de aprendizagem por meio das quais exercitará as condições essenciais para o seu

desenvolvimento pessoal e social, que tem sua base na própria construção da identidade e no

desenvolvimento da autoestima – marcos fundamentais do Projeto de Vida.

Cabe à escola propiciar oportunidades e espaços para essas atitudes e criar condições

para os estudantes mobilizarem saberes para suas práticas. Com isso, os estudantes podem

extrair dessas práticas mais conhecimento e qualificar o meio social com suas contribuições

para o mundo, desenvolvendo atitudes que mobilizem saberes necessários à vida em sociedade,

a sua qualificação profissional futura e ao pleno desenvolvimento de suas potencialidades.

Nas ações de Protagonismo o estudante se mobiliza em torno de atividades que

extrapolam o âmbito dos seus interesses individuais e familiares, e podem ter como espaço a

escola, a vida comunitária (igrejas, clubes, associações, etc.), até mesmo a sociedade em

sentido mais amplo.

Na escola, as Práticas e Vivências podem se estruturar a partir de organizações como

os Clubes de Protagonismo, o Conselho de Líderes e o Grêmio Estudantil ou ainda por meio

de ações de mobilização de estudantes em torno de situações específicas do cotidiano escolar.

Dessa forma, práticas e vivências em protagonismo é um trabalho integrado de

educadores e estudantes, com o objetivo de gerar conhecimento articulado à mudança de

atitudes e a uma prática educativa transformadora.

7.3.3. Clubes de Protagonismo São clubes temáticos, criados e gerenciados pelos jovens. Um mesmo clube podem

reunir estudantes de séries diferentes. Os estudantes membros são quem definem os temas,

elaboram o plano de ação e elegem o presidente do clube.

Os estudantes atuam no cotidiano escolar e não escolar provocando novas questões,

situações de aprendizagem e desafios para a participação na resolução de problemas.

31

É um trabalho integrado de educadores e estudantes com o objetivo de gerar

conhecimento articulado às mudanças de atitudes e a uma prática educativa

transformadora.Tais práticas estimulam no jovem a capacidade de autogestão, cogestão e

heterogestão do seu potencial para a transformação das suas visões em realidade. Nessas ações,

os jovens estruturam uma equipe para atuar como organização de interesse comum.

7.3.4.Tutoria Tutoria é um método para realizar uma interação pedagógica em que o educador

(tutor) acompanha e se comunica com os estudantes de forma sistemática, planejando seu

desenvolvimento e avaliando a eficiência de suas orientações de modo a resolver problemas

que possam ocorrer durante o processo educativo.

Na Tutoria, o tutor é quem assume a sua condução como articulador do trabalho

pedagógico. O próprio estudante pode exercer uma função tutorial, com acompanhamento e

supervisão do professor. Nesse modelo pedagógico, a tutoria acadêmica, com características

de monitoria, é um exercício de protagonismo juvenil, no qual o estudante é parte da solução

do problema do seu colega, porque naquele momento domina um conhecimento que o outro

ainda não domina e se coloca à sua disposição para ajudá-lo.

Tutoria e Pedagogia da Presença são pares indissociáveis no Modelo Escola Educa

Mais.

8. MODELO DE GESTÃO

A Tecnologia de Gestão Educacional (TGE) pode ser definida como a arte de integrar

tecnologias específicas e educar pessoas. A adoção da TGE é movida pela determinação em

construir um novo paradigma para a gestão escolar, criando a condição para que o modelo de

gestão “sirva” ao modelo pedagógico, implicando em processos que levarão a escola a gerar os

resultados comprometidos com a sua visão.

32

No contexto do programa Escola Educa Mais, educar pessoas significa criar um

ambiente educacional no qual todos, gestores e educadores, sintam-se estimulados a aprender

e a pôr em prática seus conhecimentos a serviço do estudante e de seu Projeto de Vida. Aqui,

portanto, fala-se não apenas de cumprimento de preceitos legais, mas de envolvimento numa

perspectiva que eleva os profissionais da escola a uma condição de corresponsabilidade, não

apenas pelo projeto escolar, mas pela própria realização do Projeto de Vida dos estudantes, no

qual todos se reconhecem fundamentais para a sua constituição. Portanto, ao mesmo tempo em

que se reconhecem valorizados pela estrutura da sua tarefa educativa, sentem-se igualmente

comprometidos a realizá-la.

O Modelo Pedagógico e o Modelo de Gestão (TGE) são indissociáveis e constituem o

organismo que torna possível transformar a visão e a missão da escola em efetiva e cotidiana

ação.

