Compreendendo a Inclusão Educacional No Colégio Estadual Dona Eva Na Cidade de Diorama-go Teoria e...

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11 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE UNIVERSITÁRIA DE IPORÁ CURSO: GEOGRAFIA COMPREENDENDO A INCLUSÃO EDUCACIONAL NO COLÉGIO ESTADUAL DONA EVA NA CIDADE DE DIORAMA-GO: TEORIA E PRÁTICA. DIVINA LUCIANA DE MOURA CAMPOS. IPORÁ - GO 2009 DIVINA LUCIANA DE MOURA CAMPOS.

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Geografia

Transcript of Compreendendo a Inclusão Educacional No Colégio Estadual Dona Eva Na Cidade de Diorama-go Teoria e...

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    UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIS

    UNIDADE UNIVERSITRIA DE IPOR

    CURSO: GEOGRAFIA

    COMPREENDENDO A INCLUSO EDUCACIONAL NO COLGIO ESTADUAL

    DONA EVA NA CIDADE DE DIORAMA-GO: TEORIA E PRTICA.

    DIVINA LUCIANA DE MOURA CAMPOS.

    IPOR - GO

    2009

    DIVINA LUCIANA DE MOURA CAMPOS.

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    COMPREENDENDO A INCLUSO EDUCACIONAL NO

    COLGIO ESTADUAL DONA EVA NA CIDADE DE

    DIORAMA-GO: TEORIA E PRTICA.

    Monografia apresentada como exigncia para obteno

    do grau de licenciada no Curso de Geografia da

    Universidade Estadual de Gois Unidade Universitria

    de Ipor a orientao da Professora Jackeline Silva

    Alves.

    Ipor - GO

    2009

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    UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIS UNIDADE UNIVERSITRIA DE IPOR COORDENAO ADJUNTA DE TRABALHO DE CONCLUSO DO CURSO DE GEOGRAFIA

    COMPREENDENDO A INCLUSO EDUCACIONAL NO COLGIO

    ESTADUAL DONA EVA NA CIDADE DE DIORAMA-GO: TEORIA E

    PRTICA.

    POR

    DIVINA LUCIANA DE MOURA CAMPOS.

    Monografia submetida Banca Examinadora designada pela Coordenao Adjunta

    de Trabalho de Concluso do Curso de Geografia da Universidade Estadual de

    Gois, UnU Ipor como parte dos requisitos necessrios obteno do grau de

    licenciada em Geografia, sob a orientao da professora Jackeline Silva Moura

    Ipor, ........ de ......... de ...........

    Banca examinadora:

    ____________________________________________________ Prof.

    ____________________________________________________ Prof. ____________________________________________________ Prof.

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    Aos meus filhos, esposo e os meus pais e irmo e

    cunhada que muito me incentivaram para que esta

    caminhada fosse concluda com sucesso.

    A autora

  • 15

    AGRADECIMENTOS

    A Deus por estar presente em todos os momentos difceis me dando

    fora para que no desistisse no meio do caminho.

    meus filhos, esposo, pais e irmo, demais familiares e amigos por

    entenderem os momentos em que precisei me ausentar para a realizao de todas

    as etapas dessa jornada.

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    Os aspectos que mais choca os desavisados a crtica a

    uma educao comprometida com a harmonia social

    entre as diferentes classes, o respeito s diferenas e a

    certeza de que ningum vive s. Uma sociedade fechada,

    alm de ser uma sociedade objeto, ainda uma

    sociedade alienada. Ela sofre com uma grande

    composio de membros que aspiram nostalgicamente

    aquilo que eles mesmos desconhecem.

    (ZAIDAN, 2009 Revista Ptio mai/jun-2009,p.62)

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    RESUMO

    A finalidade deste trabalho de pesquisa consiste em oferecer instrumentos de reflexo

    para enriquecer o processo ensino aprendizagem voltada incluso, abrindo novas

    expectativas de mudanas para a transformao da prtica educacional como bem

    menciona Freire (1979) que para ocorrer mudanas so necessrias transformaes

    estruturais na sociedade e nas unidades de ensino. Arroyo (1996) tambm se posiciona

    alertando para o fato de que preciso lutar por uma escola mais flexvel e dinmica

    para se alcanar a incluso. Fonseca (1995) enfoca o direito a diferena e Sassaki

    (1997) evidenciam a valorizao da diversidade humana como instrumento de

    enriquecimento de todas as pessoas. Para conseguir as mudanas almejada a escola

    tem que ser repensada e esta responsabilidade pertence ao profissional da educao,

    ao Governo, a sociedade que precisa repensar sua prtica. Sendo assim, o que conduz

    a escolha da incluso como tema o real interesse de que de fato, a incluso seja

    efetivada na prtica e no da forma como se observa nas escolas, e para isso, as

    parcerias da sociedade e as entidades educacionais devero falar a mesma lngua com

    relao ao objetivo maior da educao inclusiva que a formao da cidadania.

    Palavras-chave: mudanas incluso - sociedade

  • 18

    ABSTRACT

    The purpose of this research is to provide tools for reflection to enrich the teaching

    learning process focused on inclusion, creating new expectations for changes in the

    transformation of educational practice as well mention Freire (1979) to occur that

    changes are necessary structural changes in society and teaching units. Arroyo (1996)

    also places attention to the fact that we must fight for a school more flexible and

    dynamic to achieve inclusion. Fonseca (1995) focuses on the right to difference and

    Sassaki (1997) highlights the value of human diversity as a tool for enrichment of all

    people. To achieve the desired changes the school has to be rethought and that

    responsibility belongs to the professional education, the Government; the company

    needs to rethink their practice. So what drives the choice of including the theme is the

    real concern that in fact, the inclusion is effected in practice and not as presented in

    schools, and for that, the company's partnerships and educational entities should speak

    the same language with respect to the larger goal of inclusive education which is the

    formation of citizen ship.

    Keywords: change - inclusion society.

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Momento de apresentao de uma msica em Libras ..............................................26

    Figura 2 Uma aula Sobre os alimentos ministra em Libras.....................................................26

    Figura 3 Aula de Libras para professores, ministrada pelos alunos Surdos.......................... 27

    Figura 4 Aula da pelos surdos aos pais e professores de Libras..............................................27

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    SUMRIO

    INTRODUO.....................................................................................................11

    1. CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA EDUCAO INCLUSIVA..................14

    1.1 O Surgimento da Educao Inclusiva: Sntese Contextualizada..............16

    1.2 Educao Inclusiva no Brasil e em Gois.................................................18

    2. O PROCESSO DE INTEGRAO PARA A EFETIVAO DA INCLUSO

    NO MUNICPIO DE UM ESATUDO DE CASO DO COLGIO DONA EVA...22

    2.1 A Caracterizao da Escola Campo Dona Eva.........................................24

    2.2 A Valorizao das Diferenas na Escola Campo: Teoria e Prtica...........28

    3. A ORGANIZAO DOCENTE NA EDUCAO INCLUSIVA TEORIAS E

    PRATICAS OBSERVADA..............................................................................31

    3.1 O Processo de Incluso no Colgio Dona Eva: O Discurso e a

    Prtica Docente...............................................................................................35

    4. CONSIDERAES FINAIS...........................................................................39

    5. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS..............................................................42

    6. ANEXOS QUESTIONRIO PARA ENTREVISTA......................................43

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    RESUMO

    A finalidade deste trabalho de pesquisa consiste em oferecer instrumentos de reflexo

    para enriquecer o processo ensino aprendizagem voltada incluso, abrindo novas expectativas

    de mudanas para a transformao da prtica educacional como bem menciona Freire (1979) que

    para ocorrer mudanas so necessrias transformaes estruturais na sociedade e nas unidades de

    ensino. Arroyo (1996) tambm se posiciona alertando para o fato de que preciso lutar por uma

    escola mais flexvel e dinmica para se alcanar a incluso. Fonseca (1995) enfoca o direito a

    diferena e Sassaki (1997) evidencia a valorizao da diversidade humana como instrumento de

    enriquecimento de todas as pessoas. Para conseguir as mudanas almejada a escola tem que ser

    repensada e esta responsabilidade pertence ao profissional da educao, ao Governo, a sociedade

    que precisa repensar sua prtica. Sendo assim, o que conduz a escolha da incluso como tema o

    real interesse de que de fato, a incluso seja efetivada na prtica e no da forma como se observa

    nas escolas, e para isso, as parcerias da sociedade e as entidades educacionais devero falar a

    mesma lngua com relao ao objetivo maior da educao inclusiva que a formao da

    cidadania.

    Palavras-chave: mudanas incluso - sociedade

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    ABSTRACT

    The purpose of this research is to provide tools for reflection to enrich the teaching learning

    process focused on inclusion, creating new expectations for changes in the transformation of

    educational practice as well mention Freire (1979) to occur that changes are necessary structural

    changes in society and teaching units. Arroyo (1996) also places attention to the fact that we

    must fight for a school more flexible and dynamic to achieve inclusion. Fonseca (1995) focuses

    on the right to difference and Sassaki (1997) highlights the value of human diversity as a tool for

    enrichment of all people. To achieve the desired changes the school has to be rethought and that

    responsibility belongs to the professional education, the Government; the company needs to

    rethink their practice. So what drives the choice of including the theme is the real concern that in

    fact, the inclusion is effected in practice and not as presented in schools, and for that, the

    company's partnerships and educational entities should speak the same language with respect to

    the larger goal of inclusive education which is the formation of citizen ship.

    Keywords: change - inclusion society.

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    INTRODUO

    Ao longo das ltimas trs dcadas at a atualidade o tema incluso escolar continua

    a ser amplamente discutido nos espaos educacionais e entre as pessoas que direta ou

    indiretamente, se envolvem com este processo na escola ou em diversos ambientes sociais,

    onde h interao de pessoas. No se pode negar a polemica que existe em torno das questes

    que se relacionam com a incluso nas escolas regulares de alunos com deficincias ou

    diferenas individuais acentuadas.

    Muitos educadores consideram o cotidiano da educao inclusiva to complexo

    que ele se apresenta, s vezes, de forma to incerta, to cheia de dvidas que gera insegurana

    e medo de enfrentar situaes inesperadas. Isso, porque depende da situao a ser encarada que

    poder representar uma ameaa identidade do professor como sujeito que ensina.

    A atividade docente no fcil, principalmente, quando se lida com uma

    heterogeneidade de maior complexidade. A formao docente oferecida nos moldes que se

    apresenta nas instituies de ensino superior, infelizmente, no oferece uma viso dessa

    complexidade que h nas relaes socioculturais no espao escolar. Com isso, o profissional

    ter que adquirir experincias e aprender a lidar com todas as situaes inesperadas a partir de

    uma formao continuada em servio e por meio de estudos.

