Competir ou cooperar ? A teoria dos jogos cooperativos e sua contribuição para a Educação...

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Viviane Santos – RA B95DEE4 RELATÓRIO DE ATIVIDADE SUPERVISIONADA Competir ou cooperar ? A teoria dos jogos cooperativos e sua contribuição para a Educação Física Escolar Relatório de Atividade Prática Supervisionada (APS)

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Trabalho de Aps- Terceiro semestre Educação Física

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Viviane Santos – RA B95DEE4

RELATÓRIO DE ATIVIDADE SUPERVISIONADA

Competir ou cooperar ? A teoria dos jogos cooperativos e sua contribuição para a Educação Física Escolar

Relatório de Atividade Prática Supervisionada (APS)

para avaliação no terceiro semestre letivo do curso

de Educação Física apresentado na Universidade

Paulista UNIP

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1- INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo mostrar o valor dos Jogos Cooperativos e competitivos. O trabalho traz informações e questionamentos da competição no contexto da sociedade nas aulas de Educação Física

O objetivo desse trabalho é tratar do assunto competir ou cooperar qual o melhor na educação escolar?

Na maioria das vezes, por não conhecer outra forma de se jogar e viver o professor de Educação Física estimula a competição sem limites, pois cria, participa ou reforça os chamados jogos e campeonatos escolares, onde só alguns podem participar, reforçando os temíveis binômios: vencedor-perdedor; melhor-pior e apto-não apto. Será que só existe essa alternativa? Ou podemos criar uma nova Educação Física, e sonhar mais alto, criando também uma nova escola onde se ensine que existem outras possibilidades para se jogar e viver, além da forma competitiva. As situações competitivas que valorizavam os vencedores e eram práticas realizadas desde o século XVII na Educação Física, onde seu principal objetivo era formar homens fortes, futuros operários e soldados. Esta situação sofreu transformações no decorrer dos anos, mas a competição ainda prevalece dentro das aulas sendo usada ainda nos dias de hoje.

Existe uma preocupação da alta valorização sobre a competição que atribuímos na nossa sociedade por isso utilização dos Jogos Cooperativos é uma prática nova e que poucos conhecem ou usam em suas aulas.

Para fazer formação tanto na cultura corporal de movimento como nas relações pessoais, na atribuição de valores e no respeito. Ao analisar a literatura sobre os conteúdos tradicionalmente desenvolvidos na Educação Física Escolar, verificamos que a sua maioria é composta por atividades competitivas, mas já há uma tentativa de adaptá-los como os Jogos Cooperativos podendo ser utilizado uma alternativa .

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2 DESENVOLVIMENTO

Segundo rege o PCN que tem como objetivos gerais do ensino fundamental que os alunos sejam capazes de compreender a cidadania , adotar atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio as injustiças, respeitar o outro e exigir para si mesmo o respeito, utilizar o diálogo como forma de mediar conflitos e tomar decisões coletivas, como então promover uma aula de Educação Física que não exclua alunos, onde o aluno pode aprender e não enxergar somente o lado competitivo?

Percebemos que a cada dia as relações humanas estão cada vez mais difíceis. Esse fato é fruto da competição exagerada, gerando atitudes de violência e agressividade, e, infelizmente já ouvimos pessoas dizendo que tudo isso é normal e que faz parte de nossa vida.

A competição já começa na escola, por exemplo, a competição é iniciada desde o primeiro momento. Deixando de lado os casos nos quais a própria entrada na escola se dá via competição (sorteio, vestibular, etc.), o modo de ensino se fundamenta em técnicas competitivas (disputas entre “meninos e meninas”, gincanas, por exemplo), além de formas informais de incentivo à competição (sistema classificatório por notas, referências ao “melhor aluno da sala”, etc.). Isto sem considerar as escolas mais competitivas (escolas militares, etc.). Inclusive isso recebe uma grande adesão por parte de muitos alunos, devido à socialização anterior e simultânea realizada no conjunto das relações, na família, nos meios de comunicação. A criança e o jovem, devido ao seu processo de socialização numa sociedade competitiva, ao ser convidado para uma tarefa competitiva, tende a se interessar mais e a competição escolar fica mais atrativa, o que convence professores e outros a incentivar a prática competitiva. Isso, por sua vez, reforça a socialização para a competição. A escola reproduz e reforça a sociedade competitiva, mesmo porque os seus objetivos estão ligados intimamente à competição social (mercado de trabalho, formação de dirigentes, etc.) e é realizada por indivíduos (professores, diretores, etc.) que são socializados nessa sociedade.

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Talvez tenhamos opções para mudarmos esse quadro, e quem sabe criarmos uma nova cultura, pois assim como somos influenciados por ela, também a influenciamos.

