Comunica-te N7

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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA t PRODUZIDO PELOS ALUNOS DO 2.º ANO DO CURSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO DA FACULDADE DE FILOSOFIA DE BRAGA t N.º 7 / MARÇO DE 2010 t DIRECTOR ALFREDO DINIS ENTREVISTA “Um jornalista não pode ser uma boneca insuflável” Manuela Moura Guedes revela ao “Comunica*te” que uma classe jornalística pouco abonatória e repleta de autómatos é meio caminho andado para a falta de liberdade de imprensa. \\\ P.2 a 4 t REPORTAGEM 24 milhões em Laboratório de Nanotecnologia Investimento transformará Braga no centro ibérico de investigação científica em tecnologia e ciência. \\\ P. 8-9 t SOCIEDADE Parque da cidade previsto para 2013 Projecto com cerca de 20 anos só em 2011 é que vai ser posto em prática. Um investimento de sete milhões. \\\ P. 5 t SOCIEDADE Criminalidade assusta comerciantes Assaltos a lojas de luxo aumentam na capital minhota. Polícia diz que faz o que pode e gostaria de ter mais meios. \\\ P. 7 t DESPORTO Guardião Nacional confiante A contagem decrescente para o Mundial de 2010 já começou. Eduardo revela-nos as suas esperanças. \\\ P. 10 t CULTURA Solenidades da Semana Santa em Braga Cidade prepara-se para acolher milhares de pessoas para uma das mais importantes comemorações religiosas. \\\ P. 13 - A FACFIL BREVEMENTE TERÁ RÁDIO - procuram patrocinadores - e-mail: radio.facfi[email protected]

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Jornal universitário do 2º ano do curso de ciências da comunicação da Faculdade de Filosofia de Braga

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DISTRIBUIÇÃO GRATUITA t PRODUZIDO PELOS ALUNOS DO 2.º ANO DO CURSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO DA FACULDADE DE FILOSOFIA DE BRAGA t N.º 7 / MARÇO DE 2010 t DIRECTOR ALFREDO DINIS

ENTREVISTA

“Um jornalista não pode ser uma boneca insuflável”Manuela Moura Guedes revela ao “Comunica*te”que uma classe jornalística pouco abonatóriae repleta de autómatos é meio caminho andadopara a falta de liberdade de imprensa.\\\ P.2 a 4

t REPORTAGEM

24 milhões em Laboratório de NanotecnologiaInvestimento transformará Braga no centro ibérico de investigação científica em tecnologia e ciência.\\\ P. 8-9

t SOCIEDADE

Parque da cidade previsto para 2013Projecto com cerca de 20 anos só em 2011 é que vai ser posto em prática. Um investimento de sete milhões.\\\ P. 5

t SOCIEDADE

Criminalidade assusta comerciantesAssaltos a lojas de luxo aumentam na capital minhota. Polícia diz que faz o que pode e gostaria de ter mais meios.\\\ P. 7

t DESPORTO

Guardião NacionalconfianteA contagem decrescente para o Mundial de 2010 já começou. Eduardo revela-nos as suas esperanças. \\\ P. 10

t CULTURA

Solenidades da Semana Santa em BragaCidade prepara-se para acolher milhares de pessoas para uma das mais importantes comemorações religiosas. \\\ P. 13

- A FACFIL brevemente terá rádIo - procuram patrocinadores - e-mail: [email protected]

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“Miguel Sousa Tavares vive contemplando o seu umbigo”Manuela Moura Guedes diz ao “Comunica*te” que não sabe se pretende continuar a fazer jornalismo ou a trabalhar para os portugueses.

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Entrevista | Manuela Moura Guedes

É reconhecida a nível nacional como uma pessoa polémica, mas foi num discreto café que a fo-mos encontrar. À beira rio, Ma-nuela Moura Guedes comentou o estado do país, das coisas e das gentes. Sem planos para o futuro, desvendou um pouco da pessoa que está por trás da jornalista.

A alegada ameaça à liberda-de de imprensa em Portugal está na ordem do dia. Se pu-déssemos atribuir um ‘’fun-dador’’ a esse ‘’movimento’’, quem seria? Mário Crespo ou Manuela Moura Guedes? Não se fazem campeonatos sobre isso, todos nós temos que lutar pela liberdade de impren-sa. Eu sempre trabalhei com o exercício efectivo dessa liberda-de e sempre disse que, à mínima pressão, saía. O que foi exercido sobre o ‘’Jornal Nacional’’ é bem mais forte do que o que foi exer-cido sobre o Mário Crespo, até porque ele continua a trabalhar. Eu trabalhei muitos anos com ele, sei o que ele pensa sobre a liberdade de imprensa e ele tam-bém sabe o que eu penso sobre isso. Seria bom que os cidadãos pensassem exactamente a mes-ma coisa para que ela não fosse tão cortada, tão destruída, tão fustigada, tão maltratada como tem sido nos últimos tempos. Não chega que os jornalistas se manifestem.É, então, da opinião de que vivemos num país sem li-berdade de imprensa?

Actualmente, a banca, em Por-tugal, está praticamente contro-lada pelo Estado e pelo Governo. As empresas acabam por ser con-troladas porque precisam de re-correr à banca e porque precisam do Estado. Infelizmente, com este controlo, sentem-se pressio-nadas e acabam por pressionar, também, a linha editorial das es-tações e dos meios de comunica-ção social. E, assim, temos a cen-sura. Por outro lado, temos uma classe jornalística muito pouco abonatória. Não há uma paixão por aquilo que é o verdadeiro jornalismo. Não há princípios. Se o jornalista for tentado por uma outra carreira – normalmente é a de assessor – aí vai ele. No final do mandato, volta a ser jorna-lista com toda a promiscuidade que isto implica. Porque depois as pessoas não sabem que esse jornalista esteve a trabalhar para um político, não sabem que liga-ções teve. Para além de que um jornalista que se torna assessor é uma coisa nojenta. É uma espé-cie de criado de um político. Está a fazer o trabalho inverso àquele que fez enquanto jornalista. Está a vender a mensagem do político ao jornalista que, anteriormente, foi seu colega. Quando esta é a vocação verdadeira desses jorna-listas é porque, de facto, eles não são jornalistas. Então deixam-se tentar por um telefonemazinho de um político. São facilmente vendáveis.Miguel de Sousa Tavares disse, em tom irónico à re-vista ‘’Visão’’, que a Manue-la Moura Guedes, o Mário Crespo e o arquitecto Sarai-

va devem ser os próximos a ser condecorados com or-dens da Liberdade. Que tem a dizer sobre isto?

Praticamente nada. Miguel Sousa Tavares vive contemplan-do o seu umbigo.Por que considera que Só-crates não lida bem com a liberdade de informação?José Sócrates tem mais caracte-rísticas de um ditador do que de um primeiro-ministro de um es-tado democrático. Nós, enquan-to equipa do ‘’Jornal Nacional’’ de 6ª feira, somos a prova da falta de exercício democrático do primeiro-ministro. Saímos do ar porque investigávamos episó-dios estranhos que tinham a ver com a vida dele. Foram fruto de muita investigação, com muitas fontes e documentos e que inco-modavam o poder. Se estivermos num país que oferece sérias dú-vidas sobre o funcionamento das instituições, acontece o que está a acontecer agora: uma grande embrulhada jurídica, ninguém se entende, pareceres para cá, pareceres para acolá. Por que razão acha que a mi-nistra da saúde, Ana Jorge, foi proibida por José Sócra-tes de participar no Jornal Nacional de 6ª feira?O Governo quis desvalorizar o Jornal desde o princípio. Nós até tínhamos dificuldade em aceder a documentos da Administração Pública. Como sabem, há uma lei que obriga o acesso dos jor-nalistas à documentação e, por isso, tínhamos de andar sempre a recorrer a ela. A certa altura, tínhamos de saber onde é que

ana pinheiro, danielafernandes e marta cabral

De cantora pop a mal amada dos políticos

PERFIL

Maria Manuela Guedes Outeiro Pereira Moniz, mais conhecida como Manuela Moura Guedes, nasceu a 23 de Dezembro de 1955, em Cadaval. É casada com José Eduardo Moniz e actualmente desempenha a profissão de jornalista.Passou a infância em Torres Vedras e frequentou a Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde tirou o curso de direito e onde posteriormente leccionou como monitora da Disciplina de Teoria Geral do Direito Civil. Em 1978 estreou-se como locutora na RTP, onde apresenta, um ano depois, o Festival RTP da Canção.Esteve também presente no mundo da música, editando os singles Conversa Fiada, Sonho Mau e Flor Sonhada, tendo-se tornado uma grande voz na Rádio Comercial, onde colaborou em alguns programas. Em 1982 põe definitivamente fim à sua carreira musical com o lançamento de um álbum chamado Álibi. Em 1955 passa para a TVI, onde começa a apresentar o Jornal Nacional. Até 28 de Agosto de 2009, apresentou o Jornal Nacional de 6ºFeira, suspenso pela Prisa a 3 de Setembro do mesmo ano, o que levou a locutora a demitir-se da demissão da Direcção de Informação.

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MANUELA MOURA GUEDES BEBEU UM ChÁ DE CAMOMILAE CONVERSOU DURANTEDUAS hORAS.

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Entrevista | Manuela Moura Guedes

os membros do governo se en-contravam e colocar jornalistas em todo o lado para lhes pode-rem fazer perguntas. Por vezes, os jornalistas iam atrás deles até à casa de banho, vejam lá. Eu até costumava dizer, em tom de brincadeira, que era do estilo ‘’Jaime Neves e os comandos’’. Na altura das eleições europeias, há sempre aquela 6ª feira em que os líderes partidários andam em comícios. Eu tinha todos os líde-res, às 8h da noite, a falar para o Jornal. O Sócrates estava lá a um cantinho e não foi ele que falou. Porquê? Porque era o meu jornal e era eu. Não falou. Eu disse aos meus repórteres para irem lá, ele percebeu e zarpou nesse preciso momento. Só voltou mais tarde. Agora, vai à TVI a toda a hora e fazem-lhe perguntas sobre o seu estado de espírito, que é uma coi-sa extremamente interessante. Assim são favas contadas.

O ‘‘Jornal Nacional’’ de 6ª feira foi suspenso um dia antes de ser revelado mais um caso sobre o ‘’Freeport’’. Estará uma coisa relaciona-da com a outra?

Não. Um dia antes estive a ver os alinhamentos do Jornal e a

maior parte era sobre desempre-go, falências, endividamentos... De facto, investigamos muito sobre o ‘’Freeport’’ porque não é normal que o primeiro-ministro tenha um caso como esse, nem como o da Cova da Beira, o do Vale da Rosa, o do Alentejo, o das casinhas da Guarda... No da licenciatura nem pegámos por-que já estava gasto. Mas íamos acabar por pegar porque tínha-mos descoberto umas coisas… E agora essas coisas?

Agora, essas coisas estão ar-quivadas. Ficam para outra en-carnação, para quando aparecer outro Sócrates ou outra coisa qualquer…Não as quer revelar?A quem? A vocês? Ah, bom...