    Diante destes princpios, esta pesquisa objetiva contribuir para uma reflexo sobre a

    necessidade de se construir uma escola verdadeiramente cidad, preparada para receber os

    alunos com necessidades especiais de forma a proporcionar um ensino e sua integrao social.

    A justificativa para a escolha do Tema Educao Inclusiva no Colgio Estadual

    Dana Eva se encontra na importncia desse acontecimento como meio de integrao social

    para a comunidade local e na tentativa de compreender como ocorre o processo de incluso

    educacional no municpio de Diorama. Cabe ainda justificar que atravs de uma reflexo

    chamar ateno para a necessidade de entender um pouco mais sobre a complexidade do

    processo de incluso escolar, no sentido de indicar algumas questes que possam favorecer um

    repensar sobre como desenvolver uma educao inclusiva, de forma que a prpria ao de

    refletir possa significar mudanas.

    A metodologia mistura-se pesquisa bibliogrfica com pesquisa de campo no sentido

    de obter maiores conhecimento sobre o que se prope a pesquisar, onde um questionrio ser

    direcionado aos responsveis pela incluso, pelo apoio e acompanhamento dos alunos que j

    esto inclusos na instituio, bem como, entrevistas com pais e com os prprios alunos com

    necessidades especiais na tentativa de estar colhendo informaes sobre seus sentimentos, seu

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    desenvolvimento e suas perspectivas futuras com relao incluso no Municpio e de que

    maneira contribui para uma reflexo sobre como esse processo surgiu e como ele vem sendo

    analisado no cenrio da educao em Diorama.

    No poderia deixar de tecer um breve comentrio sobre o Municpio de Diorama

    que segundo a Prefeitura Municipal (2007) teve incio os primeiros habitantes no ano de 1929

    e neste mesmo ano se iniciou as primeiras edificaes nas partes baixas dessa regio. Por fora

    da Lei n. 163, de 10 de abril de 1.954, o povoado foi elevado a categoria de Distrito com o

    nome de Diorama e no ano de 1.958, com a Lei n. 2.390 conquistou sua autonomia poltica.

    Diorama est localizado na regio Oeste de Gois e tem uma rea de 881 Km. Esse

    territrio est dividido em 359 propriedades rurais. So pequenos produtores. Destes, 204

    proprietrios possuem terras com reas inferiores a 100 hectares. O Municpio faz divisa, ao

    norte, com Montes Claros de Gois. Ao Sul faz fronteira com Ipor. O Municpio de Jaupaci

    o vizinho do lado leste. Ao oeste, as terras dioramenses fazem fronteiras com Arenpolis.

    Diorama uma cidade situada entre propriedades rurais, prximas a um lago

    natural, em uma altitude de 506 metros acima do nvel do Mar. Est distante de Goinia 245

    quilmetros. De forma mais precisa e observando as linhas do Equador e de Greenwich,

    Diorama est a 161403 de latitude sul e a 511520 de longitude oeste. Seu clima tropical

    mido e terras acidentais, com partes baixas, terras frteis e apropriadas para o cultivo de

    cereais, pastagens e criao de animais. Sua rea vegetal j bastante devastada onde

    predomina o cerrado que sede lugar para as atividades econmicas do homem. Conforme o

    Censo Agropecurio de 2.005, do IBGE, a rea rural de Diorama constituda por 52 mil

    hectares de pastagens, 11 mil hectares de matas e 1.200 hectares de lavoura. Sua economia

    predomina pela pecuria de corte e de leite e em alguns casos cultivos agrcolas.

    Com o censo do IBGE, constatou que em todo aquele grande Municpio que se

    prolongava at as margens do Araguaia, havia uma populao de 6.532 habitantes. Em 1970,

    j desmembrado de Montes Claros de Gois, Diorama apresentou uma populao de 4.942

    habitantes. Porm numa tendncia de decrscimo, em 1.980, a populao de 2.470 era a

    populao rural de 1.314. No ltimo senso realizado pelo IBGE, a populao de 2.526 sendo

    1.226 formada por mulheres e 1.500 por homens.

    Para incio da discusso destacaram-se alguns conceitos e idias sobre a educao

    inclusiva. Educadores que se dedicaram pesquisa sobre essa temtica tentaram contextualizar

    conceitos de um processo inclusivo de educao que consideram pertinente ao direito de

    participao de todos no espao escolar. Sobretudo, por meio da prtica e aes estruturadas

    para atender com igualdade a todos. A discusso mostra que para se efetivar a educao

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    inclusiva de fato, haver a necessidade de transformaes na estrutura e organizao do tempo

    e espao. Alm disso, preciso haver formao permanente dos profissionais que atuam

    diretamente com a diversidade sociocultural presente num mesmo espao educacional da

    escola.

    Para tanto, a diviso desta pesquisa em textos distribudos em quatro captulos e

    seus respectivos sub-tpicos foi maneira mais clara e objetiva de se expor s idias principais

    do que foi oportuno pesquisar esperando que seus objetivos sejam alcanados. Constam assim

    no Captulo 1, alguns conceitos e fundamentos da educao inclusiva uma vez que estes

    podem orientar reflexes sobre a mesma. Subjacente a esse captulo, julgou-se necessrio

    evidenciar temas tais como: O Surgimento da Educao Inclusiva, Sntese Contextualizada.

    Educao Inclusiva no Brasil. Sntese da Educao Inclusiva em Gois.

    No captulo 2, Aborda-se sobre o processo de Integrao ao processo de Incluso

    no Municpio e a Caracterizao da Escola Campo Dona Eva. A valorizao das Diferenas na

    Escola campo como fator de incluso, a organizao docente na educao inclusiva na referida

    unidade em comparao com a teoria e algumas experincias de pesquisas sobre incluso

    realizadas na Escola Dona Eva em conformidade com a realidade discursiva dos profissionais

    da rea. Certamente a meta para esta pesquisa alcanar o conhecimento necessrio para uma

    reflexo sobre a necessidade de que todas as escolas do pas consigam se adequar para a

    incluso.

  • 26

    1. CONCEITOS E FUNDAMENTOS DA EDUCAO INCLUSIVA

    Stainback (1999) apresenta conceito de educao inclusiva como amplo e

    complexo. Percebe-se que ele se expressa de maneiras bem distintas entre formas de

    concepo e contexto. Um ponto a observar a presena ntida das questes que se referem

    aos Direitos Humanos e das diferenas individuais. Sabe-se, no entanto que a incluso de todo

    indivduo nas escolas brasileiras, atualmente no se apresenta de forma integral. Vrios

    pesquisadores que se dedicam a pesquisar sobre o referido tema registram em seus estudos que

    a Incluso s ocorrer de fato principalmente nas escolas regulares se houver mudanas

    significativas em todas as reas no s educacional como tambm no meio social, pois

    infelizmente, ainda existe uma cultura que persiste em conservar prticas excludentes no

    cenrio da escola, falta de profissionais especializados, estrutura fsica das escolas no

    adequadas para atender a demanda de pessoas, poucos programas que do subsdios para as

    Gestes Escolares, e outros fatores que colocam a incluso educacional no Brasil em um lugar

    pouco privilegiado.

    Stainback (1999) conceitua a educao inclusiva como algo de valor onde a mesma

    todos os dias precisa estar nas salas de aula, nas escolas, sejam particular ou estadual. No

    Entanto, esta reflexo conduz a questionamento referente ao desenvolvimento do processo

    educao inclusiva, pois atravs dela possvel efetivao da importncia e

    consequentemente a valorizao as diferenas oportunizando ao aluno, o acesso incondicional

    do espao escolar e ao crescimento cientfico com igualdade de proporo.

    Milher (2003) informa que as escolas brasileiras se configuram, ao longo da

    histria da educao brasileira at os dias de hoje, no retrato de uma educao para uma

    parcela da sociedade. E as mudanas neste sentido, ocorrem de forma muito lenta com relao

    ao processo de incluso de todos em todos os espaos educacionais escolares. O mesmo autor

    analisa que a educao inclusiva atualmente est baseada no sistema de valores que faz com

    que todos os alunos se sintam bem vindos escola indiferente a gnero, a naturalidade, a raa,

    a linguagem de origem, o nvel de aquisio educacional e cultural, ou a deficincia. Esse

    modelo de incluso implica em uma reforma radical nas escolas em termos curriculares,

    avaliao, pedaggico e agrupamento dos alunos nas atividades de sala de aula. Implica,

    tambm, no preparo apropriado dos professores mediante uma formao de uma educao e

    desenvolvimento profissional contnuo durante a vida profissional.

    Montoan (2003) analisa que a educao inclusiva implica tambm em mudanas

    de paradigma educacional. a capacidade de entender que cada pessoa tem em reconhecer o

  • 27

    outro e, tambm, ser privilegiado com o convvio e compartilhar com pessoas diferentes,

    porm iguais a qualquer pessoa. Desta forma no difcil compreender que a educao

    inclusiva deve acolher todas as pessoas, sem qualquer tipo de discriminao ou exceo.

    Ressalta-se que esse processo insere todas as crianas radical e sistematicamente. Portanto, a

    incluso escolar resultante de uma educao e movimento plural, completo e democrtico.

    Ferreira e Guimares (2003) evidenciam que o conceito de educao inclusiva deve

    contemplar ao acesso escola de todos os alunos, indistintamente, independentemente, do fato

    de apresentarem dificuldades ou qualquer tipo de necessidades especiais. Alerta que preciso

    criar novas alternativas tcnico-pedaggicas, psicopedaggicas e sociais que possam contribuir

    para o progresso de aprendizagem de todos os alunos, o que exigir transformaes nas antigas

    prxis. Sendo assim, a partir da compreenso de inmeros aspectos ligados aos conceitos de

    igualdade e de diferena, que se podem investigar em seres humanos melhores e mais

    tratamentos. E assim, haver significativa contribuio para as modificaes na rea da

    educao;

    Guimares (2003) revela que a incluso escolar necessria aquela com idia de

    que incluir mais do que criar condies para as pessoas com necessidades especiais, um

    desafio ainda maior que exige transformaes dentro da escola no geral, ou seja, criao de

    projetos pedaggicos, postura dos educadores diante do aluno incluso. Portanto, a educao

    inclusiva no se espera que o aluno com deficincia se integre escola, mas que

    principalmente a escola esteja de fato preparada para inserir em suas dependncias alunos com

    necessidades diversas.

