Compressed sapiencia 36

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ISSN 1809-0915 Teresina-PI | Edição nº 36 | Ano X Publicação Cientí ica da FAPEPI Programa estimula qualiicação docente Tecnologia Assistiva traz bons resultados para o Piauí Mulheres que amam mulheres ganham visibilidade em pesquisa Uespi projetos HomossexUalidade

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Financiamento à Pesquisa

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ISSN 1809-0915 Teresina-PI | Edição nº 36 | Ano X

Publicação Cientíica da FAPEPI

Programa estimula qualiicação docente

Tecnologia Assistiva traz bons resultados para o Piauí

Mulheres que amam mulheres ganham visibilidade em pesquisa

Uespi projetos HomossexUalidade

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2 sapiência 36 Publicação Cientíica da FAPEPI

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FAPE

PI FAPEPI NAS REUNIÕES CIENTÍFICAS

Professores contemplados48

eventos internacionais14

Investimentosr$ 38 500,00

AUXÍLIO À PARTICIPAÇÃO

EM EVENTOS CIENTÍFICOS

eventos contemplados24

Teresina, Parnaíba, Floriano e Bom Jesus

Investimentosr$ 100 000,00

SUBSÍDIO PARA ORGANIZAÇÃO

DE REUNIÕES CIENTÍFICAS

“A missão da FAPEPI é induzir e fomentar a pesquisa

e a inovação cientíica e tecnológica para o desenvolvimento do estado do Piauí”.

www.fapepi.pi.gov.br

FundAção dE AmPAro à PEsquIsAdo EstAdo do PIAuí

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FAPE

PI FAPEPI NAS REUNIÕES CIENTÍFICAS

Professores contemplados48

eventos internacionais14

Investimentosr$ 38.500,00

AUXÍLIO À PARTICIPAÇÃO

EM EVENTOS CIENTÍFICOS

eventos contemplados24

Teresina, Parnaíba, Floriano e Bom Jesus

Investimentosr$ 100.000,00

SUBSÍDIO PARA ORGANIZAÇÃO

DE REUNIÕES CIENTÍFICAS

Ao longo do ano de 2013, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi) auxiliou a organização de diversas reuniões cientíicas sediadas na capital e no interior do Estado. A Fundação também beneiciou vários pesquisadores que puderam participar de eventos realizados em outros estados brasileiros e no exterior.

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EXPEDIENTE

N° 36 Ano XISSN - 1809-0915

PublIcAção SAPIêNcIAPublicação produzida pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí

Publicação Quadrimestral

coNSelho edItorIAl:Ademir Sérgio Ferreira de Araújo

Ana Regina Barros Rêgo LealAntônia Jesuíta de Lima

Bárbara Olímpia Ramos de MeloCarlos Augusto de França Rocha Júnior

Diógenes Buenos Aires de CarvalhoFrancisco Chagas Oliveira Atanásio

Francisco Soares Santos FilhoHermes Manoel Galvão Castelo Branco

João Batista LopesMaria José Lopes de Carvalho

Raimundo Isídio de SousaRicardo de Andrade Lira Rabêlo

Rivelilson Mendes de Freitas

edItoreS, redAção e fotoS:Cássia Sousa

Marco Aurélio do AmaralVanessa Soromo

eStAgIárIo:Allan Campelo

revISão de teXtoS: Raimundo Isídio de Sousa

ProJeto gráfIco e dIAgrAmAção: Genilson Santiago

ImPreSSão e AcAbAmeNto:Graiset Gráica e Editora

tIrAgem: 6 mil exemplares

AO LEITOR

[email protected]

Av. Odilon Araújo, 372, Piçarra Teresina-PI • CEP 64017-280

Fone: (86) 3216-6090Fax: (86) 3216-6092

Para críticas, sugestões e contato:

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Pesquisador sugere novas

abordagens em pesquisas

sobre Esporte e Saúde

Presidente do Conselho Nacional

das FAPs fala sobre luta por mais

recursos para pesquisa

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dossiê destaca possibilidades de inanciamento para 2014

Pesquisa sobre suicídio aponta contextos de risco

A visibilidade da mulher na pesquisa sobre homossexualidade

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e mais...artigos, teses edicas de livros.

20Programa de Bolsas tem recursos

oriundos exclusivamente do Tesouro Estadual

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Caminhando para maioridade, a Fapepi tem buscado cumprir sua missão como agência pública de fomento à pesquisa cien-tíica, tecnológica e de inovação no Piauí. Com a Sapiência,

um dos seus legítimos canais de comunicação com a comunidade cientíica do Estado, a Fapepi incorpora o papel de divulgar ativida-des de pesquisadores radicados no Estado do Piauí, como mecanis-mo de educação cientíica e uma forma de estimular ideias e ações dos diferentes atores que fazem a busca pelo conhecimento nas ins-tituições locais que atuam em ciência, tecnologia e inovação (CT&I).

Nesta sua 36ª edição, a Sapiência elegeu o tema inanciamen-to da pesquisa como eixo para suas matérias e artigos. Em voga, porque atualmente, todo pesquisador que se preza não ica “com a boca aberta esperando a morte chegar”, como nas palavras do mú-sico Raul Seixas, aguardando o inanciamento cair sobre sua ban-cada de pesquisa. É preciso, literalmente, correr atrás dos recursos. Duas grandes matérias trazem a temática de forma bem concisa. A competente equipe de jornalistas que trabalha na Sapiência pesqui-sou editais e tendências de inanciamento de agências nacionais e expôs as ações da própria Fapepi que, com o apoio do governo do Estado, trará nova linha inanciamento para os pesquisadores do Piauí, com o edital de inanciamento dos grupos emergentes.

Na linha de divulgação de pesquisas, a Sapiência traz o inovador trabalho dos cientistas da área de computação do IFPI e da Uespi com jogos e equipamentos inclusivos – como a luva ultrassônica e a bengala eletrônica, que informam aos deicientes visuais a existência de barreiras, além de jogos eletrônicos que ensinam crianças autistas a ler e a escrever, mostrando o quanto é importante que existam in-vestimentos nesta área, conhecida como tecnologia assistiva. Outra matéria traz informações sobre pesquisa versando sobre o fortaleci-mento emocional como meio de prevenção de suicídios entre jovens, considerado um problema de saúde pública em evidência.

Na esteira das tendências, uma matéria com o Prof. Alex Soares sobre a aplicação da ciência no esporte nosso de cada dia, popula-rizando a aplicação do conhecimento cientíico não apenas para os esportes de alto rendimento, como a maioria das pessoas costuma imaginar. Outra reportagem aborda algumas pesquisas sobre ho-mossexualidade feminina, que ainda são escassas no Piauí.

A Sapiência aborda ainda a importância da parceria entre a Fape-pi e a Universidade Estadual do Piauí (Uespi) no inanciamento de bolsas de estudo de Mestrado e Doutorado para professores da IES estadual. A formação de novos professores, mestres e doutores tem trazido resultados expressivos para Uespi não somente na melhoria da qualidade do ensino de graduação, mas também no incremento de atividades de pesquisa e extensão, antes com pequeno enlevo, na contribuição que a Uespi tem dado na formação do povo piauiense. Neste particular, é necessário enfatizar a prioridade do Governo do Piauí em articular bem seus órgãos, permitindo que esta parceria de sucesso, lastreada com recursos do Tesouro Estadual, corroborem o crescimento da Uespi, um dos maiores patrimônios do povo do Piauí.

Assim, caro leitor, renovo votos de que esta leitura atenda aos seus anseios, com a promessa de que 2014 está só começando!

francisco SoaresPresidente da Fapepi

Edito

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RedesSOCIAIS

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presidente do conselho nacional das Faps fala sobre luta por mais

recursos para pesquisa

Por Publicação Sapiência

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sergio Gargioni ressalta que a pesquisa cientíica tem icado em planosecundário, em decorrência de apertos orçamentários e

pressões de demandas de curto prazo.

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Em entrevista por e-mail a Sapiência, o professor Sergio Luiz Gargioni, descreve o papel do Conse-

lho Nacional das Fundações de Amparo à Pesquisa (CONFAP), para o qual foi eleito à presidência em 2013. Além disso, destaca a importância das Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs) para o desenvolvimento do país e as estratégias de fomento e inanciamento à Ciên-

cia, Tecnologia e Inovação (CT&I), entre outros assuntos.

Sergio Gargioni preside também a Fundação de Am-

paro à Pesquisa do Estado de Santa Catarina (Fapesc), é professor titular da cadeira de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), institui-ção onde se graduouem Engenharia Mecânica. Con-

cluiu Mestrado na Universityof Illinois (EUA) na mesma área e MBA Executivo em Administração de Negócios pelo Instituto IMD Lausanne, na Suíça.

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Quais são os principais desaios para a ciência e tecnologia brasileira e qual o papel do coNfAP nesse ce-nário? e os principais avanços obtidos nos últimos anos?

A agenda do CONFAP é a mesma agenda das entidades representativas de diferentes segmentos da sociedade de CTI do Brasil como ABC, SBPC, ANPEI, AMPROTEC, ANDIFES, ABIPTI, para citar algumas. Portanto, os desaios são difundir a importância estratégica da CTI no desenvolvimento do país, lutar para ampliar os orçamen-tos de todas as agências inanciadoras - públicas ou privadas, nacionais e in-ternacionais-, induzir para que os re-cursos sejam destinados a programas e projetos relevantes no médio e longo prazos e, sobretudo, para que eles se-jam utilizados com eicácia e mínimo de custo burocrático. Nos seus estados, as FAPs têm-se valido do CONFAP para fortalecer suas posições via par-cerias. Podem ser citadas, por exem-plo, as parcerias com CAPES, CNPq e FINEP na implementação de progra-mas e projetos.

Que papel têm as fAPs para a ciên-cia e tecnologia no brasil?

Hoje, não se pode imaginar o Siste-ma Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI) sem as FAPs e vale lem-brar que somente o estado de Roraima não tem uma Fundação Estadual. Elas têm feito parcerias com todas as agên-cias nacionais importantes e interna-cionais, ampliando o montante global aplicado. Ademais, as FAPs têm grande capilaridade, sendo capazes de melhor identiicar, formatar e executar projetos focados em problemas e oportunidades em suas comunidades.

A FAPESP é a mais antiga, criada há 51 anos, e hoje recebe regularmente (em duodécimos) 1% da receita líqui-da do estado de São Paulo, o que soma um pouco mais de 1 bilhão de reais em 2014. Assim, FAPs como a FAPERJ, a FAPEMIG e algumas outras têm tido

aportes regulares e expressivos de re-cursos de seus estados. No conjunto das 26 FAPs, o montante anual de in-vestimentos ultrapassa 2,5 bilhões de reais, orçamento semelhante ao do CNPq.

Que conquistas o senhor conside-ra como relevantes nos últimos anos pelas fAPs em virtude da atuação do coNfAP?

O CONFAP, como entidade orga-nizada da forma que hoje conhecemos, tem somente 7 anos, sendo portanto muito jovem. Contabilizo como prin-cipais conquistas os espaços ocupados nos diferentes colegiados decisórios das diferentes agências nacionais, a elaboração da proposta do Código Na-cional de Ciência, Tecnologia e Inova-ção que redundou na proposta da PEC 290/2013 e PL 2177/2011 e outros ins-trumentos jurídicos, a uniicação das FAPs existentes e o estímulo para a criação de novas e o fortalecimento de-las em seus estados. Hoje, o CONFAP é conhecido, respeitado e valorizado no meio da CTI, tanto nacional quanto in-ternacional.

Qual a importância dos fóruns do coNfAP para a comunidade cientíi-ca?

O CONFAP organiza 4 ou 5 encon-trosanuais entre seus 26 associados. Eles são chamados de Fóruns CON-FAP. Na maioria das vezes, são realiza-dos juntamente com o CONSECTI, que reúne os secretários titulares de pastas onde a Ciência, Tecnologia e Inovação estão inseridas. Durante dois dias, atu-aliza-se o conhecimento e discutem-se as parceiras com as agências nacionais e internacionais fomentadoras. Além disso, temas de interesses especíicos dos associados são pautados. A comu-nidade cientíica tem como dividendo o aperfeiçoamento do Sistema Nacio-nal de CTI.

Quais as perspectivas e planos do

coNfAP para o futuro? há possi-bilidade, por exemplo, de editais de pesquisa lançados em conjunto pelas fAPs, via coNfAP, com abrangência regional?

A ideia é crescer em importância, tanto para as demais agências nacionais que compõem o Sistema Nacional de Ci-ência e Tecnologia, como para as FAPs em si. Hoje já há editais conjuntos en-tre as FAPs e entidades internacionais, como a Fundação Bill e Melinda Gates (EUA) e INRIA/CNRS (França). O for-mato do calendário e do processo de análise é único. Cada projeto aprovado é inanciado pela entidade internacional e pela FAP do estado onde o projeto será executado. Há projetos com participação de pesquisadores e instituições de mais um estado. No futuro, poderemos ter editais comuns consorciados entre duas ou mais FAPs. O CONFAP é o facilitador dessas cooperações.

