Comunicação de noticias.pdf

download Comunicação de noticias.pdf

of 144

Transcript of Comunicação de noticias.pdf

  • 8/17/2019 Comunicação de noticias.pdf

    1/144

    E

    Revista Mineira de EnfermagemNursing Journal of Minas Gerais

    Revista de Enfermería de Minas Gerais

    ISSN 1415-2762

    V O L U M E   1 4   . N Ú M E R O   2   . A B R / J U N   D E   2 0 1 0

  • 8/17/2019 Comunicação de noticias.pdf

    2/144

    Isabel Amélia Costa MendesUniversidade de São Paulo – RP

    José Vitor da SilvaUniversidade do Vale do Sapucaí 

    Lídia Aparecida RossiUniversidade de São Paulo – RP

    Luiza Akiko komura Hoga

    Universidade de São Paulo – RPMagali Roseira BoemerUniversidade de São Paulo – RP

    Márcia Maria Fontão ZagoUniversidade de São Paulo – RP

    Marga Simon ColerUniversity of Connecticut – USA

    Maria Ambrosina Cardoso MaiaFaculdade de Enfermagem de Passos – FAENPA

    María Consuelo CastrillónUniversidade de Antioquia – Colombia

    Maria Flávia GazzinelliUniversidade Federal de Minas Gerais

    Maria Gaby Rivero Gutierrez

    Universidade de São Paulo – SPMaria Helena Larcher CaliriUniversidade de São Paulo – SP

    Maria Helena Palucci MarzialeUniversidade de São Paulo – RP

    Maria Imaculada de Fátima FreitasUniversidade Federal de Minas Gerais

    Maria Itayra Coelho de Souza PadilhaUniversidade Federal de Santa Catarina

    Maria José Menezes BritoUniversidade Federal de Minas Gerais

    Maria Lúcia ZanettiUniversidade de São Paulo – RP

    Maria Miriam Lima da NóbregaUniversidade Federal de Paraíba

    Raquel Rapone GaidzinskiUniversidade de São Paulo – SP

    Regina Aparecida Garcia de LimaUniversidade de São Paulo – RP

    Rosalina Aparecida Partezani RodriguesUniversidade de São Paulo – RP

    Rosângela Maria GrecoUniversidade Federal de Juiz de Fora

    Silvana Martins MishimaUniversidade de São Paulo – RP

    Sônia Maria SoaresUniversidade Federal de Minas Gerais

    Vanda Elisa Andrés FelliUniversidade Federal de São Paulo – SP

    EDITORA GERAL

    Adelaide De Mattia RochaUniversidade Federal de Minas Gerais

    DIRETOR EXECUTIVO

    Lúcio José VieiraUniversidade Federal de Minas Gerais

    EDITORES ASSOCIADOS

    Andréa Gazzinelli C. OliveiraUniversidade Federal de Minas Gerais

    Edna Maria RezendeUniversidade Federal de Minas Gerais

    Francisco Carlos Félix LanaUniversidade Federal de Minas Gerais

    Jorge Gustavo Velásquez MeléndezUniversidade Federal de Minas Gerais

    Marília AlvesUniversidade Federal de Minas Gerais

    Roseni Rosângela de SenaUniversidade Federal de Minas Gerais

    Tânia Couto Machado ChiancaUniversidade Federal de Minas Gerais

    CONSELHO EDITORIAL

    Adriana Cristina de OliveiraUniversidade Federal de Minas Gerais

    Alacoque Lorenzini ErdmannUniversidade Federal de Santa Catarina

    Alba Lúcia Bottura Leite de BarrosUniversidade Federal de São Paulo – SP

    Aline Cristine Souza LopesUniversidade Federal de Minas Gerais

    André PetitatUniversité de Lausanne – Suiça

    Anézia Moreira Faria MadeiraUniversidade Federal de Minas Gerais

    Carmen Gracinda ScochiUniversidade de São Paulo – RP

    Cláudia Maria de Mattos PennaUniversidade Federal de Minas Gerais

    Cristina Maria Douat LoyolaUniversidade Federal do Rio de Janeiro

    Daclê Vilma CarvalhoUniversidade Federal de Minas Gerais

    Deborah Carvalho MaltaUniversidade Federal de Minas Gerais

    Elenice Dias Ribeiro Paula LimaUniversidade Federal de Minas Gerais

    Emília Campos de CarvalhoUniversidade de São Paulo – RP

    Flávia Márcia OliveiraCentro Universitário do Leste de Minas Gerais

    Goolan Houssein RassoolUniversity Of London – Inglaterra

    Helmut KloosUniversit of Califórnia, San Fransico – USA

    remERevista Mineira de Enfermagem

  • 8/17/2019 Comunicação de noticias.pdf

    3/144

    REME – Revista Mineira de Enfermagem da Escola de Enfermagem  da Universidade Federal de Minas Gerais. - v.1, n.1, jul./dez. 1997.  Belo Horizonte: Coopmed, 1997.

    Semestral, v.1, n.1, jul./dez. 1997/ v.7, n.2, jul./dez. 2003.  Trimestral, v.8, n.1, jan./mar. 2004 sob a responsabilidade Editorial  da Escola de Enfermagem da UFMG.  ISSN 1415-2762

      1. Enfermagem – Periódicos. 2. Ciências da Saúde – Periódicos.I. Universidade Federal de Minas Gerias. Escola de Enfermagem.

    NLM: WY 100  CDU: 616-83

    Formato eletrônico disponível em:www.enfermagem.ufmg.brwww.periodicos.capes.ufmg.br

    Projeto Gráfico, Produção e Editoração Eletrônica

    Brígida CampbellIara VelosoCEDECOM – Centro de Comunicação da UFMG

    EditoraçãoSaitec Editoração (Eduardo Queiroz)

    ImpressãoEditora e Gráfica O Lutador

    Normalização BibliográficaMaria Piedade Fernandes Ribeiro Leite CRB/6-601Jordana Rabelo Soares CRB/6-2245

    Revisão de textoMaria de Lourdes Costa de Queiroz (Português)Mônica Ybarra (Espanhol)Mariana Ybarra (Inglês)

    Secretaria GeralVanessa de Oliveira Dupin – SecretáriaGabriela de Cássia C. Rolim de Britto – Bolsista da FundaçãoUniversitária Mendes Pimentel (FUMP)

    Escola de EnfermagemUniversidade Federal de Minas GeraisRevista Mineira de Enfermagem – Av. Alfredo Balena, 190 –Sala 104, Bloco Norte – Belo Horizonte - MGBrasil – CEP: 30130-100Telefax: (31) 3409-9876E-mail: [email protected]

    AssinaturaSecretaria Geral – Telefax: (31) 3409 9876E-mail: [email protected]

    Revista filiada à ABEC – Associação Brasileira de EditoresCientíicos

    Periodicidade: trimestral – Tiragem: 1.000 exemplares

    Indexada em:BDENF – Base de Dados em Enfermagem / BIREME-OPAS/OMSCINAHL – Cumulative Index Nursing Allied Health LiteratureCUIDEN – Base de Datos de Enfermería en EspanholLATINDEX – Fundación IndexLILACS – Centro Latino Americano e do Caribe de Informações em Ciências da SaúdeREV@ENF – Portal de Revistas de Enfermagem – Metodologia SciELO/Bireme - OPAS/OMSLATINDEX - Sistema Regional de Información en Linea para Revistas Científicas de América Latina, el Caribe, Espanã y Portugal

    REME – REVISTA MINEIRA DE ENFERMAGEMPublicação da Escola de Enfermagem da UFMG

    Em parceria com:Escola de Enfermagem Wenceslau Braz – MG

    Faculdade de Enfermagem e Obstetrícia da Fundação de Ensino Superior de Passos – MGUniversidade do Vale do Sapucaí – MGCentro Universitário do Leste de Minas Gerais – MGUniversidade Federal de Juiz de Fora – MG

     CONSELHO DELIBERATIVO

    Marília Alves – PresidenteUniversidade Federal de Minas Gerais

    José Vitor da SilvaEscola de Enfermagem Wenceslau Braz

    Rosa Maria NascimentoFundação de Ensino Superior do Vale do Sapucaí

    Maria Cristina Pinto de JesusUniversidade Federal de Juiz de Fora

    Tânia Maria Delfraro CarmoFundação de Ensino Superior de Passos

    Sandra Maria Coelho Diniz MargonCentro Universitário do Leste de Minas Gerais

  • 8/17/2019 Comunicação de noticias.pdf

    4/144

  • 8/17/2019 Comunicação de noticias.pdf

    5/144

    Sumário

    149

    151

    151

    159

    166

    175

    EditorialMárcia dos Santos Pereira

    Pesquisas

    CIRURGIA NAS MAMAS: A EXPERIÊNCIA DE MULHERES QUE BUSCAM A HARMONIA COM SEUS CORPOS

    BREAST SURGERY: THE EXPERIENCES OF WOMEN LOOKING FOR HARMONY WITH THEIR BODIES

    CIRURGÍA MAMARIA: EXPERIENCIA DE MUJERES QUE BUSCAN LA ARMONÍA CON SU CUERPO

    Marta Lenise do Prado

    Cristina Feix Leichtweis

    Ariane de Oliveira Johner

    VIVÊNCIA MATERNA COM O FILHO PREMATURO: REFLETINDO SOBRE AS DIFICULDADES DESSECUIDADO

    MATERNAL EXPERIENCE WITH A PREMATURE CHILD: THINKING ABOUT THE DIFFICULTIES OF THIS CARE

    VIVENCIAS MATERNAS CON EL HIJO PREMATURO: REFLEXIONANDO SOBRE LAS DIFICULTADES

    DE DICHO CUIDADO

    Nilba Lima de Souza

    Ana Cristina Pinheiro Fernandes Araujo

    Íris do Céu Clara Costa

    Antônio Medeiros Junior

    Horácio Accioly Junior

    ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO DIANTE DA IMPORTÂNCIA DA ASSISTÊNCIA À SAÚDE DA MULHER NOCLIMATÉRIO

    THE NURSE ACTIONS REGARDING THE IMPORTANCE OF WOMEN HEALTHCARE IN CLIMACTERIC

    ACTITUD DEL ENFERMERO ANTE LA IMPORTANCIA DE LA ATENCIÓN A LA SALUD DE LA MUJER EN ELCLIMATERIO

    Amanda Carla dos Santos Beltramini

    Christiane Aparecida Paschoal Diez

    Iara Orlando Camargo

    Vivian Aline Preto

    OS FATORES LIMITANTES NA IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA SAÚDE DE FERRO EM UM MUNICÍPIODA REGIÃO CENTROOESTE DO ESTADO DE MINAS GERAIS

    THE LIMITING FACTORS IN THE IMPLEMENTATION OF THE IRON HEALTH PROGRAM IN A CIT Y LOCATED IN THEMIDWES REGION OF MINAS GERAIS

    FACTORES LIMITANTES EN LA APLICACIÓN DEL P ROGRAMA “SALUD DE HIERRO” DE UN MUNICIPIO DE LAREGIÓN CENTROOESTE DEL ESTADO DE MINAS GERAIS

    Valéria Conceição de Oliveira

    Débora Rabelo Silva

    Juliana Maia da Silva

    Luana Chaves Colares

    Tarcísio Laerte Gontijo

  • 8/17/2019 Comunicação de noticias.pdf

    6/144

    181

    188

    195

    204

    210

    ATENDIMENTO DE URGÊNCIA: O TRANSPORTE SANITÁRIO COMO OBSERVATÓRIO DE SAÚDE DE BELOHORIZONTE

    EMERGENCY CARE: HEALTH TRANSPORT IN THE CITY OF BELO HORIZONTE

    ATENCIÓN DE URGENCIA: EL TRA NSPORTE SANITARIO COMO OBSERVATORIO DE SALUD DE BELO HORIZONTE

    Marília Alves

    Andréa Fonseca e Silva

    Lílian Colares Fulgêncio Neiva

    ANÁLISE DA INCIDÊNCIA DE COMPLICAÇÕES PÓSEXTUBAÇÃO EM RECÉMNASCIDOS DA UNIDADE DECUIDADOS PROGRESSIVOS NEONATAIS DO HOSPITAL DAS CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DEMINAS GERAIS