    Ao analisar os posicionamentos dos estudiosos mencionados anteriormente, no

    difcil atentar para um detalhe de que a escola muito precisa de mudanas para depois receber

    esses alunos. preciso haver interesse poltico por parte de todos os envolvidos no processo

    (Governos, Gestores, professores, pais, comunidade) no sentido de mudanas nas prticas e

    conceitos que ainda so alarmantemente presentes na realidade atual.

    verdico que nos ltimos tempos o tema incluso tem sido foco de discusso de

    educadores, pais, alunos com deficincias e pessoas ligadas a instituies que travam

    verdadeiras batalhas em prol da valorizao e consequentemente incluso das crianas e

    adultos que apresentam alguma caracterstica de deficincia no sentido de no s valorizar

    essas pessoas como tambm dar uma nova cara para a estrutura educacional pautadas no

    reconhecimento dos direitos humanos, solidria e defensora da igualdade entre todos. Para

    tanto necessrio contextualizar mesmo que em forma de sntese o surgimento da educao

    inclusiva e como se iniciou o processo de integrao ao processo de incluso.

  • 28

    1.1 A Origem da Educao Inclusiva: Breve Contextualizao.

    No mbito internacional a Declarao dos direitos Humanos de 1948 foi um marco

    importante na histria dos direitos do ser humano, podendo ser relacionado com a incluso.

    No artigo primeiro do documento, reconhecido que: Todos os seres humanos nascem

    livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razo e de conscincia, devem agir

    uns com os outros em esprito de fraternidade (Art. 1).

    Julga-se necessrio voltar no sculo XIX, para entender por que ocorreu a

    elaborao de um documento que estabelecesse os direitos dos cidados quando as pessoas

    portadoras de deficincias passaram por discriminaes, foram rejeitadas e discriminadas,

    obrigando as autoridades e opositores a essa vergonhosa situao a qual se encontravam os

    deficientes no referido sculo. Portanto, possvel encontrar em Moores (1978), relatos

    referentes ao perodo (antes do sculo XIX) em que as pessoas que portavam alguma

    deficincia eram excludas da sociedade e algumas chegaram a ser mortas por causa da

    deficincia. Esse foi o perodo de maior comprovao da excluso, do desrespeito s

    pessoas portadoras de deficincia, pois estas eram vistas como pessoas que estavam

    recebendo um castigo divino, ou seja, alguma coisa errada a prpria pessoa ou algum de

    seus antepassados fizeram para que isto lhe acontecesse. Essa situao foi consolidada

    durante a idade mdia, no perodo da inquisio catlica e reforma protestante.

    Moores (1978) revela que nesse perodo, os deficientes eram literalmente excludos

    da sociedade e do convvio social. O mesmo autor menciona que no caso dos surdos, por

    exemplo, era considerado pelos ouvintes como pessoas incompetentes e a justificativa dada

    eram pelo fato de que consideravam que o pensamento no se desenvolvia sem a

    linguagem e esta, sem a fala. Portanto quem no ouvia, no falava e no pensava, e de tal

    modo no poderia receber ensinamentos. Em seguida surgiu o perodo da segregao, em

    que atravs dos avanos da medicina, a deficincia deixou de ser considerada um castigo

    divino e passou a ser vista como uma doena, de natureza incurvel e que por isso deviam

    ficar segregadas em instituies de tratamento mdico ou de proteo j que, de acordo

    com as pessoas daquela poca, oferecia riscos para a sociedade, isto porque eram

    consideradas pessoas anormais. Este foi o incio das primeiras prticas sociais formais de

    ateno s pessoas deficientes, denominado como perodo de institucionalizao ou

    segregao social (GLAT E FERNANDES, 2005).

  • 29

    Considerando o perodo de institucionalizao, as primeiras iniciativas de ateno a

    deficientes remontam ao perodo imperial no Brasil, permanecendo como modelo oficial

    at 1950. Esse modelo mdico ou clnico teve pouca nfase s atividades acadmicas

    (REVISTA INCLUSO, 2008). A partir de ento, um momento de movimentos sociais

    significantes ocorreu no mundo ocidental, j que, devido as guerras mundiais, os pases

    integrantes da Organizao das naes Unidas (dentre eles, o Brasil), em Assemblia

    Geral, em 1948, criaram a Declarao Universal dos Direitos Humanos, documento que

    definiu normas gerais de polticas pblicas para o mundo. Com referncia as leis, foram

    criadas com o intuito de garantir atendimento educacional aos alunos portadores de

    deficincias, ressaltavam a condio de na rede regular de ensino, deixando aberta a

    possibilidade de manter crianas e adolescentes com deficincia nas escolas especiais.

    A consolidao desses movimentos sociais para o atendimento de pessoas

    portadoras de deficincia, ocorreu na dcada de 1960 e adentrou a 1970, com sucessivas

    crticas ao paradigma da institucionalizao de pessoas deficientes e com doenas mentais

    (BRASIL, 2004). Naquele momento, comearam a ser implantados os servios de

    reabilitao profissional, especialmente, para pessoas portadoras de deficincia, visando

    prepar-las para a integrao ou reintegrao na vida da comunidade. Glat e Fernandes

    (2005) lembram que naquele momento, inserir os deficientes em um sistema educacional

    com atividades acadmicas de forma a acreditar que ele realmente poder5ia apreender o

    suficiente para sua libertao, passaria do paradigma mdico para o educacional. Apesar

    disto, a educao especial ainda era um servio pblico paralelo, um meio de segregao.

    Sanchez (2005) lembra que esse perodo ficou conhecido como o perodo da integrao

    social (dcada de 70 e 80), onde a desinstitucionalizao dessas pessoas ocorreu

    gradativamente. Mesmo assim, o sistema educacional ainda era um meio de segregao

    pois s eram integradas as pessoas que se adaptarem ao ensino regular.

    Sassaki (2005) ensina que partir desse perodo (final da dcada de 80 e incio da

    dcada de 90) ficou evidenciado que a segregao social das minorias, ainda que integrados

    em unidades educacionais e teraputicas, no estava de acordo com o que estabelece a

    Declarao Universal dos direitos Humanos, ou seja, o respeito aos direitos contribui ao

    indicar que em meados de 1980 e incio de 1990, iniciou-se um movimento envolvendo

    profissionais da educao, pais e as prprias pessoas deficientes, que buscavam mudar a idia

    de que a educao especial era um mundo parte. Com esse movimento, o mundo passa por

    novas transformaes com avanos tanto na medicina como na educao. Consolida-se assim,

  • 30

    um perodo de sofisticao tcnico-cientfica, que possibilitaria um maior desenvolvimento das

    pessoas, rompimento de barreiras geogrficas, comunicao, intercmbio de idias e

    transaes, definindo novos rumos nas relaes entre pases e sociedades diferentes.

    A partir desse perodo (final da dcada de 80 e incio da dcada de 90) ficou

    evidente que a segregao social das maiorias, ainda que integrados em unidades educacionais

    e teraputicas, no estava de acordo com o que estabeleceu a Declarao dos Direitos

    Humanos, ou seja, o respeito aos direitos do indivduo de acesso a participao regular do

    espao comum, da vida em sociedade, como tambm limitava que a sociedade de

    peculiaridades que a constituem.

    Sassaki (2005) menciona que no incio da dcada de 90 surge o perodo da incluso

    social, denominado paradigma de suportes, onde a construo de espaos inclusivos garantiria

    o acesso imediato e a participao de todos nos equipamentos e espaos sociais. Trata-se do

    perodo da globalizao com difuso mundial de conhecimentos, tecnologias da informao e

    reaes em cadeia com conseqncias globais.

    1.2 A Educao Inclusiva no Brasil e em Gois

    A histria da Educao Especial no Brasil iniciou-se no XIX e teve influncias

    europias e norte-americanas. O modelo assistencialista e segregativo e a conduo de suas

    polticas, quase sempre estiveram liderados por associaes civis com forte influncia sobre

    as famlias e opinies pblicas brasileiras. Montoan (2005) analisa que vrios so os

    documentos produzidos pela Assemblia Geral da Organizao das naes Unidas que

    delinearam e nortearam o desenvolvimento de polticas pblicas de seus pases membros. O

    Brasil enquanto membro e signitrio reconhecem esses documentos e os internaliza na sua

    legislao. Pode-se destacar, dentre esses documentos, a Declarao Universal dos direitos

    Humanos de 1948, a Declarao de Jumtien de 1990, a Declarao de Salamanca de 1994

    (Um dos mais completos textos sobre a incluso na educao) e vrios outros documentos.

    Ainda que com princpios no muito claros em relao a educao inclusiva, o pas

    promulgou a Constituio de 1988 (BRASIL, 1988). A partir de ento, e sempre seguindo

    orientaes propostas por documentos internacionais, o pas tem definido em sua legislao

    polticas pblicas e criado instrumentos legais como o Decreto n. 3956 de 2001 que um

    seguimento da Declarao da Guatemala (1999), garantindo o direito incluso social aos

    indivduos com necessidades especiais, bem como, o sistema educacional tem engendrado

    esforos para garantir o acesso universal escolaridade bsica e a satisfao das necessidades

  • 31

    de aprendizagem para todos os cidados, em conformidade ao Art. 208 Inciso III da

    Constituio Federal que afirma que de responsabilidade do Estado atendimento

    educacional especializado aos portadores de deficincia, preferencialmente na rede regular

    de ensino.Desta maneira, as escolas precisam se organizarem no sentido de adequar suas

    estruturas fsicas, profissionais e pedaggicas, para receber os alunos com necessidades

    especiais.

    Ferreira e Glat (2003) justificam que a luta pela ampliao e melhoria da qualidade

    do ensino voltado a indivduos portadores de deficincia resultou, no incio dos anos 1990,

    com o paradigma da Educao Inclusiva, hoje amparada pela legislao em vigor que ser

    apresentada em algumas resolues e leis mais adiante, e determinante das polticas pblicas

    educacionais em nvel federal, estadual e municipal. Para atuar com as pessoas portadoras de

    deficincia, na educao especial, o professor deve ter como base da sua formao, inicial e

    continuada, conhecimentos gerais para o exerccio da docncia e conhecimento especficos da

    rea. Porm essa uma questo que ainda necessita ser reavaliada j que no so todos os

    profissionais que, por lei, devem receber e acolher todas as pessoas e devem organizar as

    condies de acesso aos espaos, aos recursos pedaggicos e comunicao que favoream a

    aprendizagem e a valorizao das diferenas, ou seja, necessrio eliminar as barreiras

    arquitetnicas, urbansticas, nos transportes e, principalmente as barreiras atitudinais, isto ,

    mudanas de atitudes que devem passar de excluso para incluso (REVISTA INCLUSO,

    2008).

