Conceito de Saúde e Processo Saúde Doença · 2018. 10. 8. · SAÚDE Ser humano é um ser...

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Conceito de Saúde e Processo Saúde Doença Katia Soares da Poça [email protected] 29.03.2014

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  • Conceito de Saúde e

    Processo Saúde Doença

    Katia Soares da Poça

    [email protected]

    29.03.2014

  • SAÚDE

    “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência da doença ou enfermidade”

    OMS, 1960

  • Utopia

    Declaração de princípios

    “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência da doença ou enfermidade”

    Subjetiva

    Dificuldade operacional

  • Descrição da condição de saúde

    • Plano subindividual

    • Plano individual

    • Plano coletivo

  • Plano subindividual

    • Saúde ? ? ?

    • Fins operativos dimensão onde ocorrem reações químicas, interações celulares e fluxos físicos em níveis molecular, tecidual e sistêmico

    • Adaptação a modificações do meio (diferentes níveis do desenvolvimento biológico)

    Estado patológico

  • Plano individual

    • Dimensão onde processos se alternam em graus variados de disfunções e anormalidades com graus variados de normalidades e funcionalidades orgânicas

    • desânimo, irritação, problema físico ou dor (sintomas específicos)

    Doença

  • Plano coletivo

    • Processo saúde-doença não se restringe a soma das condições orgânicas de cada indivíduo

    • Complexa trama de fatores e relações representados por determinantes familiares, domiciliares, por bairro, município, região, país e continente

    • apenas em condições muito específicas a saúde é reflexo da disponibilidade e do acesso aos serviços de saúde

    “direito a saúde”

    X

    “direito de acesso aos serviços de saúde”

  • Constituição Federal 1988

    • As ações de saúde são de “relevância pública”, pois há o reconhecimento da saúde como um bem público

    • Universalidade Saúde é algo imprescindível onde todos, sem exceção, devem usufruir

  • SAÚDE Ser humano é um ser integral e a saúde faz parte da qualidade de vida

    • ‘a saúde é resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra e acesso aos serviços de saúde’

    • ‘a desigualdade social que se manifesta pela crescente concentração de renda, acarretando pobreza e exclusão social, constitui um desafio para garantir os direitos de saúde da população [...] no Brasil, os padrões de exclusão e a incidência da pobreza são também determinados pelas desigualdades de gênero, raça, etnia e geração. Assim para efetivar o direito a saúde são necessárias políticas sociais e econômicas que assegurem desenvolvimento econômico sustentável e distribuição de renda e de recursos materiais, cabendo especificamente ao SUS a promoção, proteção e recuperação da saúde dos indivíduos e da coletividade de forma equitativa, respeitando as diferenças [...]. Promover a equidade na atenção a saúde, reduzir as desigualdades regionais, ampliar a oferta de ações de saúde garantindo a universalidade do acesso aos mais afetados pelas desigualdades [...] são os desafios para que o direito deixe de ser mais que uma declaração a passe a integrar o cotidiano da vida dos brasileiros’

    (CNS, 2004)

  • SAÚDE PÚBLICA

    Definição:

    ‘Saúde Pública é a ciência e a arte de evitar doença, prolongar a vida e promover a saúde física e mental, e a eficiência, através de esforços organizados da comunidade, visando o saneamento do meio, o controle das infecções comunitárias, a educação do indivíduo nos princípios de higiene pessoal, a organização de serviços médicos e de enfermagem para o

    diagnóstico precoce e o tratamento da doença e o desenvolvimento de mecanismos sociais que assegurarão a cada pessoa na comunidade o padrão de vida adequado para a manutenção da saúde’

    (Harlon, 1955)

  • Problema de saúde

    • Casos onde há inequívoco comprometimento de estruturas e processos essenciais a uma ou mais funções orgânicas

    • Diversas situações onde variabilidade individual faz o problema o ser para um, mas não para outro

    • Problema de Saúde Pública

    • Constituir em causa comum de morbidade ou mortalidade

    • Existirem métodos eficazes de prevenção e controle

    • Métodos de controle eficazes não são adequadamente utilizados

    Representativos de uma comunidade, correspondendo à representação social de necessidades ou agravos de saúde

    Definidos por atores sociais e decorrentes das condições de vida e do modo de produção econômico-social

  • Prioridade de ação

    • Ações individuais ou coletivas para prevenção e controle passam a ter relevância que justifique a intervenção do Estado, com a correspondente alocação de recurso público (demanda da sociedade)

    • Recursos são escassos Necessidade de eleger prioridades

    • Número de pessoas atingidas

    • Seriedade do dano causado

    • Possibilidade de atuação eficiente

    • Custo per capita

    • Grau de interesse da comunidade

    Problema bem tolerado (pode ser considerado não-prioritário)

  • Processo saúde-doença

    • Envolve aspectos objetivos e subjetivos de complexos causais com muitas variáveis envolvidas

    • Campo de competência dos profissionais de saúde objeto da atuação dos serviços de saúde

    • Campo de determinação externa (fora do âmbito clínico-cirúrgico) práticas de Saúde Pública necessitam transcender os serviços e sistemas de saúde

    Gerencia do setor de saúde + Ações intersetoriais

    Fatores que determinam e condicionam o processo saúde-doença (modelo capaz de produzir socialmente a saúde coletiva)

    Educação Saneamento Transporte Trabalho

  • Ações de saúde - Objeto de ação

    • Ações individuais

    • Preventivas ou terapêuticas dirigidas a pessoa física Objetivo: produzir reações biológicas ou psicológicas previsíveis

    • Aplicação de vacina, restauração dentária, sutura, ...