    ANALYSIS OF POSTEXTUBATION COMPLICATIONS INCIDENCE IN NEWBORNS OF NEONATAL PROGRESSIVECARE UNIT OF FEDERAL UNIVERSITY OF MINAS G ERAIS CLINICS HOSPITAL

    ANALICE DE LA INCIDENCIA DE COMPLICACIONES PÓSEXTUBACIÓN EN RECIÉN NACIDOS DE LA UNIDAD DECUIDADOS PROGRESIVOS NEONATALES DEL HOSPITAL DE LAS CLÍNICAS DE LA UNIVERSIDAD FEDERAL DEMINAS GERAIS

    Flávia Cristina Cançado de Medeiros

    Lorena de Oliveira Vaz

    Rosilene Maria Alves

    Verônica F. Parreira

    Danielle Soares Rocha Vieira

    Trícia Guerra e Oliveira

    CARACTERIZAÇÃO DAS PRÁTICAS DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE DESENVOLVIDAS POR ENFERMEIROS EMUM MUNICÍPIO DO CENTROOESTE MINEIRO

    CHARACTERIZING HEALTH EDUCATION PRACTICES UNDERTAKEN BY NURSES IN A MIDDLE WEST CITY OF THESTATE OF MINAS GERAIS

    CARACTERIZACIÓN DE LAS PRÁC TICAS DE EDUCACIÓN EN SALUD LLEVADAS A CABO POR ENFERMEROS DEUN MUNICIPIO DEL CENTROOESTE DE MINAS GERAIS

    Flávia Isabela Barbosa

    Gláucia de Sousa Vilela

    Juliano Teixeira Moraes

    Leonardo Santos Azevedo

    Márcia Regina Marasan

    O ESTRESSE E SEUS FATORES DETERMINANTES NA CONCEPÇAO DOS GRADUANDOS DE ENFERMAGEM

    STRESS AND ITS DETERMINANT FACTORS IN THE NURSING STUDENTS CONCEPTION

    EL ESTRÉS Y SUS FACTORES DETERMINANTES EN LA PERCEPCIÓN DE LOS GRADUANDOS DE ENFERMERÍA

    Caroline de Aquino Pereira

    Lívia Ceschia dos Santos Miranda

    Joanir Pereira Passos

    ESTRESSE ENTRE ENFERMEIROS HOSPITALARES E A RELAÇÃO COM AS VARIÁVEISSOCIODEMOGRÁFICAS

    STRESS AMONG HOSPITAL NURSES AND THE RELATION WITH THE SOCIODEMOGRAPHICS VARIABLES

    ESTRÉS ENTRE ENFERMEROS DEL HOSPITAL Y LA RELACIÓN CON LAS VARIABLES SOCIODEMOGRÁFICAS

    Gabriela Feitosa Lima

    Estela Regina Ferraz Bianchi

  • 8/17/2019 Comunicação de noticias.pdf

    7/144

    219

    226

    233

    239

    244

    A GENTE NÃO QUER SÓ REMÉDIO: REPRESENTAÇÕES DE PACIENTES SOBRE O CUIDADO DEENFERMAGEM

    WE DON’T WANT JUST DRUGS: REPRESENTATIONS OF PATIENTS ABOUT NURSING CARE

    NOSOTROS NO DESEAMOS SÓLO EL REMEDIO: REPRESENTACIONES DE PACIENTES SOBRE LOS CUIDADOS DEENFERMERÍA

    Moema da Silva Borges

    Lilian Silva Queiroz

    Aldry Sandro Ribeiro

    ENVELHECIMENTO COM QUALIDADE DE VIDA: A PERCEPÇÃO DE IDOSOS PARTICIPANTES DE GRUPOSDE TERCEIRA IDADE

    AGING WITH QUALITY OF LIFE: THE PERCEPTION OF ELDERLY PEOPLE PARTICIPATING IN SOCIAL GROUPS

    ENVEJECIMIENTO CON CALIDAD DE VIDA: LA PERCEPCIÓN DE LAS PERSONAS MAYORES PARTICIPANTES DEGRUPOS DE TERCERA EDAD

    Kátia Lilian Sedrez Celich

    Marion Creutzberg

    José Roberto GoldimIrênio Gomes

    ÚLCERAS POR PRESSÃO EM NEONATOS E CRIANÇAS: PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E CLÍNICO

    PRESSURE ULCERS IN NEONATES AND CHILDREN: EPIDEMIOLOGICAL AND CLINICAL PROFILE

    ÚLCERAS POR PRESIÓN EN NEONATOS Y EN NIÑOS: PERFIL EPIDEMIOLÓGCO Y CLÍNICO

    Karla Crozeta

    Janislei Gisele Dorociaki Stocco

    Mitzy Tannia Reichembach Danski

    Marineli Joaquim Meier

    ORIENTAÇÕES DE ENFERMAGEM AOS PACIENTES SOBRE O AUTOCUIDADO E OS SINAIS E SINTOMAS

    DE INFECÇÃO DE SÍTIO CIRÚRGICO PARA A PÓSALTA HOSPITALAR DE CIRURGIA CARDÍACARECONSTRUTORA

    NURSING GUIDELINES FOR PATIENTS ON SELF CARE AND SIGNS AND SYMPTOMS OF INFECTION OF SU RGICALSITE FOR HOSPITAL DISCHARGE OF RECONSTRUCTIVE CARDIAC SURGERY

    DIRECTRICES DE ENFERMERÍA A LOS PACIENTES SOBRE EL AUTOCUIDADO Y LAS SEÑALES Y SÍNTOMASDE UNA INFECCIÓN EN LA HERIDA PARA LA POST ALTA HOSPITALARIA DE UNA CIRUGÍA CARDÍACARECONSTUCTORA

    Adilson Edson Romanzini

    Ana Paula Marcielo de Jesus

    Edevã de Carvalho

    Vanessa Damiana Menis Sasaki

    Valquiria Barco Damiano

    João Junior Gomes

    O ENSINO SOBRE SUBSTÂNCIAS PSICOATIVAS NA GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM DA UNIVERSIDADEFEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

    THE TEACHING OF PSYCHOACTIVE SUBSTANCES AT NURSING DEGREE COURSES AT THE FEDERAL UNIVERSIT YOF ESPÍRITO SANTO

    ENSEÑANZA DE SUSTANCIAS PSICOACTIVAS EN EL CURSO DE POSGRADO EN ENFERMERÍA DELA UNIVERSIDAD FEDERAL DE ESPÍRITO SANTO

    Simone Vizeu Ferreira Alves

    Patrícia Rossetto Cortes

    Samira Rangel da Costa Freire

    Sarah Letícia Bello Lemos

    Sandra Cristina PillonMarluce Miguel de Siqueira

  • 8/17/2019 Comunicação de noticias.pdf

    8/144

    Revisão teórica

    O ATENDIMENTO E O ACOMPANHAMENTO DE ADOLESCENTES NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: UMAREVISÃO DE LITERATURA

    THE CARE AND MONITORING OF ADOLESCENTS IN PRIMARY HEALTH CARE: A LITERATURE REVIEW

    ATENCIÓN Y SEGUIMIENTO DE ADOLESCENTES EN LOS CUIDADOS BÁSICOS DE SALUD: REVISIÓN DELITERATURA

    Bruno David Henriques

    Regina Lunardi Rocha

    Anézia Moreira Faria Madeira

    Artigo reflexivo

    COMUNICAÇÃO DE NOTÍCIAS: RECEIOS EM QUEM TRANSMITE E MUDANÇAS NOS QUE RECEBEM

    DELIVERING NEWS: UNCERTAINTIES OF THOSE WHO DELIVER THEM AND CHANGES IN THOSE WHO RECEIVETHEM

    COMUNICACIÓN DE NOTICIAS: MIEDOS DE LOS QUE LAS TRASMITEN Y ALTERACIONES DE LOS QUE LASRECIBEN

    Carine dos Reis Lopes

    João Manuel Garcia do Nascimento Graveto

    Relato de experiência

    PESQUISAR COM JOVENS: DESAFIOS E PERSPECTIVAS NA R ELAÇÃO ENTRE O PESQUISADOR E O JOVEM

    RESEARCHING WITH YOUNGSTERS: CHALLENGES AND PERSPECTIVES ON THE RELATIONSHIP BETWEENRESEARCHERS AND YOUNGSTERS

    INVESTIGAR CON JÓVENES: RETOS Y PERSPECTIVAS EN LA RELACIÓN ENTRE EL INVESTIGADOR Y EL J OVEN

    Natália de Cássia HortaRoseni Rosângela de Sena

    Márcia Stengel

    AS CRIANÇAS PORTADORAS DE MUCOPOLISSACARIDOSE E A ENFERMAGEM: UMA EXPERIÊNCIA DEDESOSPITALIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA

    CHILDREN WITH MUCOPOLYSACCHARIDOSIS AND NURSING: AN EXPERIENCE IN ASSISTANCE FORDEHOSPITALIZATION

    NIÑOS CON MUCOPOLISACARIDOSIS Y LA ENFERMERÍA: EXPERIENCIA DE LA DESHOSPITALIZACIÓN DE LAASISTENCIA

    Maria Coeli Cardoso Viana Azevedo

    Marília Fernandes Gonzaga de Souza

    Isabelle Pinheiro de Macedo

    Akemi Iwata Monteiro

    Raimunda Medeiros Germano

    Normas de publicação

    Publication norms

    Normas de publicación

    251

    251

    257

    257

    265

    265

    271

    277

    279

    281

  • 8/17/2019 Comunicação de noticias.pdf

    9/144

    remE – Rev. Min. Enferm.;14(2): 19-24, abr./jun., 2010 149

    Editorial

    Márcia dos Santos Pereira*

    No século XXI, especialmente nos países pobres, os impactos sociais do acelerado desenvolvimento científicosinalizam para a necessidade de ampliar o debate sobre um dos pilares da reflexão bioética: a questão da ética naspesquisas em seres humanos. No Brasil, após a Resolução nº 196/1996, cresce de forma significativa o número decomitês de ética em pesquisa (CEPs). Em todo o país, até abril de 2010, registraram-se 586 CEPs ligados à ComissãoNacional de Ética em Pesquisa (CONEP/CNS).

    O avanço mais relevante da regulação ética da pesquisa em seres humanos, segundo Neves,1 se deu no âmbito daconscientização das pessoas e na instauração de um novo relacionamento entre profissionais de saúde e pacientes,agora sob o signo da autonomia e do movimento dos direitos humanos.

    Transcorridos quatorze anos da edição da Resolução nº 196/96, do Conselho Nacional de Saúde, tem-se verificadoa ampliação de debates sobre o tema, entretanto ainda persistem muitas dúvidas. Assim, baseando-se no ManualOperacional para Comitês de Ética em Pesquisa, publicação produzida pela equipe da Comissão Nacional de Éticaem Pesquisa do Conselho Nacional de Saúde,2 busca-se, sem a pretensão de esgotar respostas para questões tãocomplexas, esclarecer itens fundamentais para salvaguardar a dignidade, os direitos, a segurança e o bem-estardos sujeitos da pesquisa.

    A Resolução nº 196/96 considera pesquisa em seres humanos as realizadas em qualquer área do conhecimentoe que, de modo direto ou indireto, envolvam indivíduos ou coletividades, em sua totalidade ou partes, incluindoo manejo de informações e materiais. Assim, também são consideradas pesquisas envolvendo seres humanos asentrevistas, a aplicação de questionários, a utilização de banco de dados e revisões de prontuários.