Sabemos que para a criação de uma nova cultura necessita-se de tempo, durante esse tempo podemos criar uma alternativa para a competição que nos cerca a todo instante, tornando-nos, na maioria das vezes, perdedores.

A concepção dos conteúdos nas aulas de Educação Física por parte da sociedade como sinônimo de esporte reforçaram muito a competição, nesse contexto os jogos competitivos são excludentes e pouco ajudam as crianças, criando sentimentos de medo, angústia e decepção.

Isto demanda tempo, mas, não é impossível acontecer, dependendo apenas de ações concretas em direção a uma mudança tão esperada. Quando perguntamos a qualquer professor de Educação Física Escolar o que é preciso para que ela seja transformada, temos várias respostas positivas. Infelizmente entre a percepção e a ação existe um espaço, e é justamente ai que nada acontece. Felizmente a Educação Física militaresca, discriminatória e excludente que as pessoas conheceram e valorizaram não tem mais como existir dentro da escola, que agora deve ser para todos sem exceção. Quando o professor de Educação Física Escolar arranca de um jogo uma criança, ele está negando a ela o conhecimento e também o direito a uma prática pedagógica, que é fundamental para a formação do tão sonhado ser humano integral. O professor de Língua Portuguesa, por exemplo, não pede para a criança que não sabe verbo ficar de fora de suas aulas, pelo contrário insiste com que ela aprenda. Saindo precocemente do jogo ou da aula sobre verbos ficará privada de aprender.É fundamental ver dentro de todas as aulas de Educação Física Escolar, o gordinho, o magrinho, a menina, o menos hábil , o mais hábil, o portador de necessidades especiais, enfim todas as diferenças que por uma razão ou outra ainda se encontram fora dessas aulas, excluídos.A educação Física escolar pode sistematizar situações de ensino e aprendizagem que garantam aos alunos o acesso a conhecimentos práticos e conceituais.È fundamental que se faça uma clara distinção entre objetivos da Educação escolar e os objetivos do esporte, da dança, da ginástica e da luta profissionais, pois embora seja uma referencia o profissionalismo não pode ser a meta almejada pela escola. A Educação Física escolar deve dar oportunidade a todos os alunos para que desenvolvam suas potencialidades , de forma democrática e não seletiva, visando seu aprimoramento como seres humanos.Aquele aluno que geralmente fica de fora das aulas de EFE (Educação Física Escolar), é quem na realidade mais precisa delas, então o modelo deve ser questionado e revisto.

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Um argumento sempre utilizado por quem escolhe a competição é o de que a criança precisa aprender a perder, só que na prática acontece uma especialização em perdas, pois com a estrutura atual (Jogos Competitivos) ela mais perde do que ganha. E quem perde hoje continuará perdendo amanhã. E sempre perdendo estará com sua auto-estima baixa.Para modificar o nosso futuro temos que cuidar do presente, conhecendo uma nova forma de jogar e conseqüentemente de viver também, e reforçar a auto-estima positiva. Mas por onde começar esta mudança? Acredito que investindo nos Jogos Cooperativos, criaremos através de uma pedagogia cooperativa novas atitudes normas e valores, transformando também a paisagem que enxergamos pela janela, e que não gostamos, e que podemos interferir, criando a partir daí uma nova ética: ética cooperativa.Temos que de alguma forma despertar nossas consciências e mantê-las despertas para a realidade de estarmos todos jogando num grande e único time, onde cada possibilidade possa a ser compartilhada, cada participação possa ser valorizada e onde posso chamar quem joga comigo de "AMIGO".Então o que são Jogos Cooperativos?O jogo cooperativo não é algo novo, pois segundo Orlick (1982): "Começou a milhares de anos atrás, quando membros das comunidades tribais se uniam para celebrar a vida".Com toda certeza, os jogos cooperativos sempre existiram, mas começaram a ser sistematizados na década de 50 nos Estados Unidos, através do trabalho de Ted Lentz.Um dos maiores estudiosos do tema jogos cooperativos é sem duvida nenhuma Terry Orlick, da Universidade de Ottawa, no Canadá, que pesquisou a relação entre jogo e sociedade.Em 1978, publicou o livro Vencendo a competição, que serve de referencia para qualquer trabalho sobre cooperação.Existem muitas definições para cooperação e competição.Acredito que as definições que mais se aproximam da realidade, sejam as descritas por Brotto, (1999):

Cooperação: é um processo de interação social, onde os objetivos são comuns, as ações são compartilhadas e os benefícios são distribuídos para todos.Competição: é um processo de interação social, onde os objetivos são mutuamente exclusivos, as ações são isoladas ou em oposição umas as outras, e os benefícios são concentrados somente para alguns.