    Sassaki (2005) informa que a partir de 1990, porm foram as prprias pessoas

    portadoras de deficincia que resolveram participar mais ativamente do processo de incluso

    atravs da organizao e participao em conselhos, comisses e fruns. Para isso, essas

    pessoas procuraram garantir que os direitos como, por exemplo, o atendimento educacional

    especializado e maior ateno firme por parte dessas prprias pessoas sendo minoria. No

    entanto, faltou uma atuao firme por parte dessas prprias pessoas em relao s

    prerrogativas do sistema educacional vigente.Montoan (2005), analisa que em 1990, foi

    proclamada a Declarao de Jomtien, na qual os pases relembram que [...] a educao um

    direito fundamental de todos, mulheres e homens, de todas as idades, no mundo

    inteiro(Declarao,2007), a qual o Brasil assinou e comprometeu-se a erradicar o

    analfabetismo e universalizar o ensino no quesito municipal, estadual e federal.Porm, o

    Brasil, discutiu a educao inclusiva antes mesmo do primeiro documento internacional sobre

    o tema, a Declarao de SALAMACA de 1994 que discutiu a ateno educacional aos alunos

    com necessidades educacionais especiais, portanto, um marco importante na educao

  • 32

    inclusiva. No entanto, Sassaki (2007) argumenta que poucos eram os professores que

    debatiam o tema e restringiam sua temtica a alguns princpios introduzidos nas escolas

    comuns. Havia pouca clareza e respeito diversidade do alunado como parmetro do

    processo inclusivo antes da Declarao de SALAMANCA. Naquela poca, muitos

    acreditavam que a educao inclusiva se referia apenas aos alunos com deficincia fsica,

    mental, visual, auditiva e mltipla.

    Brasil (1996) apresenta que em 1996 com a publicao da lei de diretrizes e Bases

    da Educao foi passada para o municpio a responsabilidade pela universalizao do ensino

    para os cidados de 0 a 14 anos, os quais devem ter deciso poltica e desenvolver os passos

    necessrios para implantar, em sua realidade scio-geografica, a educao inclusiva para a

    educao infantil e fundamental.

    De acordo com a Conveno (2007) foi reafirmada a necessidade de eliminao de

    todas as formas de discriminao contra as pessoas com deficincia. O Brasil adotou essa

    conveno com a publicao do Decreto n. 3.956 de 2001 que tambm reafirmou a

    necessidade de eliminao de todas as formas de discriminao contra as pessoas portadoras

    de deficincia. A poltica nacional para a Integrao da pessoa Portadora de Deficincia foi

    estabelecida no Decreto n. 3.298 de 1999 onde o Estado e a Sociedade Civil devem

    desenvolver aes conjuntas para assegurar a plena integrao da pessoa portadora de

    deficincia no contexto socioeconmico e cultural e no que se refere educao,

    estabelecida a obrigatoriedade da matrcula compulsria e gratuita de pessoa com deficincia

    em cursos regulares de estabelecimentos pblicos de ensino (BRASIL, 2007). Com relao a

    publicao do Plano nacional de Educao, lei 10.172 de 2001 so estabelecidos objetivos e

    metas para a educao das pessoas com necessidades educacionais especiais, gerando a

    obrigao para os municpios de desenvolverem programas educacionais em parcerias com as

    reas de sade e assistncia social; de estabelecerem padres mnimos de infra-estruturas,

    formao inicial e continuada de professores e disponibilizar recursos especializados; de

    garantirem a articulao da educao especial com polticas de educao para o trabalho;

    incentivo pesquisa e estudos; desenvolvimento de sistemas de informao sobre a populao

    a ser atendida pela educao especial(BRASIL, 2007).

    As Diretrizes nacionais para a Educao Especial na Educao Bsica, Resoluo

    CNE/CEB n. 02/2001, foi um avano da universalizao do ensino e um marco da ateno

    diversidade ao ratificar a obrigatoriedade da matrcula de todos os alunos no sistema de

    ensino regular de Ensino Fundamental, sempre em classes comuns e somente em situaes

    excepcionais, em classes e escolas especiais, recebendo orientao de professores regulares e

  • 33

    especializados. Esta resoluo foi a base da implantao da educao inclusiva no Estado de

    Gois.

    A experincia inclusiva no Estado de Gois foi oficialmente iniciada pelo Governo

    em 1999, atravs da Superintendncia de Ensino Especial, na Secretaria de Educao. No

    ano anterior, aconteceu um dos mais importantes eventos ocorridos at ento no campo

    educacional voltado a alunos com deficincias: o Frum Estadual de Educao de Gois. O

    evento aconteceu em Goinia por iniciativa da hoje extinta Fundao da Criana, do

    Adolescente e da Integrao do Deficiente (Funcad) em parceria com a Universidade Catlica

    de Gois, a Secretaria Municipal de Educao de Goinia e outros. No frum foi

    exaustivamente discutido pelo pblico o documento preliminar Uma Nova Proposta

    Educacional com Base nos Princpios da Incluso.(BRASIL, 2007).

    Este documento gerou enorme interesse e compromisso, em 1999, por parte da

    Superintendncia de Ensino Especial, que criou, treinou e manteve, durante todo seu mandato

    (1999-2002), uma equipe tcnica especializada em incluso escolar. O imenso desafio de se

    proporcionar, em Gois, uma educao de alta qualidade sem excluir um nico aluno foi

    denominado Programa Estadual de Educao para a Diversidade numa Perspectiva Inclusiva

    (ou simplesmente: Programa Estadual). A logo-marca do Programa Estadual consiste do

    desenho estilizado da mo humana, um smbolo milenar das diferenas individuais, pois na

    afirmativa popular os dedos da mo no so iguais. Nesta logomarca, a mo focaliza nossa

    ateno na diversidade humana e nas diferenas individuais dentro do universo escolar. Ns

    trabalhamos baseados no princpio de que cada aluno diferente, como tambm so diferentes

    os professores, as famlias, as unidades escolares.

    A mo na logomarca a esquerda, indicando a crena de que a verdadeira incluso

    acontece pelas vias do corao e de que o portal de entrada a eliminao da barreira mais

    difcil, a barreira atitudinal.Acredita-se que a incluso acontece pela compreenso dos direitos

    iguais, pela aceitao da diversidade humana e pelo respeito s diferenas individuais. Aberta

    e espalmada, a mo sinaliza algum que d boas-vindas a todos os alunos, partilha com eles,

    ensina-os e aprende deles a conviver e a conhec-los, e a transformar cada complexa tessitura

    que envolve o ser humano em valiosas oportunidades de experincia de aprendizagem pessoal

    e coletiva.(BRASIL, 2007).

  • 34

    2 O PROCESSO DE INTEGRAO PARA A EFETIVAO DE INCLUSO NO

    MUNICPIO DE DIORAMA: ESTUDO DE CASO NO COLGIO DONA EVA.

    Montoan (2003) oferece subsdio para uma maior compreenso das polmicas que

    envolvem a idia dos processos de integrao ao processo de incluso. A discusso sobre

    integrao e incluso provoca dvidas devido aos significados semelhantes, porm, ambos se

    referem situao de insero no ensino regular de maneiras diferentes e se divergem nos

    fundamentos terico-metodolgicos. Para iniciar a anlise a autora mencionada anteriormente

    registrou a seguinte descrio do processo de integrao:

    Os movimentos em favor da integrao de crianas com deficincias surgiram

    nos Pases Nrdicos, em 1969, quando se questionaram as prticas sociais e

    escolares de segregao. Sua noo de base o princpio de normalizao,

    que no sendo especfico da vida escolar, atinge o conjunto de manifestaes

    e atividades humanas e todas as etapas da vida das pessoas, sejam elas

    afetadas ou no por uma incapacidade, dificuldade ou inadaptao.

    No processo de integrao escolar o aluno participa das atividades escolares na sala

    de aula do ensino regular e tambm do ensino de escolas especiais. Assim sendo, esse aluno

    transita no sistema escolar e especial, em todos os tipos de atendimento, ou seja, classes

    especiais em escolas comuns, ensino itinerante, sala de recursos, classes hospitalares, ensino

    domiciliar e outros.

    Verifica-se que nesta condio a qual se refere a autora, o aluno submetido a

    processos parciais de incluso, devido segregao oferecida pelo sistema com relao aos

    servios educacionais de forma diferenciada para alguns em lugares tambm diferenciados, ou

    melhor, as instituies educacionais no mudam suas estruturas e metodologias como um todo,

    mas os alunos so os que precisam se deslocar, e mudar para se adaptarem s exigncias de um

    sistema que privilegia a homogeneizao e nivelamento da aprendizagem. Sendo assim, o

    processo de integrao tem por objetivo inserir um aluno ou um grupo de alunos, que foi

    anteriormente excludo.

    Ressalta-se que o sistema de integrao na escola denota situaes de seleo e

    discriminao, pois nem todos os alunos com necessidades especiais cabem nas turmas de

    ensino regular. H, na realidade, resistncias por parte de algumas escolas na aceitao a

    permanncia desses indivduos que possuam caractersticas marcantes, sejam elas fsicas ou

    mentais. E a situao mais constrangedora, ainda, quando a escola nem se quer avalia as reais

    condies do aluno de participar das atividades cotidianas do espao educativo.

  • 35

    Ao considerar tal situao, O Colgio no mudada nada, pois, (no depende nica

    e exclusivamente da vontade dos gestores e funcionrios) no avalia suas estruturas, no mexe

    no sistema que j encontram enraizadas em idias inflexveis e rigidamente registradas num

    modelo cultural que parece se apresentar resistente a mudanas. Em situaes onde a

    integrao escolar o nico caminho que a escola adota, concebe-se uma proposta de trabalho

    mais voltado a compensao das dificuldades de aprendizagem, os currculos so adaptados e

    as avaliaes so especiais limitando a capacidade de transgresso dos limites individuais, ou

    seja, predominante terminar a quantidade de conhecimentos que o aluno consegue aprender .

    Deve ser por esse motivo que o sistema de ensino no qual se acredita na capacidade do ser

    humano de ser mais e de aprender sempre fica clara a situao de excluso conforme Montoan,

    (2003, p. 23) insiste em dizer que:

    A integrao escolar pode ser entendida como o especial na educao, ou seja, a justaposio do ensino especial ao regular, ocasionando um inchao,

    desta modalidade, pelo deslocamento de profissionais, recursos, mtodos e

    tcnicas da educao especial s escolas regulares.