    Os pesquisadores devem manter sob guarda confidencial os projetos completos e todos os dados obtidos naexecução de suas tarefas, ficando os documentos devidamente arquivados, por no mínimo cinco anos após o

    encerramento do estudo, à disposição das autoridades competentes.O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), elaborado pelo pesquisador em linguagem acessível aossujeitos da pesquisa, deverá ser obtido após o sujeito da pesquisa e/ou seu responsável legal estar suficientementeesclarecido de todos os possíveis benefícios, riscos e procedimentos que serão realizados e fornecidas todas asinformações pertinentes à pesquisa.

    Existem situações especiais em que o TCLE pode ser dispensado, devendo ser substituído por uma justificativa comas causas da impossibilidade de obtê-lo. Essa justificativa deve ser apresentada ao CEP, que julgará a pertinênciada dispensa da sua utilização.

    Muitas instituições de saúde estabelecem normas internas para a utilização de prontuários e bases de dados emprojetos de pesquisa. Para pesquisas que partem de informações de bases de dados, deve-se obter, na medida dopossível, o TCLE e a autorização do responsável institucional pela guarda do material consentindo a realização doestudo e, garantias de que além da privacidade e confidencialidade dos dados, o uso das informações não trará

    prejuízo para a imagem das pessoas ou das organizações.Em pesquisas realizadas mediante a aplicação de questionários, o TCLE deve assegurar ao sujeito da pesquisa o direitode recusar-se a responder às perguntas que ocasionem constrangimentos de qualquer natureza e é importanteque o CEP tome conhecimento dos questionários que irão ser utilizados.

    No caso de publicações de relatos de experiência e projetos de extensão, mesmo que não sejam submetidos àavaliação de CEPs, a privacidade e a confidencialidade devem estar asseguradas explicitamente na apresentaçãodos estudos, pois, em nenhuma hipótese deve se negligenciar que a pessoa tem direito de limitar a exposição deseu corpo, sua imagem, dados de prontuário, julgamentos expressos em questionários, etc.

    Stancioli,3 em recente debate sobre procedimentos éticos na pesquisa com seres humanos, afirma que a Resoluçãonº 196/96 tem sua legitimidade em Cartas Éticas internacionais e sua obrigatoriedade é derivada da Constituição

    *  Doutora em Ciências da Saúde: Infectologia e Medicina Tropical pela UFMG. Coordenadora da Comissão de Educação Permanente de Enfermagem do Hospital dasClínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (HC/UFMG). E-mail: [email protected].

  • 8/17/2019 Comunicação de noticias.pdf

    10/144

    150 remE – Rev. Min. Enferm.;14(2): 151-158, abr./jun., 2010

    da República e de Leis Ordinárias. Portanto, seus fundamentos devem ser buscados na Constituição e nessas leiscorrelatas como o Código Civil, o Código Penal, o Estatuto da Criança e Adolescente, etc.

    No Brasil, a Constituição da República de 1988 tem uma extensa relação de direitos e garantias fundamentais. Dessamaneira, os princípios de bioética mencionados na Resolução nº 196/1996 são também direitos fundamentaisconsagrados constitucionalmente e que devem ser respeitados por estudiosos comprometidos com a dimensãosocial e ética das pesquisas que envolvem seres humanos.

    REFERÊNCIAS

    1. Neves MCP. A bioética e sua evolução. O mundo da saúde. 2000. maio/jun.; 24 (3): 211-22.

    2. Brasil. Conselho Nacional de Saúde. Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Manual operacional para comitês de ética em pesquisa. Brasília:Ministério da Saúde; 2004.

    3. Stancioli B. Direitos fundamentais e questões éticas na pesquisa com seres humanos. Belo Horizonte; 2005. 4 p.

  • 8/17/2019 Comunicação de noticias.pdf

    11/144

    151remE – Rev. Min. Enferm.;14(2): 151-158, abr./jun., 2010

    Pesquisas

    CIRURGIA NAS MAMAS: A EXPERIÊNCIA DE MULHERES QUE BUSCAM AHARMONIA COM SEUS CORPOS

    BREAST SURGERY: THE EXPERIENCES OF WOMEN LOOKING FOR HARMONY WITH THEIR BODIES

    CIRURGÍA MAMARIA: EXPERIENCIA DE MUJERES QUE BUSCAN LA ARMONÍA CON SU CUERPO

    Marta Lenise do Prado1

    Cristina Feix Leichtweis2

    Ariane de Oliveira Johner2

    RESUMONesta pesquisa, abordam-se a vivência de mulheres perante a cirurgia plástica estética e reparadora nas mamas, o

    processo de decisão para esse procedimento e suas expectativas e sentimentos em relação à cirurgia. Trata-se umaPesquisa Convergente Assistencial (PCA). Participaram do estudo 12 mulheres na faixa etária entre 21 e 49 anos.Os dados foram coletados por meio de entrevista e analisados de acordo com o proposto pela PCA. Os resultadosobtidos revelam que as mulheres submetidas a cirurgia plástica estética ou reparadora nas mamas buscam suprir suasnecessidades físicas e psicológicas para encontrar uma harmonia com o próprio corpo e adquirir realização pessoal.Foram observadas algumas semelhanças e diferenças entre os dois ramos da cirurgia plástica. Concluiu-se que aenfermagem pode contribuir para o equilíbrio físico e mental dessas mulheres.

    Palavras-chave: Enfermagem; Cuidados de Enfermagem; Pesquisa Qualitativa; Cirurgia Plástica; Mamoplastia;Estética. 

    ABSTRACTThis research was concerned with the experiences of women facing aesthetic or repairing breast plastic surgery, theirdecision making process and their expectations and feelings about the surgery. This is an Assistance ConvergentResearch (ACR). Twelve women aged from 21 to 49 participated in this study. The data were obtained through interviewand analyzed in accordance with ACR. The results showed that women that made aesthetic or repairing breast plastic

    surgery intended to fulfill their physical and psychological needs and their main purpose was personal accomplishment.Some similarities and differences were observed between the two types of plastic surgery. The research concludedthat nursing care can contribute to these women’s physical and mental balance.

    Key words: Nursing; Nursing Care; Qualitative Research; Plastic Surgery; Mammaplasty; Esthetics. 

    RESUMENEsta investigación efoca la experiencia de mujeres ante la cirugía estética y reparadora de mamas. Se refiere al procesode decisión para este procedimiento y a sus expectativas y sentimientos con relación a la cirugía. El tipo de estudiorealizado fue una Investigación Convergente Asistencial (ICA). Participaron del estudio doce mujeres con edad entre21 y 49 años. Los datos fueron recogidos por medio de entrevistas y analizados de acuerdo con el propósito de la ICA.Los resultados obtenidos revelan que las mujeres sometidas a cirugía plástica estética o reparadora en las mamasbuscan reemplazar sus necesidades físicas y psicológicas para encontrar armonía con el cuerpo y lograr la realizaciónpersonal. La enfermería podría contribuir al equilibrio físico y mental de estas mujeres.

    Palabras clave: Enfermería; Atención de Enfermería; Investigación Cualitativa; Cirugía Plástica; Mamoplastía;Estética.

    1  Enfermeira. Doutora. Professora do Departamento de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina(UFSC). Pesquisadora do CNPQ.

    2  Estudantes do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

    Endereço para correspondência – Marta Lenise do Prado: Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde, Departamento de Enfermagem.Campus Universitário. Bairro Trindade. CEP:88040-970 – Florianópolis, SC – Brasil. E-mail: [email protected].

  • 8/17/2019 Comunicação de noticias.pdf

    12/144

    Cirurgia nas mamas: a experiência de mulheres que buscam a harmonia com seus corpos

    152 remE – Rev. Min. Enferm.;14(2): 151-158, abr./jun., 2010

    em relação à cirurgia plástica reparadora nas mamas,trabalhamos com mulheres submetidas à reconstruçãode mama, após a mastectomia por causa do câncer demama.

    Justifica-se o desenvolvimento deste estudo pelacompreensão da experiência de diferentes mulheressobre um procedimento cirúrgico nas mamas, poistal conhecimento pode contribuir para um cuidadoaderente às necessidades e expectativas dessasmulheres.  A pesquisa visa conhecer os motivos quelevam essas mulheres a realizarem a cirurgia estética oureparadora, bem como explorar o processo de decisãopara esse procedimento e quais suas expectativas esentimentos para o futuro.

    METODOLOGIA

    Esta é uma Pesquisa Convergente Assistencial (PCA).A PCA é uma modalidade de pesquisa que tem comoprincipal característica sua articulação intencional com aprática assistencial, o que ocorre principalmente durantea coleta de informações, quando os participantes dapesquisa se envolvem na assistência e na pesquisa. Oprofissional, além de pesquisador, assume o papel deprovedor de cuidado, e o ato de assistir/cuidar estápresente ao longo da pesquisa.6

    A escolha da utilização da PCA deveu-se ao nossoestágio final do Curso de Graduação em Enfermagemda Universidade Federal de Santa Catarina, desenvolvidoem uma Unidade de Internação Cirúrgica de um HospitalPúblico de Florianópolis, no mesmo período e local de

    elaboração do trabalho de conclusão de curso. Issofacilitou, pelo fato de a PCA permitir que a assistênciafosse feita de maneira concomitante com a pesquisa.

    O estudo desenvolvido na UIC II ocorreu no segundosemestre de 2008 e foi realizado com 12 mulheres que,voluntariamente, concordaram em participar da pesquisae serem entrevistadas durante o período de internação.As entrevistadas entre 21 e 49 anos de idade, 83% residiaem cidades catarinenses, todas possuíam o ensino médiocompleto, 75% delas trabalhavam fora de casa e a rendafamiliar variava entre três e oito salários mínimos.

    Os dados foram coletados por meio de entrevistas,quando houve a criação de vínculo com as entrevistadase após a leitura e a assinatura do Termo de ConsentimentoLivre e Esclarecido. Os relatos foram gravados paraposterior transcrição e análise de dados. Para garantiro anonimato, as entrevistadas foram identificadas comnomes de deusas da mitologia grega.

    Como se trata de uma pesquisa qualitativa, a análisedas informações foi baseada nos quatro processospropostos pela PCA: apreensão, síntese, teorização erecontextualização.6

    O processo de apreensão inicia-se com a coleta deinformações, que depois serão transcritas de formaorganizada. A fase de síntese caracteriza-se por ser parte

    da análise que examina subjetivamente as associações evariações das informações, necessitando de uma imersão

    INTRODUÇÃO

    As primeiras cirurgias plásticas ocorreram na Índia há1000 anos a.C. Elas tratavam da reconstrução de narizamputado. Naquela época, alguns criminosos eram

    punidos por seus crimes com a amputação do nariz.Era uma marca que os identificava como “foras da lei”.Para se livrarem desse estigma, muitos procuravamprofissionais da casta de sacerdotes que faziam umnovo nariz com uma porção da pele retirada da fronte.O resultado da técnica era grosseiro, mas os pacientesficavam satisfeitos com a cirurgia, pois a aparência delesestava mais próxima dos indivíduos normais, e era issoo que pretendiam.1

    O grande avanço da medicina, nas últimas décadas,contribuiu para o aumento significativo da longevidadeda população, e, com isso, a qualidade de vida passoua ser mais valorizada.

