COMPORTAMENTO INICIAL DO EUCALIPTO (Eucalyptus grandiscam-m.pdf · Ao Professor Conselheiro...

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CARLOS ALBERTO MORAES PASSOS COMPORTAMENTO INICIAL DO EUCALIPTO (Eucalyptus grandis W. Hill ex. Maiden) EM PLANTIO CONSORCIADO COM FEIJÃO (Phaseolus vulgaris L.), NO VALE DO RIO, DOCE, MINAS GERAIS Tese Apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como Parte das Exigências do Curso de Ciência Florestal, para Obtenção do Titulo de ‘Magister Scientiae”. VIÇOSA MINAS GERAIS - BRASIL MARÇO - 1990 1

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CARLOS ALBERTO MORAES PASSOS

COMPORTAMENTO INICIAL DO EUCALIPTO (Eucalyptus grandis

W. Hill ex. Maiden) EM PLANTIO CONSORCIADO COM FEIJÃO

(Phaseolus vulgaris L.), NO VALE DO RIO, DOCE,

MINAS GERAIS

Tese Apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como Parte das Exigências do Curso de Ciência Florestal, para Obtenção do Titulo de ‘Magister Scientiae”.

VIÇOSA MINAS GERAIS - BRASIL

MARÇO - 1990

1

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Orientador José Mauro Gomes, pela orientação e pela

amizade.

Ao Professor Conselheiro Laércio Couto, pelas oportunidades oferecidas,

pelos esclarecimentos, pelas sugestões, pelo incentivo e pela sincera amizade.

A empresa CENIBRA Florestal S.A., nas pessoas do Engenheiro-

Agrônomo Luiz Roberto Capitani, pela oportunidade; dos Engenheiros Florestais

Clayton Couto e Wilson de Oliveira Campos, pelos dados fornecidos; e dos

Técnicos Agrícolas Ademir e Geraldo, pelo valioso apoio nos trabalhos de

campo.

Aos Engenheiros Florestais Wilson da Silva, Márcio e Sebastião

Gallanti, pelo apoio na implantação, condução e coleta de dados do experimento.

Aos Engenheiros Florestais Luciano Marques Tavares, Francisco Costa

Neto, Fbio Leônidas C. dos Santos e Paulo Sérgio F. Neto e ao Zootecnista João

Carlos de Almeida, pelos trabalhos e discussões sobre os sistemas agroflorestais

e pelo exemplo de trabalho em grupo.

Aos meus familiares, pela paciência e pelo estímulo. A todos aqueles que

não foram aqui citados, mas que contribuíram, efetivamente, para a realização

deste trabalho.

2

BIOGRAFIA

CARLOS ALBERTO MORAES PASSOS, filho de Luiz Roberto Paixão

Passos e Aldyr Henyr Moraes Passos, nasceu na Cidade do Rio de Janeiro,

Estado do Rio de Janeiro, em 31 de julho de 1958.

Em janeiro de 1986, graduou-se em Engenharia Florestal pela

Universidade Federal de Viçosa, em Viçosa, Minas Gerais.

Em março de 1986 iniciou, nessa mesma Universidade, o Curso de

Mestrado em Ciência Florestal.

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CONTEÚDO

Página

EXTRATO....................................................................................................... 6 1. INTRODUÇÃO........................................................................................... 7

1.1. O Problemna e sua Importância............................................................ 7 1.2. Objetivos............................................................................................... 8

2. REVISÃO DE LITERATURA.................................................................... 9 2.1. Sistemas Agroflorestais ........................................................................ 9 2.2. Sistema “Taungya” ............................................................................... 11 2.3. A Importância das Árvores nos Sistemas Silviaqrícolas ...................... 13 2.4. Vantagens e Desvantagens dos Sistemas Silviaqrícolas....................... 14

2.4.1. Vantagens....................................................................................... 15 2.4.1.1. Aspectos Ecológicos ............................................................... 15 2.4.1.2. Aspectos Socioeconômnicos................................................... 15

2.4.2. Desvantagens ................................................................................. 16 2.4.2.1. Aspectos Ecológicos ............................................................... 16 2.4.2.2. Aspectos Socioeconômicos..................................................... 16

2.5. Escolha das Espécies nos Sistemas Silviagrícolas................................ 16 2.6. Espaçamentos nos Sistemas Silviagrícolas........................................... 18

3. MATERIAL E MÉTODOS......................................................................... 19 3.1. Local de Estudo .................................................................................... 19 3.2. Insta1ação do Experimento................................................................... 21 3.3. Coleta de Dados .................................................................................... 23

3.3.1. Eucalipto ........................................................................................ 23 3.3.2. Feijão ............................................................................................. 24

3.4. Aná1ises Químicas dos Solos ............................................................... 25 3.5. Índice de Equivalência de Área – IEA.................................................. 25 3.6. Cálculo dos Custos................................................................................ 25 3.7. Aná1ise Estatística................................................................................ 26

4. RESULTADOS E DISCUSSÂO................................................................. 27 4.1. Eucalipto ............................................................................................... 27

4.1.1. Diâmetro de Copa .......................................................................... 27 4.1.2. Diâmetro Basal .............................................................................. 28 4.1.3. Diâmetro à Altura do Peito ............................................................ 29 4.1.4. Altura ............................................................................................. 30 4.1.5. Sobrevivência................................................................................. 32 4.1.6. Volume Cilíndrico ......................................................................... 33 4.1.7. Produção de Biomassa ................................................................... 34

4.2. Feijão .................................................................................................... 35 4.2.1. Peso de 100 Grãos.......................................................................... 35 4.2.2. Número de Vagens por Planta ....................................................... 37 4.2.3. Número de Grãos por Vagem ........................................................ 37 4.2.4. Número de Grãos por Planta.......................................................... 37 4.2.5. Produção de Grãos por Planta........................................................ 38

4

Página

4.2.6. Produção de Grãos por Área.......................................................... 38 4.3. Índice de Equivalência de Área – IEA.................................................. 38 4.4. Alterações nas Características Químicas dos Solos.............................. 39 4.5. Custos dos Sistemas.............................................................................. 40

4.5.1. Custos da Empresa-Padrão ............................................................ 40 4.5.2. Custos do Produtor Rural............................................................... 41

5. RESUMO E CONCLUSÕES ...................................................................... 42 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................. 45 APÊNDICE ..................................................................................................... 49

5

EXTRATO

PASSOS, Carlos Alberto Moraes, M.S., Universidade Federal de Viçosa, março de 1990. Comportamento inicial do eucalipto (Eucalyptus grandis W. Hill ex. Maiden) em plantio consorciado com feijão (Phaseolus vulgaris L.), no Vale do Rio Doce, Minas Gerais. Professor Orientador: José Mauro Gomes. Professores Conselheiros: Laércio Couto e Antônio Alberto Alessandro de Barros.

O presente trabalho teve por objetivo avaliar o comportamento inicial

do eucalipto (Eucalyptus grandis W. Hill ex Maiden) em plantio consorciado

com diferentes densidades de feijoeiros (Phaseolus vulgaris L.), no Vale do Rio

Doce, Minas Gerais. Montou-se um experimento sob o delineamento estatístico

de blocos ao acaso, com cinco repetições e quatro tratamentos, consorciando o

eucalipto com o feijão e os seus respectivos monocultivos como testemunhas,

num total de seis tratamentos. Plantaram-se os feijoeiros nas entrelinhas da

cultura do eucalipto, com densidades variando de duas até cinco fileiras,

distanciadas 0,50 m entre si, nas quais a distância entre plantas foi de 0, 20 m. O

eucalipto foi plantado no espaçamento de 3,0 x 2,0 m, na segunda quinzena de

novembro, enquanto o feijão foi cultivado somente nas águas”, na primeira

quinzena de dezembro. Os resultados obtidos mostraram a superioridade dos

sistemas consorciados em relação aos monocultivos, tanto do aspecto biológico

quanto do econômico. As culturas do eucalipto e do feijão em consórcio foram

complementares, apresentando índices de equivalência de área superiores a duas

vezes aos dos seus monocultivos.

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1. INTRODUÇÃO

1.1. O Problemna e sua Importância

Com o término do programa dos incentivos fiscais aos reflorestamentos

na Região Sudeste e a obrigatoriedade legal da reposição florestal por parte das

empresas do setor, surgiu a necessidade de essas empresas reduzirem seus custos

de produção e aumentarem a produtividade de suas florestas, buscando

alternativas para elevar a oferta dessas matérias-primas no mercado.

Assim, apareceram diversos programas de fomento florestal, que, em

geral, são desenvolvidos por empresas verticalizadas, contando ou não com apoio

governamental, e realizados junto aos proprietários rurais de dada região que

reflorestam parte de suas propriedades com mudas e, por vezes, com insumos

fornecidos pelas empresas florestais, mediante um contrato firmado entre as

partes interessadas. Esses programas mostraram ser de grande importância social

e econômica (ASSIS et al., 1986). No entanto, existe resistência de alguns

proprietários quanto à adoção em virtude, principalmente, da utilização de suas

terras com culturas de ciclo longo, em detrimento das culturas de ciclo curto e/ou

da pecuária. Na Zona da Mata de Minas Gerais, 60% das terras utilizadas em

reflorestamentos fomentadas possuem declividade menor que 30%, o que

permitiria sua utilização para outras culturas e/ou para a pecuária (ASSIS et al.,

1986).