    Fica claro nas palavras da autora que o objetivo da integrao escolar se limita a

    insero o aluno na escola regular sem mudanas e abolio dos servios segregados da

    educao especial. Alm disso, essa modalidade exige que o aluno quem precisa se adequar

    s exigncias do sistema que j encontra alojado. No caso da incluso escolar, as diferenas

    so encaradas como uma poltica de organizao que tem como base os princpios da

    igualdade. Sendo desta maneira, o favorecimento ao direito a ter direitos iguais ficam apenas

    nos versos do to recitado poema dos Direitos Humanos e da Constituio Federal presente no

    seu at. 5 que declama que todos so iguais perante a lei, sem qualquer distino de cor, raa

    ou credo religioso, ou mesmo para aqueles que no so naturalmente brasileiros. claro a

    linha objetiva desse artigo qualquer cidado.

    Caberia ento a todas as escolas a obrigao de investir na organizao de seu

    sistema de ensino pautado na idia de incluso, porm, muitos so os entraves que vo alm do

    desejo de mudana. Montoan (2003) contribui sugerindo que para as escolas do pas,

    atualmente a discusso sobre os conceitos reais da incluso educacional seja o caminho para se

    conseguir alternativas de melhoria da qualidade do ensino e favorece um novo olhar sobre a

    questo da valorizao das diferenas individuais no espao da sala de aula e na escola.

    Enfatiza ainda que a escola precise partir de um projeto que venha valorizar a cultura, a

    histria e as experincias anteriores dos alunos. E estes por sua vez, precisam ser livres para

  • 36

    que sua aprendizagem ocorra de forma coerente com suas condies emocionais, fsicas,

    psicolgicas, e outras.

    O processo educativo de incluso exige grandes mudanas de conceitos

    educacionais deixando de ser subdivido: ensino especial e ensino regular, uma vez que

    direito de todos educao sem discriminao. A sociedade precisa abrir suas portas em

    qualquer tempo e em qualquer hora, em qualquer espao, o que vale o cumprimento da lei.

    No instante em que foram instauradas a educao inclusiva no meio educativo claro que

    surgiro dificuldades enormes, pois, toda mudana ela vem recheada de problemas de

    adaptaes que provocam insegurana, insatisfao, medo e averso ao processo. Alm disso,

    essa ova viso inclusiva de trabalho diferenciado interfere na rotina das prticas e dos

    programas que at ento seriam indiscutveis e das classes especiais nas escolas que passaro a

    no existir com certeza.

    Certamente, assim que se todas as turmas da escola inclusiva se constituir em

    espaos da diversidade, ento, se poder dizer que o pas realmente realiza a incluso

    educacional. Outra verdade que a educao inclusiva mexer com conceitos e culturas

    enraizadas que tero que incluir projetos direcionados igualdade entre todos.

    Conclui-se ento que preciso reconhecer que a igualdade um direito de todos e

    que a incluso dever da escola e que os profissionais que atuam no espao educativo

    reconheam que as diferenas existem e que elas devem ser includas dentro da escola para

    favorecer a riqueza da multiplicidade cultural e dos princpios ticos da valorizao humana.

    2.1 Caracterizao da Escola Campo Dona Eva.

    O Colgio Dona Eva procura se basear nas orientaes dos Parmetros Curriculares

    Nacionais (PCNs) no sentido de estar formando cidados crticos, participantes e integrados na

    sociedade. Realiza para isso, trabalhos que promovam discusses relativas cidadania,

    dignidade, discriminao e igualdade de direitos, diversidades, e incluso social. E para isso o

    professor deve mediar meio para a aprendizagem dos contedos, promovendo uma

    participao entre o professor e o aluno.

    Ministra contedos que so pautados em objetivos interdisciplinares para que os

    docentes desenvolvam habilidades e senso crtico, valorizando outras culturas. Sendo assim, a

    Escola Dona Eva trabalha dos temas aplicando-os de acordo com o livro didtico. Muitas

    vezes esses temas no so interessantes porque esto longe da realidade dos alunos e no

  • 37

    aplicado atravs da interdisciplinaridade, se tornando assunto isolado e sem importncia para a

    vida dos alunos. O que faz com que sintam desmotivados com a aprendizagem.

    A avaliao, segundo os Parmetros Curriculares, tem que ser continua e

    sistemtica, oferecendo uma interpretao mais qualificada do que quantitativa do

    conhecimento atingido pelos alunos. E que avalie no somente o desenvolvimento do aluno,

    mas tambm o do professor. O que possibilitar ao professor um retorno sobre como melhor o

    ensino-aprendizagem, possibilitando correes em seu percurso e retorno sobre seu prprio

    desenvolvimento.

    No Colgio Estadual Dona Eva a avaliao diversificada e contnua tanto na

    habilidade especfica quanto a oral. O ensino tradicional e construtibista ao mesmo tempo,

    pois h profissionais que aderem ao tradicionalismo da educao e outros atualizados e

    inovadores.

    O Colgio recebe alunos inclusos onde as questes sobre a incluso precisam

    melhor ser revistas, pois, apesar dos esforos em atender a necessidade desses alunos(a maioria

    com deficincia auditiva) falta recursos humanos preparados para atender os padres

    necessrios de uma escola que inclua em seu quadro discente, pessoas com necessidades de

    aprendizagem especiais.

    Objetivando atender com o mnimo de preparao, os profissionais da incluso

    procuram realizar atividades extras, convidando os prprios inclusos para ministrarem cursos

    com os demais ditos normais, a referncia a Lngua Brasileira de Sinais LIBRAS. Os

    alunos inclusos ministram cursos no s para os colegas como tambm se dedicam a ensinar a

    sua linguagem (LIBRAS) para a comunidade em geral.Todos os alunos realizam atividades

    que incluam os alunos com necessidades especiais como por exemplo, apresentaes de

    msicas em Libras nas festividades do Colgio (Figura 1).

  • 38

    FIGURA 1 Momento de apresentao de uma msica em Libras Fonte: Campos (2009)

    Promove exposies artsticas confeccionadas pelos prprios alunos com

    explicaes na lngua Brasileira de sinais como a Semana da Alimentao (figura 2).

    FIGURA 2 Uma aula Sobre os alimentos ministra em Libras

    FONTE: Campos (2009)

    Completando a integrao, acontecem oficinas de libras abertas para alunos, pais,

    professores e toda a comunidade ministrada por alunos surdos (Figuras 3 e 4).

  • 39

    FIGURA 3 Aula de Libras para professores, ministrada pelos alunos Surdo

    FONTE : Campos (2009)

    FIGURA 4 Aula da pelos surdos aos pais e professores de Libras

    FONTES:Campos (2009)

    Nota-se que h muita determinao em tornar os recursos existentes em

    instrumentos que de fato torne a Escola Dona Eva uma referncia em incluso, pena , que no

    depende s do esforo daq2ueles que esto inseridos em suas atividades.Portanto, os 24 alunos

    inclusos, contam com o empenho do corpo Docente e Discente (lembrando que essa no a

    realidade de outras escolas, pois, o descaso ainda considerado uma barreira enorme a ser

  • 40

    vencida) cujo objetivo maior colher resultados positivos na formao desses cidados

    tornando-os mais reflexivos, participantes e integrado de fato ao seu meio. tambm,

    valorizando sempre, as diferenas.

    2.2 A Valorizao das Diferenas na Escola Campo Fator de Incluso: Teoria e Prtica

    A questo das diferenas individuais muito complexa. Porque ao mesmo tempo

    em que se fala em diferenas, fala-se tambm das semelhanas. O contexto discursivo

    ultrapassa as caractersticas fsicas ou opes pessoais por determinadas preferncias por

    coisas o objetos. As diferenas individuais so mais profundas e se referem essncia da

    pessoa, pois, fundamental importncia que seja exposta no sentido de serem valorizadas

    pela escola. preciso reconhecer que cada ser humano possui suas especificidades e

    habilidades naturais. So seres humanos diferentes por natureza pertencem a grupos

    variados, convivem e desenvolvem-se em culturas distintas. So diferentes por direito.

    Infelizmente, existem culturas que insistem em diferenciar pessoas por condies

    intelectuais, sociais, fsicas, e outras. preciso pensar que tratar pessoas diferentemente,

    enfatizando suas diferenas de maneira a inferioriz-las, criar estigmas, excluir. Montoan

    (2004/2005) apud Silva (2000, p. 13) ensina que:

    Conviver reconhecendo e valorizando as diferenas uma experincia

    essencial nossa existncia, desde que definamos a natureza dessa relao,

    distinguindo o estar com o outro do estar junto ao outro. Estar junto ao

    outro tem a ver com o que o outro um ser que no como eu sou que no sou eu. Essa relao estabelece uma identidade imposta, forjada e

    rotulada pelo outro. Estar com o outro, tem a ver com quem esse outro,

    esse desconhecido, em enigma que tenho de decifra e que vai sendo

    desvelado media que se constri entre ns um vnculo pelo qual nos

    confrontamos, nos identificamos e nos constitumos como seres singulares

    e mutantes.

    Entende-se que a escola uma instituio formadora de idias e como tal no

    poder colocar barreiras as diferenas no seu meio. Deve acima de tudo extinguir a tentativa

    de assegurar homogeneidade das turmas escolares e acolher a diversidade cultural existente

    nos vrios pensamentos e vivncias pessoais num mesmo espao.

    Muitos questionamentos so feitos no sentido de investigar se as escolas

    deveriam estar equipadas para atender a qualquer tipo de criana com necessidade especial

    ou seria melhor se alguns casos patolgicos fossem atendidos somente em educao especial.

    Stainback (2004/2005) respondeu a um desses questionamentos Revista Ptio dizendo que:

  • 41

    Se quisermos que cada pessoa seja um membro respeitado em qualquer

    lugar, no se pode separar algumas crianas de seus pares durante a

    trajetria de vida escolar. No h justificativa para a segregao nas escolas

    e nem na sociedade. Todos os indivduos tm direito de ser parte integrante

    de qualquer espao na sociedade. No acredito que apenas algumas pessoas

    tm direito de ser parte de todo o grupo, enquanto outras precisam provar o

    seu valor porque so consideradas diferentes.. Quando as crianas no

    aprendem juntas e no se compreendem mutuamente, enraza-se o

    fenmeno do ns e eles. preciso acreditar que toda criana tem algo a oferecer, e seus talentos no sero aproveitados pelos pares se segregamos

    aquelas percebidas por ns como eles.