(Risos)O modo como dirigia o Jor-nal era um entrave para o Governo?

A verdade é sempre incómoda quando se tem um Primeiro-Mi-nistro como este, que tem tantos rabos-de-palha.Nunca cedeu a nenhum tipo de pressões? Não, nunca. Aliás, eles comigo não exercem pressões. Tentaram no princípio, mas eu era tão bruta que não dava hipóteses (Risos).Acha que o Governo já con-trola realmente os media?Nunca vi um governo tão eficaz na forma como exerce o contro-lo. Mesmo no “Jornal Nacional’’ notava que os ‘’do costume’’ não punham as mesmas notícias nos jornais, faziam de conta que não existiam. Que nojo de país... Coleguinhas... Não investigam o que realmente importa para

estar semanas a chafurdar nos mortos e feridos da Madeira. O mesmo se passa com o Haiti, para onde vão dezenas de incapa-zes. Aquele país está há décadas a viver num estado lamentável. Um povo execrável. Matam-se uns aos outros, coisa que apenas acontece porque aquele país não tem estruturas. Mesmo assim, os jornalistas fazem campanhas de solidariedade e tecem os maiores comentários. Gastam rios de di-nheiro, estão dias e dias a mos-trar mortos. É lógico que, no pró-prio dia, aquilo é notícia mas, a partir de determinado dia, é tudo o mesmo. Isto não e jornalismo. Ficam muito chateados quando dizem que não há respeito pela classe jornalística mas são eles que não se dão ao respeito. Não estou a falar de todos, há muito bons jornalistas por aí que não podem dar aquilo que têm por-que, se o fizerem, cortam-lhes as pernas.Se pudesse decidir, a cróni-ca de Mário Crespo era pu-blicada?

Sim, porque não? Ele é respon-sável pelo que diz.

Acha que, em Portugal, o jornalismo de buraco de fe-

chadura é uma realidade?O jornalismo de buraco de fe-

chadura é o jornalismo das revis-tas cor-de-rosa. Quem utilizou essa expressão, mais recente-mente, foi o Sr. Primeiro-Mi-nistro que, pelos vistos, percebe imenso de jornalismo. Na Comissão de Ética per-guntaram-lhe se o pivot deve comentar as notícias...

Eu nunca comentei as notícias, apenas fiz remates. Eu tinha a re-acção natural de alguém que está atento. Um jornalista não pode ser um autómato ou uma bone-ca insuflável. Eu podia ser uma boneca insuflável, se calhar era giro. Mas não sou. E os ‘’pivotzi-nhos’’ também fazem comentá-rios, só não fazem sobre o poder. Queriam o quê? Que levasse os políticos a sério? Já chega que eles se levem tão a sério. Então acha que o Código De-ontológico dos Jornalistas devia ser alterado?

Qual Código Deontológico? Deve haver muito pouca gente que o siga como eu. Sigo os prin-cípios, as peças são feitas com base em documentos, ouço to-das as partes. Só ponho as peças no ar quando tenho a certeza de, ab absolutamente, tudo. Sim, porque se não foram ouvidas to-das as partes não foi porque não tentei. Sempre fui séria no que fiz. Não me vendi, fosse a quem fosse, por coisa nenhuma. Não fiz um único frete. Isto é respei-tar o Código Deontológico. Os portugueses são tão mentecap-tos que se deixam levar por uma reacção minha?Deixemo-nos de tretas.

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“A verdade é sempreincómoda quando se temum Primeiro-Ministro com tantos rabos-de-palha.”

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Entrevista | Manuela Moura Guedes

Marinho Pinto afirmou: ‘’Nós não varremos o lixo para debaixo do tapete como fazem os jornalistas’’. Acha que os jornalistas encobrem a verdade em prol de outros interesses?

Ele já foi jornalista ou preten-deu sê-lo. Essa criatura escreveu um artigo sobre o Dr. Mário So-ares que era uma coisa inacredi-tável. Chamou-lhe traficante de diamantes sem ter provas.Isso não a incomoda?Não. Não gasto um segundo com ele. Os advogados devem gastar algum tempo a pensar nele, porque é o bastonário deles. Quem o pôs lá tem que gastar, eu não.Uma vez que é advogada, era capaz de exercer essa profis-são enquanto Marinho Pin-to fosse o bastonário?

Teria que fazer alguma coisa para o tirar de lá (risos).O presidente do Supremo Tribunal de Justiça, Noro-nha de Nascimento, man-dou destruir as escutas. Porque razão não quereria ele torná-las públicas?

Acho que não havia legiti-midade para fazer escutas. Há uma lei, muito recente, que diz que para se fazer escutas ao primeiro-ministro tem que se pedir autorização ao presidente do Supremo. Segundo o parecer do presidente, aquela lei apli-ca-se também a escutas fortui-tas e, portanto, precisavam de autorização. Como não houve autorização, as escutas foram consideradas nulas. E, por isso, mandou-as destruir. Por essa ordem de ideias, também pode-mos pedir - se formos apanha-dos numa escuta - que estas se-jam destruídas, caso contrário, não há igualdade perante a lei. O que sentiu quando a infor-maram que o Jornal não ia para o ar, tendo em conta que a administração não lhe pres-tou qualquer esclarecimento?

Tristeza, surpresa, indigna-ção, revolta. Tudo junto.Sente saudades?

Neste momento, não. Estou numa fase em que não sei se quero voltar a fazer jornalismo ou continuar a trabalhar para os portugueses. Não sei se vale a pena fazer jornalismo para um povo que se está nas tintas para o que vê. Chego à conclusão de que, se calhar, têm como heróis ‘’Armandos Varas’’ e companhia. Coitadinhos, vieram do nada e conseguiram chegar a adminis-tradores de bancos. Esses, sim, são fantásticos. Não interessa o

meio nem a forma como conse-guiram. É frustrante.Está a fazer projectos para o futuro neste momento?

Eu nunca fiz projectos, as

“Os portugueses são tão mentecaptos que se deixam levar por uma opinião minha?”

coisas vieram ter comigo. Não gosto de planear nada, sempre fui um bocado preguiçosa nesse sentido. Sou um bocado resis-tente às coisas.

A revista ‘’Sábado’’ publicou uma lista em que consta-vam as personalidades mais odiadas de Portugal. Ma-nuela Moura Guedes, Pinto

da Costa, Paulo Portas e Rui Santos faziam parte da lista. O que tem a dizer sobre isto? É puro sensacionalismo?

Só não gostei da capa, estava horrível. Puseram-me lá de bi-gode e os bigodes nem eram o pior. Podiam ter feito uma coi-sinha mais jeitosa, aquilo era muito feio. Em relação às pes-soas odiadas, sempre tive uma imagem de odiada. É um fruto da televisão. No princípio, as críticas faziam-me confusão quando eram muito injustas. Mas habituei-me a ver-me como um produto de televisão, sem-pre distingui. O seu marido nunca fez ges-tão política?

Os directores de informação têm de saber lidar com os polí-ticos, mas não têm de fazer uma gestão política da informação. Felizmente esteve dez anos na TVI, a trabalhar como director geral e foi conquistando terreno junto aos políticos de forma ex-traordinária. Só foi possível fa-zer o “Jornal Nacional” de sexta, com os accionistas que temos na TVI, graças ao director geral. A prova disso é que assim que ele de lá saiu, o jornal acabou.Então José Eduardo Moniz não fez gestão política nun-ca?

Nunca, não sei. Aquilo que sei é que enquanto eu estive na di-recção de informação não fez.Acha que, de algum modo, o seu casamento com José Eduardo Moniz possa ter interferido na sua ascensão, no seu estatuto enquanto jornalista actualmente?

Só me prejudicou. Não acon-selho ninguém a casar-se com alguém que trabalhe no mesmo sítio. É por causa disso, que as pessoas têm tendência a achar que há sempre favorecimento. Fiz a minha carreira toda à mi-nha custa, com muitos proble-mas. A ascensão de que fala é a de sub-directora de informa-ção? É essa a ascensão? Digo sem modéstia: Faço mais au-diência do que provavelmente qualquer outro jornalista e do que qualquer outra televisão. Isso também é uma ascensão e para qualquer estação é uma mais-valia. Tudo aquilo que fiz deve-se ao meu trabalho de investigação. Lutei contra pre-sidentes de clubes, levei-os a tribunal muito antes de conhe-cer o meu marido. Lutei contra Cavacos, numa altura em que estava completamente sozinha. Não precisei de bengalas ne-nhumas.

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ana lopes, ana pinheiro

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Braga vai ter um Parque da Cidade

Começou por ser um concurso de ideias mas ficou em águas de bacalhau. Nem os arquitectos Ál-varo Siza Vieira e Eduardo Souto Moura lhe valeram.

Vinte anos depois, o projecto, que envolverá um custo de cerca de sete milhões de euros, volta a ganhar vida nas mãos do arqui-tecto da Câmara Municipal de Braga, Mário Louro.

Embora a ideia do projecto te-nha sido pensada há cerca de 20 anos atrás, só em 2011 é que o Parque da cidade no Monte Pico-to vai começar a ganhar vida.

O parque vai ocupar uma área de cerca de 157 mil m2 e terá áreas distintas, onde as pessoas poderão correr, fazer caminha-das e actividades ao ar livre. Terá também um parque radical, uma zona de restauração, uma zona habitacional e um hotel que ser-virá de reforço ao parque de Ex-posições.

O objectivo é criar “um parque verde para as pessoas irem com as famílias passear, jogar à bola, fazerem piqueniques”, rematou o vereador da Câmara Municipal de Braga, Hugo Pires. Acrescen-tou ainda que o projecto está de-lineado ao pormenor, sem espa-ço para falhas e que a ideia é criar um espaço que não interfira com a zona natural já existente, pois o Monte do Picoto é, já por si, um pulmão da cidade.

Confirma-se a futura existência de um Hotel na zona, que vai fa-zer parte da segunda área previs-ta para o local da construção do Parque. O Monte do Picoto será assim, dividido em duas áreas

a ligar toda aquela zona verde. Vai ser assim criada uma ligação entre o parque S. João de Souto, o Parque da Ponte e o Parque da Cidade: “O Monte do Picoto é praticamente uma estratégia para ligarmos aquele monte ver-de e aquele parque novo que se desenvolverá ao Parque S. João de Souto e ao Parque da Ponte”, explica o vereador Hugo Pires.

A cidade de Braga passará a ser uma cidade com mais espaços verdes, que farão com que áreas, anteriormente consideradas me-nos seguras, passem a fazer parte do dia-a-dia dos cidadãos.

Apesar da construção do novo

Parque da Cidade estar para bre-ve, quando questionado acerca dos espaços verdes, Hugo Pires reforçou que “deveriam existir mais espaços verdes em Braga.”

O Projecto do Monte do Picoto, que, em princípio, estará conclu-ído em 2013, “será um corredor, uma faixa verde, que ficará ligada depois pelo rio e acessos pedonais que vão de um lado ao outro. Fi-cará uma grande mancha verde para o uso dos cidadãos”, acres-centa o vereador Hugo Pires.