    • Ações coletivas

    • Impactam grupos de pessoas ou organizações Objetivo: produzir efeitos preventivos ou de controle sobre eventos geradores de agravo à saúde, doença ou morte

    • Atividade educativa em grupo, palestras, dramatizações, peças publicitárias veiculadas em meio de comunicação de massa, ...

  • Ações de Saúde Pública

    • Articuladas e operacionalizadas através das ações de vigilância e de ações programáticas, com desenvolvimento em diferentes níveis de atenção, participação das 3 esferas do governo (federal, estadual e municipal) e contemplando ações preventivas, diagnósticas e terapêuticas

    • Programa de saúde implica em ações abrangentes e dirigidas a determinados grupos populacionais alvo, onde todos os determinantes e condicionantes dos agravos e doenças devem ser considerados ação intersetorial

    • Ações de vigilância se restringe a atenção à saúde (e não assistência aos indivíduos), mas é indispensável em certas ações de vigilância (ex. epidemiológica e de saúde do trabalhador), onde as práticas de vigilância incluem importante componente assistencial

  • Níveis de atenção à saúde

    • Atenção primária Ações básicas nos campos da promoção, prevenção e a prestação de serviços necessários à resolução dos problemas de maior prevalência e significado social em cada comunidade

    • Atenção secundária Conjunto de ações de grau razoável de diferenciação tecnológica quanto a recursos humanos e equipamentos (ambulatório de especialidades - ações de média complexidade)

    • Atenção terciária Produção de ações e serviços de alta complexidade, por especialistas em diferentes áreas, requerendo em geral, algum tipo de internação

  • Lei Federal 8.080/90

    • UBS Trabalho dos mais complexos, pois para obter resultados satisfatórios é necessário o domínio e a aplicação de conhecimento de várias áreas do campo das ciências sociais, combinado ao conhecimento biológico

    • Lei 8.080/90

    ‘a saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais’

    • É competência da UBS conhecer e considerar o impacto de todos esses

    determinantes sobre a saúde da população pela qual é responsável (desenvolver ações ou encorajar iniciativas em outros setores para eliminar o impacto desses fatores)

  • Promoção da Saúde e Qualidade de Vida

    • Projetos e movimentos para a saúde deve estimular debate entre técnicos responsáveis pelos serviços de saúde e população

    • O que representa a qualidade de vida?

    (Cidade, local de trabalho, escola, praça para lazer, teatro)

    • Conceitos de qualidade de vida ajuda a entender as aspirações da sociedade (promoção da saúde)

  • Monitoramento e avaliação

    • Monitorar e avaliar os resultados do trabalho ao longo do processo

    • Desenvolvimento da produção (PIB per capta)

    • Expectativa de vida ao nascer (possibilidades de adoecimento)

    • Alfabetização (contabiliza a escolaridade)

    • Dimensão ambiental • Percepção sobre o estado do ecossistema grau de urbanização e

    industrialização (degrada a qualidade de vida nas cidades)

    • Dimensão social • sócio-econômico-cultural

    • da história

    • das condições de vida

    • das potencialidades de uma população

  • Vulnerabilidade

    • Analisa-la pressupõe associar seus desdobramentos aos processos de transformação, considerando em particular as urbanizações, a constituição de

    novos valores socioculturais e a modernização determinada temporal e espacialmente

    • Necessidade de considera-las sob diferentes ângulos e situa-las na

    dinâmica da organização da sociedade, no contexto dos interesses econômicos, nas políticas públicas atuais, na fragilidade dos seres humanos vivendo em sociedades

    produtoras de risco e nas ‘razões científicas’ que buscam predizer e controlar os acontecimentos e a vida social

  • Populações Vulneráveis

    • Populações empobrecidas, marginais aos bens de consumo materiais e culturais, excluídas do processo produtivo e de consumo, desfiliados de vínculo afetivo, ...

    • Pessoas em situações precárias ou sub-humanas acumulação e concentração do capital financeiro

    O empobrecimento e a marginalidade social derivam de relações de produção, da

    concentração de riqueza e da matriz econômica e política presente

    C O N T E X T U A L I Z A Ç Ã O

  • Capitalismo e Globalização

    • Novas formas de pobreza: o crescimento da Economia cria empregos precários e marginais, muitas vezes temporários, insuficientes e frágeis; quebrando a lógica de que o maior crescimento capitalista acarreta em maior número de empregos

    • Transformações na economia capitalista global: Reflexo sobre as relações pessoais (vínculos familiares e sociais - vizinhança, parentesco, ...