    A resposta do entrevistado ilustra uma das maiores dificuldades que precisam ser

    repensadas e discutidas nas escolas. A construo de novos paradigmas de incluso deve

    partir da idia da valorizao das diferenas e do direito a igualdade. Atualmente, no

    possvel negar a poltica e a organizao das diferenas. A sociedade vive numa poca em

    que se assiste de maneira muito rpida o abalo das dvidas e incertezas.

    Para Morin (2002) a compreenso humana chega s pessoas quando se sente e se

    concebe os humanos como sujeitos. Ela torna as pessoas abertas ao sofrimento e a alegria. E

    a partir da compreenso humana que se pode lutar contra o dio e a excluso. Continuando

    com o mesmo raciocnio do mesmo autor, possvel notar que as maiores dificuldades da

    escola em trabalhar com a incluso ocorre por falta de sabedoria de como lidar com a

    diversidade humana. Enfrentar essas dificuldades exige um trabalho de pedagogia criativa

    que dialogue com a incerteza humana, que prepare as pessoas para situaes inesperadas,

    que conscientizar as pessoas de que sua prpria vida uma aventura da humanidade.

    Segundo Morin (2002), a compreenso humana chega s pessoas quando se sente

    e se concebe os humanos como sujeitos. Ela torna as pessoas abertas ao sofrimento e a

    alegria. E a partir da compreenso humana que se pode lutar contra os males causados pelo

    dio e pela excluso. E preciso olhar para esta reflexo comparando com o que foi

    observado, pois se percebe que as maiores dificuldades da escola em trabalhar com a

    incluso ocorre por falta de sabedoria de como lidar com a diversidade. Enfrentar essa essas

    dificuldades exige o trabalho de uma pedagogia criativa que dialogue com a incerteza

    humana, que prepare as pessoas para situaes inesperadas, que conscientize as pessoas de

    que sua prpria vida uma aventura humana e da humanidade. A diversidade humana

    apresenta-se assim, como algo vivo e que jamais deixar o homem. um caminho sem volta.

    Querendo ou no, todos ns fazemos parte dessa diversidade. Ento, preciso lutar para

    adquirir respeito e o direito de ser diferente. Baseados nesta reflexo puderam averiguar que

    Ferreira e Guimares (2003, p. 41), registraram a seguinte idia:

  • 42

    A sociedade est se tornando mais complexa a cada dia: a diversidade

    aumenta de forma acelerada. Com isso, imperceptivelmente, muda tambm

    a forma de compreender o mundo e os prprios semelhantes. este o

    novo paradigma que est nascendo: viver a igualdade na diferena, integrar na diversidade eis o apelo dos lderes dos movimentos em conflito. O diferente fica cada vez mais comum.

    Essa reflexo justifica o questionamento feito ao grupo gestor da escola Dona

    Eva, quando indagados sobre qual o papel da escola a desempenhar para valorizao de

    todas as pessoas que ocupam um espao no seu interior? \mencionou muito sabiamente que

    a escola hoje tem que assumir uma funo diferente das quais assumiu no passado.

    Atualmente a demanda social, poltica e humana exige um novo modelo de educao em

    Diorama. A escola na atualidade tem uma funo mais complexa. O seu processo de

    formao bem como de todas as outras escolas do pas, deve estar pautado no despertar da

    reflexo crtica e sistemtica sobre a natureza humana, na importncia das diferenas

    individuais, na valorizao da capacidade criadora de cada ser humano, na conscincia da

    imperfeio e da necessidade de ser mais a cada dia.

    No possvel deixar de considerar que a caminhada longa e difcil para as

    escolas brasileiras incorporarem na sua estrutura organizacional todos estes requisitos

    mencionados. Mas no se pode negar, tambm, qe h tentativas de avanos no

    aprofundamento de valores e atitudes compatveis com os ideais de igualdade, diferenas,

    diversidades e deficincias. Na viso de Ferreira e Guimares (2003), preciso repensar o

    significado da prtica pedaggica na escola regular, para poder assim evitar os erros do

    passado, quando os alunos com deficincia eram deixados margem do desprezo, da

    ignorncia e da civilidade. Cabe ento escola se tornar uma ambiente de ensino e

    aprendizagem de qualidade, garantindo aos alunos, sem distino, o apoio e incentivo para

    que sejam sujeitos ativos nesse novo tipo de sociedade.

    Portanto, urgente repensar sobre essa questo das diferenas individuais e

    construir novos horizontes de convivncia humana. No se pode negar que a diversidade

    possui sua devida importncia. Nela pode-se encontrar algo positivo que nos tornam sempre

    melhores como seres humanos.

  • 43

    3. A ORGANIZAO DOCENTE NA EDUCAO INCLUSIVA TEORIAS E

    PRTICAS OBSERVADAS.

    No difcil perceber que alguns professores reagem com espanto quando se

    discute questes relacionadas incluso na escola regular. Cabe tambm a quem tem um

    pouco de convivncia com alguns deles mais antigos e que atualmente lidam com a incluso,

    reconhecer que expressiva a parcela de professores que foram formados a partir de um

    processo de educao tradicional onde priorizavam a memorizao de contedos prontos e

    acabados que ao serem ensinados pelo professor da poca tornava-se uma verdade nica e

    indiscutvel. S aps comparar as idias que se houve falar possvel que perceber que nesse

    modelo de educao havia uma enorme padronizao do saber e todos aqueles que no se

    enquadravam ao nvel mnimo exigido pela escola, eram, totalmente, excludos dela, sem

    justificativa que pudessem ser no mnimo debatidas.

    Certamente, um professor que fora formado nestes moldes educativos e no tenha

    uma formao continuada na profisso docente, poder tem maiores dificuldades de lidar

    com as diferenas individuais (conforme o observado na Escola Campo) no seu espao

    pedaggico de atuao.

    Admite-se pensar assim, o fato de carregar na sua bagagem cultural um retrato

    padronizado de ensino incompatvel com as necessidades de um horizonte de educao

    inclusiva diferente do que se v atualmente. Trazendo esta questo realidade da Escola

    Dona Eva, foi possvel notar que os professores formados com este modelo de educao, ou

    seja, com experincias pedaggicas tradicionais o fato dos mesmos encontrar dificuldades

    de desgarrar dessa referncia de padres pr-estabelecidos, rgidos e considerados imutveis.

    Desencadear uma transferncia de posturas, aprendizados e crenas para a suas

    prticas docentes. Isso demonstra que num espao de educao inclusiva deve favorecer uma

    parcela de repetio dos moldes tradicionais de educao. Esta constatao foi relatada pelos

    prprios entrevistados. Remetendo a teoria de Montoan (2003), o argumento apresentado

    pelos professores quando indagados sobre o que vem diante da possibilidade de

    envolvimento com um grupo mais heterogneo de alunos dizer que no esto preparados

    ou no tm sido preparados para desenvolver a incluso de alunos que no se enquadram no

    padro da dita normalidade. Alguns professores reagiram, inicialmente, a metodologia de ter

    que oferecerem a todos as mesmas oportunidades nas mais variadas estratgias pedaggicas

    de trabalho.

  • 44

    Na verdade, mesmo que esses professores utilizem da mesma metodologia para

    ensinar todos os alunos, os resultados sero diferentes. Mas, h muita expectativa entre

    professores de que todos os alunos aprendam os contedos num mesmo tempo e espao.

    Isso revela a necessidade de conhecimento por parte dos professores em anlise

    de como se processa a construo do conhecimento. E, quando esses se orientarem no senso

    comum para desenvolver sua prtica de educao no haver compreenso cientfica de

    como desenvolver de forma eficaz uma educao inclusiva na realidade. Por isso, ao

    transportar essa idia para a teoria de Montoan (2003), e segundo suas sugestes, a realidade

    indica que para que a educao inclusiva funcione de verdade, preciso formar grupos de

    estudos e discusses sobre os problemas educacionais nas escolas. Mas, at isso, no flui

    muito bem, pois alguns professores que participam dessas reunies na Escola Campo,

    consideram apenas falatrios e nada mudam. Essas reunies devem ter como ponto de

    partida as necessidades e os interesses comuns de alguns professores, como tambm, a

    discusso de estratgias de t5rabalho na sala de aula e a troca de experincias que deram

    certo. So contraditrias algumas posturas observadas, pois, ao mesmo tempo em que flui a

    incluso na escola, as falas dos profissionais demonstram o diferente.

    No se pode negar que a implementao de um processo voltado a incluso

    certamente exige muita pacincia, estudo, cooperao, solidariedade, conhecimento do

    funcionamento da incluso e um dose elevadssima de coragem e entusiasmo para enfrentar

    as incertezas, dvidas e novidades que vo surgir no cotidiano do cenrio educativo. E para

    no tomar rumos contrrios a rota da educao inclusiva, os profissionais envolvidos vo

    precisar de se libertar dos tradicionais e superficiais pensamentos de integrao e incluso

    parcial na escola de ensino regular. Mitler (2003, p. 135) oferece uma contribuio quando

    assinala que na escola nunca deve deixar de haver questionamentos e diz mais:

    [...] pensar a educao numa lgica burocrtica e corporativa

    de mera adio confrontao ou justaposio de papis educacionais pensar a educao numa perspectiva profundamente redutora, social e culturalmente perversa.

    Reforar os mecanismos de interao solitria e os

    procedimentos cooperativos , pois, um imperativo de

    qualquer poltica educacional que pretenda assumir a educao

    como uma responsabilidade social.

    O que se entende das palavras desse autor que a interao uma atividade que

    precisa ser realizada como uma das mais imprescindveis de todas as atividades dentro dos

    ambientes escolares que presa circulao de informaes, a cultura da cooperao, o

  • 45

    crescimento da formao voltado para a construo de novos conhecimentos, bem como a

    aprendizagem do aprender sempre.

    Entende-se que a educao para a incluso exige que os espaos das salas de aula,

    da escola sejam reestruturados para que os alunos possam sentir no so no professor o apoio

    do qual precisa, mas tambm sentir que aquele ambiente est de acordo com suas

    necessidades. Deve propor troca de experincias entre professor-aluno dito normal-incluso e

    vice-versa.Essa educao para incluso deve propiciar as professores algumas reflexes que

    podem favorecer uma nova estratgia pedaggica, a qual o aluno no aprenderia sozinho mas

    aprenderia atravs das diversas experincias de convivncias. O autor Galo in Montoan

    (2003, p. 71) apresenta uma excelente proposta para a educao inclusiva:

    a) o rompimento das fronteiras entre as disciplina curriculares;

    b) a formao das fronteiras entre as disciplinas curriculares;

    c) a integrao de saberes, decorrente da transversalidade curricular e que

    se contrape aos consumos passivos de informaes e de conhecimentos

    sem sentido;

    d) poli compreenses da realidade;

    e) A descoberta e a inventividade e a autonomia do sujeito, na conquista do

    conhecimento;

    f) ambientes polissmicos, favorecidos por temas de estudos que partem da

    realidade, as identidades socioculturais dos alunos, contra toda a nfase no

    primado do enunciado desencadeador e no conhecimento pelo

    conhecimento.