O vereador finaliza constatando que “três milhões do novo par-que serão comparticipados pelo Estado”.

projecto para o monte picoto tem 20 anos, mas só arranca em 2011

Maquete do Parque da Cidade de Braga

fundamentais: uma zona verde com equipamentos de apoio e uma zona onde existirá um Hotel e algumas zonas habitacionais.

Ainda sem dados específicos sobre o mesmo, a qualidade do Hotel, apenas será revelada de-pois da construção deste e da respectiva avaliação de um pro-motor imobiliário.

Depois da restauração do Par-que da Ponte, a Câmara Muni-cipal pretende agora criar uma área verde conjunta, da qual os habitantes da cidade de Braga possam usufruir, área essa que contará com um circuito pedo-nal e uma ciclo via que ajudarão

pedro lobão, ricardo barros

O futuro hotel de Braga

Futuro hotel de luxo perdeu uma estrela para se adaptarA inauguração do Hotel Melia Braga & Spa, inicialmente pre-vista para Junho deste ano, vai ser adiada. Um incêndio, no iní-cio de Março, consumiu parte da fachada do hotel e, segundo Manuel Rei, um dos responsá-veis pela sua construção, o fogo começou na sequência de traba-lhos de impermeabilização das telas exteriores e, rapidamente, se alastrou a toda a fachada.

A estrutura da unidade hote-

leira não foi danificada mas este incidente vai provocar um atraso, que se prevê inferior a 90 dias.

Estima-se que os prejuízos rondem os 350 mil euros.

O hotel, que inicialmente iria ter cinco estrelas, ficou regista-do como um de quatro estrelas superior. Segundo o director, Delfim Filho, é uma estratégia para se adaptarem melhor ao mercado hoteleiro da cidade. A unidade hoteleira encontra-se perto do novo Laboratório Ibérico Internacional de Nano-

tecnologia e da Universidade do Minho. Esta localização permite que cientistas, professores e ou-tras entidades tenham onde se alojar sem necessitarem de meio de transporte, quer para a o pólo universitário, quer para o Labo-ratório.

A obra, a cargo da Britalar e da Hotti, está avaliada em cerca de 25 milhões de euros. O hotel terá 181 quartos, que incluem 20 apartamentos. A unidade hote-leira conta ainda com três pisos VIP.

Porque já nãoé só o Old McDonaldque tem uma...Estamos na era das redes sociais. Verdade de La Palice. O ‘’Twitter’’, o ‘’hi5’’, o ‘’Facebook’’, o ‘‘MySpace’’... Actualmente, não estou inscrita em nenhuma. Não porque considere, como Mi-guel de Sousa Tavares, que seja ‘’a total promiscuidade das vidas humanas’’. Não tenho nada con-tra. Nem mesmo a favor. Já tive conta no ‘’hi5’’ e, portanto, sei do que falo. Tem os dois lados: positivo e negativo. Como, de resto, quase tudo na vida. A minha manifesta insatisfa-ção pauta-se pela nescidade de uns e de outros. Passo a ex-plicitar. Em amena cavaqueira, numa dessas conversas de café, falava-se do ‘’Farmville’’. Para a ínfima minoria que ainda não ouviu falar do ‘’Farmville’’, trata-se de um jogo do ‘’Facebook’’ no qual somos donos de uma quin-ta. Temos animais, legumes, fru-tas, flores... Tudo quanto há. Eu questiono-me sobre o grau de sanidade mental daqueles que chegam ao extremo de acordar a meio da noite, propositada-mente, para jogar. Ou dos que o fazem durante o expediente. Sim, porque as couvinhas e outros afins apodrecem se não forem colhidos a tempo e horas. E depois desce-se no ranking, perde-se dinheiro virtual, etc.. Se acho este jogo uma total e inútil perda de tempo? Acho. E, agora que a probabilidade de ter ultrajado o leitor aumentou exponencialmente, também assumo humildemente que pouca ou nenhuma importância terá a minha opinião. A verdade é que o facto de não ser uma fervorosa adepta do social network torna-me quase uma leiga nesta efemeridade de mundos sociais. Por essa razão, só agora tive conhecimento de que há pessoas a pagar para jogar. É verdade, o vício atingiu tamanhas proporções que há quem prefira pagar a esperar a evolução natural do jogo. Deste modo, os objectivos atingem-se mais cedo. Mas sou eu que não sou normal ou estamos perante uma total alienação? Felizmente, ouvi há pouco na rádio: ‘’Se é daqueles que compra créditos no Facebook, lembre-se que o haiti existe’’. E a Madeira, e a fome em África... Dá que pensar? Talvez, não. Co-lher cenouras é mais divertido.

OPINIãO

Daniela FernandesALUNA DA FACFIL

Sociedade

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06 | COMUNICA*TE | MARÇO 2010

Sociedade | Dependência

Jogos de cartas causam mais dependência em Portugal

Na sociedade presente o fenóme-no do jogo é cada vez mais emer-gente. A sorte das cartas define rumos de vida. Cada vez há mais procura de ajuda profissional para o combate do vício, assim como a divulgação e participação em torneios aumenta.

O surgimento de novas téc-nicas, meios informáticos e a manifestação da informação acabam por facilitar o acesso ao jogo. Fora dos casinos o jogo é proibido, no entanto, tal não im-pede que os adeptos desta mo-dalidade não o pratiquem fora dos mesmos. “Os jogos clandes-tinos de cartas são os desafios a dinheiro que causam maior dependência em Portugal”, afir-ma a psicóloga clínica Andreia Machado. O que para muitos é

um ócio de distracção, para ou-tros acaba por se transformar num vício. A psicóloga explica o aumento da procura de ajuda profissional dos jogadores. “A dependência pelo jogo nasce cada vez mais cedo, infiltrando-se assim na vida dos que com este vício querem viver e passar o tempo. Horas e horas obsti-nados a um jogo cedendo o que têm e por vezes até mesmo o que não têm.”

Actualmente, o jogo com maior popularidade é o póquer e nos úl-timos anos tem-se verificado um aumento do índice de inscrições nos torneios.

Carlos Oliveira é um jogador de póquer semi-profissional que tem dado “cartas” em torneios nacionais e internacionais. “O au-mento do número de jogadores é inequívoco. Mensalmente é visí-

vel um aumento de participantes tanto online como ao vivo, tanto em torneios portugueses como no estrangeiro. É uma modali-dade que se encontra em franca expansão”, admite.

Contrariamente às slot machi-nes que são máquinas de pura sorte, o póquer rege-se pela ca-pacidade dos jogadores de con-seguir prever o jogo dos adver-sários e em simultâneo saber controlar as emoções para tentar ludibriar os adversários através de “bluffs”.

Para Carlos, o vício do jogo é visto como um bom presságio. “A palavra viciado pode ter vá-rias interpretações, pois assim como há viciados em futebol, cromos e revistas, no póquer em concreto também existem pessoas que gostam de jogar e aí sim existe um vício saudável.

Psicóloga clínica diz que “vício” começa cada vez mais cedo

andré fontinha, isolina gomes Porém, é certo que existem pes-soas para o qual o póquer é um mau vício.”

Actualmente, existem correc-toras que procuram jogadores de póquer para associarem às suas equipas e os melhores po-dem mesmo trocar as cartas e as fichas de póquer por gráficos de corretagem.

O apetite da Wall Street por jogadores de póquer é explica-do pelas qualidades em comum entre os campeões das mesas e os “traders” da bolsa. Numa perspectiva económica, o pó-quer pode ser considerado uma alternativa de investimento, tal como na bolsa o póquer para ser um bom investimento tem de ser estudado e trabalhado, usando vários rácios matemáticos çpa-ra delinear jogadas, para definir lucros,etc” , confessa Carlos.

UM MINUTO

Marcha contra portagensnas SCUT’sAs comissões de utentes contra as portagens nas auto-estradas sem custos para o utilizador (SCUT) agendaram um protes-to para o dia 17 de Abril. Porto, Vila Nova de Gaia, Póvoa de Varzim, Esposende, Paredes, Paços de Ferreira, Viana do Castelo, Vila do Conde e Lou-sada estão entre os municípios que vão participar na marcha contra a cobrança de porta-gens, anunciada para este ano.

Hospital privado a funcionar em pleno em JunhoCom a construção do hospital Privado de Braga cria-se mais um hospital de 3.ª Geração, que se prevê em pleno fun-cionamento em Junho de 2010. Trata-se de um projecto pioneiro, que irá contribuir para a criação de 400 postos de tra-balho. Braga foi a cidade eleita para acolher o novo hospital privado do Grupo Trofa Saúde, projecto em parceria com a Empresa BRITALAR.

Tradições pascais resistem em FiscalOs costumes da Páscoa na Freguesia de Fiscal, em Ama-res, vão continuar a perdurar este ano, depois de um pro-prietário de um terreno vizinho do caminho típico da procissão pascal ter reclamado a sua posse. O Tribunal de Ama-res concluiu que o trilho é de domínio público. Os 80 metros de caminho contestados, todos os anos encaminham o ritual de Páscoa ao rio homem.

O jogo está viciado? Mesas tradicionais estão a ser substituidas pelo online fOtO: direitOs reservadOs

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MARÇO 2010 | COMUNICA*TE | 07

Sociedade | Criminalidade

NúMEROS DACRIMINALIDADE

421.037QUEIxAS EM 2008. UM ACRÉSCIMO DE 7,5% EM RELAÇÃO AO ANO ANTERIOR

1421CRIMES CONTRA PESSOAS. REPRESENTA UMA SUBIDA DE 1,5%

145hOMICíDIO. MAIS 12 CASOS EM COMPARAÇÃO COMO O ANO DE 2007

Policiamento no centro histórico de Braga diminui à noite

Assaltos aumentam no centro histórico

Os comerciantes temem pela sua segurança. A polícia não tem meios suficientes e os ladrões continuam com via verde para irem às “compras” mesmo quan-do as lojas estão encerradas.

A ‘’Pic-Pic’’, a ‘’Janes’’ e a ‘’Val-demar’’ são lojas de roupa dis-pendiosa e vendem marcas de renome internacional. No último ano, as duas primeiras foram as-saltadas duas vezes e a última foi assaltada três vezes. Os comer-ciantes querem soluções para este problema que se arrasta há já vários meses.

Uma das medidas que os co-merciantes dizem ser crucial para combater a criminalidade no centro histórico passa por im-plementar a videovigilância. “As pessoas de bem, como eu e ou-tros, não se importam de ser vi-giadas a partir de uma certa hora da noite. Até se vão sentir mais seguras”, afirma Manuel Silva, gerente da loja Janes.

Manuel Silva admite que o fac-to de quase não haver moradores no centro histórico da cidade constitui um factor preponde-rante em matéria de assaltos. “É preciso sensibilizar as pessoas para irem morar para o centro, uma vez que esta zona se en-contra praticamente inabitável. A partir das 2h da madrugada não se vê ninguém na rua. Para os que pretendem assaltar as lo-jas, isto é um grande atractivo”, acrescenta.