Nos últimos anos, houve um for-talecimento das fAPs por meio das articulações, via coNfAP, com o go-verno e agências federais. os objetivos da criação do coNfAP estão sendo alcançados? há perspectiva de um maior fortalecimento das fAPs, prin-cipalmnte daquelas com menor capa-cidade de investimento?

O CONFAP tem assento nos prin-cipais colegiados de deliberação e as-sessoramento das agências federais e programas nacionais. Vale citar alguns, como CNPq, FINEP, MCTI e CGEE. Seus representantes têm a missão de defender e alinhar interesses das FAPs sem exceção, tanto as maiores quanto as menores. Há situações em que os programas, projetos e critérios preci-sam ser ajustados para as FAPs de me-nor capacidade de investimento e que ainda estão se estruturando nos seus estados. O CONFAP tem a função de incorporar e defender uma agenda que abrigue as peculiaridades de cada FAP sem, contudo, abrir mão da qualidade dos projetos da pesquisa.

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o senhor acredita que há demanda qualiicada não atendida pelos pro-gramas de fomento?

Como regra geral, a demanda qua-liicada nunca é atendida na sua pleni-tude, seja pelas agências nacionais mais importantes e tradicionais, seja pelas FAPs em si. Infelizmente, os recursos providos pelo setor público brasileiro para Ciência, Tecnologia e Inovação são tímidos e inconstantes, assim como são reduzidos os recursos providos pelo setor privado. Isto em comparação com países de maior ou igual grau de desenvolvimento econômico. Arrisco dizer que o índice de atendimento ica em torno dos 20% no edital Pesquisa Universal; nos projetos de subvenção econômica para empresas, não ultra-passa a casa dos 50%.

Que oportunidades o senhor iden-tiica para diversiicação dos progra-mas de fomento existentes?

Não se pode negar o aumento da diversidade de editais lançados pelo Sistema Nacional de Ciência e Tecnolo-gia, aqui incluídas as agências federais e estaduais especíicas, ministérios e de-mais órgãos e empresas. Creio que, pra-ticamente, todo bom projeto encontre abrigo em alguma chamada pública ou programa. Todavia, há sempre deici-ência no volume de recursos e na con-tinuidade dos programas, sem contar com a excessiva, cara e desmotivadora burocracia envolvida.

há expectativa de crescimento do investimento do governo federal e dos governos estaduais em ciência e tecnologia? como o coNfAP vem-se articulando para lutar pela ampliação destes investimentos?

Uma das principais bandeiras do CONFAP é lutar por mais recursos para a pesquisa e inovação, isso de qualquer fon-te. Nos últimos dois anos e pelo que tudo indica neste de 2014 também, não tem havido crescimento no volume dos recur-sos. Apertos orçamentários e pressões de demandas de curto prazo têm colocado nossa área, mais uma vez, em plano se-cundário. Vale para os estados, também. Ressalta-se que, em alguns estados e em número crescente, a comunidade cientíi-ca tem convencido seus dirigentes a apor-tar o percentual de 1% (alguns estados com percentual maior) da receita líquida nas suas FAPs, ano após ano, de forma regular, independentemente da saúde i-nanceira circunstancial.

Quais as diiculdades para am-pliar o acesso aos recursos federais para ciência e tecnologia? como su-perá-las?

Não se trata, necessariamente, de diiculdade de acesso. Lógico que exis-te uma burocracia excessiva e crescen-te que aumenta os custos, retarda a execução e aumenta o risco do gestor. Esta é, exatamente, a luta que o CON-FAP e outras entidades representativas da comunidade técnico-cientíica vêm

travando no Congresso Nacional para aprovar um novo conjunto de regras que possam dar maior eiciência ao processo de captar recursos e executar a pesquisa. De qualquer maneira, mais fácil ou mais difícil, os recursos dispo-níveis são acessados na sua totalidade. Novamente, a mesma tecla: o problema está na sua escassez e descontinuidade.

dadas as disparidades regionais em vários âmbitos como, por exem-plo, econômico e de investimento na pesquisa cientíica, como o senhor per-cebe que entidades, como a coNfAP, podem contribuir para o desenvolvi-mento de regiões menos favorecidas?

O Brasil tem assimetrias regionais acentuadas quando se fala em desen-volvimento econômico. O conheci-mento cientíico e sua transformação em inovação pode ter um papel rele-vante na direção dessas desigualdades, desde que seja gerenciado de forma eicaz e com a intensidade necessária. Esse é o mantra de organizações como CONFAP, CONSECTI e assemelhadas: mais recursos, projetos adequados, re-levantes e continuados e mínima buro-cracia. Pela sua importância estratégi-ca com alcance no longo prazo, quase nunca entendido e desejado pelo poder político, o chamado Sistema de CTI Brasileiro continua tímido, infelizmen-te. Assim, as FAPs e sua representação via CONFAP têm grande responsabi-lidade e devem atuar de forma unida e forte para que o avanço pretendido aconteça.

O conhecimento cientíico e sua transformação em inovação pode ter um papel relevante na direção dessas

desigualdades, desde que seja gerenciado de forma eicaz e com a intensidade necessária

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érIA professor avalia tendências atuais

de pesquisas em esporte e saúde

Por Vanessa Soromo

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Professor Alex soares acredita que há uma gama de conhecimentos relacionados ao Esporte, um fenômeno social, que podem ser discutidos

dentro de um tema atual – a Saúde.

Quando os assuntos são Ciência, Esporte e Saúde, facilmente os associamos às modalidades de

alto rendimento e consequentemente aos atletas proissionais. Isso se deve muito à propagação dos temas na mí-dia. Estamos acostumados a assistir, a ouvir e a ler que pesquisas cientíicas e tecnológicas são utilizadas pela comu-nidade esportiva mundial como forma de ampliar os limites do corpo e assim obter melhores resultados nas compe-tições e no processo de reabilitação de atletas lesionados.

O cenário muda se a busca é pela relação entre Atividade Física e Saúde.

Nesse caso, o foco das matérias são os benefícios que a população adquire com a prática de atividades, como: caminha-da, hidroginástica, musculação e ginás-tica aeróbica. De acordo com estudos do professor Alex Soares Marreiros Fer-raz, graduado em Educação Física pela Universidade Federal do Piauí (UFPI) e doutor em Biotecnologia pela Universi-dade Estadual do Ceará (UECE), essa tendência também ica evidente no uni-verso da pesquisa cientíica.

“Quando se trata de saúde, a maioria dos artigos relaciona com atividade físi-ca, e o foco das pesquisas no esporte é o desempenho, a performance, melhorar

o resultado esportivo. Elas vinculam o tema saúde quase sempre à saúde do atleta. Esquecem que o esporte também é uma atividade física que tem uma sé-rie de benefícios que poderiam ser bem aproveitados para possibilitar a saúde da população em geral”, explica Alex Soares.

O pesquisador acredita que, quando os estudos na área da Ciência, Esporte e Saúde se desviam dessas duas gran-des tendências, a pesquisa cientíica e/ou tecnológica contribui com novos conhecimentos. “A ideia original é a es-sência da contribuição do cientista. A originalidade do trabalho é repensar a

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partir de variáveis diversas de forma di-ferente. Eu acho que esse é o grande de-saio para a pesquisa no momento atual, independente da área, porque novas fronteiras no mundo de hoje são muitas raras”, declara.

Para Alex Soares, é necessário que haja mais pesquisas que discutam o Es-porte sob outras perspectivas, que não só a do esporte de desempenho. A partir do momento em que a atenção se volta para o Esporte de Recreação e o Esporte Pedagógico que favorecem mais a popu-lação, torna-se mais fácil o surgimento de novos talentos, como, por exemplo, a atleta piauiense Sarah Menezes, que co-nheceu o judô ainda criança, na escola.

Palco dos maiores eventos esportivos

O Brasil sediará dois dos maiores eventos esportivos do planeta - a Copa do Mundo, em junho deste ano, e os Jogos Olímpicos em 2016. Em razão desse momento atípico do nosso país, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) promoveu em outu-bro do ano passado, a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT), com o tema “Ciência, Saúde e Esporte”, com o objetivo de motivar a população, em especial das crianças e dos jovens, a co-nhecer os aspectos cientíicos, educa-cionais e de saúde envolvidos nas ativi-dades esportivas.

Durante a SNCT, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi) convidou o professor Alex So-ares para participar do evento; na oca-sião, ele foi ministrou a palestra “Espor-te e Saúde: Pesquisas Atuais”. O doutor em Biotecnologia mostrou que o espor-te de competição pode trazer inúmeros problemas de saúde para os atletas. Foi o que aconteceu com Daiane dos San-

tos, Ronaldo Fenômeno e Guga, espor-tistas brasileiros renomados que cole-cionaram lesões durante suas carreiras. “É quase impossível você encontrar um atleta que não tem uma lesão, que não tenha sofrido um acidente, que não te-nha sequelas importantes em decorrên-cia do esporte”, comenta.

A palestra destacou também as perspectivas das pesquisas relacionadas à saúde dos atletas que se concentram

no proissional e que precisam estar saudáveis para realizar seu trabalho da maneira mais eicaz e proveitosa pos-sível. Segundo Alex Soares, todas as pessoas deveriam tornar-se esportistas, sem a inalidade do alto desempenho, mas para a recreação e o divertimento, objetivando a melhoria da qualidade de vida. Para isso, será necessário que no-vos espaços sejam criados para facilitar a prática esportiva.

“Quando Teresina reabre a Potycaba-na, um espaço que existia há muito tem-po, subutilizado e que já poderia estar à disposição da população há mais tempo, você começa a ver as pessoas se mexen-do, jogando, brincando nos mais diversos espaços. Podemos ter o esporte ligado à saúde da população mais ampla”, inaliza.

o Parque Nova Potycabana reúne vários espaços que facilitam a prática de esporte

a originalidade do trabalho é repensar a partir de variáveis diversas de forma diferente. eu acho que esse é o grande desaio para a pesquisa no

momento atual.

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É possível medir o impacto do piBid?

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1. Professor Adjunto DE, Laboratório de Ictiologia, Curso de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas, Campus Heróis do Jenipapo – UESPI; Coordenador do Subprojeto PIBID-Biologia, Campo Maior; Biólogo, doutor em Biologia Animal • E-mail:[email protected] | 2. Graduanda do curso de Curso de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas, Campus Heróis do Jenipapo - UESPI. Bolsista CAPES-PIBID, Subprojeto PIBID-Biologia, Campo Maior. | 3. Professora Assistente DE, Laboratório de Ictiologia, Curso de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas, Campus Heróis do Jenipa-po – UESPI; Coordenadora do Subprojeto PIBID-Biologia, Campo Maior. Bióloga, mestre em Biologia Animal.

Guilherme Fernandez Gondolo1 • antonia leidna silva Brito2 • maria amélia G. do passo Gondolo3

O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), gerenciado pela Co-

ordenação de Aperfeiçoamento de Pes-soal de Nível Superior (CAPES), tem por inalidade fomentar a iniciação à docência, contribuindo para o aper-feiçoamento da formação de docentes em nível superior e para a melhoria de qualidade da educação básica pública brasileira.

Entre os principais objetivos do PIBID, podemos citar: o incentivo à formação de docentes em nível supe-rior para a educação básica; contribuir para a valorização do magistério; ele-var a qualidade da formação inicial de professores nos cursos de licenciatura; inserir os licenciandos no cotidiano de escolas da rede pública de educação, proporcionando-lhes oportunidades de criação e participação em experiên-cias metodológicas.

Diante do cenário em que a educa-ção pública se encontra, com diversos problemas, o PIBID surge então como uma relevante contribuição, tanto para os que estão em formação na carreira de licenciatura, como para as próprias escolas públicas.

Podemos airmar que avaliar sig-niica imputar um valor mensurá-vel (BRADFIELD & MOREDOCK, 1963), e esse valor inluencia a tomada de decisões e revela um diagnóstico (TURRA et al., 1988), principalmen-te quando adotamos uma intervenção diferenciada como a do PIBID. Dessa forma, o objetivo principal deste tra-balho é de veriicar se, após a interven-ção do PIBID-Biologia UESPI-Campo Maior, houve uma melhora signiicati-va nas médias das disciplinas de ciên-cias do ensino fundamental da Unida-de Escolar Paulo Ferraz (UEPF).

A UEPF possui 21 professores, 245 alunos, distribuídos em 11 turmas, duas no período matutino, seis no vespertino e três no período noturno. Dessas turmas, 9 são do 6o ao 9o ano do Ensino Fundamental (EF), sendo uma destas na modalidade Ensino de Jovens e Adultos (EJA), e as outras duas turmas são do Ensino Médio (EM) na modalidade EJA. Em 2011, a escola alcançou apenas 3,8 no Índice de De-senvolvimento da Educação Básica (Ideb). Desde agosto de 2012, recebe a ação direta dos bolsistas CAPES, PIBI-D-UESPI, tanto do curso de Biologia, como de História do Campus Heróis do Jenipapo – UESPI. O subprojeto CAPES, PIBID-UESPI de Biologia, realizou na UEPF diversas atividades, como aulas práticas, monitorias, aulas de reforço, além de desenvolver proje-tos relacionados a temas de ciências e biologia e temas transversais para essas disciplinas, nas classes do EF.