    Deformidades ou pequenas falhas estéticas, ao setornarem causa de sentimento de inferioridade oufator de conflitos emocionais, tornam-se fatores dedesequilíbrio para a saúde do indivíduo.2

    A cirurgia plástica pode ser dividida em dois ramos: acirurgia plástica estética e a reparadora ou reconstrutiva.Cabe à cirurgia plástica estética trazer as alterações denormalidade do corpo para o mais próximo possíveldaquilo que se concebe como padrão de beleza parauma cultura, como também corrigir as alteraçõesevolutivas do tempo.3 Assim, pode ser uma cirurgiaplástica de aumento ou de redução da mama. Jáa cirurgia plástica reparadora ameniza ou corrige

    danos físicos e/ou psicológicos que contribuem parao desequilíbrio das necessidades humanas básicas doindivíduo, como uma reconstrução de mama decorrentede uma mastectomia por câncer.

    Atualmente, é notável o crescimento da indústriacosmética e da especialidade de cirurgia plástica, poisas pessoas estão cada dia mais preocupadas com aaparência física e com os “padrões de beleza” impostospela sociedade e pela mídia.

    O Brasil ocupa, hoje, o segundo lugar no ranking mundialdos países que mais realizam cirurgias plásticas porano, perdendo apenas para os Estados Unidos, e éconsiderado o melhor no aperfeiçoamento de técnicas

    e formação de cirurgiões. Em 2004, foram realizadas616.287 mil cirurgias plásticas no país, sendo que 59%foram estéticas e 41% reparadoras.4

    As mamas, componentes da estética feminina, podemser analisadas sob dois aspectos:

    funcional e emocional. Na visão funcional, trata-se deórgãos produtores de leite que servem para alimentaros recém-nascidos; já pela visão emocional, trata-sede órgãos que criam uma imagem física corporalque simboliza a sensualidade e a sexualidade, fatoresdeterminantes da feminilidade.5

    Em relação à cirurgia plástica estética nas mamas, nosso

    trabalho foi realizado com pacientes submetidas àmamoplastia de aumento e mamoplastia redutora; já

  • 8/17/2019 Comunicação de noticias.pdf

    13/144

    153remE – Rev. Min. Enferm.;14(2): 151-158, abr./jun., 2010

    nas informações trabalhadas na fase de apreensão parase familiarizar com elas.6

    Já na fase de teorização, o pesquisador desenvolve umesquema teórico com base nas relações reconhecidas

    durante o processo de síntese. Os temas/conceitossão definidos e as relações entre eles, descritasdetalhadamente. As autoras sugerem que o primeiropasso da teorização consiste em descobrir os valorescontidos nas informações, o que auxiliará na formulaçãode pressupostos e conceitos, sendo que a interpretaçãoserá feita à luz da fundamentação teórico-filosóficaescolhida para proceder à associação desta com osdados analisados. A fase de recontextualização, ouprocesso de transferência, busca dar significado aosachados e contextualizá-los em situações similares paraque os resultados possam ser socializados e utilizadosem outros processos similares.6

    Os dados foram obtidos por meio de entrevistas gravadase transcritas. O instrumento utilizado para nortear asentrevistas foi um roteiro (Anexo 1), por meio do qual seexplorou a vivência do procedimento cirúrgico que asentrevistadas enfrentaram, cujas respostas organizaramos resultados apresentados a seguir.

    A pesquisa foi julgada e aprovada pelo Comitê de Éticaem Pesquisa com Seres Humanos da UniversidadeFederal de Santa Catarina (UFSC), com o número150/2008.

    RESULTADOS

    Motivos que levam as mulheres a realizar cirurgianas mamas

    Os motivos que levam as mulheres a realizar a cirurgia dereconstrução de mama são basicamente três: o incentivoda equipe médica e da família, a estética, por causa dainsatisfação pessoal, e a preocupação com a roupa ecom o bem-estar.

    Das seis mulheres que se submeteram à cirurgia dereconstrução, três citam o incentivo tanto da equipemédica quanto de algum familiar. Dessas, duas disseramque a faixa etária em que se encontravam contribuiupara o incentivo dos médicos, como nas falas a seguir:

     Acho que o incentivo de fazer foi dos médicos e dos meusfilhos, porque eu sou muito nova. (Deméter, 49 anos)

    [...]  e também a equipe de mastologia sempre meincentivou a fazer pela idade. (Niké, 43 anos)

    O desejo pela estética é percebido pela maioria dasentrevistadas, principalmente quando questionadas seestavam se sentindo bem:

    Não, não, nem um pouquinho, nem um pouco, é muitoruim (refere-se a ficar sem a mama). (Afrodite)

    Mesmo para se arrumar, colocar a roupa é muito ruim.No verão, para eu usar blusinha de alcinha, vestidinhos,

    é bem complicado! Espero que com a cirurgia melhoreum pouco a estética, porque desde que eu fiz a cirurgia(mastectomia) eu não consigo me olhar no espelho.  (Atena)

    Outro estudo também revela essa preocupação queas mulheres mastectomizadas possuem em relação àvestimenta e ao contato com o espelho. Essas mulheressentem vergonha de si mesmas e das outras pessoas,dificultando a retomada da vida social.7

    Uma pesquisa internacional diz que as mulheresdecidem fazer a reconstrução das mamas por diversasrazões. O benefício para a saúde psicossocial é, talvez,o principal incentivo.8  O aumento da expectativade vida é o objetivo principal quando se pensa emtratar ou prevenir o câncer de mama. Entretanto, oreconhecimento da importância da situação física e daintegridade psicológica é cada vez mais considerado, e a

    reconstrução da mama tem se tornado uma opção paraas mulheres mastectomizadas.9

    Outro fator que leva à reconstrução da mama é a buscapelo bem-estar. Niké relata que bem-estar é nadar, ir àpraia, à cachoeira, e após a cirurgia disse que irá se sentirmelhor em realizar essas atividades. O desconforto écitado por Selene: Ah! O desconforto! A gente é mulher, évaidosa, eu não estava bem com o meu corpo.

    As mulheres realizam a mamoplastia de aumentotambém por estética e bem-estar. A insatisfação e avergonha pelo tamanho da mama aparecem comosentimentos determinantes para justificar a busca estéticacom a cirurgia. Já o bem-estar engloba a autoestima e a

    realização pessoal para as entrevistadas.O discurso das motivações é amplo, pois ele enfatiza osofrimento pela insatisfação com o corpo e o desejo deelevar a autoestima ligado à vontade de parecer mais

     jovem ou mais feminina e, eventualmente, tirar proveitodessa condição.10

    Na fala de Hebe podemos perceber que a insatisfaçãocom o tamanho da mama foi determinante para realizara cirurgia: Eu não era satisfeita com o tamanho do meuseio, então eu resolvi colocar prótese. Gaia, por sua vez,diz que há mais de dez anos pensa em realizar a cirurgia,pois a amamentação causou diminuição considerávelnas mamas:

    Como eu amamentei muito, eu tenho muita pele no seio, por isso tem que preencher. A mama está feia assim,não é bonita de ver. A mama é algo muito importante para a mulher e eu venho com este processo de colocar prótese ou fazer a cirurgia de aumento e de levantaresteticamente há muito tempo, faz uns 10 anos queestou neste ‘movimento’. 

    Já Reia é pontual em sua resposta quando questionadasobre os seus motivos para realizar a cirurgia: Vergonha.

    O bem-estar surge como importante motivo para arealização da mamoplastia de aumento. Ele vem evidenciado

    pela busca de melhora na autoestima e realização pessoal,como se pode perceber no relato de Gaia:

  • 8/17/2019 Comunicação de noticias.pdf

    14/144

    Cirurgia nas mamas: a experiência de mulheres que buscam a harmonia com seus corpos

    154 remE – Rev. Min. Enferm.;14(2): 151-158, abr./jun., 2010

    É uma questão de autoestima mesmo, de poder se olharno espelho e ver  o seio ajeitado. Decidi que quero viverminha vida... Eu estou completando 50 anos e queroviver minha vida da melhor forma possível, aproveitarde uma forma muito alegre, de uma forma muito paracima. Há tantas pessoas adoecendo por motivos sérios,como o câncer. Eu acho que isso foi uma das coisas queme impulsionaram a melhorar tudo para estar bem.Então é um ‘movimento’ interno mesmo, de realização pessoal.

    Para algumas mulheres, o fato de terem seios muitopequenos oprime-as e desestimula-as a ir adiante, nabusca pelos seus objetivos de vida. Quando a mulherestá segura, sentindo-se bem e bela, adquire coragempara enfrentar os desafios.10

    Os motivos que as entrevistadas alegaram para realizara cirurgia de mamoplastia redutora foram: estética, porcausa do tamanho das mamas, e preocupação com a

    roupa e o bem-estar, evidenciado por desconforto eproblemas físicos, como a dor nas costas. Circe diz:

    O motivo principal foi a minha dor na coluna, porquecom o peso da mama a minha postura ficou irregulare acabei ficando com problemas na coluna, esse foi omotivo maior. Outro motivo é esteticamente, porqueacho minha mama feia. Na verdade o que me maislevou mesmo foi a dor na coluna e não a estética.

    Euríbia diz que o desconforto, a preocupação coma roupa e a diferença no tamanho de suas mamas alevaram a querer realizar a cirurgia:

    O desconforto primeiro pela diferença de tamanho dosseios e a dificuldade de conseguir encontrar roupa, sutiã,biquíni que se adequasse ao tamanho, porque eu achoque tenho uma estrutura bem pequena para ter um seiodo tamanho que era.

    Algumas vezes, mulheres com mamas pequenas ougrandes têm uma imagem corporal distorcida de simesmas. A imagem corporal refere-se ao conceitopessoal que os indivíduos têm do próprio corpo e incluicaracterísticas afetivas, cognitivas, comportamentais eperceptuais. Ela diz respeito ao tamanho e à forma docorpo, das partes que o constituem, e aos sentimentos

    relacionados a essas características.10

    Quando as mulheres decidem se submeter acirurgia nas mamas

    De acordo com a indicação médica, a reconstruçãopode ser realizada logo após a cirurgia de mastectomiaou em outro momento. Existem várias técnicas quepodem ser empregadas, como implante artificial desilicone, solução salina, reconstituição com retalhos domúsculo grande dorsal ou dos músculos abdominais,vai depender de cada caso.11

    A maioria das mulheres entrevistadas manifestou o

    desejo de reconstruir a mama após a retirada, como sepercebe nas falas a seguir:

    Quando eu soube que ia retirar, eu já queria implantar. Se pudesse ter feito em seguida, já teria feito. (Nike)

    Na verdade, eu tomei essa decisão quando eu tirei, eu já estava preparada psicologicamente, bem preparada!  (Afrodite)

    Em um estudo mostrou-se que as mulheres submetidasà reconstrução imediata, na sua maioria, sentiram-semais satisfeitas, em comparação com as que fizerama reconstrução tardia, em que se notou sofrimentopsíquico aliado à baixa autoimagem.12 Em outro estudotambém mostrou-se que as mulheres submetidas àreconstrução imediata obtiveram melhor resultadoestético, sofreram menor impacto quanto à feminilidade,à autoestima e ao relacionamento sexual.13 

    Já nas cirurgias estéticas, as entrevistadas que realizaramaumento de mamas responderam que decidiram realizar

    a cirurgia assim que pararam de amamentar e porquequeriam se sentir melhor e mais bonitas.

    Na fala de Reia, observa-se que sua decisão foi tomadapor causa da vergonha que sentia, pois, após aamamentação, as mamas diminuíram:

    Foi logo depois que eu parei de amamentar quediminuiu.  Ano passado eu nem fui à praia de vergonha,daí eu disse: não, esse ano vou ter que ir à praia.