Uma alternativa para esses proprietárias seria a adoção de sistemas de

produção que integram a produção agrícola e/ou pecuária à florestal, de forma a

produzir, na mesma área, alimentos e matérias-primas florestais. Esses sistemas

de produção vêm sendo adotados por proprietárias rurais, nos programas de

fomento florestal, e por empresas florestais, para diminuir seus custos de

implantação de reflorestamentos.

No Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, existem alguns programas de

fomento florestal desenvolvidos por empresas integradas à siderurgia e à

produção de celulose (MONIZ, 1987), sendo recomendada para essa região a

7

adoção de sistemas consorciados, como forma de reduzir os custos de

implantação florestal (FILGUEIRAS, 1989). No entanto, existem poucos

trabalhos sobre estas técnicas para o Vale do Rio Doce, sendo o trabalho de

MONIZ (1987) o primeiro em que se consorciou Eucalyptus torelliana com

milho na região. Portanto, são necessários estudos que forneçam subsidias para o

estabelecimento de sistemas de produção agroflorestais, de forma a manter

crescente a oferta de alimentos e de matérias-primas florestais.

1.2. Objetivos

O presente trabalho teve por objetivo estudar o comportamento inicial do

eucalipto (Eucalyptus grandis W. Hill ex Maiden) consorciado com diferentes

densidades de feijoeiros (Phaseolus vulgaris L.), no Vale do Rio Doce, Minas

Gerais.

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2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Sistemas Agroflorestais

Os sistemas agroflorestais têm sido definidos como sistemas de manejo

sustentável do solo que eleva a sua produtividade total, considerando-se as

produções florestal, agrícola (incluindo culturas arbóreas) e/ou animal,

simultaneamente ou seqüencialmente, na mesma unidade de área, onde são

aplicadas técnicas de manejo compatíveis com as tradições culturais da

população local (KING e CHANDLER, 1978). São sistemas de uso do solo

que integram arvores, cultivos agrícolas e animais de forma científica,

ecologicamente desejável, praticamente factível e socialmente aceitável pelo

produtor rural. São, ainda, práticas que variam entre regiões, onde são observadas

as características socioeconômicas, culturais, geográficas e ecológicas locais

(NAIR, 1979).

Alguns desses sistemas são muito antigos, cobrindo centenas de anos de

conhecimento empírico (BUDOWSKI, 1982). Atualmente, tais técnicas têm sido

mais estudadas, em vista da dificuldade de manter compatível a oferta de

matérias-primas e de alimentos com o aumento da sua demanda, causada pelo

crescimento demográfico, já que a intensificação da produção agrícola com

métodos pouco apropriados, originados em outras zonas ecológicas, sob outras

condições econômicas e sociais, estão acarretando numerosos casos de

deterioração do meio ambiente e redução da capacidade produtiva dos solos

(CATIE, 1979).

Dessa forma, cogita-se o uso dos sistemas agroflorestais como um

sistema alternativo de produção florestal, agrícola e pecuária. A aplicação dos

conceitos e princípios agroflorestais pode aumentar o bem-estar social,

econômico e nutricional dos povos das regiões em desenvolvimento (TORRES,

1979), porém não devem ser considerados como uma panacéia para a solução de

todos os problemas de manejo do solo, nem ter aplicação padronizada, podendo,

inclusive, ser usados tanto com baixo quanto com alto uso de insumos e capital.

9

Em ambos os casos, estes sistemas tem em comum o fato de poderem ser auto-

sustentáveis e de a sua produtividade ser mantida (BUDOWSKI, 1982).

Os sistemas agroflorestais podem ser agrupados da seguinte forma,

segundo KING (1979) e COMBE e BUDOWSKI (1979):

- Sistemas silviagrícolas: sistemas de manejo do solo para a produção

simultânea de culturas agrícolas e florestais.

- Sistema silvipastoris: sistemas de manejo do solo em que as florestas

são manejadas para a produção de madeiras, associadas à produção de alimentos

para animais domésticos.

- Sistema agrossilvipastoris: sistemas de manejo do solo em que são

praticados, simultaneamente, cultivos agrícolas e florestais, além da produção de

alimentos para animais domésticos; são a combinação do sistema silviagrícola

com o silvipastoril.

- Sistema de produção de árvores de usos múltiplos: as espécies

florestais são manejadas para serem capazes de produzir não só madeira, mas

também folhas ou frutos para servir na alimentação humana ou como forrageira.

Os sistemas agroflorestais, por serem mais recentemente estudados,

ainda não possuem uma terminologia padronizada, daí a existência de termos

conflitantes na literatura. COMBE e BUDOWSKI (1979) propuseram uma

classificação para esses sistemas, considerada a mais amplamente utilizada, com

base na função principal do componente florestal e na sua distribuição no tempo

e no espaço.

O componente florestal poderá ter como função principal a produção

e/ou a proteção e serviços. Os principais sistemas silviagrícolas que têm como

função principal a produção são:

- Sistema “taungya”.

- Árvores de valor associadas aos cultivos.

- Árvores frutíferas associadas aos cultivos.

- Piscicultura em florestas de mangues.

Quando a função principal da componente florestal é de proteção e

serviços, os principais sistemas silviagrícolas são:

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- Cercas-vivas.

- Quebra-ventos.

- Árvores para sombreamento de cultivos.

- Árvores para conservação e melhoramento do solo.

- Árvores para tanques piscícolas.

A associação silviagrícola pode ser temporária ou permanente. É

temporária quando o cultivo agrícola dura menos de uma rotação da componente

florestal, e permanente quando o cultivo agrícola permanece ao longo de uma ou

mais rotação da componente florestal, incluindo a renovação do cultivo agrícola

ao qual está associada.

A distribuição espacial da componente florestal com os cultivos agrícolas

pode ser de forma regular ou irregular. A primeira é quando a componente

florestal esta misturada ao cultivo agrícola, realizado nas entrelinhas daquela

componente. É empregada principalmente no sistema “taungya”. A distribuição é

irregular quando a componente florestal esta situada ao lado ou ao redor do

cultivo agrícola com a qual está associada. É o caso de sistemas de produção em

linhas ou em faixas, como cercas-vivas e quebra-ventos.

2.2. Sistema “Taungya”

O sistema “taungya” e um sistema silviagrícola originado na Birmânia

em 1856 (Blanford, 1958, citado por NAIR, 1980), com o objetivo de auxiliar a

regeneração florestal e a do solo, em áreas montanhosas, onde se praticava a

agricultura migratória. É um sistema que abrange as práticas de uso múltiplo do

solo, envolvendo as produções conjuntas de culturas florestais e agrícolas

(ENABOR et al., 1981).

A agricultura migratória é o sistema de produção agrícola mais

largamente utilizado por pequenos produtores rurais dos países em

desenvolvimento, sobretudo nas regiões tropicais, e essa atividade empregou, em

1977, cerca de 240 milhões de pessoas no mundo (FAO, 1979). É uma forma de

agricultura em que ocorre rotaç5io de áreas de cultivos, com pequenos ciclos de

produção agrícola, alternados com longos períodos de descanso sob vegetação

11

secundária espontânea (WATTERS, 1971). A abertura da área envolve a

derrubada e a queima da vegetação original. É um sistema de agricultura

tipicamente de subsistência (BRIENZA et al., 1983). No entanto, devido a fatores

demográficos, como o aumento da população e a migração, e, algumas vezes, à

política governamental, mais áreas de florestas estão sendo destruídas, e o tempo

de pousio, entre ciclos de cultivas, está cada vez mais reduzido, ficando o solo

num nível de fertilidade bem abaixo do original (NAIR, 1980).

O sistema “taungya” foi disseminado pela Ásia, África e América Latina,

sendo conhecido por diferentes nomes: Kaingining nas Filipinas; Landag na

Malásia; Chena, em Sri Lanka; Kumri, Shooming, Ponan, Taka e Tuckle, na

Índia; Shamba, no Kenya; Parceleno, em Porto Rico; Consorciação, no Brasil;

etc. Entretanto, Taungya é o termo mais amplamente adotado nesses e em outros

países (NAIR, 1980).

Atualmente, o sistema “taungya” diferencia-se significativamente do

conceito original. É praticado em propriedades florestais nos trópicos úmidos,

onde são plantadas culturas agrícolas, principalmente anuais, nos primeiros anos

do estabelecimento da floresta, com os mais diversos objetivos, tais como:

auxiliar no controle de ervas invasoras (WATSON, 1981), na redução dos custos

de implantação e manutenção florestal (COUTO et al., 1982; MONIZ, 1987), na

produção de alimentos e na conservação de solos (ENABOR, 1981), dentre

outros.