Testes estatísticos (U de Mann--Whitney bicaudal e t de Student pa-

reado, α =5%) foram empregados nas notas da disciplina de ciências do EF para testar tal hipótese. Na compara-ção temporal entre turmas dos anos de 2009, 2010 e 2011 sem o PIBID, e 2012 com o PIBID, foi possível observar um incremento signiicativo das notas do 6º, 7º e 8º anos do Ensino Fundamental (EF). O mesmo padrão foi observado nos mesmos alunos quando compa-radas suas notas obtidas entre o 1º se-mestre, sem o PIBID, e 2º semestre de 2012 com o PIBID. O baixo número amostral dos alunos do 9º ano do EF pode ter inluenciado na falta de dife-rença signiicativa entre as notas antes e depois da ação do PIBID. Diante de tal resultado, podemos airmar que PIBID-Biologia de Campo Maior pro-piciou um melhor rendimento escolar.

São muitos os questionamentos so-bre o papel das notas quando se refere à veriicação ou à avaliação de apren-dizagem de um indivíduo, mas este critério acaba por atuar como algo ne-cessário.

O rendimento tanto dos bolsistas do PIBID como dos alunos das esco-las que possuem o programa é resul-tado do envolvimento de todos nas atividades, bem como da troca de ex-periências associado à diversidade de atividades que fogem da abordagem tradicional, transformando os alunos de expectadores passivos a seres ativos (FERNANDES et al, 2012). Segundo Lyra et al. (2012), o que pode melhorar o rendimento escolar é despertar no aluno a curiosidade, organizar ativi-dades novas, aguçando assim o racio-cínio do aluno e é, desta maneira, que os alunos do PIBID estão trabalhando, buscando novas estratégias, metodo-logias para ensinar e tornar os alunos motivados em aprender.

Desde agosto de 2012, recebe a ação direta dos bolsistas CAPES, PIBID-UES-

PI, tanto do curso de Biologia, como de

História do Campus Heróis do Jenipapo –

UESPI.

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Caracterização física dos resíduos sólidos urbanos gerados em corrente-pi

1. Graduando em Tecnologia em Gestão Ambiental no Instituto Federal do Piauí – Campus Corrente e bolsista do PIBIC/IFPI. Contato: [email protected]

2. Professora do Instituto Federal do Piauí – Campus Corrente e Doutora em Ecologia e Recursos Naturais – UFC. Contato: [email protected]

israel lobato rocha1• maria ivanilda de aguiar2

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A intensa concentração popula-cional em áreas urbanas favo-rece o aumento no consumo de

bens e produtos e, consequentemente, a crescente geração de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU). A destinação inal dos RSU vem demandando cada vez mais o envolvimento de diferentes setores da sociedade para o estabelecimento de um adequado ciclo produção-disposi-ção inal (DALMAS et al., 2011).

Estudos do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA, 2011) mostram que a forma de disposição i-nal dos resíduos sólidos na maioria dos municípios brasileiros (50,5%) conti-nua sendo os lixões a céu aberto. Nes-ses lixões, os resíduos são depositados diretamente no solo favorecendo a pre-sença de animais no local, o mau cheiro e a contaminação dos lençóis freáticos com o chorume. Para minimizar os impactos negativos da disposição ina-dequada dos RSU, é de grande impor-tância que a população reduza a quanti-dade dos resíduos gerados e procurem alternativas que visem à reciclagem desses materiais, a im de dar uma nova utilidade para aqueles produtos que ou-trora seriam descartados. Porém, para identiicar potencial de reciclagem e re-aproveitamento de resíduos, é necessá-rio conhecer a quantidade de resíduos sólidos produzidos, bem como os prin-cipais tipos de materiais descartados.

Para obtenção da projeção sobre o potencial de reciclagem dos resíduos descartados pela população urbana de Corrente-PI, fez-se a caracterização fí-sica dos resíduos sólidos gerados por meio da amostragem aleatória dos re-síduos depositados no lixão da cidade,

utilizando o método de quarteamento dos montes de resíduos (IPT/CEM-PRE, 2000), tendo como parâmetros: peso especíico, geração per capita e composição gravimétrica. Caracteri-zar os componentes dos resíduos sóli-dos subsidia a elaboração de planos de gestão que abrangem a expansão dos serviços de coleta regular, a viabilida-de de implantação de coleta seletiva e compostagem, além da especiicação de equipamentos e a deinição de sistemas de eliminação (COMCAP, 2002).

Estudos referentes à composição gravimétrica dos RSU em diferentes municípios brasileiros mostram que a matéria orgânica constitui 51,4% dos resíduos sólidos gerados no Brasil e 31,9% correspondem aos materiais ap-tos à reciclagem (MMA, 2011). Neste cenário, a maioria dos resíduos gerados no país poderia ser submetida ao pro-cesso de compostagem. Os resultados da caracterização física dos resíduos de Corrente mostram que o peso especíi-co aparente dos RSU é de 96 kg/m³; a geração per capita municipal é de 0,61

kg/habitante/dia. A composição gravi-métrica, por sua vez, revela que a maior quantidade dos resíduos é constituída de matéria orgânica (48,6%), que tem grande potencial de reaproveitamento por meio da compostagem. Além dis-so, há uma importante fração de pro-dutos (plástico, papel/papelão, vidro e metais) aptos à reciclagem (41,6%) que podem ser fonte de renda para a popu-lação local através da coleta seletiva (Fi-gura 1). Porém, existem alguns entraves que impedem o reaproveitamento des-tes materiais, entre eles a falta de uma cooperativa de reciclagem.

Dos componentes recicláveis, ape-nas os metais (alumínio) e garrafas de vidro (inteiras) são coletados e envia-dos para reciclagem em outras cidades, visto que, em Corrente, não existem co-operativas de materiais recicláveis que disponham de equipamentos apropria-dos para compactar resíduos, como: papel, papelão e plástico, tornando inviável o transporte e a comercializa-ção desses produtos para municípios distantes.

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pedúnculo de caju na dieta de vacas

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Professor Adjunto do Campus Profª Cinobelina Elvas (CPCE) da Universidade Federal do Piauí-UFPI, Bom Jesus-PI, Brasil. Contato: [email protected]

Leilson Rocha Bezerrat

Diante do contexto de desenvolvi-mento apresentado pela região sul do Piauí, a atividade pecu-

ária apresenta-se como um dos fatores de destaque na contribuição para este fenômeno, de modo que a bovinocultu-ra leiteira é uma atividade praticada na região, em sua grande maioria por pro-dutores menos capacitados inanceira-mente, que frequentemente encontram grande diiculdade em alimentar seus animais, já que a alimentação é um dos principais componentes do custo de pro-dução. Pensando na melhoria da ativida-de, através da redução dos custos com a aquisição de alimentos, o criador sempre deve produzir, de forma econômica, a maior parte do volumoso e parte do con-centrado utilizado, levando em conta as forragens nativas disponíveis na proprie-dade e os subprodutos da agricultura ou fruticultura disponíveis na região.

A produção de frutos no Brasil cres-ce a cada ano e, entre os possíveis frutos a serem explorados, está o caju, com des-taque na região Nordeste, principalmen-te no estado do Piauí, já que sua produ-ção coincide com a estação seca do ano, no período de julho a janeiro, com algu-mas variações. Essa época coincide com a menor disponibilidade de forragem na região, tanto em quantidade como em qualidade, o que força o produtor a re-correr ao mercado de rações para manu-tenção do rebanho, onerando os custos e diicultando a permanência na atividade, levando os produtores, na maioria das vezes, a vender os animais a baixos pre-ços e muitas vezes desistir da atividade.

Nesse contexto, o grupo de pesquisa em produção de ruminantes do campus professora Cinobelina Elvas/UFPI ava-liou a inluência de diferentes níveis de suplementação de pedúnculo de caju (1,0 kg; 1,5 kg e 2,0 kg) na alimentação

de vacas mestiças Girolando sobre o seu desempenho produtivo. Os animais pas-tejavam durante o dia em pasto nativo, e a suplementação com o caju era forneci-da uma vez ao dia, às 6h 30min da ma-nhã, quando se realizavam diariamente a pesagem do leite, a medição do escore de condição corporal e o peso vivo dos animais.

A suplementação até 1,5 kg elevou a produção de leite das vacas. Entretanto, ao se suplementar com 2,0 kg de pedún-culo de caju desidratado, observou-se uma redução signiicativa na produção de leite das vacas, apesar de a maior proporção de suplemento não ter res-tringido o consumo de matéria seca dos animais; isso provavelmente, pela maior quantidade de tanino presente na suple-mentação.

O principal problema que o tanino causa, quando presente no alimento, é a complexação com proteínas, o que vai afetar a digestibilidade e modiicar a pa-latabilidade (sabor adstringente), como ocorre com o caju. Acredita-se que a associação do tanino com a proteína e a

estabilidade desse complexo devem-se, sobretudo, à formação de pontes de hi-drogênio e interações hidrofóbicas entre essas moléculas. As proteínas diferem enormemente quanto à sua ainidade pelos taninos. As principais caracterís-ticas das proteínas que inluenciam po-sitivamente nessa associação são: alto peso molecular, estrutura mais aberta e lexível, ponto isoelétrico e conteúdo de prolina (BUTLER, 1989). A consequên-cia destes fatores no rúmen é a redução da produção de proteína microbiana, que é responsável por grande parte da proteína metabolizável do ruminante, visto que a presença de aminoácidos sul-furados é parte essencial na formação da proteína microbiana.

Esta queda na produção de leite pode ter ocorrido devido à presença de compostos fenólicos no pedúnculo de caju, o que diiculta o aproveitamento da proteína pelo animal. Assim, recomen-da-se como valor máximo a ser suple-mentado com este subproduto na dieta de vacas leiteiras: 1,5 kg por dia, como dieta única.

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agências de Fomento à pesquisa: possibilidades de inanciamento

para 2014

Por Cássia Sousa

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A sapiência fez um compêndio de alguns dos principais editais já lançados e quais as perspectivas para o restante do ano das

principais inanciadoras de pesquisa brasileiras

Nas últimas décadas, o go-verno federal e as entida-des estaduais de fomento à

pesquisa têm investido bastante na pesquisa cientíica. Somente no ano passado, o Conselho Nacional de De-senvolvimento Cientíico e Tecnoló-gico (CNPq) investiu 2,1 bilhões de reais em Ciência, Tecnologia e Ino-vação (CT&I), sendo que as grandes áreas que receberam maior volume

de recursos foram, nesta ordem, En-genharias, Ciências Biológicas e Ci-ências Exatas e da Terra. E as áreas especíicas para as quais se destinou mais verba foram Áreas Tecnológi-cas de Química e Geociências, Áreas Tecnológicas de Física e Matemática e Agronomia.

Neste ano, o CNPq já lançou pelo menos três editais. Um deles é a Chamada de Projetos MEC/MCTI/

CAPES/CNPq/FAPs, que tem como objetivo fomentar o intercâmbio e cooperação cientíica e tecnológica entre grupos de pesquisa nacionais e do exterior, por meio de pesquisado-res estrangeiros que tenham destaca-da produção cientíica e tecnológica nas áreas contempladas do Programa Ciência sem Fronteiras. Estas áre-as são: Engenharias e demais Áreas Tecnológicas, Ciências Exatas e da

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Professor rivelilson acompanhado da equipe brasileira.

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Terra, Biologia, Ciências Biomédi-cas e da Saúde, Computação e Tec-nologias da Informação, Tecnologia Aeroespacial, Fármacos, Produção Agrícola Sustentável, Petróleo, Gás e Carvão Mineral, Energias Reno-váveis, Tecnologia Mineral, Biotec-nologia, Nanotecnologia e Novos Materiais, Tecnologias de Prevenção e Mitigação de Desastres Naturais, Biodiversidade e Bioprospecção, Ciências do Mar, Indústria Criativa (voltada a produtos e processos para desenvolvimento tecnológico e ino-vação) e Novas Tecnologias de Enge-nharia Criativa. Este edital destina-se a pesquisadores estrangeiros ou brasileiros que vivam no exterior. Já houve duas chamadas somente este ano e as inscrições irão até setembro deste ano.

Embora o CNPq seja uma das mais importantes agências de i-nanciamento à pesquisa no país, ele não é a única ao qual o pesquisador pode recorrer. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ní-vel Superior (Capes), apesar de ser uma agência especializada em capa-citação docente, também abre edital para inanciar pesquisas, como foi o caso do edital nº 37/2013, que se referia ao Programa de Cooperação Internacional entre a instituição e o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva da Argentina.