    Duas entrevistadas disseram que há muito tempopensavam em fazer a cirurgia e que a decisão tinha sidotranquila e gradativa:

    Sempre quis, sempre desejei, foi tranquilo, bemtranquilo. (Hebe)

     Já venho em um ‘movimento’ há muito tempo. Eu venhoem um ‘movimento’ crescente de estar me valorizando,de estar procurando as minhas coisas. Meus filhos estãograndes, sou divorciada há muito tempo, há 20 anos. Esse peso está mais leve, sabe? Daí dá vontade de olhar paramim, agora é comigo, agora é a minha vez. (Gaia)

    Percebe-se que há uma mistura de necessidade edesejo em realizar a mamoplastia de aumento. O desejoconstitui um sentimento e uma vontade individual queleva a mulher a procurar a cirurgia para aumentar as

    mamas; já a necessidade é gerada externamente pelocontexto social em que ela está inserida. A necessidadeseria, portanto, a legitimação do desejo, entendida comoalgo indispensável.10

    Em um estudo, forneceram-se evidências de melhora nasatisfação com a própria aparência após a cirurgia estética.No estudo, apontou-se, também, que os cirurgiões devemestar cientes, especialmente em relação aos problemaspsicológicos que poderiam inibir os efeitos positivos dacirurgia estética.14

    Em relação a quando resolveram fazer a cirurgia, asmulheres que fizeram redução de mamas disseram que

    a decisão já havia sido tomada anos atrás, como na faladesta entrevistada:

  • 8/17/2019 Comunicação de noticias.pdf

    15/144

    155remE – Rev. Min. Enferm.;14(2): 151-158, abr./jun., 2010

    Eu já tinha esta decisão antes de eu engravidar. Entãoisso já tem um ano e meio. Eu já tinha decidido que euiria fazer redução pra ficar com uma postura legal e porcausa da estética. (Hera)

    Circe disse que o aumento de peso foi decisivo pararealizar a cirurgia:

    Eu engordei 15 quilos este ano, e aí aumentou o peso damama, daí pressionou mais a coluna e agravou a dorque eu vinha sentindo. Então, eu comecei a ter váriascrises de não conseguir nem me mexer de tanta dorna coluna. Foi a decisão, e foi aí que eu resolvi: tenhoque fazer! 

    A mamoplastia redutora tem como objetivo reduzir ovolume das mamas, melhorando a estética e auxiliandona correção de problemas posturais, dorsalgia e ptose,principalmente após gravidez e a lactação.15

    Sentimentos e expectativas em relação à cirurgia

    Os sentimentos e as expectativas em relação à cirurgiade reconstrução de mama foram de ansiedade, tantorelacionados ao resultado quanto à anestesia, e,também, de nervosismo, tranquilidade, felicidade e boarecuperação.

    Ártemis demonstra diversos sentimentos em sua fala:

     Ah! A gente sempre fica nervosa, apreensiva, porque,como não é a primeira que eu faço, já estou cansada,calejada de estar sendo cortada. Sempre a gente ficaassim preocupada, não sabe como vai ser a reação daanestesia.

    Ártemis realizou quatro cirurgias para tentar evitar aretirada da mama esquerda.

    Duas entrevistadas relataram que estavam ansiosas pararealizar a cirurgia de aumento de mamas. Hebe diz quesua ansiedade era em relação ao resultado: Estava bemansiosa, bem ansiosa, pra ver o resultado. Já Reia fala quesua ansiedade era antes do procedimento cirúrgico: Nãodormia de tão ansiosa! Estava bem nervosa na véspera,mas quando cheguei aqui não, daí já estava calma. Gaia,

    por sua vez, estava tranquila:

    Eu estou muito tranquila, muito tranquila mesmo emrelação à cirurgia e eu tenho certeza de que vai dartudo certo. Já conheço todo o procedimento. Minhafilha já fez (cirurgia de aumento de mamas). Eu tenhouma convicção comigo que se você mentaliza as coisas para o bem, as coisas vão e acontecem e eu estou muitoconvicta disso.

    Ansiedade e nervosismo foram relatados tambémquando questionadas quanto às expectativas esentimentos das mulheres em relação à mamoplastiaredutora. Hera fala de sua ansiedade para ver o resultado:

    Um pouco ansiosa, mas é uma coisa que eu queria muito.É só ansiedade mesmo para ver logo como é que vai ficar.

    Os cirurgiões plásticos, frequentemente, relatam grandesatisfação de seus pacientes com os procedimentosestéticos. Supõe-se, então, que as modificaçõesna aparência física causem mudanças psicológicaspositivas mediante a elevação da autoestima e da

    autoconfiança.10

    Expectativas de mudança na vida em relação àcirurgia

    A estética é apontada pelas entrevistadas como aprincipal expectativa de mudança na vida após areconstrução. A melhora da autoestima também foidestacada. Uma entrevistada não soube responder quaiseram suas expectativas e outra citou a expectativa deuma melhora gradativa.

    Deméter demonstra em sua fala uma expectativa de

    melhora gradativa:

    Não sei se vai mudar muita coisa. Depois que eu fizerda outra (mama) de repente... Depois tem o mamilo,tem um monte de coisa pra fazer! Eu vou ‘correr’ muitocom isso aqui.

    Já Ártemis destaca a estética e a autoestima:

    Eu vou me sentir bem melhor, porque não vou mais tera preocupação de andar com sutiã de prótese, de me preocupar em cuidar, porque dependendo do lugar quevocê está você não pode se abaixar, todo mundo vê quevocê está com uma prótese e está sem a mama e com a

    reconstrução já ajuda bastante.

    Para as entrevistadas que realizaram mamoplastia deaumento, as expectativas de mudança na vida após acirurgia são basicamente em relação ao aumento daautoestima e à realização em mudar o visual por meioda roupa:

     Ah! A minha autoestima, meu Deus! Vou trocar meuguarda-roupa, porque não vai caber mais nada! Estoubem feliz!. (Reia)

    Eu sei que vou estar mais solta para usar blusinha dealcinha, porque, se eu colocar uma blusa sem sutiã ,

    fico uma ‘tábua’. Uma coisa que me incomoda é, porexemplo, colocar um top para ir caminhar, porque se eucolocar uma blusa justa fica reto, fica sem nada. Então , fisicamente, vai mudar e o efeito psicológico vem. Eunão consigo dimensionar, só sei que eu vou ter muitoganho, eu tenho certeza disso... (Gaia) 

    Estudos mostraram que mulheres que fazem aumento demamas obtiveram mudanças positivas na autoimagem,melhoria nas relações sociais e perda do constrangimentoem relação às mamas.10

    As mulheres que fizeram redução disseram que aautoestima e a estética, principalmente em relação

    às roupas, são fatores que vão mudar bastante a vidadelas:

  • 8/17/2019 Comunicação de noticias.pdf

    16/144

    Cirurgia nas mamas: a experiência de mulheres que buscam a harmonia com seus corpos

    156 remE – Rev. Min. Enferm.;14(2): 151-158, abr./jun., 2010

    Principalmente a minha autoestima e não vou maisme preocupar com a dor... Agora vou poder mudar oguarda roupa, principalmente porque eu nunca pudecomprar um sutiã bonito... Aí eu acho que isso vai mudarbastante!  (Circe)

    Vou ter um pouco mais de liberdade de poder, sei lá,usar uma blusinha... (Euríbia)

     Acho que eu vou emagrecer um pouquinho. Vou mesentir mais magra... vou poder colocar umas blusasmais decotadas. (Hera)

    Situação das mulheres após a cirurgia

    Quanto aos sentimentos e emoções vividos após acirurgia de reconstrução, foram referidos a ansiedade,o bem-estar, a felicidade, a animação, o desânimo ea dor.

    Selene demonstra desânimo em sua fala:

    É que tem muitas etapas pela frente ainda né, tem quefazer o bico, a simetrização, tem muito caminho pelafrente, daí isso desanima a gente, porque é muito tempo,em média cada etapa leva um ano, então imaginoque vou terminar quando tiver uns 50 anos! Agora quecomecei quero terminar, mas é muito desgaste! 

    Já Atena demonstra animação e ansiedade:

     Ah! Sei lá, parece ainda que é mentira! Ainda não ‘caiua ficha’. Eu tento espiar ali (a mama reconstruída) praver como é que está, mas não consigo ver direito! Estou

    bastante curiosa! 

    Quando questionadas sobre a situação atual, ou seja,sentimentos e sensações após a cirurgia, as mulheresque fizeram aumento de mamas responderam quesentiram tranquilidade, desconforto, dor, felicidade ebem-estar. Hebe resume sua situação:  Agora eu estoume sentindo bem. Reia relata problemas físicos em suasituação atual:

    Um desconforto de não poder mexer os braços, porquedói, parece que vai rasgar tudo, e as costas doem muito porque a gente tem que ficar  na mesma posição. Agoraque levantei já passou tudo, só se respirar fundo dói.Coloquei silicone embaixo do músculo, porque nãotinha pele para colocar em cima, então dói. Mas estoubem feliz.

    Algumas mulheres que realizaram redução relataramque estavam ansiosas, outras, que estavam felizes eoutras, com dor, quando questionadas como se sentiamno momento. Circe resume: Estou bem, estou feliz! Euríbiafala sobre sua ansiedade:

    Um pouco ansiosa, assim, com vontade de ver, vontadede ver e vontade de não ver, porque eu só queria verdepois que estivesse tudo certinho; não queria chegar

    a ver o machucado nem nada, mas eu estou bemansiosa.

    Expectativas das mulheres quanto à opinião dosfamiliares e amigos em relação à cirurgia e aosresultados

    As expectativas das mulheres quanto à opinião dos

    familiares e amigos em relação à cirurgia de reconstruçãosão geralmente de apoio. Apenas em dois casos as mãesdas entrevistadas, por medo e receio, não opinaram ouforam contra a realização do procedimento cirúrgico:

    Todos me apoiam, se é isso que eu quero. Só minhamãe que sempre fica preocupada; ela acha que eudevia deixar como estava, pra não mexer mais, medoda cirurgia, né? (Ártemis)

    Minha filha me deu muita força. Ela tem 11 anos. Meumarido, a princípio, me disse que não era para fazer; porele ficaria assim, mas, como apareceu a oportunidadee a confiança no pessoal da cirúrgica, resolvi ir atrás.Minha mãe nunca disse nada, porque ela tinha medo

    da cirurgia, mas também sei que ela sempre me apoiou (Niké)

    Em relação às que fizeram mamoplastia de aumento,elas disseram que todos também apoiaram e que iamgostar do resultado, como mostra a fala de Hebe:  Ah!Vão achar legal. Todos apoiaram. Todos acharam que eudevia fazer. Reia também fala sobre o apoio que teve etem dos familiares:  Ah antes todo mundo apoiou, meumarido esteve aqui, adorou! Minha mãe apoiou, todomundo apoiou.

    O apoio da família também é relatado pelas mulheresque realizaram a cirurgia de redução de mamas. Hera

    diz:  Ah! Eles estão doidos para ver como é que eu vouficar. Até agora o telefone não parou de tocar. Apoiarambastante. Circe também diz que o apoio é total por partedos parentes e amigos: Estão todos me apoiando, todomundo achando que vai ficar legal.

    Observou-se que os motivos que levam as mulheres arealizar a cirurgia nas mamas são a estética, evidenciadapela preocupação com a roupa; vergonha, insatisfaçãopessoal, por não terem seio, por ter seio grande oupequeno; e o bem-estar, porque se sentem desconfortáveise com baixa autoestima.

    Foram encontradas semelhanças entre quem faz

    cirurgia estética e reparadora nos seguintes aspectos:os motivos são basicamente os mesmos; a decisão dese submeter à cirurgia já havia sido tomada há tempo;ansiedade e nervosismo são os sentimentos relatadospelas mulheres em relação à cirurgia; as expectativasde mudança na vida após a cirurgia são de melhorar aestética e a autoestima principalmente relacionadas àmudança do visual, por meio da roupa; após a cirurgia,as mulheres referiram satisfação pessoal, consideradapor elas como felicidade, e desconforto físico, relatadocomo dor; o apoio dos familiares apareceu nas falas damaioria das entrevistadas.