A adoção do sistema “taungya” em larga escala pode contribuir para

elevar os suprimentos de alimentos e de madeira, as oportunidades de empregos e

o padrão de vida da população rural, sendo necessárias, no entanto, ações

complementares, como o fornecimento de sementes de variedades melhoradas,

fertilizantes, infra-estrutura e facilidades sociais, além da disponibilidade de

pessoas treinadas para auxiliar no manejo efetivo do sistema (ENABOR et al.,

1981).

Para a obtenção de uma produção satisfatória dos cultivos agrícolas

intercalados às florestas, sem o prejuízo destas, é necessária a aplicação de

fertilizantes em ambas as culturas e o eventual controle de pragas. Além disso, no

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caso de grandes áreas, a mecanização é essencial no preparo do solo, no plantio,

na colheita e no controle de ervas invasoras (WATSON, 1981).

As condições brasileiras, de modo geral, são adequadas à utilização do

sistema taungya. O sucesso do estabelecimento e o desenvolvimento desse

sistema dependem da pré-existência de solos pobres, da disponibilidade de mão-

de-obra e da baixa qualidade de vida das comunidades rurais (KING, 1968). A

maioria dos solos brasileiros é pobre em nutrientes. Existe um alto índice de

desemprego ou subemprego, e 80% da população vive em situação abaixo da

chamada linha de pobreza (VEJA, 1989). Exemplos de sucessos da aplicação

do sistema ‘taungya” em diversas partes do mundo indicam os fatores

socioeconômicos como os maiores responsáveis (OPENSHAW e MORIS, 1979).

O estudo do sistema “taungya” no Brasil teve início a partir do trabalho

realizado por GURGEL FILHO (1962), que consorciou Eucalyptus alba com

milho, no município paulista de Santa Rita do Passa Quatro. Desde então, muitos

trabalhos têm sido realizados nas diferentes regiões do País, destacando-se os de:

COUTO et al. (1982), BAGGIO et al. (1982), SCHREINER e BAGGIO (1984),

ALVES e CAMPOS (1985), BAGGIO et al. (1986), SCHREINER e BALLONI

(1986), MONIZ (1987) e VASQUEZ (1987)

A Região Sudeste possui características favoráveis para a adoção do

sistema “taungya” e abriga 46,3% da população ativa brasileira, apresentando

fenômenos demográficos que caracterizam um êxodo rural tanto interno quanto

vindo de outras regiões do País, e o maior parque industrial nacional,

consumindo 90% do carvão vegetal produzido no Brasil, além de responder por

56,4% da produção de celulose do País (FIBGE, 1986).

2.3. A Importância das Árvores nos Sistemas Silviaqrícolas

Os sistemas agroflorestais baseiam-se nos benefícios que as florestas

proporcionam ao solo (FASSBENDER, 1984). As florestas reduzem a

compactação e a erosão dos solos, mediante a atenuação progressiva do impacto

da chuva, em virtude da existência de vários estratos na vegetação e da manta

orgânica formada sobre o solo. As arvores são capazes de utilizar nutrientes de

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horizontes mais profundos do solo na produção de biomassa e repô-los na forma

de folhas, flores, frutos, galhos, cascas etc., que são acumulados na serrapilheira.

Funcionam como bombas de nutrientes das camadas mais profundas para as mais

superficiais do solo, colocando-os à disposição de outras formas de vida (KING,

1979).

Existem outros atributos relacionados com as propriedades da superfície

do solo que influenciam no clima, tais como: refletividade, capacidade e

condutividade térmicas, umidade, rugosidade, emissividade na faixa do

infravermelho e liberação térmica do solo (WILSON, 1970).

A modificação da qualidade e da intensidade da radiação luminosa pelas

copas das arvores seleciona as espécies botânicas capazes de desenvolver-se

nesta condição, o que favorece o controle de ervas invasoras e o crescimento de

espécies cultiváveis tolerantes a diferentes níveis de sombreamento.

As árvores também podem produzir valiosos produtos, a saber: lenha,

madeira para os mais diversos fins, frutos comestíveis, forragens, resinas ou

gomas, produtos químicos, medicamentos, néctares, pólens etc.

2.4. Vantagens e Desvantagens dos Sistemas Silviaqrícolas

Para uma avaliação adequada dos sistemas agroflorestais, é necessário a

sua comparação com as monoculturas. Tais avaliações são complicadas, em

virtude das projeções econômicas em diferentes prazos, do valor da madeira e da

estimativa dos danos ambientais, além da apreciação dos fatores sociais e

culturais, complicados devido à evolução dinâmica no tempo, o que dificulta o

julgamento (BUDOWSKI, 1982). Este autor afirma que devem ser observados

tanto os aspectos biológicos quanto os sócio-econômicos e cita algumas das

principais vantagens e desvantagens desses sistemas, conforme se observa nos

parágrafos subseqüentes.

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2.4.1. Vantagens

2.4.1.1. Aspectos Ecológicos

- melhor utilização da energia solar;

- melhor utilização do espaço vertical;

- maior resistência das culturas às condições adversas do clima

(precipitações, temperaturas, ventos etc.);

- favorecimento da ciclagem de nutrientes;

- melhoria da estrutura do solo;

- diminuição da proliferação de ervas invasoras;

- produção de “mulche”, reduzindo a evaporação do solo e aumentando

o seu teor de matéria orgânica;

- possibilidade de fixação de nitrogênio, por meio de bactérias

especializadas ou da utilização de nutrientes não disponíveis, mediante

a ação de micorrizas;

- conservação do solo; e

- maior diversidade biológica.

2.4.1.2. Aspectos Socioeconômnicos

- produção de energia, alimento, medicamento, materiais de construção

etc.;

- as arvores constituem um capital, podendo ser utilizadas em caso de

necessidade;

- redução dos custos de implantação florestal, por intermédio das

receitas obtidas nos primeiros anos com a cultura agrícola;

- redução dos custos de controle de ervas invasoras; e

- melhor distribuição da mão-de-obra ao longo do ano.

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2.4.2. Desvantagens

2.4.2.1. Aspectos Ecológicos

- competição entre arvores e entre estas e as culturas agrícolas pelos

fatores de produção: luz, água, nutrientes e espaço;

- perda de nutrientes por ocasião das colheitas agrícola e florestal;

- a colheita das árvores pode causar danos mecânicos à cultura agrícola;

- a menor circulação de ar pode favorecer a disseminação de doenças; e

- possibilidade de efeitos alelopáticos entre as culturas florestal e

agrícola.

2.4.2.2. Aspectos Socioeconômicos

- a produção das culturas poderá ser menor do que em monocultivo;

- requerem mais mão-de-obra – que ainda é limitante quando escassa –,

dada a dificuldade de mecanização;

- são mais complexos e menos compreendidos do que os monocultivos;

e

- existência de pouco pessoal treinado para melhorar os sistemas

agroflorestais já implantados.

2.5. Escolha das Espécies nos Sistemas Silviagrícolas

Os sistemas silviagrícola sao manejados pelo homem, mediante a seleção

de espécies produtoras, o controle dos organismos consumidores que competem

com elas e, em algum grau, mediante o controle dos fatores abióticos, tendo por

objetivos o aumento das colheitas e a diminuição de sua variação no tempo,

minimizando o uso de insumos. Na seleção de espécies a serem associadas em

um sistema silviagrícola, devem ser evitadas alelopatias e fortes competições

entre as espécies, buscando sempre o mutualismo (FASSBENDER, 1984).

As espécies devem ser complementares e estar habilitadas para utilizar,

simultaneamente e, de forma harmônica, os fatores de produção (KING, 1979)

16

A seleção apropriada das espécies e do método adequado para o seu

cultivo são os primeiros e, talvez, os mais importantes passos na elaboração de

um projeto agroflorestal (NAIR, 1980). Para tanto, dever-se-ão considerar

inúmeras variáveis, tais como os hábitos de crescimento e as necessidades das

espécies, a intensidade e o tipo de manejo, o espaçamento, o objetivo etc. A

conduta geral do sistema é afetada pela conduta de cada um de seus

componentes, sendo cada um destes afetados pela conduta de todos os outros. Os

sistemas em geral não podem ser considerados simplesmente pela conduta

individual de seus componentes (TORRES, 1979).

Não existe ainda um grupo distinto de espécies agroflorestais, e suas

características são apenas especulativas (NAIR, 1980). Alguns aspectos a serem

considerados em relação à cultura agrícola são relatados por Allen (1955) e

Hartley (1977), citados por NAIR (1980), a saber:

- ser parcialmente tolerante ao sombreamento;

- ser mais baixa e explorar horizonte do solo diferente do que explora a

cultura florestal;

- ser menos suscetível às doenças comuns a ambas as espécies do que a

espécie arbórea;

- sua colheita não deve causar danos ao solo ou outra cultura;

- ser de ciclo mais curto que o da espécie florestal;

- a produção combinada deve ser maior, em termos econômicos, que a

da cultura principal em monocultivo; e

- ambas as espécies devem ser adaptadas ao mesmo tipo de solo.