O resultado da chamada foi di-vulgado em janeiro deste ano e dois pesquisadores piauienses tiveram suas propostas aprovadas, o Profes-sor Doutor Rivelilson Mendes de Freitas e a Professora Doutora Maria Christina Sanches Muratori, ambos vinculados à Universidade Federal do Piauí (UFPI). Os dois pesquisado-res piauienses tiveram suas propostas selecionadas na categoria Grupos de Pesquisa Conjuntos em que projetos de pesquisa são desenvolvidos por uma equipe brasileira e uma equipe argentina, ambas vinculadas a IES

em seus países. Freitas e Muratori coordenam as equipes brasileiras de seus respectivos projetos.

A pesquisa do Prof. Rivelilson intitula-se “Sínteses e Avaliação Pré-Clínica de Substâncias Sintéticas He-terocíclicas: Inovação, Terapêutica em Psicopatologia, Estudos de Pré-Formulação e Delineamento Far-macêutico”. Situada na área de Far-mácia, a pesquisa é importante pelo papel signiicativo desempenhado por antioxidantes na prevenção de considerável número de doenças re-lacionadas ao processo inlamatório.

O edital em questão tinha como objetivo “estimular, por meio de projetos conjuntos de pesquisa, o intercâmbio de docentes e de pes-quisadores brasileiros e argentinos, vinculados a Programas de Pós-Gra-duação de Instituições de Ensino Superior e promover a formação de recursos humanos de alto nível no Brasil e na Argentina, nas diversas áreas do conhecimento”. Porém, não é apenas isso, já que há a realização de uma pesquisa em que existe co-operação de equipes brasileira e ar-gentina.

Atualmente, a Capes conta com doze editais abertos. A maioria deles tem como objetivo a formação e ca-pacitação de recursos humanos. Al-guns são para áreas especíicas, como a chamada para pós-doutorado no Instituto Tecnológico de Aeronáuti-ca (ITA) que oferece bolsas mensais de R$ 4.100,00 e encerra-se em 18 de março deste ano. Outros são vá-lidos para todas as áreas do conheci-mento, como o Programa de Bolsas para Pesquisa Capes/Humboldt, que tem duas modalidades de bolsa: de pós-doutorado, para pesquisadores altamente qualiicados e em início de carreira acadêmica e que tenham completado o doutorado há menos de quatro anos. A outra é para pes-quisador experiente, ou seja, profes-sores universitários altamente quali-

icados com peril de pesquisa bem delineado e que tenha concluído o doutorado há menos de doze anos. Só podem participar desta chamada professores que tenham vínculo, em-pregatício ou não, com Instituições de Ensino Superior ou de Pesquisa do Brasil.

Para quem quer cursar doutora-do pleno fora do país há o Programa Capes/Universidade de Nottingham/Universidade de Birmingham. A se-leção ocorrerá para todas as áreas existentes nas duas universidades do Reino Unido, mas abrange espe-cialmente as áreas de ciências bio-médicas e da saúde, computação e tecnologias da informação, tecnolo-gia aeroespacial, fármacos, produção agrícola sustentável, petróleo, gás e carvão mineral, energias renováveis, biotecnologia, nanotecnologia e no-vos materiais, biodiversidade e bio-prospecção. O período de inscrição irá até o dia 2 de abril na Capes e até 17 de março nas universidades.

Outra opção é para quem já está cursando doutorado, por meio do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE). Neste programa, alunos regulares de cursos de douto-rado, recomendados e reconhecidos com nota igual ou superior a 3, reali-zam parte da pós-graduação em ou-tro país, retornando depois para con-clusão dos créditos e defesa da tese.

Ainda dentro do PDSE, em par-ceria com a Comissão Fulbright, a Capes lança edital anual especíico para as áreas de Ciências Huma-nas, Ciências Sociais, Letras e Ar-tes. Os candidatos devem apresen-tar projetos de pesquisa para serem desenvolvidos em uma instituição norte-americana. Entre outros re-quisitos, o candidato não pode ter nacionalidade estadunidense e nem ter recebido bolsa de doutorado an-teriormente. Os contemplados con-tarão com bolsa mensal no valor de US$ 1.300,00 além de outros benefí-

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cios, como auxílio-instalação, auxílio para aquisição de livros, auxílio para participação de eventos acadêmicos, mensalidade complementar, auxílio deslocamento e seguro-saúde.

Além do Doutorado Sanduíche, há também a bolsa Capes-Fulbright Master Fine of Arts, que é destinada àqueles que querem cursar mestrado nos Estados Unidos na área de cine-ma e audiovisual. São ofertadas até três bolsas, com duração de três de anos, para este programa.

De acordo com Camila Olímpio, da Comissão Fulbright, estes dois programas são anuais, e a estimati-va de investimento varia de acordo com a instituição e sua localidade. No Doutorado Sanduíche, são gas-tos US$ 37 mil com cada bolsista durante nove meses. A previsão de lançamento deste edital é para o iní-cio do segundo semestre deste ano. Já o Master Fine of Arts investe US$ 70 mil anuais com cada bolsista, e a previsão para lançamento da chama-da deve ocorrer nos primeiros meses deste ano.

Outro importante programa da Capes é Programa de Apoio a Even-tos (PAEP), que tem como objetivo estimular a realização de eventos cientíicos no Brasil. Anteriormen-te voltado apenas para eventos de curta duração e relacionados exclu-sivamente à pós-graduação, a partir de 2010 passou a abarcar também eventos que prezam pela formação e melhoria do quadro docente da educação básica. No site da Capes,

consta que, somente em 2011, o Programa concedeu auxílio a 1.319 eventos de diferentes áreas. Dentre as exigências para a solicitação, o proponente deve ser presidente da Comissão Organizadora do evento, ter título de doutor ou qualiicação equivalente, ter currículo cadastrado e atualizado na Plataforma Lattes ou Plataforma Freire e estar adimplente com a União.

Quanto ao evento, se de pós-gra-duação, deve ter relevância para o Sistema Nacional de Pós-Graduação, para Área do Conhecimento ou for-mação de professores; ser de âmbito local, estadual, regional, nacional ou internacional e ser realizado no Bra-sil, e se for da educação básica, deve incentivar a participação de profes-sores da educação básica e ter rele-vância para a formação destes, ser de âmbito local, municipal, estadual, re-gional, nacional ou internacional; ser realizado no Brasil e ofertar inscrição gratuita para professores da rede pú-blica preferencialmente.

Dentro do setor do agronegócio, o Banco Nacional de Desenvolvi-mento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Estudos e Pro-jetos (FINEP) lançaram, no dia 17 de fevereiro, certame de planos de negócios voltados à inovação tecno-lógica agrícola no setor sucroenergé-tico – PAISS Agrícola. Serão R$ 1,48 bilhão liberados entre 2014 e 2018. Serão apoiados planos de negócio que se destinem a cadeias produtivas da cana-de-açúcar e de outras cul-

turas energéticas compatíveis, com-plementares ou consorciáveis com o sistema agroindustrial da cana-de-açúcar, contanto que estejam de acordo com as cinco linhas temáticas estabelecidas no edital. Poderão par-ticipar do processo seletivo empresas brasileiras interessadas em empreen-der atividades de inovação relacio-nadas à indústria sucroenergética e Instituições Cientíicas Tecnológicas (ICTs). Também serão admitidas as ICTs que tiverem interesse em for-malizar parcerias com empresas que proponham planos de negócio.

Na área de saúde, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) tem como metas para 2014 a formação de re-cursos humanos altamente qualiica-dos para o sistema de CT&I em saú-des no país e a formação de recursos humanos para Sistema Único de Saú-de (SUS), que promovam maior inte-gração academia-serviços de saúde.

Em entrevista na página oicial da Fiocruz, a vice-presidente de En-sino, Informação e Comunicação da Fundação, Nísia Lima, airmou que o prospecto para 2014 é “consolidar o Programa de Excelência no Ensi-no com iniciativas que favoreçam a produção cientíica, a cooperação in-ternacional, as ações de solidarieda-de social e o compartilhamento das boas experiências”. Ela ainda ressal-tou como desaio aproximar a pós-graduação de ações relacionadas à Cadeia de Inovação na Fiocruz, além de buscar um Sistema Integrado à Pós-Graduação da Fundação.

embora o cnpq seja uma das mais importantes agências de inanciamento à pesquisa no país, ele não é a

única ao qual o pesquisador pode recorrer.

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Fapepi amplia linhas de inanciamento e fomento à pesquisa

Por Vanessa Soromo

A execução do Programa de Apoio a núcleos Emergentes (Pronem) é inédita no Piauí.

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi) “Pro-fessor Afonso Sena Gonçalves”

tem como missão primordial estimular o desenvolvimento cientíico e tecnológico do Estado, por meio do inanciamento e fomento às pesquisas na área da Ciên-cia, Tecnologia e Inovação (CT&I). Para cumprir o seu papel de forma ascenden-

te, a Fapepi tem contado com o apoio do Governo Estadual e importantes acordos irmados com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientíico e Tecnoló-gico (CNPq), a Coordenação de Aperfei-çoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), entre outras órgãos e instituições.

Inédito no Piauí e fruto de uma parce-ria com o CNPq, o Programa de Apoio a Núcleos Emergentes (Pronem) é um dos destaques das ações da Fapepi para o exer-cício de 2014. O Programa visa a inanciar projetos de grupos emergentes e à conso-lidação de linhas de pesquisa prioritárias, incentivando a formação de novos núcleos de excelência. Para a execução do Pronem,

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Professor francisco Soares Santos filho, presidente da fundação de Amparo à Pesquisa do estado do Piauí (fapepi)

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estão previstos recursos no valor de R$ 1,6 milhão (um milhão e seiscentos mil reais), sendo R$ 1,2 milhão (um milhão e duzen-tos mil reais) aporte do Governo Federal e R$ 400.000,00 (quatrocentos mil reais) de contrapartida do Governo do Estado.

Além do Pronem, o Plano de Ativida-de da Fapepi (2014) elenca uma série de programas que entram em consonância com a inalidade da Fundação e que reve-lam o compromisso da única agência de fomento à pesquisa do Piauí em buscar a ampliação das linhas de inanciamento e a manutenção de ações já consolidadas.

FOMENTO À PESQUISA

Nos últimos dez anos, a Fapepi tem avançado de forma signiicativa, lançando editais que têm credenciado a agência a pactuar novas parcerias.

Em 2003, foi implantado na Fapepi, por meio de um convênio com o CNPq, o Programa de Infraestrutura para Jovens Pesquisadores/Programa Primeiros Pro-jetos (PPP). Até 2013, foram inanciados 161 projetos de pesquisas cientíicas e tecnológicas, com a inalidade de apoiar a instalação ou recuperação da infraes-trutura de Instituições de Ensino Superior (IES) públicas ou de pesquisa, oferecendo suporte à ixação de jovens doutores no Estado em quaisquer áreas do conheci-mento. As instituições beneiciadas com o Programa foi a Universidade Federal do Piauí (UFPI), a Universidade Estadual do Piauí (Uespi), o Instituto Federal do Piauí (IFPI) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa – Meio Norte).

De acordo com as ações de fomen-to da Fapepi para 2014, o programa PPP conta com o aporte inanceiro no valor de R$ 1,6 milhão (um milhão e seiscentos mil reais) para contratação de projetos de pes-

quisas em edital público.Na mesma época, também foi implan-

tado o Programa de Desenvolvimento Cientíico Regional (DCR), acordo de co-operação Fapepi/CNPq, que já concedeu 51 bolsas para doutores da UFPI, Uespi e Embrapa Meio-Norte, na cidade de Tere-sina e em municípios do interior do Es-tado. O programa tem com um dos seus objetivos diminuir as desigualdades entre as regiões, priorizando as IES sediadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste (exceto Brasília). A meta para 2014 é im-plantar até 28 cotas de bolsas previstas no novo acordo.

Na busca por novos inanciamentos para pesquisas desenvolvidas no Piauí, em 2011 a Fapepi em parceria com o CNPq implantou, no Estado, o Programa de Apoio a Núcleo de Excelência (Pronex), com recursos inanceiros no valor de R$ 800.000,00 (oitocentos mil reais), sendo R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais) oriun-dos do CNPq e R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) do Tesouro Estadual, permitin-do a contratação de 4 projetos de pesqui-sas de alto nível, todos em execução.

“No início da implantação do edital, o CNPq exigia pesquisadores de nível 1. En-tretanto, como os pesquisadores de nível 1 do Estado eram em número muito reduzi-do, foi ampliado para pesquisadores de ní-vel 2. Mesmo assim, nós tivemos uma boa apresentação de projetos, comparando o número de pesquisadores até então exis-tente no Estado. Então, nós tivemos uma média de 15 pesquisadores participando da chamada pública, dentre esses, quatro pesquisadores foram agraciados com o inanciamento”, explica Eliana Abreu, ge-rente técnico-cientíico.

Para atender às demandas de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) do Piauí, a Fapepi tem atrelado as suas ações com

as necessidades do Estado. Em 2004, foi implementado o Programa de Pesquisa para o Sistema Único de Saúde (SUS): gestão compartilhada em saúde (PPSUS), fruto da parceria irmada entre a Fapepi, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi), Ministério da Saúde (MS) e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientíico e Tecnológico (CNPq). No ano de 2012, para o edital PPSUS foram disponibiliza-dos mais de R$ 1 milhão (um milhão de reais), o que proporcionou a contratação de 26 projetos de pesquisas, todos em exe-cução.