    Quanto às diferenças, analisou-se que o incentivo dos

    médicos ou da equipe de mastologia é um dos motivosque levam as mulheres a realizar a reconstrução, o que não

  • 8/17/2019 Comunicação de noticias.pdf

    17/144

    157remE – Rev. Min. Enferm.;14(2): 151-158, abr./jun., 2010

    aparece nas falas das mulheres que realizaram cirurgiasestéticas. Outra diferença é quanto às expectativasde mudança na vida, porque na reconstrução umaentrevistada relatou a expectativa de melhora gradativa,dadas as várias etapas da cirurgia reconstrutora. Na

    mamoplastia de aumento ou redutora, a opinião dosfamiliares e amigos foi de apoio, diferentemente dacirurgia de reconstrução, na qual em dois casos asmães não opinaram ou foram contra a realização doprocedimento cirúrgico.

    Após esta análise, pode-se concluir que desde aAntiguidade o homem cultua o corpo, e isso permanecemuito forte em nossa cultura popular. Mente e corpotrabalham sempre juntos quando o assunto é beleza,pois é evidente que um precisa estar em harmonia como outro para haver satisfação pessoal plena.

    CONSIDERAÇÕES FINAISEm nossa sociedade, fugir de padrões estéticos impostosleva a punições, que são encaradas de diferentes formaspelas mulheres. Algumas buscam melhorar a aparênciafísica e, consequentemente, a psicológica em academias,clínicas estéticas ou mediante procedimentos cirúrgicos.Existe, no entanto, um grupo que vive em harmonia mesmofora dos ditos padrões, pois há um equilíbrio entre a mente,o corpo e o contexto social onde estão inseridas.

    As mulheres que decidem por uma cirurgia plástica, sejaestética, seja reparadora, buscam suprir suas necessidadespsicológicas e físicas. Primeiro, para não terem mais vergonhapor não terem mama, ou por causa do tamanho dela –

    grande ou pequena para os padrões –, e, também, pelaautoestima que esperam aumentar consideravelmenteapós a cirurgia. As questões físicas são relacionadas aoolhar-se no espelho e gostar do que se vê, poder usar asroupas que se tem vontade e, finalmente, encaixar-senos padrões de beleza atuais.

    A decisão dessas mulheres em realizar uma cirurgiaplástica estética ou reparadora está intimamente ligadaao fato de encontrarem harmonia com o próprio corpoe adquirirem realização pessoal, estando em equilíbriofísico-mental.

    Pode-se concluir, portanto, que as mulheres buscamsempre a harmonia com o próprio corpo, uma vez que háem nossa sociedade padrões de beleza impostos. Buscaressa harmonia significa, primeiro, alcançar a belezaexterior e, depois, consequentemente, o equilíbriopsicológico, social e emocional, tudo isso diretamenterelacionado à realização pessoal de cada uma dessasmulheres.

    A cirurgia plástica, tanto a estética quanto a reparadora,vem causando um grande impacto no Brasil e nomundo. Como membro da equipe multiprofissional, oenfermeiro vem se instrumentalizando para acompanhar

    esse desenvolvimento. A atuação desse profissional éde extrema importância na reconstrução do equilíbriopessoal, porque, além de prestar os cuidados de naturezatécnica de enfermagem, ainda pode contribuir para apromoção do bem-estar psicológico, social e emocionaldessas mulheres.

    Então, este estudo foi realizado com o objetivo decompreender como as mulheres vivenciam a experiênciade um procedimento cirúrgico nas mamas, buscandocontribuir para um cuidado que atenda às necessidadese expectativas dessas mulheres.

    Os resultados deste estudo demonstram que, indepen-dentemente do motivo que leva as mulheres a se

    submeterem a um processo cirúrgico, suas necessidades,seus sentimentos e suas expectativas se assemelham.Isso leva a refletir sobre a natureza do cuidado queé prestado a essas mulheres, já que a todas deve sergarantido um cuidado de enfermagem eficiente, eficaze convergente aos requerimentos do ser cuidado.16

    REFERÊNCIAS

    1. Ferreira MC. Beleza e bisturi: O que as cirurgias estéticas podem (e o que não podem) fazer por você. São Paulo: MG Editores Associados; 1997.

    2. Ely JF, Ely PB. Pré e pós-operatório em cirurgia plástica. In: Pré e pós-operatório em cirurgia geral especializada. Porto Alegre: Artmed; 2003.

    3. Mélega JM, Reiff ABM. Introdução à cirurgia plástica. In: Mélega JM. Cirurgia plástica: fundamentos e arte: princípios gerais. Rio de Janeiro:

    Medsi; 2002.

    4. SBCP. São Paulo: Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. [Citado em 2008 ago. 08]. Press Release [aproximadamente 1 tela]. Disponível em:http://www.cirurgiaplastica.org.br/publico/press01.cfm

    5. Chaves IG. Mastologia: aspectos multidisciplinares. Rio de Janeiro: Medsi; 1999.

    6. Trentini M, Paim L. Pesquisa convergente assistencial: um desenho que une o fazer e o pensar na prática assistencial em saúde-enfermagem.Florianópolis: Insular; 2004.

    7. Duarte TP, Andrade AN. Enfrentando a mastectomia: análise dos relatos de mulheres mastectomizadas sobre questões ligadas à sexualidade.Estud Psicol [periódico na internet]. Abr. 2003 [Citado em 2008 nov. 18]; 8(1): [aproximadamente 8 p.]. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/epsic/v8n1/17245.pdf

    8. Heller L, Miller MJ. Patient education and decision-making in breast reconstruction. Seminars of Plastic Surgery. 2004; 18(2): 139-48.

    9. Isern AE, Tengrup I, Loman N, Olsson H, Ringberg A. Aesthetic outcome, patient satisfaction, and health-related quality of life in women athigh risk undergoing prophylactic mastectomy and immediate breast reconstruction. J Plast Reconstr Aesthetic Surg. 2008; 61: 1177-87.

    10. Baima ALF. As “turbinadas” e os pigmaleões: implantes mamários de silicone e a beleza construída [dissertação]. Rio de Janeiro; 2007 [Citadoem 2008 nov. 18]. Disponível em: http://www.tesesims.uerj.br/lildbi/docsonline/2/6/362-Andre_Baima.pdf

  • 8/17/2019 Comunicação de noticias.pdf

    18/144

    Cirurgia nas mamas: a experiência de mulheres que buscam a harmonia com seus corpos

    158 remE – Rev. Min. Enferm.;14(2): 151-158, abr./jun., 2010

    11.   Almeida RA. Impacto da mastectomia na vida da mulher.   Rev SBPH. [periódico na internet]. Dez. 2006 [Citado em 2008out. 18]; 9(2): [aproximadamente 14 p.] Disponível em: http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-08582006000200007&lng=pt&nrm=iso

    12. Maluf MFM, Jo ML, Barros ACSD. O impacto psicológico do câncer de mama (2005). Rev Bras Cancerol. [periódico na internet]. Abr. de 2005[Citado em 2008 nov. 18]; 51(2): [aproximadamente 5 p.]. Disponível em: http://www.inca.gov.br/rbc/n_51/v02/pdf/revisao1.pdf

    13. Von ST, Kvalem IL, Roald HE, Skolleborg KC. The effects of cosmetic surgery on body image, self-esteem, and psychological problems. J PlastReconstr Aesthetic Surg. 2008. 61:1-7.

    14. Melo AGC. Câncer de mama: aspectos psicológicos e adaptação psicossocial. Associação Brasileira de Cuidados Paliativos. Set. 2002 [Citadoem 2008 out. 18]; Disponível em: http://www.cuidadospaliativos.com.br/artigo.php?cdTexto=56

    15. Tafuri LSA, Gobbi H. Hiperplasias epiteliais em espécimes de mamoplastia redutora estética bilateral e mamoplastia redutora contralaterala câncer de mama. J Bras Patol Med Lab. [periódico na internet]. Abr. 2005 [Citado em 2008 out. 18]; 41(2): [aproximadamente 5 p.]. Disponívelem: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1676-24442005000200012&lng=&nrm=iso

    16. Rocha PK, Prado ML, Wal ML, Carraro TE. Cuidado e tecnologia: aproximações através do Modelo de Cuidado. Rev Bras Enferm. [periódicona internet]. Fev. 2008 [Citado em 2008 dez. 02]; 61(1): [aproximadamente 3 p.] Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672008000100018&lng=en&nrm=iso

    Anexo 1

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINACCS – CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

    DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

    Roteiro de perguntas

    Idade:______________________________________ Estado civil: _____________________________________

    Residência:__________________________________________________________________________________

    Escolaridade:________________________________________________________________________________

    Profissão:___________________________________ Renda familiar per capita:___________________________ Tipo de cirurgia:______________________________________________________________________________

    Perguntas:

    1) Quais são os motivos que leva você a querer realizar a cirurgia?

    2) Como foi tomar esta decisão?

    3) Quais são seus sentimentos, expectativas em relação à cirurgia?

    4) O que você acha que vai mudar na sua vida após a cirurgia?

    5) Como está se sentindo?

    6) O que acha que sua família e seus amigos vão dizer sobre os resultados da cirurgia?

    Data de submissão: 30/12/2008Data de aprovação: 26/5/2010

  • 8/17/2019 Comunicação de noticias.pdf

    19/144

    159remE – Rev. Min. Enferm.;14(2): 159-165, abr./jun., 2010

    VIVÊNCIA MATERNA COM O FILHO PREMATURO: REFLETINDO SOBRE ASDIFICULDADES DESSE CUIDADO* 

    MATERNAL EXPERIENCE WITH A PREMATURE CHILD: THINKING ABOUT THE DIFFICULTIES OF THIS CARE

    VIVENCIAS MATERNAS CON EL HIJO PREMATURO: REFLEXIONANDO SOBRE LAS DIFICULTADES DEDICHO CUIDADO

    Nilba Lima de Souza1

    Ana Cristina Pinheiro Fernandes Araujo2

    Íris do Céu Clara Costa3 Antônio Medeiros Junior4 

    Horácio Accioly Junior5 

    RESUMOEste é um estudo qualitativo, realizado com 28 mulheres, no qual se utilizou o grupo focal. O objetivo foi analisar as

    vivências maternas com o recém-nascido prematuro durante a hospitalização em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal(UTIN) e nos primeiros dias após a alta hospitalar. Os relatos foram submetidos ao software ALCESTE, que possibilitoua categorização dos dados, permitindo compreender significados, sentimentos e dificuldades enfrentadas pelas mãesdurante o internamento do filho na UTIN e no seguimento pós-alta, o que revelou a relação entre esses momentos,especialmente no que se refere às falhas no processo de comunicação entre as mães e a equipe de saúde. Os achadosapontam que a prematuridade precisa ser trabalhada como um fenômeno que requer atenção à família, sobretudoà mãe, favorecendo estratégias para o enfrentamento dessa realidade desde o momento do parto, na hospitalizaçãodo filho na UTIN e, posteriormente, no seguimento domiciliar.

    Palavras-chave: Nascimento Prematuro; Recém-Nascido de Baixo Peso; Comportamento Materno; Pesquisa Qualitativa;Tecnologia da Informação.

    ABSTRACTThis is a qualitative study that analyses a focus group formed by 28 women and their experiences with a prematurenewborn during hospitalization in a neonatal intensive care unit (NICU) and in the first days after hospital discharge. Thereports were submitted to the software ALCESTE, which enabled to understand the perceptions, feelings and difficulties

    faced by mothers during their child’s hospitalization in the NICU and in discharge follow-up. The analysis demonstratedthe relationship between these moments and especially the flaws in the communication process between the mothersand the health team. The findings suggest that prematurity must be treated as a phenomenon requires attention for theentire family and above all for the mother, by favoring strategies to confront this reality from the moment of delivery,during hospitalization of the child in the NICU and later, in the domiciliary follow-up.