“O policiamento nocturno pra-ticamente não existe”, afirma in-

cristiano pinheiro, pedro lobão, ricardo barros

Assaltantes focam-se nas montras mais caras de Braga

dignado um funcionário da Pic-Pic que não se quis identificar. No entanto, o mesmo funcionário considera sentir-se seguro, visto que durante o dia não vê motivos para grandes preocupações.

Muito fustigadas com os re-centes assaltos encontram-se as galerias ‘’Valdemar’’. O gerente da loja José Manuel Silva, além de afirmar que o policiamento é insuficiente, apresenta outras soluções para diminuir a crimi-nalidade. “A polícia deveria pôr mais veículos a circular no perí-odo nocturno. A zona comercial devia estar fechada durante a noite para que os criminosos não tivessem acesso às lojas com os seus carros”.

Os comerciantes já tomaram medidas para reforçar a segu-rança das suas lojas através da implementação de portas mais robustas e da instalação de vi-deovigilância interna.

Fernando Lopes, subdirector da Associação Comercial de Bra-ga, relega para a polícia a função de proteger os comerciantes e suas lojas. “Nós, enquanto asso-ciação, o que temos feito ao longo dos anos é alertar para o mal que as actividades marginais fazem ao comércio”, afirma o subdirec-tor. A associação tem “acompa-nhado os projectos lançados pelo Ministério da Administração Interna no sentido de prevenir a criminalidade”, acrescentou Fer-nando Lopes.

O projecto “Comércio Seguro” nasceu há cerca de dez anos e pretende dotar os comerciantes de técnicas de prevenção de as-saltos. O “Policiamento de Proxi-

midade”, que foi implementado há um ano, é outro dos projectos que tem o apoio da Associação Comercial de Braga. Este pro-grama consiste em ter um polí-cia em cada freguesia do centro histórico, de modo a garantir a segurança dos comerciantes du-rante o dia.

A subcomissária da PSP de Braga, Ana Soares, referiu que o programa “Policiamento de Proximidade” só pode ser “exer-cido no período diurno, que é quando os estabelecimentos es-tão abertos”. No entanto, e indo contra o que os comerciantes dizem, a subcomissária afirma que “durante a noite é feito um policiamento intermitente em todas as artérias da cidade refor-çado pelos carros de patrulha e por polícias à civil”. Ana Soares explica que gostaria de ter mais meios disponíveis, porém, afir-ma, “ a PSP tenta fazer o melhor possível com aquilo que tem para dar uma resposta a todas as so-licitações”. A mesma comissária considera que a desertificação do centro histórico é um atractivo para a prática criminosa.

46.285VEíCULOS FURTADOS DURANTEO ANO DE 2008

Braga entre as três finalistas para a Capital Europeia da Juventude

Desporto, voluntariado, músi-ca, artes plásticas, arte urbana, preservação do património e desportos radicais são algumas das áreas que o programa de ac-tividades de Braga integra para a realização da Capital Europeia da Juventude 2012.

De acordo com o vereador mu-nicipal Hugo Pires, o plano de actividades apresenta 12 gran-des eventos, um para cada mês. “Music of de World“ é a primei-ra grande aposta. “Se formos Capital Europeia da Juventude vamos começar com um festival de sons. Vamos convidar jovens de todo o mundo para virem cá e mostrarem a música e os hábitos culturais dos seus países”, expli-ca o vereador.

Outras das actividades apresen-tadas pelo município são festivais, concertos, exposições, fóruns e bolsas de estudo internacionais para alunos carenciados.

Segundo Hugo Pires, das vá-rias entidades que apoiam esta candidatura estão a Universi-dade do Minho, a Secretaria de Estado da Juventude, Instituto Português da Juventude, Agen-cia Nacional do programa da Juventude e algumas estruturas associativas locais.

Se Braga for a vencedora da Capital Europeia da Juventude 2012, está previsto um investi-mento aproximado de um mi-lhão de euros por parte da Câma-ra Municipal.

A cidade vencedora será anun-ciada no dia 24 de Abril, no con-gresso dos membros do Fórum europeu da Juventude.

elisete duartee hélène fernanades

Hugo Pires, vereador municipal

Page 8: Comunica-te N7

Diagnóstico rápido de doenças, síntese de órgãos de substitui-ção, sistemas inovadores para a administração orientada de me-dicamentos, baterias solares de alto rendimento, electrónica de baixo consumo, materiais ultra-leves e ultra-resistentes, repara-ção de danos ambientais. Tudo isto poderá ser criado a partir do International Iberian Nanote-chnology Laboratory (INL), em Braga.

A Nanotecnologia é uma área científica recente que permite produzir estruturas e novos ma-teriais a partir de uma extrema pequenez. Em termos práticos, se dividirmos uma vulgar bola de ténis pelo planeta Terra ob-temos o equivalente a um nanó-metro, o que corresponde a um milionésimo de um milímetro. Esta nova unidade de medida é de tal modo reduzida que para ser vista na palma da mão teria que ser ampliada 10 milhões de vezes. O princípio fundamental desta área é o uso de técnicas e ferramentas que estão a ser de-senvolvidas para adequar cada átomo e cada molécula no local pretendido.

A Península Ibérica embar-ca rumo à descoberta do mun-do das ciências e tecnologias de ponta. Pela primeira vez é fundada uma organização de investigação dedicada à Nano-tecnologia à escala mundial e é a única do género, tanto em Por-tugal como em Espanha, na área da ciência.

Situado em Braga, o INL está estrategicamente localizado en-

tre as cidades do Porto e de Vigo, servido por aeroportos inter-nacionais. Deste modo, há um acesso facilitado ao INL vindo de qualquer parte do mundo, assim como várias Universidades do Norte da Península Ibérica têm uma proximidade privilegiada. Há ainda a vantagem de ser uma área de indústria dinâmica e de grande potencial.

“Acredito que o laboratório ve-nha a ser esse precioso fermento de mudança e inovação no nos-so país e na península, com uma forte influência nas Regiões do Norte e da Galiza e nas suas eco-nomias”, assegura a este jornal o presidente da CCDR-N e da Co-missão Directiva do ON.2, Car-los Lage. O funcionamento do Laboratório de Nanotecnologia vai contribuir para a redução da taxa de desemprego ibérica, pois estão disponíveis mais de 400 postos de trabalho. Aproximada-mente 30% dos 200 a 300 inves-tigadores deverão ser originários de Portugal e Espanha. “A entra-da em funcionamento do Labo-ratório deverá contribuir não só para contrariar a tendência de desemprego, como também para melhorar a oferta de emprego al-tamente qualificado e promover o eventual regresso de investiga-dores, nomeadamente portugue-ses, que se sentiram motivados a procurar no estrangeiro oportu-nidades de carreira que não en-contraram no seu país”, remata Carlos Lage.

O investimento exigido neste projecto é suportado pelos Go-vernos Português e Espanhol em partes iguais. As verbas anuais rondam os 30 milhões de euros

de euros para um investimento na ordem dos 24 milhões de eu-ros garantido pela Comissão Co-ordenadora de Desenvolvimento da Região do Norte (CCDR-N). A CCDR-N visa, entre 2007 e 2013, o Programa Operacional Regional do Norte (ON. 2 – O Novo Norte) que apoia o desen-volvimento da região. Este pro-grama é financiado exclusiva-mente pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional. E é assim que este apoio financeiro vai abranger os espaços da “sala limpa”, “laboratório central de bioquímica”, os “laboratórios de microscopia e análise de super-fícies”, o laboratório central de magnetometria, o laboratório de central de rádio frequência e medidas eléctricas e o laborató-rio central de encapsulamento.

O primeiro director-geral do INL é o professor espanhol José Rivas que irá contar com uma equipa de investigadores recrutados em todo o mundo. Os cientistas vão representar diversas nacionalidades, cultu-ras e perspectivas com o propó-sito de alcançar uma reputação imediatamente elevada desde o começo.

“As nossas instalações invejá-veis e o excelente equipamento são a chave para o sucesso de um plano de investigação alta-mente competitivo e sobretu-do para atrair o melhor talento científico”, afirmou José Rivas em Fevereiro, na assinatura do contrato de investimento.

O INL vai focar a sua investi-gação em quatro áreas específi-cas: nanomedicina; aplicações na monitorização ambiental,

filipa torrado, pedro silVa

segurança e controlo da qualida-de alimentar; nanoelectrónica e nanomanipulação, e nanoinstru-mentação. Estas escolhas devem-se às necessidades científicas e económicas de Portugal e Espa-nha e, por outro lado, pelas opor-tunidades de desenvolvimento e maior número de vantagens competitivas no mercado mun-dial. “O Laboratório opta, a meu ver, pelas áreas mais prometedo-ras e susceptíveis de gerar bens, produtos e serviços que assegu-rem retornos económicos e de novos conhecimentos”, confirma o presidente da CCDR-N.

A Universidade do Minho acordou uma cooperação com o INL que possibilita que, tan-to professores como alunos, possam realizar trabalho de investigação em laboratório. Outras universidades, assim como centros de investigação e indústria, terão parte activa com este Centro. Do rol privilegiado de colaborações com entidades estrangeiras destacam-se o Ins-tituto de Tecnologia americano

Laboratório Internacional Ibérico de Nanotecnologia na corrida para a vanguarda da ciência e tecnologia de ponta

Maquete do projecto do Laboratório

NúMEROS

400é O NúMERO DE PESSOAS qUE VÃO TRABALhAR NO CENTRO DE NANOTECNOLOGIA EM BRAGA

Investimento de 24 milhões revoluciona Mundo a partir de Braga

47000m2 é A áREA TOTAL qUE O CAMPUS INL IRÁ OCUPAR. 26000M2 SERÃO PARA A ÁREA DE INVESTIGAÇÃO.

3o milhõesé O VALOR TOTAL qUE OS ESTADOS IBERICOS SUPORTAM ANUALMENTE PARA INVESTIR NO INL

para o orçamento operacional. O contrato de investimento para a aquisição do equipamento cien-tífico do INL, assinado em Feve-reiro deste ano, compreende o co-financiamento de 17 milhões

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Reportagem | Ciência/nanotecnologia

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INVESTIGAçãO E DESENVOLVIMENTO

As áreas de aposta do Laboratório InternacionalNanomedicina Aplicações na

monitorização ambiental, segurança e controloda qualidade alimentar

Nanoelectrónica

Este campo vai permitiro estudo e design de dispositivos para diagnóstico, técnicas de tratamento, prevenção de doençase desordens genéticas Produção comercial utilizando a nanoescalae tecnologias no ramoda saúde

Síntese de órgãosde substituição

Sistemas inovadores paraa administração orientadade medicamentos

Nanoinstrumentaçãoe Nanomanipulação

MIT Massachusetts, o Instituto Nacional de Matéria de Ciência Tsukuba do Japão e a Univer-sidade de Glasgow, no Reino Unido. O quadro de aconselha-mento internacional é constitu-ído por especialistas que estão na vanguarda do conhecimento tecnológico e científico. Enge-nheiros, Físicos, Químicos e Biólogos formam o núcleo de responsáveis pela estratégia e planeamento laboratorial.