Competir e cooperar são possibilidades de agir e ser no mundo. Cabe escolhermos, e acabar com o mito que é a competição que nos faz evoluir.Quem vai escolher a forma de jogar é a criança, mas só escolherá se conhecer as duas, se perceber quais as diferenças, e como se sente melhor cooperando ou competindo? O adulto tem a grata missão de apresentar os Jogos

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cooperativos para a criança. Ser competente é muito diferente de ser competitivo, e devemos investir cadavez mais em CO-OPETÊNCIAS, ou seja, competências compartilhadas.Podemos iniciar de uma forma progressiva essa apresentação dos jogos cooperativos, pois quando um grupo nunca ouviu falar dos jogos cooperativos, é preciso ir devagar.As aulas de Educação Física até hoje reforçaram muito a competição, o vencer a qualquer custo, mas acredito que esse modelo já esteja esgotado, e existe a necessidade de se criar um modelo mais justo e que contemple todas as pessoas, não só os mais hábeis, mais fortes e velozes. Não acredito que excluindo e segregando podemos melhorar alguma coisa, pelo contrário, só conservamos o que já existe.

3 – Considerações Finais

A Educação Física Escolar pode ser um meio extremamente importante para uma tomada de consciência, e que a mudança que tanto falamos aconteça, ou seja, que possamos diminuir o número de pessoas excluídas e marginalizadas dentro da escola. Pois a escola é especialista em reforçar a competição já que não estimula a criança a amar o aprendizado, mas sim a tirar notas cada vez mais altas. E a Educação Física pode , por sua vez, não valorizar a pessoa que joga, e sim o jogo, fazendo com que o jogo seja sempre mais importante que a pessoa que joga, quando na verdade deveria ser justamente o contrário.Para que esta mudança enfim aconteça a educação física deve ser vista com outros olhos o de formação integral do aluno como cidadão.

Para isso uma nova consciência dos profissionais que trabalham na área deve ser tomada, já no RCNEI (Referencial Curricular Nacional para a educação Infantil) temos vários tópicos que abordam a Educação física que não exclui, que trata o individuo como um todo e não em partes, assim como o PCN (parâmetro curricular nacional) também traz muito sobre o assunto.

Formar e informar os profissionais da área se faz necessário. Sabendo que a

competição gerada pelos esportes na Educação Física escolar tem seu lado

positivo e seus lado negativo , o esporte e a competição são fatores internos de

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motivação intrínsecos, como por exemplo: força de vontade, prazer em realizá-

los e atingir objetivos durante uma aula de Educação Física. Porém sabemos

também que a competição exacerbada resultante do esporte, pode seguir uma

ordem natural do afastamento de alunos que encontram maiores dificuldades

para realizar as atividades. Cabe ao profissional saber equilibrar as duas

vertentes.

A competição, assim como a cooperação, é um valor cultural aprendido, porém a sociedade e o nosso sistema educacional e econômico se baseiam e perpetuam somente a ética competitiva. Diante da excessiva valorização que a sociedade atribui à competição, em que temos competido em lugares, com pessoas, em momentos que não deveríamos, como se fosse a única opção, surgem os Jogos Cooperativos.

Dentro do sistema educacional não ensinamos as crianças a terem conhecimento, mas a se esforçarem para conseguirem notas. Da mesma forma, não ensinamos as crianças a gostarem dos esportes, e sim a vencê-los.

A competição excessiva se manifesta através da busca pela vitória e um placar elástico nas partidas, ou seja, um amplo resultado numérico. Os jogos se tornaram mais rígidos e organizados, passando a impressão de que existe uma única maneira de jogar. As crianças não jogam jogos competitivos, elas os obedecem. Isso porque provavelmente há orientação de pais, professores, técnicos, educadores e meios de comunicação, não oferecendo outras alternativas para serem experimentadas.

Grande parte dos jogos conhecidos estimulam o confronto, ao invés do encontro, jogar contra, em vez de jogar com e assim por diante. Acredito que essas situações são capazes de eliminar a diversão e a alegria de simplesmente jogar. Mas muitas pessoas acreditam que a graça do jogo está na competição. Quando sabemos que para a criança tanto faz competir ou cooperar. O que ela quer mesmo é se divertir. Nesse sentido, vislumbramos os Jogos Cooperativos como uma proposta real que trabalha não só o desenvolvimento das habilidades motoras, mas resgata o das experiências sem a sensação de julgamento. A questão do cuidado com o próximo. O prazer de bem-estar provocado pelo auxílio dado a terceiros quando se coopera para atingir desafios comuns. O partilhar e “com-partilhar” idéias, respeito mútuo, acolhimento, os valores éticos, amor, alegria, etc.

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