    Key words: Premature Birth; Low-Weight Newborn; Maternal Behavior; Qualitative Research; InformationTechnology.

    RESUMENEstudio cualitativo con un grupo focal realizado con 28 mujeres: se analizan las vivencias maternas con niños nacidosprematuros durante la internación en la Unidad de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN) y en el seguimiento post-alta. Los relatosfueron procesados con el software ALCESTE que clasificó los datos y reveló significados, sentimientos y dificultades de lasmadres durante la internación del niño en la UTIN y en los primeros días tras el alta hospitalaria. De los relatos se destaca enespecial lo relativo a los fallos en el proceso de comunicación entre las madres y la plantilla sanitaria. Los hallazgos indicanque hemos de tratar el parto prematuro como un fenómeno que requiere atención a la familia, sobre todo a la madre,

    favoreciendo estrategias que ayuden a enfrentar la realidad desde el momento del parto, en la hospitalización del hijo enla UTIN y, posteriormente, en el seguimiento a domicilio.

    Palabras clave: Nacimiento prematuro; Recién nacido de bajo peso; Comportamiento materno; Investigación cualitativa;Tecnología de la información.

    * Extraído da dissertação de Mestrado Experiência materna com recém-nascido prematuro advindo de uma gravidez de risco , apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Norte em 2005.

    1  Professora. Mestre do Departamento de Enfermagem. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Natal-RN, Brasil. Doutoranda do Programa dePós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCSA-UFRN). Natal-RN. Av. Senador Salgad o Filho, s/n. Campus Universitário – Lagoa Nova. CEP: 59072-970 Natal-RN,Brasil. Fone (84) 32116609 – Fax (84)3215-3615. E-mail: [email protected]

    2  Professora Doutora do PPGCCSA-UFRN, Natal-RN, Brasil. Programa de Pós-Graduação do Centro de Ciências da Saúde. UFRN, Natal-RN, Brasil. Av. Gal. GustavoCordeiro de Farias, SN. Petrópolis. Natal-RN. E-mail: [email protected].

    3  Professora Doutora do PPGCCSA-UFRN. Natal, RN, Brasil. Programa de Pós-graduação do Centro de Ciências da Saúde. UFRN, Natal-RN, Brasil. Av. Gal. GustavoCordeiro de Farias, SN. Petrópolis. Natal-RN. E-mail: [email protected]

    4  Professor Doutor do Departamento de Saúde Coletiva e Nutrição. UFRN, Natal-RN, Brasil. E-mail: [email protected]  Professor Doutor do Departamento de Educação Física da UFRN. Natal, RN, Brasil. Av. Senador Salgado Filho, s/n. Campus Universitário – Lagoa Nova. CEP:

    59072-970 Natal- RN, Brasil. E-mail: [email protected].

    Endereço para correspondência – Nilba Lima de Souza: Av. Senador Salgado Filho, s/n. Campus Universitário – Lagoa Nova. CEP: 59072-970 Natal-RN, Brasil.Fone (84) 32116609 – Fax (84)3215-3615. E-mail: [email protected].

  • 8/17/2019 Comunicação de noticias.pdf

    20/144

    Vivência materna com o filho prematuro: refletindo sobre as d ificuldades desse cuidado

    160 remE – Rev. Min. Enferm.;14(2): 159-165, abr./jun., 2010

    Para haver uma transição satisfatória da unidadeneonatal para o domicílio materno, um passo importanteé assegurar o reestabelecimento da família após onascimento prematuro.9 Nesse aspecto, destaca-se o papelfundamental dos profissionais de saúde no preparo dessas

    famílias, tanto durante o acompanhamento materno dofilho na UTIN como no período que antecede a alta.10

    Portanto, tratando-se de recém-nascido prematuro, oscuidados necessários para assegurar-lhe o desenvolvimentosaudável iniciado durante a hospitalização devem serampliados para além do ambiente hospitalar, envolvendotanto a família como o contexto social no qual estáinserido. Observa-se que esses dois aspectos, na literaturapertinente, comumente são analisados separadamenteem populações diferentes e não retratam a interligaçãodos sentimentos, percepções e atitudes vivenciadospela mãe durante e após a hospitalização do filhoprematuro.

    Baseando nisso, construiu-se este estudo com o objetivode analisar as vivências maternas com o filho prematurodurante a hospitalização na UTIN e posteriormente noambiente domiciliar, para o mesmo grupo de mulheres,buscando identificar interligações existentes entre essesmomentos, com vista à ampliação do cuidado ao recém-nascido e a família do prematuro desde o nascimentoaté o seguimento domiciliar.

     

    TRAJETÓRIA METODOLÓGICA

    Estudo descritivo com a utilização da técnica do grupofocal, por meio da qual se obtém, de forma descontraídae informal, opiniões e atitudes, mediante discussões emgrupo.11 Optou-se por essa técnica pela possibilidadede obter resultados que emergiram da discussãoentre mulheres que têm em comum a vivência donascimento de um filho prematuro em situação queexigiu internamento em UTIN e que, portanto, comoparte integrante de um mesmo contexto, relataram suasvivências de forma coletiva.

    O estudo foi realizado em dois momentos. O primeiro,com 28 mães que se encontravam há mais de 48 horascom o filho hospitalizado na UTIN. O segundo, o mesmogrupo de mulheres, estabelecendo-se o critério mínimode 30 dias após a alta hospitalar do último recém-nascidode mãe participante do grupo. Nesse segundo momento,foram contabilizadas perdas de quatro mulheres, duaspor causa do óbito dos filhos e as outras porque nãocompareceram ao segundo momento.

     Foram formados três grupos distintos, estabelecendo-seo critério mínimo de seis e máximo de dez participantes,e ocorreram dois encontros para cada grupo. A escolhapelo mesmo grupo de mulheres, participando dos doismomentos da pesquisa, surgiu da tentativa de identificara interligação entre a vivência materna com o prematurona UTIN e, posteriormente, no domicílio materno.

    As pesquisadas foram abordadas durante o período de

    permanência como mães-acompanhantes e informadasde que participariam de dois encontros, sendo

    INTRODUÇÃO

    O nascimento prematuro é uma experiência desafiadoraque altera a dinâmica familiar, especialmente a da mãe,que durante a vivência da maternidade prematura

    enfrenta conflitos, dada a frequente necessidade dehospitalização do filho. Soma-se a isso o fato de, emcurto período, ela ter de passar a acompanhá-lo naUnidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), ambientede tecnologia avançada que costuma causar impacto emedo à família de prematuros. 

    Na condição de mãe acompanhante do filho na UTIN, amulher é submetida à rotinização hospitalar e afastadado seu convivo familiar e social em detrimento dapriorização do cuidado ao filho hospitalizado.1 Nessecontexto, surgem os conflitos e as dificuldades, muitasvezes decorrentes das relações conflituosas com osprofissionais de saúde, tornando a permanência materna

    hospitalar desagradável, além de despertar sensaçõesde sofrimento e tristeza.

    Comumente, essa situação se agrava quando osprofissionais de saúde deixam de valorizar o paradoxode sentimentos que cerca a mãe, que sofre por retardaro contato precoce com o filho, privando-se de tê-lo nosbraços para acariciá-lo em sua chegada ao mundo.2

    Daí a necessidade de um atendimento humanizado eacolhedor, de forma que as mães se sintam inseridas naatenção e cuidado por parte da equipe neonatal.1,3

    Por outro lado, o desejo de recuperação do filho e aprioridade de estar junto dele1 fazem com que as mães

    busquem estratégias de enfrentamento. Assim, durantea permanência hospitalar, tentam restabelecer o vínculoafetivo com o filho e desenvolvem novas habilidades nocuidado, necessárias para a atenção específica ao pré-termo no seguimento domiciliar.4 

    Superada a fase de hospitalização, as mulheres seveem diante de um novo desafio: a alta do recém-nascido, que, embora seja um momento de grandeexpectativa, associa-se a um de maior responsabilidadeacompanhado de inseguranças e medos de cuidar dofilho no domicílio, sem o apoio da equipe hospitalar.5,6 

    Nessa perspectiva, as famílias, muitas vezes sem preparoespecífico, são conduzidas a cuidar do filho prematurono ambiente domiciliar, sem que tenham recebidoesclarecimentos suficientes para esse cuidado e para atomada de decisão diante das possíveis alterações nodesenvolvimento dessa criança ou em situações queindiquem a busca pelos serviços de saúde.

    Essas dificuldades costumam ser decorrentes dasfalhas no processo de comunicação e do apoio formaldado pelos profissionais, que transmitem informaçõesinsuficientes pautadas na linguagem técnica, o quepode favorecer a distorção da realidade e comprometero entendimento, por parte dos pais, das às orientaçõesrecebidas.7,8 Isso torna o percurso da prematuridade uma

    trajetória conflituosa desde a hospitalização do filho atésua inserção no ambiente domiciliar.

  • 8/17/2019 Comunicação de noticias.pdf

    21/144

    161remE – Rev. Min. Enferm.;14(2): 159-165, abr./jun., 2010

    necessário o retorno ao local de coleta de dados, comdatas previamente estabelecidas.

    A própria pesquisadora atuou como moderadora dosencontros e, buscando a participação efetiva de todas,

    utilizou duas questões norteadoras, uma para cadamomento, sendo a primeira: Conte como é para você estarcom seu filho na UTIN e a segunda: Conte como é cuidarde bebê prematuro em casa.

     As entrevistas foram gravadas, com autorizaçãoprévia das pesquisadas, sob a responsabilidade de umobservador, que também registrava o início de cada faladas entrevistadas, além de expressões e reações diantedos questionamentos, procedimentos que favorecerama transcrição dos discursos, feita pela pesquisadora.

    As reuniões ocorreram no anfiteatro da instituição, campoda pesquisa, ambiente que favoreceu a privacidade dosencontros e tiveram duração média de 90 minutos. Em

    determinados momentos, as entrevistas precisaram serinterrompidas quando alguma participante apresentava-se emocionalmente mais sensibilizada, sendo retomadasapós se restabelecerem. Para estas, foi disponibilizadosuporte psicológico por meio de profissionais da própriainstituição.

    O estudo foi realizado na Maternidade Escola JanuárioCicco (MEJC), unidade hospitalar de referência estadualpara gravidez e nascimento de risco no Nordestebrasileiro, no período de março a setembro de 2005, eteve aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) daUFRN, sob o nº 90/04, e todas as participantes assinaramo Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

    Os dados coletados foram submetidos ao programade computação Análise Lexical por Contexto em umConjunto de Segmentos de Texto (ALCESTE).12  Esseprograma realiza a distribuição dos vocábulos de umtexto, obtidos por meio comunicações verbais e/ouescritas.13  A entrada dos dados é feita por um únicoarquivo do tipo texto, reconhecido como Unidadesde Contextos Iniciais (UCIs), dividido em seguimentosde texto de tamanho similar, denominados Unidadesde Contextos Específicos (UCEs), que permitem oagrupamento de palavras por radicais (posteriormenteespecificado), quantificando-lhes a frequência no texto,sem interferência do pesquisador, uma vez que foi

    elaborado com o intuito de preservar o caráter aleatórioe intencional das informações.13

    O programa oferece outras subdivisões e gráficos, querelacionam os contextos entre si, bem como o predomíniode cada participante nos contextos específicos.13 Comonão era objeto deste estudo conhecer as experiênciasindividualizadas, optou-se por utilizar a contextualizaçãodas UCIs e UCEs e os qui-quadrados das palavras maisimportantes.