    – Competição, mudança constante de emprego, de cidade, ocupações precárias ‘corrosão’ das relações sociais (per se torna indivíduos

    mais vulneráveis às imposições do mercado de trabalho)

    • Maior impacto sobre ‘classe de trabalhadores pobres’, tendo como reflexo o abandono familiar, o abuso de álcool ou drogas

  • Desigualdade em saúde

    • Dificuldade de acesso a saúde ou existência de perfil epidemiológico específico

    • Existência de serviços de saúde e representação do grupo social para os demais grupos da sociedade

    • Complexidade ao medir as situações de precarização (índice de pobreza) • Mínimo para subsistência (alimentação, habitação, vestimentas) é sempre relativo

    • Caracterização de populações vulneráveis em

    plano local X plano nacional (critérios de exclusão social e econômica)

  • DIREITOS HUMANOS

    • Reivindicação pelas diferenças e identidades (pluralidade do ser humano), demonstra que o homem somente pode ser entendido a partir de suas diferenças (étnicas/raciais, culturais, de gênero, de expressão da sexualidade, de geração)

    • Plataforma comum dos direitos humanos Igualdade como plano de luta pela inclusão, eliminando as desigualdades entre os homens

    ‘[...] temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; temos o direito de ser diferentes quando nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de

    uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as

    desigualdades.’ (Santos, 2003)

  • Necessidade de Inclusão

    • A perspectiva da inclusão, a partir do reconhecimento da desigualdade e da diferença, vem demonstrar a evidência do peso da sociedade no campo da SP

    • Produção do conhecimento sobre a saúde

    • Produção dos serviços de saúde

    • Forma como se distribui a doença na concepção epidemiológica

  • Populações Vulneráveis

  • Políticas Públicas Necessidade de Inclusão

    • DOU - 13.12.2004

    • Populações vulneráveis: ‘do campo, negros, índios, crianças, adolescentes, mulheres, idosos, trabalhadores, portadores de deficiência e presidiários’

    • ‘as evidencias demonstram que a pobreza, a desigualdade e o desemprego, associados as precárias condições de alimentação, saúde, educação e moradia concorrem para a marginalização de expressivos segmentos sociais, que não tem acesso a bens essenciais e que se encontram alijados do mundo do trabalho, do espaço público e das instituições relacionadas. Enfrentar este quadro é o principal desafio do Estado brasileiro. Trata-se de ampliar a cidadania, atuar de modo articulado e integrado, de forma a garantir a universalidade dos direitos sociais básicos e, simultaneamente, atender as demandas diferenciadas dos grupos socialmente mais vulneráveis da população’

    (PPA 2004-2007)

  • Políticas Públicas Necessidade de Inclusão

    • Secretaria de Gestão estratégica e Participativa do MS

    • Populações vulneráveis: ‘do campo, negros, ciganos, refugiados e GLBTT (Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transsexuais)

    • ‘são consideradas prioritárias as ações que visem a garantia dos direitos àqueles seguimentos tradicionalmente excluídos dos benefícios das ações públicas e discriminados por preconceitos sociais.’

    (http://portal.saude.gov.br/)

    EQUIDADE DESIGUALDADE x

  • Políticas Públicas Necessidade de Inclusão

    • Agenda Ambiental (indígenas e quilombolas)

    • Sustentabilidade de seus territórios

    • Declaração do Encontro dos Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente das Américas

    ‘A carga de deterioração das condições ambientais e seu peso sobre a saúde afeta a geração atual e pode ter um impacto crescente sobre as gerações futuras. Em particular [...] os grupos mais vulneráveis como crianças, idosos, mulheres, [...] populações indígenas, rurais e os muito pobres. Expressamos nossa profunda preocupação [...] e reconhecemos a necessidade de focalizar nossos esforços em nível local e regional baseados em objetivos comuns, que proporcionem as mesmas oportunidades de desenvolvimento sustentável na região, melhoria da saúde e do padrão de vida de todas as populações’

  • Riscos e Vulnerabilidades

    • O Progresso sucessivo das sociedades (ciência, tecnologia e acumulação de riqueza) deve ser analisado relacionado ao aumento significativo dos riscos humanos e ambientais que podem comprometer o futuro da humanidade

  • Saúde Pública Populações Vulneráveis

    • Delimitadas por suas características de precariedade (econômica, relacional e/ou de vida - habitação insalubre, alimentação precária ou inadequada, ...) apresentam maior exposição às doenças profissionais e aos acidentes de trabalho, aos traumatismos ósseos, os riscos de invalidez, as doenças respiratórias, cutâneas, cardiovasculares, problemas dentários e oculares, distúrbios psicológicos ou nervosos, alcoolismo, maior consumo de drogas lícitas e ilícitas, e à Aids

  • Vulnerabilidade em saúde

    • A questão de vulnerabilidade em saúde (dimensão coletiva ou individual) apresenta-se em toda a sua complexidade e ultrapassa as abordagens tecnológicas dos problemas de saúde

    • Refere a processos sociais, econômicos e políticos mais amplos

    • Manter as especificidades:

    • Diversidade dos grupos sociais

    • Condições históricas e de vida

    • Problemas de saúde a que estão expostos