A parceria entre o Governo do Esta-do e o Governo Federal tem possibilitado também a implantação e manutenção de bolsas cientíicas em diversas modalida-des que vão deste a Iniciação Cientíica Jú-nior (Pibic Júnior) até concessão de bolsas de mestrado e doutorado, o que tem con-tribuído signiicativamente na capacitação de recursos humanos.

TESOURO ESTADUAL

A Fapepi conta também com pro-gramas inanciados exclusivamente pelo Governo Estadual, tais como: Programa de Auxílio à Participação em evento cien-tíico, Programa de auxílio para Organiza-ção de Reunião Cientíica e o Programa de Bolsas de Mestrado e Doutorado para Professores Efetivos da Universidade Esta-dual do Piauí (Uespi).

“Foi uma importante iniciativa do governador Wilson Martins fortalecer a Uespi, por meio da Fapepi, no que se re-fere à qualiicação, lançando um edital especiico de bolsas de mestrado e douto-rado para qualiicação de professores da Universidade Estadual com vistas ao seu crescimento”, inaliza professor Francisco Soares, presidente da Fapepi.

Foi uma importante iniciativa do governador Wilson martins fortalecer a Uespi, por meio da Fapepi, no que se refere à qualiicação, pois foi

lançado um edital especíico de bolsas de mestrado e doutorado para qualiicação de professores da Universidade Estadual

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Programa de Bolsas Pós-Graduações auxilia docentes da Uespi a melhorar a qualidade da iniciação cientíica e das

pós-graduações na Instituição desde 2008, as bolsas vêm amparando inanceiramente professores que

se afastam de sua IES para fazerem mestrados e doutorados.

Por Marco Aurélio do Amaral

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A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi) pos-sui o Programa de Bolsas de Pós-

Graduações exclusivo para docentes da Universidade Estadual do Piauí (Uespi). Foi implantado em 2008 e tem o aporte i-nanceiro do tesouro estadual. A proposta desse programa é aprimorar a formação de recursos humanos da universidade, focado no desenvolvimento cientíico e tecnológico do Piauí.

De acordo com a gerente Técnico-Cientíica da Fapepi, Eliana Abreu, a ina-lidade do programa é melhorar o nível de qualiicação desses professores. “Uma vez que a instituição, por ser mais nova que as instituições federais que existem no Esta-do, ela necessita melhorar o nível de qua-

liicação de seus servidores, ou seja, con-tribuir para a formação desses professores e consequentemente melhorar o nível dos cursos da universidade estadual”, ressalta a gerente sobre a importância de aprimorar o quadro efetivo de docentes da universi-dade.

A necessidade de instituir esse progra-ma ocorreu em virtude de as bolsas serem em quantidade insuiciente para atender à demanda dos professores que hoje se estão qualiicando no Piauí. Os professores da Uespi que estão recebendo bolsa se encon-tram fora do Estado e essa bolsa seria uma complementação para as despesas tanto para a execução do projeto de pesquisa como também para o próprio pesquisador manter-se em outras atividades.

Os editais do programa de incentivo a docentes da Uespi vêm contribuindo para que os pesquisadores, uma vez es-tando fora do estado, possam desenvolver seus projetos de pesquisa do mestrado ou doutorado com melhor qualidade,tendo em vista que elesirão contar com recursos para auxiliá-los na aquisição de literatura para subsidiar suas pesquisas e, conse-quentemente, poder participar de eventos cientíicos e publicar o produto de sua pesquisa nos meios de divulgações.

Até algum tempo atrás, como a maio-ria dos professores da Uespi não fazia par-te do quadro efetivo da instituição, não ha-via uma grande preocupação com o nível de qualiicação dos docentes efetivos da Uespi. Entretanto, à medida que o corpo docente efetivo da universidade foi cres-cendo, percebeu-se também que a Uespi passou a ter uma maior preocupação com a qualiicação dos seus educadores.

Atualmente, a Universidade Estadual do Piauí conta com um quadro de profes-sores efetivos maior que o de provisórios, sendo que grande parte dos professores-nomeados recentemente já possuem título de mestre ou doutor. Entretanto, a qualii-cação dos professores que ainda não pos-suíam pós-graduação strictu sensu é uma necessidade urgente desta IES, uma vez que a qualiicação dos professores tam-bém é um requisito para o reconhecimen-to de cursos e a manutenção do creden-ciamento da instituição junto ao Sistema Estadual de Educação. Em função disso,

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eliana Abreu, gerente técnico cientíico, pontua contribuições do programa para com professores e instituição como necessárias.

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a administração superior da universida-de, junto com o governo estadual, tem-se empenhado para aprimorar o seu corpo docente.

Uma das medidas adotadas para fo-mentar a qualiicação docente da Uni-versidade foi implantar o Programa de Bolsas Pós-Graduação da Fapepi para professores da Uespi. As bolsas são de suma importância, pois, por meio delas, o docente se qualiica e possibilita o futuro surgimento de novos programas de pós-graduações, captação de maior volume de recursos junto à agência de fomento para o desenvolvimento de produtos inovado-res que possam trazer dividendos para o Estado e para a própria Universidade. Para os docentes, o programa é importante e necessário, pois, além de incentivar sua qualiicação, permite ao professor dedica-ção total ao projeto de pesquisa.

Através do programa, foram benei-ciados 72 professores efetivos da Uespi, dos quais 52 em nível de doutorado e 20 em nível mestrado. Do total de beneicia-dos, mais de 40 professores já concluíram a pós-graduação. Em 2008, 12 bolsas de doutorado e 10 de mestrado; em 2009, 12 bolsas de doutorado e 7 de mestrado; em 2010, 4 bolsas de doutorado e 1 de mestra-do; em 2011,13 bolsas de doutorado e 2 de mestrado; em 2012, 5 bolsas de doutorado e, em 2013, 6 bolsas de doutorado.

De acordo com o Professor Hermes Galvão, Diretor Técnico-Cientíico da

Fapepi, em 2014, um novo edital será lançado, contudo, ainda se estuda a quan-tidade de bolsas: “Estes dados sobre o nú-mero de bolsas ofertadas desde 2008 de-monstram que o programa tem permitido ampliar o quadro de pessoal qualiicado, impactando diretamente na qualidade de ensino da graduação, na quantidade e na qualidade das pesquisas desenvolvidas na Uespi, além disto, a ampliação do quadro de doutores da instituição tem exercido um papel essencial no desenvolvimento de novos cursos de pós-graduação stricto sen-su dessa IES estadual”, comenta o diretor.

É de fundamental importância a polí-tica de incentivoàqualiicação docente no Estado. Para o Professor Geraldo Edu-ardo da Luz Júnior, o então Pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Uespi,“a especialização do corpo docente da uni-versidade sempre será primordial para o desenvolvimento não só cientíico tecno-lógico do Estado, mas também para com o desenvolvimento econômico social, principalmente quando é levada em con-sideração que a pesquisa cientíica tem o poder de transformar a economia e a so-ciedade de maneira geral de um estado.”, comentou o professor.

Desde 2008, esse programa vem forne-cendo um suporte maior aos bolsistas que já contavam com o apoio da política inter-na de qualiicação docente da Uespi, com a liberação integral do professor para fazer o seu mestrado ou doutorado. Porém, mes-mo sendo liberado pela instituição e re-

cebendo seus vencimentos, o pesquisador ainda tem muita diiculdade, pois, como seus centros de pesquisa cientíica são fora do território estadual, torna-se mais one-roso manter-se em outra cidade, principal-mente porque há uma signiicativa parcela de professores que fazem mestrados ou doutorados em instituições privadas.Ape-sar disso, nos últimos seis anos, a Univer-sidade Estadual do Piauí, qualiicou mais de sessenta professores em nível de douto-rado e mais de trinta professores em nível de mestrado, muitas dessas qualiicações foram contempladas com bolsa da Fapepi.

Para a contínua evolução de capaci-tação do quadro de docentes doutores, cabe à Fapepi a elaboração dos editais de seleção, estabelecendo quantidade de bolsas a serem disponibilizadas, conside-rando a demanda existente por parte da Uespi, bem como o volume de recursos que a Fundação tem disponível para in-vestimento.

Desse modo, preocupada em elevar a qualidade de pesquisa, a Fapepi atua como agente de fomento como Pro-grama de Bolsas Pós-Graduações para docentes efetivos da Uespi. O aprimora-mento do nível da pesquisa cientíica do Estado e, principalmente, da iniciação cientíica,impõe uma maior qualidade nas graduações e no desenvolvimento dos projetos de pesquisa nas pós-gra-duações que ganharão mais qualidade, além das outras pós que virão com o ad-vento de mais doutores formados.

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“cabe também à fAPePI acompanhar, por meio de análise de relatório técnico, o desenvolvimento dos projetos selecionados”, cita o diretor técnico cientíico, hermes galvão

o Professor geraldo eduardo elogia a política de incentivo à pós-graduação da uespi pois os docentes têm a chance de se ausentarem sem deixar de receber seus salários

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érIA pesquisadores colhem resultados

positivos com projetos emtecnologia assistiva

A Luva ultrassônica, a Bengala Eletrônica e o Jogo G-tEA são alguns dos exemplos de pesquisas que proporcionam melhor qualidade de vida às pessoas

com necessidades especiais.

Por Vanessa Soromo

Pesquisadores do Instituto Federal do Piauí (IFPI) estão desenvol-vendo projetos na área de Tec-

nologia Assistiva (TA). De acordo com o Comitê de Ajudas Técnicas (CAT), a sigla TA se refere a “uma área do co-nhecimento, de característica interdis-ciplinar, que engloba produtos, recur-sos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à participação de pessoas com deici-ência, incapacidades ou mobilidade re-duzida, visando a sua autonomia, inde-pendência, qualidade de vida e inclusão social”.

No inal de 2011, alunos do cur-so de Desenvolvimento de Sotware e Eletrônica do campus Parnaíba, com idade média de 17 anos, começaram a desenvolver a Luva Ultrassônica, sob a coordenação do professor Francisco Marcelino Almeida Araújo. “Queria in-centivar os meninos a se manterem nos cursos, pegando o que eles aprenderam na teoria e jogar na prática. Fizemos a Luva Ultrassônica. Quando apareceu a Mostra Nacional de Robótica (MNR), vimos a possibilidade de colocá-la. Ga-nhamos o prêmio em 2012 só com esse trabalho”, lembra Marcelino de Almei-da.

A Luva tem sensores ultrassônicos que identiicam um obstáculo em uma determinada distância. Os circuitos ele-trônicos interpretam a informação e en-viam vibrações ao usuário avisando-o

do perigo. O servidor da Secretaria Es-tadual de Inclusão da Pessoa com Dei-ciência (Seid), Luís Sampaio, que é dei-ciente visual, testou a Luva em março de 2013 e colaborou de forma signiicativa para o aperfeiçoamento e o redireciona-mento do objetivo do equipamento.

“A primeira descoberta que nós ize-mos foi que a Luva não substitui a ben-gala. O que nós percebemos de positivo foi a questão de ela identiicar realmen-te os obstáculos”, airma Luís Sampaio. De acordo com Marcelino Almeida, os

testes foram essenciais para perceber que a Luva não funcionava bem nas ruas por serem muito dinâmicas, mas excelentes para locais fechados, como casas e empresas.

Quando foi transferido de Parnaíba para Teresina, o professor Marcelino Almeida continuou o trabalho de fo-mentar pesquisas na área de TA entre alunos do Instituto. No ano passado, ele conseguiu reunir alunos do Ensino Médio Integrado, dos cursos de Eletrô-nica, de Eletrotécnica e da Computação

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Integrantes do Projeto luva ultrassônica com o professor marcelino de Almeida (à direita).

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para o desenvolvimento de três proje-tos, entre eles, o da Bengala Eletrônica, que foi criada com o objetivo de solu-cionar os problemas enfrentados por pessoas com deiciência visual quando necessitam trafegar por lugares abertos e dinâmicos, como as vias públicas. A Bengala Eletrônica “tem sensores que apontam na diagonal e que identiicam os obstáculos aéreos”, explica Francisco Marcelino.

Na edição de 2013 da Mostra Na-cional de Robótica, os alunos do IFPI foram campeões pela segunda vez con-secutiva, com os projetos da Bengala Eletrônica e o Módulo de Transporte de Cargas. Os números e prêmios revelam que o trabalho de fomento à pesquisa cientíica e tecnológica dentro do Ins-tituto vem dando resultados positivos. Na MNR de 2012, participaram apenas 5 alunos, enquanto na Mostra do ano passado foram 35 alunos.

“Creio que o ponto principal que a própria sociedade acha bem bacana e se sente motivada com o que nós estamos fazendo é ver que pessoas do Ensino Médio estão desenvolvendo pesquisas que nós pensávamos que tinha que ser um engenheiro para realizar”, ressalta Marcelino Almeida.