Em última análise, a escolha das espécies depende dos hábitos

alimentares e agrícolas do produtor, bem como das condições ecológicas e

socioeconômicas locais, devendo ser observadas, também, características

importantes como a densidade de copa do estrato superior e o padrão das raízes

das diferentes espécies, além da sua fenologia e do seu habito de ramificação,

sendo possível seguir alguns passos lógicos na escolha da espécie agrícola, como

os sugeridos por NAIR (1980), nos parágrafos subseqüentes:

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- avaliar as necessidades ecofisiológicas para o espaçamento da espécie;

- examinar seus hábitos de crescimento sob condições de cultivo usual;

- avaliar as possibilidades agroflorestais específicas nesta relação; e

- comparar o sistema potencial com qualquer caso de sucesso estudado

sob circunstancias semelhantes.

2.6. Espaçamentos nos Sistemas Silviagrícolas

A escolha dos espaçamentos e dos padrões de misturas das espécies

associadas nos sistemas silviagrícolas depende das espécies a serem utilizadas,

das condições climáticas, dos objetivos e do tipo e nível de manejo a serem

empregados (NAIR, 1980). O INTERNATIONAL COUNCIL FOR RESEARCH

IN AGROFORESTRY (ICRAF) sugere alguns padrões de associações, são eles:

- plantio intercalar de árvores com culturas agrícolas;

- faixas de clareiras na mata primária ou secundária em intervalos

convenientes, bem como o plantio de espécies tolerantes ao

sombreamento;

- introdução de praticas de manejo, tais como desbastes e podas em

plantações florestais existentes e plantio de culturas agrícolas nas

faixas entre as arvores;

- plantio de arvores de uso múltiplo em torno de parcelas de produção

agrícola;

- plantios em curva de nível;

- áreas agrícolas manejadas intensivamente com muitas espécies

associadas às árvores, em espaçamentos regulares ou aleatórios; e

- plantios em faixas de espécies florestais e agrícolas.

De modo geral, não existem espaçamentos específicos para os sistemas

silviagrícolas, entretanto os plantios são realizados segundo os espaçamentos

normalmente utilizados em monocultivos (KING, 1968).

18

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1. Local de Estudo

A área onde se realizou o presente estudo pertence à CENIBRA Florestal

S.A. e esta situada no Município de Peçanha, microrregião homogênea da Bacia

do Suaçuí, no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais (Figura 1).

Figura 1 - Localização da Microrregião Homogênea da Bacia do Suaçuí no Vale do Rio Doce, Minas Gerais.

A área do município é de 1.351 km2, com altitude média de 804 m,

temperaturas médias anuais de 20,1% e precipitaçãO de 1.200 mm, cuja

distribuição define dois períodos distintos: um chuvoso (de outubro a março) e

outro seco (de abril a setembro) (FERREIRA, 1959), sendo sua classificação

climática do tipo CWA, segundo Köppen.

As observações de temperatura e precipitação dos anos de 1986, 1987 e

1988, na área experimental, encontram-se no Quadro 1.

19

Quadro 1 - Dados de Temperatura e Precipitação Média Mensal dos Anos de 1986, 87 e 88, Observados na Área Experimental

Ano 1986 1987 1988

Meses Temp. (oC) Prec. (mm) Temp. (oC) Prec. (mm) Temp. (oC) Prec.

(mm) Janeiro 23,3 206 24,3 129 23,9 148 Fevereiro 24,7 72 23,7 7 23,6 157 Março 24,8 0 22,6 263 23,6 122 Abril 23,0 54 21,2 76 23,7 77 Maio 21,8 10 19,9 12 21,4 9 Junho 17,4 15 17,6 13 18,1 0 Julho 17,4 19 16,6 0 15,5 0 Agosto 19,2 91 17,5 0 16,3 5 Setembro 18,1 25 20,4 53 17,9 0 Outubro 20,4 30 22,9 130 19,5 175 Novembro 20,1 117 22,6 132 20,2 127 Dezembro 21,0 119 22,9 289 23,3 416 Total - 818 - 1.104 - 1.236 Média 20,9 68 21,0 92 - 103

FONTE: CENIBRA Florestal S.A.

De acordo com GOLFARI (1975), a área em estudo pertence à quinta

região bioclimática, cujo clima é subtropical úmido, com medias anuais de

temperatura entre 20 e 35 0C, de precipitação entre 1.100 e 1.400 mm e de

evapotranspiração potencial entre 950 e 1.200 mm. A topografia predominante da

região e suave-ondulada, com solos pertencentes aos grupos dos ferralsolos

órticos, acrissolos órticos, luvissolos férricos e nitrossolos êuticos.

Na área experimental, a topografia é levemente ondulada, sendo o solo

classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo distrófico, cuja análise química

é apresentada no Quadro 2.

Quadro 2 - Análise Química do Solo da Área Experimental

P K Al+3 Ca2+ Mg2+

pH (ppm) (Meq/100 cm3 de solo)

5,04 1,06 38,40 0,70 0,58 0,28

Extratores: P e K: Mehlich; Al+3, Ca2+ e Mg2+: KCl 1N.

20

O município em foco já teve a agricultura e a pecuária como suas

principais atividades econômicas, em que as culturas do milho e do feijão

representavam mais de 70% da produção agropecuária da região (FERREIRA,

1959). Atualmente, a silvicultura è a atividade de maior desenvolvimento na

região, tendo a microrregião da Bacia do Suaçuí cerca de 30% do total da área

reflorestada com eucalipto do Vale do Rio Doce, onde são observadas as maiores

produtividades do Estado de Minas Gerais, além de um elevado coeficiente de

utilização de mão-de-obra (FILGUEIRAS, 1989).

3.2. Insta1ação do Experimento

Plantaram-se as mudas de eucalipto em novembro de 1986 e a cultura do

feijão, em dezembro do mesmo ano, obedecendo a um delineamento estatístico

de blocos ao acaso, com cinco repetições, quatro tratamentos – consorciando

eucalipto com feijão em diferentes densidades – e os seus respectivos

monocultivos, conforme descrito no Quadro 3.

Quadro 3 - Sistemas Propostos para a Cultura do Eucalipto e do Feijão

Número de Plantas por Hectare Feijão Eucalipto

Sistemas

(%) (%) 1. Eucalipto (monocultivo) - - 1.666 2. Eucalipto x 2 fileiras de feijão 53.333 33,33 1.666 3. Eucalipto x 3 fileiras de feijão 80.000 50,00 1.666 4. Eucalipto x 4 fileiras de feijão 106.666 66,66 1.666 5. Eucalipto x 5 fileiras de feijão 133.333 83,33 1.666 6. Feijão (monocultivo) 160.000 100,00 -

Cada parcela amostral ocupou a área de 15,0 x 16,0 m (240 m2), ficando

uma fileira de plantas de eucalipto entre duas parcelas contíguas. Os dados foram

coletados na área de 9,0 m x 12,0 m (108 m2), no centro da parcela, a fim de

evitar os efeitos de borda (Figura l A). Cada bloco ocupou uma área de 1944 m2,

tendo o experimento o total de 9.720 m2.

21

A espécie florestal utilizada foi o Eucalyptus grandis W. Hill ex Maiden,

plantada por intermédio de mudas produzidas por sementes procedentes das áreas

de produção de sementes da Companhia Florestal Vale do Rio Doce S.A., em

Itabira, Minas Gerais, cujas matrizes são originadas de “Coff’s Harbour” – NSW,

Austrália.

A vegetação predominante na área era formada por samambaias

(Pteridium aquilinum (L.) Kunt), capim-gordura (Melinis minutiflora), sapa

(Imperata brasiliensis), alguns arbustos como unha-de-vaca (Bauhinia spp.),

assa-peixe (Vernomia spp.), dentre outros.

Realizou-se o preparo do solo, empregando o mesmo processo utilizado

pela CENIBRA Florestal S.A. em suas áreas de implantação de florestas

industriais, ou seja: desmate com trator de esteira com lâmina; enleiramento;

queima; desenleiramento; encoivaramento; queima; uma gradagem pesada e

outra leve, com trator de esteira; e coveamento. No entanto, tomou-se o cuidado

de não fazer a coivara na área experimental.

Após o preparo do terreno, procedeu-se à demarcação do experimento na

área, conforme o delineamento estatístico estabelecido. As mudas foram

plantadas, individualmente, em covas de 0,20 x 0,20 x 0,20 m3, preparadas com

enxadão, segundo o espaçamento de 2,0 m x 3,0 m, recebendo no plantio a

adubação de 100 g da fórmula N-P-K (8-28-6).

A variedade de feijão (Phaseolus vulqaris L.) utilizada foi o “Rico-23”,

semeado no espaçamento de 0,50 x 0,20 m, com duas a três sementes por cova,

nas entrelinhas da cultura florestal, com o número de fileiras variando de duas até

cinco (Figura 2A).

A adubação da cultura agrícola foi realizada com base na análise química

do solo, conforme a recomendação de GUEDES e NETTO (1978), sendo

aplicados, no plantio, 20 kg/ha de N, 90 kg/ha de P2O5 e 30 kg/ha de K20 e, em

cobertura, 30 kg/ha de N e 30 kg/ha de K20, 30 dias após a semeadura. As fontes

usadas foram o sulfato de am3nio, o fosfato diamônio e o cloreto de potássio.