    A essas propostas no poder ser esquecido que todos aprendem no s na escola

    e menos ainda s fora dela bem como que os seres humanos aprendem por toda a vida da

    maneira como vivem e convivem entre si. Outro ponto considervel que os processos

    cognitivos e vitais encontram-se e interagem nas etapas do processo evolutivo. Os seres

    humanos s podem dar continuidade ao processo de existncia se estes se tornarem flexveis,

    adaptveis e r estruturavam conforme suas necessidades vo crescendo (MILTLER, 2003,

    P. 152).

    Portanto, uma proposta inclusiva ou de incluso plena e completa atende a

    demanda dos envolvidos contextualizados no processo, inovadora, demonstra atitudes e os

    conhecimentos histricos. Cabem ento, ao professor principalmente, como mediador da sala

    de aula, prover para todos seus alunos uma aprendizagem pautada na maneira individual de

    cada um com suas diferenas. Mas, o professor, se no estiver plenamente envolvido neste

    processo, poder desmotivar a todos.

    Mantoan (2003) chama a ateno para o fato de que algumas prticas pedaggicas

    consideradas muito corretas, pois mirabolantemente conseguem ensinar a todos de igual

  • 46

    maneira tem contribudo para o processo de discriminao, pois, so desenvolvidas a partir

    da tica de que cada indivduo possui uma maneira individual de aprendizagem.

    Trazendo os ensinamentos acima para a realidade observada, foi possvel

    constatar que nos trabalhos coletivos onde se renem atividades individuais realizados ao

    mesmo tempo pela turma e que seus contedos so passados unicamente a partir dos

    contedos programados dos anos escolares. O livro didtico usado como nica ferramenta

    exclusiva de orientao porque no tem nada voltado para a incluso. O professor quem

    precisa se virar para conseguir adaptaes. A prova final continua sendo o nico instrumento

    para diagnosticar o desempenho escolar do aluno.

    Outra coisa observada na realidade Dona Eva, as aes inclusivas no contribuem

    para o pleno desenvolvimento da incluso. O que h um esforo dos prprios alunos em

    aprenderem em desenvolverem. Esse exemplo observado na aluna K M.S, que surda mas

    que dedica-se ao mximo em aprender, curiosa tem vontade de aprender sobre tudo como

    os outros, de terminar seu estudos sendo uma profissional na rea da incluso. um exemplo

    claro que os esforos dela e da famlia superam a falta de melhor preparo da escola para lidar

    com esse tipo de incluso educacional.

    Voltando a questo dos modelos de incluso atual, esses modelos utilizados pelas

    escolas retratam implicitamente a excluso escolar que de alguma forma atinge queles que

    apresentam uma maior dificuldade de aprender ou deficincia especfica ou necessita de

    maior tempo para aprender. Em muitas escolas os alunos reagem contrrios ao ensino

    seletivo, tornando-se indisciplinados, passividade, revolta, evaso e frustraes que podero

    ser carregadas pelo resto da vida.

    Trazendo essas idias para realidade foi possvel perceber que com prticas

    pedaggicas inflexveis, seletivas, preconceituosas e discriminatrias, a excluso vai se

    alastrar e se perpetuar no mbito da escola regular. Creio que tambm preciso que os

    profissionais envolvidos sejam dita ou indiretamente com a educao para a incluso devem

    trabalhar no sentido de inovar e tentar criar novos recurso e implantaes do modelo de

    educao completamente inclusa. E tambm, na perspectiva otimista da incluso educacional

    de qualidade.

  • 47

    3.1 O Processo de Incluso no Colgio Dona Eva: O Discurso e a Prtica Docente.

    A prioridade desta pesquisa no denegrir a imagem de pessoas, mas o de

    compartilhar as observaes feitas durante a execuo da mesma. A experincia consistiu em

    pesquisar sobre a incluso realizada na da rede regular de ensino, Escola Dona Eva, no

    Municpio de Diorama, onde h alunos com necessidades de aprendizagem especial. Sendo

    assim, a pesquisa foi realizada durante o ano de 2008/2009 e teve por objetivo analisar o

    desenvolvimento do processo de incluso realizado a partir da permanncia dessas crianas

    nesse ambiente educacional.

    Vale mencionar que este relato tem carter contribuir para um novo pensar sobre

    a educao inclusiva e mostrar que no basta incluir alunos com necessidades educacionais

    especiais, sem acreditar na possibilidade de aprender todos os dias com as experincias

    dirias, sem buscar novos horizontes e estratgias de trabalho e, sem contudo, buscar

    conhecimentos que serviro de orientador na lida com as diversidades que esse processo

    demanda nas escolas do pas.

    Todos os relatos e teorias apresentadas aqui fazem parte da rotina de trabalho de

    muitos profissionais que esto ligados a incluso desenvolvidos por vrias escolas

    espalhadas no pas. Tais educadores ou estudiosos contriburam com pesquisas e relatos de

    concepes, de prticas ideais e crenas sobre como se deve trabalhar com a incluso no

    contexto das atividades ligadas a esse processo.

    Remetendo essas perspectivas e teorias, os profissionais que fazem parte da

    Escola Dona Eva que esto ligados no processo de incluso e que apesar de no ser uma

    referncia na regio foram realizadas entrevistas com a diretora, aos coordenadores

    pedaggicos, recurso e as professoras da sala de aula onde estudam os alunos includos.

    A primeira inteno foi conhecer alguns elementos importantes relacionados a

    esse processo inclusivo, e refletir a fala/ao e crenas e se h resistncia desses profissionais

    que participam diretamente do desenvolvimento desse processo de incluso na Escola Dona

    Eva. A primeira a ser entrevistada, a diretora da escola, V.M. A escolha por ser a primeira se

    deu pelo fato da mesma ser a responsvel direta pela deciso de matricular ou no os alunos

    que ingressam na escola. E assim, pode tambm contribuir e muito para as inovaes, como,

    aqui, no caso, a incluso, que trazem novos horizontes na educao do Brasil.

    Ao ser questionado sobre o desenvolvimento do processo de incluso que

    acontece na escola Dona Eva, e se a mesma cr na possibilidade desse processo dar certo na

    escola regular, a diretora afirmou dizendo que:

  • 48

    Claro, pode sim... dar muito certo. Se no acontecer a incluso o professor

    ou o profissinal da educao no chegar ao objetivo que a educao

    prope. Que a incluso abre espao para o prprio profissional que gosta e

    leva a srio sua profisso.Porque se ns realizamos algo com uma criana

    que precisa de maior ateno e carinho teremos condies de perceber que

    precisamos nos preparar para isso.Se preparando melhor, a incluso pode

    dar certo sim. por isso que temos que continuar de forma objetiva.

    Com esse depoimento possvel verificar que a escola tem a inteno de oferecer

    mais ateno e carinho para esses alunos, mas se esbarram na falta de preparo para lidar com

    esse tipo de problema. Pois, acreditar na capacidade de desenvolvimento desses alunos

    precisa ter alm de habilidade amor ao prximo para se dedicar plenamente. Porm, no h

    uma formula nas universidades para se preparar profissionais para a incluso.. Ela acontece

    no dia a dia da prtica. No seu depoimento a Diretora ressalta que atravs da incluso os

    objetivos sero atingidos, mas no d uma definio desses objetivos os que levam a reflexo

    de que sua fala revela indefinio do que seja a incluso. Pois falou mais do profissional da

    educao, como profissional treinado mecanicamente para isso ou mesmo como um dom que

    ele teria que nascer com ele.

    Em outro momento, a questo foi direcionada a Coordenadora Pedaggica M.S.C.

    que atendeu prontamente a solicitao. Ao ser questionado se acreditava na incluso e qual a

    sua concepo sobre o processo, respondeu da seguinte maneira:

    Creio. Os alunos portadores de necessidades especiais precisam conviver

    com crianas normais, porque essas convivncias no meio traro

    experincias e oportunidades de socializao e momentos diversificados de

    aprendizagem tambm.

    Nota-se certa segurana quanto importncia do convvio dos alunos inclusos.

    Mas, no quis responder a entrevista oralmente. Por que algum uma pessoa que participa de

    um processo de incluso escolar, se envolve nas atividades dirias e resiste discutir essa

    realidade vivida por ela mesma cotidianamente? Concluo ento que h muita dificuldade

    para trabalhar com o processo de incluso. Muitos profissionais sentem essa insegurana em

    quase todas as escolas inclusivas. Tm dificuldades nas discusses que geralmente so

    polmicas. Com relao a isso, Stainback e Karagiannis (1999), afirma que:

    [...] existem muitas tentativas para se resistir ao ensino inclusivo e que

    talvez o indicador mais relevante da resistncia incluso esteja contido

    nas estatsticas referentes aos alunos com deficincia. Pois, o fato de

    receber alunos com deficincia tende a gerar maior insegurana, ao passo

    que professores e coordenadores pedaggicos das ltimas dcadas quase

    no tiveram a chance de uma formao que abordasse metodologias

    inovadoras quanto ao modelo de educao inclusiva.

  • 49

    O importante que seja reconhecido que no h uma formao especfica que

    ensine a maneira correta de lidar com a incluso, o que existe um exerccio dirio que se

    pratica dia-a-dia na escola e que aos poucos vai transformando metodologias, vo se

    adequando conceitos e fundamentos baseados na prpria experincia dos professores.

    Para seqncia de nossa pesquisa, foi solicitada a professora que lida com a

    incluso na Escola Dona Eva objetivando continuar a tarefa de conhecer a crenas desses

    profissionais e suas prticas. Nesta ocasio a professora ao ser questionada se a mesma

    acreditava na incluso e por que, a professora afirmou:

    Apesar da falta de apoio e de estruturas para receber os alunos inclusos e

    dar continuidade ao processo de ensino-aprendizagem com os alunos que j

    freqentam nossa escola, acredito plenamente na efetivao da incluso

    aqui. Gosto muito de lidar nessa rea. Amo meus alunos inclusos e procuro

    fazer o possvel e o impossvel para que eles possam ter liberdade e se

    sentirem como os ditos normais. Pena que no possa fazer mais por no

    haver maiores investimentos aqui na Escola. Sei que Diorama uma cidade

    pequena e longe dos holofotes, mas uma semente que germina para a

    incluso, espero que algo mude. SE depender de mim, a Incluso na Escola,

    em Diorama ser uma realidade mesmo rsrsrs.