O núcleo do LABoratory of Intelli-gent Robotics, Automation and Syste-

mas (Labiras), que funciona no prédio do campus IFPI Teresina Central, sob a coordenação do professor Marcelino, recebeu equipamentos e estrutura física de empresas locais, que somaram cerca de R$ 12.000, 00 (doze mil reais). Além disso, o próprio Instituto reservou uma de suas salas para que os trabalhos do Labiras pudessem ser desenvolvidos.

“Empresas locais estão patrocinan-do de alguma maneira, mesmo que não seja em dinheiro, mas dando estrutura. Se estão doando é por que estão colo-cando fé na gente”, conclui o coordena-dor.

Os trâmites para os pedidos de paten-tes dos dois projetos já começaram a ser realizados. A meta primordial dos pes-quisadores é a produção local, barateando custos. Mas os planos futuros dos pro-tótipos devem seguir rumos diferentes. No caso da Bengala, um tutorial deve ser criado para que as pessoas possam produ-zir o equipamento na sua própria casa, de forma fácil e barata. Já a Luva Ultrassôni-ca, por possuir um processo de produção mais complexo, necessita de mais apoio.

“Precisamos de parcerias de verda-de, parcerias grandes com empresas e o Governo do Estado, porque tem que ter recursos para poder produzir a Luva em larga escala”, revela Marcelino de Almei-da.

Segundo Claude Girão, Coordena-dor de Acessibilidade da Seid, “existe um grande desejo da secretaria em estar par-ticipando e disponibilizando tudo quanto for de ferramentas possíveis dentro da nossa realidade em prol de que essa tec-nologia chegue à ponte principal, que é a pessoa com deiciência”.

“Essa experiência com a Luva foi o ponto chave, para que eu veriicasse que era realmente a área com que eu me identii-cava, e também porque nos motivou a respeito do curso de desenvolvimento de Software”. Amanda da Silva Sousa, 20 anos, inte-grante do projeto da Luva ultrassônica. Atualmente Amanda é graduanda do curso Ciência da Compu-tação da uespi - campus Parnaíba.

“Foi bastante interes-sante e algo que agregou muito ao nosso currículo, a nossa experiência de vida, porque nós do curso de Eletrônica nunca tínhamos participado de uma expe-riência grandiosa como foi a Mostra Nacional de robótica 2013”. matheus Barros, 17 anos, aluno do curso de Eletrônica do IFPI – campus Teresina Central, e integrante do projeto da Bengala Eletrônica.

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Alunos do curso do IfPI com a bengala eletrônica.

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ir além...“Eu tive força de vontade de mãe,

amor por ele, mas apostei na tecnologia, nesses programas de computadores que nem eram tão especíicos para os autis-tas”.

O depoimento é da dona Helena Lima, mãe de Gabriel Lima, 18 anos, portador de autismo clássico. Helena é fundadora da Associação de Amigos do Autista do Piauí (AMA) e Gerente de Articulação da Seid, e alfabetizou o ilho com o auxílio de programas de compu-tadores.

Para ajudar pessoas, como a família Lima e proissionais que trabalham na al-fabetização de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), os professo-res Otílio Paulo da Silva Neto e Fernando Castelo Branco Gonçalves Santana, jun-tamente com os alunos do curso superior em Análise e Desenvolvimento de Siste-

mas do Instituto Federal do Piauí (IFPI), desenvolveram o jogo G-TEA.

“Surgiu a ideia de trabalharmos não com um problema computacional, mas sim um problema social. Nós propomos para o workshop do Simpósio Brasilei-ro de Games e Entretenimento Digital (SBGames), um jogo para trabalhar com crianças autistas e ensiná-las as cores ini-cialmente”, explica Otílio Paulo da Silva Neto.

Segundo os pesquisadores, os testes realizados com as crianças da AMA fo-ram muitos satisfatórios. “Foi uma das partes do nosso trabalho que nos trou-xe mais felicidade, porque eles jogavam, brincavam, faziam as atividades. Quando eles faziam convencionalmente, às vezes começavam, mas não terminavam”, lem-bra Otílio da Silva.

O G-TEA pode ser utilizado por di-versos proissionais, como psicólogos, psicopedagogos, pedagogos e fonoau-diólogos. Segundo o professor Otílio, o

game “é uma ferramenta simples, onde o proissional interage diretamente com a criança. A ideia é auxiliar o proissional a trabalhar melhor com uma ferramenta mais atrativa para o autista”. O jogo está disponível no Google Play e pode ser bai-xado gratuitamente.

“É muito bom trabalhar nesse tipo de projeto, por que ele tem um papel so-cial”, exalta Breno Machado do Monte, 21 anos, aluno do curso de Analise e Desen-volvimento de Sistema.

De acordo com a professora Clau-dete Silva, existem vários projetos na área de Tecnologia Assistiva em anda-mento, tanto no Laboratório de Ino-vação e Sistemas Multimídia (LIMS), quanto no Laboratório de Objeto de Aprendizagem (LOA) do IFPI. “Alguns deles são objetos onde ele é interativo, levando em consideração a questão da acessibilidade e usabilidade de pessoas com deiciência na área auditiva e visu-al”, inaliza.

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Professores e estudantes responsáveis pelo g-teA no laboratório de objeto de Aprendizagem (loA).

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érIAsuicídio: pesquisa aponta contextos

sociais de risco

Por Cássia Sousa

A pesquisadora Vânia reis enfatiza a importância de oferecermos condições para o fortalecimento emocional dos jovens e, consequentemente,

para a prevenção do suicídio.

Em O Mito de Sísifo, Albert Camus diz que o suicídio é o mais sério de todos os proble-

mas filosóficos. Nas últimas décadas, entidades governamentais e diversos outros setores da sociedade têm de-monstrado crescente preocupação com o aumento das taxas de suicí-dio no mundo. Entretanto, o assunto ainda é espinhoso e pouco discutido na sociedade. Os motivos que levam a essa interdição do tema são de or-dens diversas. Pode ser desde o pre-conceito sofrido tanto pela vítima como pelos familiares até o temor de se incorrer numa abordagem inade-quada do tema e desencadear o que se chama “Efeito Werther”. No livro clássico de Goethe, Os Sofrimentos do Jovem Werther, o personagem central comete suicídio. Após a publicação da obra, foram observados relatos de jovens que cometeram suicídio da mesma forma que o personagem.

No primeiro caso, é necessá-rio desconstruir esse preconceito. “Quem pensa em suicídio na verdade não quer tirar a própria vida. Quer acabar com seu sofrimento”, afirma a Professora Doutora Vânia Reis. Vin-culada ao Departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Piauí (UFPI), a Profª Vânia realizou, em 2009, a pesquisa intitulada Suicí-dio Entre Jovens de Teresina: Contex-tos Sociais de Risco e de Apoio. Den-tro do Programa Primeiros Projetos (PPP), é uma das poucas pesquisas que abordam o tema no contexto do estado piauiense.

No segundo caso, espera-se que esta matéria contribua com a discus-são sobre alguns aspectos pertinentes que sejam de interesse das autorida-des governamentais e da comunida-de científica. Por que estes dois se-tores? Porque políticas públicas são necessárias para resolver problemas sociais, mas, para que haja políticas públicas eficientes, são necessários dados precisos. E é aí que entram os pesquisadores do nosso estado.

O trabalho da Profª Vânia procu-rou fornecer dados precisos na me-dida em que propôs buscar contextos que suscitam a ideação suicida e os que oferecem o suporte emocional para que não haja a ideação. “Muito mais do que buscar causas, fatores ou elementos soltos, tentei buscar os contextos que contribuem para a fra-gilização e os que contribuem para o fortalecimento emocional e moral dos jovens ante às pressões às quais

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saSegundo a pesquisadora, é necessário desconstruir preconceitos

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ele está submetido atualmente”, ex-plica a pesquisadora.

A pesquisa consistiu em entre-vistas com familiares, amigos e pes-soas próximas a jovens que comete-ram suicídio ou tentaram. Embora houvesse uma equipe de estudantes, a pesquisadora conduziu todas as entrevistas. “A conversa foi muito fecunda. Não foram entrevistas for-mais até mesmo porque dada a na-tureza do assunto eram entrevistas muito difíceis de serem conduzidas”, esclarece a professora.

De acordo com a pesquisadora, uma das dificuldades com as quais se deparou foi com a inconsistência dos dados. Ela explica que, pela própria natureza do suicídio, ele é subnoti-ficado. “Em todo o mundo é assim porque é muito difícil atestar com convicção um caso. O que caracteriza o suicídio? A intenção. Se uma pes-soa assume um gesto que, por conse-quência, a leva à morte, mas ela não tinha a intenção de morrer, aquilo não foi um suicídio”, afirma. Segun-do Vânia Reis, nem todas as pessoas que cometem suicídio deixam cartas ou notas. E somente quando o meio utilizado evidencia o ato como tal, este caso é arrolado estatisticamente como sendo suicídio.

Dentre os contextos de risco, a professora aponta a falta de confian-ça, de apoio e de solidariedade na relação entre os pares e familiares. E exemplifica como um desses contex-tos o bullying, ou seja, a intimidação

que crianças e adolescentes sofrem dos colegas no ambiente escolar. Ou-tro fator de risco é o uso das redes sociais como principal forma de co-municação com os amigos. Segundo a pesquisadora, elas levam ao isola-mento e à depressão. “Todos precisa-mos de relacionamentos presenciais, especialmente os jovens, por estarem em processo de construção da identi-dade”, explica a Profª Vânia.

Os contextos de competitividade (no trabalho, na escola, na universi-dade) também se configuram como elementos de risco por exacerbarem a competitividade em detrimento de outros elementos como “valores morais consistentes explicitamente assumidos como a solidariedade, a lealdade, a confiança, a amizade, o companheirismo e amor. É preciso dar aos jovens contextos nos quais eles se sintam ser esses valores cen-trais no viver”.

Ter amigo ou familiar que come-teram suicídio, bem como a compre-ensão equivocada de que o suicídio é um ato de coragem são outros ele-mentos apontados pela professo-ra. “A tentativa de suicídio anterior também é um contexto de altíssimo risco, além de transtornos mentais e psicológicos e a falta de espirituali-dade”, acrescenta.

A espiritualidade à qual a pes-quisadora se refere é a capacidade de transcendência das pessoas, ou seja, o sentimento de se sentir alguém cuja existência tem um sentido. Esta sen-

sação é proporcionada, na maioria das vezes, pelas religiões. Entretanto, isso pode se dar pela via filosófica também.

A psicóloga Layse Policarpo Silva Correia diz que, entre os transtornos mentais que podem levar a ideação suicida, estão a depressão, o trans-torno bipolar e o transtorno boder-line. A depressão caracteriza-se pelo estado de humor deprimido no qual o indivíduo se estabelece. Ele passa muito tempo nesse estado e não con-segue ter picos de humor elevado, como acontece no transtorno bipo-lar. O isolamento, a falta de cuidados pessoais, bem como o desinteresse em fazer coisas que antes eram ati-vidades prazerosas são indícios da depressão.

Diferentemente da depressão, no transtorno bipolar, o indivíduo tem oscilação de humor. “Ele não tem um equilíbrio de humor: ou está muito bem, que é o que chamamos de eufo-ria, ou está muito mal, que são os pi-cos de depressão. Quando está muito bem, ele compra, sai, se diverte, é ou-tra pessoa; quando está mal, se isola, não toma banho, não trabalha,”, ex-plica a psicóloga.

Já, no transtorno boderline, o indivíduo encontra-se no limite do humor. “É aquela pessoa que, muitas vezes, parece mal-humorada, que pa-rece não ter muita paciência para al-gumas coisas, está sempre no limite. Então, ela ‘estoura’ com muitas coi-sas. Imagine um fator frustrante para

a espiritualidade à qual a pesquisadora se refere é a capa-cidade de transcendência das pessoas, ou seja, o sentimento de se sentir alguém cuja existência tem um sentido. esta sen-sação é proporcionada, na maioria das vezes, pelas religiões.

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uma pessoa dessa forma? Muitas ve-zes pode desencadear um suicídio, sim”, avalia Layse Policarpo.

Em todo caso, um aspecto para o qual tanto a psicóloga como a pes-quisadora chamam a atenção é para o não julgamento das pessoas com ideação suicida. Vânia Reis explica que, em países cujo sistema de saú-de é mais organizado, estudos mos-tram que até 45 dias antes de terem consumado o suicídio, a pessoa pro-curou ajuda médica. Não verbalizou sua intenção, mas, de alguma forma, houve a consciência de que algo não estava bem e, por isso, buscou ajuda. “Ela não está assumindo sua ideação suicida, talvez nem para ela. Talvez não tenha coragem de assumir para os outros e é aí que entra um fator importantíssimo: o preconceito. O preconceito contra os que tentam o suicídio e contra as famílias de quem cometeu suicídio. Esse preconceito está vinculado aos preconceitos que impregnam nossa sociedade há sécu-los em torno da questão da loucura”, enfatiza a pesquisadora.