Ao longo do ciclo da cultura do feijão, foram necessárias duas

capinas, para evitar a competição com ervas invasoras. Fez-se o controle da

22

lagarta-elasmo (Elasmopalpus lignoselus) e da lagarta-rosca (Agrots sp.), com a

aplicação de Carbaril a 85%, na dosagem de 140 g/100 1 de água, fazendo-se

apenas uma aplicação em toda a planta e no solo, durante a primeira quinzena de

janeiro de 1987. Segundo REIS (1978), os danos causados por essas lagartas são

mais severos em época de seca prolongada.

Realizou-se a colheita do feijão manualmente, arrancando todas as

plantas do solo e retirando-as da área, para posterior batedura das vagens e

separação e limpeza dos grãos.

3.3. Coleta de Dados

3.3.1. Eucalipto

Os dados referentes ao eucalipto foram coletados em março e junho de

1987 e em janeiro, julho e dezembro de 1988, respectivamente nas idades de

quatro, sete, 14, 20 e 25 meses.

Observaram-se nove arvores na área amostral de cada parcela e

mediram-se seus respectivos diâmetros de copa (DB), basal (DB) e à altura do

peito (DAP), altura (H) e a sobrevivência (S). Além desses parâmetros, foram

determinados também seus volumes cilíndricos (VC), por meio da expressão:

VCi (m3/ha) = 3,1415 x DMi 2 x Hi x Si x 1.666 x F / 4

em que:

DMi - diâmetro médio (cm);

Hi – altura (m);

Si – sobrevivência (%)/100; e

F – fator de correção de unidade.

Determinou-se a produção de biomassa nas diferentes partes das plantas

de eucalipto: lenho, casca, folha e galho. Abateram-se três árvores de DAP médio

em cada sistema, fora da área útil das parcelas, e coletaram-se amostras das

23

diferentes partes, as quais foram pesadas e levadas ao laboratório para determinar

seu peso de mataria seca (PSi). Secaram-se as amostras em estufa ventilada a

100 ± 5 oC, por 24 horas, e, posteriormente, pesaram-nas e as relacionaram com o

seu peso de matéria fresca, por meio da expressão:

PSFi = PSi/PFi

em que:

PSFi – relação entre o peso de matéria seca e o da matéria fresca da amostra;

PSi – peso de matéria seca da amostra; e

PFi – peso de matéria fresca da amostra.

O peso de matéria seca das diferentes partes das árvores (PSP)i foi

determinado, por intermédio do produto:

PSPi = PSFi x PFPi

em que:

PSPi – peso de matéria seca da parte da árvore; e

PFPi – peso fresco da parte da árvore.

Determinaram-se a biomassa total de cada árvore (em kg), pela soma de

suas diferentes partes, e a biomassa florestal total (em ton/ha), por meio do

produto entre a biomassa total de cada árvore, o numero de árvores plantadas por

hectare (1666) e a sua taxa de sobrevivência na parcela.

3.3.2. Feijão

Coletaram-se os dados para a análise do comportamento da cultura do

feijão nas duas entrelinhas centrais da cultura do eucalipto, localizadas na área

útil de cada parcela, a qual foi realizada por ocasião da colheita dessa

leguminosa, avaliando-se os seguintes parâmetros: a produtividade de grão por

planta (g) e por hectare (kg/ha), em matéria seca e a 13% de umidade, que é o

24

padrão adotado pela Comissão de Financiamento da Produção (CFP) do

Ministério da Agricultura; o peso de matéria seca de 100 grãos; e o numero de

vagens por planta e de grãos por vagem e por planta.

3.4. Aná1ises Químicas dos Solos

Tomaram-se três amostras compostas, retiradas no centro das entrelinhas

e entre as plantas de eucalipto, a uma profundidade máxima de 20 cm. Fizeram-

se as análises nos laboratórios do Departamento de Solos da Universidade

Federal de Viçosa, em Viçosa, Minas Gerais, utilizando os extratores Mehlich

para o P e o K e o KCl 1N para o Al3+ , Ca2+ e Mg2+.

3.5. Índice de Equivalência de Área – IEA

O Índice de Equivalência de Área (IEA) tem sido usado, com freqüência,

na avaliação da eficiência do consórcio de culturas em relação aos respectivos

monocultivos (VIEIRA, 1985). Esse índice quantifica o número de hectares

necessários para que as produções dos monocultivos se igualem às de um hectare

das culturas em consórcio (WILLEY e OSIRU, 1972). Calculou-se o referido

índice, assim:

IEAi = IEFi + IEEi = CFi / MFi + CEi / MEi

em que:

IEAi – índice de equivalência de área do feijão;

IEEi – índice de equivalência de área do eucalipto;

CFi – produtividade do feijão no consórcio;

CEi – produtividade do eucalipto no consórcio;

MFi – produtividade do feijão no monocultivo; e

MEi – produtividade do eucalipto no monocultivo.

3.6. Cálculo dos Custos

Para a análise dos custos dos sistemas, consideraram-se duas situações: a

primeira e referente ao reflorestamento realizado por uma empresa-padrão e a

25

segunda, por um produtor rural submetido a um programa de fomento florestal,

em que os custos de produção de mudas ficaram por conta da empresa-padrão e

os demais, por conta do produtor rural.

No estudo dos custos dos sistemas propostas, utilizaram-se os dados de

uma empresa florestal-padrão criada por FILGUEIRAS (1989), com base nos

padrões técnicos das diversas operações florestais, coletados junto às grandes

empresas florestais situadas no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. Os dados

coletados eram das espécies florestais do gênero Eucalyptus, plantadas no

espaçamento de 3,00 m x 2,00 m e com um coeficiente de segurança da produção

de mudas de 30%.

Na composição dos custos de reflorestamento para o produtor rural, não

se consideraram as seguintes atividades: elaboração do projeto, desmatamento,

construção de estradas, locação de talhão e produção de mudas.

Para a cultura do feijão, os coeficientes técnicos foram com base nos

propostos por MOURA (1984), para a cultura exclusiva do feijão. Nos sistemas

consorciados, consideraram-se os valores relativos de ocupação da cultura

agrícola, com base no seu monocultivo. Computaram-se as produtividades de

grãos obtidas em cada sistema, na umidade de armazenamento de 13%,

considerando-se o preço de US$40 por saca de 60 kg e uma taxa de desconto de

6% a.a.

Os custos operacionais da empresa padrão e da cultura do feijão

encontram-se no Apêndice (Quadro 1A).

3.7. Aná1ise Estatística

Os dados coletados, tanto para o feijão quanto para o eucalipto, foram

submetidos à análise de variância, comparando-se médias dos parâmetros pelo

teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade. A sobrevivência foi transformada

em arco-seno (S/100)1/2, antes de ser analisada (DEMÉTRIO, 1978).

26

4. RESULTADOS E DISCUSSÂO

4.1. Eucalipto

As análises de variância dos dados de diâmetro basal (DB), diâmetro de

copa (DC), diâmetro à altura do peito (DAP), altura (H), porcentagem de

sobrevivência (S) e volume cilíndrico (VC), nas respectivas idades e sistemas,

encontram-se no Apêndice (Quadro 2A).

4.1.1. Diâmetro de Copa

Os dados das médias dos diâmetros de copa das arvores de eucalipto nas

idades de quatro e 14 meses, nos diferentes sistemas, encontram-se no Quadro 4.

Na idade de quatro meses, as diferenças entre os sistemas não foram

significativas. O sistema com cinco fileiras de feijão apresentou a maior média,

4,5% maior que a do monocultivo. O sistema de menor media foi o de duas

fileiras de feijão, ou seja, 5,3% menor que a do monocultivo. Observou-se, nesta

idade, que as plantas de feijão mais próximas das de eucalipto, nos sistemas com

quatro e cinco fileiras de feijão, ficaram parcial ou totalmente sob as copas das

árvores, o que pode ter afetado, negativamente, suas produtividades de grãos.

Quadro 4 - Dados Médios do Diâmetro de Copa das Árvores de Eucalipto nos Diferentes Sistemas e Idades

Idade (Meses) 4 14

Número de Fileiras de

Feijão (m) (%) (m) (%) 0 1,32 100,00 A 3,07 100,00 A 2 1,25 94,70 A 3,15 102,60 A 3 1,37 103,80 A 3,42 11,40 A 4 1,31 99,20 A 3,01 98,00 A 5 1,38 104,50 A 3,17 103,30 A

Para cada coluna, as medias seguidas da mesma letra nao diferem significativamente entre si, pelo teste de ScottKnott, a 5% de probabilidade.

27

Na idade de 14 meses, as diferenças entre os sistemas também não foram

significativas, O sistema com três fileiras de feijão apresentou a maior media,

11,4% maior que a do monocultivo. O sistema com a menor média foi o com

quatro fileiras de feijão, que apresentou média 2,0% menor que a do

monocultivo. Nesta idade, ocorre o fechamento das copas das árvores das fileiras

adjacentes, não dando condições de luminosidade para um novo plantio de feijão,

sem que se empreguem práticas como o desbaste e/ou a desrama.