No entanto, as concretizações da revolução nanotecnologica terão um efeito previsto a mé-dio-longo prazo, mas as expec-tativas são ambiciosas, constata Carlos Lage, que aponta uma meta: “Os efeitos mais estrutu-rantes do INL na base científica, tecnológica e económica, que estão na base do projecto, pode-rão demorar seguramente uma década a concretizar-se. Por essa altura o Laboratório colo-cará Portugal e Espanha em pé de igualdade com outros países na linha de partida de um vasto ciclo ou onda de inovações”.

Criação de embalagens capazes de controlar com precisão a qualidade dos alimentos

Aplicações agrícolas: Capacidade para administrar de um modo mais eficaz e seguro, pesticidas, herbicidase fertilizantes

Ferramentas para a detecção e neutralização da presença de agentes biológicosou químicos

Reparação de danos ambientais e despoluição

Baterias solaresde alto rendimento

Electrónica de baixoconsumo

Apoio à biotecnologia, medicina, monitorização ambiental e alimentar

Materiais ultra-levese ultra- resitentes

Escalas reduzidas que permitem a manipulação de quantidades de informação extremamente grandes associadas a rápidas velocidades de processamento

Criação de materiais , dispositos e sistemas através do controlo da materiaà escala atómica

Superfícies que podemser modificadas de formaa torná-las à prova de riscos, impermeáveis, limpasou estéreis

Melhoria no desempenho de materiais nas indústrias, automóvel, aeronáutica, espacial entre outras.

Construir materiais biologicamente inspiradosa nível molecular

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Reportagem | Ciência/nanotecnologia

Page 10: Comunica-te N7

Campeonato do Mundo está nas suas “mãos”

Eduardo, actual guarda-redes da selecção nacional, conseguiu a sua titularidade com a chegada do seleccionador Carlos Queirós. Ciente de que se esforça a cada dia para esta posição, afirma com convicção que tem consciência da boa concorrência que é alvo, “deixando de lado as pressões”. Devido ao trabalho que tem rea-lizado (enquanto guarda-redes do Braga), sente-se mais próximo da ida ao Campeonato Mundial. Este realiza-se daqui a dois meses e al-guns dias. O guardião Nacional explica que “é um orgulho enor-me poder representar e dignifi-car o meu (nosso) país, ajudando e lutando por um símbolo que a todos nós muito diz”. Rematou ainda que estar na selecção na-cional “é um sonho” de criança. “Felizmente, consegui concretizar o meu objectivo”, disse.

Demonstra também que, em-bora tenham passado por difi-culdades na fase do apuramen-to para o Mundial, tendo sido necessário disputar um playoff,

afirma que o objectivo do grupo é a “união”. No entanto, “será necessário a concentração de to-dos”. Para Eduardo, as palavras de ordem deste Campeonato já foram referidas pelo selecciona-dor quando afirmou que “Portu-gal pode ser candidato”.

À conquista do Campeonato Mundial, “deve-se encarar todas as equipas que se atravessarão pela frente de igual modo”, de-fende Eduardo. O guarda-redes põe de lado qualquer hipótese de derrota antecipada, atenden-do ao facto de estar num grupo complicado. “Não podemos pen-sar dessa maneira. Sabemos do nosso valor e da importância de ganharmos os nossos jogos. Va-mos pensar jogo a jogo”, referiu o jogador bracarense.

Quanto ao apoio que os adep-tos têm dado à selecção, Eduardo afasta a ideia de que o povo por-tuguês esteja desconfiado e des-crente das possibilidades de vitó-ria. “Sentimos um apoio enorme dos nossos adeptos durante a fase de qualificação – e isso é que é importante”.

Eduardo não quis comentar

o facto de na selecção existirem jogadores naturalizados. Exclusi-vavente “luso-brasileiros” como o maestro Deco, o defesa Pepe e o avançado Liedson.

Num tom de brincadeira, o jor-nal “Comunica*te” questionou o jogador relativamente ao seu fee-ling para o Mundial e inevitavel-mente ele rematou com convic-ção que tem “um “feeling” muito bom para este Campeonato”.

Eduardo dos Reis Carvalho nasceu em Mirandela há 27 anos. É actualmente o guarda-redes menos batido da liga, atraindo para si os holofotes e interesses de potências mundiais. Como qualquer jogador sempre ambi-cionou a ascensão na sua carrei-ra. Esteve emprestado ao Setúbal e conseguiu vingar no jogo contra o Sporting na Taça da Liga no ano 07/08, defendendo três grandes penalidades. Nesse mesmo ano, retornou ao S.C.B. tornando-se titular incontestável.

Com a chegada de Carlos Quei-rós à selecção nacional em 2008, torna-se titular ganhando o seu espaço e conquistando a simpa-tia dos adeptos.

Eduardo “mãos de tesoura” tem um feeling para áfrica do sul

JOANA MARTINS,JOANA FIDALGO

As bandeiras voltam às janelas, estáaí Portugal!Milagrosamente, a selecção de todos nós está mais uma vez presente no Mundial. África do Sul mostra-se, inevitavelmente, mais próxima dos caminhos de Portugal e as emoções come-çam a ficar ao rubro. Os trei-nadores de bancada tomam os seus lugares cativos e apuram os comentários para qualquer eventualidade. Os casos dos jogos estarão na ordem do dia e serão inevitáveis. Apesar de todo o esforço que foi feito, umas vezes mais do que outras, Carlos queirós e os jogadores escolhidos para representar Portugal elevaram novamente a esperança dos portugueses, com mais ou menos apoio, ao vencer a Bósnia. A era Scolari já lá vai. Mas deixou marcas pro-fundas de uma selecção consis-tente e com espírito de vitória. Algo que não se tem sentido nos últimos tempos, sejamos realistas. Acredita-se que as se-lecções que lá estão presentes são as melhores e é preciso ter consciência de que não se pode subestimar adversários por mais fracos que pareçam ser. Por vezes são mesmo esses que surpreendem! Vejamos o exem-plo da Grécia no Euro 2004. Espera-se é que o “nobre povo” apoie de forma incondicional e emotive os nossos “heróis”. No final das contas continuamos a ser uma “nação valente” e, embora a nossa imortalidade possa ser colocada em questão, teremos todos que lutar pelo mesmo objectivos: muitas vozes juntas ecoam mais e poderão ter uma força brutal. Façamos jus ao facto de sermos reconhe-cidos pelo futebol. O objectivo é claramente ganhar, mas é preciso saber gerir a pressão, ser humilde e ter as forças necessárias. Será que é desta? A ver vamos…eu acredito!

OPINIãO

Joana MartinsALUNA DA FACFIL

EDUARDO: ”É UMORGULhO REPRESENTAR O MEU PAíS”

10 | COMUNICA*TE | MARÇO 2010

Desporto |

EduardoGUARDA-REDES DO S.P. BRAGAE DA SELECÇÃO NACIONAL

“sabemos do nosso valor. tenho um feeling muito bom para este campeonato do mundo”

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Braga Capital do taekwondo nacional

Atletas da modalidade em Braga dão cartas a nível nacional e in-ternacional há 19 anos.

“A nata do taekwondo em Portugal encontra-se em Braga”. Quem o diz é o treinador e selec-cionador nacional Joaquim Tei-xeira que tem vindo a ser a face por trás desse crescimento.

A leccionar há 19 anos nas es-colas de formação de Braga, os seus atletas têm já um histórico de mais de 100 troféus colec-tivos sem contar com prémios individuais divididos pelos 120 membros da sua academia, in-cluída no ginásio Konceito Fit-ness e recentemente associada ao S.C.Braga.

Jovens atletas de taekwondo como Eduardo Rodrigues (3º lu-gar no 1º campeonato Europeu universitário da modalidade em Braga), Michel Fernandes (atleta do S.C. Braga e medalha de prata nos Jogos Olímpicos da Juven-tude no México) e Pedro Povóa (primeiro atleta português de taekwondo nos jogos Olímpicos) espelham bem a força da modali-dade na cidade dos arcebispos.

Joaquim orgulha-se da dedi-cação e motivação dos atletas bracarenses e que segundo ele

bruno moura, nélson moura, rafael andrade

S.C. Braga continuaimparável no voleibol

Têm entre 17 e 18 anos. Treinam quatro vezes por semana para se-rem o que são e o resultado está à vista de todos.

Não é só no futebol que o Sporting Clube de Braga tem sucesso. Também no voleibol há uma equipa que não pára de dar alegrias aos adeptos: as juvenis femininas. Segundo o professor Calos Dias, que é quem as treina, estas jovens já foram campeãs nacionais infantis e juvenis pela

anselmo ferreira,carla costa, carlos bastos

“dominam a cena do taekwondo nacional” e “representam Portu-gal ao mais alto nível em eventos internacionais”.

Domínio que considera acabar por ser negativo pois se a quali-dade e concorrência das restan-tes academias do país fosse maior só seria positivo para a qualidade dos seus atletas.

Lamenta também uma certa falta de apoio por parte da Câma-ra Municipal de Braga. “Às vezes, se fossemos mais acolhidos mais protegidos, até o simples for-necimento de um autocarro ou

transporte far-nos-ia sentir mais apoiados” e talvez “concedesse mais ânimo”.

Agora incluídos na estrutu-ra do Sporting Clube de Braga, sentem-se motivados a reforçar o clube como uma potência e vi-veiro de talentos de taekwondo a nível nacional e sonhando com uma possível medalha de ouro para Portugal.

“Os nossos antepassados eram gente guerreira habituada a fazer muito com pouco”, afirma con-fiante.

Escola E.B 2,3 de Lamaçães e também campeãs regionais ain-da no ano que passou.

Nesta época disputam o cam-peonato regional e encontram-se no primeiro grupo juntamente com o Vitória Sporting Clube, Leixões Sport Clube e Eanes Lo-bato, grupo do qual as adolescen-tes são cabeça-de-série.

As jovens jogadoras de voleibol têm representado o Braga de for-ma positiva a avaliar pelos seus resultados. De facto, esta época ainda não perderam um jogo e de há dois anos para cá que ainda só tiveram uma derrota.

O professor não hesita em acrescentar que esta tem-se de-monstrado “uma equipa inven-cível”.