Todos estes contextos apontados podem levar a outro que é o consumo de bebidas alcoólicas e outras drogas ilícitas, que se configura como fator de risco também. Em todo caso, é importante esclarecer que esses con-textos não são específicos da juven-tude, mas da sociedade em geral. O que ocorre é que eles se acentuam em

relação aos jovens.Como a pesquisa da professora

Reis visa a identificar os contextos de apoio, é possível visualizar cenários positivos. Estes contextos são a fa-mília harmonizada, que não é aquela isenta de desavenças, mas a que sabe lidar com as diferenças de seus mem-bros e que respeita essas diferenças; ter relações de amizade presenciais próximas, cujos laços estabelecidos sejam de confiança, lealdade, compa-nheirismo etc.; a religião, desde que seja uma doutrina que permita ao in-divíduo dialogar sobre suas angústias e sobre os próprios preceitos religio-sos; o diálogo, seja com familiares, com amigos ou com pessoas próxi-mas; ter valores morais consistentes, claramente definidos, ainda que em constante construção.

O hábito da leitura e ver filmes também são apontados pela pesqui-sadora como contexto de apoio, espe-cialmente no caso de indivíduos de-pressivos. Outro contexto é a própria reflexão sobre as consequências do ato suicida. “Em que resulta o suicí-dio? Retornamos às religiões porque a ciência não explica isso”, afirma Reis.

Layse Policarpo explica que a ide-ação suicida é difícil de identificar. Entretanto, é possível atentar para al-guns comportamentos, embora isso não signifique necessariamente que alguém tenha ideação suicida. Deve-

se ficar em alerta com a pessoa que esteja em um quadro de oscilação de humor, até mesmo o humor eufórico que não é o habitual dela. “Porque ela pode, nesse estado eufórico, às vezes até brincando, vem o pensamento e ela acaba realmente cometendo o sui-cídio. Se houver alterações bruscas de humor, seja euforia ou depressão, num período prolongado, é o caso de se observar também se essas pessoas estão deixando de fazer coisas habi-tuais, como trabalhar, ir à escola, to-mar banho, comer, dormir. É aí que devemos começar realmente a procu-rar ajudar, conversar, tentar se apro-ximar e nunca julgar porque às vezes achamos que a angústia dela é injus-tificada, mas para ela é importante. O significado que algo tem para aquela pessoa não é o que tem para uma ou-tra”, explica a psicóloga.

Também é possível procurar ajuda nos Centros de Atenção Psi-cossocial (Caps) e nos Centros de Valorização da Vida (CVVs) em Te-resina. O Caps é vinculado à Funda-ção Municipal de Saúde e, para ser atendido, a pessoa pode procurar diretamente o serviço ou ser enca-minhada pelo Programa de Saúde da Família (PSF). Já o CVV é uma ONG que dispõe, por meio de voluntários, a oferecer conforto e apoio às pesso-as. Atualmente, o serviço oferecido inclui chat, telefone, skype, e-mail e postos presenciais.

segundo a pesquisadora Vânia reis, ilmes e livros ajudam indivíduos a sair

de crises de depressão

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Pesquisadora Pós-Doutorado/ CAPES/ UFPIdefesa: Universidade Federal do Espírito Santo, [email protected]

Pesquisadordefesa: Instituto de Química/Universidade Estadual Paulista, [email protected]

cornélia janayna pereira passarinho jardes Figuerêdo do rêgo

Detecção de face em imagens é uma linha de pes-quisa que vem recebendo dedicação crescente em visão computacional, uma vez que pode

ter diversas aplicações. Identiicação, autenticação e re-conhecimento de indivíduos são algumas tarefas reali-zadas a partir do desenvolvimento de sistemas que se baseiam em tais técnicas. O trabalho desenvolvido nes-ta Tese de Doutorado apresenta uma abordagem para detectar e seguir face em vídeos coloridos e adquiridos em ambientes não controlados. O Seguidor Dinâmico com Vetores de Suporte (SDVS) aqui proposto combi-na detecção de face com seguimento de alvo, através da integração de compensação de iluminação, detecção de cor de pele, classiicador SVM (do inglês Support Vector Machines), usando características de Gabor e um iltro de Kalman discreto, compondo um sistema integrado. A arquitetura aqui proposta se distingue das demais en-contradas na literatura, por ser capaz de detectar e se-guir face em vídeos adquiridos em ambientes externos, com condições do mundo real, ou seja, não controladas, detectar e seguir face em pose arbitrária, em diferentes tons de pele e por apresentar robustez no que se refere à recuperação de falhas na detecção de face. Para validar a proposta do SDVS, foram realizados testes em vídeos das bases de dados de vídeos da Honda/UCSD e David Ross, como também vídeos capturados no Campus de Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo. Tais vídeos foram categorizados segundo o grau de di-iculdade (desaio) a ser tratado, e os resultados da apli-cação do SDVS foram comparados com uma técnica do estado da arte, para avaliar seu desempenho. Como re-sultado de tal comparação, pode-se concluir que a abor-dagem aqui proposta e o sistema SDVS implementado foram validados.

Na última década, houve um aumento signiicativo no uso de itoterápicos. Contudo, o estudo detalhado sobre a toxicologia das principais plantas empregadas como ma-

téria prima não cresceu na mesma proporção. Em função disto, tornam-se relevantes estudos visando à caracterização química e toxicológica de plantas medicinais, principalmente aquelas que têm sido empregadas como matérias primas para produção de i-toterápicos. Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo o desenvolvimento de métodos analíticos visando à determinação de As, Cd, Co, Pb, Se e Sn em plantas medicinais, empregando a espectrometria de absorção atômica de fonte contínua com alta resolução em forno de graite com amostragem direta de sólidos (SS HR-CS GFAAS). O procedimento de amostragem direta de sólidos envolve o mínimo preparo da amostra, o que reduz os riscos de contaminação e minimiza a geração de resíduos, e além disso, diminui substancialmente o tempo de análise e aumenta o poder de detectabilidade. O uso do conceito de espectrometria de absorção atômica de fonte contínua com alta resolução permitiu identiicar e corrigir as principais interferências espectrais. Na de-terminação de As, Co, Se e Sn, foram observadas interferências espectrais causadas por moléculas diatômicas de PO e SiO. Nestes casos, o emprego do algoritmo dos mínimos quadrados (LSBC) corrigiu o fundo; entretanto, para a determinação de As, observou-se interferências espectrais provocadas por linhas atômicas de Al que somente foram corrigidas utilizando algoritmo de correção de fundo interativa (IBC). Os métodos desenvolvidos apresentaram limites detecção de 28,7 ng g-1 (As), 0,15 ng g-1 (Cd), 3,2 ng g-1 (Co), 7,3 ng g-1 (Pb), 40,1 ng g-1 (Se) e 24,5 ng g-1 (Sn). A exatidão dos métodos foi avaliada através da análise de materiais de refe-rência certiicados de plantas, cujos valores foram concordantes com os certiicados ao nível de 95 % (test t). Visando determinar as menores quantidades de amostra que poderia ser analisadas, di-ferentes procedimentos de preparo de amostra foram avaliados. A partir dos resultados obtidos, observou-se melhor precisão e exati-dão utilizando massas entre 0,2 - 1,0 mg de amostra, empregando moinho criogênico ou moinho de facas com peneira de 30 mesh. Por im, os métodos desenvolvidos foram aplicados na determi-nação dos analitos em dezoito amostras de plantas medicinais e as concentrações obtidas variaram de 3,2 a 287,2 ng g-1 (Cd); 14,7 a 1195,7 ng g-1 (Co); 124,2 a 1946,1 ng g-1 (Pb) e 142,8 a 342,6 ng g-1 (Sn). Os resultados foram concordantes ao nível de 95 % (test t) quando comparados com os obtidos por outras técnicas (ICP-MS e GFAAS). As concentrações de As e Se nas amostras foram me-nores que os limites de detecção.

uma abordagem dinâmica para detecção e seguimento de face em vídeos coloridos em ambientes não

controlados

Amostragem de sólidos em espectrometria de absorção atômica de fonte contínua com alta resolução:

análise de plantas medicinais

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Professora adjunta da UESPI – Campus Torquato Netodefesa: Universidade Federal de Pernambuco – UFPE, em [email protected]

Professor / Pesquisador da Universidade Estadual do Piauí defesa: Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2013. [email protected]

silvana pantojaMiriane da Silva Santos Barboza

O objetivo principal deste trabalho é veriicar a inluência de diferentes práticas interven-tivas sobre as representações sociais (RS)

dos direitos humanos (DH) em alunos de um cur-so de formação de oiciais da polícia militar. Tendo em vista este objetivo, foram realizados dois estudos. No primeiro, buscou-se investigar as RS, o conhe-cimento e as concepções sobre os DH, bem como a sensibilidade empática dos participantes. Foram administrados escalas e questionários sobre os DH, além de uma escala de empatia voltada para questões sociais a 176 cadetes, de ambos os sexos, alunos do 1º e do 3º ano. Também foi utilizada a Técnica da As-sociação Livre de Palavras. Nos dois estudos, foram utilizadas estatísticas paramétricas e não paramétri-cas. Os resultados do primeiro estudo indicam: 1) a existência de um campo representacional dos DH e uma correspondência entre o conteúdo desse campo e a Declaração Universal dos Direitos Humanos; 2) a existência de RS negativas com relação à efetiva-ção dos DH e 3) uma baixa sensibilidade empática com respeito a alguns grupos sociais. A partir des-ses resultados, foi selecionada a amostra do segun-do estudo, que visou promover uma mudança nas RS dos participantes, conscientizando-os quanto ao papel do policial enquanto defensor e promotor dos DH. Participaram deste estudo 48 cadetes, que foram distribuídos, randomicamente, em três grupos: dois experimentais e um de controle, cada um dos grupos participou de um programa especíico de interven-ção. Ao inal do programa, veriicam-se mudanças: 1) no conhecimento dos DH; 2) nas concepções de DH; 3) nas representações dos DH e 4) nas representações da polícia. Os resultados são discutidos à luz da TRS, da teoria psicossociológica de Doise e de estudos em-píricos que investigam os DH na esfera das RS.

*Pesquisa inanciada pela CAPES

A pesquisa objetivou analisar em, Poema sujo (1976), de Ferreira Gullar, e em A cidade substituída (1978), de H. Dobal, a re-lação entre homem/cidade, considerando os procedimentos

literários que particularizam cada uma das obras. A razão da escolha dessa temática decorreu, a priori, da percepção de que na moderni-dade o mundo fora distendido, derrocando uma caminhada marcada pela visão fragmentada e por formas diferentes de convivência: os ios da rede de relações ancorados no espírito coletivo se desprenderam gerando desenraizamento, perda de referências, individualização e es-facelamento da memória. Essa constatação gerou em nós o desejo de valorizar a relação entre memória e cidade, face à situação itinerante, mutante e efêmera constitutiva da vida moderna. Gullar e Dobal cons-troem suas urdiduras discursivas em torno da mesma temática: a me-mória da cidade de São Luís do Maranhão, embora sob perspectivas diferenciadas. O olhar de Gullar é de intimidade, envolto pela muralha de lembranças pessoais, cuja relação é de familiaridade e cumplicida-de; o de Dobal é distanciado, como nômade que permeia os espaços e reconstrói memórias do outro. Ambos os poetas desencadeiam senti-dos, cujas imagens reconstroem memórias a partir de suas interações com os espaços vividos/observados. Desse modo, podemos dizer que os escritores constroem seus acervos de memórias, menos pela relação que estabelecem com o mundo do que pela forma como são impacta-dos pelas coisas que os circundam. Diante de um mundo de realidades contraditórias, de constantes deslocamentos dos sujeitos e dos espaços, o sujeito moderno reage de diferentes formas: como mecanismo de proteção, imerge dentro de si, cujo estado é gerado pela “deserção [...] de inalidades sociais”, explica Lipovetsky (2005, p. 34). O poeta do pas-sado amparado na plenitude de seu mundo, tinha plena coniança na caminhada, ainda que repleta de obstáculos; o homem/poeta da mo-dernidade, ao contrário, é movido pela incerteza da trajetória. Desse modo, a cidade retira de si o caráter eurocêntrico e se desdobra em pluralidades, levando também o poeta a novas formas de com ela inte-ragir. O homem/poeta da modernidade diante da totalidade perdida, bem como da incessante movência do mundo, reage personalizando-se. Ante à transformação da paisagem e da falta de solidez dos espaços, Gullar e Dobal dão uma guinada ainda maior, suas reações resultam na transformação da “imortalidade de uma idéia numa experiência [...]”, já que “é o modo como se vive o momento que faz desse momento uma experiência imortal”, diz Bauman (2008, p. 144). Os lugares sob o campo de visão sensível dos poetas em questão encravam-se no corpo poemático e se transformam em espaço de conservação da memória, sem que sejam considerados completamente perdidos. A dinamicida-de dos espaços leva os sujeitos sociais a reconhecer a cidade sob novas práticas, geradoras de novos signiicados, cuja forma de compreender os repertórios do passado não renegam as novas experiências com/na cidade, por isso, a concepção de espaço na poética moderna exige um olhar que agregue axiologias distintas.