4.1.2. Diâmetro Basal

Os dados médios dos diâmetros basais das arvores de eucalipto nas

idades de quatro e sete meses, para os diferentes sistemas, encontram-se no

Quadro 5.

Quadro 5 - Dados Médios do Diâmetro Basal do Eucalipto nos Diferentes Sistemas e Idades

Idade (Meses) 4 7

Número de Fileiras de

Feijão (m) (%) (m) (%) 0 2,08 100,00 B 4,44 100,00 A 2 1,91 91,80 C 4,25 95,70 A 3 2,14 102,90 B 4,31 97,10 A 4 2,10 101,00 B 4,25 95,70 A 5 2,30 110,60 A 4,68 105,40 A

Para cada coluna, as médias seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre si, pelo teste de ScottKnott, a 5% de probabilidade.

Na idade de quatro meses, as diferenças entre os sistemas foram

significativas, sendo o sistema com cinco fileiras de feijão significativamente

maior que os demais sistemas em consórcio e 10,6% maior que o monocultivo.

Os sistemas com três e quatro fileiras de feijão não diferiram significativamente

do monocultivo, os quais foram significativamente maiores do que o sistema com

cinco fileiras de feijão.

28

Na idade de sete meses, as diferenças entre os sistemas não foram

significativas. O sistema com cinco fileiras de feijão foi 5,4% maior que o

monocultivo, enquanto os sistemas com as menores medias, os de duas e quatro

fileiras, foram 4,3% menores que o monocultivo.

4.1.3. Diâmetro à Altura do Peito

Os dados médios dos DAP’s, para as diferentes idades e sistemas,

encontram-se no Quadro 6.

Quadro 6 - Dados Médios do Diâmetro, a Altura do Peito, do Eucalipto nos Diferentes Sistemas e Idades

Idade (Meses) 14 20 25

Número de Fileiras de

Feijão (m) (%) (m) (%) (m) (%) 0 5,71 100,00 B 7,75 100,00 A 9,41 100,00 A 2 5,90 103,30 B 8,03 103,60 A 9,51 101,10 A 3 6,17 108,10 A 8,36 107,90 A 9,88 105,00 A 4 5,90 103,30 B 8,15 105,20 A 9,64 102,40 A 5 6,10 106,80 A 8,42 108,60 A 9,67 102,80 A

Para cada coluna, as médias seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre si, pelo teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade.

Na idade de 14 meses, observaram-se diferenças significativas entre os

sistemas, ao passo que os de três e cinco fileiras de feijão foram maiores que os

demais, sendo que estes últimos não diferiram entre si. O sistema com três filei-

ras de feijão, o de maior média, foi 8,1% maior que o monocultural. Observou-se

que todos os sistemas consorciados foram superiores ao monocultivo.

Na idade de 20 meses, as diferenças entre os sistemas não foram

significativas. O sistema com cinco fileiras apresentou a maior média, 8,6%

maior que a do monocultivo. Mesmo não sendo significativas as diferenças,

observou-se a superioridade dos sistemas consorciados em relação ao

monocultivo. Na idade de 20 meses as diferenças entre os sistemas não foram

significativas. O sistema com cinco fileiras apresentou a maior média, sendo esta

29

8,6% maior que a do monocultivo. Mesmo não sendo significativas as diferenças,

observou-se a superioridade dos sistemas consorciados em relação ao

monocultivo.

Na idade de 25 meses, as diferenças entre os sistemas não foram

significativas. O sistema com três fileiras de feijão apresentou a maior média,

5,0% maior que a do monocultivo. Nessa idade, permaneceu a superioridade dos

sistemas consorciados em relação ao monocultivo. Resultados semelhantes foram

obtidos por SCHREINER e BALLONI (1986), consorciando Eucalyptus grandis

com feijão em Itararé, São Paulo. Tais resultados podem ser atribuídos à

adubação residual da cultura agrícola, que favoreceu o crescimento diamétrico

das árvores.

4.1.4. Altura

A média dos dados de altura nos diferentes sistemas e idades, bem como

suas comparações, encontra-se no Quadro 7.

Na idade de quatro meses, por ocasião da colheita do feijão, o sistema

com cinco fileiras dessa leguminosa foi significativamente superior aos demais

sistemas, sendo também 14,2% maior que o monocultivo. Os demais sistemas

não diferiram significativamente entre si.

Na idade de sete meses, as diferenças entre os sistemas não foram

significativas. O sistema com cinco fileiras de feijão apresentou a maior média,

8,4% maior que a do monocultivo.

Na idade de 14 meses, as diferenças entre os sistemas não foram

significativas, no entanto se observou a superioridade dos sistemas consorciados

em relação ao monocultivo, sendo este último 9,9% menor que o sistema com

três fileiras de feijoeiros, que apresentou a maior altura.

Na idade de 20 meses, as diferenças entre os sistemas não foram

significativas, observando-se, mais uma vez, a superioridade dos sistemas

consorciados em relação ao monocultivo. O sistema com cinco fileiras de feijão

foi o que apresentou a maior altura, sendo esta 8,2% maior que a apresentada no

monocultivo.

30

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10

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10

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A

11,8

7 10

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13,9

6 10

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3,48

10

8,40

A

7,40

10

8,20

A

12,2

1 10

8,20

A

14,1

6 10

3,70

A

Para

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abili

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.

31

Na idade de 25 meses, as diferenças entre os sistemas não foram

significativas, quando o sistema com quatro fileiras de feijão apresentou a maior

altura e uma diferença de 7,6% em relação ao monocultivo. Os sistemas

consorciados permaneceram superiores ao monocultivo. Resultados semelhantes

foram obtidos por SCHREINER e BALLONI (1986), os quais podem ser

atribuídos à adubação residual da cultura agrícola, que favoreceu o crescimento,

em altura, das árvores.

4.1.5. Sobrevivência

Os dados médios da sobrevivência do eucalipto nas diferentes idades e

sistemas encontram-se no Quadro 8.

Quadro 8 - Dados Médios da Sobrevivência do Eucalipto nos Diferentes Sistemas e Idades

Idade (Meses) 4 7 14 20 25

Número de Fileiras de

Feijão (%) (%) (%) (%) (%) 0 97,78 A 97,78 A 97,78 A 97,78 A 95,65 A 2 95,65 A 95,65 A 95,65 A 95,65 A 95,65 A 3 93,33 A 91,11 B 91,11 A 91,11 A 91,11 A 4 100,00 A 100,00 A 100,00 A 100,00 A 97,78 A 5 100,00 A 100,00 A 97,78 A 95,56 A 95,56 A

Para cada coluna, as médias seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre si, pelo teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade.

Na idade de quatro meses, as diferenças entre os sistemas não foram

significativas. Os sistemas com quatro e cinco fileiras de feijoeiros apresentaram

100% de sobrevivência de plantas, ou seja, 2,2% maior que a apresentada pelo

monocultivo. O sistema com menor sobrevivência de plantas foi o de três fileiras

de feijão, ou seja, 4,5% menor que a do monocultivo.

Na idade de sete meses, as diferenças entre os sistemas foram

significativas. Os sistemas com quatro e cinco fileiras de feijão e o monocultivo

32

não diferiram entre si, porém se apresentaram superiores aos demais, que foram

estatisticamente iguais. Os sistemas com maiores sobrevivências foram os de

quatro e cinco fileiras de feijão, sendo 2,3% maiores que as apresentadas pelo

monocultivo. O sistema com menor sobrevivência de plantas foi o de três fileiras

de feijão, ou seja, 8,9% menor que a do monocultivo.

Na idade de 14 meses, as diferenças entre os sistemas não foram

significativas. O sistema que mostrou maior sobrevivência de plantas foi o de

quatro fileiras de feijão, ou seja, 2,3% maior que a apresentada pelo monocultivo,

enquanto o de menor sobrevivência de plantas foi o de três fileiras de feijão, com

6,8% menor que a do sistema exclusivo.

Na idade de 20 meses, as diferenças entre os sistemas não foram

significativas. O sistema que apresentou maior sobrevivência foi o de quatro

fileiras de feijão, sendo 2,3% maior que a do monocultivo. A menor

sobrevivência ocorreu no sistema de três fileiras de feijão, sendo 6,8% menor que

a ocorrida no monocultivo.

Na idade de 25 meses, as diferenças entre os sistemas não foram

significativas. O sistema com maior sobrevivência de plantas foi o de quatro

fileiras de feijão, sendo 2,3% maior que a do monocultivo, e o de menor

sobrevivência foi o de três fileiras de feijão, isto é 4,7% menor que a do

monocultivo.

4.1.6. Volume Cilíndrico

Os dados médios dos volumes cilíndricos dos eucaliptos, nos diferentes

sistemas e idades, encontram-se no Quadro 9.

Na idade de 14 meses, as diferenças entre os volumes cilíndricos dos

sistemas não foram significativas. O sistema com cinco fileiras de feijão

apresentou a maior media, que foi 22,3% maior que a do monocultivo. Todos os

sistemas consorciados foram superiores ao monocultivo, apesar de as diferenças

não terem sido significativas.