A TGE é a base na qual o Modelo Pedagógico se alicerça para gerar o movimento e o

respectivo trabalho, que transformará o que ele traz enquanto “intenção”, efetiva e

concretamente, em “ação”. Constitui-se um instrumento versátil e eficaz, na medida em que

torna um ciclo de planejamento escolar um exercício contínuo, de “ação e concepção”

(teoria e prática). Instrumentos estratégicos e operacionais dão vida à TGE - os Planos e

Programas de Ação - e proporcionam a “matéria-prima” para a elaboração dos

relatórios de acompanhamento.

A missão primordial da escola é garantir uma aprendizagem de qualidade, por meio

da qual o estudante atribua sentido e significado ao conhecimento de modo que esta (a escola)

promova seu pleno desenvolvimento em todas as dimensões humanas (corpo, intelecto, espírito

e emoção).

Assegurar que a escola cumpra sua missão é a tarefa mais complexa da gestão escolar

porque o Gestor se encontra diante de uma enorme diversidade de participantes na vida escolar

e com os quais deve lidar: professores, coordenadores, estudantes, pais, comunidade, sindicato,

parceiros e os diversos setores da Secretaria de Educação. Portanto, há um enorme desafio

posto para o Gestor na otimização do tempo voltado aos processos administrativos e de gestão

de recursos. É essencial que o seu papel na escola esteja claro para toda a equipe escolar e para

a comunidade.

33

QUADRO DE PREMISSAS E RESULTADOS DA GESTÃO DAS ESCOLAS.

Fonte: Instituto de Corresponsabilidade pela Educação, 2015.

Para que o Gestor e sua equipe atuem de acordo com os princípios e conceitos do

programa Escola Educa Mais, é necessário refletir quanto às condições essenciais para um

funcionamento pleno e às atitudes que a equipe deve cultivar e praticar.

8.1. PRINCÍPIOS E CONCEITOS DA TGE

A TGE é a arte de integrar tecnologias específicas (diferentes saberes, às diversas

áreas do conhecimento) e de educar pessoas. É mais consciência do que um método de

gestão. Ela deve ser implantada na agenda dos estudantes para a elaboração dos seus Projetos

de Vida, assim como a escola deve fazer uso da TGE para elaborar seu Plano de Ação.

Estudantes, educadores e gestores se utilizam da mesma linguagem e dos mesmos instrumentos

para planejar, definir metas, gerenciar suas atividades e avaliar os seus resultados.

34

A TGE incorpora dois princípios essenciais para o pleno desenvolvimento do Modelo

de Gestão:

Fonte: Instituto de Corresponsabilidade pela Educação, 2016

8.1.1. Ciclo Virtuoso Evidencia as relações existentes entre gestão pública, escola/estudante, investidores sociais e

comunidade e como estas se retroalimentam via um sistema de comunicação pautado na confiança e

na parceria.

Fonte: Instituto de Corresponsabilidade pela Educação, 2016

35

Nesta perspectiva, gestão pública, comunidade, escola e investidores sociais atuam

principalmente em benefício da formação dos educandos, promovendo a manutenção e

perpetuidade de um sistema público de ensino de qualidade.

O Ciclo Virtuoso é produtor de riqueza material e moral. Com isso, espera-se que:

Os estudantes bem formados impactem positivamente a comunidade em que vivem,

nos espectros político, econômico, social e cultural;

Os investidores sociais (parceiros) interagem e percebam claramente, ao longo do

tempo, os benefícios socioeducacionais originados da replicabilidade do Modelo nas

demais escolas de uma rede pública de ensino;

A escola e a comunidade estabeleçam um processo progressivo de aproximação, tendo

no exercício de uma educação de qualidade, o elo entre pais e educandos;

A gestão pública maximize seus investimentos sociais, empregando de maneira eficaz,

eficiente e efetiva, os tributos angariados da sociedade.

8.1.2. Comunicação A maior parte das dificuldades e conflitos vivenciados na escola é motivada pela falta

de comunicação com uma intenção clara. O Gestor deve ter a comunicação como foco

de seu trabalho. Perdendo o foco, põe em risco a sinergia da equipe.

8.1.3. Educação pelo Trabalho

A educação pelo trabalho é um princípio educativo que exerce uma influência

construtiva e deliberada na formação e desenvolvimento das pessoas. Nela, a transmissão

de conhecimentos, valores, princípios, atitudes, competências e habilidades se dão em

tempo e condições reais, no dia a dia do exercício de suas atividades.