As changes de PortugalImaginemos que é um crente ex-tremamente fiel na capacidade matadora de Liedson, nas fintas e petardos de Cristiano Ronaldo, na visão de jogo de Deco, nos cabeceamentos e agressões do Bruno Alves à bola e jogado-res incluídos.Agora imaginem que num impulso de loucura e contra todas as probabilidades decidiam apostar 2000 euros na vitória de Portugal. Se assim for então sigam estes passos para garantirem a vossa reforma.Segundo as estatísticas da Bwin poderiam ganhar mais que o dobro da vossa aposta (4500 euros) em caso de ganharmos contra a Costa do Marfim, guar-davam o vosso dinheiro no jogo contra a inofensiva Coreia do Norte e apostavam numa vitória contra o Brasil, arriscando-se a ganhar 8000 euros pela vitória e por Portugal ter ficado em primeiro no grupo, a partir daqui meus amigos é só lucro.Se tivessem um feeling mesmo muito forte e antes de criar uma conta poupança apostavam contra a vizinha Espanha, campeã europeia e possível finalista e adicionavam mais 10 500 euros ao dinheiro guardado debaixo da cama.Viam Portugal passar os quar-tos-de-final na vossa suite da Foz e encaixavam mais 13 mil euros.Viam a vitória nas meias-finais, na televisão do vosso Audi TT e de seguida descontavam os vossos 380 mil euros.E enquanto bebiam champanhe e viam a selecção tuga levantar a copa do mundo, provavelmen-te contra o Brasil ou a Inglater-ra, na suite VIP do estádio de Joanesburgo segredariam aos ouvidos do presidente da Repú-blica que com os novos 874 mil euros pagariam vocês mesmos o próximo jogo de golfe.O verdadeiro adepto é assim contra tudo e contra todos pela sua equipa. Até contra o bom senso.

OPINIãO

Nélson MouraALUN0 DA FACFIL

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Desporto |

Pedro Póvoa em mais um combate no ginásio Konceito fitness fOtO: BrUNO MOUra

MODALIDADES

Universidade Católica vai ter equipa de futebolA notícia foi divulgada pelo pre-sidente da associação após ter falado com o director da facfil sobre a ideia de ter uma equipa de futebol. A ideia foi aprovada e o director já escreveu uma carta ao director da UM no in-tuito de obter uma autorização para a equipa poder treinar e jogar no “campo adversário”. A equipa terá jogadores das três faculdades unidas pelo objecti-vo da prática do futebol.

400 atletas de BTT deslocam-sea MontalegreMontalegre será, já este Verão, protagonista de mais uma grande prova mundial. O oitavo campeonato do Mundo de orientação em BTT terá lugar no alto Tâmega e Barroso, uma zona “com exelente potencial para a prática de BTT”, como consta no protocolo. A Federa-ção Portuguesa de Orientação em conjunto com autarquia irão organizar o evento para acolher mais de 400 atletas.

Europeude Rallycross no BarrosoA pista automóvel de Montale-gre abre o campeonato Euro-peu de Rallycross 2010, de 30 de Abril a 2 de Maio. Montale-gre será o representante de um campeonato de 12 provas, de entre as quais pontuam apenas as dez melhores para cada piloto. São esperados milhares de adeptos desta modalidade, fazendo da vila o centro das atenções nesse fim de semana.equipa treina quatro vezes por semana

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silêncio fOtO cedida por cidade.blogger.com.br

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Cultura | sociedade

Liberdadede expressão postaem causa?

“A censura começa quando ten-tamos, por qualquer meio à nossa disposição, condicionar a liberdade dos outros”, afirmou Gregório Vasconcelos, escritor e jornalista, nos princípios do sé-culo XX.

Há 35 anos que se celebrava a Liberdade em Portugal. Uma nova etapa, um novo começo, uma nova vida. No entanto, como dizia o químico Lavoisier, “nada se perde, tudo se transfor-ma”. A censura não se dissipou totalmente e sente-se no mundo da comunicação social.

À conversa com José Cândido Martins, docente da Universida-de Católica Portuguesa, e Engé-nio Silva, docente da Universida-de do Minho, encontramos duas opiniões que partilham as mes-mas ideias. A pergunta em cima da mesa é se há ou não liberdade de expressão?

Sem tempo para reflectir, am-bos os professores defendem a existência da liberdade de ex-pressão limitada e controlada pelo poder. Apesar de a liberda-de de expressão constituir “um dos princípios fundamentais do regime democrático” e estar “consagrado na Constituição da República Portuguesa”, como rematou Eugénio Silva, “ existem abusos à liberdade de expressão: as limitações e os abusos são ile-gítimos, portanto, condenáveis e puníveis”, concluiu.

O professor Cândido Martins acredita que os jornalistas vi-vem num dilema: “publicar e perder o emprego; ou não publi-car, pactuando com a manipula-ção política”.

Com o impacto que os media têm na vida social, poder-se-á considerar que a tentativa do Go-verno controlar os meios de co-

Joana martins, rui gonçalVes municação é natural, já que estes são, de facto, um poder temível que controla e molda a opinião das pessoas, acerca de um certo e determinado tema.

Contudo, tal como refere Cân-dido Martins, “o leitor terá de ser muito vigilante e muito críti-co de todas as formas de contro-lo da comunicação social”, o lei-tor terá de ser muito vigilante e muito crítico de todas as formas de controlo da comunicação so-cial”, já que todas as pessoas devem ter espírito crítico para tentar compreender aquilo que é verdade ou mentira.

Em jeito de conclusão, ambos explicaram que “há liberdade mas é notório que está limitada pelo poder”.

Expensive Soul estão de regresso aos discos

Os portugueses Expensive Soul já estão a preparar o terceiro álbum de originais. Depois de “B.I.” (2004) e de “Alma Cara” (2006), a dupla de Leça da Pal-meira está de volta ao panorama da música portuguesa com um novo trabalho.

Demo (António Conde) e New Max (Tiago Novo), produtor do disco, estão em estúdio há al-guns meses e apontam o final de Abril como data de lançamento do álbum.

O primeiro single chama-se “O Amor é Mágico” e já se pode ou-vir nas rádios nacionais. Demo, o MC (Mestre de Cerimónias) da banda, avança ao “Comunica*te” que o videoclipe do single já está a ser preparado.

A banda promete um álbum “muito alegre e cheio de grandes canções com uma sonoridade igual a Expensive Soul, mas mais temperada”.

A dupla está empenhada em produzir um bom álbum que leve as pessoas a inspirarem-se e a viajar com os temas.

O disco conta com a participa-ção de dois artistas com os quais Demo e New Max se identificam “completamente”, os MC’s Bob The Rage Sense e A.S. 2.

Demo confessa que a inspira-ção para o álbum surgiu espon-

cláudia bragança, hélène fernandes, liliana andrade

taneamente e que é em situações do quotidiano que os dois mú-sicos se inspiram para criar no-vos temas. “A inspiração é algo que surge com o desenrolar das nossas vidas, é espontâneo e na-tural”.

Em termos musicais, o gru-po foi muito influenciado por grandes discos de soul e por ar-tistas como Marvin Gaye e Ray Charles.

Com dois álbuns no mercado

e o terceiro em fase de finali-zação, Demo considera que a evolução do trabalho dos Ex-pensive Soul acontece natural-mente. “Acho que este disco é o melhor que podemos fazer

neste momento. A evolução do nosso trabalho acontece com naturalidade, nota-se de disco para disco. Consideramos que a nossa música está cada vez me-lhor”, afirma.

O nome do novo álbum ainda é uma incógnita para New Max e Demo. “Por incrível que pare-ça, o nome ainda não está de-cidido, temos alguns na mesa, mas ainda não temos certezas”, afirma Demo.

O lançamento do álbum está previsto para o final do mês de Abril mas a dupla prefere não revelar o local, apenas adiantam que “ainda é surpresa” e pedem aos fãs que estejam atentos “por-que vai ser bombástico”.

O que já é certo é a presença dos Expensive Soul com a Jaguar Band, banda que os acompanha nas suas actuações, em vários palcos do país.

Demo revela que a banda “vai andar a rolar pelas queimas, câ-maras e festivais”, confirmando o início da digressão.

Entre as datas já confirma-das estão as presenças na gala da rádio Nova Era, no Porto, no dia 10 de Abril, na feira de Maio em Azambuja, dia 29 de Maio, e num dos festivais mais mediáticos do país, o Rock In Rio Lisboa, onde os Expensive Soul actuarão dia 27 de Maio no palco Sunset com Omar and Incognito.

sucessor de “Alma Cara” ainda não tem título definido, mas será lançado no final de Abril

a dupla de MC’s já está em estúdio a preparar o seu terceiro álbum fOtO cedida por Mc demo

“É um álbum muito alegre e cheio de grandes canções, com uma sonoridade igual a Expensive Soul mas mais temperada”

“A evolução do nosso trabalho acontece com naturalidade. Consideramos que a nossa música está cada vez melhor.”

Eugénio SilvaPROFESSOR UNIVERSITÁRIO

“as limitações e os abusos são ilegítimos, portanto, condenáveise puníveis”

167jORNALISTAS ESTÃO PRESOS E 76 FORAM MORTOS NO MUNDO EM 2009

PORTUGAL EM 32.º LUGAR NO qUE DIZ RESPEITO À LIBERDADE DE ExPRESSÃO EM 2009

Cândido MartinsPROFESSOR UNIVERSITÁRIO

“o leitor terá deo leitor terá de ser muito vigilante e muito crítico de todas as formas de controlo da comunicação”

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Cultura | sociedade

MARÇO 2010 | COMUNICA*TE | 13

Páscoa:Partilhaou comércio ?Aproxima-se a Páscoa, mais uma data importante e mun-dialmente reconhecida, embora dotada de significações diferen-tes para cada um.Aquela que anteriormente era considerada a festa da vida, por constituir, para os cristãos, a Ressurreição de Jesus Cristo após ter sido julgado, condenado e crucificado, e para os judeus a libertação do povo do Egipto depois de terem sido escravos ao longo de quatrocentos anos, deixou de o ser nos dias que correm. Cristãos e Judeus inter-pretavam outrora a celebração da Páscoa como o triunfo da luz sobre as trevas, da vida sobre a morte. Actualmente, estas con-vicções transformaram-se em crenças patentes apenas numa minoria. Apenas uma pequena parte da população encara a Páscoa como a verdadeira festa da vida, a exaltação do renascer.hoje a Páscoa é somente um reflexo do materialismo exacer-bado que caracteriza invaria-velmente cada um de nós. Um engano a que muitos se sujei-tam mas que já não consegue esconder as suas verdadeiras intenções de marketing e con-sumismo nitidamente manifesto na sociedade em que vivemos. Os hipermercados enchem-se por esta altura de amêndoas, chocolates, folares, e afins e as pessoas estão mais preocu-padas nas confecções para o almoço ou no presente para dar à vizinha do que em estar com a própria família.Espera-se ansiosamente com a Páscoa a chegada de mais umas apetecidas mini-férias, que mais não são do que uma antecipação das grandes férias do verão. Troca-se assim, de modo fácil e despreocupado, todo o conceito de partilha, amor e família por uns dias de fuga ao frenético e stressante quotidiano.E assim se encontra a nos-sa sociedade, desprovida de valores, e caracterizada por um individualismo e egoísmo que causa verdadeira confu-são e perturbação a qualquer um que se interrogue sobre o verdadeiro sentido da vida, sobre a verdadeira essência dos valores e conceitos fundamen-tais perdidos no tempo mas que dotavam a sociedade de uma ingenuidade saudável e de uma simplicidade apetecível.