Na idade de 20 meses, as diferenças entre os sistemas não foram

significativas, no entanto os sistemas consorciados apresentaram as maiores

33

médias, sendo as do sistema de quatro fileiras 17,7% maiores que as do

monocultivo.

Quadro 9 - Dados Médios do Volume Cilíndrico do Eucalipto nos Diferentes Sistemas e Idades

Idade (Meses) 14 20 25

Número de Fileiras de

Feijão (m3/ha) (%) (m3/ha) (%) (m3/ha) (%) 0 29,76 100,00 A 91,76 100,00 A 162,49 100,00 A 2 31,58 106,17 A 95,66 104,15 A 165,90 102,10 A 3 34,57 116,20 A 100,86 109,92 A 163,94 100,90 A 4 33,91 114,00 A 107,97 117,67 A 179,41 110,41 A 5 36,39 122,30 A 107,87 117,56 A 165,48 101,80 A

Para cada coluna, as médias seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre si, pelo teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade.

Na idade de 25 meses, as diferenças entre os sistemas não foram

significativas, no entanto os sistemas consorciados mostraram as maiores médias,

sendo as do sistema de três fileiras 10,4% maiores que as do monocultivo.

4.1.7. Produção de Biomassa

Os dados médios da produção de biomassa do eucalipto encontram-se no

Quadro 10.

Quadro 10 - Valores Médios da Biomassa do Eucalipto Produzida nas

Diferentes Partes das Plantas (kg/Planta) e por Hectare (ton/ha), nos Diferentes Sistemas, na Idade de 25 Meses

Parte da Árvore Número de Fileiras de

Feijão Lenho

(kg/árv.) Casca

(kg/árv.) Galho

(kg/árv.) Folha

(kg/árv.) Total

(kg/árv.) 0 23,07 0,45 3,51 4,13 29,78 2 24,74 0,36 4,18 4,99 29,98 3 23,07 0,40 4,77 5,06 30,34 4 23,74 0,37 3,01 4,09 30,51 5 24,24 0,39 3,79 4,61 31,56

34

A produção total de biomassa de eucalipto por hectare mostra a

superioridade dos sistemas consorciados em relação ao monocultivo, elevando o

seu valor com a densidade do plantio de feijão. O sistema de maior produtividade

de biomassa foi o de cinco fileiras de feijão, produzindo 6,0% a mais que o

monocultivo. O sistema que produziu a maior porcentagem de lenho foi o de

duas fileiras de feijão, sendo a maior porcentagem de casca produzida pelo

monocultivo, enquanto as maiores porcentagens de galhos e folhas foram

apresentadas pelo sistema com três fileiras de feijão.

4.2. Feijão

Os dados médios do peso de mataria seca de 100 grãos (MS100), número

de vagens por planta (NVAG), número de grãos por vagem (NGV) e de grãos por

planta (NGP) e as produtividades de grãos por planta (MSGP) e de grãos por

hectare (MSGA) encontram-se no Quadro 11 e as respectivas análises de

variância, no Apêndice (Quadro 3A).

4.2.1. Peso de 100 Grãos

As diferenças apresentadas entre os sistemas foram significativas, sendo

todos os sistemas consorciados maiores que o monocultivo. O sistema com duas

fileiras de feijão foi significativamente maior que os de demais fileiras, sendo

10,0% maior que o monocultivo. Os sistemas com três, quatro e cinco fileiras

foram iguais estatisticamente. Observou-se redução no peso dos grãos com o

aumento da densidade de plantio de feijão. Resultado semelhante foi obtido por

MONIZ (1987), consorciando Eucalyptus torelliana com milho no Vale do Rio

Doce, em Minas Gerais.

35

Qua

dro

11 –

Val

ores

Méd

ios O

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2 16

,11

110,

80 A

10

,31

176,

50 A

5,

59

108,

30 A

57

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190,

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9,

29

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3,59

10

8,60

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3 15

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00 A

5,

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8,

59

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62

6,74

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103,

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7,

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70 A

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0,00

B

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00 A

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5%

de

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abili

dade

.

36

4.2.2. Número de Vagens por Planta

As diferenças no número de vagens por planta, entre os sistemas, foram

significativas. Os sistemas com duas, três e quatro fileiras de feijão não diferiram

entre si e foram maiores que os sistemas com cinco fileiras e o monocultivo,

sendo estes últimos iguais estatisticamente.

O número de vagens por planta diminuiu com o aumento da densidade de

plantas de feijão, sendo o sistema com duas fileiras 76,5% maior que o

monocultivo.

Este parâmetro reflete o número de flores fecundadas, que chegaram ao

ponto de frutificação e maturação. Segundo PORTES (1988), os principais

fatores que influenciam no vingamento de flores e vagens em feijão são os efeitos

das altas ou baixas temperaturas, do estresse hídrico, da baixa umidade relativa e

do vento, além da nutrição mineral inadequada. Nos sistemas de menores

densidades de feijão, as plantas de eucalipto podem ter proporcionado condições

mais adequadas ao feijão, como a proteção contra a ação dos ventos,

favorecendo, desta forma, o aumento do numero de flores fecundadas. O baixo

número de vagens por planta observado nos sistemas com quatro e cinco fileiras

de feijão pode ser explicado pelo excessivo sombreamento exercido pelo

eucalipto nas plantas de feijão mais próximas das árvores.

4.2.3. Número de Grãos por Vagem

As diferenças do número de grãos por vagem, entre os sistemas, não

foram significativas, no entanto essa variável, no sistema com três fileiras de

feijoeiros, foi 11% maior que no monocultivo.

4.2.4. Número de Grãos por Planta

As diferenças do numero de grãos por planta, entre os sistemas, foram

significativas. Os sistemas com duas, três e quatro fileiras de feijão não diferiram

entre si e foram significativamente maiores que os de cinco fileiras e o

37

monocultivo, sendo estes últimos iguais estatisticamente. O sistema com duas

fileiras de feijão foi 90,6% maior que o monocultivo. O número de grãos por

planta diminuiu com o aumento do número de fileiras de feijoeiros.

4.2.5. Produção de Grãos por Planta

As diferenças da produção de mataria seca de grãos por planta entre os

sistemas foram significativas. Os sistemas com duas, três e quatro fileiras de

feijão não diferiram significativamente dos sistemas com cinco fileiras e o

monocultivo, sendo estes dois últimos iguais estatisticamente. O sistema com

duas fileiras, o de maior media, foi 11,6% maior que o monocultivo. O peso de

mataria seca de grãos por planta decresceu com o aumento do número de plantas

de feijão por área. Resultado semelhante foi observado por MONIZ (1987),

consorciando milho com Eucalyptus torelliana no Vale do Rio Doce, em Minas

Gerais.

4.2.6. Produção de Grãos por Área

As diferenças da produção de grãos de feijão entre os sistemas não foram

significativas. O sistema de três fileiras de feijoeiros apresentou a maior

produtividade de mataria seca, superando em 50% o monocultivo. Os sistemas

consorciados produziram mais feijão que o monocultivo. Observou-se que os

sistemas de quatro e cinco fileiras de feijão produziram menos que o de trêss

fileiras. Este fato pode ter sido devido ao maior sombreamento exercido sobre as

plantas de feijão mais próximas das de eucalipto, limitando o seu

desenvolvimento.

4.3. Índice de Equivalência de Área – IEA

Os IEA’s dos sistemas foram analisados com relação ao volume

cilíndrico do eucalipto aos 25 meses de idade e à produtividade de grãos de

feijão, e seus resultados encontram-se no Quadro 12.

38

Os IEA’s dos sistemas consorciados foram maiores que um, portanto

maiores que os IEA’s dos seus monocultivos. O sistema com três fileiras de

feijão apresentou o maior IEA entre todos os sistemas, indicando que, para se

produzir o mesmo volume de madeira e peso de grãos de feijão neste sistema,

numa determinada área, seriam necessárias áreas 1,0 e 50,0% maiores de

monocultivos de eucalipto e de feijão, respectivamente, ocupando uma área

2,51 vezes maior que a utilizada no consórcio dessas mesmas plantas.

Quadro 12 - Índices de Equivalência de Área dos Sistemas Estudados, com Base no Volume Cilíndrico do Eucalipto, na Idade de 25 Meses, e na Produção de Grãos do Feijão

IEA Número de Fileiras de Feijão Eucalipto Feijão Eucalipto + Feijão

0 1,00 - 1,00 2 1,02 1,09 2,11 3 1,01 1,50 2,51 4 1,10 1,21 2,31 5 1,02 1,23 2,25

Monocultivo - 1,00 1,00 Para cada coluna, as médias seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre si, pelo teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade.

4.4. Alterações nas Características Químicas dos Solos

Os dados médios das características químicas dos solos nos diferentes

sistemas, na idade de 17 meses, encontram-se no Quadro 13 e os resultados das

análises de variância, no Apêndice (Quadro 4A).

As diferenças entre os sistemas dos dados médios das características

químicas dos solos dos sistemas não foram significativas.