    Esse tipo de depoimento conduz a reflexo de que existem possibilidades sim da

    incluso sair dos textos mirabolantes e ser realidade. Porm no todos que pensam assim.

    A contradio provada quando outra professora cujo nome no quis identificar. Ao ser

    indagada com a mesma questo que foi direcionada a professora anterior, foi categrica ao

    responder:

    Acredito que a incluso social, no a incluso pedaggica no momento, est

    em processo de experincias e algumas se tm mostrado ineficientes.

    Muitas pessoas tm dvidas, tm medo, por no terem apoio. A lei no

    cumprida como precisa. E o professor tem que esconder seus medos e

    receios e muitos so empurrados goela a baixo, pois, no querem lidar com

    isso e so obrigadas.

    Esse depoimento fica visvel que a impossibilidade de haver incluso pedaggica

    distante para essa educadora. A este respeito como se pode ver na fala da professora a

    credibilidade na incluso social e na incluso pedaggica no se confirma. Percebe-se que o

    fato de trabalhar com a incluso como obrigao clara as evidncias de que a referida

    entrevistada no se sente parte dela. As contradies entre a fala da primeira professora e a

    ltima so muito grandes.

    Portanto a situao real da Escola Dona Eva retrata que os discursos de seus

    profissionais precisam aperfeioar os conhecimentos reais sobre os conceitos e necessidades

  • 50

    da incluso, suas crenas em torno do saber terico e prticos se distanciam e muito do

    propsito da incluso.

    O que se ouviu dos profissionais da escola trilham no eixo dos saberes da

    incluso que aos poucos revelam algumas idias frgeis do ponto de vista do conhecimento

    de uma verdadeira inclusiva, conforme menciona Morin (2002, p. 99): [...] H uma

    resistncia obtusa, inclusive entre os espritos refinados. Para eles, o desafio invisvel. A

    cada tentativa de reforma, mnima que seja a resistncia aumenta. Fala-se ento, que a

    incluso no se efetiva devido aos boicotes a ela direcionados, e isso, ocorre devido falta de

    informao, de conhecimento.

    Sendo assim, conclui-se este item com o registro de que os professores devem

    ficar atentos s suas atitudes, desde a fala a ao, pois a reflexo desses dois aspectos

    direcionada pelo espao scio-poltico e cultural e garantido pelos direitos humanos para a

    demanda de educadores que conhea as estruturas de um ensino para todos.

  • 51

    5.CONSIDERAES FINAIS

    No difcil perceber que alguns professores reagem com espanto quando se

    discute questes relacionadas incluso na escola regular. Cabe tambm a quem tem um

    pouco de convivncia com alguns deles mais antigos e que atualmente lidam com a incluso,

    reconhecer que expressiva a parcela de professores que foram formados a partir de um

    processo de educao tradicional onde priorizavam a memorizao de contedos prontos e

    acabados que ao serem ensinados pelo professor da poca tornava-se uma verdade nica e

    indiscutvel. S aps comparar as idias que se houve falar possvel que perceber que nesse

    modelo de educao havia uma enorme padronizao do saber e todos aqueles que no se

    enquadravam ao nvel mnimo exigido pela escola, eram, totalmente, excludos dela, sem

    justificativa que pudessem ser no mnimo debatidas.

    Certamente, um professor que fora formado nestes moldes educativos e no tenha

    uma formao continuada na profisso docente, poder ter maiores dificuldades de lidar com

    as diferenas individuais (conforme o observado na Escola Campo) no seu espao

    pedaggico de atuao. Admite-se pensar assim, o fato de carregar na sua bagagem cultural

    um retrato padronizado de ensino incompatvel com as necessidades de um horizonte de

    educao inclusiva diferente do que se v atualmente. Trazendo esta questo realidade da

    Escola Dona Eva, foi possvel notar que os professores formados com este modelo de

    educao, ou seja, com experincias pedaggicas tradicionais o fato dos mesmos encontrar

    dificuldades de desgarrar dessa referncia de padres pr-estabelecidos, rgidos e

    considerados imutveis.

    Adimite-se desencadear uma transferncia de posturas, aprendizados e crenas

    para a suas prticas docentes. Isso demonstra que num espao de educao inclusiva deve

    favorecer uma parcela de repetio dos moldes tradicionais de educao.

    Esta constatao foi relatada pelos prprios entrevistados. Remetendo a teoria de

    Montoan (2003), o argumento apresentado pelos professores quando indagados sobre o que

    vem diante da possibilidade de envolvimento com um grupo mais heterogneo de alunos

    dizer que no esto preparados ou no tm sido preparados para desenvolver a incluso de

    alunos que no se enquadram no padro da dita normalidade. Alguns professores reagiram,

    inicialmente, a metodologia de ter que oferecer a toda a mesma oportunidade nas mais

    variadas estratgias pedaggicas de trabalho.

  • 52

    A dimenso e complexidade que envolve a busca desses caminhos assustam e

    causam incerteza que iro rondar o dia a dia do professor durante seu trabalho. Vasconcelos

    (2003) destaca que para haver uma educao para a diversidade as escolas do pas precisam

    transformar-se tendo como influncia as condies de vida e de trabalho dos profissionais,

    das condies de vida dos alunos inclusos. De um lado, o professor pondera seu gosto pelo

    magistrio, alguns nem sempre gostam do que fazem. Outro ponto atentar para o tipo de

    formao que os educadores esto tendo, cobra-se muito, mas oferece pouco.

    A partir dessas perspectivas, o trabalho docente deve incorporar aspectos

    relacionados as adversidades, as diferenas.Muda-se as estratgias, as normas, a forma como

    a escola trabalha seu contedos, pois at para os ditos normais h excluso dentro da prpria

    escola.Educar para diversidade buscar conhecimento cientfico,mas principalmente

    relativos a metodologias de participao, projetos, observao e diagnstico dos processos,

    das estratgias contextualizadas, da comunicao, tomada de decises, anlise de interveno

    humana, pelo menos isto que consta nos projetos pedaggicos da Escola dona Eva.

    No foi fcil chegar at aqui isso porque para construir o desfecho deste estudo

    requer tarefas complexas, pois quando se termina uma reflexo as coisas parecem crescer

    pendendo para a necessidade de realizar outras reflexes. Diante disto, concluo que o tema

    sobre a incluso no vai parar aqui s com minha pesquisa, pois certamente esse processo ir

    continuar mesmo que seja goela abaixo como se referiu a professora. Talvez o goela abaixo

    seja para o nosso prprio bem e se tratando da incluso, certamente os frutos no sero ruins.

    A perspectiva de construir uma escola inclusiva em Diorama que realmente possa ser

    condizente com o propsito da incluso dever ser uma atividade diria e que muitas pessoas

    possam mudar suas concepes lembrando que a vida humana no tem esse ou aquele

    motivo que ampare a excluso dela do seu meio.

    preciso sair do atraso pela falta de informao ou pela falta de amor ao

    prximo. preciso ficar em alerta para a simples insero de alunos com necessidades

    educacionais especiais na escola regular, aqui na Escola Dona Eva. A incluso existe e exige

    que no s Dona Eva, mas todas as escolas se transformem para que possa de fato, participar

    como grupo social que forma para a vida, para a liberdade.

    Considerando as reflexes aqui trabalhadas, surge a necessidade de refletir

    melhor sobre a incluso em todos os estados, em todos os municpios, no pas. Neste sentido

    registro algumas sugestes que podem fortalecer os ideais de uma escola para todos:

    1) Focar na aprendizagem til para o aluno e no para sociedade;

  • 53

    2) Mudar a forma como so organizadas as contrataes dos profissionais que

    iro lidar com a incluso;

    3) Mudanas na metodologia de aplicao dos contedos

    4) Contratao de pessoas que realmente entendam de incluso no mnimo que

    tenham um preparo terico para inserir na prtica.

    Claro que no so sugestes de quem entende da incluso como ningum, mas

    que pelo menos entende sua importncia para aqueles que precisam do nosso apoio enquanto

    seres humanos que so diferentes, mas que muitas vezes se superam diante dos ditos normais

    em iguais, afeto e dedicao independentes das suas limitaes, isto segundo a minha

    viso.

  • 54

    6. REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    FERREIRA, Maria Elisa Caputo e GUIMARES Marly. Educao Inclusiva. Rio de

    Janeiro: DP&A., 2003. 158 p.

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    ___________ Ministrio dqa Educao/Secretaria da Educao Especial. Educao

    Inclusiva: A famlia. MEC, 2004.

    DECLARAO DA GUATEMALA, 2004.

    DECLARAO DE JUNTIEN, 1990.

    DECLARAO DE SALAMANCA, 1994

    .

    GLAT, R. FERNADES, E. M. Da educao segregada educao inclusiva: ima breve

    reflexo dos paradigmas educacionais no contexto da educao especial brasileira. Incluso:

    Revista de Educao Infantil, ano I, n 01, p. 35 39 /out/ 2005.

    MANTOAN, Maria Teresa Eglr. Incluso Escolar. O que ? Por qu? Como fazer? So

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    ___________ A hora da virada. Incluso: Revista de Educao Infantil, ano I, n. 01, p. 24

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    com sndrome de Down? Dissertao de Mestrado. Trs Coraes: Universidade vale do

    Rio Verde, 2005.

    SASSAKI, R. k. Incluso: o paradigma do sculo XXI. Incluso Revista de Educao

    Infantil, ano I, n 01, p. 19 23 Outubro de 2005.

  • 55

    SANCHEZ, Pilar Armaiza. Educao Inclusiva: Um meio de Construir Escolas Para todos

    no Sculo XXI. In Incluso: Revista da Educao Especial Braslia. V.1 N. 1, p. 7 18,

    2005.

    STAINBACK, Susan. Entrevista. Ptio revista pedaggica. Ano VIII, n.32,

    nov.2004/jan.2005.

    STAINBACK, Susan; STAINBACK, Willian. Incluso. Um guia para educadores. Porto

    Alegre: Artmed, 1999.

  • 56

    ANEXO

    QUESTIONRIO PARA A PESQUISA

    A incluso tem levado muitos profissionais da Educao, pais e responsveis a

    refletirem sobre suas prticas como meio para melhor compreenso de sua importncia contra

    o preconceito, a discriminao, a desigualdade, o desrespeito individualidade e a limitaes