OPINIãO

Marta CabralALUNA DA FACFIL

Milhares de pessoas celebram a Páscoana procissão da “Burrinha”

Quarta-feita de cinzas é o dia de eleição para a mítica Procissão da Nossa Senhora da Burrinha que dá início às procissões Pas-cais. Todos os anos traz à cidade milhares de pessoas, de várias regiões, sobretudo do Minho e Norte de Espanha.

Segundo o presidente da Jun-ta de Freguesia de S. Victor, Fir-mino Marques, “a vinda de tan-tas pessoas à procissão explica o facto de Braga ser como a Roma portuguesa”.

diana sampaio, rita Veloso A procissão conta a história do Povo de Deus através de um Cortejo Bíblico.

A organização está entregue à Junta de Freguesia e à paróquia de S. Victor e envolve muitos participantes, que começam a preparar a “Burrinha” no dia de-pois de cada procissão.

Há uma grande participação de inúmeras pessoas: bandas de música, corais, orquestras, Bombeiros Voluntários e da Cruz Vermelha de Braga.

Firmino Marques diz que “ há bons motivos para não faltar”.

O presidente da Junta acredita que há mesmo um fenómeno de adesão “maciça”, pela oportuni-dade de observar um momento de catequese e reflexão devido ao empenho da Comissão.

As tradições religiosas levam famílias à procissão, sem esque-cer os mais novos.

Uma das maiores dificuldades na procissão é dar lugar às centenas de pessoas que percorrem quilóme-tros para assistir a esta procissão.

A procissão da “Burrinha” de-corre a 31 de Maio, pelas 21:30h.O percurso vai da Junta de Fre-guesia de S. Victor ao Centro Histórico da cidade.

Braga veste-se de roxo e cumpre tradição da Semana Santa

Na semana que antecede a Pás-coa, a Cidade dos Arcebispos re-cebe, todos os anos, milhares de pessoas de várias partes do país e um grande número de estran-geiros, número esse que vem au-mentando de ano para ano.

A Semana Santa é preparada pe-los cristãos ao longo da quaresma como caminhada espiritual e peni-tencial e a Páscoa celebra o mistério da morte e ressurreição de Cristo.

ãngela barbosa, tânia lima

solenidades pascais prologam-se até 5 de abril

À semelhança dos outros anos, para além das já conhecidas e tradicionais celebrações sagra-das, este ano o programa de fes-tividades da Semana Santa de Braga vai contar com diversas actividades culturais, tais como exposições, concertos e ainda um espectáculo de dança.

As actividades culturais ini-ciam-se no dia 25 de Março com o espectáculo de dança, iniciativa da Comissão da Semana Santa e da responsabilidade dos alunos

da Arte Total do Centro de Edu-cação pela Arte.

No dia seguinte, numa iniciativa da Irmandade da Misericórdia, o grupo “La Portingaloise” dará um concerto coral e instrumental na igreja de S. Marcos (hospital).

Entre as várias exposições, en-contra-se a “Semana Santa de Braga”, uma exposição itineran-te que decorre entre o mês de Março e Abril e vai percorrer vá-rias cidades do país como Gui-marães, Porto e Lisboa.

No que toca às celebrações re-ligiosas, iniciarão no dia 27 de Março com a Transladação do Senhor dos Passos e a Via-Sacra que passará pelos vários “calvá-rios” da cidade.

A 28 de Março celebra-se o domingo de Ramos, que assina-la a entrada de Jesus Cristo em Jerusalém e também a abertura na Semana Santa. Nesse mes-mo dia, ao final da tarde, sai à rua a Procissão dos Passos, cortejo simbólico das figuras que intervieram no julgamento, con-denação e morte de Cristo.

Outra procissão importante é a Procissão do Enterro do Senhor, a mais solene e imponente, que decorre dia 2 de Abril e leva ás várias ruas da cidade o esquife do Senhor morto.

No dia 4 de Abril, Domingo de Páscoa, termina a Semana Santa. A visita pascal, em que um gru-po de pessoas leva a imagem de Cristo na Cruz a várias casas, não só em Braga como em toda a re-gião do Minho e no resto do país, marca o fim das celebrações.

ruas de Braga decoradas a rigor para celebrar a Páscoa fOtO: ÂNgeLa BarBOsa

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CULTO | Cultura, sugestões, roteiro de lazer

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UM MINUTO

Tiago Bettencourt em GuimarãesTiago Bettencourt vai estar no dia 26 de Março, pelas 22 horas, no Centro de Artes e Espectáculos São Mamede, em Guimarães. O vocalista e com-positor dos Toranja apresenta ao vivo «Em Fuga», o segundo álbum a solo. A acompanhar Tiago Bettencourt estão o contrabaixista Pedro Gonçalves (Dead Combo) e o baterista João Lencastre, habitual colabo-rador dos Blasted Mechanism.

Exposição de veículos clássicos em BragaCerca de 100 automóveis e motociclos antigos são apre-sentados no Parque de Expo-sições de Braga, nos dias 26, 27 e 28 de Março. Este evento visa a aproximação do segmen-to automóvel e da motocicleta clássica aos seguidores do mundo do motor, dinamizando o sector empresarial e fomen-tando os valores desportivos e culturais que se desenvolvem dentro deste âmbito.

Mostra de cavalos lusitanos em Vila VerdeA academia Equestre Arte Lu-sitana de Vila Verde, na Lage, vai ser palco de um espectá-culo aberto a toda a população no sábado, 27 de Março, para conhecer e entender o cavalo. “Tudo está feito para contar a história do cavalo e o protagonismo que foi tendo ao longo dos tempos”, salientou o proprietário, Rui Vaz. O cavalo puro lusitano será o centro das atenções.

Intimidade de um homem do cinema

Intelectual por natureza, o cine-asta António Pedro Vasconcellos partilha a sua paixão do cinema com a literatura, a televisão, o fu-tebol e a família.

Desde muito cedo se afirmou como um leitor compulsivo, so-bretudo de romances, tendo sido atraído para o cinema através da ficção. No entanto, considera que o cinema tem algumas diferen-ças substanciais face à literatura, nomeadamente no que toca ao modo de contar histórias através de personagens de carne e osso, enquanto nos romances tudo tem de ser imaginado pelo lei-tor. Com a pretensão de escrever livros e contar histórias, desde muito novo, António Pedro Vas-concellos teve a consciência de que “escrever é uma actividade triste e solitária”.

Detentor de uma indústria cinematográfica muito pouco abrangente, o realizador acusa a cultura portuguesa de ser “pe-quena, periférica e pobre”. Em Portugal a política do cinema passa pelo Estado, “que decide quem filma e quem não filma, coisa que é aberrante”.

Só começou a filmar aos 30 anos e em 40 anos fez oito filmes. “Apesar de ser a minha única paixão eu não vivo disto!”, escla-rece o realizador que considera que em Portugal é impossível viver exclusivamente do cinema. “Portugal é bom para se ter um restaurante ou uma farmácia”, ironiza.

Para se fazer um bom filme, é essencial que se imaginem per-sonagens e se saibam os actores exactos para a encarnar. “Tem que haver um dom que eu acho fundamental e que se cultiva”, afirmou.

Como professor costuma di-zer aos seus alunos que a única coisa que um cineasta não pode

Joana martins, marta cabral, pedro ferreira

dispensar é saber antecipar a re-acção do público, “se um grupo de espectadores não percebeu a piada, a culpa é tua, porque tu é que não a soubeste explicar!”

“Eu sou um homem do cinema, mas interessa-me mais a televi-são enquanto media porque a TV tem um efeito sobre as pessoas muito maior do que o cinema”, refere António Pedro Vascon-cellos, ao mesmo tempo que con-sidera a televisão uma verdadeira “alavanca de negócios, interesses e poder”.

Na sua carreira, considera que faltou ter feito três ou quatro ve-zes mais filmes. No entanto, com sentimento realista, afirma que gostava que as coisas em Por-tugal mudassem, embora não tenha qualquer esperança que venha um ministro da cultura capaz de mudar essa situação.

Em cada filme que faz tenta sempre não repetir os erros an-teriores. É o seu lema para ob-

ter sempre melhores produtos. “Olho para os meus filmes e sou o meu maior juiz”, confessa. Para o futuro, deseja apenas que os seus filmes o deixem, se não for satisfeito por completo, pelo me-nos sem vergonha de os ver.

Amante do futebol, e do Benfi-ca em particular, não conseguiria escolher entre um e outro caso tivesse de o fazer. No entanto, não esconde o seu contenta-mento por serem perfeitamente compatíveis. “A satisfação que me dá um jogo de futebol como o Benfica e as vitórias que me dá são momentos e emoções não comparáveis com nada. Gosto muito de ir com o meu filho e os meus netos ao futebol e essa sensação de partilha com eles é simplesmente única. Ver um grande filme ou um grande jogo são emoções completamente dis-tintas que não se anulam mas se podem somar, como outros pra-zeres que tenho na vida.”

António Pedro Vasconcellos lamenta que portugal seja “um país muito ingrato para fazer filmes”

antónio Pedro vasconcelos fOtO:daNieLa ferNaNdes

PERFIL

António PedroVasconcelos

nasceu em Leiria, a 10 de março de 1939. é um dos cineastas mais representativos do cinema português. Foi argumentista e teve participação como actor em alguns filmes. Fez crítica literária e cinematográfica. Na televisão, marca presença assídua como argumentista desportivo na RTPN e como escritor publicou “Interessa Público, Interesses Privados”

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CULTO | Cultura, sugestões, roteiro de lazer

LIVROSROTEIRO / AGENDA

ThEATROCIRCO Braga

SUSANNA AND ThE MAGICAL ORChESTRASÁB 10 ABR 22,00hSusanna And The Magical Or-chestra é uma dupla composta por Morten qvenild (teclados) e por Susanna Karolina Wallu-mroed (voz) que combina a acessibilidade da música pop tradicional, a rigidez da electró-nica e a improvisação do jazz. Depois de “Melody Mountain”, um album de versões, a banda recupera a capacidade para composições originais que de-monstraram em “List of Lights and Buoys” e apresentam “3”, um novo trabalho discográfico composto por oito novos temas e duas versões. FALAR VERDADEA MENTIRqUA 14 ABR, 14h30A peça é uma divertida co-média do grande reformador do teatro português, Almeida Garrett, escrita a partir do original “Le Menteur Veridique”, de Scribe.Conta a história de Duarte – um jovem da alta sociedade – que tem por hábito não dizer uma palavra sem mentir. Um dia as suas mentiras tornam-se verdades e ele nem acredita que o destino lhe pregou uma partida…

EURO CONCERTMAGIC OF ThE DANCEqUI 22 ABR 21,30hAclamado pela crítica como o espectáculo mais elegante e apaixonante do século, “Magic

of the Dance” é uma mara-vilhosa história de amor que decorre numa Irlanda assolada pela fome, onde o bem e o mal convivem, todo ele representa-do com umas impressionantes e refinadas danças, e com uma precisão assombrosa. A tragédia, a magia e o romance entrelaçam-se no argumento da obra, o que lhe dá grande dinamismo.