A TGE traz uma visão pedagógica na qual o processo educativo deve ocorrer para,

pelo e no trabalho. Na educação para o trabalho, o educando aprende para trabalhar; na

educação pelo trabalho, ele trabalha para aprender; e na educação no trabalho, ele se auto

educa. A Educação pelo Trabalho pode ser considerada a veia principal da TGE, para a

qual confluem as estratégias.

8.1.4. Descentralização

36

Descentralizar significa distribuir as responsabilidades e decisões de um trabalho

entre os protagonistas da ação (os seus autores). Paralelamente, os objetivos das ações

pactuadas devem estar claros para gestores, coordenadores pedagógicos, professores

e alunos. Com isso, criam-se condições favoráveis ao delineamento do processo de

delegação planejada. A descentralização se baseia na disciplina, respeito e

confiança.

Fonte: Instituto de Corresponsabilidade pela Educação, 2016.

8.1.5. Delegação Planejada

Significa praticar a liderança acreditando no potencial do outro, em sua

competência e vontade de se desenvolver, tendo em vista à delegação gradual de

responsabilidades com base na confiança e no alinhamento com as concepções filosóficas da

escola. O conceito de descentralização, conforme visto anteriormente, exige do gestor

autoconhecimento e envolvimento com os receptores da sua ação.

37

Complementarmente, a delegação planejada, gradualmente dirigida e exercitada, pode

propiciar aos educandos e à equipe escolar, a execução de tarefas com graus crescentes de

complexidade, pautadas nas capacidades e maturidades cognitiva e emocional de cada um.

8.1.6. Ciclo de melhoria contínua: O Ciclo PDCA (Plan, Do, Check, Act)

É um conceito e um instrumento destinado a apoiar o processo de melhoria contínua

que considera as fases: planejar (Plan), executar (Do), avaliar (Check) e ajustar (Act).

Constitui-se como uma ferramenta para acompanhamento e detecção dos ajustes necessários

ao final de uma aula, uma eletiva, um processo ou até mesmo de um período letivo.

Os resultados proporcionados pela utilização do Ciclo PDCA em uma organização

também contribuem para o desenvolvimento do pensamento crítico dos seus colaboradores. O

estímulo constante em planejar, executar, avaliar e ajustar pode desencadear, em cada pessoa,

uma melhor compreensão do(s) processo(s) de que participa, propiciando condições para o

surgimento de um ambiente criativo em toda a escola.

Destacamos, ainda, que o Ciclo PDCA pode ser aplicado tanto em processos

administrativos quanto pedagógicos. Não importa a área, o conceito da melhoria contínua pode

e deve permear toda a escola.

Fonte: Instituto de Corresponsabilidade pela Educação, 2016.

38

Planejar: estabelecer objetivos, estratégias e metas propostas. O planejamento

requer um diagnóstico da situação atual assim como a definição de indicadores para

avaliar resultados.

Executar: implantar o plano, executar o processo e coletar dados para

mapeamento e análise dos dados gerados. Identificar e desenvolver as

competências necessárias.

Avaliar: (medição e análise): estudar os resultados reais e comparar com as metas, no

intuito de se averiguar as diferenças. O foco deve ser no desvio da execução do plano,

na análise das diferenças para determinar as causas, checando a adequação e a

integridade das ações. Dados gráficos podem facilitar a visualização de eventuais

tendências. Com base nas informações analisadas, podemos passar à próxima fase.

Ajustar: (ações corretivas): determinar onde aplicar as mudanças que incluem a

melhoria do processo. Ao final de um período, geralmente anual, é imprescindível

proceder à correção do Plano de Ação da escola, ajustando estratégias, metas,

indicadores e outras variáveis, em função da vivência de cada um e dos resultados

alcançados. Após essa fase, recomeça-se um novo Ciclo PDCA.

A cultura da melhoria contínua pode contribuir, decisivamente, para o alcance de

patamares crescentes de eficiência escolar, pavimentando o caminho dos estudantes na

construção dos seus Projetos de Vida.

8.1.7. Operacionalização da TGE

39

Macroplanejamento e Instrumentos de Gestão/Sistematização dos instrumentos de gestão.

Fonte: Instituto de Corresponsabilidade pela Educação, 2016

Sistematização dos instrumentos de gestão-atitudes

40

8.1.8. Plano de Ação

É um instrumento estratégico da escola que norteia a equipe escolar na busca de

resultados comuns sob a liderança do Gestor. O Plano de Ação da escola é elaborado a

partir do Plano de Ação da Secretaria de Educação, que é o instrumento norteador para

toda a rede de escolas.