De acordo com os dados obtidos, verifica-se que o pH não foi alterado

em relação ao seu nível inicial, com a utilização de sistemas consorciados, porém

o solo sob o monocultivo de eucalipto apresentou ligeira elevação, de 5,0 para

5,3. Os teores de P foram superiores ao do nível original, em todos os sistemas, o

que pode ser um efeito dos resíduos da adubação da cultura do feijão ou da

ciclagem de nutrientes estabelecida na cultura florestal.

39

Quadro 13 - Níveis de Fertilidade do Solo nos Sistemas Estudados, na Idade de 17 Meses

Níveis dos Elementos no Solo pH P K Al3+ Ca2+ Mg2+

Números de Fileiras

de Feijão (ppm) (Meq/100 g de Solo) 0 5,3 A 3,6 A 43 A 1,06 A 1,16 A 0,72 A 2 5,0 A 4,1 A 44 A 1,22 A 1,02 A 0,64 A 3 5,1 A 4,0 A 39 A 1,00 A 1,44 A 0,72 A 4 5,1 A 3,4 A 35 A 0,96 A 1,52 A 0,72 A 5 5,1 A 4,1 A 33 A 1,04 A 1,12 A 0,72 A

Monocultivo 5,0 A 3,9 A 45 A 1,14 A 1,16 A 0,62 A Para cada coluna, as médias seguidas da mesma letra não diferem significativamente entre si, pelo teste de Scott-Knott, a 5% de probabilidade.

Os níveis de K mantiveram-se como no nível inicial, no entanto se

observou pequena diminuição do seu teor, a medida que se elevou a densidade

dos feijoeiros. Os níveis de Al3+ mantiveram-se altos, embora o seu teor tenha

sido aumentado no solo, em relação ao seu nível inicial.

Os teores de Ca2+ no solo elevaram-se em relação ao seu nível inicial,

observando-se maior consumo deste nutriente nos sistemas consorciados, o que

pode ter sido causado, principalmente, pelo aumento da exportação de nutrientes

nos sistemas tradicionais de colheita manual de feijão, em que são retiradas todas

as plantas da área de cultivo, para posterior separação dos grãos.

4.5. Custos dos Sistemas

Os dados dos custos e receitas dos sistemas encontram-se no Quadro 1A.

4.5.1. Custos da Empresa-Padrão

Os custos de implantação florestal de um hectare de eucalipto exclusivo,

para uma empresa-padrão do Vale do Rio Doce, foram de US$485,64. Nos

sistemas consorciados, os custos finais de implantação florestal foram

consideravelmente menores que no monocultivo, devido às receitas obtidas nas

produções agrícolas. Esta redução chegou a 64,9% no sistema com três fileiras de

40

feijão, exigindo, no entanto, uni capital inicial de US$642,82, 24,5% maior que o

do monocultivo de eucalipto.

Qualquer um dos sistemas consorciados foi mais interessante, do ponto

de vista econômico, do que os monoculturais, tanto para o eucalipto quanto para

o feijão, tendo este último produzido receita inferior aos seus custos.

4.5.2. Custos do Produtor Rural

Os custos de implantação florestal de um hectare de eucalipto exclusivo

para o produtor rural do Vale do Rio Doce, submetido a um programa de fomento

florestal, foram de US$282,16. Nos sistemas consorciados, estes custos foram

consideravelmente menores, devido às receitas obtidas nas produções agrícolas,

que chegaram a produzir um retorno líquido de US$32,81 no sistema com três

fileiras de feijoeiros, necessitando, porém, de US$439,34 para a sua implantação,

um capital inicial 35,8% maior do que o necessário no monocultivo.

O capital inicial necessário à implantação dos sistemas consorciados

aumentou com a densidade de feijão plantado, chegando a ser superior ao exigido

para os respectivos monocultivos, porem os custos finais da implantação dos

sistemas consorciados foram menores que os dos monocultivos.

41

5. RESUMO E CONCLUSÕES

O presente trabalho teve por objetivo avaliar o comportamento inicial do

Eucalyptus grandis W. Hill ex. Maiden em plantio consorciado com feijão

(Phaseolus vulgaris L.) no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais.

De acordo com os dados obtidos, nas condições específicas em que se

desenvolveu o trabalho, foi possível chegar às seguintes conclusões:

- As árvores dos sistemas consorciados apresentaram DAP, altura e

volume cilíndrico superiores aos das árvores do monocultivo.

- A maior média de DAP e volume cilíndrico foi observada no sistema de

três fileiras de feijão, enquanto a de altura foi observada no sistema de quatro

fileiras.

- A produtividade de biomassa de eucalipto aumentou com o número de

fileiras de feijão.

- O peso de grãos de feijão diminuiu com o aumento do número de

fileiras de feijão.

- O número de vagens por planta foi o parâmetro que mais influenciou na

produtividade final do feijão.

- O sistema que apresentou a maior produtividade de feijão foi o de três

fileiras.

- O maior índice de equivalência de área foi obtido no sistema de três

fileiras de feijão.

- Apesar da exportação de nutrientes pela cultura agrícola, não houve

redução do nível de fertilidade do solo até a profundidade de 20 cm.

- Os sistemas consorciados demandam maior investimento, porém podem

reduzir os custos de implantação florestal.

- O sistema de três fileiras reduziu os custos de implantação florestal da

empresa-padrão em 64,9% e proporcionou, já no primeiro ano, lucro ao produtor

rural submetido ao programa de fomento florestal.

42

- Tanto sob o aspecto biológico quanto o econ6mico, os sistemas

consorciados de eucalipto com feijão apresentaram-se superiores aos seus

monocultivos.

- As culturas de eucalipto e de feijão comportaram-se de forma

complementar quando em consórcio.

43

6. RECOMENDAÇÕES

Com base nas conclusões obtidas no presente trabalho, foram sugeridas

as seguintes recomendações:

- Realizar estudos sobre espaçamentos para as espécies florestais mais

utilizadas, considerando o uso dos sistemas agroflorestais;

- aperfeiçoar os estudos sobre sistemas agroflorestais, de forma a

considerar as relações ecofisiológicas existentes;

- rever as normas de financiamento da produção agrícola, de forma a

considerar os sistemas agroflorestais como sistemas viáveis;

- fazer mais estudos sobre sistemas consorciados que utilizam mais de

uma espécie florestal, agrícola e/ou zootécnica, a fim de viabilizar o plantio de

espécies florestais de ciclo mais longo.

44

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48

APÊNDICE

Figura 1A – Croqui da Parcela Experimental.

49

Figura 2A – Croqui dos Sistemas Estudados.

50

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1A –

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52

Quadro 2A – Resultados das análises de variância das características do eucalipto (Eucalyptus grandis W. Hill ex Maiden) nos sistemas estudados, em diferentes idades

Quadrados Médio Fonte de Variação

GL DC DB DAP H S VC

Idade: 4 meses Tratamento 4 0,01257 0,09957 --- 0,05939 0,03926 --- Resíduo 16 0,00875 0,01724 --- 0,00971 0,02194 --- C.V. (%) 7,06 6,24 --- 7,27 9,95 --- Idade: 7 meses Tratamento 4 --- 0,16381 --- 0,08143 0,00237 --- Resíduo 16 --- 0,04487 --- 0,16139 0,00071 --- C.V. (%) --- 7,28 --- 7,59 2,65 --- Idade: 14 meses Tratamento 4 0,12375 0,16415 0,16415 0,35621 0,00685 33,78383 Resíduo 16 0,05974 0,05322 0,05321 0,12388 0,00096 13,39410 C.V. (%) 7,72 3,87 3,87 4,88 3,10 11,01 Idade: 20 meses Tratamento 4 --- --- 0,35879 0,70139 0,00019 262,0276 Resíduo 16 --- --- 0,22285 0,75473 0,00015 239,0896 C.V. (%) --- --- 5,80 7,38 3,90 15,34 Idade: 25 meses Tratamento 4 --- --- 0,16028 0,72901 0,00009 474,8274 Resíduo 16 --- --- 0,25882 0,56275 0,00018 511,8826 C.V. (%) --- --- 5,34 5,32 4,32 13,45

Quadro 3A – Resultados das análises de variância das características do feijão nos sistemas estudados

Quadrados Médios Fonte de Variação

GL MS100 NVAG NGV NGP MSGP MSPA

Tratamento 4 1,68105 17,83054 0,29372 725,57840 21,356890 31466,34 Resíduo 16 0,07098 3,74433 0,08151 99,07495 2,374317 13832,10 C.V. (%) 1,75 20,00 5,22 21,79 21,99 23,35

Quadro 4A – Resultados das análises de variância das características do feijão nos sistemas estudados

Quadrados Médios Fonte de Variação

GL pH P2O5 K2O Al3+ Ca2+ Mg2+

Tratamento 5 6,94000 1567,200 127,9533 4,54000 67,8400 1,10000 Resíduo 20 6,62266 1198,284 328,2867 21,79001 126,8899 7,34999 C.V. (%) 5,04 80,50 45,49 43,63 81,63 39,29

53