Educação em direitos Humanos em uma instituição militar*

Literatura e memória entre os labirintos da cidade: representações na poética

de Ferreira Gullar e H. dobal

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érIA a pesquisa sobre Homossexualidade

Feminina no piauíAinda são poucas as pesquisas que abordam a mulher lésbica. Grupos como o sexgen têm contribuído para dar visibilidade à diversidade sexual e de gênero.

Por Cássia Sousa

Em 2012, a Sapiência lançou edição que abordava o tema “Questão de Gênero”. Uma das matérias se

referia às pesquisas sobre homossexuali-dade no Piauí, conduzidas na época pelo pesquisador Fabiano Gontijo, doutor em Antropologia e então professor dos Pro-gramas de Pós-Graduação em Antropo-logia e Políticas Públicas. Hoje o professor Gontijo está no Pará, mas continua orien-tando pesquisas dessa mesma temática no Piauí. Ele foi um dos pioneiros nesse tipo de pesquisa no estado e, inicialmente, seus estudos foram amplos, buscando mostrar como se conigurava o cenário teresinen-se.

De acordo com Pâmela Laurentina Sampaio Reis, mestranda do Programa de

Pós-Graduação em Antropologia da Uni-versidade Federal do Piauí (UFPI) e orien-tanda de Gontijo, existe uma lacuna teóri-ca nos estudos sobre gênero e sexualidade no Piauí. “Os trabalhos que se têm ainda estão concentrados no Sudeste. A pro-posta era justamente a pesquisa no Norte e Nordeste no sentido de interiorizar os estudos”, explica. Segundo Reis, mesmo após os esforços de Gontijo, atualmente a produção acadêmica do estado ainda é embrionária. E isso se acentua em relação a estudos mais segmentados como, por exemplo, os que versam sobre a homosse-xualidade feminina.

É nesse contexto que se situa a pes-quisa. “O que me motivou foi poder con-tribuir com esse vazio teórico que existe

sobre estudos de mulheres que amam mu-lheres. No início dos anos 90, os trabalhos acadêmicos começam a aparecer na aca-demia. Nesse recorte temporal, tínhamos, nos movimentos sociais, estudos sobre gays. Tinha-se a ideia de que as mulheres estariam contempladas nesses estudos. Mas, não estavam”, enfatiza. A pesquisa dela intitula-se “Mulheres: Trajetórias, Sexualidade e Sociabilidade em Camadas Médias Urbanas em Teresina – Piauí”. A partir de entrevistas, o trabalho apresenta as histórias de vida dessas mulheres. De acordo com a pesquisadora, não há uma escolha deliberada das entrevistadas. Elas são indicadas umas pelas outras, perten-cendo, assim, à mesma rede de sociabili-dade. Embora não haja também uma es-colha da faixa etária, número signiicativo das entrevistadas são mulheres que estão na faixa dos quarenta anos. “Elas têm uma representação social muito importante para a cidade porque são de uma geração do inal dos anos 90 que marcou as socia-bilidades em Teresina. São mulheres que, apesar de serem discretas, são lésbicas co-nhecidas, são aquelas lésbicas nas quais as outras mais jovens se espelhavam. Até por terem determinadas características em seus peris como, por exemplo, o fato de muitas delas terem morado no exterior e depois voltado para Teresina”, comenta a pesquisadora.

“Minha pesquisa conigura-se em compreender a representação desse grupo de mulheres. O que elas nos dizem sobre a sociedade piauiense, como essa sexua-lidade é vivida dentro desse processo de geração, o envelhecer. Porque o mundo gay é muito cheio de purpurina e glamour, mas esse cenário vem mudando”. De acor-

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Pâmela reis desenvolve pesquisa na área desde a graduação.

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do com Pâmela, garotas mais jovens, na faixa dos 20 anos, têm maior lexibilidade para expressar afetividades em público, diferentemente desta geração, na faixa dos 40 anos, que são produto de outro contex-to social. Mas não apenas isso: “Atrela-se a isso, fatores econômicos e proissionais. Muitas, por ocuparem certos cargos, pre-ferem não se expor”, explica.

A pesquisadora entrevistou cerca de 60 mulheres ao longo dos últimos qua-tro anos, desde o período em que estava na graduação e desenvolvia pesquisa no programa de iniciação cientíica. O es-tudo ainda não foi concluído e, embora a pesquisa enfoque a homossexualidade feminina, a pesquisadora identiicou mu-lheres bissexuais, bem como os discursos circulantes entre mulheres lésbicas acerca da bissexualidade. Segundo Pâmela, a bis-sexualidade é vista como algo negativo em alguns grupos de mulheres homossexuais.

Em relação aos bissexuais, ela airma que existe uma lacuna ainda maior nos estudos piauienses. “Estamos investindo nisso”, garante Daiany Caroline Santos Silva, mestre em Antropologia, referin-do-se às pesquisas sobre gênero e homos-sexualidade. Tanto Silva quanto Reis são integrantes do Núcleo de Pesquisa sobre Sexualidade, Corpo e Gênero – Sexgen. “Estamos unindo nossas experiências para o debate sobre a invisibilidade de algumas categorias sociais. Depois pretendemos le-var nossas discussões para a comunidade cientíica e não cientíica, além de imple-mentar ações também. Mas um passo de cada vez”, explica Daiany.

Outra integrante do Sexgen é a pesqui-sadora Ana Carolina Magalhães Fortes, mestre em Educação. Também é advoga-da do grupo Matizes e foi eleita madrinha da Parada da Diversidade de Teresina no ano passado. Ela realizou pesquisa pelo Programa de Pós-Graduação em Educa-ção da UFPI, abordando afrodescendên-cia e homossexualidade feminina. “Sou advogada militante, trabalho junto aos movimentos sociais, especialmente o mo-vimento LGBT, então achei que dava para casar a minha atuação proissional com a academia”, explica Fortes.

A pesquisa tem como título “A Escola

e a Educação Não-Escolar: Experiências da Mulher Lésbica Afrodescendente”. Ana Carolina Fortes entrevistou três mulheres. “Inicialmente, eu iquei bastante receo-sa se conseguiria convidar essas pessoas para participar da pesquisa porque trata-mos de questões ligadas mais à intimida-de, histórias mais privadas da vida delas”, comenta a pesquisadora, referindo-se às diiculdades iniciais que teve. A primeira das entrevistadas é ligada aos movimentos sociais e, segundo Ana Carolina, das três é a que mais discute as categorias propostas na pesquisa. “Ela fala bastante sobre afro-descendência, estigma e lesbianidade”, es-clarece Ana Carolina.

As categorias investigadas pela pes-quisadora foram Ser Mulher Afrodes-cendente, Ser Lésbica, A Escola Como Reprodutora de (Des)Igualdades e Lições Aprendidas Fora da Sala de Aula. Ela ex-plica que inicialmente a pesquisa seria inteiramente realizada tomando como cenário o ambiente escolar. “Mas percebi que o conceito de educação que usamos perpassa toda a nossa vida. Então, passei a investigar experiências educacionais, não apenas as vividas na escola, mas as vividas na igreja, no esporte e nos movimentos sociais”, diz a pesquisadora.

Ela explica que as pessoas que não se sentem contempladas dentro do modelo estabelecido nas escolas buscam outras formas de educação em outros ambientes com as quais possam fortalecer suas iden-tidades. Em sua pesquisa, Ana Carolina procura compreender como essas identi-dades são fortalecidas, se elas são fortale-cidas e que instâncias contribuíram para o fortalecimento delas.

Um dos aspectos ressaltados na pes-quisa foi o silenciamento em relação às opressões de ordem racial. “A segunda mulher afasta-se disso. Ela fala da mulher negra na terceira pessoa, não se vê como uma. Por mais que, em alguns momentos, ela diga que é, em sua fala, ela se coloca distante desse grupo”, revela.

Ana Carolina ainda explica que a es-cola constitui-se como um local de air-mação de homogeneidades, na qual existe um modelo de cidadão bem delineado: branco, pronto para o mercado de tra-balho, heterossexual. “Ela quer produzir uma mulher que esteja pronta para con-viver com esse homem. Então, questões como afrodescendência, homossexualida-de e a própria sexualidade, de forma mais ampla, são pouco discutidas na escola”, inaliza.

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Ana carolina fortes airma que a escola atua como airmadora de homogeneidades.

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DICAS DE LIvrOS

Organizadores: Marleide Lins, Síria Borges e Luiz Oosterbeek (Instituto Terra e Memória Portugal) Número de páginas: 236 páginas (Dupla face: 135 pag. Piauí – Brasil e 101pag. - Alto Ribatejo–Portugal)

Ano: 2013 • E-mail: [email protected] / [email protected] / [email protected]

A obra versa sobre o patrimônio arqueológico e antropológico do Piauí-Brasil e do Alto Ribatejo-Portugal. Apresenta feição gráica de dupla face, dividindo e/ou unindo as duas regiões; contempla artigos cientíicos de renomados pesquisadores brasi-leiros e portugueses, além de ensaios fotográicos que ilustram a referida temática. No mundo contemporâneo, a investigação arqueológica é considerada um instrumento essencial para a airmação e reconhecimento da diversidade das identidades cul-turais dos grupos humanos.

identidades e diVersidade cUltUral: patrimônio arqUeolóGico e antropolóGico do piaUí-Brasil e do alto riBatejo-portUGal.

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DICAS DE LIvrOS

Autor: Sônia Maria dos Santos Carvalho

Número de páginas: 246Ano: 2013

[email protected]

Quem foi Dom Avelar Bran-dão Vilela para as pessoas que com ele conviveram, para a im-prensa e para ele próprio? O livro trata desta questão e constitui tex-to completo da dissertação defen-dida pela autora no programa de mestrado em História do Brasil da Universidade Federal do Piauí (UFPI). A pesquisa aborda a vida pessoal, religiosa e política de um dos personagens mais importan-tes da história piauiense e brasilei-ra, que chegou ao Piauí na década de 1950 e mudou a educação, a política, a comunicação, o cato-licismo e a assistência social em nosso estado.

Autor: Ana Regina RegoNúmero de páginas: 813

Ano: [email protected]

O livro é relexo dos cinco pri-meiros capítulos da tese de dou-torado defendida pela autora em 2010 e que teve como título “Co-municação Corporativa, Marke-ting e Política Cultural”. Nele, Ana Regina Rêgo apresenta as políticas públicas de cultura dos dois países a partir de uma visão dos Ministé-rios de Cultura, tendo como foco central as leis que procuram, atra-vés da isenção iscal, incentivar as empresas, sejam elas privadas ou públicas, a investir no ambiente cultural. Por outro lado, o livro apresenta ainda um panorama do mercado cultural nos países men-cionados.

política, cUltUra e mercado - dUas Visões - Brasil e

espanHa

o Bispo de todos os

tempos

ÁFrica e Brasil, diÁloGos possíVeis: EstEtIzAção E mItIFICAção dE ÁFrICA nAs EstrAtéGIAs

IdEntItÁrIAs E InsErção PoLítICA do moVImEnto

nEGro

Autor: Artemisa Odila Candé MonteiroNúmero de páginas: 258

Ano: [email protected]

O objetivo deste livro é analisar a construção da identi¬dade negra teresinense e suas relações com o poder político local. A autora, também se interessa por entender o processo de representação da África em relação ao discurso da airmação identitária a partir da estética corporal. A pesquisa ten-tou compreender por que se torna necessária a estetização do corpo a partir de uma imagem positiva da África e por que o movimento negro em Teresina reivindica uma estética africana para a sua repre¬-sentação política.

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34 sapiência 36 Publicação Cientíica da FAPEPI

FUNDAÇÃO DE AMPARO A PESQUISA DO ESTADO DO PIAUÍ | FAPEPIAv. Odilon Araújo, 372, Piçarra • CEP: 64017-280 • Teresina-PI CNPJ: 00.422.744.0001-02 • Contato:(86) 3216-6090 / Fax: (86) 3216-6092Horário das 7:30h às 13:30h, de segunda à sexta

PARCEIROS:

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pepi 11º SIMPÓSIO BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO QUÍMICA

I SIMPÓSIO REGIONAL DA DIVERSIDADE BIOLÓGICA

I CONGRESSO REGIONAL DE ESTUDANTES DE QUÍMICA

IV ENCONTRO ACADÊMICO DE LETRAS - ENAL - 24 A 27 DE SETEMBRO DE 2013

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FUNDAÇÃO DE AMPARO A PESQUISA DO ESTADO DO PIAUÍ | FAPEPIAv. Odilon Araújo, 372, Piçarra • CEP: 64017-280 • Teresina-PI CNPJ: 00.422.744.0001-02 • Contato:(86) 3216-6090 / Fax: (86) 3216-6092Horário das 7:30h às 13:30h, de segunda à sexta

PARCEIROS:

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