O Plano de Ação é a bússola que orienta o caminho da escola ao promover a redução

do hiato entre “ser” e o “dever ser”. Analogamente, trata-se da construção da situação futura,

partindo da situação presente e toda a equipe escolar, sem exceção, participa da elaboração do

Plano de Ação. Essa reunião de esforços desperta uma atitude de corresponsabilidade pelas

metas a serem traçadas e pactuadas.

ESTRUTURA DO PLANO DE AÇÃO

1 – Introdução e Diagnóstico 2 – Valores 3 – Visão 4 – Missão 5 – Premissas e Objetivos 6 – Prioridades 7 – Indicadores e Metas 8 – Estratégias 9 – Macroestrutura 10 – Papéis e Responsabilidades

41

42

Apresentamos a proposta político-pedagógica da escola, bem como o modelo de gestão

que irá ser adotado nas unidades escolares que forem implantadas e implementadas o

Programa Escola Educa Mais. Em relação à organização e funcionamento do programa, ou

seja, sua operacionalização, será construída com as escolas, o que chamamos de “Diretrizes

Operacionais”.

Posterior a essa apresentação conceitual do programa, refletimos sobre os desafios que

são colocados em termos de políticas públicas para a Educação Básica, em especial, de Ensino

Médio. Um desses desafios é de que o Brasil ainda não conseguiu universalizar o acesso a essa

etapa da educação.

Portanto, a implantação da Escola Educa Mais, que emerge de iniciativas de inserir

educação integral em tempo integral, temos o conhecimento de que o êxito dessas políticas

exige, nos próximos anos, no âmbito educacional, a universalização do ensino médio público

de qualidade, o que significa a implantação da escola unitária de currículo integrado, que tenha

como princípio a formação de jovens autônomos, solidários e competentes, por meio da

construção dos seus Projetos de Vida.

43

9. Referência

Alves, R. (2004). Gaiola ou Asas. A arte do voo ou a busca da alegria de aprender. Porto:

Edições Asa.

Arroyo, M. G. (2012). O direito a tempos-espaços de junto e digno viver. Em J. (. MOLL,

Caminhos da educação integral no Brasil: direito a outrostempos e espaços educativos.

(pp. 33-45). Porto Alegre: Penso.

Branco, V. (2012). Desafios para a implantação da Educação Integral: análise das experiências

desenvolvidas na região sul do Brasil. Educar em Revista. Fonte:

http://dx.doi.org/10.1590/S0104-40602012000300008

Cavaliere, A. M. (Dez. de 2002). Educação Integral: Uma nova identidade para a escola

brasileira? Educ. Soc., 23, n. 81, 247-270. Campinas. Acesso em 15 de 03 de 2016,

disponível em http://www.cedes.unicamp.br

Ferraço, C. E. (2005). Currículo, formação continuada de professores e cotidiano escolar:

fragmentos de complexidade das redes vividas. Em C. E. FERRAÇO, Cotidiano

escolar, formação (pp. p. 15-41.). São Paulo: Cortez.

Freire, P. (1996). Pedagogia da Autonomia - Saberes Necessários à Prática Educativa (36 ed.).

Petrópolis: Paz e Terra.

Heidegger, M. (2002). Que é uma coisa? Lisboa: Edições 70.

Instituto de Corresponsabilidade pela Educação. (2016). Fonte: ICE- Inovação em Cidadania

Empresarial: http://ice.org.br/

Libâneo, J. C. (1985). Democratização da escola pública – A pedagogia crítico dos conteúdos.

(21º ed.). Loyola.

Paro, V. H. (2007). Gestão Escolar, Democracia e Qualidade do Ensino. São Paulo: Ática.

PEE/SE-Forum Estadual de Educação de Sergipe . (Maio de 2015). Documento Base do Plano

Estadual de Educação PEE/SE. Forum Estadual de Educação de Sergipe. Sergipe.

Fonte:

http://www.seed.se.gov.br/arquivos/DOCUMENTO_BASE_DO_PLANO_ESTADU

AL_DE_EDUCACAO_DE_SERGIPE.pdf

Proença, S. k. (2016). Margens do saber: A Mediação do Conhecimento no Ensino de Artes. .

Dissertação de Mestrado. Coimbra, Portugal: UC.

Teixera, A. (1930). Porque "Escola Nova". Boletim da Associação Bahiana de Educação, 2-

30. Fonte: http://www.bvanisioteixeira.ufba.br/artigos/nova.htm

44

UNESCO. (1990). Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI da.

UNESCO.