CINEMABraga

GREEN zONEDrama Título original: Green ZoneRealização: Paul GreengrassPaís: EUA/ Espanha/ França/ Reino Unido Duração: 115 minEstreia: 8 de Abril

O filme conta a historia de um pequeno grupo de soldados norte-americanos que descobre provas claríssimas da exis-tência de armas de destruição em massa no Iraque. A sua descoberta é posteriormente explorada por um correspon-dente estrangeiro.

SExO E A CIDADE 2ComédiaTítulo original: SEx AND ThE CITy 2 Realização: Michael Patrick KingPaís: EUA Estreia: 27 de Maio

A sequência do filme “O Sexo e a Cidade”, que arrecadou em 2008 mais de 300 milhões de euros, vai ser lançada a 27 de Maio deste ano. Neste filme, as quatro amigas novaior-

quinas reaparecem em mais confusões envolvendo moda e homens. O tema principal será a crise mundial, uma vez que a historia tem uma relaçao muito estreita com o luxo.

MúSICADAVID FONSECA COLISEU DOS RECREIOS, LIS-BOA, 4 DE ABRIL COLISEU DO PORTO,PORTO, 16 DE ABRILLEGENDARy TIGERMANCASA DAS ARTES DE

FAMALICÃO, FAMALICÃO,17 DE ABRILMETALLICAPAVILhÃO ATLANTICO,18 E 19 DE MAIO BILhETES 35 A 50 EUROS ROCk IN RIO LISBOA DIAS 21, 22, 27, 29 E 30 DE MAIO, PARqUE DA BELA VISTA, LISBOABILhETE DIÁRIO 58 EUROSOPTIMUS ALIVE DIAS 8, 9 E 10 DE JULhO,PASSEIO MARITIMODE ALGES, OEIRASBILhETE DIARIO 50 EUROS,PASSE 3 DIAS 90 EUROS

O Miudo que pregavapregos numa tábua

Manuel Alegredom quIxotepreço: 12,00€

Depois de Cão Como Nós, lan-çado em 2002, eis o novo livro de ficção de Manuel Alegre, que poderá ser descrito como uma incursão do autor sobre a sua arte poética trazendo para a reflexão experiências da sua infância.

Uma Palavra Tua

Elvira LindoedItorIAL PreSenÇApreço: 14,50€

Galardoado com o Prémio Bi-blioteca Breve 2005, Uma Pa-lavra Tua traz-nos as histórias de vida de Rosário e Milagros, duas mulheres desajustadas, dois percursos existenciais que se cruzam nas ilusões e reali-dades que dão forma ao medo de não merecerem ser felizes.

ATRACçõES

O centro das atenções do centro da cidade

A restauração e renovação do já centenário ‘‘Astória’’ fizeram renascer este mítico espaço bra-carense.

Situado na Praça da Repúbli-ca, no coração de Braga, o café/bar/restaurante Astória tem um ambiente bastante aprazível.

Apesar da esplanada só fun-cionar no Verão, no Inverno também se pode usufruir do exterior, uma vez que há um es-paço coberto e com aquecedores decorativos.

O restaurante possui uma

ana lopes, daniela fernandes excelente vista para a praça da cidade, salas para fumadores e para não fumadores, decora-ção contemporânea e repleta de puro bom gosto.

O chefe, Gabriel Mendes, su-gere ‘‘Carpaccio de bacalhau’’ e ‘‘Cogumelos Portobello’’ como entradas. Nós sugerimos que, depois do ‘‘amuse bouche’’, se deleite com o quimérico ‘‘Torne-dó Rossini’’ ou com os secretos de porco preto. Para os amantes do peixe, o mítico ‘‘Bacalhau à Braga’’ ou a ‘‘Pescada do Chefe’’ também não o vão desapontar. Para a sobremesa, podemos

ainda sugerir a cremosa mous-se-gelado para dar o toque final a esta agradável experiência pa-latal.

A enoteca do ‘‘Astória’’ satisfaz o cliente mais exigente. Do bran-co ao tinto, do ‘’Esporão Reser-va’’ ao ‘’Batuta’’, o proprietário

a esplanada coberta do “astória”

José Luís Pinheiro tem um vasto leque de opções ao seu dispor.

Depois da refeição suba até ao bar, desça até ao café, vá passe-ar pelo centro da capital do Mi-nho... Fica ao seu critério. Mas há-de ter uma boa história para contar sobre o ‘‘Astória’’.

RESTAURANTECASA DAS ARTES

Venha descobrir um ambiente acolhedor, deliciar-se com o requinte do paladar de uma cozinha internacional, acompanhada com uma decoração onde antiguidade e arte contemporânea, se unem lado a lado. O melhor de dois mundos em exposição permanente.

Morada:Rua Costa Gomes, nº3534700-262 Real - Braga

Contactos telefónicos:253 622 023938 990 101

E-mail :[email protected]

ALICIA kEySPAvILhAoAtLAntICo,LISboA29 de AbrILbILheteS:30 A 40 euroS

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Do sonho da arbitragem à realidade das relações públicas

Lúcia Leitão tem 21 anos, nasceu na Vila de Fão, Esposende, e em criança rumou a Barcelos onde passou a viver com a família. A mãe inscreveu-a às escondidas na Católica para evitar que fosse estudar para Portalegre. Contra-riada no início, agora agradece o gesto da mãe.

Aluna do 3º ano de Ciências da Comunicação, desde a adoles-cência sonhava conciliar despor-to com comunicação. Considera que sempre foi “maria-rapaz” e que via o mundo do desporto como uma paixão. “Sempre jo-guei futebol e estive no meio de muitos homens. Marquei sem-pre posição”, confessa.

A arbitragem surgiu na sua vida como mais um meio de manter o desporto presente. “Na altura, queria um curso de foto-grafia, como não consegui vaga, interessei-me pela arbitragem, o que me permitiu continuar liga-da ao desporto. Era a única ra-pariga no meio de 232 homens”, explica orgulhosa.

Durante dois anos, apitou jogos das divisões regionais, com equi-

adriana almeida, cláudia bragança

foi árbitra durante dois anos, mas agoraalimenta novos sonhos fora das quatro linhas

Rui GonçalvesALUNO DA FACFIL

QUEM?

Lúcia Leitão

Idade: 21 anos

Curiosidades: Adora cozinhar e desportosde neve.

Tem o sonho de concilar a área de Relações Públicas com a área de hotelaria.

pas de árbitros conhecidos da primeira divisão nacional, o que tornava a acção em campo mais perigosa e os insultos mais inten-sos e frequentes. “Apitei durante dois anos jogos em Barcelos, Gui-marães e Braga, mas as partidas começaram a ficar muito perigo-sas. O contacto com o público era muito próximo e não tínhamos grande segurança”, afirma.

Este facto levou-a a deixar os relvados e a dedicar-se mais ao curso de Ciências da Comunica-ção, do qual é finalista. Lúcia con-sidera o curso da Católica atracti-vo, por englobar várias áreas da

comunicação e ser prático: “Em relação a outras faculdades acho as disciplinas são interessantes. Actualmente pedem-nos mais experiências práticas do que qualificações e na Católica esta-giamos nos três anos de curso”.

Em relação à faculdade, Lúcia pensa que deviam existir me-lhores equipamentos para os alunos, “por exemplo apostar na área da televisão e desenvolver a rádio que já existe. Também se-ria imporante apostar em disci-plinas relacionadas com marke-ting e comunicação empresarial que apenas damos superficial-mente no terceiro ano.”

O terceiro ano do curso fê-la descobrir novos objectivos para a sua vida profissional. A área de relações públicas tornou-se tão atractiva que quer fazer disso carreira. “O meu objectivo é ser relações públicas num aeropor-to”, revela.

Mas Lúcia não pretende ficar por aqui. Quando terminar o curso de Ciências da Comunica-ção pensa tirar o de Hotelaria e o de Etiqueta. A cereja no topo do bolo seria conciliar as três áreas, projecto que ambiciona realizar no futuro.

No dicionário o suicídio é prag-mático: acto ou efeito de suici-dar-se; morte dada a si mesmo. No olhar simplório e menos atento de qualquer comum dos mortais é triste. Contudo, para alguns jornalistas, a palavra suicídio assume um valor semântico bastante diferente do habitual. Como é retratado o suicídio, infelizmente, por alguns desses profissionais? Não hesito em vestir a pele destes meros es-critores e passo a explicar a sua visão: O suicídio é o auge dos romances; é o topo de qualquer história que o envolva; é um acto de coragem e de heroísmo; é uma magistral prova de amor; é uma atitude onde o romantis-mo adjacente à sensibilidade, onde as variáveis psicológicas adjacentes á pressão social se intensificam e se revelam as ra-zões de todo o processo. O sui-cídio é o mais fascinante marco amoroso em qualquer artigo que um “jornalista” escreva; é a arte caracterizada pela sensibi-lidade que causa às pessoas. O suicídio é lindo! Bem. Até agora fui irónico nas minhas opiniões e de ironia sou eu bem cheio. No entanto, percebam que isto não caiu do céu Estou-me a basear numa sondagem revelada por um estudo da Psicologia Social que nos conta, estatisticamen-te, o que é o suicídio aos olhos desses poetas ditos jornalistas. A um primeiro olhar parece ba-nal, a um segundo é fatalmente inquietante. Atormenta-me o tamanho da revolta que isto me causa, hum…suicídio jornalís-tico? Esses senhores percebem que o suicídio não é mais do que uma incapacidade em rela-ção às adversidades, mas insis-tem em promovê-lo como acto de valor que não o é. Fasci-nam-me os livros fantasistas de vários escritores, mas chame-mos as coisas pelos nomes: um jornal de referência não deve fantasiar com os factos que para nós, jornalistas éticos, são tidos como sagrados. Livro não é sinónimo de jornal. Escritor não é sinónimo de jornalista.

Suicídio jornalístico?

DIRECTORAlfredo Dinis

CHEFE DE REDACÇÃOElisete Duarte

EDITORESDaniela Fernandes, Filipa Ramos, Liliana

Leite, Rui Gonçalves REDACÇÃO

Adriana Almeida, Ana Lopes, Ana Pinheiro, André Fontinha, Ângela Barbosa, Bruno Moura, Carla Costa, Carlos Bastos, Cátia

Cardoso, Cláudia Bragança, Cristiano Pinheiro, Diana Sampaio, Diana Cunha,

Eduarda Pinto, Elisângela Monteiro, Hélène Fernandes, Hugo Cunha, Isolina Gomes,

Joana Fidalgo ,Joana Martins, Liliana Andrade, Maiza Morais, Marcos Tomada,

Marta Cabral, Nelson Moura, Paulo Coelho, Pedro Ferreira, Pedro Lobão, Pedro Silva,

Rafael Andrade, Ricardo Barros, Rita Veloso, Rosa Barbosa, Silvana Barbosa,

Tânia LimaORIENTAÇÃO

Domingos de Andrade

[email protected]

ISSN 1646-8384 -Tiragem: 2000 exemplares

Jornal da licenciatura de Ciênciasda Comunicação da Faculdade

de Filosofia da UniversidadeCatólica de Braga

PALAVRASCORROSIVAS