    O material textual relacionado aos relatos maternoscorrespondeu a 60 páginas, referentes aos doismomentos, porém foram submetidos ao ALCESTE

    separadamente e analisados com base em linhas decomando, também chamadas variáveis ou classes

    de forma reduzida (entre parênteses). Essas variáveisforam preestabelecidas tomando por base o próprioroteiro de perguntas abertas, das quais surgiram decada questão norteadora quatro classes, sendo daprimeira: nascer prematuro (nasc prem), visitar o filho

    na UTIN (vis utin), vivenciar o cotidiano da UTIN (ct utin),ser mãe-acompanhante (ma acomp); e da segunda:cuidar do prematuro no domicílio (cui dom), significara prematuridade (sig prem), ser mãe de prematuro(mae prem) e conviver com o filho prematuro em casa(prem casa).

    Esses temas serviram para separar as UCIs (corpo do texto)que corresponderam às respostas das participantes emcada classe. A fragmentação das respostas compôs asUCEs, que posteriormente foram agrupadas em radicaisou palavras com maior frequência no texto, sendo-lhesatribuído um valor em qui-quadrado.

    Para a análise dos dados, inicialmente foram elaboradosdois quadros, um para cada momento da pesquisa, eneles considerados os radicais que se apresentaram commaior frequência no texto, destacando-lhes a frequênciapor classe, a frequência total e o percentual (referente àfrequência de classe e à frequência total), bem como oqui-quadrado e a forma reduzida das palavras no texto.Considerou-se como as palavras mais importantesaquelas com qui-quadrado superior a 10. Os radicais quese apresentam seguidos da sinalização (+) correspondemàqueles que têm mais de uma palavra correlata.

    Os trechos das falas maternas apresentados nosresultados foram escolhidos considerando-se as palavrasque se destacaram com maior frequência em cada classee que melhor representam as categorizações.

    RESULTADOS

    As puérperas tinham entre 18 e 35 anos; a escolaridadepredominante foi o ensino médio e o fundamental. Arenda familiar média foi menor que três salários mínimos.Com relação aos dados obstétricos e perinatais, 71,4%realizaram pelo menos quatro consultas pré-natais e amaior parte (57%) estava na segunda gravidez. O pesode nascimento dos recém-nascidos variou entre 1.200a 1.500 g.

    Para maior compreensão dos resultados, optou-sepor apresentá-los em dois momentos: o primeiro,relacionado à vivência materna com o filho prematurona UTIN; e o segundo, à vivência materna com o filhoprematuro no ambiente domiciliar, destacando-se asclasses ou variáveis pertencentes a cada um dessesmomentos.

    MOMENTO I: VIVÊNCIA MATERNA COM O FILHONA UTIN

    Classe I – Nascer prematuro

    Nessa classe, procurou-se investigar como as mãespercebem o nascimento prematuro e a confirmação

  • 8/17/2019 Comunicação de noticias.pdf

    22/144

    Vivência materna com o filho prematuro: refletindo sobre as d ificuldades desse cuidado

    162 remE – Rev. Min. Enferm.;14(2): 159-165, abr./jun., 2010

    com o filho na UTIN. Nessa situação, os profissionaissão identificados como detentores do conhecimentoe, dependendo da forma como se colocam, podemfavorecer a competência materna no cuidado com o filhoou contribuir para que a mãe se afaste, impedindo-a de

    exercer seu papel de provedora do cuidado do filho:

     Às vezes elas reclamam que já explicaram pra gente enós não entendemos. Elas não entendem que precisamter paciência até que a gente aprenda. (Flor de Lótus)

    Classe IV – Ser mãe-acompanhante

    O prolongamento do tempo de internação do filho exigeextensa permanência da mãe no hospital. Nesse contexto,as dificuldades que enfrentam se destacaram nosseguintes elementos: casa, família, saudade e amigos:

    Deixei lá fora muitas coisas para resolver, mas eu não posso mais sair, me sinto presa. Eu sei que estou aqui porque meu filho precisa de mim, mas às vezes me falta paciência para lutar com ele. (Jasmim)

    Por outro lado, a infraestrutura hospitalar e a faltade privacidade e de programas de lazer tornam maisdifícil a superação da saudade da família e da perda docontato social, redefinindo simbolicamente a naturezado ambiente hospitalar como um espaço inicialmentedestinado à cura para um local de isolamento, no qualas mães de prematuros se sentem prisioneiras.

    Por longo período, o contato materno com o filhoaconteceu apenas pelo toque, pela troca de fraldas epela higienização. Superadas as barreiras que impediamo contato mais íntimo, os avanços na evolução clínicado bebê permitiram os primeiros passos para umaconvivência mais direta e a interação mãe-bebê foifortalecida, gerando momentos satisfatórios na trajetóriamaterna na UTIN.

    Assim, os sentimentos de alegria estiveram presentesnessa classe, consubstanciados pelos termos “colo” e“canguru”, denotando intimidade e satisfação materna,como se pode observar no relato seguinte:

    Quando eu o coloquei pela primeira vez no meu colo,eu tive a sensação que ali foi meu parto. Foi muitoemocionante. (Violeta)

    MOMENTO II: VIVÊNCIA MATERNA COM O FILHOPREMATURO NO AMBIENTE DOMICILIAR

    Classe I – Cuidar do prematuro no domicíliomaterno

    A alimentação do prematuro foi revelada como aprincipal dificuldade enfrentada pelas mães após aalta hospitalar, gerando insegurança e preocupação.Essa realidade foi evidenciada com base nas seguintespalavras: leite, mam+(mamar, mamou), sec+ (secar,

    secou)+ e alimenta+(alimentar, alimentei), reforçadano relato a seguir:

    da necessidade de internamento do filho na UTIN,configurando-se as alterações no ritmo natural donascimento, saindo da esfera psicológica do idealismopara o realismo. Retomar essa discussão no grupo tambémcontribuiu para a manifestação de choros e interrupções

    momentâneas. Assim, nessa classe, as palavras com maiorfrequência foram: UTI, medo, grav+(grave, gravidade),em associação ao sentimento mais forte presente nonascimento prematuro, que é o medo oriundo daconstatação da gravidade clínica do filho mediante anecessidade da hospitalização na UTIN. Essa realidade foiconstruída com base no seguinte relato:

    Quando o pediatra me disse que tinha nascido e quetinha levado para UTI – para mim a UTI é porque estánas últimas –, foi aquele pavor, um choque. Eu tive medodele não sobreviver. (Girassol)

    Classe II – Visitar o filho na UTIN

    A primeira visita da mãe à UTIN configura-se como umdos eventos mais difíceis no contexto da prematuridade.Nessa ocasião, elas são surpreendidas por um ambientecom recursos tecnológicos e a visão de bebês frágeis,submetidos aos diferentes tratamentos invasivos,dentro de incubadoras que funcionam como barreirasao contato direto entre mãe e filho.

    Dessa situação surgiram as palavras: aparelho, cheio,choque, incubadora, seguidos dos sentimentos dedesesper+(desespero, desesperador) e trist+ (tristeza,triste). Essas palavras se configuram quando a mãe,ao visitar o filho na UTIN, depara com um ambientede recursos tecnológicos avançados que, embora nouniverso dela seja percebido como “máquinas salvadoras”,registram a submissão dos seus filhos a procedimentosinvasivos, despertando nelas sentimentos de desesperoe tristezas assim mencionados:

    Foi um choque, quando eu vi ele cheio de aparelho, defios, naquela incubadora. Foi uma tristeza. Eu não tinhaesperança dele sobreviver . (Margarida)

    Classe III – Vivenciar o cotidiano da UTIN

    Observou-se que as mães participavam intensamente

    dos cuidados com os filhos prematuros, executandoafazeres como oferecer a dieta, trocar fraldas, dar banho,dentre outras atividades, porém verbalizam os conflitosexistentes nas relações entre elas e a equipe de saúde.

    Nessa perspectiva, surgem dificuldades para acompreensão do real papel da acompanhante na UTIN,pois, se em alguns momentos a participação dela énecessária, em outros parece inconveniente, dianteda resistência de alguns profissionais em fornecerinformações sobre o estado de saúde dos bebês e explicarprocedimentos que as mães possam realizar com os filhos,assim revelados: explic+ (explicar, explicação), pergunt+(perguntar, perguntei), dieta, reclama+ (reclamar,

    reclamava),cuida+ (cuidado, cuidar). Tais insatisfações sãooriundas da tentativa da mãe de participar dos cuidados

  • 8/17/2019 Comunicação de noticias.pdf

    23/144

    163remE – Rev. Min. Enferm.;14(2): 159-165, abr./jun., 2010

    Quando eu cheguei em casa, ele estava com fome eeu estava tão preocupada que eu tentei tirar o leite enão consegui... Meu peito estava seco. Eu chorei muito.(Petúnia)

    Espera-se que, durante a permanência como mãe-acompanhante, os profissionais da UTIN procuremdesenvolver habilidades maternas para os cuidados como filho prematuro que lhe favoreçam o desempenho noscuidados domiciliares.

    Assim, quando se investiga como as pesquisadasclassificavam as orientações fornecidas pela equipepara a alta do bebê, elas consideraram insuficientes,especialmente no que se refere à alimentação do filho.Esses aspectos se configuram com base no seguinterelato:

    Quando tivesse perto de ir para casa era importante que

    fosse explicado como fazer se ele sufocasse, se o leitesecar como fazer para aumentar . (Jasmim)

    As dificuldades com a amamentação, na instituiçãopesquisada, têm ocorrido mesmo durante o internamentodos bebês, fato comprovado pelo alto consumo de leitematerno do Banco de Leite Humano por neonatosinternados na UTIN, propiciando frequentes quedasnos estoques e apelações públicas nos meios decomunicação para aumentar as doações e garantir aregularidade da oferta.

    Classe I I – Significados da prematuridade

    A associação da prematuridade à fragilidade do filhoprossegue mesmo após a alta hospitalar do bebê. Paraas mães, os prematuros são crianças pequenas, sob riscosconstantes de adoecerem, e essa compreensão faz comque elas disponibilizem mais tempo para cuidar deles eprotegê-los, consubstanciada pelos termos: preocupação,adoec+(adoecer, adoece), prematur+(prematurinho,prematuro), pequen+ (pequenos, pequeninho).

    Essa situação é configurada por algumas mães quando,no intuito de proteção, evitam que vizinhos ou estranhosmantenham contato direto com o filho, protegendo-se, inclusive, de comentários indesejáveis que possam

    retardar ainda mais a construção do conceito denormalidade do filho:

    E eles são pequenos, estão ainda se criando e podemadoecer, mas as pessoas não entendem isso. A gentefala que não pode, mas ninguém quer ficar só olhando.(Lírio)

    Classe III – Ser mãe de prematuro

    Esse sentido se revela no momento em que se exigedas mães habilidades específicas no cuidado com essesbebês, resultando em maior senso de responsabilidade.Essa realidade surge como um divisor entre o antes e o

    depois do nascimento prematuro. Portanto, nessa classeconcentram-se as palavras: cuida+(cuidado, cuidar),

    mud+(mudança, mudar, mudou), responsabilidade.Esses vocábulos representam parte das mudançasque ocorrem na vida da mulher após o nascimentoprematuro, capturadas na seguinte construção:

    Pra mim mudou tudo; vivo para ele, tenho maisresponsabilidade, tudo o que eu vou fazer penso nele,somente muito dedicação, cuidado, amor e carinho éque fizeram eles chegarem até aqui. (Girassol)

    Classe IV – Conviver com o filho prematuro em casa

    O cotidiano torna as relações solidificadas, e dessainteração com o filho as mães atribuem valores apequenos gestos como: vê-lo chorar, vê-lo sorrindo,atitudes esperadas para os recém-nascidos a termo,porém não tão identificadas nos prematuros, o quepermite associação com o progresso no desenvolvimentodele, destacando-se as palavras chor+(chorar,chorando),

    sorri+ (sorrindo, sorrir), escut+(escutar, escutei):

    Pra mim é uma alegria escutar o choro dele. Vê-losorrindo me deixa feliz. Olhar a